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*Junho/2021_Revista Biomais 45

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Entrevista: Análise em investimentos nacionais do setor de energias renováveis<br />

GERANDO<br />

ENERGIA<br />

MERCADO DE BIOMASSA<br />

MOVIMENTA ECONOMIA<br />

NA INDÚSTRIA DA MADEIRA<br />

PESQUISA PROMISSORA<br />

ENERGIA ATRAVÉS DE<br />

MICROALGAS<br />

UNIÃO FAZ A FORÇA<br />

COMUNIDADE PRODUZ BIOGÁS E BIOMETANO


BENTO GONÇALVES/RS<br />

Fone: (54) 3<strong>45</strong>5-0133 | (54) 3<strong>45</strong>4-1<strong>45</strong>0<br />

E-mail: contato@centenarocavacos.com.br<br />

COLETA, TRANSPORTE, RECICLAGEM<br />

E DESTINAÇÃO FINAL DA BIOMASSA<br />

Gerando rentabilidade, contribuindo<br />

para o desenvolvimento sustentável e<br />

reduzindo os impactos ambientais,<br />

visamos a melhoria da qualidade de<br />

vida e das gerações futuras.<br />

Nossos parceiros:


SUMÁRIO<br />

04 | EDITORIAL<br />

União pelo progresso<br />

ENTREVISTA<br />

06 | CARTAS<br />

08 | NOTAS<br />

18 | ENTREVISTA<br />

24 | PRINCIPAL<br />

Foto: divulgação<br />

ENTREVISTA<br />

FUTURO DA<br />

ENERGIA<br />

FABRÍZIO<br />

NICOLAI MANCINI<br />

Formação: Engenheiro Elétrico pela UP<br />

(Universidade Positivo), Doutorando<br />

em Tecnologia e Sociedade pela UTFPR<br />

(Universidade Federal Tecnológica do<br />

Paraná) e mestrado em Desenvolvimento<br />

de Tecnologia pelo Instituto Lactec<br />

Cargo: Professor dos cursos de Engenharia<br />

Elétrica e Engenharia de Energia da<br />

Universidade Positivo<br />

30 | CASE<br />

Energia coletiva<br />

34| ECONOMIA<br />

Sustentabilidade econômica<br />

busca por fontes renováveis de energia em detrimento ao uso dos combustíveis fósseis<br />

tende a crescer cada vez mais em todo mundo. Mas como o Brasil está posicionado<br />

dentro desse mercado? Essa e outras perguntas foram respondidas pelo dou-<br />

A<br />

torando em Tecnologia e Sociedade, mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, e<br />

professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo,<br />

Fabrízio Nicolai Mancini, em entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> BIOMAIS.<br />

“O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem uma exploração adequada disso,<br />

porque ainda temos custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma dependência<br />

internacional muito grande”, explicou Mancini.<br />

18 www.REVISTABIOMAIS.com.br<br />

38 | PESQUISA<br />

42 | ARTIGO<br />

Energia eólica<br />

48 | AGENDA<br />

50| OPINIÃO<br />

O caminho das pedras da<br />

transformação digital<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

03


EDITORIAL<br />

Estampa a capa desta edição montagem<br />

alusiva aos produtos oferecidos pela<br />

Centenaro Cavacos<br />

UNIÃO PELO<br />

PROGRESSO<br />

C<br />

ompletar 15 anos de uma história de sucesso já é uma marca impressionante. Mas<br />

celebrar essa data dentro de uma empresa que une diversas gerações torna tudo ainda<br />

mais especial. Nessa edição vamos contar a história da Centenaro Cavacos, companhia de<br />

Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, especializada na transformação de resíduos industriais<br />

em biomassa. Além disso, também vamos contar sobre um projeto inovador em Arapongas (PR), que<br />

pretende implantar uma usina de biogás no município, a partir de rejeitos de diversas localidades.<br />

Também será foco nessa edição pautas sobre outras fontes de energia renovável, como a solar, a eólica<br />

e a hidrelétrica. Tenha uma excelente leitura!<br />

EXPEDIENTE<br />

ANO VIII - EDIÇÃO <strong>45</strong> - JUNHO <strong>2021</strong><br />

Diretor Comercial<br />

Fábio Alexandre Machado<br />

(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />

Diretor Executivo<br />

Pedro Bartoski Jr<br />

(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />

Redação<br />

Jorge de Souza<br />

(jornalismo@revistabiomais.com.br)<br />

Dep. de Criação<br />

Fabiana Tokarski - Supervisão<br />

Crislaine Briatori Ferreira - Gabriela Bogoni<br />

(criacao@revistareferencia.com.br)<br />

Representante Comercial<br />

Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />

Dep. Comercial<br />

Gerson Penkal - Jéssika Ferreira - Tainá Carolina Brandão<br />

(comercial@revistabiomais.com.br)<br />

Fone: +55 (41) 3333-1023<br />

Dep. de Assinaturas<br />

Cristiane Baduy<br />

(assinatura@revistabiomais.com.br) - 0800 600 2038<br />

ASSINATURAS<br />

0800 600 2038<br />

A REVISTA BIOMAIS é uma publicação da JOTA Editora<br />

Rua Maranhão, 502 - Água Verde - Cep: 80610-000 - Curitiba (PR) - Brasil<br />

Fone/Fax: +55 (41) 3333-1023<br />

www.jotaeditora.com.br<br />

Veículo filiado a:<br />

A REVISTA BIOMAIS - é uma publicação bimestral e<br />

independente, dirigida aos produtores e consumidores de<br />

energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para<br />

geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,<br />

estudantes universitários, órgãos governamentais, ONG’s,<br />

entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente<br />

ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se<br />

responsabiliza por conceitos emitidos em matérias, artigos,<br />

anúncios ou colunas assinadas, por entender serem estes<br />

materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização,<br />

reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados,<br />

sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras<br />

criações intelectuais da REVISTA BIOMAIS são terminantemente<br />

proibídas sem autorização escrita dos titulares dos<br />

direitos autorais, exceto para fins didáticos.<br />

04 www.REVISTABIOMAIS.com.br


CARTAS<br />

MODELO<br />

A editoria PELO MUNDO é uma das minhas preferidas da REVISTA BIOMAIS. Sempre com ótimos<br />

exemplos que podem servir de inspiração para outras cidades e países!<br />

Francisco Brum – Rio Negro (PR)<br />

Foto: divulgação<br />

TECNOLOGIA<br />

É uma das minhas editorias preferidas! Trazer as inovações que surgem diariamente ao redor do globo para que elas<br />

possam inspirar iniciativas semelhantes por todo o país!<br />

Ana Freire – Vitória (ES)<br />

FUTURO<br />

O amanhã é verde e o pós-pandemia precisa ser pautado pela economia verde. Excelente reportagem mostrando os<br />

benefícios econômicos de medidas e políticas mais sustentáveis. Parabéns!<br />

Josias Teixeira – Recife (PE)<br />

CASE<br />

Ótimo case da edição 41 de outubro de 2020 sobre as empresas japonesas que querem<br />

aumentar a produção de algas para biocombustíveis. Qualquer alternativa sustentável para<br />

substituição de combustíveis fósseis deve ser incentivada.<br />

Laís Queiroz– Rio de Janeiro (RJ)<br />

Foto: divulgação<br />

REVISTA<br />

na<br />

mídia<br />

informação<br />

biomassa<br />

energia<br />

www.revistabiomais.com.br<br />

www.facebook.com.br/revistabiomais<br />

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Publicações Técnicas da JOTA EDITORA<br />

06 www.REVISTABIOMAIS.com.br


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produtividade/hora consumo de energia/hora<br />

“Persistência na tecnologia,<br />

obstinação em ser melhor”<br />

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NOTAS<br />

MAIS ENERGIA<br />

A COPEL (Companhia Paranaense de Energia)<br />

colocou em operação comercial a primeira unidade<br />

geradora de energia da PCH (Pequena Central<br />

Hidrelétrica) Bela Vista. Construída em tempo<br />

recorde e entregue dois anos antes do prazo<br />

previsto, a usina foi instalada no Rio Chopim, entre<br />

os municípios de Verê e São João, no sudoeste do<br />

Paraná. O investimento na mais nova hidrelétrica<br />

da COPEL foi de R$ 224 milhões e a energia gerada<br />

vai abastecer 100 mil pessoas. Bela Vista terá capacidade<br />

para produzir 29,81 MW (Megawatts), sendo<br />

29,322 MW em três unidades geradoras na casa<br />

de força principal e 0,488 MW na unidade instalada<br />

na casa de força complementar, construída junto à barragem, que vai gerar energia aproveitando a vazão mínima de água que não<br />

pode ser represada e deve escoar de forma permanente no trecho abaixo do barramento, mantendo a condição ambiental adequada<br />

do rio. A energia gerada na hidrelétrica será levada até a subestação existente em Dois Vizinhos através de uma linha de distribuição<br />

em alta-tensão (138 mil volts), com 18 km (quilômetros), que passa por Verê, São Jorge D’Oeste e Dois Vizinhos. A previsão é de que<br />

a segunda e a terceira unidades geradoras entrem em operação até o final do mês de julho. Com a implantação da PCH, a travessia<br />

sobre o Rio Chopim na área do reservatório deixa de ser feita por balsa e passa a ser feita pela nova ponte que faz a integração entre<br />

os municípios de Verê e São João. A ponte de 200m (metros) foi construída pela COPEL atendendo a uma reivindicação antiga da<br />

população local, que agora é beneficiada com uma ligação rodoviária segura e gratuita entre os municípios de Verê e São João.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />

Dobrar a produção de alimentos sem desmatar, transformar a Amazônia<br />

no maior celeiro global de produtos naturais, mantendo a floresta em pé,<br />

diminuir consideravelmente a aplicação de agroquímicos na produção de<br />

alimentos, reduzir a desigualdade, ampliar a geração de renda e empregos<br />

para os povos tropicais, abastecer o mundo com alimentos mais saudáveis,<br />

produzidos de forma mais sustentável e combater ao mesmo tempo o aquecimento<br />

global. Esses são alguns dos objetivos colocados pelos pesquisadores<br />

que participaram do lançamento do Projeto Biomas Tropicais, que após<br />

8 anos de formatação, conseguiu reunir algumas das maiores autoridades<br />

brasileiras em ciências relacionadas à Bioeconomia Tropical. O Projeto Biomas<br />

Tropicais é coordenado pelo Instituto Fórum do Futuro, presidido pelo<br />

professor Alysson Paolinelli, e conta no seu núcleo central com a parceria<br />

de instituições como o CNPq, a EMBRAPA, a ESALQ (Universidade de São<br />

Paulo), as Universidades Federais de Lavras e Viçosa, o Centro de Gestão de<br />

Estudos estratégicos, o SEBRAE e a FGV-Agro, além de inúmeras instituições<br />

regionais em cada um dos biomas estudados. A experiência deve desenvolver alternativas para a integração da ciência, energia,<br />

natureza e alimentos, criando uma sinergia entre essas áreas e dando grande ênfase a ações sustentáveis. Para atingir seus objetivos,<br />

o projeto Biomas Tropicais se concentrará em pesquisa e gestão de alta precisão. O propósito é encontrar caminhos para promover a<br />

inclusão tecnológica dos povos tropicais, permitindo o desenvolvimento sustentável, a geração de renda e empregos e viabilizando a<br />

permanência dos povos tropicais em suas regiões de origem. A concepção do Projeto Biomas começou há oito anos e a implantação<br />

teve início em meados de 2019, no Polo Demonstrativo dos Cerrados, em Rio Verde (GO). Agora estão sendo iniciados os trabalhos na<br />

Amazônia e na Caatinga.<br />

08 www.REVISTABIOMAIS.com.br


INOX CONEXÕES com grande história e tradição, atua há 26 anos no<br />

segmento de conexões, tubos, válvulas e acessórios em aço inoxidável,<br />

aço carbono e ligas de aço. Localizada em São Paulo, tem como objetivo<br />

atender a toda e qualquer necessidade de seus clientes nos mais diversos<br />

segmentos: Indústria química, alimentícia, farmacêutica, papel e celulose, óleo e<br />

gás. Composta por profissionais qualificados, trabalhamos visando a satisfação de<br />

nossos clientes. Dispomos de um sistema de gestão conforme norma ISO 9001, e somos<br />

qualificados no sistema CRC da Petrobras.<br />

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NOTAS<br />

Foto: divulgação<br />

POTENCIAL ENERGÉTICO<br />

Apesar de cerca de 90% da energia elétrica do território<br />

nacional ter origem nas usinas hidrelétricas, cerca de um quinto<br />

do que é produzido é desperdiçado na transmissão da energia<br />

até os centros de consumo, como o exemplo de Itaipu. Perdas<br />

que resultam em pelo menos 5% da tarifa paga pelo consumidor.<br />

Um dos caminhos para driblar essas perdas de energia no<br />

país é optar pela energia solar distribuída. Até 2027, de acordo<br />

com o Governo Federal, as hidrelétricas perderão espaço para<br />

a energias renováveis e cairão para 51% em termos de participação<br />

energética, enquanto fontes alternativas devem saltar<br />

para 28%. Para o diretor da empresa de comércio exterior<br />

brasileira Tek Trade, Rogério Marin, responsável por importar 4<br />

MW (Megawatts) de energia em placas fotovoltaicas em 2020, o<br />

principal caminho será o incentivo à implantação de usinas de<br />

energias renováveis e o aumento da micro geração de energia<br />

solar distribuída pela população. O diretor estima que o crescimento<br />

em importação de painéis solares pela Tek Trade deve ter<br />

um acréscimo de 15% em <strong>2021</strong>, em comparação com 2020, e<br />

seguir em crescimento pelos próximos anos. Uma oportunidade<br />

aos empresários interessados em atuar com a distribuição e<br />

instalação de equipamentos e que, inclusive, é apontada como<br />

uma solução para a retomada do crescimento econômico, de<br />

países e empresas no pós-pandemia. Outro fator apontado<br />

por Marin é que as principais hidrelétricas do Brasil, ou seja, as<br />

que geram mais energia, estão localizadas no Rio Paraná, na<br />

fronteira Brasil-Paraguai. Sendo assim, na hora de transportar<br />

esta energia para o restante do país, se perde pelo menos 20%<br />

do recurso na transmissão pela rede, afetando diretamente na<br />

qualidade da eletricidade fornecida em algumas regiões. Já o<br />

painel solar possui facilidade na hora da instalação e sua matéria-prima<br />

– a luminosidade do sol – é inesgotável e gratuita.<br />

CARTEIRA DE TRABALHO<br />

Em um momento em que o Brasil enfrenta o desemprego<br />

e problemas econômicos, a geração distribuída<br />

solar fotovoltaica vai na contramão. De acordo com<br />

dados da ABSOLAR, somente em 2020 foram gerados<br />

mais de 76 mil empregos em todo o país. Para este ano,<br />

a expectativa é abrir mais de 118 mil vagas. O Paraná<br />

ocupa a quinta posição em geração de postos de trabalho:<br />

desde 2012 foram criados mais de 8.500 empregos.<br />

O estado é o território com melhor irradiação solar do<br />

sul do país, principalmente as regiões norte, noroeste<br />

e oeste e as cidades com maiores potências de energia<br />

solar instaladas são Maringá, Londrina, Cascavel e Foz<br />

do Iguaçu. Junto com os empregos, chegam também<br />

os investimentos. A geração distribuída solar fotovoltaica<br />

já atraiu mais de 26 bilhões de investimentos<br />

privados em todo o Brasil desde 2012, com os paranaenses<br />

contribuindo em R$ 1,5 bilhão desse total, além<br />

de arrecadar 6 bilhões de tributos, sendo 355,3 milhões<br />

somente no Paraná. Até 2019, o Paraná ocupava a<br />

quarta posição em geração distribuída e potência<br />

instalada e também na geração de postos de trabalho.<br />

Atualmente, perdeu uma colocação e está no quinto<br />

lugar. Mas, pode voltar a crescer. Um dos motivos é o<br />

programa de crédito exclusivo com juros subsidiados<br />

lançado pelo governo do estado no dia 27 de abril,<br />

com a criação do Banco do Agricultor Paranaense. Foi<br />

anunciado que projetos de energia fotovoltaica poderão<br />

ser financiados com limite equalizado de até R$ 500<br />

mil. Foi previsto também subvenção para operações<br />

em obras civis, aquisição de materiais e equipamentos<br />

e na elaboração de projetos de geração de energia de<br />

fontes fotovoltaicas e outras sustentáveis, o que traz<br />

esperança para o setor voltar a crescer no Estado.<br />

Foto: divulgação<br />

10 www.REVISTABIOMAIS.com.br


PERFORMANCE<br />

EFICIÊNCIA<br />

ROBUSTEZ<br />

SEGURANÇA<br />

GERADOR DE<br />

AR QUENTE<br />

SECAGEM INDIRETA<br />

DE GRÃOS<br />

O Gerador de ar quente IMTAB foi<br />

desenvolvido para secagem de<br />

produtos sem contaminação por<br />

HPAs e com mais segurança para<br />

secadores, já que não possui<br />

fagulhas oriundas de combustão.<br />

Este equipamento não necessita<br />

de água, vapor e ou vaso de<br />

pressão (caldeira), o equipamento<br />

foi desenvolvido com sistema de<br />

troca AR x GÁS, que resulta em<br />

um custo operacional muito<br />

abaixo dos equipamentos<br />

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NOTAS<br />

INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA<br />

A ENGIE está concluindo a fase mais importante do Projeto de Pesquisa e<br />

Desenvolvimento Aerogerador Nacional, que é a montagem do equipamento.<br />

Localizado no município de Tubarão (SC), o aerogerador está instalado no<br />

parque experimental de pesquisa e desenvolvimento da ENGIE e é resultado<br />

de um Projeto Estratégico do P&D (Programa de Pesquisa e Desenvolvimento)<br />

da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O aerogerador foi projetado<br />

e construído pela WEG S.A e a segunda etapa do projeto também contou com<br />

recursos do P&D das CELESC (Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A). O projeto<br />

denominado: Desenvolvimento e certificação de aerogerador nacional de 4,2<br />

MW (Megawatts) de acoplamento direto, com gerador síncrono de ímãs permanentes<br />

e conversor de potência plena; tem por objetivo desenvolver e incentivar<br />

a tecnologia nacional em energia eólica para reduzir a dependência de<br />

outros países, por meio do fortalecimento da cadeia brasileira de fornecedores<br />

de componentes e prestadores de serviços para a fabricação e instalação de<br />

aerogeradores de grande porte. Essa nova turbina, com 4,2 MW de potência, foi<br />

instalada a 600 metros de outro aerogerador, de 2,1 MW, resultado da primeira<br />

etapa deste Projeto Estratégico de P&D, o qual foi primeiro protótipo construído pela WEG no Brasil. Ele entrou em operação em 2015<br />

e a análise do seu desempenho contribuiu para o desenvolvimento deste novo aerogerador, mais adequado às condições de vento do<br />

Brasil. A energia elétrica gerada será futuramente fornecida ao SIN (Sistema Interligado Nacional), que faz a conexão entre as unidades<br />

de geração e os consumidores de energia elétrica. Mais de R$ 300 milhões já foram investidos, desde 1999, em pesquisa e desenvolvimento<br />

pela ENGIE no Brasil, em mais de 200 projetos realizados e/ou em desenvolvimento, unindo esforços de mais de 40 organizações,<br />

incluindo universidades, centros de pesquisa, empresas e startups.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

LOGÍSTICA REVERSA<br />

O OLUC (Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado)<br />

é classificado como resíduo perigoso e, contendo metais<br />

pesados como cromo, cádmio, chumbo e arsênio, deve ser<br />

enviado para a reciclagem por meio do rerrefino. Em acordo<br />

de cooperação assinado no mês de junho, no âmbito do<br />

programa Lixão Zero, o MMA (Ministério do Meio Ambiente),<br />

a ABETRE e a AMBIOLUC visam informatizar o sistema de<br />

logística reversa que permite a destinação ambientalmente<br />

adequada desse resíduo. Com isso, qualquer cidadão poderá<br />

acessar informações sobre a logística reversa do óleo, além<br />

de resultados do sistema e orientações para contribuir com<br />

a destinação ambientalmente adequada desse tipo de<br />

resíduo. O grande objetivo é eliminar o descarte inadequado, contribuindo para o encerramento de lixões, em acordo com o Marco<br />

Legal do Saneamento Básico, que determina o encerramento de todos os lixões do País até 2024. Para alcançar esse resultado, o<br />

acordo prevê a integração das informações setoriais sobre logística reversa de OLUC no SINIR (Sistema de Informação Nacional<br />

lançado pelo MMA em 2019) e o desenvolvimento de um aplicativo online, arquitetado para permitir a integração com os demais<br />

sistemas de logística reversa existentes no país, como eletroeletrônicos, embalagens e medicamentos. Em 2020, foram coletados<br />

mais de 465 milhões de litros de óleo lubrificante usado ou contaminado, em mais de 4.100 municípios brasileiros. A logística<br />

reversa possibilitou a produção de mais de 300 milhões de litros de óleos básicos, alcançando 20% da demanda nacional, gerando<br />

emprego e renda no setor. O programa Lixão Zero acumula uma série de ações na área de logística reversa de resíduos, incluindo<br />

a implementação e incrementos nos sistemas de logística reversa de eletroeletrônicos, medicamentos, baterias de carro, latas de<br />

alumínio e óleo lubrificante, aumentando as metas de reciclagem do OLUC, que até 2023 deverá alcançar 47,5% no país.<br />

12 www.REVISTABIOMAIS.com.br


NOTAS<br />

Foto: divulgação<br />

ECONOMIA<br />

A rede varejista de alimentos, como hiper e supermercados,<br />

tem sofrido com a alta da energia elétrica<br />

no Brasil. Com os constantes reajustes que o Governo<br />

tem repassado aos consumidores, é inevitável que esse<br />

valor também chegue aos alimentos como forma dos<br />

supermercados equilibrarem a conta. Segundo dados da<br />

ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), a conta<br />

de energia é o segundo maior gasto de um supermercado,<br />

atrás apenas da folha de pagamento, representando<br />

um gasto de mais de R$ 3 bilhões no mercado<br />

varejista. Dentre os maiores itens de consumo em um<br />

supermercado, encontra-se o sistema de refrigeração<br />

(40% de gastos), principalmente se o estabelecimento<br />

conta com açougue e câmaras frias, ar-condicionado<br />

(varia entre 30% e 50%) e iluminação, na média, até 20%.<br />

Por conta dessa situação, muitos estabelecimentos têm<br />

buscado soluções para que esses gastos não minimizem<br />

ainda mais a sua margem de lucro. Uma das saídas<br />

encontradas pelo setor tem sido o investimento em<br />

energia fotovoltaica. A Distribuidora Betel, supermercado<br />

localizado em Curitiba (PR), fez a aposta em energia<br />

fotovoltaica em novembro de 2020. A conta de energia,<br />

que girava em torno dos R$ 1.800,00, caiu para perto de<br />

R$ 300,00 com o novo sistema, uma redução de 83% na<br />

fatura. Para a instalação e habilitação do sistema, foram<br />

gastos R$ 120 mil, que, dado os ajustes nos preços da luz,<br />

terá um retorno sobre o investimento em três anos. Mas,<br />

a economia mensal já chega aos clientes da empresa,<br />

garante o proprietário Paulo Fontoura. "Revertemos a<br />

economia em preços diferenciados, ampliação da loja e<br />

contratação de funcionários, o que vai impactando no<br />

crescimento da empresa."<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Falar é fácil, mas como seria um sistema de logística<br />

reversa na cadeia do papel que funcione de verdade? Com<br />

apoio da Green Mining, a IBEMA hoje efetivamente traz de<br />

volta para sua unidade de Embu das Artes (SP) papel cartão<br />

utilizado, e reinsere o material em sua cadeia produtiva. A<br />

Green Mining conta com 24 funcionários registrados, entre<br />

ex-cooperados ou ex-catadores de rua que, agora formalizados,<br />

coletam papelão e papel cartão na cidade de São<br />

Paulo. Eles utilizam triciclos de carga – bicicletas adaptadas<br />

para transporte que evita o trânsito e as emissões de CO₂<br />

(Gás Carbônico) – e com elas fazem a coleta de materiais<br />

recicláveis em 720 bares, restaurantes e condomínios da<br />

capital paulista. Esses pontos de coleta recebem o serviço<br />

da Green Mining sem custos. Quem financia o sistema são<br />

empresas como a IBEMA, que assumiram a responsabilidade<br />

de colocar em prática o que a lei manda, ou seja, uma coleta<br />

independente do poder público. Nos estabelecimentos<br />

do setor de alimentação, são coletadas muitas caixas de<br />

ingredientes para cozinha e de bebidas. Já nos condomínios<br />

residenciais, existe o descarte desde papel sulfite limpinho<br />

até embalagens sujas – e aí entra o treinamento realizado<br />

com moradores e agentes de limpeza que segregam esses<br />

materiais recicláveis. Após a coleta, o material é levado para<br />

hubs, onde é prensado e devolvido às indústrias que apostam<br />

nesse serviço. Para garantir o controle das quantidades<br />

coletadas e sua procedência, a Green Mining utiliza um sistema<br />

de rastreabilidade de última geração. Em um banco de<br />

dados sequencial, cada lote de resíduo é acompanhado do<br />

começo ao fim do ciclo, e assim se garante o peso e o tipo de<br />

material em cada local de coleta. A pesagem é feita in loco<br />

e fotografado. Cada etapa recebe um carimbo na forma de<br />

blockchain, ou seja, sem possibilidade de adulteração.<br />

Foto: divulgação<br />

14 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Máquinas Peletizadoras<br />

TECNOLOGIA E<br />

INOVAÇÃO PARA A<br />

INDÚSTRIA DE PELLETS<br />

As Peletizadoras PBX são altamente<br />

dimensionadas, para entregar pellets<br />

de altíssima qualidade, possuem<br />

matriz plana, cabeçotes com dois,<br />

três ou quatro rolos podendo ser<br />

aplicada nas seguintes matérias:<br />

Pellets de madeira, feno, ração<br />

animal, adubo orgânico e outros.<br />

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NOTAS<br />

CARBONO ZERO<br />

Com produção própria e aquisição de certificados no mercado, o Banco do Brasil<br />

(BB) alcançou 100% de compensação das emissões de gases de efeito estufa oriundos<br />

do consumo de energia elétrica das dependências. Ao longo do ano passado, foram<br />

consumidos um total de 532,8 mil MW/h (Megawatts/horas) . Com a operação, o BB<br />

neutraliza a emissão de 33 toneladas de gás carbônico, o que equivale ao consumo<br />

de energia de uma cidade de 222 mil residências em um ano ou ao reflorestamento<br />

relativo ao plantio de 75.336 árvores. Para compensar sustentavelmente o volume de<br />

532,8 mil MWh, o BB adquiriu, por meio de licitação, em contratação inédita na Administração<br />

Pública, 523,9 mil I-REC (International Renewable Energy Certificate) da Distribuidora<br />

Digital de Energia Matrix, cujos certificados são provenientes do complexo<br />

eólico Serra da Babilônia (BA) e Baixa do Feijão (RN). O montante se une aos 8,9 mil<br />

RECs decorrentes da geração de energia da usina solar inaugurada em março do ano<br />

passado em Porteirinha (MG). O I-REC é uma plataforma internacional de transações que permite aos consumidores adquirirem o certificado<br />

de uma energia de fonte renovável rastreada para compensar as emissões pelo consumo de energia elétrica. A ação integra um dos<br />

10 compromissos sustentáveis assumidos pelo BB, especificamente o ‘Fomento à Energia Renovável’ que prevê, além da compensação<br />

de 100% das emissões de gases de efeito estufa oriundos do consumo de energia elétrica, chegar a 90% de energia renovável até 2024.<br />

Para <strong>2021</strong>, as duas usinas fotovoltaicas do BB em funcionamento, a de Porteirinha (MG) e a de São Domingos do Araguaia (PA), inaugurada<br />

em outubro de 2020, gerarão 16 mil I-RECs. Ainda neste ano, o BB tem prevista a inauguração de mais quatro usinas: na Bahia, no<br />

Ceará, em Goiás e no Distrito Federal, além de outras quatro em 2022, a serem licitadas, gerando mais energia e compensando o consumo<br />

de um número maior de dependências. Quando concluídas, as seis unidades entregues até <strong>2021</strong> fornecerão 32 GW/h (Gigawatts/<br />

hora) de energia por ano, total semelhante ao consumo de 13,3 mil residências. Com essas medidas, o BB deixará de emitir cerca de 1,6<br />

mil toneladas anuais de dióxido de carbono, o que equivale ao plantio de aproximadamente 4,5 mil árvores.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

LEILÕES DE ENERGIA<br />

O presidente Jair Bolsonaro assinou em maio, decreto que regulamenta uma<br />

nova modalidade de leilões de energia, para contratação de reserva de capacidade,<br />

com um primeiro certame do tipo já previsto pelo Ministério de Minas e<br />

Energia para dezembro. Publicada em edição extra do Diário Oficial da União,<br />

a medida não está associada à crise hídrica atual, uma vez que já vinha sendo<br />

discutida no governo e mira usinas que entrariam em operação apenas no futuro,<br />

mas tem ligação com o processo de privatização da Eletrobras. Alterações à<br />

medida provisória (MP) sobre a desestatização durante a aprovação da matéria<br />

pela Câmara dos Deputados estabeleceram uma obrigação de contratação pelo<br />

governo de novas termelétricas a gás nos próximos anos, por meio dos leilões de<br />

reserva de capacidade como os agora regulamentados pelo decreto do presidente.<br />

O primeiro leilão desse tipo deverá ser realizado em dezembro, segundo uma<br />

portaria da pasta de Minas e Energia também publicada na noite de sexta-feira,<br />

em separado. O certame visará fechar contratos com usinas termelétricas a gás<br />

e hidrelétricas novas ou existentes. Os contratos do leilão terão duração de até<br />

15 anos. Serão negociados contratos de potência de reserva de capacidade, com início de suprimento a partir de julho de 2026,<br />

e contratos de compra de energia no ambiente regulado, com suprimento a partir de janeiro de 2027. O texto de privatização da<br />

Eletrobras que passou na Câmara prevê após mudanças do relator Elmar Nacimento (DEM-BA) aprovadas pelos deputados, que o<br />

governo deverá contratar 6 GW (Gigawatts) em termelétricas a gás para operação a partir de 2026, 2027 e 2028, sendo 1 GW em<br />

um Estado do nordeste e 5 GW entre usinas no norte e centro-oeste. O projeto também estabelece obrigação de contratação de até<br />

2 GW em PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) no leilão de energia A-6 deste ano. O Ministério de Minas e Energia disse em nota<br />

na noite de sexta que, com o leilão de reserva de capacidade em dezembro, o A-6 de <strong>2021</strong> não será mais realizado.<br />

16 www.REVISTABIOMAIS.com.br


ENTREVISTA<br />

Foto: divulgação<br />

ENTREVISTA<br />

FABRÍZIO<br />

NICOLAI MANCINI<br />

Formação: Engenheiro Elétrico pela UP<br />

(Universidade Positivo), Doutorando<br />

em Tecnologia e Sociedade pela UTFPR<br />

(Universidade Federal Tecnológica do<br />

Paraná) e mestrado em Desenvolvimento<br />

de Tecnologia pelo Instituto Lactec<br />

Cargo: Professor dos cursos de Engenharia<br />

Elétrica e Engenharia de Energia da<br />

Universidade Positivo<br />

FUTURO DA<br />

ENERGIA<br />

A<br />

busca por fontes renováveis de energia em detrimento ao uso dos combustíveis fósseis<br />

tende a crescer cada vez mais em todo mundo. Mas como o Brasil está posicionado<br />

dentro desse mercado? Essa e outras perguntas foram respondidas pelo doutorando<br />

em Tecnologia e Sociedade, mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, e<br />

professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo,<br />

Fabrízio Nicolai Mancini, em entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> BIOMAIS.<br />

“O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem uma exploração adequada disso,<br />

porque ainda temos custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma dependência<br />

internacional muito grande”, explicou Mancini.<br />

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Qual sua avaliação sobre o investimento em energias<br />

renováveis no Brasil? O que falta para potencializar<br />

esse setor?<br />

A gente tem visto, vamos dizer assim, uma certa paralisia,<br />

desde 2016, o que acabou prejudicando um pouco<br />

a área de infraestrutura. Apesar dos percalços políticos e<br />

ideológicos, nós notamos que existem esses investimentos,<br />

tanto pela parte do poder público, quanto uma tendência<br />

de crescimento nos investimentos privados, inclusive vindo<br />

do exterior. Mas ainda existem alguns gargalos no setor,<br />

principalmente por conta de uma necessidade de reforma<br />

no setor de energia elétrica. Atualmente, existem algumas<br />

revisões, inclusive, com relação a questão da geração<br />

distribuída. Outro aspecto é que em algumas outras áreas<br />

estratégicas, como a dificuldade da gente desenvolver<br />

a parte do biogás, por uma ausência de uma malha que<br />

seria compartilhada com o gás natural, que é um outro<br />

potencial muito grande que o Brasil tem. Também temos<br />

algumas áreas crescentes, como a energia solar, que nós<br />

notamos ainda um desarranjo, principalmente com relação<br />

a questão da taxação do sistema de geração distribuída<br />

compensada, o sistema de compensação. Então, nós temos<br />

alguns gargalos bem importantes para ultrapassar e eles<br />

estão vinculados em uma boa parte a questão da realidade<br />

econômica atual, mundial, com a pandemia, e em um<br />

outro aspecto com algumas necessidades de ajustes de<br />

regulamentação do setor de energia, como é o caso da elétrica<br />

e também a parte de petróleo, gás e biocombustíveis.<br />

temos alguns problemas de regulamentação que precisam<br />

ficar claros. As usinas de um sistema público, ou autoprodução,<br />

ou produtor independente, estão fornecendo<br />

energia para o sistema, enquanto a energia, vamos dizer<br />

assim, estão centralizadas para esses empreendimentos.<br />

Acredito que o Governo deveria estimular essas empresas<br />

para fabricar esses módulos solares no Brasil. Isso seria uma<br />

política que com certeza melhoraria o setor e deslocaria o<br />

dinheiro que nós estamos mandando para o exterior, por<br />

conta dos módulos solares, para ficar no Brasil. Até a (Usina<br />

Binacional) Itaipu tinha um projeto muito interessante, que<br />

inclusive está sendo reativado, que é a questão de se ter<br />

uma produção verde, o silício verde, feito próximo de Itaipu<br />

e o PTI (Parque Tecnológico de Itaipu). Seria um órgão<br />

bem importante nisso. Em um outro ponto, a legislação<br />

com relação a parte de compensação vai precisar de um<br />

ajuste. Já estava prevista na resolução 482. Hoje nós temos<br />

um projeto de lei correndo na Câmara dos Deputados, que<br />

está bastante complicada a aprovação, por conta de uma<br />

isenção que vai ser proposta no projeto de lei e pode afetar<br />

o custo da tarifa de energia para a maior parte dos consumidores<br />

cativos. Então o setor está pressionando para<br />

que seja aprovada a lei com esse subsídio, só que isso vai<br />

aumentar a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético),<br />

que é um dos componentes mais importantes hoje, não<br />

tirando o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias<br />

Como o poder público pode auxiliar no fomento<br />

dessas matrizes energéticas?<br />

Com relação a essa questão de fomento, algumas<br />

políticas públicas precisavam de um pouquinho mais de<br />

agilidade. Na parte do biogás e biocombustíveis, a gente<br />

tem o RenovaBio, que realmente pode dar um ganho bem<br />

grande para o Brasil, tendo em vista que a maior parte<br />

do problema ambiental do Brasil com relação a matriz<br />

energética é vinculada a parte dos combustíveis. Esse seria<br />

realmente um marco importante para o Brasil investir,<br />

com o biodiesel, o biogás, todas essas questões vinculadas<br />

a parte do combustível. No setor de energia elétrica<br />

propriamente dita, creio que a questão pontual é a solar.<br />

O Brasil tem um potencial maravilhoso e a gente não tem<br />

uma exploração adequada disso, porque ainda temos<br />

custos muito elevados, dependendo do câmbio com uma<br />

dependência internacional muito grande. Além disso, nós<br />

Precisamos resolver os<br />

gargalos, mas também<br />

sem afetar demais os<br />

outros consumidores, se<br />

não a gente vai fazer um<br />

Robin Hood ao contrário<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

19


ENTREVISTA<br />

e Serviços) da conta de energia. Então a tarifa de energia<br />

acaba sendo muito cara por conta dos financiamentos que<br />

os consumidores fazem. E aí, vai entrar mais uma continha.<br />

Nós pagamos pelo diesel e demais combustíveis fosseis<br />

utilizados na eletricidade lá do Amazonas. Nós pagamos<br />

um problema que teve no setor em 2014, por conta das<br />

concessionárias e das renovações. Nós estamos pagando<br />

a conta corrente, que é um valor que o governo deixou<br />

alocado para compensar as distribuidoras de energia.<br />

Então precisamos resolver esse gargalo, mas também sem<br />

afetar demais os outros consumidores, se não a gente vai<br />

fazer um Robin Hood ao contrário. Esse é um dos problemas<br />

desse projeto de lei com relação a compensação.<br />

Mas existem muitas políticas direcionadas para esse setor,<br />

porém algumas levam muito tempo para serem implementadas.<br />

Para se ter uma ideia, esse último projeto de lei, que<br />

já era para ter sido votado, ele já está em pauta há mais de<br />

dois meses. Então realmente não é algo interessante para<br />

gente. Precisamos de mais agilidade na aprovação dessas<br />

legislações e nas revisões, mas os setores também têm que<br />

compreender que a gente tem que ceder um pouquinho.<br />

Um lado cede um pouquinho, o outro lado cede um pouquinho,<br />

e a gente consegue avançar mais rápido.<br />

Percebe-se uma tendência mundial pela busca de<br />

fontes renováveis em detrimento dos combustíveis<br />

fósseis? Quais países são referência nessa área?<br />

Um fato bem interessante que a gente poderia tomar<br />

é o seguinte. Os países que estão realmente conseguindo<br />

atrair investimento. Até poucos dias saiu uma publicação<br />

justamente de uma consultoria, vinculado aos organismos<br />

que cuidam da IRENA (Agência Internacional de Energias<br />

Renováveis - sigla em inglês), que realocou o Brasil como<br />

11º lugar. Mas é bem interessante avaliar o seguinte, quem<br />

são os primeiros? Eu acho que sempre tem que vir por aí.<br />

Quem que está conseguindo atrair os investimentos e está<br />

fazendo realmente implementações importantes. Então,<br />

primeiro lugar, são os EUA (Estados Unidos da América),<br />

o segundo a China e o terceiro é a Índia. São países que<br />

realmente estão conseguindo fazer as migrações muito importantes<br />

na matriz deles. Aí em seguida temos Reino Unido,<br />

França, Austrália e Alemanha. Mas podemos verificar<br />

que esses países têm muita dependência de combustível<br />

exposto. O Brasil já não tem essa dependência extremada,<br />

como existe nesses outros países. Só que eles instituíram<br />

algumas políticas que realmente potencializaram o<br />

ingresso de algumas dessas fontes, então estão investindo<br />

mais em energia solar, em energia eólica, em biomassa. O<br />

Brasil tem que seguir mais esse caminho, mas respeitando<br />

a peculiaridade que tem. Realmente precisamos continuar<br />

a investir na bioeletricidade, nos biocombustíveis, no setor<br />

de eólica. Acredito que o grande mote para o Brasil é a<br />

eólica e a solar. Mas tem que destravar esses probleminhas,<br />

com relação a inserção dessas fontes. Entretanto temos<br />

que tomar o cuidado, que alguns países estão presenciando<br />

de uma fragilidade no sistema elétrico deles, por<br />

conta do excesso de fontes renováveis que estão sazonais,<br />

que elas não têm condição de serem despachadas. Aí nós<br />

temos uma vantagem contra eles, que é a questão das<br />

hidrelétricas. Mas para os investimentos temos que mirar<br />

o que os EUA estão fazendo, que a China está fazendo, que<br />

a Índia está fazendo, para realmente potencializarmos o<br />

ingresso dessas diferentes fontes na nossa matriz.<br />

Regularmente, o Brasil sofre com crises hídricas,<br />

problema que afeta diretamente o potencial das usinas<br />

hidrelétricas. Na sua opinião, faltam alternativas para<br />

suprir a demanda interna de energia no Brasil?<br />

A gente tem que analisar o quadro da energia elétrica,<br />

que é um dos fatores importantes para gente entender<br />

o recorte da energia hidráulica. A energia hidráulica foi a<br />

base para o Brasil por muito tempo e deve continuar como<br />

base para o setor de energia, porque é uma fonte controlável.<br />

Então ela tem essas vantagens, como acontece também<br />

com as usinas térmicas, sejam elas renováveis ou não,<br />

caso do gás natural e a biomassa. As outras fontes estão<br />

ingressando no sistema de uma forma razoavelmente rápida.<br />

Contudo, se a gente tem previsão aqui de construção<br />

e construção não iniciada, as usinas hidrelétricas têm 400<br />

MW (Megawatts) de construção. Já a fotovoltaica apresenta<br />

quase 24 GW (Gigawatts), que estão projetados para os<br />

próximos 5 anos de inserção na nossa fonte, enquanto a<br />

eólica, tem 12 GW, 12,5 GW previsto. Então muito maior<br />

do que as fontes hidráulicas. O que a gente vai visualizar<br />

nos próximos anos é isso. A eólica e a solar ganhando<br />

espaço no setor de energia pública e no mercado livre. Só<br />

a geração distribuída que está um pouquinho diferente.<br />

A hidráulica vai continuar, mas está realmente diminuin-<br />

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ENTREVISTA<br />

do o ritmo, porque os grandes aproveitamentos que o<br />

Brasil tem ainda apresentam bastante entrave ambiental.<br />

Mas é importante a manutenção das usinas, porque elas<br />

funcionam como baterias do nosso sistema, garantias de<br />

uma energia um pouquinho mais barata e de disponibilidade<br />

de energia na hora que a gente precisar. Porque o<br />

sol de noite, não vai ter, e a eólica, de vez em quando, não<br />

funciona. Então se nós não tivermos as usinas hidrelétricas<br />

e as térmicas, realmente o nosso sistema vai ter uma fragilidade<br />

maior e aí sim a possibilidade da gente ter apagões e<br />

chegar a ter um racionamento vai aumentar. Acredito que<br />

a gente vai desacelerar na construção dessas usinas, mas<br />

é importante mantê-las justamente por esse aspecto de<br />

controle do sistema nela.<br />

Os painéis solares cada vez ganham mais espaço na<br />

arquitetura urbana. Como vê essa tendência e como ela<br />

pode ser popularizada ainda mais?<br />

Acredito que a questão solar, principalmente no meio<br />

urbano, deve realmente ganhar cada vez mais força. Inicialmente<br />

com a possibilidade que a gente tem hoje, de plantas<br />

pequenas que vão atender especialmente residenciais,<br />

comerciais, terem dispensas da parte ambiental e facilidades<br />

com relação a alguns tecnicistas de regulamentação.<br />

Então para pedir a conexão com a COPEL (Companhia<br />

Paranaense de Energia), por exemplo, é um pouquinho<br />

mais fácil. O consumidor vai precisar de um engenheiro,<br />

para fazer uma ata de responsabilidade técnica no CREA<br />

(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), mas não<br />

é uma situação muito difícil de implementar em uma casa,<br />

chácara ou pequeno comércio. A tendência é abaixar o<br />

valor, à medida que realmente tem essa. Então se a gente<br />

pegar as primeiras instalações que foram estudadas aqui<br />

no Brasil, se levava mais de 10 anos para poder ter uma<br />

compensação de todo aquele investimento. Hoje existem<br />

algumas áreas que conseguem esse retorno em menos de<br />

3 anos, então é um investimento bem interessante, até porque<br />

os módulos normalmente duram em torno de 30 anos.<br />

Temos os inversores que duram um pouquinho menos,<br />

mas essa tecnologia por ter uma facilidade, um número<br />

menor de componentes, menor necessidade de manutenção,<br />

realmente veio pra ficar e ocupar o seu espaço. O que<br />

precisamos hoje, realmente é de uma renovação com relação<br />

a esses debates e uma mudança na regulamentação,<br />

que potencializa as pessoas para esse investimento, como<br />

linhas de financiamento apropriados para isso, possibilitando<br />

como garantia o próprio equipamento. Já temos algumas<br />

linhas muito boas disponibilizadas em bancos, como<br />

o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />

e Social), mas ainda pequenas para essas necessidades.<br />

Também precisamos formar mais gente para poder fazer<br />

as instalações e dar as manutenções adequadas, cuidando<br />

com a segurança das pessoas, porque, infelizmente vemos<br />

sistemas até pegando fogo por conta de erros técnicos. Por<br />

fim, na parte de fomento, se o governo não está podendo,<br />

sendo que não seria justo com o consumidor abrir mão,<br />

de um valor ali a ser inserido como subsídio, talvez fosse<br />

interessante permitir as pessoas defenderem a energia<br />

no mercado. Temos a previsão de abertura do mercado<br />

livre para poucos anos. Em 2023, a gente já vai ter mais<br />

um barco agora, para que em 2024 estivéssemos com o<br />

mercado totalmente liberado e os pequenos consumidores<br />

conseguissem entrar no mercado. Então, se eu tiver uma<br />

possibilidade de fomentar quem está nesse título desse sistema<br />

vender para o governo a um preço justo, assim como<br />

para distribuidoras e a outros consumidores, isso poderia<br />

resolver o problema para todo o segmento. Obviamente<br />

teria também que estimular as distribuidoras a reforçarem<br />

o seu sistema, porque a inserção muito grande desse tipo<br />

de equipamento, ele traz impacto. Temos que ter melhorias<br />

em várias áreas. Precisamos a distribuidora melhorando,<br />

a legislação melhorando, assim como a formação<br />

técnica. O Brasil tem gente, o Brasil tem recurso, nós temos<br />

uma matriz limpa para produzir os módulos fotovoltaicos,<br />

mas infelizmente estamos perdendo essa oportunidade,<br />

mandando dinheiro para fora.<br />

Acredito que a questão<br />

solar, principalmente<br />

no meio urbano, deve<br />

realmente ganhar cada<br />

vez mais força<br />

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PRINCIPAL<br />

EM<br />

FAMÍLIA<br />

EMPRESA PIONEIRA NO<br />

RECOLHIMENTO DE MADEIRA<br />

PARA PRODUÇÃO DE BIOMASSA,<br />

COM FOCO NA PRESERVAÇÃO<br />

DO MEIO AMBIENTE E NA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />

24 www.REVISTABIOMAIS.com.br


REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

25


PRINCIPAL<br />

A<br />

Centenaro Cavacos completa 15 anos de atuação<br />

em <strong>2021</strong> e ano após ano se consolida como uma<br />

das referências no Rio Grande do Sul na coleta,<br />

transporte e processamento de retalhos de madeira<br />

para geração de biomassa.<br />

A empresa localizada em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha,<br />

auxilia dessa forma outras companhias a cumprirem os<br />

requisitos ambientais para o destino dos resíduos industriais,<br />

no caso, os retalhos de madeira.<br />

“A história começou em uma granja de aves, quando trabalhávamos<br />

na integração das empresas, e tínhamos necessidade<br />

de colocar maravalha no local em que ficavam esses<br />

frangos. Todas as empresas do setor produtivo geram sobras<br />

de madeira e precisavam de ajuda para a destinação final<br />

desses materiais”, relata Celso Centenaro, um dos proprietários<br />

da empresa.<br />

“Assim foi criada a Centenaro Cavacos, com a finalidade<br />

de picar esses retalhos de madeira produzindo biomassa-cavaco,<br />

e retornando às indústrias para produção de energia.<br />

Com essa prática, o ganho é para o meio ambiente, pois cada<br />

metro cúbico de cavaco reaproveitado, usado nas caldeiras<br />

das indústrias, equivale a preservação de uma árvore com<br />

idade entre 5 e 10 anos. Assim, viabilizamos ao mercado<br />

energia alternativa”, complementa Simone Centenaro, diretora<br />

administrativa da empresa.<br />

A Centenaro Cavacos possibilita que os clientes possam<br />

utilizar o cavaco do processamento da madeira para a obtenção<br />

de biomassa, que pode ser utilizado por essas empresas<br />

como fonte renovável de combustível. Essa biomassa quando<br />

é consumida para a produção de energia não agride o meio<br />

ambiente, além de ter alto potencial como matriz energética<br />

e ser mais competitiva em relação a fontes não renováveis.<br />

Essa qualidade no serviço prestado pela Centenaro Cavacos<br />

motivou a empresa a criar a Transambiental Transportes,<br />

que oferece uma ampla infra-estrutura no transporte da produção.<br />

Todo o transporte é feito com equipamentos próprios,<br />

que contam na frota com caminhões roll-on roll-off com reboque<br />

(julieta), além de carretas cavaqueiras que possuem<br />

assoalho móvel com capacidade de transporte de 100m3<br />

(metros cúbicos), possibilitando maior agilidade e segurança<br />

no procedimento.<br />

A Centenaro Cavacos ainda estabeleceu parceria com a<br />

Asolução Biomassa, com foco na ampliação, melhoramento<br />

e maior qualidade na produção de biomassa para atender as<br />

exigências do mercado. Dessa forma, a empresa também está<br />

realizando a transformação em biomassa-cavaco de resíduos<br />

florestais e lenha de reflorestamento.<br />

“Hoje estamos produzindo e comercializando em torno<br />

de 6 mil m³ por dia, o que nos permite fazer maiores investimentos<br />

em funcionários, caminhões e estrutura. Por exem-<br />

26<br />

www.REVISTABIOMAIS.com.br


plo, atualmente temos mais de 70 veículos, entre carretas,<br />

julietas, trucks e cavaqueiras”, explica Nestor Centenaro, um<br />

dos proprietários da Centenaro Cavacos.<br />

“Quando se dispõe a fazer o que gosta e faz algo que seja<br />

benéfico a outras pessoas, se torna algo muito mais valoroso<br />

do que qualquer outro sentido que se possa dar a um negócio.<br />

A composição entre a valorização entre as pessoas e o<br />

trabalho sério é o que dá o resultado que temos nos nossos<br />

15 anos de história, sendo um dos maiores produtores de<br />

biomassa do Rio Grande do Sul”, avalia o gerente administrativo<br />

da Centenaro Cavacos, Jonatan Schneider.<br />

FAMÍLIA CENTENARO<br />

Toda essa eficiência e sustentabilidade oferecidas pela<br />

Centenaro Cavacos só é possível porque todos os 115 funcionários<br />

formam uma grande família. A empresa tem caráter<br />

familiar, sendo fundada pelos irmãos Celso e Nestor Centenaro,<br />

e contando com o auxílio de Simone e Rejane Centenaro,<br />

respectivamente esposas de Celso e Nestor.<br />

“Nossa empresa é uma empresa familiar, teve o início de<br />

sua atividade em Bento Gonçalves e atualmente está presente<br />

em Gravataí, Jaquirana, Passo Fundo, Sentinela do Sul e<br />

Triunfo prezamos pelo respeito, o cuidado a vida e ao meio<br />

ambiente, formamos uma grande família", garante Simone<br />

Centenaro.<br />

“Hoje a gente está com uma<br />

produção acima de 6 mil m³<br />

por dia, o que nos permite<br />

fazer maiores investimentos<br />

em funcionários, caminhões<br />

e estrutura”<br />

Nestor Centenaro<br />

“Todos os colaboradores aqui fazem parte da nossa família.<br />

Me sinto realizada, vendo o sonho do Celso e do Nestor,<br />

que não deixa de ser o meu sonho também, assim como o<br />

dos nossos filhos para darem continuidade a essa obra”, pontua<br />

Rejane Centenaro, diretora financeira da empresa.<br />

A mudança de chave na história da Centenaro Cavacos<br />

foi com a descoberta do picador, que possibilitou que todos<br />

os retalhos de madeira pudessem ser processados com mais<br />

velocidade e eficiência, diminuindo o volume no transporte e<br />

automatização na alimentação das caldeiras.<br />

“Começamos a levar esses materiais para olarias e cerâmicas,<br />

depois até em frigoríficos para geração de vapor após<br />

aquecimento da água, até que um dia fomos fazer uma coleta<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 27


PRINCIPAL<br />

e conhecemos o picador. E aí tivemos a ideia que essa máquina<br />

ia ser o futuro dos resíduos de madeira e que tínhamos<br />

que adquirir uma máquina dessas”, reforça Celso Centenaro.<br />

Com o auxílio da Planalto Picadores, a Centenaro comprou<br />

o primeiro picador e iniciou a produção com a máquina<br />

acoplada na carreta de um trator. A produção na época era<br />

em torno de 20m³ de cavaco por dia, quanto produzíamos<br />

30m³ por dia estávamos evoluindo. Após um empresário da<br />

região apostar em nosso negócio, incentivando-nos a produzir<br />

essa biomassa em escala maior, e pela necessidade do<br />

mercado investimos e apostamos. Atualmente fornecemos a<br />

mais de 20 empresas consumidoras dessa biomassa renovável",<br />

conclui Celso.<br />

LEGADO<br />

O trabalho duro dos pais não deve terminar nessa geração,<br />

porque os filhos de Celso e Nestor já estão inseridos na<br />

realidade da empresa. Arthur, Daniel, Miguel e Thais representam<br />

esse grupo e se mostram animados em continuar<br />

esse legado.<br />

“Um dos meus objetivos depois da graduação é me especificar<br />

nessa parte de energia e focar na parte de biomassa,<br />

explorando a área de exportação do cavaco”, avalia Miguel<br />

Centenaro.<br />

“Vejo um futuro grandioso, uma empresa que vai crescer<br />

muito no mercado e quero fazer parte dessa história”, destaca<br />

Arthur Centenaro.<br />

“Desde criança via com interesse trabalhar com os caminhões<br />

e máquinas. Mas precisa também de um trabalho<br />

dos pais, porque se estou aqui com interesse em fazer essa<br />

sucessão foi graças a motivação que tive pelos meus pais e<br />

tios, que puxaram a gente para cá”, destaca Daniel Centenaro.<br />

“Em uma situação que<br />

as empresas não tinham<br />

destino para esses<br />

resíduos, agora estão<br />

usando do material”<br />

Celso Centenaro<br />

“Considero importante nossa atividade de produção de<br />

biomassa, preservar nosso meio ambiente, dependemos dele<br />

para sobreviver. Tenho orgulho de meus pais e tios que se dedicam<br />

incansavelmente para o sucesso de nossa empresa.<br />

Faço parte dela e vale a pena dar continuidade a tudo isso”,<br />

finaliza Thais Centenaro.<br />

28 www.REVISTABIOMAIS.com.br


PARCEIROS DE ESTRADA<br />

A Centenaro Cavacos também faz questão de agradecer<br />

todas as empresas que a auxiliaram durante esses 15 anos,<br />

tanto como fornecedoras e consumidoras. Por isso, alguns<br />

desses parceiros destacaram a relação com o grupo.<br />

"Pequenas ações individuais são a maior força transformadora<br />

que se conhece. Quando trabalhadas em parceria,<br />

tomam uma proporção gigantesca em prol de um único objetivo:<br />

um mundo melhor. A Brasdiesel e Scania tem orgulho<br />

em fazer parte dos 15 anos de história da Centenaro Cavacos,<br />

uma empresa comprometida com as futuras gerações. É uma<br />

honra tê-los como parceiros nessa jornada para sustentabilidade."<br />

– Brasdiesel e Scania<br />

“A Linck, em parceria com a Volvo CE, sente-se honrada<br />

em fornecer equipamentos que auxiliam a Centenaro Cavacos<br />

a preservar o meio ambiente. Afinal, cuidar do meio ambiente<br />

é um dos pilares do nosso negócio, além da qualidade<br />

e segurança.” – Linck Máquinas<br />

“É um orgulho fazer parte de um trabalho tão especial!<br />

Agradecemos pela confiança e por termos a oportunidade de<br />

ter parceria com a Centenaro, cliente referência DRV. Acreditamos<br />

no valor dos relacionamentos duradouros, construídos<br />

com base no respeito e na confiança mútua. Por essa razão é<br />

um orgulho sermos fornecedores da Centenaro, cliente referência<br />

DRV.” – DRV Serras e Facas Industriais<br />

“Sempre tivemos ótimo relacionamento com a Centenaro<br />

Cavacos, bem como, o temos na relação dos principais e<br />

preferenciais clientes.” – Planalto Picadores<br />

“Galvani Balanças Ltda, especializada em fabricação de<br />

Balanças Rodoviárias desde 1989, agora com parceria com<br />

Centenaro Cavacos.” – Galvani Balanças<br />

“A Infasul tem a satisfação de acompanhar o crescimento<br />

da Centenaro Cavacos contribuindo para seu sucesso com<br />

compromisso, seriedade e funcionalidade através de produtos<br />

e serviços de alta performance." – Infasul<br />

“A Centenaro Cavacos e a Bruno Industrial tem uma parceira<br />

comercial iniciada há vários anos, sendo os pilares dessa<br />

parceria baseados na confiança, tecnologia e qualidade. A<br />

Bruno orgulha-se dessa parceria tendo hoje no portfólio de<br />

equipamentos fornecidos para a Centenaro Cavacos a mais<br />

variada gama de produtos, como pré-trituradores, sistemas<br />

de classificação, picadores de madeira e picadores florestais.”<br />

– Bruno Industrial<br />

"Vejo um futuro<br />

grandioso, uma empresa<br />

que vai crescer muito no<br />

mercado e quero fazer<br />

parte dessa história”<br />

Arthur Centenaro<br />

“Centenaro Cavacos e Transrio Concessionária VW Caminhões,<br />

uma importante relação que se fortalece ano após<br />

ano. Cliente de longa data, a Centenaro Cavacos adquiriu<br />

recentemente unidades do novo VW Meteor 28.460 e Constellation<br />

24.330.” – Transrio Concessionária<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

29


CASE<br />

ENERGIA<br />

COLETIVA<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

30 www.REVISTABIOMAIS.com.br


ARRANJO PRODUTIVO<br />

LOCAL, QUE REÚNE<br />

PODER PÚBLICO E<br />

INICIATIVA PRIVADA<br />

DE ARAPONGAS (PR),<br />

TRANSFORMA CIDADE EM<br />

POLO NA PRODUÇÃO DE<br />

BIOGÁS E BIOMETANO<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

31


CASE<br />

A<br />

cidade de Arapongas (PR), está na rota para<br />

se tornar um polo nacional na produção de<br />

biogás e biometano, obtido a partir de lixo<br />

urbano e rejeitos de gado leiteiro.<br />

Nos últimos três anos diversas lideranças do poder público,<br />

sociedade civil e iniciativa privada tentaram colocar<br />

o projeto em fase de execução, mas foi em março de <strong>2021</strong><br />

que a ideia saiu do papel.<br />

O projeto conta com o apoio da Prefeitura de Arapongas,<br />

do SIMA (Sindicato das Indústrias de Móveis de<br />

Arapongas), do IFPR (Instituto Federal do Paraná) Campus-<br />

-Arapongas e da FIEP (Federação das Indústrias do Estado<br />

do Paraná).<br />

“A Prefeitura tinha esses resíduos orgânicos que podiam<br />

ser aproveitados em um modelo de negócio, a FIEP<br />

e o SIMA tinham uma demanda de consumo de energia<br />

para as empilhadeiras com gás e biometano. Então fomos<br />

atrás de outras fontes e começamos a conversar com uma<br />

cooperativa de laticínios que regionaliza dejetos orgânicos<br />

e resolvemos criar um arranjo produtivo local para que a<br />

gente pudesse atender essa necessidade”, explica Nilson<br />

Violato, secretário da Indústria, Comércio e Turismo de<br />

Arapongas.<br />

A ideia é que essa produção de biogás e biometano<br />

possa abastecer uma caldeira da Cooperativa Campo Vivo<br />

(responsável por destinar os rejeitos do gado leiteiro), 15<br />

carros da frota da Prefeitura de Arapongas e mais 15 empilhadeiras<br />

das indústrias moveleiras veiculadas ao Sima.<br />

“As 300 empilhadeiras do SIMA demandam uma quantidade<br />

imensa de combustível. O uso disso é um tambor<br />

de 40 kg (quilos) de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) a<br />

“A sociedade organizada<br />

se pautando para uma<br />

educação socioambiental<br />

e nisso ganha todo mundo,<br />

ganha o país todo”<br />

Nilson Violato<br />

cada seis, oito horas, dá uma despesa permanente em cerca<br />

de R$ 10 milhões. Então pensamos na possibilidade de<br />

realizar um trabalho para obter biometano, contribuindo<br />

para a redução de gases do efeito estufa provocado pela<br />

queima de combustíveis fósseis”, pontua Cícero Bley Jr,<br />

especialista em biogás e assessor do Conselho de Energia<br />

da FIEP.<br />

Esse processo de descarbonização da mobilidade<br />

permite inclusive que as empresas vinculadas ao SIMA<br />

possam ter como diferenciais no mercado, selos de<br />

sustentabilidade, demonstrando que trabalham com uma<br />

produção compromissada com o meio ambiente.<br />

“Avalio que existe uma modelagem de negócio que<br />

o mundo está impingindo na área da sustentabilidade<br />

ambiental, da descarbonização da matriz energética e de<br />

outras para energia elétrica, então você tem uma demanda<br />

que precisa virar a chave de qualquer município e<br />

espaço territorial no Brasil”, continua Violato.<br />

32 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Fotos: Assessoria de Imprensa Prefeitura Municipal de Arapongas<br />

DESTINAÇÃO CORRETA<br />

Além do benefício econômico para as empresas e<br />

para o poder público, a correta destinação do lixo urbano<br />

também permite uma série de vantagens para a sociedade<br />

e meio ambiente.<br />

“Na questão do descarte do lixo orgânico, demonstrando<br />

a visão do gestor local em promover uma solução<br />

ao seu problema além de gerar uma economia circular,<br />

beneficiando toda uma cadeia produtiva local. Está sendo<br />

fundamental para o desenvolvimento deste projeto o qual<br />

acreditamos se tornará em um divisor de águas no que<br />

concerne a utilização de combustíveis fósseis em nossa região,<br />

estabelecendo um novo modelo para a mobilidade”,<br />

orgulha-se Rui Londero Benetti, coordenador do Conselho<br />

de Energia da Fiep.<br />

Para que todo o projeto siga em evolução, a análise é<br />

conduzida pela equipe formada pelos pesquisadores do<br />

IFPR, Thiago Orcelli, Rodrigo Barriviera, Keila Fernanda<br />

Raimundo, além do diretor do IFPR Campus Arapongas,<br />

Thiago Pereira do Nascimento, em parceria com a UEL<br />

(Universidade Estadual de Londrina).<br />

“Um dos principais benefícios é justamente na tentativa<br />

de se dar um novo destino ao lixo urbano e para<br />

os resíduos da produção rural, onde através do destino<br />

desses dejetos para os biodigestores e para a usina de<br />

produção de biogás tem a intenção de gerar biometano e<br />

gás natural para abastecimento de veículos e geração de<br />

energia”, completa Nascimento.<br />

Os pesquisadores do IFPR têm utilizado na pesquisa<br />

lixo de restaurantes, hortifrutigranjeiros e também dejetos<br />

de gado leiteiro para as análises de metanogênese, que<br />

são realizadas na UEL, para a verificação do potencial<br />

energético desses rejeitos.<br />

“O investimento é fundamental, não só na educação<br />

pública, mas para que essas iniciativas também tragam<br />

“Então há uma<br />

descoordenação crônica das<br />

forças da sociedade e esse<br />

projeto do biometano está<br />

aglutinando a sociedade em<br />

torno de um objetivo comum”<br />

Cícero Bley Jr<br />

grandes resultados para o setor industrial, para a sociedade<br />

de Arapongas, para que em um futuro próximo o<br />

gás natural seja mais popularizado na região, para que<br />

iniciativas como essa façam com que o lixo se transforme<br />

em sub-produtos extremamente úteis para a população”,<br />

complementa Nascimento.<br />

A expectativa do comitê do projeto é que até o mês<br />

de julho seja entregue um plano de negócios para iniciar<br />

a fase de captação e incremento de recursos. Caso todos<br />

os gestores envolvidos aprovem esses números, a próxima<br />

fase é a busca por um financiamento para execução e<br />

implementação do programa do biogás em Arapongas,<br />

etapa que deve demorar de quatro a cinco meses.<br />

“Então o município ganha em três áreas: se adequa a<br />

uma demanda do ambientalismo e da sustentabilidade,<br />

assim como na valorização dos arranjos produtivos que<br />

geram a riqueza ao município. Por outro lado, você tem<br />

a sociedade organizada se pautando para uma educação<br />

socioambiental e nisso ganha todo mundo, ganha o país<br />

todo”, finaliza Violato.<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

33


ECONOMIA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

ECONÔMICA<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

34 www.REVISTABIOMAIS.com.br


PRODUTOR RURAL DO NORTE PIONEIRO DO<br />

PARANÁ TEM CONSEGUIDO ECONOMIA DE<br />

ATÉ 80% NA TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA,<br />

APÓS INSTALAÇÃO DE PAINÉIS SOLARES<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

35


ECONOMIA<br />

O<br />

produtor José Dalarme, de Cianorte, na região<br />

norte do Paraná, é um entusiasta da energia<br />

solar. Com mais de 2 mil painéis fotovoltaicos<br />

instalados em propriedades no estado e no<br />

Mato Grosso, ele utiliza a energia para aquecer e ventilar<br />

seus aviários, iluminar a propriedade, retirar água de poços,<br />

entre outras finalidades.<br />

Recentemente, Dalarme decidiu instalar um conjunto<br />

de placas solares para alimentar uma indústria de beneficiamento<br />

de arroz, da qual é sócio, que consome entre R$<br />

30 mil e R$ 40 mil mensais em energia elétrica. A expectativa<br />

é uma economia de 80% desse valor.<br />

“Já estava tudo pronto. Aí quando fomos ligar na rede<br />

de energia elétrica, a COPEL pediu alguns documentos”,<br />

afirma. A documentação, no caso, envolvia as licenças<br />

ambientais necessárias para instalação de painéis solares<br />

no solo”, explica o produtor.<br />

“Quando a instalação é no solo e vai exigir movimentação<br />

de terra, esse impacto ambiental precisa ser dimensionado.<br />

Quando é sobre alguma estrutura [o telhado de um<br />

aviário ou de uma garagem], essa estrutura já foi licenciada<br />

para estar lá”, explica Carla Beck, técnica do DTE (Departamento<br />

Técnico e Econômico) do Sistema FAEP/SENAR-PR<br />

(Federação da Agricultura do Estado do Paraná/ Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná), que acompanha<br />

as questões referentes ao meio ambiente no Estado.<br />

“Mesmo assim [quando o painel solar é instalado no<br />

telhado], a Copel pode solicitar alguma documentação<br />

referente ao órgão ambiental”, completa a técnica.<br />

No caso do produtor de Cianorte, a pequena usina<br />

solar, com 800 painéis fotovoltaicos, foi instalada no solo,<br />

em um campo de futebol suíço desativado ao lado da<br />

empresa. Ele já estava com todo equipamento montado<br />

quando se deparou com a necessidade do licenciamento<br />

ambiental. Com o investimento de cerca de R$ 800 mil<br />

impedido de funcionar, a saída foi procurar o sindicato<br />

rural do município.<br />

“O José já era associado e fazia o CAR (Cadastro Ambiental<br />

Rural) e a emissão de CCIR (Certificado de Cadastro<br />

do Imóvel Rural) pelo sindicato. Essa assistência na obtenção<br />

do licenciamento é outro serviço que nós estamos<br />

oferecendo com a ajuda da FAEP e que vem sendo muito<br />

demandado. Tem muita gente buscando a energia solar”,<br />

afirma o presidente do Sindicato Rural de Cianorte, Diener<br />

Gonçalves de Santana, que também utiliza a energia solar<br />

na produção de aves.<br />

“Entre chegar com a minha demanda no sindicato até<br />

conseguir a documentação foi mais ou menos 10 dias”,<br />

pontua Dalarme.<br />

O caso foi encaminhado pelo Sindicato Rural de Cianorte<br />

ao DTE do Sistema FAEP/SENAR-PR, para a assessoria<br />

necessária para que o produtor obtivesse a DLAE (Dispensa<br />

de Licenciamento Ambiental Estadual) para instalação do<br />

empreendimento.<br />

“Uma das frentes de atuação da FAEP é auxiliar o<br />

produtor a obter os licenciamentos ambientais, bem como<br />

toda regularização ambiental da propriedade”, adianta a<br />

técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR.<br />

“Com base no projeto técnico é que saberemos se o<br />

produtor necessita de uma DLAE, de um Licenciamento<br />

Ambiental Simplificado ou de um licenciamento trifásico.<br />

Isso varia conforme o porte do empreendimento”, complementa<br />

Carla Beck.<br />

Há um ano, o próprio presidente do Sindicato Rural de<br />

Cianorte obteve uma das primeiras DLAE concedidas no<br />

âmbito do Descomplica Rural com finalidade de instalação<br />

de painéis solares no Paraná. “O pessoal está buscando<br />

muito essa tecnologia. E o sindicato está preparado para<br />

oferecer mais esse serviço aos associados”, afirma a técnica.<br />

Tanto no caso do dirigente quanto do associado de<br />

36 www.REVISTABIOMAIS.com.br


“O pessoal está buscando<br />

muito essa tecnologia. E o<br />

sindicato está preparado<br />

para oferecer mais esse<br />

serviço aos associados”<br />

Carla Beck<br />

Cianorte, a exigência em relação ao licenciamento ambiental<br />

se deu quando a instalação dos painéis foi feita no solo.<br />

Desse modo o ideal é que o produtor tenha em mente<br />

essa exigência e procure o sindicato rural logo no início do<br />

projeto.<br />

De acordo com a técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR, a<br />

demanda por licenciamento ambiental para fontes alternativas<br />

de energia vem crescendo no Estado. “Tem ocorrido<br />

uma procura muito grande, principalmente na avicultura,<br />

que utiliza muita energia. Mas sempre é bom lembrar que<br />

sem o licenciamento ambiental, que envolve toda regularização<br />

do empreendimento, o produtor não vai conseguir<br />

fazer a ligação na rede de energia”, alerta Carla Beck.<br />

A celeridade na emissão das licenças se deve ao programa<br />

Descomplica Rural, lançado pela Sedest (Secretaria<br />

Estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo) no<br />

início do ano passado, com o objetivo de desburocratizar<br />

a emissão de licenças ambientais para empreendimentos<br />

rurais. De acordo com o governo do Estado, entre 2020 e<br />

<strong>2021</strong> houve um aumento de 300% na emissão de licenças<br />

ambientais para geração de energia renovável.<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 37


PESQUISA<br />

MICROALGAS<br />

EM AÇÃO<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

38 www.REVISTABIOMAIS.com.br


PESQUISA DA UFPR TEM CONSEGUIDO<br />

GERAR ENERGIA TERMOELÉTRICA COM A<br />

UTILIZAÇÃO DESSES ORGANISMOS COMO<br />

FILTRO NA QUEIMA DE RESÍDUOS<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

39


PESQUISA<br />

“Nós temos um sistema<br />

de incineração que é capaz<br />

de tratar 50 kg de lixo por<br />

hora. Isso é suficiente para<br />

tratar todo o lixo produzido<br />

pela UFPR”<br />

André Bellin Mariano<br />

P<br />

esquisadores da UFPR (Universidade Federal<br />

do Paraná) transformam resíduos sólidos e<br />

não recicláveis em energia autossustentável<br />

e renovável. O sistema foi desenvolvido<br />

durante uma pesquisa apoiada pela CAPES (Coordenação<br />

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).<br />

O método consiste na utilização de microalgas<br />

para tratar as emissões poluentes.<br />

Segundo o professor da Pós-Graduação em Engenharia<br />

e Ciência dos Materiais e cofundador do NP-<br />

DEAS-UFPR (Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

em Energia Autossustentável), André Bellin Mariano, o<br />

sistema criado incinera os resíduos e transforma esses<br />

rejeitos em CO2 (Gás Carbônico), água e cinzas.<br />

As microalgas são usadas para absorver as emissões<br />

poluentes do processo. O calor que resulta dessa<br />

interação é transformado em vapor e enviado para<br />

uma termoelétrica, gerando, assim, eletricidade.<br />

“Nós temos um sistema de incineração que é<br />

capaz de tratar 50 kg de lixo por hora. Isso é suficiente<br />

para tratar todo o lixo produzido pela Universidade<br />

Federal do Paraná. Ele vira eletricidade, uma pequena<br />

parte vira cinzas e as emissões são tratadas pelas<br />

microalgas”, conta André Mariano.<br />

Segundo o professor, essa tecnologia permite resolver,<br />

em parte, os problemas da geração de resíduos<br />

nos grandes centros urbanos a partir da aplicação das<br />

microalgas para a biofixação dos gases presentes na<br />

emissão da incineração.<br />

O pesquisador Breno Araújo Lopes, integrante do<br />

núcleo de pesquisa de energias autossustentáveis da<br />

UFPR, conta que a tecnologia de cultivo de microalgas<br />

resultou na criação de fotobiorreatores (FBR) tubulares<br />

compactos. Eles são construídos com tubos de<br />

PVC transparentes, organizados em uma estrutura de<br />

sustentação.<br />

40 www.REVISTABIOMAIS.com.br


“Essa estrutura de tubos transparentes com água<br />

dentro serve para as microalgas circularem. Esse<br />

processo, além de tratar os gases poluentes, serve de<br />

alimento para as algas. Elas crescem, se multiplicam<br />

e viram uma grande biomassa”, explica o bolsista da<br />

CAPES.<br />

De acordo com o pesquisador, além de gerar<br />

energia limpa e reduzir os efeitos poluentes, o cultivo<br />

das microalgas dentro dos fotobiorreatores geram<br />

subprodutos bastante valorizados como o biodiesel, o<br />

biogás, ração para peixes, entre outros.<br />

A tecnologia 100% paranaense, de aplicação<br />

industrial e sustentável, foi patenteada e está em fase<br />

de licenciamento.<br />

Para mais informações sobre o projeto e outras<br />

iniciativas do NPDEAS-UFPR, acesse o site http://npdeas.blogspot.com/<br />

“Esse processo, além<br />

de tratar os gases<br />

poluentes, serve de<br />

alimento para as algas.<br />

Elas crescem, se<br />

multiplicam e viram<br />

uma grande biomassa”<br />

Breno Araújo Lopes


ARTIGO<br />

ENERGIA EÓLICA:<br />

ESTUDOS E REFLEXÕES<br />

SOBRE A VIABILIDADE<br />

DO POTENCIAL DESSA<br />

MATRIZ ENERGÉTICA<br />

NO BRASIL<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

FELIPE MIGUEL MARTINHO<br />

<strong>Revista</strong> Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento,<br />

Ano 1. Vol. 10 pp. 25-38. ISSN. 2448-0959<br />

42 www.REVISTABIOMAIS.com.br


ARESUMO<br />

s questões ambientais e a constante preocupação<br />

com as mudanças climáticas levaram a<br />

uma corrida pelo desenvolvimento e inserção<br />

de tecnologias de energias renováveis na matriz<br />

elétrica em diversos países. Nesse contexto, a energia eólica<br />

é considerada uma das mais promissoras fontes naturais de<br />

energia, principalmente porque é renovável, não se esgota,<br />

limpa, distribuída globalmente e, se utilizada para substituir<br />

fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito<br />

estufa. Além desses benefícios, pode-se trazer vantagens<br />

globais e nacionais, como por exemplo, os benefícios com<br />

a redução das emissões de gás carbono e a segurança do<br />

abastecimento energético. O grande potencial de geração<br />

no Brasil é a eólica, que compõe apenas uma pequena parte<br />

da matriz energética brasileira, mas que vem ganhando<br />

destaque nos leilões, por conta de sua competitividade.<br />

O presente trabalho se propôs a demonstrar a viabilidade<br />

do potencial dessa matriz e como a utilização de fontes de<br />

energias renováveis é importante para a busca do desenvolvimento<br />

sustentável. Para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica<br />

sistemática, estruturada, através de uma revisão<br />

bibliográfica em artigos da área. A partir dos dados apresentados<br />

no resultado desse estudo, discutiu-se a importância<br />

desse tema que servirá de embasamento e guia para estudos<br />

futuros que demonstrem o esforço do país na procura<br />

por um desenvolvimento econômico e social, que leve em<br />

consideração o meio ambiente e sua sustentabilidade.<br />

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, Energia<br />

eólica, Energias renováveis<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

43


ARTIGO<br />

INTRODUÇÃO<br />

O desenvolvimento sustentável é um dos assuntos de<br />

maior relevância na atualidade, uma vez que está relacionado<br />

não só com a economia, mas também com o meio<br />

ambiente e com a sociedade (United Nations, 1987, p.64).<br />

A qualidade de vida de uma sociedade, por sua vez, está<br />

intimamente ligada ao seu consumo de energia. A melhoria<br />

nos padrões de vida, principalmente em países em desenvolvimento,<br />

geram aumento da demanda energética e, dessa<br />

forma, necessitam de um melhor planejamento energético<br />

que aborde a segurança no suprimento de energia e os<br />

custos ambientais para atender a este aumento de consumo<br />

de energia (Goldemberg, 2008).<br />

Alguns especialistas (Welch; Venkateswaran, 2009;<br />

Terciote, 2002) consideram que a energia eólica é uma fonte<br />

energética capaz de suprir as demandas de uma sociedade,<br />

sem prejudicar gerações futuras, e por isso, o uso deste tipo<br />

de energia renovável vem crescendo mundialmente.<br />

No início de 2000, os projetos contratados decorrentes<br />

das políticas de incentivo, e principalmente no final da década<br />

com a entrada da energia eólica no mercado regulado de<br />

energia, colocou o Brasil entre os países com maior crescimento<br />

na implantação de novos parques eólicos e gerou<br />

otimismo entre os agentes públicos e privados do setor<br />

elétrico (Simas, 2013).<br />

Decorrente destes fatores, o objetivo do presente estudo<br />

foi realizar uma revisão da literatura sobre energia eólica e<br />

a viabilidade do potencial dessa matriz energética no Brasil,<br />

levando em conta o meio ambiente e sua sustentabilidade.<br />

O estudo está organizado em tópicos, onde no primeiro<br />

apresenta-se os fundamentos teóricos necessários para o<br />

entendimento claro da pesquisa e em seguida, a metodologia<br />

utilizada para a elaboração da revisão bibliográfica.<br />

Posteriormente são apresentados os resultados juntamente<br />

com a discussão dos fatos, finalizando com a conclusão do<br />

estudo.<br />

FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />

Os primeiros indícios da utilização de energia eólica para<br />

a realização de trabalhos mecânicos datam cerca de dois<br />

mil anos atrás, sendo utilizada nas máquinas de Heron em<br />

Alexandria (Pinto, 2012).<br />

Segundo Duarte (2004), o surgimento da tecnologia<br />

do aproveitamento do vento foi uma consequência da<br />

crise energética de 1973. Diante do aumento do preço do<br />

petróleo e da necessidade de produzir eletricidade a preços<br />

inferiores e de forma limpa e renovável, foram desenvolvidos<br />

os atuais aerogeradores. Segundo os autores Terciote (2002),<br />

Welch e Venkateswaran (2009), nos últimos anos a energia<br />

eólica tornou-se uma peça fundamental na geração de<br />

energia, principalmente elétrica, devido à grande expansão<br />

em pesquisas e nas técnicas de desenvolvimento para transformar<br />

o movimento do vento em energia. Atualmente, esta<br />

fonte energética vem sendo descrita como uma das mais<br />

importantes e promissoras tecnologias na geração complementar<br />

de energia, por ser facilmente acessível e abundante<br />

na natureza (Terciote, 2002; Welch; Venkateswaran, 2009).<br />

Com o aprimoramento e aumento da potência das<br />

máquinas eólicas, os custos de geração de eletricidade a<br />

partir dos ventos vêm diminuindo, o que também reflete<br />

na proliferação de inúmeros parques eólicos ao redor do<br />

mundo (Welch; Venkateswaran, 2009).<br />

Energia eólica é a energia cinética contida na massa de<br />

ar em movimento (vento). Dessa forma, faz-se importante<br />

conhecer o comportamento e as características dos ventos<br />

para que seja possível compreender os aspectos necessários<br />

para uma adequada modelagem eólica em uma determinada<br />

região. A conversão da energia cinética de translação do<br />

vento em energia cinética de rotação, ocorre a partir do uso<br />

de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores,<br />

as quais são fundamentais para a geração de eletricidade. A<br />

captação da energia cinética do vento pode ser feita basicamente<br />

utilizando-se dois tipos de turbinas: turbinas de eixo<br />

vertical e as de eixo horizontal. No primeiro caso, engrenagem<br />

e gerador são colocados ao nível do solo e a turbina é<br />

movida por forças de arraste ou sustentação Estas turbinas<br />

apresentam baixa complexidade de fabricação e são bastante<br />

indicadas para características de vento similares ao sul da<br />

América Latina (Farret, 2014).<br />

Já as turbinas de eixo horizontal possuem as engrenagens,<br />

eixo e gerador alinhados com a direção do vento,<br />

sendo a opção mais utilizada mundialmente em parques de<br />

geração eólicos comerciais. Podem ainda ser encontradas<br />

algumas configurações em função do número de pás, sendo<br />

que as turbinas com três pás são as mais empregadas por<br />

apresentarem menor esforço mecânico, menor oscilação de<br />

A energia eólica é<br />

considerada uma das mais<br />

promissoras fontes naturais<br />

de energia, principalmente<br />

porque é renovável<br />

44 www.REVISTABIOMAIS.com.br


torque e por provocarem menor ruído (Borges Neto; Carvalho,<br />

2012). Os autores acima completam que nos últimos dez<br />

anos, as torres de geradores ficaram mais altas, passando de<br />

50m (metros) para os 100m a 120m atuais, o que permite<br />

captar ventos mais velozes. Ao mesmo tempo, a potência<br />

das máquinas triplicou, para 3MW (Megawatts). Os geradores<br />

mais eficientes reduziram o custo da energia eólica. Hoje,<br />

o preço médio é <strong>45</strong>% menor do que há 10 anos, fazendo<br />

com que a energia eólica seja a segunda energia mais barata<br />

no país. Com isso, criou-se um círculo virtuoso de atração de<br />

investimentos.<br />

Os investimentos para implantação de um projeto<br />

de formação de energia renovável são altos, sendo que a<br />

maior parte do investimento concentra-se na fase inicial do<br />

projeto, uma vez que o custo dos equipamentos correspondem<br />

a até 75% do investimento total de um parque eólico<br />

(Tourkolias; Mirasgedis, 2011).<br />

Valentine (2010) alerta para o fato de que o local de implementação<br />

de um parque eólico deve ser favorável para a<br />

formação de ventos. Entretanto, nem sempre os locais apropriados<br />

para a instalação dos geradores estão próximos do<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

<strong>45</strong>


ARTIGO<br />

local de consumo, causando custos que podem inviabilizar a<br />

implantação. Acrescenta que, dependendo da distância do<br />

grid, os projetos de energia eólica podem se tornar comercialmente<br />

inviáveis, criando custos associados à conexão.<br />

Entretanto, quando é possível se integrar a outras fontes de<br />

energia e consequentemente utilizar a infraestrutura delas,<br />

os sistemas eólicos podem trazer vantagens econômicas<br />

como exemplo, a instalação dos geradores próximos aos<br />

locais de consumo devido a não necessidade das redes de<br />

transmissão (Terciote, 2002).<br />

Vários dos principais estudos realizados em 2010 sobre<br />

a integração da energia eólica ao grid de energia elétrica<br />

apontam novas evidências do baixo custo proporcionado a<br />

este tipo de sistema (American Wind Energy Association –<br />

AWEA, 2005).<br />

Nesse contexto, Jannuzzi (2003) comenta que os sistemas<br />

elétricos eólicos possuem características diferenciadas<br />

dos sistemas utilizados nas hidrelétricas, pois podem ser<br />

utilizados na forma de geração distribuída, que é um sistema<br />

interligado a grandes redes de transmissão e distribuição<br />

através de parques eólicos com aerogeradores de grande<br />

porte ou ser utilizado de forma isolada, através de aerogeradores<br />

de pequeno porte proporcionando assim um baixo<br />

custo. Terciote (2002) cita outra evidência de baixo custo<br />

como sendo os casos de sistemas híbridos onde há ganhos<br />

econômicos, citando os sistemas eólico/diesel, onde o motor<br />

diesel garante a regularidade e estabilidade no fornecimento<br />

de energia dispensando sistemas de armazenamento e a<br />

implantação híbrida de aerogeradores (Januzzi, 2003).<br />

A implantação de energias renováveis apresenta um impacto<br />

importante sobre a economia, uma vez que favorece o<br />

desenvolvimento de indústrias de equipamentos para consumo<br />

interno e até mesmo para a exportação (Tourkolias;<br />

Mirasgedis, 2011). Elbia Silva Gannoum, (2015) da ABEEólica,<br />

cita que no ano passado, o setor criou 40 mil postos de trabalho,<br />

e que está previsto a criação de outros 50 mil novos<br />

postos de trabalho para esse ano. Comenta, que a instalação<br />

dos geradores não prejudica o agricultor nem o seu cultivo,<br />

sendo que as duas atividades podem conviver juntas. Os autores,<br />

Río, Burguillo (2008), acrescentam que na maioria das<br />

vezes, as terras em que são construídos os parques eólicos<br />

são arrendadas e, essa questão gera outro aspecto importante,<br />

uma vez que os aerogeradores ocupam apenas uma<br />

pequena fração da área, e o restante da área arrendada pode<br />

ser utilizado para outras atividades produtivas na propriedade<br />

(Rio; Burguillo, 2008).<br />

Llera Sastresa et al., (2010) acrescenta que no interior do<br />

Nordeste onde há ventos melhores do que no litoral, a criação<br />

destes parques eólicos muitas vezes acontecem em regi-<br />

ões pobres como no sertão. As empresas arrendam as terras,<br />

constroem os parques em terrenos usados por pequenos<br />

produtores rurais, possibilitando uma renda extra para as<br />

famílias que antes viviam apenas do cultivo da terra. Não é<br />

somente os proprietários de terras que lucram com isso, mas<br />

os trabalhadores envolvidos diretamente na construção e<br />

implantação das usinas, uma vez que ocorre aumento na demanda<br />

por bens e serviços. A competitividade das empresas<br />

se dá pela qualificação da mão de obra, sendo esse um ativo<br />

adicional, favorecendo novas oportunidades de investimentos<br />

e negócios (Llera Sastresa et al., 2010).<br />

Maurício Tolmasquim (2011), presidente da EPE (Empresa<br />

de Pesquisa Energética) que é vinculada ao Ministério de<br />

Minas e Energia, afirma que a produção eólica do Brasil é<br />

referência no mundo todo, sendo estudada por países da Europa,<br />

como a Alemanha, e outros da América Latina. Destaca<br />

que, com os parques eólicos, se dá a criação de empregos<br />

em fábricas, para atender a instalação e manutenção de<br />

equipamentos nos parques eólicos.<br />

IMPACTO AMBIENTAL<br />

Mesmo tendo um impacto ambiental bastante reduzido<br />

quando comparado à maioria das outras fontes energéticas,<br />

a geração de energia elétrica a partir de turbinas eólicas gera<br />

alguns impactos como por exemplo: impacto visual, ruído,<br />

interferência eletromagnética e danos à fauna (Terciote,<br />

2002).<br />

O impacto visual está relacionado com a área necessária<br />

para a instalação do parque. Para que a perturbação do vento<br />

causada por uma turbina não interfira significativamente<br />

no funcionamento das turbinas vizinhas, faz-se necessário<br />

um espaçamento mínimo entre cinco a dez vezes a altura da<br />

torre (Borges Neto; Carvalho, 2012).<br />

Segundo Duarte (2004), o impacto relacionado pela<br />

geração de ruídos, embora existam no mercado turbinas<br />

de baixo ruído, é inevitável a existência de um zumbido,<br />

principalmente à baixas velocidades do vento, uma vez<br />

que, o ruído das altas velocidades do vento se sobrepõe ao<br />

ruído das turbinas. O ruído pode ter duas origens: mecânica<br />

(que vem da caixa de engrenagem que multiplica a rotação<br />

das pás para o gerador) e/ou aerodinâmica (decorrente do<br />

movimento das pás em decorrência do vento, que pode ser<br />

mais perturbador no período noturno e localizados na sua<br />

imediata vizinhança) (Terciote, 2002; Churro et al, 2004).<br />

A preocupação relativa à fauna é com os pássaros, os<br />

quais podem vir a colidir com as estruturas (torres de alta<br />

tensão, mastros e janelas de edifícios) e com as turbinas<br />

eólicas, devido a dificuldade de visualização (Welch; Venkateswaran,<br />

2009).<br />

46 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Entretanto, o impacto ambiental que a energia eólica<br />

gera, é muito mais inferior quando comparado à energia<br />

proveniente do combustível fóssil (petróleo), a qual provoca<br />

um grande impacto ambiental produzindo emissões<br />

gasosas que, além de poluentes, destroem ecossistemas.<br />

Já a energia eólica, por sua vez, pode servir eternamente<br />

aos propósitos energéticos com quase nenhum impacto ambiental<br />

(Duarte, 2004). Essa matriz energética, não emite CO2<br />

(Dióxido de carbono) na atmosfera e apresenta um balanço<br />

energético extremamente favorável. Na fase de fabricação e<br />

instalação dos equipamentos, há baixissima emissão de CO2<br />

que, após o período de três a seis meses de funcionamento<br />

dos aerogeradores, esse gás deixa de ser produzido. Esse<br />

impacto varia muito de acordo com o local das instalações, o<br />

arranjo das torres e as especificações das turbinas (Terciote,<br />

2002).<br />

Um ponto favorável ao uso dessa matriz energética, é<br />

o fato de ser possível utilizar a área do parque eólico como<br />

pastagens e outras atividades agrícolas uma vez que a<br />

energia eólica não utiliza água como elemento motriz, nem<br />

como fluido refrigerante e não produz resíduos radioativos<br />

ou gasosos. Outra consideração, é que esses parques tendem<br />

a atrair turistas, gerando renda, emprego, arrecadações<br />

e promovendo o desenvolvimento regional (Terciote, 2002).<br />

Com o uso dessa energia no Brasil, constata-se que os<br />

projetos de energias renováveis representam 37% do total<br />

de projetos, sendo que cerca de 5% destes são provenientes<br />

da força dos ventos. Isto representa a geração de mais ou<br />

menos 3,2 milhões de créditos de carbono, ou aproximadamente<br />

R$ 50 milhões. Avaliando esses dados, observa-se<br />

que o Brasil poderá multiplicar por cinco sua emissão de<br />

créditos de carbono através das usinas eólicas, haja visto<br />

que atualmente apenas 400 MW provenientes de energia<br />

eólica resultaram em créditos de carbono - MMA (Ministério<br />

do Meio Ambiente), 2011.<br />

OBS: versão parcial, para versão integral, acesse:<br />

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/<br />

engenharia-de-producao/energia-eolica<br />

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47


AGENDA<br />

JULHO <strong>2021</strong><br />

DESTAQUE<br />

FIEE SMART FUTURE<br />

Data: Data: 19 a 23<br />

Local: São Paulo (SP)<br />

Informações: https://www.fiee.com.br/pt-br.html<br />

OUTUBRO <strong>2021</strong><br />

INTERSOLAR SOUTH AMERICA<br />

Data: 18 a 20<br />

Local: São Paulo (SP)<br />

Informações: https://www.intersolar.net.br/pt/inicio<br />

NOVEMBRO <strong>2021</strong><br />

BRAZIL WINDPOWER<br />

Data: 3 a 5<br />

Local: São Paulo (SP)<br />

Informações: https://www.brazilwindpower.com.br/<br />

FENASUCRO & AGROCANA<br />

Data: 9 a 12 de Novembro de <strong>2021</strong><br />

Local: Sertãozinho (SP)<br />

Informações:<br />

www.fenasucro.com.br/pt-br.html<br />

Imagem: divulgação<br />

FEVEREIRO 2022<br />

E-WORLD<br />

Data: 8 a 10<br />

Local: Essen (Alemanha)<br />

Informações: https://www.e-world-essen.com/en/<br />

A Fenasucro & Agrocana é a principal feira de<br />

bioenergia e do setor sucroenergético da América<br />

Latina. O evento acontece anualmente no principal<br />

polo de produção bioenergética do Brasil; país com<br />

maior potencial de produção mundial. Atualmente,<br />

reúne profissionais dos principais pilares da matriz<br />

energética, de usinas bioenergéticas e dos setores<br />

de transporte e logística, papel e celulose e de<br />

alimentos e bebidas para realização de negócios,<br />

networking e atualização profissional.<br />

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OPINIÃO<br />

Foto: divulgação<br />

O CAMINHO DAS PEDRAS DA<br />

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />

A<br />

verdade é que a tecnologia sempre esteve entre<br />

meus principais interesses de pesquisa e, ao<br />

longo dos últimos anos, tive o privilégio de poder<br />

contribuir, de modo direto, para a difusão de uma<br />

cultura mais disruptiva e aberta para o novo em meu círculo de<br />

atuação.<br />

Essas experiências, por sua vez, reforçaram a minha convicção<br />

de que é indispensável seguir algumas importantes etapas<br />

dentro de um movimento de digitalização. Uma pergunta que<br />

recebo com frequência envolve, aliás, qual o passo a passo<br />

para a estruturação de um planejamento de transformação<br />

digital. Já adianto que não existem fórmulas mágicas, mas, sim,<br />

determinados princípios que podem potencializar as chances<br />

de sucesso de uma jornada rumo à inovação.<br />

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL É UMA<br />

TRANSFORMAÇÃO CULTURAL<br />

É isso mesmo que você leu. Toda transformação digital é,<br />

antes de mais nada, uma transformação cultural. E isso quer<br />

dizer que, para termos êxito nesta profunda caminhada de mudança,<br />

temos de ter completa convicção no processo e difundir<br />

essa confiança entre os gestores do negócio, responsáveis por<br />

integrar toda a organização, em ações que devem ser executadas<br />

com sinergia e plena abertura para as novas tecnologias<br />

que passarão a fazer parte da realidade da companhia – seja<br />

por meio da implementação de soluções, do desenvolvimento<br />

de núcleos internos de inovação ou mesmo por meio de parcerias<br />

de inovação aberta com startups e outras empresas.<br />

ESTEJA PRONTO PARA ERRAR<br />

Em seguida, entra a etapa de planejamento e priorização,<br />

que envolve, por sua vez, a definição de quais áreas e tecnologias<br />

serão priorizadas no processo de implementação da<br />

transformação digital. Esta etapa inicial é importante para<br />

direcionarmos investimentos, contratações, treinamentos e<br />

eventuais mudanças de estrutura nos times que permitam uma<br />

maior fluidez de toda a jornada de transformação digital.<br />

Na sequência, é hora de partir para a execução/implementação<br />

das ações voltadas para a inovação. É neste momento, inclusive,<br />

que mais sentimos a importância da mudança cultural<br />

que comentei acima, uma vez que, os processos de disrupção,<br />

a rigor, são estruturados a partir de modelos de gestão mais<br />

ágeis, dinâmicos e com pleno espaço para a experimentação e<br />

mesmo para eventuais falhas. Lembre-se: erre depressa e corrija<br />

depressa; esse é o novo mantra.<br />

Logo, a tradicional lógica de erro = punição deve ser<br />

completamente abandonada, em prol do fomento dos insights<br />

criativos de seus colaboradores.<br />

TODA EMPRESA É ÚNICA<br />

Para todo paradigma, existe um contraponto. E o que isso<br />

significa no plano da transformação digital? Significa que, seja<br />

qual for a sua rota de mudança tecnológica, considere, antes de<br />

tudo, as necessidades e dores de sua empresa, o perfil de seus<br />

clientes e qual o propósito que irá ancorar os investimentos em<br />

inovação na sua companhia. Este primeiro entendimento, interno,<br />

é decisivo, principalmente na hora de partir para observar<br />

o mercado e para entender em quais soluções deve-se investir<br />

ou que parcerias devem ser firmadas. Com isso em mente, teremos<br />

discernimento para separar as oportunidades que fazem<br />

sentido para o nosso negócio e aquelas que não dialogam com<br />

nossa estratégia de transformação.<br />

Dentro deste contexto, o que você busca como líder: guiar<br />

a construção desta nova e instigante sociedade ou se prender<br />

a conceitos de mercado que, talvez, sequer existirão nas<br />

próximas décadas? A escolha é sua e a única certeza é a de<br />

que a transformação digital seguirá seu curso, abrindo novas<br />

oportunidades e gerando novos desafios, que serão abraçados<br />

por aqueles que estiverem antenados e prontos.<br />

Por Alexandre Velilla<br />

Empresário, CEO do CEL.LEP desde 2017, apresentador de programas de TV voltados para inovação e<br />

empreendedorismo que reúne em sua trajetória profissional resultados extraordinários, mesmo em períodos de crise<br />

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