Edição #269
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ESPECIAL OPEN INSURANCE
COMERCIALIZAÇÃO
O setor de seguros tem se caracterizado por uma onda de
inovação nos últimos seis anos e bilhões de dólares foram
investidos em startups de insurtechs que têm a missão de
inovar os principais processos de seguro e a forma como
as apólices são distribuídas. Novas tecnologias e o uso
de dados podem aumentar a frequência de interação com
o segurado, maximizar a eficiência, precificar melhor os
riscos e melhorar a distribuição, mas a decisão final de
compra, em grande parte das linhas de negócios de seguros
nos países, continua a depender do contato pessoal com
um ser humano”
reflexo, portanto, de uma tendência estrutural
de longo prazo e sem qualquer
impacto pandêmico nesse crescimento
gradual, como observa o especialista.
“Se houvesse uma mudança digital
no mercado de seguros dos Estados
Unidos devido à pandemia, isso teria
impactado o book de um grande player
como a Progressive”, avalia Carbone. Para
enfatizar o segundo aspecto que considerou
para sua avaliação de mercado, o
especialista sai do cenário americano e
ingressa no da Itália, onde dados consolidados
do mercado local de seguros de
automóveis, publicados pela Associação
Italiana de Seguradoras (Ania), apontam
que o canal online representou 5,8%
em 2017, 5,9% em 2018, 6,4% em 2019
e 6,4% em 2020. Ou seja, igualmente ao
exemplo americano, os dados identificados
na Itália também não mostram impacto
contundente da pandemia sobre
as vendas online de seguros, sobretudo
caracterizada pelo contato direto do consumidor
com o produto.
“A preferência pelo ‘toque humano’
— agentes, corretores e consultores
bancários em alguns mercados — é confirmada
por essa resiliência no período
da Covid e pelas ações recentes das mais
famosas operadoras insurtech full-stack
dos Estados Unidos”, afirma o diretor do
IoT Insurance Observatory, lembrando,
contudo, que essas empresas, no período
entre a fundação e o IPO, definiram
MATTEO CARBONE,
do IoT Insurance Observatory,
agentes e corretores como intermediários não prioritários para
vendas de apólices. Mas a postura vem mudando em relação a
estes profissionais, garante Carbone: “Em vez disso, agora, elas (as
insurtechs) se articularam, adicionando agentes independentes
como um canal para dimensionar e alcançar os resultados trimestrais
esperados pelos analistas. Além disso, existem iniciativas de
insurtechs bem fundamentadas que se concentram em melhorar a
atividade de agentes e corretores.”
E NO BRASIL, COMO FICA?
Lá fora, pelo menos no mercado americano, há uma movimentação
para retomada do interposto na comercialização do seguro,
como descreve Carbone. Um debate mais exaustivo sobre o
papel do corretor no cenário proposto para o Open Insurance, cujo
começo das operações está previsto para dezembro, é uma das discussões
mais intensas entre representantes da indústria securitária
brasileira para os quais, em sua expressiva maioria, a Superintendência
de Seguros Privados (Susep) estaria “atropelando” o mercado ao
determinar a implantação de um modelo sobre o qual muita gente
do setor conhece pouco ou simplesmente nada. “Não houve uma
discussão mais profunda com os players do mercado. Não houve
uma verificação do que acontece no mundo. Não houve uma explicação
do que é, para que serve e como funciona o Open Insurance. E
foram criadas figuras novas, que também não se sabe como funcionarão.
É um passo no escuro muito grande e um risco para um setor
bem estruturado. Da forma como está, o grande prejudicado direto
é o corretor de seguros e, indiretamente, o segurado”, entende o advogado
e corretor de seguros Antonio Penteado Mendonça.
O advogado pondera, entretanto, que a venda direta de seguros
sempre existiu e pode ser feita inclusive no Brasil. Ele reforça que
várias seguradoras internacionais não usam o corretor de seguros
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