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Revista Aquaculture Brasil - 22ed

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Figura 1. Criação de quelônios em canal de igarapé, Sítio 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar Machado Andrade

JAN/MAR 2021

Entretanto, em todo mundo, a criação de quelônios

se concentra mais no seu valor como animais de

estimação (pet), sendo que a quelonicultura para esses

fins se desenvolveu, inicialmente nos EUA, com a

exportação de 8 milhões de tigres d’água (Trachemys

scripta) principalmente para Europa e Sudeste Asiático,

o que correspondia a 85% do comércio mundial de

tartarugas na segunda metade do século XX. Atualmente,

os maiores exportadores de quelônios para

pet são a Malásia, EUA e Indonésia, sendo os maiores

importadores a China, os EUA e o Japão, com a venda

de mais de 2 milhões de filhotes nos últimos 10 anos,

principalmente de quelônios terrestres (Testudinidae,

35%) e semiaquáticos (Geoemydidae, 31%; Emydidae,

19%) – (Luiselli et al.,2016). Na América do Sul,

a produção de filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis)

por manejo comunitário no Equador e no Peru tem

possibilitado a venda de 30% dos animais para o mercado

pet por U$1,5-6,0/unidade (Harju, Síren e Salo,

2017). No Brasil, 77,4% dos criadouros comerciais de

fauna silvestre são para atender o mercado de animais

de estimação (pet), sendo responsáveis por 69,5% das

vendas legalizadas de animais silvestres (Trajano e Carneiro,

2019).

Na Amazônia brasileira, considerada uma das regiões

com maior riqueza de quelônios do mundo, com

18 espécies (Vogt, 2008; Ferrara et al., 2017), os quelônios

sempre foram recurso alimentar importante para

as populações ribeirinhas (Pezutti et al., 2010; Andrade,

2017). Os índios, já exploravam esse recurso consumindo

os ovos e a carne de quelônios (Smith, 1974; Meza

e Ferreira, 2015). Com a chegada dos colonizadores

portugueses no século XVI, essa exploração tornou-se

mais intensa, sendo abatidas milhões de tartarugas (Podocnemis

expansa) e utilizados milhões de ovos para produção

de óleo utilizado na iluminação pública, no preparo

de alimentos e misturado com breu, para calafetar

as embarcações (Fiori e Santos, 2015; Andrade, 2017).

A captura comercial de quelônios é um dos fatores

que, ainda hoje, mais contribuem para o declínio

das populações de tartarugas aquáticas e terrestres em

todo mundo (Stanford et al., 2020). Em geral, na Amazônia,

esses recursos são explorados pelas comunidades

locais para consumo de subsistência ou vendidos

para as cidades próximas ou grandes centros regionais

como Manaus, Santarém e Belém (Andrade, 2008;

Nascimento, 2009).

Apesar da captura e venda de animais silvestres,

estar proibida no Brasil desde 1967 (Lei N°5.197/67),

estima-se, com base nos dados dos órgãos ambientais,

que entre 1992 e 2019, tenham sido apreendidos

98.843 quelônios e 59.031 ovos, só no Amazonas,

que representam cerca de 66% de todos quelônios

apreendidos, com uma média anual de apreensões de

2.068 a 4.347 quelônios/ano e mais de 2 mil ovos/ano.

Tartarugas são 29% dos quelônios apreendidos e 27%

são tracajás. (Nascimento, 2009; Charity e Ferreira,

2020). Em 1979, surgiu o Projeto “Quelônios da Amazônia”

através do qual o Governo passou a proteger

as áreas de reprodução de quelônios. Graças a esse

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PARCEIROS NA 22° ED:

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