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Entrevista: Análise em investimentos nacionais do setor de energias renováveis<br />
GERANDO<br />
ENERGIA<br />
MERCADO DE BIOMASSA<br />
MOVIMENTA ECONOMIA<br />
NA INDÚSTRIA DA MADEIRA<br />
PESQUISA PROMISSORA<br />
ENERGIA ATRAVÉS DE<br />
MICROALGAS<br />
UNIÃO FAZ A FORÇA<br />
COMUNIDADE PRODUZ BIOGÁS E BIOMETANO
BENTO GONÇALVES/RS<br />
Fone: (54) 3<strong>45</strong>5-0133 | (54) 3<strong>45</strong>4-1<strong>45</strong>0<br />
E-mail: contato@centenarocavacos.com.br<br />
COLETA, TRANSPORTE, RECICLAGEM<br />
E DESTINAÇÃO FINAL DA BIOMASSA<br />
Gerando rentabilidade, contribuindo<br />
para o desenvolvimento sustentável e<br />
reduzindo os impactos ambientais,<br />
visamos a melhoria da qualidade de<br />
vida e das gerações futuras.<br />
Nossos parceiros:
SUMÁRIO<br />
04 | EDITORIAL<br />
União pelo progresso<br />
ENTREVISTA<br />
06 | CARTAS<br />
08 | NOTAS<br />
18 | ENTREVISTA<br />
24 | PRINCIPAL<br />
Foto: divulgação<br />
ENTREVISTA<br />
FUTURO DA<br />
ENERGIA<br />
FABRÍZIO<br />
NICOLAI MANCINI<br />
Formação: Engenheiro Elétrico pela UP<br />
(Universidade Positivo), Doutorando<br />
em Tecnologia e Sociedade pela UTFPR<br />
(Universidade Federal Tecnológica do<br />
Paraná) e mestrado em Desenvolvimento<br />
de Tecnologia pelo Instituto Lactec<br />
Cargo: Professor dos cursos de Engenharia<br />
Elétrica e Engenharia de Energia da<br />
Universidade Positivo<br />
30 | CASE<br />
Energia coletiva<br />
34| ECONOMIA<br />
Sustentabilidade econômica<br />
busca por fontes renováveis de energia em detrimento ao uso dos combustíveis fósseis<br />
tende a crescer cada vez mais em todo mundo. Mas como o Brasil está posicionado<br />
dentro desse mercado? Essa e outras perguntas foram respondidas pelo dou-<br />
A<br />
torando em Tecnologia e Sociedade, mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, e<br />
professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo,<br />
Fabrízio Nicolai Mancini, em entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> BIOMAIS.<br />
“O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem uma exploração adequada disso,<br />
porque ainda temos custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma dependência<br />
internacional muito grande”, explicou Mancini.<br />
18 www.REVISTABIOMAIS.com.br<br />
38 | PESQUISA<br />
42 | ARTIGO<br />
Energia eólica<br />
48 | AGENDA<br />
50| OPINIÃO<br />
O caminho das pedras da<br />
transformação digital<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
03
EDITORIAL<br />
Estampa a capa desta edição montagem<br />
alusiva aos produtos oferecidos pela<br />
Centenaro Cavacos<br />
UNIÃO PELO<br />
PROGRESSO<br />
C<br />
ompletar 15 anos de uma história de sucesso já é uma marca impressionante. Mas<br />
celebrar essa data dentro de uma empresa que une diversas gerações torna tudo ainda<br />
mais especial. Nessa edição vamos contar a história da Centenaro Cavacos, companhia de<br />
Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, especializada na transformação de resíduos industriais<br />
em biomassa. Além disso, também vamos contar sobre um projeto inovador em Arapongas (PR), que<br />
pretende implantar uma usina de biogás no município, a partir de rejeitos de diversas localidades.<br />
Também será foco nessa edição pautas sobre outras fontes de energia renovável, como a solar, a eólica<br />
e a hidrelétrica. Tenha uma excelente leitura!<br />
EXPEDIENTE<br />
ANO VIII - EDIÇÃO <strong>45</strong> - JUNHO <strong>2021</strong><br />
Diretor Comercial<br />
Fábio Alexandre Machado<br />
(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />
Diretor Executivo<br />
Pedro Bartoski Jr<br />
(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />
Redação<br />
Jorge de Souza<br />
(jornalismo@revistabiomais.com.br)<br />
Dep. de Criação<br />
Fabiana Tokarski - Supervisão<br />
Crislaine Briatori Ferreira - Gabriela Bogoni<br />
(criacao@revistareferencia.com.br)<br />
Representante Comercial<br />
Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />
Dep. Comercial<br />
Gerson Penkal - Jéssika Ferreira - Tainá Carolina Brandão<br />
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Fone: +55 (41) 3333-1023<br />
Dep. de Assinaturas<br />
Cristiane Baduy<br />
(assinatura@revistabiomais.com.br) - 0800 600 2038<br />
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www.jotaeditora.com.br<br />
Veículo filiado a:<br />
A REVISTA BIOMAIS - é uma publicação bimestral e<br />
independente, dirigida aos produtores e consumidores de<br />
energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para<br />
geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,<br />
estudantes universitários, órgãos governamentais, ONG’s,<br />
entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente<br />
ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se<br />
responsabiliza por conceitos emitidos em matérias, artigos,<br />
anúncios ou colunas assinadas, por entender serem estes<br />
materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização,<br />
reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados,<br />
sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras<br />
criações intelectuais da REVISTA BIOMAIS são terminantemente<br />
proibídas sem autorização escrita dos titulares dos<br />
direitos autorais, exceto para fins didáticos.<br />
04 www.REVISTABIOMAIS.com.br
CARTAS<br />
MODELO<br />
A editoria PELO MUNDO é uma das minhas preferidas da REVISTA BIOMAIS. Sempre com ótimos<br />
exemplos que podem servir de inspiração para outras cidades e países!<br />
Francisco Brum – Rio Negro (PR)<br />
Foto: divulgação<br />
TECNOLOGIA<br />
É uma das minhas editorias preferidas! Trazer as inovações que surgem diariamente ao redor do globo para que elas<br />
possam inspirar iniciativas semelhantes por todo o país!<br />
Ana Freire – Vitória (ES)<br />
FUTURO<br />
O amanhã é verde e o pós-pandemia precisa ser pautado pela economia verde. Excelente reportagem mostrando os<br />
benefícios econômicos de medidas e políticas mais sustentáveis. Parabéns!<br />
Josias Teixeira – Recife (PE)<br />
CASE<br />
Ótimo case da edição 41 de outubro de 2020 sobre as empresas japonesas que querem<br />
aumentar a produção de algas para biocombustíveis. Qualquer alternativa sustentável para<br />
substituição de combustíveis fósseis deve ser incentivada.<br />
Laís Queiroz– Rio de Janeiro (RJ)<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA<br />
na<br />
mídia<br />
informação<br />
biomassa<br />
energia<br />
www.revistabiomais.com.br<br />
www.facebook.com.br/revistabiomais<br />
www<br />
Publicações Técnicas da JOTA EDITORA<br />
06 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Secador de lâminas<br />
4 pistas<br />
Vantagens:<br />
+ -<br />
produtividade/hora consumo de energia/hora<br />
“Persistência na tecnologia,<br />
obstinação em ser melhor”<br />
+55 (47) 98873-5231 +55 (47) 3382-2222 | +55 (47) 99927-5261<br />
vendas@benecke.com.br www.benecke.com.br<br />
Rua Fritz Lorenz, 2170 – 89120-000 – Timbó – SC – Brasil
NOTAS<br />
MAIS ENERGIA<br />
A COPEL (Companhia Paranaense de Energia)<br />
colocou em operação comercial a primeira unidade<br />
geradora de energia da PCH (Pequena Central<br />
Hidrelétrica) Bela Vista. Construída em tempo<br />
recorde e entregue dois anos antes do prazo<br />
previsto, a usina foi instalada no Rio Chopim, entre<br />
os municípios de Verê e São João, no sudoeste do<br />
Paraná. O investimento na mais nova hidrelétrica<br />
da COPEL foi de R$ 224 milhões e a energia gerada<br />
vai abastecer 100 mil pessoas. Bela Vista terá capacidade<br />
para produzir 29,81 MW (Megawatts), sendo<br />
29,322 MW em três unidades geradoras na casa<br />
de força principal e 0,488 MW na unidade instalada<br />
na casa de força complementar, construída junto à barragem, que vai gerar energia aproveitando a vazão mínima de água que não<br />
pode ser represada e deve escoar de forma permanente no trecho abaixo do barramento, mantendo a condição ambiental adequada<br />
do rio. A energia gerada na hidrelétrica será levada até a subestação existente em Dois Vizinhos através de uma linha de distribuição<br />
em alta-tensão (138 mil volts), com 18 km (quilômetros), que passa por Verê, São Jorge D’Oeste e Dois Vizinhos. A previsão é de que<br />
a segunda e a terceira unidades geradoras entrem em operação até o final do mês de julho. Com a implantação da PCH, a travessia<br />
sobre o Rio Chopim na área do reservatório deixa de ser feita por balsa e passa a ser feita pela nova ponte que faz a integração entre<br />
os municípios de Verê e São João. A ponte de 200m (metros) foi construída pela COPEL atendendo a uma reivindicação antiga da<br />
população local, que agora é beneficiada com uma ligação rodoviária segura e gratuita entre os municípios de Verê e São João.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />
Dobrar a produção de alimentos sem desmatar, transformar a Amazônia<br />
no maior celeiro global de produtos naturais, mantendo a floresta em pé,<br />
diminuir consideravelmente a aplicação de agroquímicos na produção de<br />
alimentos, reduzir a desigualdade, ampliar a geração de renda e empregos<br />
para os povos tropicais, abastecer o mundo com alimentos mais saudáveis,<br />
produzidos de forma mais sustentável e combater ao mesmo tempo o aquecimento<br />
global. Esses são alguns dos objetivos colocados pelos pesquisadores<br />
que participaram do lançamento do Projeto Biomas Tropicais, que após<br />
8 anos de formatação, conseguiu reunir algumas das maiores autoridades<br />
brasileiras em ciências relacionadas à Bioeconomia Tropical. O Projeto Biomas<br />
Tropicais é coordenado pelo Instituto Fórum do Futuro, presidido pelo<br />
professor Alysson Paolinelli, e conta no seu núcleo central com a parceria<br />
de instituições como o CNPq, a EMBRAPA, a ESALQ (Universidade de São<br />
Paulo), as Universidades Federais de Lavras e Viçosa, o Centro de Gestão de<br />
Estudos estratégicos, o SEBRAE e a FGV-Agro, além de inúmeras instituições<br />
regionais em cada um dos biomas estudados. A experiência deve desenvolver alternativas para a integração da ciência, energia,<br />
natureza e alimentos, criando uma sinergia entre essas áreas e dando grande ênfase a ações sustentáveis. Para atingir seus objetivos,<br />
o projeto Biomas Tropicais se concentrará em pesquisa e gestão de alta precisão. O propósito é encontrar caminhos para promover a<br />
inclusão tecnológica dos povos tropicais, permitindo o desenvolvimento sustentável, a geração de renda e empregos e viabilizando a<br />
permanência dos povos tropicais em suas regiões de origem. A concepção do Projeto Biomas começou há oito anos e a implantação<br />
teve início em meados de 2019, no Polo Demonstrativo dos Cerrados, em Rio Verde (GO). Agora estão sendo iniciados os trabalhos na<br />
Amazônia e na Caatinga.<br />
08 www.REVISTABIOMAIS.com.br
INOX CONEXÕES com grande história e tradição, atua há 26 anos no<br />
segmento de conexões, tubos, válvulas e acessórios em aço inoxidável,<br />
aço carbono e ligas de aço. Localizada em São Paulo, tem como objetivo<br />
atender a toda e qualquer necessidade de seus clientes nos mais diversos<br />
segmentos: Indústria química, alimentícia, farmacêutica, papel e celulose, óleo e<br />
gás. Composta por profissionais qualificados, trabalhamos visando a satisfação de<br />
nossos clientes. Dispomos de um sistema de gestão conforme norma ISO 9001, e somos<br />
qualificados no sistema CRC da Petrobras.<br />
R. Ijucapirama, 98 Jardim Santa Teresinha | São Paulo - SP<br />
(11) 2723 2020 | contato@inoxconexoes.com.br<br />
www.inoxconexoes.com
NOTAS<br />
Foto: divulgação<br />
POTENCIAL ENERGÉTICO<br />
Apesar de cerca de 90% da energia elétrica do território<br />
nacional ter origem nas usinas hidrelétricas, cerca de um quinto<br />
do que é produzido é desperdiçado na transmissão da energia<br />
até os centros de consumo, como o exemplo de Itaipu. Perdas<br />
que resultam em pelo menos 5% da tarifa paga pelo consumidor.<br />
Um dos caminhos para driblar essas perdas de energia no<br />
país é optar pela energia solar distribuída. Até 2027, de acordo<br />
com o Governo Federal, as hidrelétricas perderão espaço para<br />
a energias renováveis e cairão para 51% em termos de participação<br />
energética, enquanto fontes alternativas devem saltar<br />
para 28%. Para o diretor da empresa de comércio exterior<br />
brasileira Tek Trade, Rogério Marin, responsável por importar 4<br />
MW (Megawatts) de energia em placas fotovoltaicas em 2020, o<br />
principal caminho será o incentivo à implantação de usinas de<br />
energias renováveis e o aumento da micro geração de energia<br />
solar distribuída pela população. O diretor estima que o crescimento<br />
em importação de painéis solares pela Tek Trade deve ter<br />
um acréscimo de 15% em <strong>2021</strong>, em comparação com 2020, e<br />
seguir em crescimento pelos próximos anos. Uma oportunidade<br />
aos empresários interessados em atuar com a distribuição e<br />
instalação de equipamentos e que, inclusive, é apontada como<br />
uma solução para a retomada do crescimento econômico, de<br />
países e empresas no pós-pandemia. Outro fator apontado<br />
por Marin é que as principais hidrelétricas do Brasil, ou seja, as<br />
que geram mais energia, estão localizadas no Rio Paraná, na<br />
fronteira Brasil-Paraguai. Sendo assim, na hora de transportar<br />
esta energia para o restante do país, se perde pelo menos 20%<br />
do recurso na transmissão pela rede, afetando diretamente na<br />
qualidade da eletricidade fornecida em algumas regiões. Já o<br />
painel solar possui facilidade na hora da instalação e sua matéria-prima<br />
– a luminosidade do sol – é inesgotável e gratuita.<br />
CARTEIRA DE TRABALHO<br />
Em um momento em que o Brasil enfrenta o desemprego<br />
e problemas econômicos, a geração distribuída<br />
solar fotovoltaica vai na contramão. De acordo com<br />
dados da ABSOLAR, somente em 2020 foram gerados<br />
mais de 76 mil empregos em todo o país. Para este ano,<br />
a expectativa é abrir mais de 118 mil vagas. O Paraná<br />
ocupa a quinta posição em geração de postos de trabalho:<br />
desde 2012 foram criados mais de 8.500 empregos.<br />
O estado é o território com melhor irradiação solar do<br />
sul do país, principalmente as regiões norte, noroeste<br />
e oeste e as cidades com maiores potências de energia<br />
solar instaladas são Maringá, Londrina, Cascavel e Foz<br />
do Iguaçu. Junto com os empregos, chegam também<br />
os investimentos. A geração distribuída solar fotovoltaica<br />
já atraiu mais de 26 bilhões de investimentos<br />
privados em todo o Brasil desde 2012, com os paranaenses<br />
contribuindo em R$ 1,5 bilhão desse total, além<br />
de arrecadar 6 bilhões de tributos, sendo 355,3 milhões<br />
somente no Paraná. Até 2019, o Paraná ocupava a<br />
quarta posição em geração distribuída e potência<br />
instalada e também na geração de postos de trabalho.<br />
Atualmente, perdeu uma colocação e está no quinto<br />
lugar. Mas, pode voltar a crescer. Um dos motivos é o<br />
programa de crédito exclusivo com juros subsidiados<br />
lançado pelo governo do estado no dia 27 de abril,<br />
com a criação do Banco do Agricultor Paranaense. Foi<br />
anunciado que projetos de energia fotovoltaica poderão<br />
ser financiados com limite equalizado de até R$ 500<br />
mil. Foi previsto também subvenção para operações<br />
em obras civis, aquisição de materiais e equipamentos<br />
e na elaboração de projetos de geração de energia de<br />
fontes fotovoltaicas e outras sustentáveis, o que traz<br />
esperança para o setor voltar a crescer no Estado.<br />
Foto: divulgação<br />
10 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PERFORMANCE<br />
EFICIÊNCIA<br />
ROBUSTEZ<br />
SEGURANÇA<br />
GERADOR DE<br />
AR QUENTE<br />
SECAGEM INDIRETA<br />
DE GRÃOS<br />
O Gerador de ar quente IMTAB foi<br />
desenvolvido para secagem de<br />
produtos sem contaminação por<br />
HPAs e com mais segurança para<br />
secadores, já que não possui<br />
fagulhas oriundas de combustão.<br />
Este equipamento não necessita<br />
de água, vapor e ou vaso de<br />
pressão (caldeira), o equipamento<br />
foi desenvolvido com sistema de<br />
troca AR x GÁS, que resulta em<br />
um custo operacional muito<br />
abaixo dos equipamentos<br />
disponíveis no mercado.<br />
www.imtab.com.br<br />
(47) 3534-0396<br />
comercial@imtab.com.br<br />
Estrada Geral Pitangueira n° 1<br />
Agrolândia - SC
NOTAS<br />
INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA<br />
A ENGIE está concluindo a fase mais importante do Projeto de Pesquisa e<br />
Desenvolvimento Aerogerador Nacional, que é a montagem do equipamento.<br />
Localizado no município de Tubarão (SC), o aerogerador está instalado no<br />
parque experimental de pesquisa e desenvolvimento da ENGIE e é resultado<br />
de um Projeto Estratégico do P&D (Programa de Pesquisa e Desenvolvimento)<br />
da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O aerogerador foi projetado<br />
e construído pela WEG S.A e a segunda etapa do projeto também contou com<br />
recursos do P&D das CELESC (Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A). O projeto<br />
denominado: Desenvolvimento e certificação de aerogerador nacional de 4,2<br />
MW (Megawatts) de acoplamento direto, com gerador síncrono de ímãs permanentes<br />
e conversor de potência plena; tem por objetivo desenvolver e incentivar<br />
a tecnologia nacional em energia eólica para reduzir a dependência de<br />
outros países, por meio do fortalecimento da cadeia brasileira de fornecedores<br />
de componentes e prestadores de serviços para a fabricação e instalação de<br />
aerogeradores de grande porte. Essa nova turbina, com 4,2 MW de potência, foi<br />
instalada a 600 metros de outro aerogerador, de 2,1 MW, resultado da primeira<br />
etapa deste Projeto Estratégico de P&D, o qual foi primeiro protótipo construído pela WEG no Brasil. Ele entrou em operação em 2015<br />
e a análise do seu desempenho contribuiu para o desenvolvimento deste novo aerogerador, mais adequado às condições de vento do<br />
Brasil. A energia elétrica gerada será futuramente fornecida ao SIN (Sistema Interligado Nacional), que faz a conexão entre as unidades<br />
de geração e os consumidores de energia elétrica. Mais de R$ 300 milhões já foram investidos, desde 1999, em pesquisa e desenvolvimento<br />
pela ENGIE no Brasil, em mais de 200 projetos realizados e/ou em desenvolvimento, unindo esforços de mais de 40 organizações,<br />
incluindo universidades, centros de pesquisa, empresas e startups.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
LOGÍSTICA REVERSA<br />
O OLUC (Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado)<br />
é classificado como resíduo perigoso e, contendo metais<br />
pesados como cromo, cádmio, chumbo e arsênio, deve ser<br />
enviado para a reciclagem por meio do rerrefino. Em acordo<br />
de cooperação assinado no mês de junho, no âmbito do<br />
programa Lixão Zero, o MMA (Ministério do Meio Ambiente),<br />
a ABETRE e a AMBIOLUC visam informatizar o sistema de<br />
logística reversa que permite a destinação ambientalmente<br />
adequada desse resíduo. Com isso, qualquer cidadão poderá<br />
acessar informações sobre a logística reversa do óleo, além<br />
de resultados do sistema e orientações para contribuir com<br />
a destinação ambientalmente adequada desse tipo de<br />
resíduo. O grande objetivo é eliminar o descarte inadequado, contribuindo para o encerramento de lixões, em acordo com o Marco<br />
Legal do Saneamento Básico, que determina o encerramento de todos os lixões do País até 2024. Para alcançar esse resultado, o<br />
acordo prevê a integração das informações setoriais sobre logística reversa de OLUC no SINIR (Sistema de Informação Nacional<br />
lançado pelo MMA em 2019) e o desenvolvimento de um aplicativo online, arquitetado para permitir a integração com os demais<br />
sistemas de logística reversa existentes no país, como eletroeletrônicos, embalagens e medicamentos. Em 2020, foram coletados<br />
mais de 465 milhões de litros de óleo lubrificante usado ou contaminado, em mais de 4.100 municípios brasileiros. A logística<br />
reversa possibilitou a produção de mais de 300 milhões de litros de óleos básicos, alcançando 20% da demanda nacional, gerando<br />
emprego e renda no setor. O programa Lixão Zero acumula uma série de ações na área de logística reversa de resíduos, incluindo<br />
a implementação e incrementos nos sistemas de logística reversa de eletroeletrônicos, medicamentos, baterias de carro, latas de<br />
alumínio e óleo lubrificante, aumentando as metas de reciclagem do OLUC, que até 2023 deverá alcançar 47,5% no país.<br />
12 www.REVISTABIOMAIS.com.br
NOTAS<br />
Foto: divulgação<br />
ECONOMIA<br />
A rede varejista de alimentos, como hiper e supermercados,<br />
tem sofrido com a alta da energia elétrica<br />
no Brasil. Com os constantes reajustes que o Governo<br />
tem repassado aos consumidores, é inevitável que esse<br />
valor também chegue aos alimentos como forma dos<br />
supermercados equilibrarem a conta. Segundo dados da<br />
ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), a conta<br />
de energia é o segundo maior gasto de um supermercado,<br />
atrás apenas da folha de pagamento, representando<br />
um gasto de mais de R$ 3 bilhões no mercado<br />
varejista. Dentre os maiores itens de consumo em um<br />
supermercado, encontra-se o sistema de refrigeração<br />
(40% de gastos), principalmente se o estabelecimento<br />
conta com açougue e câmaras frias, ar-condicionado<br />
(varia entre 30% e 50%) e iluminação, na média, até 20%.<br />
Por conta dessa situação, muitos estabelecimentos têm<br />
buscado soluções para que esses gastos não minimizem<br />
ainda mais a sua margem de lucro. Uma das saídas<br />
encontradas pelo setor tem sido o investimento em<br />
energia fotovoltaica. A Distribuidora Betel, supermercado<br />
localizado em Curitiba (PR), fez a aposta em energia<br />
fotovoltaica em novembro de 2020. A conta de energia,<br />
que girava em torno dos R$ 1.800,00, caiu para perto de<br />
R$ 300,00 com o novo sistema, uma redução de 83% na<br />
fatura. Para a instalação e habilitação do sistema, foram<br />
gastos R$ 120 mil, que, dado os ajustes nos preços da luz,<br />
terá um retorno sobre o investimento em três anos. Mas,<br />
a economia mensal já chega aos clientes da empresa,<br />
garante o proprietário Paulo Fontoura. "Revertemos a<br />
economia em preços diferenciados, ampliação da loja e<br />
contratação de funcionários, o que vai impactando no<br />
crescimento da empresa."<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
Falar é fácil, mas como seria um sistema de logística<br />
reversa na cadeia do papel que funcione de verdade? Com<br />
apoio da Green Mining, a IBEMA hoje efetivamente traz de<br />
volta para sua unidade de Embu das Artes (SP) papel cartão<br />
utilizado, e reinsere o material em sua cadeia produtiva. A<br />
Green Mining conta com 24 funcionários registrados, entre<br />
ex-cooperados ou ex-catadores de rua que, agora formalizados,<br />
coletam papelão e papel cartão na cidade de São<br />
Paulo. Eles utilizam triciclos de carga – bicicletas adaptadas<br />
para transporte que evita o trânsito e as emissões de CO₂<br />
(Gás Carbônico) – e com elas fazem a coleta de materiais<br />
recicláveis em 720 bares, restaurantes e condomínios da<br />
capital paulista. Esses pontos de coleta recebem o serviço<br />
da Green Mining sem custos. Quem financia o sistema são<br />
empresas como a IBEMA, que assumiram a responsabilidade<br />
de colocar em prática o que a lei manda, ou seja, uma coleta<br />
independente do poder público. Nos estabelecimentos<br />
do setor de alimentação, são coletadas muitas caixas de<br />
ingredientes para cozinha e de bebidas. Já nos condomínios<br />
residenciais, existe o descarte desde papel sulfite limpinho<br />
até embalagens sujas – e aí entra o treinamento realizado<br />
com moradores e agentes de limpeza que segregam esses<br />
materiais recicláveis. Após a coleta, o material é levado para<br />
hubs, onde é prensado e devolvido às indústrias que apostam<br />
nesse serviço. Para garantir o controle das quantidades<br />
coletadas e sua procedência, a Green Mining utiliza um sistema<br />
de rastreabilidade de última geração. Em um banco de<br />
dados sequencial, cada lote de resíduo é acompanhado do<br />
começo ao fim do ciclo, e assim se garante o peso e o tipo de<br />
material em cada local de coleta. A pesagem é feita in loco<br />
e fotografado. Cada etapa recebe um carimbo na forma de<br />
blockchain, ou seja, sem possibilidade de adulteração.<br />
Foto: divulgação<br />
14 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Máquinas Peletizadoras<br />
TECNOLOGIA E<br />
INOVAÇÃO PARA A<br />
INDÚSTRIA DE PELLETS<br />
As Peletizadoras PBX são altamente<br />
dimensionadas, para entregar pellets<br />
de altíssima qualidade, possuem<br />
matriz plana, cabeçotes com dois,<br />
três ou quatro rolos podendo ser<br />
aplicada nas seguintes matérias:<br />
Pellets de madeira, feno, ração<br />
animal, adubo orgânico e outros.<br />
PELETIZADORAS<br />
PARA TODAS AS DEMANDAS<br />
+55 (<strong>45</strong>) 3303-4824<br />
/Peletizadora Biobrax<br />
BR 277, Km 593 nº 194<strong>45</strong> | 14 de Novembro | Cascavel - PR | 85804-600
NOTAS<br />
CARBONO ZERO<br />
Com produção própria e aquisição de certificados no mercado, o Banco do Brasil<br />
(BB) alcançou 100% de compensação das emissões de gases de efeito estufa oriundos<br />
do consumo de energia elétrica das dependências. Ao longo do ano passado, foram<br />
consumidos um total de 532,8 mil MW/h (Megawatts/horas) . Com a operação, o BB<br />
neutraliza a emissão de 33 toneladas de gás carbônico, o que equivale ao consumo<br />
de energia de uma cidade de 222 mil residências em um ano ou ao reflorestamento<br />
relativo ao plantio de 75.336 árvores. Para compensar sustentavelmente o volume de<br />
532,8 mil MWh, o BB adquiriu, por meio de licitação, em contratação inédita na Administração<br />
Pública, 523,9 mil I-REC (International Renewable Energy Certificate) da Distribuidora<br />
Digital de Energia Matrix, cujos certificados são provenientes do complexo<br />
eólico Serra da Babilônia (BA) e Baixa do Feijão (RN). O montante se une aos 8,9 mil<br />
RECs decorrentes da geração de energia da usina solar inaugurada em março do ano<br />
passado em Porteirinha (MG). O I-REC é uma plataforma internacional de transações que permite aos consumidores adquirirem o certificado<br />
de uma energia de fonte renovável rastreada para compensar as emissões pelo consumo de energia elétrica. A ação integra um dos<br />
10 compromissos sustentáveis assumidos pelo BB, especificamente o ‘Fomento à Energia Renovável’ que prevê, além da compensação<br />
de 100% das emissões de gases de efeito estufa oriundos do consumo de energia elétrica, chegar a 90% de energia renovável até 2024.<br />
Para <strong>2021</strong>, as duas usinas fotovoltaicas do BB em funcionamento, a de Porteirinha (MG) e a de São Domingos do Araguaia (PA), inaugurada<br />
em outubro de 2020, gerarão 16 mil I-RECs. Ainda neste ano, o BB tem prevista a inauguração de mais quatro usinas: na Bahia, no<br />
Ceará, em Goiás e no Distrito Federal, além de outras quatro em 2022, a serem licitadas, gerando mais energia e compensando o consumo<br />
de um número maior de dependências. Quando concluídas, as seis unidades entregues até <strong>2021</strong> fornecerão 32 GW/h (Gigawatts/<br />
hora) de energia por ano, total semelhante ao consumo de 13,3 mil residências. Com essas medidas, o BB deixará de emitir cerca de 1,6<br />
mil toneladas anuais de dióxido de carbono, o que equivale ao plantio de aproximadamente 4,5 mil árvores.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
LEILÕES DE ENERGIA<br />
O presidente Jair Bolsonaro assinou em maio, decreto que regulamenta uma<br />
nova modalidade de leilões de energia, para contratação de reserva de capacidade,<br />
com um primeiro certame do tipo já previsto pelo Ministério de Minas e<br />
Energia para dezembro. Publicada em edição extra do Diário Oficial da União,<br />
a medida não está associada à crise hídrica atual, uma vez que já vinha sendo<br />
discutida no governo e mira usinas que entrariam em operação apenas no futuro,<br />
mas tem ligação com o processo de privatização da Eletrobras. Alterações à<br />
medida provisória (MP) sobre a desestatização durante a aprovação da matéria<br />
pela Câmara dos Deputados estabeleceram uma obrigação de contratação pelo<br />
governo de novas termelétricas a gás nos próximos anos, por meio dos leilões de<br />
reserva de capacidade como os agora regulamentados pelo decreto do presidente.<br />
O primeiro leilão desse tipo deverá ser realizado em dezembro, segundo uma<br />
portaria da pasta de Minas e Energia também publicada na noite de sexta-feira,<br />
em separado. O certame visará fechar contratos com usinas termelétricas a gás<br />
e hidrelétricas novas ou existentes. Os contratos do leilão terão duração de até<br />
15 anos. Serão negociados contratos de potência de reserva de capacidade, com início de suprimento a partir de julho de 2026,<br />
e contratos de compra de energia no ambiente regulado, com suprimento a partir de janeiro de 2027. O texto de privatização da<br />
Eletrobras que passou na Câmara prevê após mudanças do relator Elmar Nacimento (DEM-BA) aprovadas pelos deputados, que o<br />
governo deverá contratar 6 GW (Gigawatts) em termelétricas a gás para operação a partir de 2026, 2027 e 2028, sendo 1 GW em<br />
um Estado do nordeste e 5 GW entre usinas no norte e centro-oeste. O projeto também estabelece obrigação de contratação de até<br />
2 GW em PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) no leilão de energia A-6 deste ano. O Ministério de Minas e Energia disse em nota<br />
na noite de sexta que, com o leilão de reserva de capacidade em dezembro, o A-6 de <strong>2021</strong> não será mais realizado.<br />
16 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ENTREVISTA<br />
Foto: divulgação<br />
ENTREVISTA<br />
FABRÍZIO<br />
NICOLAI MANCINI<br />
Formação: Engenheiro Elétrico pela UP<br />
(Universidade Positivo), Doutorando<br />
em Tecnologia e Sociedade pela UTFPR<br />
(Universidade Federal Tecnológica do<br />
Paraná) e mestrado em Desenvolvimento<br />
de Tecnologia pelo Instituto Lactec<br />
Cargo: Professor dos cursos de Engenharia<br />
Elétrica e Engenharia de Energia da<br />
Universidade Positivo<br />
FUTURO DA<br />
ENERGIA<br />
A<br />
busca por fontes renováveis de energia em detrimento ao uso dos combustíveis fósseis<br />
tende a crescer cada vez mais em todo mundo. Mas como o Brasil está posicionado<br />
dentro desse mercado? Essa e outras perguntas foram respondidas pelo doutorando<br />
em Tecnologia e Sociedade, mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, e<br />
professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo,<br />
Fabrízio Nicolai Mancini, em entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> BIOMAIS.<br />
“O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem uma exploração adequada disso,<br />
porque ainda temos custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma dependência<br />
internacional muito grande”, explicou Mancini.<br />
18 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Qual sua avaliação sobre o investimento em energias<br />
renováveis no Brasil? O que falta para potencializar<br />
esse setor?<br />
A gente tem visto, vamos dizer assim, uma certa paralisia,<br />
desde 2016, o que acabou prejudicando um pouco<br />
a área de infraestrutura. Apesar dos percalços políticos e<br />
ideológicos, nós notamos que existem esses investimentos,<br />
tanto pela parte do poder público, quanto uma tendência<br />
de crescimento nos investimentos privados, inclusive vindo<br />
do exterior. Mas ainda existem alguns gargalos no setor,<br />
principalmente por conta de uma necessidade de reforma<br />
no setor de energia elétrica. Atualmente, existem algumas<br />
revisões, inclusive, com relação a questão da geração<br />
distribuída. Outro aspecto é que em algumas outras áreas<br />
estratégicas, como a dificuldade da gente desenvolver<br />
a parte do biogás, por uma ausência de uma malha que<br />
seria compartilhada com o gás natural, que é um outro<br />
potencial muito grande que o Brasil tem. Também temos<br />
algumas áreas crescentes, como a energia solar, que nós<br />
notamos ainda um desarranjo, principalmente com relação<br />
a questão da taxação do sistema de geração distribuída<br />
compensada, o sistema de compensação. Então, nós temos<br />
alguns gargalos bem importantes para ultrapassar e eles<br />
estão vinculados em uma boa parte a questão da realidade<br />
econômica atual, mundial, com a pandemia, e em um<br />
outro aspecto com algumas necessidades de ajustes de<br />
regulamentação do setor de energia, como é o caso da elétrica<br />
e também a parte de petróleo, gás e biocombustíveis.<br />
temos alguns problemas de regulamentação que precisam<br />
ficar claros. As usinas de um sistema público, ou autoprodução,<br />
ou produtor independente, estão fornecendo<br />
energia para o sistema, enquanto a energia, vamos dizer<br />
assim, estão centralizadas para esses empreendimentos.<br />
Acredito que o Governo deveria estimular essas empresas<br />
para fabricar esses módulos solares no Brasil. Isso seria uma<br />
política que com certeza melhoraria o setor e deslocaria o<br />
dinheiro que nós estamos mandando para o exterior, por<br />
conta dos módulos solares, para ficar no Brasil. Até a (Usina<br />
Binacional) Itaipu tinha um projeto muito interessante, que<br />
inclusive está sendo reativado, que é a questão de se ter<br />
uma produção verde, o silício verde, feito próximo de Itaipu<br />
e o PTI (Parque Tecnológico de Itaipu). Seria um órgão<br />
bem importante nisso. Em um outro ponto, a legislação<br />
com relação a parte de compensação vai precisar de um<br />
ajuste. Já estava prevista na resolução 482. Hoje nós temos<br />
um projeto de lei correndo na Câmara dos Deputados, que<br />
está bastante complicada a aprovação, por conta de uma<br />
isenção que vai ser proposta no projeto de lei e pode afetar<br />
o custo da tarifa de energia para a maior parte dos consumidores<br />
cativos. Então o setor está pressionando para<br />
que seja aprovada a lei com esse subsídio, só que isso vai<br />
aumentar a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético),<br />
que é um dos componentes mais importantes hoje, não<br />
tirando o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias<br />
Como o poder público pode auxiliar no fomento<br />
dessas matrizes energéticas?<br />
Com relação a essa questão de fomento, algumas<br />
políticas públicas precisavam de um pouquinho mais de<br />
agilidade. Na parte do biogás e biocombustíveis, a gente<br />
tem o RenovaBio, que realmente pode dar um ganho bem<br />
grande para o Brasil, tendo em vista que a maior parte<br />
do problema ambiental do Brasil com relação a matriz<br />
energética é vinculada a parte dos combustíveis. Esse seria<br />
realmente um marco importante para o Brasil investir,<br />
com o biodiesel, o biogás, todas essas questões vinculadas<br />
a parte do combustível. No setor de energia elétrica<br />
propriamente dita, creio que a questão pontual é a solar.<br />
O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem<br />
uma exploração adequada disso, porque ainda temos<br />
custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma<br />
dependência internacional muito grande. Além disso, nós<br />
Precisamos resolver os<br />
gargalos, mas também<br />
sem afetar demais os<br />
outros consumidores, se<br />
não a gente vai fazer um<br />
Robin Hood ao contrário<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
19
ENTREVISTA<br />
e Serviços) da conta de energia. Então a tarifa de energia<br />
acaba sendo muito cara por conta dos financiamentos que<br />
os consumidores fazem. E aí, vai entrar mais uma continha.<br />
Nós pagamos pelo diesel e demais combustíveis fosseis<br />
utilizados na eletricidade lá do Amazonas. Nós pagamos<br />
um problema que teve no setor em 2014, por conta das<br />
concessionárias e das renovações. Nós estamos pagando<br />
a conta corrente, que é um valor que o governo deixou<br />
alocado para compensar as distribuidoras de energia.<br />
Então precisamos resolver esse gargalo, mas também sem<br />
afetar demais os outros consumidores, se não a gente vai<br />
fazer um Robin Hood ao contrário. Esse é um dos problemas<br />
desse projeto de lei com relação a compensação.<br />
Mas existem muitas políticas direcionadas para esse setor,<br />
porém algumas levam muito tempo para serem implementadas.<br />
Para se ter uma ideia, esse último projeto de lei, que<br />
já era para ter sido votado, ele já está em pauta há mais de<br />
dois meses. Então realmente não é algo interessante para<br />
gente. Precisamos de mais agilidade na aprovação dessas<br />
legislações e nas revisões, mas os setores também têm que<br />
compreender que a gente tem que ceder um pouquinho.<br />
Um lado cede um pouquinho, o outro lado cede um pouquinho,<br />
e a gente consegue avançar mais rápido.<br />
Percebe-se uma tendência mundial pela busca de<br />
fontes renováveis em detrimento dos combustíveis<br />
fósseis? Quais países são referência nessa área?<br />
Um fato bem interessante que a gente poderia tomar<br />
é o seguinte. Os países que estão realmente conseguindo<br />
atrair investimento. Até poucos dias saiu uma publicação<br />
justamente de uma consultoria, vinculado aos organismos<br />
que cuidam da IRENA (Agência Internacional de Energias<br />
Renováveis - sigla em inglês), que realocou o Brasil como<br />
11º lugar. Mas é bem interessante avaliar o seguinte, quem<br />
são os primeiros? Eu acho que sempre tem que vir por aí.<br />
Quem que está conseguindo atrair os investimentos e está<br />
fazendo realmente implementações importantes. Então,<br />
primeiro lugar, são os EUA (Estados Unidos da América),<br />
o segundo a China e o terceiro é a Índia. São países que<br />
realmente estão conseguindo fazer as migrações muito importantes<br />
na matriz deles. Aí em seguida temos Reino Unido,<br />
França, Austrália e Alemanha. Mas podemos verificar<br />
que esses países têm muita dependência de combustível<br />
exposto. O Brasil já não tem essa dependência extremada,<br />
como existe nesses outros países. Só que eles instituíram<br />
algumas políticas que realmente potencializaram o<br />
ingresso de algumas dessas fontes, então estão investindo<br />
mais em energia solar, em energia eólica, em biomassa. O<br />
Brasil tem que seguir mais esse caminho, mas respeitando<br />
a peculiaridade que tem. Realmente precisamos continuar<br />
a investir na bioeletricidade, nos biocombustíveis, no setor<br />
de eólica. Acredito que o grande mote para o Brasil é a<br />
eólica e a solar. Mas tem que destravar esses probleminhas,<br />
com relação a inserção dessas fontes. Entretanto temos<br />
que tomar o cuidado, que alguns países estão presenciando<br />
de uma fragilidade no sistema elétrico deles, por<br />
conta do excesso de fontes renováveis que estão sazonais,<br />
que elas não têm condição de serem despachadas. Aí nós<br />
temos uma vantagem contra eles, que é a questão das<br />
hidrelétricas. Mas para os investimentos temos que mirar<br />
o que os EUA estão fazendo, que a China está fazendo, que<br />
a Índia está fazendo, para realmente potencializarmos o<br />
ingresso dessas diferentes fontes na nossa matriz.<br />
Regularmente, o Brasil sofre com crises hídricas,<br />
problema que afeta diretamente o potencial das usinas<br />
hidrelétricas. Na sua opinião, faltam alternativas para<br />
suprir a demanda interna de energia no Brasil?<br />
A gente tem que analisar o quadro da energia elétrica,<br />
que é um dos fatores importantes para gente entender<br />
o recorte da energia hidráulica. A energia hidráulica foi a<br />
base para o Brasil por muito tempo e deve continuar como<br />
base para o setor de energia, porque é uma fonte controlável.<br />
Então ela tem essas vantagens, como acontece também<br />
com as usinas térmicas, sejam elas renováveis ou não,<br />
caso do gás natural e a biomassa. As outras fontes estão<br />
ingressando no sistema de uma forma razoavelmente rápida.<br />
Contudo, se a gente tem previsão aqui de construção<br />
e construção não iniciada, as usinas hidrelétricas têm 400<br />
MW (Megawatts) de construção. Já a fotovoltaica apresenta<br />
quase 24 GW (Gigawatts), que estão projetados para os<br />
próximos 5 anos de inserção na nossa fonte, enquanto a<br />
eólica, tem 12 GW, 12,5 GW previsto. Então muito maior<br />
do que as fontes hidráulicas. O que a gente vai visualizar<br />
nos próximos anos é isso. A eólica e a solar ganhando<br />
espaço no setor de energia pública e no mercado livre. Só<br />
a geração distribuída que está um pouquinho diferente.<br />
A hidráulica vai continuar, mas está realmente diminuin-<br />
20 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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ENTREVISTA<br />
do o ritmo, porque os grandes aproveitamentos que o<br />
Brasil tem ainda apresentam bastante entrave ambiental.<br />
Mas é importante a manutenção das usinas, porque elas<br />
funcionam como baterias do nosso sistema, garantias de<br />
uma energia um pouquinho mais barata e de disponibilidade<br />
de energia na hora que a gente precisar. Porque o<br />
sol de noite, não vai ter, e a eólica, de vez em quando, não<br />
funciona. Então se nós não tivermos as usinas hidrelétricas<br />
e as térmicas, realmente o nosso sistema vai ter uma fragilidade<br />
maior e aí sim a possibilidade da gente ter apagões e<br />
chegar a ter um racionamento vai aumentar. Acredito que<br />
a gente vai desacelerar na construção dessas usinas, mas<br />
é importante mantê-las justamente por esse aspecto de<br />
controle do sistema nela.<br />
Os painéis solares cada vez ganham mais espaço na<br />
arquitetura urbana. Como vê essa tendência e como ela<br />
pode ser popularizada ainda mais?<br />
Acredito que a questão solar, principalmente no meio<br />
urbano, deve realmente ganhar cada vez mais força. Inicialmente<br />
com a possibilidade que a gente tem hoje, de plantas<br />
pequenas que vão atender especialmente residenciais,<br />
comerciais, terem dispensas da parte ambiental e facilidades<br />
com relação a alguns tecnicistas de regulamentação.<br />
Então para pedir a conexão com a COPEL (Companhia<br />
Paranaense de Energia), por exemplo, é um pouquinho<br />
mais fácil. O consumidor vai precisar de um engenheiro,<br />
para fazer uma ata de responsabilidade técnica no CREA<br />
(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), mas não<br />
é uma situação muito difícil de implementar em uma casa,<br />
chácara ou pequeno comércio. A tendência é abaixar o<br />
valor, à medida que realmente tem essa. Então se a gente<br />
pegar as primeiras instalações que foram estudadas aqui<br />
no Brasil, se levava mais de 10 anos para poder ter uma<br />
compensação de todo aquele investimento. Hoje existem<br />
algumas áreas que conseguem esse retorno em menos de<br />
3 anos, então é um investimento bem interessante, até porque<br />
os módulos normalmente duram em torno de 30 anos.<br />
Temos os inversores que duram um pouquinho menos,<br />
mas essa tecnologia por ter uma facilidade, um número<br />
menor de componentes, menor necessidade de manutenção,<br />
realmente veio pra ficar e ocupar o seu espaço. O que<br />
precisamos hoje, realmente é de uma renovação com relação<br />
a esses debates e uma mudança na regulamentação,<br />
que potencializa as pessoas para esse investimento, como<br />
linhas de financiamento apropriados para isso, possibilitando<br />
como garantia o próprio equipamento. Já temos algumas<br />
linhas muito boas disponibilizadas em bancos, como<br />
o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social), mas ainda pequenas para essas necessidades.<br />
Também precisamos formar mais gente para poder fazer<br />
as instalações e dar as manutenções adequadas, cuidando<br />
com a segurança das pessoas, porque, infelizmente vemos<br />
sistemas até pegando fogo por conta de erros técnicos. Por<br />
fim, na parte de fomento, se o governo não está podendo,<br />
sendo que não seria justo com o consumidor abrir mão,<br />
de um valor ali a ser inserido como subsídio, talvez fosse<br />
interessante permitir as pessoas defenderem a energia<br />
no mercado. Temos a previsão de abertura do mercado<br />
livre para poucos anos. Em 2023, a gente já vai ter mais<br />
um barco agora, para que em 2024 estivéssemos com o<br />
mercado totalmente liberado e os pequenos consumidores<br />
conseguissem entrar no mercado. Então, se eu tiver uma<br />
possibilidade de fomentar quem está nesse título desse sistema<br />
vender para o governo a um preço justo, assim como<br />
para distribuidoras e a outros consumidores, isso poderia<br />
resolver o problema para todo o segmento. Obviamente<br />
teria também que estimular as distribuidoras a reforçarem<br />
o seu sistema, porque a inserção muito grande desse tipo<br />
de equipamento, ele traz impacto. Temos que ter melhorias<br />
em várias áreas. Precisamos a distribuidora melhorando,<br />
a legislação melhorando, assim como a formação<br />
técnica. O Brasil tem gente, o Brasil tem recurso, nós temos<br />
uma matriz limpa para produzir os módulos fotovoltaicos,<br />
mas infelizmente estamos perdendo essa oportunidade,<br />
mandando dinheiro para fora.<br />
Acredito que a questão<br />
solar, principalmente<br />
no meio urbano, deve<br />
realmente ganhar cada<br />
vez mais força<br />
22 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PRINCIPAL<br />
EM<br />
FAMÍLIA<br />
EMPRESA PIONEIRA NO<br />
RECOLHIMENTO DE MADEIRA<br />
PARA PRODUÇÃO DE BIOMASSA,<br />
COM FOCO NA PRESERVAÇÃO<br />
DO MEIO AMBIENTE E NA<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />
24 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
25
PRINCIPAL<br />
A<br />
Centenaro Cavacos completa 15 anos de atuação<br />
em <strong>2021</strong> e ano após ano se consolida como uma<br />
das referências no Rio Grande do Sul na coleta,<br />
transporte e processamento de retalhos de madeira<br />
para geração de biomassa.<br />
A empresa localizada em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha,<br />
auxilia dessa forma outras companhias a cumprirem os<br />
requisitos ambientais para o destino dos resíduos industriais,<br />
no caso, os retalhos de madeira.<br />
“A história começou em uma granja de aves, quando trabalhávamos<br />
na integração das empresas, e tínhamos necessidade<br />
de colocar maravalha no local em que ficavam esses<br />
frangos. Todas as empresas do setor produtivo geram sobras<br />
de madeira e precisavam de ajuda para a destinação final<br />
desses materiais”, relata Celso Centenaro, um dos proprietários<br />
da empresa.<br />
“Assim foi criada a Centenaro Cavacos, com a finalidade<br />
de picar esses retalhos de madeira produzindo biomassa-cavaco,<br />
e retornando às indústrias para produção de energia.<br />
Com essa prática, o ganho é para o meio ambiente, pois cada<br />
metro cúbico de cavaco reaproveitado, usado nas caldeiras<br />
das indústrias, equivale a preservação de uma árvore com<br />
idade entre 5 e 10 anos. Assim, viabilizamos ao mercado<br />
energia alternativa”, complementa Simone Centenaro, diretora<br />
administrativa da empresa.<br />
A Centenaro Cavacos possibilita que os clientes possam<br />
utilizar o cavaco do processamento da madeira para a obtenção<br />
de biomassa, que pode ser utilizado por essas empresas<br />
como fonte renovável de combustível. Essa biomassa quando<br />
é consumida para a produção de energia não agride o meio<br />
ambiente, além de ter alto potencial como matriz energética<br />
e ser mais competitiva em relação a fontes não renováveis.<br />
Essa qualidade no serviço prestado pela Centenaro Cavacos<br />
motivou a empresa a criar a Transambiental Transportes,<br />
que oferece uma ampla infra-estrutura no transporte da produção.<br />
Todo o transporte é feito com equipamentos próprios,<br />
que contam na frota com caminhões roll-on roll-off com reboque<br />
(julieta), além de carretas cavaqueiras que possuem<br />
assoalho móvel com capacidade de transporte de 100m3<br />
(metros cúbicos), possibilitando maior agilidade e segurança<br />
no procedimento.<br />
A Centenaro Cavacos ainda estabeleceu parceria com a<br />
Asolução Biomassa, com foco na ampliação, melhoramento<br />
e maior qualidade na produção de biomassa para atender as<br />
exigências do mercado. Dessa forma, a empresa também está<br />
realizando a transformação em biomassa-cavaco de resíduos<br />
florestais e lenha de reflorestamento.<br />
“Hoje estamos produzindo e comercializando em torno<br />
de 6 mil m³ por dia, o que nos permite fazer maiores investimentos<br />
em funcionários, caminhões e estrutura. Por exem-<br />
26<br />
www.REVISTABIOMAIS.com.br
plo, atualmente temos mais de 70 veículos, entre carretas,<br />
julietas, trucks e cavaqueiras”, explica Nestor Centenaro, um<br />
dos proprietários da Centenaro Cavacos.<br />
“Quando se dispõe a fazer o que gosta e faz algo que seja<br />
benéfico a outras pessoas, se torna algo muito mais valoroso<br />
do que qualquer outro sentido que se possa dar a um negócio.<br />
A composição entre a valorização entre as pessoas e o<br />
trabalho sério é o que dá o resultado que temos nos nossos<br />
15 anos de história, sendo um dos maiores produtores de<br />
biomassa do Rio Grande do Sul”, avalia o gerente administrativo<br />
da Centenaro Cavacos, Jonatan Schneider.<br />
FAMÍLIA CENTENARO<br />
Toda essa eficiência e sustentabilidade oferecidas pela<br />
Centenaro Cavacos só é possível porque todos os 115 funcionários<br />
formam uma grande família. A empresa tem caráter<br />
familiar, sendo fundada pelos irmãos Celso e Nestor Centenaro,<br />
e contando com o auxílio de Simone e Rejane Centenaro,<br />
respectivamente esposas de Celso e Nestor.<br />
“Nossa empresa é uma empresa familiar, teve o início de<br />
sua atividade em Bento Gonçalves e atualmente está presente<br />
em Gravataí, Jaquirana, Passo Fundo, Sentinela do Sul e<br />
Triunfo prezamos pelo respeito, o cuidado a vida e ao meio<br />
ambiente, formamos uma grande família", garante Simone<br />
Centenaro.<br />
“Hoje a gente está com uma<br />
produção acima de 6 mil m³<br />
por dia, o que nos permite<br />
fazer maiores investimentos<br />
em funcionários, caminhões<br />
e estrutura”<br />
Nestor Centenaro<br />
“Todos os colaboradores aqui fazem parte da nossa família.<br />
Me sinto realizada, vendo o sonho do Celso e do Nestor,<br />
que não deixa de ser o meu sonho também, assim como o<br />
dos nossos filhos para darem continuidade a essa obra”, pontua<br />
Rejane Centenaro, diretora financeira da empresa.<br />
A mudança de chave na história da Centenaro Cavacos<br />
foi com a descoberta do picador, que possibilitou que todos<br />
os retalhos de madeira pudessem ser processados com mais<br />
velocidade e eficiência, diminuindo o volume no transporte e<br />
automatização na alimentação das caldeiras.<br />
“Começamos a levar esses materiais para olarias e cerâmicas,<br />
depois até em frigoríficos para geração de vapor após<br />
aquecimento da água, até que um dia fomos fazer uma coleta<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 27
PRINCIPAL<br />
e conhecemos o picador. E aí tivemos a ideia que essa máquina<br />
ia ser o futuro dos resíduos de madeira e que tínhamos<br />
que adquirir uma máquina dessas”, reforça Celso Centenaro.<br />
Com o auxílio da Planalto Picadores, a Centenaro comprou<br />
o primeiro picador e iniciou a produção com a máquina<br />
acoplada na carreta de um trator. A produção na época era<br />
em torno de 20m³ de cavaco por dia, quanto produzíamos<br />
30m³ por dia estávamos evoluindo. Após um empresário da<br />
região apostar em nosso negócio, incentivando-nos a produzir<br />
essa biomassa em escala maior, e pela necessidade do<br />
mercado investimos e apostamos. Atualmente fornecemos a<br />
mais de 20 empresas consumidoras dessa biomassa renovável",<br />
conclui Celso.<br />
LEGADO<br />
O trabalho duro dos pais não deve terminar nessa geração,<br />
porque os filhos de Celso e Nestor já estão inseridos na<br />
realidade da empresa. Arthur, Daniel, Miguel e Thais representam<br />
esse grupo e se mostram animados em continuar<br />
esse legado.<br />
“Um dos meus objetivos depois da graduação é me especificar<br />
nessa parte de energia e focar na parte de biomassa,<br />
explorando a área de exportação do cavaco”, avalia Miguel<br />
Centenaro.<br />
“Vejo um futuro grandioso, uma empresa que vai crescer<br />
muito no mercado e quero fazer parte dessa história”, destaca<br />
Arthur Centenaro.<br />
“Desde criança via com interesse trabalhar com os caminhões<br />
e máquinas. Mas precisa também de um trabalho<br />
dos pais, porque se estou aqui com interesse em fazer essa<br />
sucessão foi graças a motivação que tive pelos meus pais e<br />
tios, que puxaram a gente para cá”, destaca Daniel Centenaro.<br />
“Em uma situação que<br />
as empresas não tinham<br />
destino para esses<br />
resíduos, agora estão<br />
usando do material”<br />
Celso Centenaro<br />
“Considero importante nossa atividade de produção de<br />
biomassa, preservar nosso meio ambiente, dependemos dele<br />
para sobreviver. Tenho orgulho de meus pais e tios que se dedicam<br />
incansavelmente para o sucesso de nossa empresa.<br />
Faço parte dela e vale a pena dar continuidade a tudo isso”,<br />
finaliza Thais Centenaro.<br />
28 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PARCEIROS DE ESTRADA<br />
A Centenaro Cavacos também faz questão de agradecer<br />
todas as empresas que a auxiliaram durante esses 15 anos,<br />
tanto como fornecedoras e consumidoras. Por isso, alguns<br />
desses parceiros destacaram a relação com o grupo.<br />
"Pequenas ações individuais são a maior força transformadora<br />
que se conhece. Quando trabalhadas em parceria,<br />
tomam uma proporção gigantesca em prol de um único objetivo:<br />
um mundo melhor. A Brasdiesel e Scania tem orgulho<br />
em fazer parte dos 15 anos de história da Centenaro Cavacos,<br />
uma empresa comprometida com as futuras gerações. É uma<br />
honra tê-los como parceiros nessa jornada para sustentabilidade."<br />
– Brasdiesel e Scania<br />
“A Linck, em parceria com a Volvo CE, sente-se honrada<br />
em fornecer equipamentos que auxiliam a Centenaro Cavacos<br />
a preservar o meio ambiente. Afinal, cuidar do meio ambiente<br />
é um dos pilares do nosso negócio, além da qualidade<br />
e segurança.” – Linck Máquinas<br />
“É um orgulho fazer parte de um trabalho tão especial!<br />
Agradecemos pela confiança e por termos a oportunidade de<br />
ter parceria com a Centenaro, cliente referência DRV. Acreditamos<br />
no valor dos relacionamentos duradouros, construídos<br />
com base no respeito e na confiança mútua. Por essa razão é<br />
um orgulho sermos fornecedores da Centenaro, cliente referência<br />
DRV.” – DRV Serras e Facas Industriais<br />
“Sempre tivemos ótimo relacionamento com a Centenaro<br />
Cavacos, bem como, o temos na relação dos principais e<br />
preferenciais clientes.” – Planalto Picadores<br />
“Galvani Balanças Ltda, especializada em fabricação de<br />
Balanças Rodoviárias desde 1989, agora com parceria com<br />
Centenaro Cavacos.” – Galvani Balanças<br />
“A Infasul tem a satisfação de acompanhar o crescimento<br />
da Centenaro Cavacos contribuindo para seu sucesso com<br />
compromisso, seriedade e funcionalidade através de produtos<br />
e serviços de alta performance." – Infasul<br />
“A Centenaro Cavacos e a Bruno Industrial tem uma parceira<br />
comercial iniciada há vários anos, sendo os pilares dessa<br />
parceria baseados na confiança, tecnologia e qualidade. A<br />
Bruno orgulha-se dessa parceria tendo hoje no portfólio de<br />
equipamentos fornecidos para a Centenaro Cavacos a mais<br />
variada gama de produtos, como pré-trituradores, sistemas<br />
de classificação, picadores de madeira e picadores florestais.”<br />
– Bruno Industrial<br />
"Vejo um futuro<br />
grandioso, uma empresa<br />
que vai crescer muito no<br />
mercado e quero fazer<br />
parte dessa história”<br />
Arthur Centenaro<br />
“Centenaro Cavacos e Transrio Concessionária VW Caminhões,<br />
uma importante relação que se fortalece ano após<br />
ano. Cliente de longa data, a Centenaro Cavacos adquiriu<br />
recentemente unidades do novo VW Meteor 28.460 e Constellation<br />
24.330.” – Transrio Concessionária<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
29
CASE<br />
ENERGIA<br />
COLETIVA<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ARRANJO PRODUTIVO<br />
LOCAL, QUE REÚNE<br />
PODER PÚBLICO E<br />
INICIATIVA PRIVADA<br />
DE ARAPONGAS (PR),<br />
TRANSFORMA CIDADE EM<br />
POLO NA PRODUÇÃO DE<br />
BIOGÁS E BIOMETANO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
31
CASE<br />
A<br />
cidade de Arapongas (PR), está na rota para<br />
se tornar um polo nacional na produção de<br />
biogás e biometano, obtido a partir de lixo<br />
urbano e rejeitos de gado leiteiro.<br />
Nos últimos três anos diversas lideranças do poder público,<br />
sociedade civil e iniciativa privada tentaram colocar<br />
o projeto em fase de execução, mas foi em março de <strong>2021</strong><br />
que a ideia saiu do papel.<br />
O projeto conta com o apoio da Prefeitura de Arapongas,<br />
do SIMA (Sindicato das Indústrias de Móveis de<br />
Arapongas), do IFPR (Instituto Federal do Paraná) Campus-<br />
-Arapongas e da FIEP (Federação das Indústrias do Estado<br />
do Paraná).<br />
“A Prefeitura tinha esses resíduos orgânicos que podiam<br />
ser aproveitados em um modelo de negócio, a FIEP<br />
e o SIMA tinham uma demanda de consumo de energia<br />
para as empilhadeiras com gás e biometano. Então fomos<br />
atrás de outras fontes e começamos a conversar com uma<br />
cooperativa de laticínios que regionaliza dejetos orgânicos<br />
e resolvemos criar um arranjo produtivo local para que a<br />
gente pudesse atender essa necessidade”, explica Nilson<br />
Violato, secretário da Indústria, Comércio e Turismo de<br />
Arapongas.<br />
A ideia é que essa produção de biogás e biometano<br />
possa abastecer uma caldeira da Cooperativa Campo Vivo<br />
(responsável por destinar os rejeitos do gado leiteiro), 15<br />
carros da frota da Prefeitura de Arapongas e mais 15 empilhadeiras<br />
das indústrias moveleiras veiculadas ao Sima.<br />
“As 300 empilhadeiras do SIMA demandam uma quantidade<br />
imensa de combustível. O uso disso é um tambor<br />
de 40 kg (quilos) de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) a<br />
“A sociedade organizada<br />
se pautando para uma<br />
educação socioambiental<br />
e nisso ganha todo mundo,<br />
ganha o país todo”<br />
Nilson Violato<br />
cada seis, oito horas, dá uma despesa permanente em cerca<br />
de R$ 10 milhões. Então pensamos na possibilidade de<br />
realizar um trabalho para obter biometano, contribuindo<br />
para a redução de gases do efeito estufa provocado pela<br />
queima de combustíveis fósseis”, pontua Cícero Bley Jr,<br />
especialista em biogás e assessor do Conselho de Energia<br />
da FIEP.<br />
Esse processo de descarbonização da mobilidade<br />
permite inclusive que as empresas vinculadas ao SIMA<br />
possam ter como diferenciais no mercado, selos de<br />
sustentabilidade, demonstrando que trabalham com uma<br />
produção compromissada com o meio ambiente.<br />
“Avalio que existe uma modelagem de negócio que<br />
o mundo está impingindo na área da sustentabilidade<br />
ambiental, da descarbonização da matriz energética e de<br />
outras para energia elétrica, então você tem uma demanda<br />
que precisa virar a chave de qualquer município e<br />
espaço territorial no Brasil”, continua Violato.<br />
32 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Fotos: Assessoria de Imprensa Prefeitura Municipal de Arapongas<br />
DESTINAÇÃO CORRETA<br />
Além do benefício econômico para as empresas e<br />
para o poder público, a correta destinação do lixo urbano<br />
também permite uma série de vantagens para a sociedade<br />
e meio ambiente.<br />
“Na questão do descarte do lixo orgânico, demonstrando<br />
a visão do gestor local em promover uma solução<br />
ao seu problema além de gerar uma economia circular,<br />
beneficiando toda uma cadeia produtiva local. Está sendo<br />
fundamental para o desenvolvimento deste projeto o qual<br />
acreditamos se tornará em um divisor de águas no que<br />
concerne a utilização de combustíveis fósseis em nossa região,<br />
estabelecendo um novo modelo para a mobilidade”,<br />
orgulha-se Rui Londero Benetti, coordenador do Conselho<br />
de Energia da Fiep.<br />
Para que todo o projeto siga em evolução, a análise é<br />
conduzida pela equipe formada pelos pesquisadores do<br />
IFPR, Thiago Orcelli, Rodrigo Barriviera, Keila Fernanda<br />
Raimundo, além do diretor do IFPR Campus Arapongas,<br />
Thiago Pereira do Nascimento, em parceria com a UEL<br />
(Universidade Estadual de Londrina).<br />
“Um dos principais benefícios é justamente na tentativa<br />
de se dar um novo destino ao lixo urbano e para<br />
os resíduos da produção rural, onde através do destino<br />
desses dejetos para os biodigestores e para a usina de<br />
produção de biogás tem a intenção de gerar biometano e<br />
gás natural para abastecimento de veículos e geração de<br />
energia”, completa Nascimento.<br />
Os pesquisadores do IFPR têm utilizado na pesquisa<br />
lixo de restaurantes, hortifrutigranjeiros e também dejetos<br />
de gado leiteiro para as análises de metanogênese, que<br />
são realizadas na UEL, para a verificação do potencial<br />
energético desses rejeitos.<br />
“O investimento é fundamental, não só na educação<br />
pública, mas para que essas iniciativas também tragam<br />
“Então há uma<br />
descoordenação crônica das<br />
forças da sociedade e esse<br />
projeto do biometano está<br />
aglutinando a sociedade em<br />
torno de um objetivo comum”<br />
Cícero Bley Jr<br />
grandes resultados para o setor industrial, para a sociedade<br />
de Arapongas, para que em um futuro próximo o<br />
gás natural seja mais popularizado na região, para que<br />
iniciativas como essa façam com que o lixo se transforme<br />
em sub-produtos extremamente úteis para a população”,<br />
complementa Nascimento.<br />
A expectativa do comitê do projeto é que até o mês<br />
de julho seja entregue um plano de negócios para iniciar<br />
a fase de captação e incremento de recursos. Caso todos<br />
os gestores envolvidos aprovem esses números, a próxima<br />
fase é a busca por um financiamento para execução e<br />
implementação do programa do biogás em Arapongas,<br />
etapa que deve demorar de quatro a cinco meses.<br />
“Então o município ganha em três áreas: se adequa a<br />
uma demanda do ambientalismo e da sustentabilidade,<br />
assim como na valorização dos arranjos produtivos que<br />
geram a riqueza ao município. Por outro lado, você tem<br />
a sociedade organizada se pautando para uma educação<br />
socioambiental e nisso ganha todo mundo, ganha o país<br />
todo”, finaliza Violato.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
33
ECONOMIA<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
ECONÔMICA<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
34 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PRODUTOR RURAL DO NORTE PIONEIRO DO<br />
PARANÁ TEM CONSEGUIDO ECONOMIA DE<br />
ATÉ 80% NA TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA,<br />
APÓS INSTALAÇÃO DE PAINÉIS SOLARES<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
35
ECONOMIA<br />
O<br />
produtor José Dalarme, de Cianorte, na região<br />
norte do Paraná, é um entusiasta da energia<br />
solar. Com mais de 2 mil painéis fotovoltaicos<br />
instalados em propriedades no estado e no<br />
Mato Grosso, ele utiliza a energia para aquecer e ventilar<br />
seus aviários, iluminar a propriedade, retirar água de poços,<br />
entre outras finalidades.<br />
Recentemente, Dalarme decidiu instalar um conjunto<br />
de placas solares para alimentar uma indústria de beneficiamento<br />
de arroz, da qual é sócio, que consome entre R$<br />
30 mil e R$ 40 mil mensais em energia elétrica. A expectativa<br />
é uma economia de 80% desse valor.<br />
“Já estava tudo pronto. Aí quando fomos ligar na rede<br />
de energia elétrica, a COPEL pediu alguns documentos”,<br />
afirma. A documentação, no caso, envolvia as licenças<br />
ambientais necessárias para instalação de painéis solares<br />
no solo”, explica o produtor.<br />
“Quando a instalação é no solo e vai exigir movimentação<br />
de terra, esse impacto ambiental precisa ser dimensionado.<br />
Quando é sobre alguma estrutura [o telhado de um<br />
aviário ou de uma garagem], essa estrutura já foi licenciada<br />
para estar lá”, explica Carla Beck, técnica do DTE (Departamento<br />
Técnico e Econômico) do Sistema FAEP/SENAR-PR<br />
(Federação da Agricultura do Estado do Paraná/ Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná), que acompanha<br />
as questões referentes ao meio ambiente no Estado.<br />
“Mesmo assim [quando o painel solar é instalado no<br />
telhado], a Copel pode solicitar alguma documentação<br />
referente ao órgão ambiental”, completa a técnica.<br />
No caso do produtor de Cianorte, a pequena usina<br />
solar, com 800 painéis fotovoltaicos, foi instalada no solo,<br />
em um campo de futebol suíço desativado ao lado da<br />
empresa. Ele já estava com todo equipamento montado<br />
quando se deparou com a necessidade do licenciamento<br />
ambiental. Com o investimento de cerca de R$ 800 mil<br />
impedido de funcionar, a saída foi procurar o sindicato<br />
rural do município.<br />
“O José já era associado e fazia o CAR (Cadastro Ambiental<br />
Rural) e a emissão de CCIR (Certificado de Cadastro<br />
do Imóvel Rural) pelo sindicato. Essa assistência na obtenção<br />
do licenciamento é outro serviço que nós estamos<br />
oferecendo com a ajuda da FAEP e que vem sendo muito<br />
demandado. Tem muita gente buscando a energia solar”,<br />
afirma o presidente do Sindicato Rural de Cianorte, Diener<br />
Gonçalves de Santana, que também utiliza a energia solar<br />
na produção de aves.<br />
“Entre chegar com a minha demanda no sindicato até<br />
conseguir a documentação foi mais ou menos 10 dias”,<br />
pontua Dalarme.<br />
O caso foi encaminhado pelo Sindicato Rural de Cianorte<br />
ao DTE do Sistema FAEP/SENAR-PR, para a assessoria<br />
necessária para que o produtor obtivesse a DLAE (Dispensa<br />
de Licenciamento Ambiental Estadual) para instalação do<br />
empreendimento.<br />
“Uma das frentes de atuação da FAEP é auxiliar o<br />
produtor a obter os licenciamentos ambientais, bem como<br />
toda regularização ambiental da propriedade”, adianta a<br />
técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR.<br />
“Com base no projeto técnico é que saberemos se o<br />
produtor necessita de uma DLAE, de um Licenciamento<br />
Ambiental Simplificado ou de um licenciamento trifásico.<br />
Isso varia conforme o porte do empreendimento”, complementa<br />
Carla Beck.<br />
Há um ano, o próprio presidente do Sindicato Rural de<br />
Cianorte obteve uma das primeiras DLAE concedidas no<br />
âmbito do Descomplica Rural com finalidade de instalação<br />
de painéis solares no Paraná. “O pessoal está buscando<br />
muito essa tecnologia. E o sindicato está preparado para<br />
oferecer mais esse serviço aos associados”, afirma a técnica.<br />
Tanto no caso do dirigente quanto do associado de<br />
36 www.REVISTABIOMAIS.com.br
“O pessoal está buscando<br />
muito essa tecnologia. E o<br />
sindicato está preparado<br />
para oferecer mais esse<br />
serviço aos associados”<br />
Carla Beck<br />
Cianorte, a exigência em relação ao licenciamento ambiental<br />
se deu quando a instalação dos painéis foi feita no solo.<br />
Desse modo o ideal é que o produtor tenha em mente<br />
essa exigência e procure o sindicato rural logo no início do<br />
projeto.<br />
De acordo com a técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR, a<br />
demanda por licenciamento ambiental para fontes alternativas<br />
de energia vem crescendo no Estado. “Tem ocorrido<br />
uma procura muito grande, principalmente na avicultura,<br />
que utiliza muita energia. Mas sempre é bom lembrar que<br />
sem o licenciamento ambiental, que envolve toda regularização<br />
do empreendimento, o produtor não vai conseguir<br />
fazer a ligação na rede de energia”, alerta Carla Beck.<br />
A celeridade na emissão das licenças se deve ao programa<br />
Descomplica Rural, lançado pela Sedest (Secretaria<br />
Estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo) no<br />
início do ano passado, com o objetivo de desburocratizar<br />
a emissão de licenças ambientais para empreendimentos<br />
rurais. De acordo com o governo do Estado, entre 2020 e<br />
<strong>2021</strong> houve um aumento de 300% na emissão de licenças<br />
ambientais para geração de energia renovável.<br />
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 37
PESQUISA<br />
MICROALGAS<br />
EM AÇÃO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
38 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PESQUISA DA UFPR TEM CONSEGUIDO<br />
GERAR ENERGIA TERMOELÉTRICA COM A<br />
UTILIZAÇÃO DESSES ORGANISMOS COMO<br />
FILTRO NA QUEIMA DE RESÍDUOS<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
39
PESQUISA<br />
“Nós temos um sistema<br />
de incineração que é capaz<br />
de tratar 50 kg de lixo por<br />
hora. Isso é suficiente para<br />
tratar todo o lixo produzido<br />
pela UFPR”<br />
André Bellin Mariano<br />
P<br />
esquisadores da UFPR (Universidade Federal<br />
do Paraná) transformam resíduos sólidos e<br />
não recicláveis em energia autossustentável<br />
e renovável. O sistema foi desenvolvido<br />
durante uma pesquisa apoiada pela CAPES (Coordenação<br />
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).<br />
O método consiste na utilização de microalgas<br />
para tratar as emissões poluentes.<br />
Segundo o professor da Pós-Graduação em Engenharia<br />
e Ciência dos Materiais e cofundador do NP-<br />
DEAS-UFPR (Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento<br />
em Energia Autossustentável), André Bellin Mariano, o<br />
sistema criado incinera os resíduos e transforma esses<br />
rejeitos em CO2 (Gás Carbônico), água e cinzas.<br />
As microalgas são usadas para absorver as emissões<br />
poluentes do processo. O calor que resulta dessa<br />
interação é transformado em vapor e enviado para<br />
uma termoelétrica, gerando, assim, eletricidade.<br />
“Nós temos um sistema de incineração que é<br />
capaz de tratar 50 kg de lixo por hora. Isso é suficiente<br />
para tratar todo o lixo produzido pela Universidade<br />
Federal do Paraná. Ele vira eletricidade, uma pequena<br />
parte vira cinzas e as emissões são tratadas pelas<br />
microalgas”, conta André Mariano.<br />
Segundo o professor, essa tecnologia permite resolver,<br />
em parte, os problemas da geração de resíduos<br />
nos grandes centros urbanos a partir da aplicação das<br />
microalgas para a biofixação dos gases presentes na<br />
emissão da incineração.<br />
O pesquisador Breno Araújo Lopes, integrante do<br />
núcleo de pesquisa de energias autossustentáveis da<br />
UFPR, conta que a tecnologia de cultivo de microalgas<br />
resultou na criação de fotobiorreatores (FBR) tubulares<br />
compactos. Eles são construídos com tubos de<br />
PVC transparentes, organizados em uma estrutura de<br />
sustentação.<br />
40 www.REVISTABIOMAIS.com.br
“Essa estrutura de tubos transparentes com água<br />
dentro serve para as microalgas circularem. Esse<br />
processo, além de tratar os gases poluentes, serve de<br />
alimento para as algas. Elas crescem, se multiplicam<br />
e viram uma grande biomassa”, explica o bolsista da<br />
CAPES.<br />
De acordo com o pesquisador, além de gerar<br />
energia limpa e reduzir os efeitos poluentes, o cultivo<br />
das microalgas dentro dos fotobiorreatores geram<br />
subprodutos bastante valorizados como o biodiesel, o<br />
biogás, ração para peixes, entre outros.<br />
A tecnologia 100% paranaense, de aplicação<br />
industrial e sustentável, foi patenteada e está em fase<br />
de licenciamento.<br />
Para mais informações sobre o projeto e outras<br />
iniciativas do NPDEAS-UFPR, acesse o site http://npdeas.blogspot.com/<br />
“Esse processo, além<br />
de tratar os gases<br />
poluentes, serve de<br />
alimento para as algas.<br />
Elas crescem, se<br />
multiplicam e viram<br />
uma grande biomassa”<br />
Breno Araújo Lopes
ARTIGO<br />
ENERGIA EÓLICA:<br />
ESTUDOS E REFLEXÕES<br />
SOBRE A VIABILIDADE<br />
DO POTENCIAL DESSA<br />
MATRIZ ENERGÉTICA<br />
NO BRASIL<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
FELIPE MIGUEL MARTINHO<br />
<strong>Revista</strong> Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento,<br />
Ano 1. Vol. 10 pp. 25-38. ISSN. 2448-0959<br />
42 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ARESUMO<br />
s questões ambientais e a constante preocupação<br />
com as mudanças climáticas levaram a<br />
uma corrida pelo desenvolvimento e inserção<br />
de tecnologias de energias renováveis na matriz<br />
elétrica em diversos países. Nesse contexto, a energia eólica<br />
é considerada uma das mais promissoras fontes naturais de<br />
energia, principalmente porque é renovável, não se esgota,<br />
limpa, distribuída globalmente e, se utilizada para substituir<br />
fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito<br />
estufa. Além desses benefícios, pode-se trazer vantagens<br />
globais e nacionais, como por exemplo, os benefícios com<br />
a redução das emissões de gás carbono e a segurança do<br />
abastecimento energético. O grande potencial de geração<br />
no Brasil é a eólica, que compõe apenas uma pequena parte<br />
da matriz energética brasileira, mas que vem ganhando<br />
destaque nos leilões, por conta de sua competitividade.<br />
O presente trabalho se propôs a demonstrar a viabilidade<br />
do potencial dessa matriz e como a utilização de fontes de<br />
energias renováveis é importante para a busca do desenvolvimento<br />
sustentável. Para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica<br />
sistemática, estruturada, através de uma revisão<br />
bibliográfica em artigos da área. A partir dos dados apresentados<br />
no resultado desse estudo, discutiu-se a importância<br />
desse tema que servirá de embasamento e guia para estudos<br />
futuros que demonstrem o esforço do país na procura<br />
por um desenvolvimento econômico e social, que leve em<br />
consideração o meio ambiente e sua sustentabilidade.<br />
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, Energia<br />
eólica, Energias renováveis<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
43
ARTIGO<br />
INTRODUÇÃO<br />
O desenvolvimento sustentável é um dos assuntos de<br />
maior relevância na atualidade, uma vez que está relacionado<br />
não só com a economia, mas também com o meio<br />
ambiente e com a sociedade (United Nations, 1987, p.64).<br />
A qualidade de vida de uma sociedade, por sua vez, está<br />
intimamente ligada ao seu consumo de energia. A melhoria<br />
nos padrões de vida, principalmente em países em desenvolvimento,<br />
geram aumento da demanda energética e, dessa<br />
forma, necessitam de um melhor planejamento energético<br />
que aborde a segurança no suprimento de energia e os<br />
custos ambientais para atender a este aumento de consumo<br />
de energia (Goldemberg, 2008).<br />
Alguns especialistas (Welch; Venkateswaran, 2009;<br />
Terciote, 2002) consideram que a energia eólica é uma fonte<br />
energética capaz de suprir as demandas de uma sociedade,<br />
sem prejudicar gerações futuras, e por isso, o uso deste tipo<br />
de energia renovável vem crescendo mundialmente.<br />
No início de 2000, os projetos contratados decorrentes<br />
das políticas de incentivo, e principalmente no final da década<br />
com a entrada da energia eólica no mercado regulado de<br />
energia, colocou o Brasil entre os países com maior crescimento<br />
na implantação de novos parques eólicos e gerou<br />
otimismo entre os agentes públicos e privados do setor<br />
elétrico (Simas, 2013).<br />
Decorrente destes fatores, o objetivo do presente estudo<br />
foi realizar uma revisão da literatura sobre energia eólica e<br />
a viabilidade do potencial dessa matriz energética no Brasil,<br />
levando em conta o meio ambiente e sua sustentabilidade.<br />
O estudo está organizado em tópicos, onde no primeiro<br />
apresenta-se os fundamentos teóricos necessários para o<br />
entendimento claro da pesquisa e em seguida, a metodologia<br />
utilizada para a elaboração da revisão bibliográfica.<br />
Posteriormente são apresentados os resultados juntamente<br />
com a discussão dos fatos, finalizando com a conclusão do<br />
estudo.<br />
FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />
Os primeiros indícios da utilização de energia eólica para<br />
a realização de trabalhos mecânicos datam cerca de dois<br />
mil anos atrás, sendo utilizada nas máquinas de Heron em<br />
Alexandria (Pinto, 2012).<br />
Segundo Duarte (2004), o surgimento da tecnologia<br />
do aproveitamento do vento foi uma consequência da<br />
crise energética de 1973. Diante do aumento do preço do<br />
petróleo e da necessidade de produzir eletricidade a preços<br />
inferiores e de forma limpa e renovável, foram desenvolvidos<br />
os atuais aerogeradores. Segundo os autores Terciote (2002),<br />
Welch e Venkateswaran (2009), nos últimos anos a energia<br />
eólica tornou-se uma peça fundamental na geração de<br />
energia, principalmente elétrica, devido à grande expansão<br />
em pesquisas e nas técnicas de desenvolvimento para transformar<br />
o movimento do vento em energia. Atualmente, esta<br />
fonte energética vem sendo descrita como uma das mais<br />
importantes e promissoras tecnologias na geração complementar<br />
de energia, por ser facilmente acessível e abundante<br />
na natureza (Terciote, 2002; Welch; Venkateswaran, 2009).<br />
Com o aprimoramento e aumento da potência das<br />
máquinas eólicas, os custos de geração de eletricidade a<br />
partir dos ventos vêm diminuindo, o que também reflete<br />
na proliferação de inúmeros parques eólicos ao redor do<br />
mundo (Welch; Venkateswaran, 2009).<br />
Energia eólica é a energia cinética contida na massa de<br />
ar em movimento (vento). Dessa forma, faz-se importante<br />
conhecer o comportamento e as características dos ventos<br />
para que seja possível compreender os aspectos necessários<br />
para uma adequada modelagem eólica em uma determinada<br />
região. A conversão da energia cinética de translação do<br />
vento em energia cinética de rotação, ocorre a partir do uso<br />
de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores,<br />
as quais são fundamentais para a geração de eletricidade. A<br />
captação da energia cinética do vento pode ser feita basicamente<br />
utilizando-se dois tipos de turbinas: turbinas de eixo<br />
vertical e as de eixo horizontal. No primeiro caso, engrenagem<br />
e gerador são colocados ao nível do solo e a turbina é<br />
movida por forças de arraste ou sustentação Estas turbinas<br />
apresentam baixa complexidade de fabricação e são bastante<br />
indicadas para características de vento similares ao sul da<br />
América Latina (Farret, 2014).<br />
Já as turbinas de eixo horizontal possuem as engrenagens,<br />
eixo e gerador alinhados com a direção do vento,<br />
sendo a opção mais utilizada mundialmente em parques de<br />
geração eólicos comerciais. Podem ainda ser encontradas<br />
algumas configurações em função do número de pás, sendo<br />
que as turbinas com três pás são as mais empregadas por<br />
apresentarem menor esforço mecânico, menor oscilação de<br />
A energia eólica é<br />
considerada uma das mais<br />
promissoras fontes naturais<br />
de energia, principalmente<br />
porque é renovável<br />
44 www.REVISTABIOMAIS.com.br
torque e por provocarem menor ruído (Borges Neto; Carvalho,<br />
2012). Os autores acima completam que nos últimos dez<br />
anos, as torres de geradores ficaram mais altas, passando de<br />
50m (metros) para os 100m a 120m atuais, o que permite<br />
captar ventos mais velozes. Ao mesmo tempo, a potência<br />
das máquinas triplicou, para 3MW (Megawatts). Os geradores<br />
mais eficientes reduziram o custo da energia eólica. Hoje,<br />
o preço médio é <strong>45</strong>% menor do que há 10 anos, fazendo<br />
com que a energia eólica seja a segunda energia mais barata<br />
no país. Com isso, criou-se um círculo virtuoso de atração de<br />
investimentos.<br />
Os investimentos para implantação de um projeto<br />
de formação de energia renovável são altos, sendo que a<br />
maior parte do investimento concentra-se na fase inicial do<br />
projeto, uma vez que o custo dos equipamentos correspondem<br />
a até 75% do investimento total de um parque eólico<br />
(Tourkolias; Mirasgedis, 2011).<br />
Valentine (2010) alerta para o fato de que o local de implementação<br />
de um parque eólico deve ser favorável para a<br />
formação de ventos. Entretanto, nem sempre os locais apropriados<br />
para a instalação dos geradores estão próximos do<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
<strong>45</strong>
ARTIGO<br />
local de consumo, causando custos que podem inviabilizar a<br />
implantação. Acrescenta que, dependendo da distância do<br />
grid, os projetos de energia eólica podem se tornar comercialmente<br />
inviáveis, criando custos associados à conexão.<br />
Entretanto, quando é possível se integrar a outras fontes de<br />
energia e consequentemente utilizar a infraestrutura delas,<br />
os sistemas eólicos podem trazer vantagens econômicas<br />
como exemplo, a instalação dos geradores próximos aos<br />
locais de consumo devido a não necessidade das redes de<br />
transmissão (Terciote, 2002).<br />
Vários dos principais estudos realizados em 2010 sobre<br />
a integração da energia eólica ao grid de energia elétrica<br />
apontam novas evidências do baixo custo proporcionado a<br />
este tipo de sistema (American Wind Energy Association –<br />
AWEA, 2005).<br />
Nesse contexto, Jannuzzi (2003) comenta que os sistemas<br />
elétricos eólicos possuem características diferenciadas<br />
dos sistemas utilizados nas hidrelétricas, pois podem ser<br />
utilizados na forma de geração distribuída, que é um sistema<br />
interligado a grandes redes de transmissão e distribuição<br />
através de parques eólicos com aerogeradores de grande<br />
porte ou ser utilizado de forma isolada, através de aerogeradores<br />
de pequeno porte proporcionando assim um baixo<br />
custo. Terciote (2002) cita outra evidência de baixo custo<br />
como sendo os casos de sistemas híbridos onde há ganhos<br />
econômicos, citando os sistemas eólico/diesel, onde o motor<br />
diesel garante a regularidade e estabilidade no fornecimento<br />
de energia dispensando sistemas de armazenamento e a<br />
implantação híbrida de aerogeradores (Januzzi, 2003).<br />
A implantação de energias renováveis apresenta um impacto<br />
importante sobre a economia, uma vez que favorece o<br />
desenvolvimento de indústrias de equipamentos para consumo<br />
interno e até mesmo para a exportação (Tourkolias;<br />
Mirasgedis, 2011). Elbia Silva Gannoum, (2015) da ABEEólica,<br />
cita que no ano passado, o setor criou 40 mil postos de trabalho,<br />
e que está previsto a criação de outros 50 mil novos<br />
postos de trabalho para esse ano. Comenta, que a instalação<br />
dos geradores não prejudica o agricultor nem o seu cultivo,<br />
sendo que as duas atividades podem conviver juntas. Os autores,<br />
Río, Burguillo (2008), acrescentam que na maioria das<br />
vezes, as terras em que são construídos os parques eólicos<br />
são arrendadas e, essa questão gera outro aspecto importante,<br />
uma vez que os aerogeradores ocupam apenas uma<br />
pequena fração da área, e o restante da área arrendada pode<br />
ser utilizado para outras atividades produtivas na propriedade<br />
(Rio; Burguillo, 2008).<br />
Llera Sastresa et al., (2010) acrescenta que no interior do<br />
Nordeste onde há ventos melhores do que no litoral, a criação<br />
destes parques eólicos muitas vezes acontecem em regi-<br />
ões pobres como no sertão. As empresas arrendam as terras,<br />
constroem os parques em terrenos usados por pequenos<br />
produtores rurais, possibilitando uma renda extra para as<br />
famílias que antes viviam apenas do cultivo da terra. Não é<br />
somente os proprietários de terras que lucram com isso, mas<br />
os trabalhadores envolvidos diretamente na construção e<br />
implantação das usinas, uma vez que ocorre aumento na demanda<br />
por bens e serviços. A competitividade das empresas<br />
se dá pela qualificação da mão de obra, sendo esse um ativo<br />
adicional, favorecendo novas oportunidades de investimentos<br />
e negócios (Llera Sastresa et al., 2010).<br />
Maurício Tolmasquim (2011), presidente da EPE (Empresa<br />
de Pesquisa Energética) que é vinculada ao Ministério de<br />
Minas e Energia, afirma que a produção eólica do Brasil é<br />
referência no mundo todo, sendo estudada por países da Europa,<br />
como a Alemanha, e outros da América Latina. Destaca<br />
que, com os parques eólicos, se dá a criação de empregos<br />
em fábricas, para atender a instalação e manutenção de<br />
equipamentos nos parques eólicos.<br />
IMPACTO AMBIENTAL<br />
Mesmo tendo um impacto ambiental bastante reduzido<br />
quando comparado à maioria das outras fontes energéticas,<br />
a geração de energia elétrica a partir de turbinas eólicas gera<br />
alguns impactos como por exemplo: impacto visual, ruído,<br />
interferência eletromagnética e danos à fauna (Terciote,<br />
2002).<br />
O impacto visual está relacionado com a área necessária<br />
para a instalação do parque. Para que a perturbação do vento<br />
causada por uma turbina não interfira significativamente<br />
no funcionamento das turbinas vizinhas, faz-se necessário<br />
um espaçamento mínimo entre cinco a dez vezes a altura da<br />
torre (Borges Neto; Carvalho, 2012).<br />
Segundo Duarte (2004), o impacto relacionado pela<br />
geração de ruídos, embora existam no mercado turbinas<br />
de baixo ruído, é inevitável a existência de um zumbido,<br />
principalmente à baixas velocidades do vento, uma vez<br />
que, o ruído das altas velocidades do vento se sobrepõe ao<br />
ruído das turbinas. O ruído pode ter duas origens: mecânica<br />
(que vem da caixa de engrenagem que multiplica a rotação<br />
das pás para o gerador) e/ou aerodinâmica (decorrente do<br />
movimento das pás em decorrência do vento, que pode ser<br />
mais perturbador no período noturno e localizados na sua<br />
imediata vizinhança) (Terciote, 2002; Churro et al, 2004).<br />
A preocupação relativa à fauna é com os pássaros, os<br />
quais podem vir a colidir com as estruturas (torres de alta<br />
tensão, mastros e janelas de edifícios) e com as turbinas<br />
eólicas, devido a dificuldade de visualização (Welch; Venkateswaran,<br />
2009).<br />
46 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Entretanto, o impacto ambiental que a energia eólica<br />
gera, é muito mais inferior quando comparado à energia<br />
proveniente do combustível fóssil (petróleo), a qual provoca<br />
um grande impacto ambiental produzindo emissões<br />
gasosas que, além de poluentes, destroem ecossistemas.<br />
Já a energia eólica, por sua vez, pode servir eternamente<br />
aos propósitos energéticos com quase nenhum impacto ambiental<br />
(Duarte, 2004). Essa matriz energética, não emite CO2<br />
(Dióxido de carbono) na atmosfera e apresenta um balanço<br />
energético extremamente favorável. Na fase de fabricação e<br />
instalação dos equipamentos, há baixissima emissão de CO2<br />
que, após o período de três a seis meses de funcionamento<br />
dos aerogeradores, esse gás deixa de ser produzido. Esse<br />
impacto varia muito de acordo com o local das instalações, o<br />
arranjo das torres e as especificações das turbinas (Terciote,<br />
2002).<br />
Um ponto favorável ao uso dessa matriz energética, é<br />
o fato de ser possível utilizar a área do parque eólico como<br />
pastagens e outras atividades agrícolas uma vez que a<br />
energia eólica não utiliza água como elemento motriz, nem<br />
como fluido refrigerante e não produz resíduos radioativos<br />
ou gasosos. Outra consideração, é que esses parques tendem<br />
a atrair turistas, gerando renda, emprego, arrecadações<br />
e promovendo o desenvolvimento regional (Terciote, 2002).<br />
Com o uso dessa energia no Brasil, constata-se que os<br />
projetos de energias renováveis representam 37% do total<br />
de projetos, sendo que cerca de 5% destes são provenientes<br />
da força dos ventos. Isto representa a geração de mais ou<br />
menos 3,2 milhões de créditos de carbono, ou aproximadamente<br />
R$ 50 milhões. Avaliando esses dados, observa-se<br />
que o Brasil poderá multiplicar por cinco sua emissão de<br />
créditos de carbono através das usinas eólicas, haja visto<br />
que atualmente apenas 400 MW provenientes de energia<br />
eólica resultaram em créditos de carbono - MMA (Ministério<br />
do Meio Ambiente), 2011.<br />
OBS: versão parcial, para versão integral, acesse:<br />
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/<br />
engenharia-de-producao/energia-eolica<br />
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47
AGENDA<br />
JULHO <strong>2021</strong><br />
DESTAQUE<br />
FIEE SMART FUTURE<br />
Data: Data: 19 a 23<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: https://www.fiee.com.br/pt-br.html<br />
OUTUBRO <strong>2021</strong><br />
INTERSOLAR SOUTH AMERICA<br />
Data: 18 a 20<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: https://www.intersolar.net.br/pt/inicio<br />
NOVEMBRO <strong>2021</strong><br />
BRAZIL WINDPOWER<br />
Data: 3 a 5<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: https://www.brazilwindpower.com.br/<br />
FENASUCRO & AGROCANA<br />
Data: 9 a 12 de Novembro de <strong>2021</strong><br />
Local: Sertãozinho (SP)<br />
Informações:<br />
www.fenasucro.com.br/pt-br.html<br />
Imagem: divulgação<br />
FEVEREIRO 2022<br />
E-WORLD<br />
Data: 8 a 10<br />
Local: Essen (Alemanha)<br />
Informações: https://www.e-world-essen.com/en/<br />
A Fenasucro & Agrocana é a principal feira de<br />
bioenergia e do setor sucroenergético da América<br />
Latina. O evento acontece anualmente no principal<br />
polo de produção bioenergética do Brasil; país com<br />
maior potencial de produção mundial. Atualmente,<br />
reúne profissionais dos principais pilares da matriz<br />
energética, de usinas bioenergéticas e dos setores<br />
de transporte e logística, papel e celulose e de<br />
alimentos e bebidas para realização de negócios,<br />
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O CAMINHO DAS PEDRAS DA<br />
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />
A<br />
verdade é que a tecnologia sempre esteve entre<br />
meus principais interesses de pesquisa e, ao<br />
longo dos últimos anos, tive o privilégio de poder<br />
contribuir, de modo direto, para a difusão de uma<br />
cultura mais disruptiva e aberta para o novo em meu círculo de<br />
atuação.<br />
Essas experiências, por sua vez, reforçaram a minha convicção<br />
de que é indispensável seguir algumas importantes etapas<br />
dentro de um movimento de digitalização. Uma pergunta que<br />
recebo com frequência envolve, aliás, qual o passo a passo<br />
para a estruturação de um planejamento de transformação<br />
digital. Já adianto que não existem fórmulas mágicas, mas, sim,<br />
determinados princípios que podem potencializar as chances<br />
de sucesso de uma jornada rumo à inovação.<br />
A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL É UMA<br />
TRANSFORMAÇÃO CULTURAL<br />
É isso mesmo que você leu. Toda transformação digital é,<br />
antes de mais nada, uma transformação cultural. E isso quer<br />
dizer que, para termos êxito nesta profunda caminhada de mudança,<br />
temos de ter completa convicção no processo e difundir<br />
essa confiança entre os gestores do negócio, responsáveis por<br />
integrar toda a organização, em ações que devem ser executadas<br />
com sinergia e plena abertura para as novas tecnologias<br />
que passarão a fazer parte da realidade da companhia – seja<br />
por meio da implementação de soluções, do desenvolvimento<br />
de núcleos internos de inovação ou mesmo por meio de parcerias<br />
de inovação aberta com startups e outras empresas.<br />
ESTEJA PRONTO PARA ERRAR<br />
Em seguida, entra a etapa de planejamento e priorização,<br />
que envolve, por sua vez, a definição de quais áreas e tecnologias<br />
serão priorizadas no processo de implementação da<br />
transformação digital. Esta etapa inicial é importante para<br />
direcionarmos investimentos, contratações, treinamentos e<br />
eventuais mudanças de estrutura nos times que permitam uma<br />
maior fluidez de toda a jornada de transformação digital.<br />
Na sequência, é hora de partir para a execução/implementação<br />
das ações voltadas para a inovação. É neste momento, inclusive,<br />
que mais sentimos a importância da mudança cultural<br />
que comentei acima, uma vez que, os processos de disrupção,<br />
a rigor, são estruturados a partir de modelos de gestão mais<br />
ágeis, dinâmicos e com pleno espaço para a experimentação e<br />
mesmo para eventuais falhas. Lembre-se: erre depressa e corrija<br />
depressa; esse é o novo mantra.<br />
Logo, a tradicional lógica de erro = punição deve ser<br />
completamente abandonada, em prol do fomento dos insights<br />
criativos de seus colaboradores.<br />
TODA EMPRESA É ÚNICA<br />
Para todo paradigma, existe um contraponto. E o que isso<br />
significa no plano da transformação digital? Significa que, seja<br />
qual for a sua rota de mudança tecnológica, considere, antes de<br />
tudo, as necessidades e dores de sua empresa, o perfil de seus<br />
clientes e qual o propósito que irá ancorar os investimentos em<br />
inovação na sua companhia. Este primeiro entendimento, interno,<br />
é decisivo, principalmente na hora de partir para observar<br />
o mercado e para entender em quais soluções deve-se investir<br />
ou que parcerias devem ser firmadas. Com isso em mente, teremos<br />
discernimento para separar as oportunidades que fazem<br />
sentido para o nosso negócio e aquelas que não dialogam com<br />
nossa estratégia de transformação.<br />
Dentro deste contexto, o que você busca como líder: guiar<br />
a construção desta nova e instigante sociedade ou se prender<br />
a conceitos de mercado que, talvez, sequer existirão nas<br />
próximas décadas? A escolha é sua e a única certeza é a de<br />
que a transformação digital seguirá seu curso, abrindo novas<br />
oportunidades e gerando novos desafios, que serão abraçados<br />
por aqueles que estiverem antenados e prontos.<br />
Por Alexandre Velilla<br />
Empresário, CEO do CEL.LEP desde 2017, apresentador de programas de TV voltados para inovação e<br />
empreendedorismo que reúne em sua trajetória profissional resultados extraordinários, mesmo em períodos de crise<br />
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