Edição #269
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enviada à Apólice, o órgão regulador ressalta que o corretor “é um
importante canal de distribuição de produtos, e fundamental no
mercado de seguros, inclusive no papel de prover o devido aconselhamento
no melhor interesse dos consumidores (...) Portanto as
orientações que são dadas pelo corretor permanecem com sua relevância
porque não se confundem com o objetivo do Open Finance
de compartilhamento seguro e padronizado de dados.”
Marchi pondera que para o debate acerca do Open Insurance,
a contribuição de todas as frentes é importante, inclusive a do
corretor, que, segundo o executivo, é uma figura “extremamente
relevante” para o desenvolvimento do mercado segurador. “Sem
dúvida que ainda temos muito espaço para ampliar a difusão da
cultura de seguros no Brasil. É necessário considerar que temos uma
sociedade bastante heterogênea, por isso, temos que analisar as necessidades
de cada público”, diz Marchi, ressaltando, todavia, que
o próprio corretor também precisa se adaptar à nova realidade de
mercado que se avizinha no Brasil. “Não só corretor precisa se adaptar
e usar, eventualmente, ferramentas tecnológicas, como simuladores
e agregadores para poder prestar um serviço que esteja mais
alinhado ao que o seu público necessita, mas também não deve ser
desprezada a consultoria, dado que é uma sociedade sem cultura
de seguros com, portanto, uma educação financeira muito baixa. A
pandemia, inclusive, ampliou ainda mais a transformação do perfil
do corretor, que está mais conectado a diferentes plataformas.”
Mas — como se dizia na era do disco de vinil — há sempre
um lado B para todos os discos. O Open Insurance vai trazer — prevê
Marchi — muita informação para quem é especializado, por isso
empresas e corretores que conseguem diferenciar os detalhes no
seguro, com mais informação, vão poder entregar uma solução mais
personalizada, tirando proveito desse universo. “O nosso papel é entender
como conseguimos neutralizar os pontos negativos, ao mesmo
tempo em que potencializamos os positivos”, pontua Marchi.
GARANTIAS ÀS APÓLICES MAIS COMPLEXAS
O Open Insurance não eliminará a necessidade de uma consultoria,
especialmente quando um produto mais complexo é que
está em negociação: “O próprio consumidor vai querer contar com
esse importante profissional que atua com excelência junto à sociedade.
Na verdade, a lista de produtos que estão previstos — sempre
falando de Vida e Previdência — é bem completa e extensa. Com
isso, existirão produtos complexos, como capitalizados, com capitais
decrescentes, e, sem dúvida nenhuma, quando esse tipo de produto
for entrar, é preciso a assessoria de um corretor, auxiliado por
alguma tecnologia, sempre com o apoio da seguradora em todo o
processo. Portanto entendemos que existe a necessidade de trazer
compreensão para o cliente da importância de o corretor estar presente
nesse tipo de negociação”, aponta Marchi.
Para Mendonça, o Open Insurance, se vingar, não será capaz
de dar conta dos seguros mais sofisticados. “São seguros com desenhos
especiais, sem um especialista não gira. Mas isso não impede
que sejam colocados no Open Insurance, o que é uma temeridade.
Não há garantia, além da boa-fé da seguradora, de que o produto será
comercializado de forma correta. A LGPD não tem nada a ver com isso,
não regula este tipo de negócio e, portanto,
não garantiria um eventual problema
com o seguro”, ilustra o especialista.
Presidente da Comissão de Direito
Securitário da OAB-SP e sócia e fundadora
do escritório Santos Bevilaqua Advogados,
Daniela de Matos Rodrigues reconhece
que tudo em torno do Open Insurane é
ainda muito novo e que, inegavelmente,
há mais dúvidas que respostas, pelo menos
no momento atual. “O momento é de
se debruçar sobre a norma e verificar as
possibilidades e as interações. Não temos
as respostas, de forma geral. Mas tudo
pode mudar porque o cenário é completamente
inovador”, resume a advogada.
Para Daniela, toda essa discussão
em torno do Open Insurance veio fortemente
fundamentada na questão da
LGPD: “É praticamente uma normatização
de como vai ser o compartilhamento de
dados pessoais. Foi editada uma norma
de segurança cibernética no mercado
de seguros e também tem normatizada
essa questão da segurança. O consumidor
como titular dos dados. Isso é fundamental.
A gente não pode esquecer isso:
quem é o titular do dado é o cliente. Existem
regras e obrigações, enfim, toda uma
questão voltada para a segurança dessas
trocas. Agora, existem eventos importantes
em que a gente precisa fazer a autenticação
desse cliente, e eu preciso assegurar
que ele é ele e que posso compartilhar
os dados que ele mesmo determinou.”
O mercado brasileiro caminha,
como outros mercados mais maduros, inclusive,
para ser multicanais. Essa é a visão
da representante da OAB-SP. “A gente já
tem os multicanais; temos, obviamente, a
distribuição em larga medida através de
corretores; temos bancassurance; temos
insurtechs mais modernas chegando, ou
seja, uma plataforma de todos os espectros
onde começa tudo aí nessa transformação
do consumo de seguros, mas com
corretores também tendo iniciativas nesse
sentido, na digitalização, em uma nova
abordagem do consumidor”, analisa Daniela,
para quem o desafio não é só para
o corretor e sim para todos que estão no
sistema. “Em relação aos corretores, a categoria
tem bastante representatividade
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