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algo de divino. É o modo pelo qual se chega a conhecer a<br />
Deus pela quarta via indicada por São Tomás de Aquino.<br />
Alguém poderia objetar: “Mas, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, Luís XIV<br />
não foi um grande pecador?”<br />
Em primeiro lugar, do pecado a que aludem ele se penitenciou<br />
e passou seus últimos vinte anos como um homem<br />
de vida ilibada, modelar. Mas não é propriamente<br />
o que vem ao caso, pois assim como uma pedra ou um<br />
animal pode lembrar a Deus, por alguns lados o pecador<br />
portador de uma tradição católica enquanto tal também<br />
pode recordar a Deus. Por exemplo, um pai que, embora<br />
se encontre em estado de pecado mortal, trata seu filho<br />
carinhosamente, pode lembrar a Deus enquanto o Pai<br />
carinhoso. De maneira que essa seria uma objeção infantil,<br />
a qual podemos descartar.<br />
Modalidades de majestade:<br />
paternalidade e ímpeto para destruir<br />
bem, ela deve se manifestar sob a forma de uma afinidade,<br />
uma adesão, uma homogeneidade e um desejo de ajudar,<br />
socorrer, salvar aquele bem comprometido pelas influências<br />
contrárias que ali existem.<br />
Em sentido oposto, a majestade que encontra uma resistência<br />
empedernida e é insultada, por amor à ordem<br />
que representa ela deseja esmagar. Temos, assim, as duas<br />
modalidades de majestade.<br />
Vemos isso de modo infinito e paradigmático em Nosso<br />
Senhor Jesus Cristo: infinitamente manso, ensinando<br />
que se deve ser manso e humilde de coração, mas de outro<br />
lado, em alguns episódios da vida, incutindo um assombro<br />
que deixava as pessoas sem saber o que dizer, como<br />
aqueles canalhas que foram prendê-Lo e caíram com<br />
a cara no chão, simplesmente pela afirmação: “Sou Eu!”<br />
Era a manifestação da infinita majestade d’Ele. v<br />
(Extraído de conferência de 23/3/1973)<br />
Concluo com uma consideração a respeito da majestade.<br />
A verdadeira majestade, colocada diante da boa vontade<br />
de quem é menor, se traduz em paternalidade e tem<br />
vontade de proteger; posta<br />
diante da resistência de<br />
quem é ruim, ela se traduz<br />
num ímpeto para destruir.<br />
Em tese, ambas disposições<br />
se complementam<br />
e se explicam por<br />
um mesmo fundo, porque<br />
o próprio da majestade<br />
não é ser grã-fina, elegante,<br />
mas é ter a supereminência<br />
do bem. Quem a<br />
possui deve amar todos os<br />
graus que essa supereminência<br />
inclui. Consequentemente,<br />
precisa amar todas<br />
as menores e mais débeis<br />
formas de bem que<br />
possam estar exiladas<br />
numa alma, ainda quando<br />
esta tenha muitos defeitos,<br />
pois, do contrário,<br />
a majestade mentiria a si<br />
mesma.<br />
Ora, não é a majestade<br />
e sim a iniquidade que<br />
mente a si mesma. Logo,<br />
percebendo qualquer<br />
pequena modalidade de<br />
1) Pierre Corneille (*1606 - †1684). <strong>Dr</strong>amaturgo francês, considerado<br />
o fundador da tragédia (estilo de drama) francesa.<br />
2) Do espanhol: sossegai-vos.<br />
O beijo de Judas - Museu de São Marcos, Florença, Itália<br />
Fra Angelico (CC3.0)<br />
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