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Revista Dr Plinio 270

Setembro 2020

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Dona Lucilia<br />

Disposição de ser como um<br />

cordeiro que se deixa atingir<br />

Um dos aspectos que me encantava<br />

em Dona Lucilia, antes de tudo,<br />

era a elevação de alma, a qual constituía<br />

a clave onde essas coisas se davam.<br />

Porque tudo quanto estou dizendo,<br />

posto em almas menos elevadas,<br />

redundaria em banalidades. A<br />

elevação de alma dela colocava tudo<br />

isso num píncaro, e dava a clave da<br />

beleza dessas coisinhas íntimas que<br />

estou contando.<br />

Dentro da clave dessa elevação de<br />

alma, toda ela imponderável, encantava-me<br />

um misto de uma mansidão<br />

generosa levada até o inacreditável,<br />

ao lado de uma firmeza inquebrantável<br />

quando se tratava de princípios.<br />

A justaposição desses contrastes harmônicos<br />

realmente me<br />

atraía no mais alto grau.<br />

Ninguém pode ter<br />

ideia do que era a mansidão<br />

de mamãe! Ela vivia,<br />

evidentemente, numa<br />

família educada e que<br />

não ia tratá-la com brutalidades.<br />

Mas a educação<br />

não impede a ingratidão,<br />

a incompreensão e, portanto,<br />

não evita muitas<br />

decepções. A educação é<br />

um verniz, o qual não importa<br />

a qualidade da madeira.<br />

Dona Lucilia passava,<br />

às vezes, por situações<br />

realmente difíceis<br />

de calcular.<br />

Invariavelmente com<br />

o propósito de nunca retrucar,<br />

nunca redarguir<br />

de um modo desagradável<br />

ou ácido, impertinente<br />

– o que estava bem no<br />

seu papel de mãe de família<br />

–, ela apresentava<br />

sempre uma explicação<br />

do que fazia, com lógica<br />

e afabilidade; e se não<br />

adiantava, ficava quie-<br />

Gabriel K.<br />

ta sem azedume. Dali a pouco retomava<br />

as relações no mesmo nível anterior,<br />

desde que a outra pessoa quisesse.<br />

Mamãe fazia isso com tal disposição<br />

de ser como uma vítima ou<br />

um cordeiro que se deixa atingir porque<br />

quer sofrer sem reagir, e por julgar<br />

que deve fazer esse apostolado<br />

da mansidão, que não conheço, verdadeiramente,<br />

coisa igual, ou que sequer<br />

se pareça com isso de longe.<br />

Dentro dessa atitude vinha a firmeza<br />

dos princípios. Ela era assim,<br />

gostassem ou não, porque assim se<br />

deve ser. Essa é a vontade de Deus,<br />

esse é o pensamento da Igreja e, portanto,<br />

não se muda. Por onde, adaptar-se<br />

para evitar o sofrimento da incompreensão,<br />

nunca! Ela era inteiramente<br />

ela, com dignidade, apesar<br />

de ser com mansidão.<br />

Cristo manietado - Sevilha, Espanha<br />

Para mim, que a conheci tão de<br />

perto, este aspecto aparece muito<br />

numa fotografia tirada na Escola<br />

Caetano de Campos, na Praça da<br />

República, enquanto ela assistia a<br />

uma conferência minha. Mamãe está<br />

ali numa atitude de quem presencia<br />

uma sessão com certa solenidade,<br />

mas não perde o propósito de manter<br />

uma mansidão inalterável, uma<br />

doçura como não se pode imaginar;<br />

o que se exprimia por uma certa melancolia<br />

que ela fazia notar. Entretanto,<br />

se as pessoas fossem indiferentes<br />

a essa melancolia, ela continuava<br />

na mesma doçura e no mesmo<br />

modo.<br />

Devo dizer que este foi um dos<br />

meios mais possantes para ela cativar<br />

meu afeto, porque isso me encantava<br />

além de toda a expressão e<br />

me fazia pensar, naturalmente,<br />

em Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo, em Nossa<br />

Senhora. Mesmo porque<br />

minha mãe, de vez em<br />

quando, elogiava Nosso<br />

Senhor por isso. No modo<br />

de elogiar, sem se dar<br />

conta, fazia transparecer<br />

como ela O imitava. Não<br />

era sua intenção, mas<br />

por uma espécie de santa<br />

inadvertência ou santa<br />

ingenuidade, sem perceber,<br />

ela se elogiava falando<br />

de Nosso Senhor Jesus<br />

Cristo. v<br />

(Extraído de conferência<br />

de 24/5/1980)<br />

1) Do inglês: Senhora perfeição.<br />

2) Quadro a óleo, que muito<br />

agradou a <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>,<br />

pintado por um de seus<br />

discípulos, com base nas<br />

últimas fotografias de<br />

Dona Lucilia.<br />

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