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Revista Dr Plinio 270

Setembro 2020

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algo de divino. É o modo pelo qual se chega a conhecer a<br />

Deus pela quarta via indicada por São Tomás de Aquino.<br />

Alguém poderia objetar: “Mas, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, Luís XIV<br />

não foi um grande pecador?”<br />

Em primeiro lugar, do pecado a que aludem ele se penitenciou<br />

e passou seus últimos vinte anos como um homem<br />

de vida ilibada, modelar. Mas não é propriamente<br />

o que vem ao caso, pois assim como uma pedra ou um<br />

animal pode lembrar a Deus, por alguns lados o pecador<br />

portador de uma tradição católica enquanto tal também<br />

pode recordar a Deus. Por exemplo, um pai que, embora<br />

se encontre em estado de pecado mortal, trata seu filho<br />

carinhosamente, pode lembrar a Deus enquanto o Pai<br />

carinhoso. De maneira que essa seria uma objeção infantil,<br />

a qual podemos descartar.<br />

Modalidades de majestade:<br />

paternalidade e ímpeto para destruir<br />

bem, ela deve se manifestar sob a forma de uma afinidade,<br />

uma adesão, uma homogeneidade e um desejo de ajudar,<br />

socorrer, salvar aquele bem comprometido pelas influências<br />

contrárias que ali existem.<br />

Em sentido oposto, a majestade que encontra uma resistência<br />

empedernida e é insultada, por amor à ordem<br />

que representa ela deseja esmagar. Temos, assim, as duas<br />

modalidades de majestade.<br />

Vemos isso de modo infinito e paradigmático em Nosso<br />

Senhor Jesus Cristo: infinitamente manso, ensinando<br />

que se deve ser manso e humilde de coração, mas de outro<br />

lado, em alguns episódios da vida, incutindo um assombro<br />

que deixava as pessoas sem saber o que dizer, como<br />

aqueles canalhas que foram prendê-Lo e caíram com<br />

a cara no chão, simplesmente pela afirmação: “Sou Eu!”<br />

Era a manifestação da infinita majestade d’Ele. v<br />

(Extraído de conferência de 23/3/1973)<br />

Concluo com uma consideração a respeito da majestade.<br />

A verdadeira majestade, colocada diante da boa vontade<br />

de quem é menor, se traduz em paternalidade e tem<br />

vontade de proteger; posta<br />

diante da resistência de<br />

quem é ruim, ela se traduz<br />

num ímpeto para destruir.<br />

Em tese, ambas disposições<br />

se complementam<br />

e se explicam por<br />

um mesmo fundo, porque<br />

o próprio da majestade<br />

não é ser grã-fina, elegante,<br />

mas é ter a supereminência<br />

do bem. Quem a<br />

possui deve amar todos os<br />

graus que essa supereminência<br />

inclui. Consequentemente,<br />

precisa amar todas<br />

as menores e mais débeis<br />

formas de bem que<br />

possam estar exiladas<br />

numa alma, ainda quando<br />

esta tenha muitos defeitos,<br />

pois, do contrário,<br />

a majestade mentiria a si<br />

mesma.<br />

Ora, não é a majestade<br />

e sim a iniquidade que<br />

mente a si mesma. Logo,<br />

percebendo qualquer<br />

pequena modalidade de<br />

1) Pierre Corneille (*1606 - †1684). <strong>Dr</strong>amaturgo francês, considerado<br />

o fundador da tragédia (estilo de drama) francesa.<br />

2) Do espanhol: sossegai-vos.<br />

O beijo de Judas - Museu de São Marcos, Florença, Itália<br />

Fra Angelico (CC3.0)<br />

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