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NOREVISTA SETEMBRO 2020

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R E P O R T A G E M<br />

só nas pessoas, mas também nos produtos de<br />

pesca, isto é, “fazer render o peixe, pescar menos,<br />

criar mais rendimento com aquilo que pescamos”.<br />

A valorização do produto da pesca não se resume<br />

ao pescado, “a própria comunidade piscatória é em<br />

si um produto da pesca que pode ser valorizada<br />

através do turismo, da sua cultura, da sua<br />

paisagem”.<br />

Para o Diretor Regional das Pescas dos Açores,<br />

este setor “é muito mais do que peixe”, sendo<br />

importante criar rendimento, explorar todas essas<br />

virtudes da pesca, diversicar o consumo, valorizar<br />

espécies de baixo valor comercial, entre outros. No<br />

que concerne a este último aspeto, Luís Rodrigues<br />

constata que todos os anos são capturadas cerca de<br />

90 espécies diferentes, no entanto 85% corresponde<br />

apenas a 5 espécies. Isto demonstra um claro<br />

desequilíbrio no mercado, sendo necessário<br />

sensibilizar os consumidores de que há outras<br />

espécies que podem ser aproveitadas. O direto<br />

apela, assim, para uma perspetiva “ecocêntrica”. A<br />

par com a criação de mais rendimento, há também<br />

evidência de recuperação de alguns destes stocks.<br />

Há 3 anos, quando foram identicadas as espécies<br />

mais emblemáticas ao nível do rendimento, da<br />

quantidade de descarga e da performance dessas<br />

pescarias, vericavam-se, por exemplo, o goraz<br />

e foi também identicado o atum. Neste sentido,<br />

foram desenvolvidas iniciativas para a valorização<br />

do atum que se prenderam com formação dos<br />

pescadores, uma capacitação ligada ao setor<br />

associativo, etc. Luís Rodrigues arma que até<br />

então “temos tido uma série de sinais positivos”,<br />

tendo conseguido uma quota para a pesca do<br />

rabilho, uma certicação para mercados de<br />

alto valor no centro da Europa. “A ideia aqui é<br />

pescar menos e valorizar o pouco que se pesca”<br />

e neste sentido existem mais iniciativas, como<br />

pequenos fóruns que levam às comunidades<br />

piscatórias e nos quais se juntam um produto<br />

da pesca, característico da ilha, a investigação, a<br />

produção, a restauração, a gestão. À volta desta<br />

linha, o diretor arma estarem “empenhados em<br />

valorizar o património para promover o turismo<br />

na comunidade piscatória. Não tem de ser turismo<br />

de fora, pode ser os locais. Qualquer cidadão pode<br />

entrar num barco de pesca e aprender a pescar. O<br />

que procuramos é valorizar o que de melhor existe”.<br />

Outra linha de orientação importante consiste<br />

na parceria, na criação de pontes, pois a pesca<br />

“não pode mais estar engavetada, a pesca é<br />

educação, transportes, cultura, emprego, a pesca<br />

é intersectorial e um dos nossos investimentos foi<br />

criar pontes”. Para o diretor, é importante criar<br />

pontes, pois a pesca não pode ser compreendida,<br />

gerida e interpretada, tem que haver uma<br />

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