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R E P O R T A G E M<br />
só nas pessoas, mas também nos produtos de<br />
pesca, isto é, “fazer render o peixe, pescar menos,<br />
criar mais rendimento com aquilo que pescamos”.<br />
A valorização do produto da pesca não se resume<br />
ao pescado, “a própria comunidade piscatória é em<br />
si um produto da pesca que pode ser valorizada<br />
através do turismo, da sua cultura, da sua<br />
paisagem”.<br />
Para o Diretor Regional das Pescas dos Açores,<br />
este setor “é muito mais do que peixe”, sendo<br />
importante criar rendimento, explorar todas essas<br />
virtudes da pesca, diversicar o consumo, valorizar<br />
espécies de baixo valor comercial, entre outros. No<br />
que concerne a este último aspeto, Luís Rodrigues<br />
constata que todos os anos são capturadas cerca de<br />
90 espécies diferentes, no entanto 85% corresponde<br />
apenas a 5 espécies. Isto demonstra um claro<br />
desequilíbrio no mercado, sendo necessário<br />
sensibilizar os consumidores de que há outras<br />
espécies que podem ser aproveitadas. O direto<br />
apela, assim, para uma perspetiva “ecocêntrica”. A<br />
par com a criação de mais rendimento, há também<br />
evidência de recuperação de alguns destes stocks.<br />
Há 3 anos, quando foram identicadas as espécies<br />
mais emblemáticas ao nível do rendimento, da<br />
quantidade de descarga e da performance dessas<br />
pescarias, vericavam-se, por exemplo, o goraz<br />
e foi também identicado o atum. Neste sentido,<br />
foram desenvolvidas iniciativas para a valorização<br />
do atum que se prenderam com formação dos<br />
pescadores, uma capacitação ligada ao setor<br />
associativo, etc. Luís Rodrigues arma que até<br />
então “temos tido uma série de sinais positivos”,<br />
tendo conseguido uma quota para a pesca do<br />
rabilho, uma certicação para mercados de<br />
alto valor no centro da Europa. “A ideia aqui é<br />
pescar menos e valorizar o pouco que se pesca”<br />
e neste sentido existem mais iniciativas, como<br />
pequenos fóruns que levam às comunidades<br />
piscatórias e nos quais se juntam um produto<br />
da pesca, característico da ilha, a investigação, a<br />
produção, a restauração, a gestão. À volta desta<br />
linha, o diretor arma estarem “empenhados em<br />
valorizar o património para promover o turismo<br />
na comunidade piscatória. Não tem de ser turismo<br />
de fora, pode ser os locais. Qualquer cidadão pode<br />
entrar num barco de pesca e aprender a pescar. O<br />
que procuramos é valorizar o que de melhor existe”.<br />
Outra linha de orientação importante consiste<br />
na parceria, na criação de pontes, pois a pesca<br />
“não pode mais estar engavetada, a pesca é<br />
educação, transportes, cultura, emprego, a pesca<br />
é intersectorial e um dos nossos investimentos foi<br />
criar pontes”. Para o diretor, é importante criar<br />
pontes, pois a pesca não pode ser compreendida,<br />
gerida e interpretada, tem que haver uma<br />
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