SCMedia News | Revista | Outubro 2021
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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Out <strong>2021</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
26<br />
operadores logísticos<br />
retrato do setor<br />
Procurement<br />
10 Boas e más práticas<br />
O Natal é quando<br />
a logística quiser<br />
Compras<br />
Como ser um bom líder<br />
CASA PEIXOTO<br />
A logística é o pulmão
Logística Compras Operações<br />
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Do E-Sourcing<br />
às 6 estratégias fundamentais<br />
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editorial<br />
Do “para logo” ao “para já”<br />
“Depressa e bem, não há quem”.<br />
Provérbio português<br />
As cadeias de distribuição, em particular as<br />
de produtos de grande consumo com as suas<br />
entregas ao domícilio, estão empenhadíssimas<br />
em tornar obsoleto o velhinho adágio popular<br />
que antecede este editorial.<br />
A pandemia trouxe consigo a febre das<br />
entregas ao domicílio, os operadores tem-se<br />
multiplicado e a tendência parece mesmo ter<br />
vindo para ficar.<br />
Com o confinamento desencadeado pela<br />
pandemia, o consumidor assumiu o seu título<br />
de rei e habituou-se a ter os seus desejos<br />
e necessidades de supermercado, e não só,<br />
realizados e satisfeitos de modo rápido.<br />
Mas, à velocidade estonteante a que tudo<br />
acontece por estes dias, eis que de repente o<br />
rápido é ultrapassado pelo super rápido e até<br />
pelo ultra-rápido.<br />
Receber as compras, em particular as de<br />
supermercado, deixou de ser “para logo” e<br />
passou a ser “para já”. Ou, noutros termos,<br />
em 15 minutos. E o fenómeno propaga-se um<br />
pouco por toda a Europa e Estados Unidos,<br />
quase tão rapidamente como um vírus, e já lhe<br />
chamam “quick commerce”.<br />
É a conveniência a ganhar fôlego no póscovid,<br />
a mudar o paradigma e a colocar uma<br />
enorme pressão na logística urbana e na<br />
distribuição de última milha.<br />
Aqui pelo meio, o que também acelera é a<br />
procura por espaços cada vez mais próximos<br />
do centro das diversas zonas urbanas do país<br />
e que permitam aos retalhistas e empresas de<br />
distribuição convertê-los para esta logística de<br />
última milha, as chamadas dark stores. Veja-se<br />
o caso da Getir, que se estreou recentemente<br />
no mercado nacional: tem seis em Lisboa e<br />
fala de entregas em 10 minutos!<br />
A distribuição capilar, o seu impacto<br />
ambiental e a forma de reduzir a pegada<br />
ecológica desta última milha estão na agenda<br />
de todos os actores para os próximos anos.<br />
Optimizar rotas, tirar partido das tecnologias e<br />
criar parcerias com todos os actores envolvidos<br />
é a única forma de tornar a distribuição urbana<br />
e a última milha competitivas e, sobretudo,<br />
sustentáveis.<br />
Estaremos a levar a cultura do imediato ao<br />
expoente máximo? O que move afinal este<br />
consumidor? Uma real falta de tempo ou antes<br />
o comodismo de quem percebeu que quer,<br />
pode e manda? O que temos pela frente são<br />
pessoas amigas do ambiente e dos negócios<br />
ou tão somente um consumidor que, qual<br />
criança mimada, gosta de bater o pé e não<br />
está habituado a ouvir um não?<br />
Os desafios estão aí. É tempo de os<br />
encararmos.
4<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
#8 #30 #40<br />
índice<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
Os gigantes do e-commerce 6<br />
logística<br />
Operadores logísticos 8<br />
Caxa Peixoto:<br />
A logística é o pulmão 20<br />
VGP Park Santa Maria da Feira 30<br />
Supply Chain VS. Supply China 34<br />
procurement<br />
10 boas e más práticas no procurement<br />
em tempo de crise 36<br />
A economia circular nas mãos das<br />
empresas e consumidores 40<br />
intralogística<br />
Inovações em torno da eficiência vão<br />
dominar 46<br />
TECNOLOGIAS<br />
Conheça o segredo para uma gestão de<br />
stocks eficiente<br />
TRANSPORTES<br />
O natal é quando a logística quiser 56<br />
Aliança estratégica 66<br />
CARREIRA<br />
O que precisa de saber para se tornar<br />
num bom líder de compras 72
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
JANELA DA APAT<br />
#46 #56<br />
No centro da mudança 76<br />
O MUNDO É REDONDO<br />
Ideas worth spreading, TEDx 2015, “10 maneiras<br />
de conversar melhor” 78<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Sede editor, Administração e Redacção_<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Direcção Geral_<br />
Filipe Barros<br />
Directora_<br />
Dora Assis<br />
Redacção_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos<br />
Projecto gráfico_<br />
Maria João Carvalho<br />
Design Gráfico & Paginação _<br />
Daniela Moço, Laura Dias<br />
Events Support & Project Manager _<br />
Rita Pinto<br />
Direcção Comercial _<br />
Filipe Barros<br />
Sales & Marketing _<br />
Margarida Matildes<br />
Impressão _<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem _<br />
3 mil exemplares<br />
Propriedade_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
E: geral@supplychainmagazine.pt<br />
W: supplychainmagazine.pt<br />
NPC _<br />
514707143<br />
Capital Social_<br />
100,00€<br />
Participações sociais_<br />
Susana Silva<br />
Administração_<br />
Filipe Barros<br />
Registo na ERC n.º _<br />
127322<br />
Depósito Legal n.º _<br />
458604/19<br />
Os artigos assinados apenas veiculam<br />
a posição dos seus autores.<br />
Interdita a reprodução de textos e<br />
imagens sem autorização expressa.<br />
Esta revista é escrita respeitando a grafia<br />
anterior ao novo Acordo Ortográfico
6<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Os gigantes do<br />
e-commerce<br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
Top 5<br />
Em particular desde que a tempestade<br />
COVID-19 se abateu sobre o mundo,<br />
a procura dos consumidores por<br />
soluções de comércio online aumentou<br />
exponencialmente. A Supply Chain Digital<br />
avançou com um Top 10 mundial e nós<br />
propomos-lhe que venha espreitar as cinco<br />
maiores empresas de comércio electrónico do<br />
mundo.<br />
5. Meituan<br />
Plataforma de comércio electrónico chinesa<br />
que vende produtos de grande consumo e<br />
serviços encontrados localmente. A empresa<br />
opera há pouco mais de uma década e tem<br />
sede em Pequim. Desafia o Tripadvisor e o Yelp<br />
através das avaliações alojadas na plataforma,<br />
bem como empresas como a Groupon graças à<br />
oferta de compras em grupo.<br />
Receita de 2020: 66 mil milhões de yuans.<br />
CEO: Wang Xing.<br />
4. Suning.com<br />
É um dos maiores retalhistas não<br />
governamentais da China, com mais de 11.000<br />
lojas em todo o país, além da sua plataforma<br />
digital líder de comércio electrónico. Ficou<br />
328.º lugar na lista Fortune Global 500 de<br />
<strong>2021</strong>, sabia?<br />
Receita de 2020: 416,315 mil milhões de<br />
yuans.<br />
Fundador: Zhang Jindong.<br />
3. Alibaba<br />
Também conhecida como Alibaba Group ou<br />
Alibaba.com é uma empresa multinacional<br />
chinesa de tecnologia, especializada em<br />
comércio eletrónico, bem como em tecnologia,<br />
retalho e Internet. Desde a sua criação em<br />
1999, a empresa oferece serviços de vendas<br />
business-to-business, business-to-consumer e<br />
consumer-to-consumer.<br />
Receita de 2020: 109 mil milhões de dólares.<br />
CEO: Daniel Zhang.<br />
2. JD.com<br />
JD.com é uma empresa chinesa de comércio<br />
electrónico com sede em Pequim e é uma<br />
das duas gigantes do B2C na China. Além de<br />
diversificar a sua oferta desde que foi criada<br />
em 1998, também investiu fortemente em<br />
tecnologia inteligente e IA, recorrendo a<br />
drones, automação e robótica. Possui o maior<br />
sistema de entrega de drones, infra-estrutura<br />
e capacidade do mundo.<br />
Receita de 2020: 114,97 mil milhões de<br />
dólares.<br />
CEO: Liu Qiangdong.<br />
1. Amazon<br />
É surpresa que seja a N.º 1? A norte-americana<br />
foi fundada em 1994 e desde então tem vindo<br />
a crescer e investir de forma estrondosa para<br />
se tornar uma marca internacional e um nome<br />
familiar para todos. A Amazon é uma “Big<br />
5” dos Estados Unidos, além de ser uma das<br />
marcas mais valiosas do mundo.<br />
Receita de 2020: 386.06 mil milhões de<br />
dólares.<br />
CEO: Andy Jassy. •
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8<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
logística<br />
Operadores logísticos<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Estudo apresenta<br />
retrato actual do<br />
sector<br />
Se é importante olhar “para fora” e<br />
compreender o que está a ser feito noutros<br />
países, ainda mais importante é podermos<br />
olhar “para dentro” e perceber as capacidades<br />
actuais que temos, antes de “darmos um passo<br />
mais longo que a perna”. Foi com esta mesma<br />
ideia, de compreender o estado actual dos<br />
operadores logísticos em Portugal, que Ricardo<br />
Lavado, country operations manager do Nors<br />
Group, fundamentou a sua tese de Mestrado<br />
em Ciências Empresariais – Ramo de Gestão<br />
Logística, pelo Instituto Politécnico de Setúbal.
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
Com quase 20 anos de experiência na área<br />
da logística, Ricardo Lavado veio agora<br />
actualizar o estudo “Operadores Logísticos<br />
2015”, o último feito sobre o estado do sector,<br />
há seis anos. O recente estudo “Avaliação aos<br />
Operadores Logísticos Portugueses” procura<br />
analisar a importância, capacidade e serviços<br />
dos operadores logísticos, e compreender<br />
melhor o enquadramento da função logística<br />
nas empresas nacionais, e para tal contou com<br />
o apoio Associação Portuguesa de Operadores<br />
Logísticos (APOL), e com a Supply Chain<br />
Magazine enquanto media partner.<br />
A tese foi realizada devido à tendência<br />
mundial de as empresas recorrerem a soluções<br />
de outsourcing. Ricardo Lavado justifica-a<br />
apontando que os factores que influenciam a<br />
selecção dos Operadores Logísticos, por parte<br />
das empresas, são que estes lhes permitam<br />
entrar em novos mercados, reduzir os riscos<br />
de investimento financeiro associados à<br />
propriedade dos activos logísticos (transportes<br />
e armazéns) e coordenar produtores e<br />
distribuidores dentro de uma visão global.<br />
“Quais são os Operadores<br />
Logísticos em Portugal<br />
segmentados por actividade<br />
logística, respectiva<br />
caracterização e volumes de<br />
negócio?”<br />
Esta foi a pergunta de partida do estudo, e é<br />
a esta que ele pretende responder. Ricardo<br />
Lavado explica que teve por base dados de<br />
2019, à data os que estavam disponíveis, e que<br />
o estudo “visa recolher informação concreta<br />
sobre o sector no país, nomeadamente<br />
os serviços prestados, as infra-estruturas<br />
logísticas existentes, a capacidade de<br />
armazenagem, os sistemas de informação<br />
utilizados, o número de colaboradores e a<br />
tipologia de clientes/sectores de actividade”.<br />
Também pretendeu apresentar uma análise<br />
e caracterização das empresas do sector a<br />
operar em Portugal, vindo assim actualizar o<br />
anterior estudo, bem como apresentar uma<br />
análise e caracterização das empresas do<br />
sector a operar em Portugal.<br />
Numa primeira fase, foi necessário<br />
identificar os Operadores Logísticos de acordo<br />
com os CAE (Classificação de Actividade<br />
Económica), identificados através do portal<br />
SABI. Dessa pesquisa foram identificados<br />
15.513 operadores. Na fase seguinte, em<br />
conjunto com a APOL, foi necessário analisar e<br />
reduzir esse número inicial de operadores que<br />
reuniam as condições identificadas nos CAE,<br />
tendo sido então seleccionadas 144 empresas.<br />
Por fim, foi feito um inquérito por e-mail com<br />
questões relacionadas com o processo de<br />
caracterização da empresa.<br />
Das 144 empresas, 39 responderam ao<br />
inquérito, ou uma taxa de resposta de 27%,<br />
e de acordo com os critérios estabelecidos<br />
para operador logístico foram consideradas 28<br />
respostas.<br />
Os resultados obtidos foram divididos entre<br />
as principais actividades dos Operadores<br />
Logísticos:<br />
• Logística Contratual<br />
• Transporte<br />
• Outras Actividades<br />
• Temas Globais<br />
• Organização do Transporte
10<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Logística Contratual<br />
Ao nível da Logística Contratual, os volumes<br />
de negócio das empresas inquiridas<br />
encontram-se maioritariamente entre 1<br />
milhão e 50 milhões, como observado no<br />
gráfico, sendo que 52% das empresas são<br />
constituídas por capital nacional e o restante<br />
multinacional. A grande maioria destas<br />
empresas está na Área Metropolitana de<br />
Lisboa (57%), seguindo-se a zona Norte (31%)<br />
e zona Centro (10%), e 69% dos operadores<br />
têm uma forte presença no retalho alimentar.<br />
Transporte<br />
Na área dos transportes, em termos de<br />
volume de facturação, 73% dos operadores<br />
encontra-se acima dos 5 milhões de euros<br />
por ano, e que 48% da frota dos inquiridos<br />
é subcontratada. As principais actividades<br />
indicadas pelos inquiridos é dedicada à<br />
indústria Pharma & Personal Care (40%),<br />
seguindo-se o Retalho Alimentar – congelado<br />
ou frio negativo (28%) e o Retalho Alimentar –<br />
Não perecível (20%). Neste caso, a localização<br />
preferencial já se encontra no Norte de<br />
Portugal, com 34% das empresas, na zona<br />
Centro 26% e na Área Metropolitana de Lisboa<br />
24%.<br />
Volume de negócios/ano em milhões de Euros (em %) – Logística Contratual.
SCM Supply Chain Magazine 11<br />
Localização dos centros de operação (número de instalações por região) – Transporte.<br />
18049 Toyota Empilhadores Traigo 80 170x115mm_a.pdf 1 21/10/<strong>2021</strong> 16:29
12<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Outras Actividades<br />
Relativamente às Outras Actividades, a<br />
grande maioria (60%) conta com um volume<br />
de negócios anual inferior a 1 milhão de<br />
euros. De notar que nenhuma das empresas<br />
deste gráfico se encontra entre os 20 e os 50<br />
milhões de euros.<br />
Volume de negócios/ano em milhões de Euros (em %) – Outras Actividades.
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
temas globais<br />
Nos temas globais, podemos ver que 56% das<br />
empresas mencionaram ter uma capacidade de<br />
até 20 mil metros quadrados, e em termos de<br />
frio positivo, 69% destas empresas aponta que<br />
em comparação com o frio negativo este valor<br />
é menor.<br />
Capacidade instalada alocada à operação Logística (em milhares de m2) – Frio Positivo.<br />
Capacidade instalada alocada à operação Logística (em milhares de m2) – Frio Negativo.
14<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Em termos de capacidade instalada, 26% das<br />
empresas inquiridas contam com espaço para<br />
mais de 50 mil paletes.<br />
Capacidade instalada para paletes (em milhares de paletes).<br />
Outro dos dados apontados é o peso dos<br />
grandes clientes para os operadores logísticos.<br />
Dos inquiridos, 63% dos clientes são<br />
internacionais, dos quais 27% externos à UE.
SCM Supply Chain Magazine 15
16<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Ao nível dos serviços, dos 28 operadores<br />
presentes na amostra, 82% têm serviço de<br />
Armazenagem, 75% Transporte, 68% serviço<br />
de Customer Service, 68% faz Gestão de<br />
Stocks, 64% disponibiliza a componente da<br />
Logística Inversa, 64% oferece serviço de<br />
Picking, 54% está apto para o processo de<br />
Etiquetagem, 54% possuí Tecnologias de<br />
informação como ferramenta de integração de<br />
sistemas, 50% assegura a Gestão Alfandegária,<br />
46% oferece processo de Assembling,<br />
46% disponibiliza processo de Packing e<br />
Re-Packing, 43% disponibiliza processo<br />
de Embalamento, 36% entrega Soluções<br />
para e-commerce, 29% oferece solução de<br />
Order2Cash e 29% disponibiliza serviço de<br />
Kitting.<br />
Organização do Transporte<br />
A Organização do Transporte é referente às<br />
operações de transitários que dá suporte<br />
às restantes actividades. De acordo com os<br />
resultados, 20% das empresas têm um volume<br />
de negócios anual inferior a 1 milhão de<br />
euros, e a maioria (54%) se encontra entre 1 e<br />
20 milhões, divididos em igual percentagem<br />
entre 1 e 5 milhões e entre 5 e 20 milhões.<br />
20% das empresas conta com uma facturação<br />
entre 20 e 50 milhões e apenas 7% acima de<br />
50 milhões. A maioria das localizações dos<br />
centros de operações dividem-se entre a zona<br />
Norte (40%), a Área Metropolitana de Lisboa<br />
(32%) e a zona Centro (22%).<br />
Serviços disponibilizados pelos Operadores Logísticos.
SCM Supply Chain Magazine 17<br />
Volume de negócios/ano em milhões de Euros (em %) – Organização do Transporte.<br />
conclusões<br />
“Em Portugal, questões económicas, falta de<br />
visão logística, ausência de apoio do Estado<br />
ou legislação desadequada e lobbies foram<br />
alguns dos principais constrangimentos<br />
identificados no estudo anterior pelos<br />
Operadores Logísticos. Actualmente como<br />
factor preponderante as contingências e<br />
impacto económico gerados pela pandemia<br />
mundial”, comenta Ricardo Lavado na sua tese,<br />
defendendo ainda que “não pode ser ignorada<br />
a intervenção decisiva das pequenas e médias<br />
empresas (PME)”, as quais representaram 96%<br />
das respostas ao estudo. Apesar dos pontos<br />
negativos, Portugal aparece na 23.ª posição<br />
em termos de Logistics Performance Index<br />
(LPI), com um indicador de 3.64, segundo os<br />
dados de 2018 do The World Bank Group.<br />
Também em termos evolutivos, face ao<br />
estudo anterior, que indicava que 31% dos<br />
casos contava com presença internacional<br />
através de meios próprios, enquanto que<br />
neste, 73% dos clientes são internacionais,<br />
dos quais 27% externos à UE, e que 60% das<br />
empresas clientes são PME portuguesas e das<br />
restantes 25% são pertencentes à UE e 14%<br />
externas à UE.<br />
O estudo também salienta a falta de<br />
infra-estruturas logísticas no mercado<br />
imobiliário, especialmente a Norte do<br />
país, “o que condicionava fortemente o<br />
desenvolvimento de negócios nesta zona”,<br />
sendo a procura por outsourcing logístico<br />
crescente. “Conforme demonstrado trata-se<br />
de um ponto que pelo menos em número de<br />
instalações, existe uma evolução positiva<br />
nesse sentido”, afirma Ricardo Lavado.<br />
Face ao estudo com dados de 2015, a<br />
importância dada aos sistemas de informação
18<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
continua alta, tendo sido destacados neste<br />
estudo os pontos relativos à Proposta de<br />
Valor; Factores de principal importância<br />
relativamente à capacidade para acompanhar<br />
o crescimento das empresas que contratam<br />
o serviço; e Principais preocupações dos<br />
Operadores Logísticos.<br />
Por parte da APOL, o presidente, Nuno<br />
Rangel comenta que “a realização de um<br />
estudo que permitisse saber qual a real<br />
valia económica dos Operadores Logísticos<br />
portugueses, era um objectivo a que nos<br />
propusemos, em 2019, visto considerarmos<br />
fundamental conhecer este sector de<br />
actividade e as suas capacidades para<br />
responder aos desafios cada vez maiores e<br />
mais importantes que a logística enfrenta”.<br />
O desafio de realizarem o estudo foi<br />
lançado ao Instituto Politécnico de Setúbal,<br />
no âmbito das suas actividades de mestrado<br />
em Logística. “Tínhamos consciência das<br />
dificuldades que iriam enfrentar por falta de<br />
informação estatística objectiva, mas a forma<br />
como responderam de imediato, de forma<br />
positiva, era uma garantia de que os nossos<br />
objectivos seriam plenamente atingidos”,<br />
acrescentou ainda.<br />
Face aos resultados, Nuno Rangel considera<br />
que estes “permitem a efectiva caracterização<br />
da actividade logística em Portugal,<br />
considerando este trabalho um retrato muito<br />
fiel da dimensão e impacto económico do<br />
sector”.<br />
Aprofundar sinergias<br />
Ouvimos Ricardo Lavado, o autor do estudo<br />
que serviu de base à sua tese de mestrado,<br />
sobre este trabalho e o que o mesmo<br />
permite perspectivar em termos de caminhos<br />
de evolução e desenvolvimento para os<br />
operadores logísticos.<br />
Ricardo Lavado<br />
O novo estudo realizado no contexto da sua<br />
tese de mestrado vem actualizar o anterior<br />
realizado em 2015 e fazer uma avaliação dos<br />
operadores logísticos em Portugal. Como surgiu<br />
a ideia de fazer este estudo?<br />
Ricardo Lavado > Este estudo surgiu no<br />
âmbito da minha dissertação de Mestrado em<br />
Ciências Empresariais - Ramo de Logística na<br />
Escola Superior de Ciências Empresariais –<br />
IPS, sendo que o tema foi identificado como<br />
pertinente, quer por via da existência de um<br />
estudo prévio, assim como a oportunidade<br />
de actualizar e complementar a informação,<br />
tendo em conta o tempo decorrido entre<br />
estudos, assim como tratar-se de uma área<br />
em constante evolução e transformação.<br />
Esta vontade é partilhada pela Associação<br />
Portuguesa de Operadores Logísticos que<br />
tinha como objectivo diagnosticar o sector dos<br />
operadores logísticos em Portugal.<br />
Inicialmente, quais eram as expectativas<br />
que tinha sobre o estado do sector?<br />
> A caracterização dos Operadores<br />
Logísticos presente no estudo anterior,<br />
denotava que demograficamente<br />
acompanhava aquilo que é, em termos sociais
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
e demográficos, a realidade de Portugal, ou<br />
seja, uma forte presença nas principais áreas<br />
metropolitanas e uma maior oportunidade nas<br />
zonas mais interiores.<br />
E face aos resultados que retirou do<br />
estudo, qual a variação comparativamente ao<br />
esperado?<br />
> Relativamente à presença de instalações<br />
a Norte do Pais, podemos constatar que<br />
efectivamente e comparativamente ao estudo<br />
anterior, existe em número de instalações uma<br />
evolução positiva.<br />
Comparativamente ao resto da Europa,<br />
quão evoluído se encontra o sector em<br />
Portugal?<br />
> O sector está em rápido crescimento,<br />
e encontra-se a acompanhar as tendências<br />
actuais de digitalização dos processos e<br />
integração da informação entre os parceiros.<br />
No entanto, ainda é necessário aprofundar<br />
estas sinergias para que todos possam sair<br />
mais competitivos no mercado global.<br />
Quais as vantagens e os entraves do nosso<br />
país para a evolução do sector?<br />
> Como principal vantagem vejo a crescente<br />
formação superior na área da Logística. O<br />
actual PM refere que a intenção é chegar ao<br />
final desta década “com 50% da população<br />
entre os 30 e os 34 anos com uma formação<br />
superior completa”, para isso o Plano de<br />
Recuperação e Resiliência (PRR) contempla<br />
“um programa especificamente destinado para<br />
daqui até 2026 aumentar em 10% o número de<br />
jovens licenciados”.<br />
Em termos de entraves, poderemos<br />
identificar a necessidade rápida de<br />
actualização das operações em termos<br />
tecnológicos, em especial na visibilidade<br />
ao longo de toda a cadeia, o que obrigará<br />
as empresas a investimentos profundos de<br />
melhoria dos actuais sistemas de informação<br />
Como vê os resultados dos anos seguintes<br />
face a todos os problemas pelos quais a supply<br />
chain se encontra a passar?<br />
> Os próximos anos, apesar de ainda<br />
rodeados de algumas incertezas, prevêem-<br />
-se ainda assim positivos. Existem neste<br />
momento políticas de apoio que visam corrigir<br />
as situações pelas quais a supply chain se<br />
encontra. Apesar disso, serão igualmente<br />
tempos cruciais para as empresas que saibam<br />
quer aplicar os incentivos da forma mais<br />
correcta, como a retoma da economia. São nos<br />
períodos transformacionais que criam novos<br />
modelos de negócio e se transformam os<br />
existentes.<br />
Quais serão os próximos desafios a superar<br />
pelo sector?<br />
> A área da Logística, é sem dúvida<br />
crucial para que as empresas hoje em dia<br />
se diferenciem. Adicionalmente, permite às<br />
empresas uma alavancagem financeira, uma<br />
vez que é uma área que, bem gerida, permite<br />
sempre poupanças importantes às operações<br />
globais. O sector passa, nos dias de hoje, pelo<br />
seu maior desafio, talvez também acelerado<br />
pela transformação gerada por uma pandemia<br />
mundial: a digitalização e integração dos<br />
processos. O e-commerce como que passou<br />
a ser uma parte muito mais presentes das<br />
nossas vidas, e como tal, a Logística terá que<br />
fazer este caminho de uma forma muito mais<br />
acelerada do que aquilo que era expectável. O<br />
sucesso na rapidez de transformação, será um<br />
dos principais desafios para as empresas e um<br />
factor importante que servirá para diferenciar<br />
as empresas entre as demais. •
20<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
logística<br />
Casa Peixoto
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
Texto: Dora Assis e Fábio Santos<br />
Fotos: Casa Peixoto<br />
A<br />
logística<br />
é o pulmão<br />
Tem 45 anos e posiciona-se com<br />
destaque num mercado onde<br />
pululam gigantes multinacionais.<br />
Foi-se construindo, reconstruindo e<br />
adaptando à evolução e à passagem<br />
dos anos e, se a parte comercial é<br />
o coração e o core da empresa, a<br />
logística, essa, é assumidamente o seu<br />
pulmão. Falamos da Casa Peixoto, uma<br />
empresa portuguesa, com certeza!<br />
O<br />
nosso interlocutor é Luciano Peixoto,<br />
CEO da empresa e filho do fundador. A<br />
conversa é feita de história e de caminhos,<br />
os que paulatinamente têm vindo a ser<br />
construídos e sobretudo os que aí vêm e que<br />
se fazem com inovação e melhoria contínua<br />
nos processos e na logística. O melhor ainda<br />
está para vir.
22<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Ao longo de 45 anos, muita<br />
coisa mudou. Os processos,<br />
os produtos, a experiência<br />
de venda, e até o próprio<br />
cliente e os seus hábitos<br />
de consumo, tendo sido<br />
necessário adaptarem-se<br />
a todas essas mudanças.<br />
Como tem sido esta<br />
evolução?<br />
Luciano Peixoto > Em<br />
45 anos de história, a Casa<br />
Peixoto atravessou diferentes<br />
gerações, comportamentos de<br />
mercado e perfis de consumo e consumidores.<br />
Em todos estes momentos, uma característica<br />
da empresa sobressaiu: a capacidade de se<br />
adaptar e reinventar perante a mudança.<br />
Nascemos numa época e num meio rural<br />
em que não se falava de optimização de<br />
processos ou melhoria contínua, mas apenas<br />
de trabalho. Somos do tempo em que, descarga<br />
a descarga, telha a telha, saco de cimento<br />
a saco de cimento se descarregava tudo à<br />
mão. Antes da introdução da tecnologia e<br />
antes que a empresa tivesse capacidade<br />
para investir em maquinaria e acessórios de<br />
apoio, todos os materiais eram carregados<br />
e descarregados à mão. E com trabalho se<br />
edificou, passo a passo, a Casa Peixoto, uma<br />
empresa sustentável, resiliente, inovadora,<br />
com legado e know-how. Ao longo dos anos, a<br />
empresa foi-se actualizando, acompanhando<br />
os vários desenvolvimentos quer ao nível da<br />
gestão, dos investimentos em tecnologia e<br />
inovação, na formação dos colaboradores,<br />
na modernização e expansão dos centros<br />
logísticos, e em novas parcerias comerciais,<br />
para dar uma resposta eficaz ao crescimento.<br />
Temos orgulho em ser uma empresa sólida,<br />
que regista um crescimento responsável. O<br />
percurso de evolução de várias<br />
décadas permitiu posicionar-nos<br />
hoje como a maior empresa<br />
de materiais de construção<br />
de capitais exclusivamente<br />
portugueses, e diferenciou-<br />
-nos pela apresentação<br />
de soluções completas de<br />
construção e decoração<br />
personalizadas, ao melhor<br />
preço, tanto para o cliente<br />
profissional como particular.<br />
Qual a facturação e crescimento que<br />
tiveram no último ano/últimos dois anos?<br />
> Em 2020, a nossa faturação foi de 43,5 M€.<br />
Esperamos alcançar nos próximos anos um<br />
crescimento em volume de negócios perto<br />
dos 20%, com os resultados líquidos bem<br />
superiores aos alcançados nos últimos anos.<br />
A maior parte dos vossos clientes é<br />
particular ou profissional?<br />
> Inicialmente, desenvolvemos a nossa<br />
actividade orientados para o cliente<br />
profissional da construção e para o reforço<br />
de uma relação de proximidade com este<br />
segmento, de forma a correspondermos<br />
com todo o tipo de soluções e produtos. A<br />
abertura este ano da nossa loja de Aveiro e<br />
o lançamento do serviço Casa Peixoto PRO,<br />
com vista à agilidade de processos com o<br />
profissional da construção, é um exemplo dessa<br />
proximidade.<br />
Actualmente, com a expansão das lojas e<br />
show-room, abrangemos também o segmento<br />
do cliente particular, que cada vez mais nos<br />
procura para aconselhamento de soluções<br />
construtivas e de decoração, montagem de<br />
cozinhas e aquisição de produtos para toda a<br />
casa.
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
Como funciona a vossa operação desde<br />
o momento da compra até ao momento da<br />
chegada ao cliente?<br />
> Na Casa Peixoto os clientes têm a<br />
possibilidade de adquirir os materiais via<br />
loja online e lojas físicas. Em ambas as<br />
possibilidades, o processo de compra é<br />
simples e ágil. Temos equipas altamente<br />
profissionalizadas que recebem formação<br />
técnica com frequência por forma a que<br />
consigam apresentar as melhores soluções<br />
nestes dois ambientes (físico e online). Os<br />
clientes têm a possibilidade de escolher se<br />
preferem receber comodamente os artigos<br />
na sua casa ou efetuar o levantamento em<br />
qualquer loja Casa Peixoto de Norte a Sul.<br />
Possuímos uma frota própria, capaz de<br />
realizar entregas de forma rápida e garantindo<br />
uma entrega em perfeitas condições.<br />
Trabalhamos também com serviço de<br />
transporte subcontratado, que possibilita<br />
a entrega dos materiais em zonas mais<br />
longínquas das lojas.<br />
Hoje, com a aposta no nosso sistema<br />
informático, com a aposta num armazém<br />
robotizado, e com uma equipa de logística e<br />
distribuição dedicada conseguimos preparar<br />
as encomendas em tempo record e garantir as<br />
entregas em 24h00/48h00 em qualquer parte<br />
do país.<br />
Estamos cada vez mais atentos às<br />
dificuldades de existência de stock, devido<br />
à escassez de muita matéria-prima e<br />
conseguimos com o apoio dos nossos<br />
fornecedores fazer uma gestão de stock<br />
eficiente, que nos permite dar resposta aos<br />
nossos clientes mesmo nos momentos de maior<br />
dificuldade.<br />
Como se encontra o mercado da construção<br />
actualmente em Portugal?<br />
> O mercado da construção em Portugal é<br />
um mercado muito dinâmico e não obstante a<br />
situação pandémica que ainda atravessamos,<br />
o sector mantém uma evolução moderada e<br />
globalmente positiva. Acredito que os próximos<br />
tempos mantenham este mesmo registo.<br />
A generalidade das previsões, entre as quais<br />
das associações dos Industriais da Construção<br />
Civil e Obras Públicas, apontam para uma taxa<br />
de crescimento a rondar os 2,2% para este ano,<br />
prevendo-se que Portugal retome a trajectória<br />
de crescimento a partir de 2022. Mas estamos<br />
optimistas e acreditamos que os números<br />
possam superar estas previsões.
24<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Foram pioneiros europeus em 2003 ao nível<br />
da robotização de armazém na vossa área de<br />
negócio. Quais foram as vantagens sentidas<br />
nestes últimos 18 anos que vos permitiram<br />
avançar mais rapidamente que a concorrência?<br />
> A logística suplementa o crescimento<br />
sustentado da empresa ao longo dos anos.<br />
Ao investirmos numa logística 4.0, podemos<br />
identificar 4 grandes vantagens que a<br />
tornam um ponto vital para o nosso negócio,<br />
nomeadamente para corresponder aos desafios<br />
do e-commerce e conduzir a Casa Peixoto a<br />
novos patamares e posicionamento estratégicos<br />
fortalecidos para fazer face ao mundo mais<br />
digital.<br />
Ao nível da cadeia de abastecimento,<br />
passámos a ter um ecossistema equilibrado,<br />
desde o cálculo da procura, custos de aquisição,<br />
stock e custos logísticos, através de cálculos de<br />
procura futura com alto grau de assertividade,<br />
além de entendimento do comportamento das<br />
experiências dos clientes e fornecedores.<br />
Ao nível da integração entre produção<br />
e logística, através de automatização,<br />
conectividade e processos inteligentes, da<br />
gestão de stock que nos permite reduzir perdas,<br />
optimizar a reposição de produto e aumentar a<br />
produtividade. Outra das vantagens<br />
prende-se com o transporte. A Casa Peixoto<br />
dispõe de uma frota, que em conjunto com<br />
uma equipa de distribuição dedicada, e com<br />
a automatização permite-nos ter rotas mais<br />
eficientes e entrega de materiais entre 24<br />
e 48 horas, em qualquer parte do país, sem<br />
complicações.<br />
Hoje estão presentes em seis pontos do<br />
país e chegam de Norte a Sul de Portugal.<br />
Que investimentos têm realizado na área da<br />
logística para acompanhar esse crescimento?<br />
> Actualmente, dispomos de seis lojas em<br />
Portugal (Braga, Viana do Castelo, Guimarães,<br />
Aveiro, Porto e Lisboa), um representante em<br />
Paris, e franchisados no continente africano,<br />
o que demonstra a nossa capacidade de<br />
crescimento sustentável ao longo das várias<br />
décadas. Contamos com dois centros logísticos<br />
e o principal (Armazém Central) situa-se em<br />
Viana do Castelo. Em 2020, realizámos um<br />
investimento de centenas de milhares de euros,<br />
com o objectivo de melhorar e expandir a<br />
nossa plataforma logística para responder, de<br />
forma cada vez mais eficaz, ao crescimento da<br />
empresa.<br />
Adquirimos dois novos módulos de<br />
armazenamento vertical automático, apostando<br />
cada vez mais em sistemas dinâmicos de<br />
armazenamento e picking. Construímos<br />
uma nova plataforma de cargas e uma<br />
área considerável de armazém coberto,<br />
criando assim a estrutura necessária para<br />
implementação de cross-docking, assim como<br />
para o futuro mapeamento automatizado<br />
de rotas de entrega de encomendas. Fomos<br />
pioneiros no sector de comércio de materiais<br />
de construção, com a implementação de<br />
um armazém totalmente robotizado com<br />
capacidade para 10.000 paletes. Dispomos<br />
ainda de uma plataforma logística, localizada<br />
em São João da Talha, para apoio à gestão de<br />
entregas na área da grande Lisboa, dando força<br />
ao compromisso da Casa Peixoto de entrega de<br />
materiais entre 24h e 48h.<br />
Também estão presentes em França e na<br />
Guiné. Como são feitos estes processos de<br />
exportação?<br />
> A exportação foi uma decisão estratégica,<br />
por forma a chegar a outro mercado<br />
consumidor. Os processos de exportação<br />
adoptados na Casa Peixoto cumprem<br />
com todos os requisitos e obrigações
SCM Supply Chain Magazine 25<br />
legalmente estipulados. Temos exportações<br />
intracomunitárias e extracomunitárias.<br />
A exportação intracomunitária é aquela<br />
que mais se assemelha ao processo de<br />
entrega em Portugal Continental, sendo os<br />
materiais enviados em camiões e entregues<br />
comodamente na morada dos clientes.<br />
Já os envios extracomunitários são muito<br />
mais apertados e exigem um processo mais<br />
elaborado e criterioso.<br />
Temos uma equipa dedicada ao processo de<br />
exportação, que averigua quais os documentos<br />
específicos necessários para cada tipo de<br />
mercadoria exigidos para a exportação,<br />
no país de origem, para que os bens sejam<br />
devidamente admitidos no país de destino.<br />
Cumprimos com rigor os Incoterms,<br />
customizados caso a caso, sendo que as<br />
modalidades de Incoterms com que mais<br />
trabalhamos são as EXW; FOB e CFR.<br />
Procuramos dia-a-dia fazer follow-ups, os<br />
quais nos ajudam a tornar as entregas mais<br />
assertivas ao mesmo tempo que nos ajudam a<br />
identificar falhas no processo de exportação.<br />
Quais as maiores dificuldades sentidas ao<br />
nível da logística?<br />
> A maior dificuldade que temos sentido<br />
prende-se com a disponibilidade dos produtos<br />
que, devido à pandemia, afectou alguns dos<br />
nossos parceiros. A nível da gestão logística,<br />
não temos sentido problemas. Acreditamos<br />
que, se a área comercial é o core e o coração<br />
da Casa Peixoto, a logística terá que ser o<br />
pulmão. Assim, entendemos que o investimento<br />
numa operação logística robusta e articulada,<br />
sustenta a assertividade das nossas vendas.<br />
Centro Logístico da LPR, Warrington, Inglaterra<br />
Red is<br />
making<br />
things<br />
easier<br />
Com a LPR consegue facilmente gerir as suas<br />
encomendas e monitorizar os seus stocks online<br />
A LPR apresenta as soluções adequadas para uma gestão mais eficiente do<br />
seu parque de paletes. Todos os nossos serviços logísticos e de gestão de<br />
informação são automáticos. Para além disso, no nosso Portal poderá<br />
facilmente acompanhar toda a sua atividade: visualizar os fluxos de paletes,<br />
encomendas, stocks, inspeções de qualidade, rentabilizando tempo, espaço<br />
físico e custos de transporte. Para mais informações visite a LPR.eu<br />
A pallet is red, red is a pallet
26<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Face a um problema,<br />
a cultura da Casa<br />
Peixoto passa pelo foco<br />
apenas na solução<br />
E ao nível da preocupação com a<br />
sustentabilidade, que estratégias têm vindo a<br />
implementar?<br />
> Temos vindo a desenvolver uma estratégia<br />
de sustentabilidade com base em dois eixos<br />
principais: Sustentabilidade social e ambiental.<br />
No campo da sustentabilidade social, temos<br />
vindo a apoiar a Liga dos Amigos do Hospital<br />
de Viana do Castelo e demais instituições para<br />
as quais contribuímos com valores monetários<br />
ou géneros, além do apoio a diversas entidades<br />
sem fins lucrativos nas zonas envolventes às<br />
nossas lojas. Recentemente, desenvolvemos<br />
uma parceria com a associação Just a Change,<br />
com o objectivo de contribuir para combater a<br />
pobreza habitacional, que em Portugal afecta<br />
mais de 420.000 portugueses. A materialização<br />
desta parceria aconteceu já em Novembro, com<br />
a reconstrução de uma residência de habitação<br />
no Porto, que envolve a intervenção dos nossos<br />
colaboradores.
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
Outra das preocupações,<br />
prende-se com a necessidade<br />
de contribuirmos para reduzir a<br />
pegada ambiental e termos uma<br />
voz activa na defesa do planeta.<br />
Na área da sustentabilidade<br />
ambiental, destacamos a<br />
reciclagem e separação<br />
de materiais grossistas –<br />
aceitamos cartão e esferovite,<br />
paletes e madeira, oriundos<br />
das obras, junto dos nossos<br />
clientes e gratuitamente, para<br />
reciclagem. Por toda a empresa<br />
temos dispositivos de separação<br />
de resíduos, para que todos<br />
os colaboradores, com prévia<br />
orientação para tal, reciclem<br />
todos os resíduos produzidos na<br />
empresa.<br />
A nova loja no Porto<br />
representa um grande<br />
investimento para a Casa<br />
Peixoto, tornando-se um marco<br />
para os 45 anos da empresa.<br />
Este investimento é fruto de um crescimento do<br />
negócio nesta região?<br />
> O crescimento do negócio na região<br />
Norte, acompanha a ascensão da economia<br />
no Porto e no Norte do País, que resulta de<br />
um tecido empresarial altamente qualificado<br />
e inovador, talento dos recursos e capacidade<br />
de empreendedorismo, nomeadamente na<br />
indústria da construção.<br />
Para além destas razões de ordem<br />
económica, somos uma empresa familiar do<br />
Norte, temos a nossa sede em Viana do Castelo,<br />
e conhecemos bem o mercado desta região.<br />
Voltemos à pandemia. Que impacto teve<br />
nas vossas operações e como se adaptaram e<br />
superaram as dificuldades?<br />
> A crise pandémica da Covid-19 teve algum<br />
impacto na nossa actividade, e verificou-se<br />
alguma quebra. No entanto, com o primeiro<br />
confinamento, no segmento de cliente final, foi<br />
evidente uma maior preocupação das famílias<br />
com o conforto da casa, o que se reflectiu<br />
positivamente nas vendas nos meses seguintes<br />
de 2020. A “obrigação” de todos nós passarmos<br />
mais tempo em casa, originou este aumento de<br />
procura de materiais de construção, decoração<br />
e bricolage no período referido. Quanto ao<br />
cliente profissional da construção, houve uma<br />
maior estabilidade ao longo do ano. Tirando<br />
o primeiro impacto do início da pandemia,<br />
onde o sentimento negativo com o futuro foi<br />
mais acentuado, as obras foram-se mantendo<br />
em andamento. Trata-se de um negócio com<br />
um tempo de ciclo longo, entre a decisão<br />
do investimento por parte do promotor, à<br />
aprovação de projetos nas câmaras, terminando<br />
na conclusão de obra, podem passar facilmente<br />
cinco anos. Por esse motivo, no curto prazo,<br />
o efeito da pandemia não se fez sentir na<br />
construção nova e reabilitação urbana.<br />
Em 45 anos de história, já passámos por<br />
várias crises. Em todos estes momentos,<br />
uma característica da empresa sobressaiu: a<br />
capacidade de se adaptar e reinventar perante<br />
as crises. Face a um problema, a cultura da Casa<br />
Peixoto passa pelo foco apenas na solução. Nas<br />
crises, a empresa tem crescido pois procura<br />
fora da sua zona de conforto áreas antes<br />
inexploradas. Um exemplo: durante a crise<br />
económica global de 2008-2013, a construção<br />
em Portugal esteve parada, o que levou a<br />
empresa a estruturar um projeto sólido de<br />
exportação, até então inexplorado. Foi a partir<br />
dessa crise que a presença internacional da
28<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Casa Peixoto se intensificou e que a empresa<br />
se apresentou como player sólido no mercado<br />
global. Paralelamente, reconfigurámos a<br />
estrutura e conceito do atendimento em<br />
loja, com a inclusão de equipas comerciais<br />
técnico-especializadas (designers, engenheiros,<br />
arquitectos), que são hoje a chancela da<br />
qualidade do atendimento nas nossas lojas.<br />
Hoje, quando surge uma situação de crise, a<br />
equipa da Casa Peixoto sabe que a irá superar<br />
e trabalha criativamente para responder com<br />
a estratégia certa à especificidade de cada<br />
momento. Com uma política de investimento<br />
contínuo, a empresa tem conseguido obter<br />
crescimentos constantes e sustentados, ano<br />
após ano. É ainda com um rigoroso controlo<br />
de custos que nos permite construir um<br />
“barco” mais robusto, com maior capacidade<br />
de resposta face a tempestades que possam<br />
ocorrer, tal como a que vivemos actualmente.<br />
Foi durante este tempo que lançaram várias<br />
novidades, como o novo website, a loja online,<br />
a app para smartphone, o armazém-loja de<br />
São João da Talha e, ainda mais recentemente,<br />
a Casa Peixoto PRO. Como foi esta migração<br />
repentina para um mundo mais digital e quais<br />
os resultados que estes investimentos têm<br />
vindo a presentar?<br />
> A Casa Peixoto tem vindo a apostar numa<br />
estratégia omnicanal impulsionada pela<br />
experiência social pandémica desde o final<br />
do ano passado. O reforço do crescimento<br />
no mercado digital, como resposta às novas<br />
necessidades e perfis de consumidores, já fazia<br />
parte dos nossos planos de expansão, antes<br />
da pandemia. Preparámo-nos para a explosão<br />
das vendas online em 2020, com investimento<br />
no abastecimento e entregas, assim como em<br />
termos informáticos, de recursos e de espaço.<br />
Desta forma, temos vindo a acompanhar as<br />
tendências do comércio online. A loja online<br />
inclui um vasto portfólio de produtos para a<br />
casa.<br />
Actualmente disponibilizamos mais de 20 mil<br />
artigos online, de diferentes segmentos, desde<br />
Salas de Banho, Pavimentos e Revestimentos,<br />
Jardim, Lar e Bricolage, e apresentamos várias<br />
soluções para a remodelação da casa, dando<br />
resposta aos consumidores que valorizam a<br />
funcionalidade, conforto e a experiência de<br />
compra não presencial, acompanhando as<br />
tendências do comércio online.<br />
A par com a loja online, foi lançada uma<br />
aplicação móvel, exclusiva para profissionais<br />
do sector. Disponível para Android e IOS, a App<br />
Casa Peixoto PRO, permite que estes realizem<br />
as suas encomendas com levantamento nas<br />
diferentes lojas da Casa Peixoto, ter acesso<br />
a preços exclusivos, consultar as facturas,<br />
encomendas e cotações em aberto, assim como<br />
acompanhar a evolução da conta corrente.<br />
Recentemente, lançámos o Outlet online<br />
que disponibiliza várias gamas de produtos e<br />
permite usufruir de descontos durante todo o<br />
ano, um projecto que nasce com o objectivo de<br />
ter um conceito adequado ao ambiente web,<br />
muito sensível aos preços, sendo algo inovador<br />
no sector dos materiais de construção.<br />
Ao nível da estratégia, nacional e<br />
internacional, e dos investimentos futuros, o<br />
que poderemos esperar nos próximos tempos<br />
da Casa Peixoto?<br />
> No final deste ano, vamos abrir uma nova<br />
loja em Paranhos, na Circunvalação, próximo<br />
ao Parque Nascente, no Porto. Esta será a<br />
maior loja da Casa Peixoto, com uma área
SCM Supply Chain Magazine 29<br />
comercial de mais de 8.000m2. Desenhada<br />
como uma verdadeira galeria de arte, tem um<br />
conceito diferenciado, onde os clientes poderão<br />
encontrar as mais variadas soluções para<br />
concretizarem os seus sonhos.<br />
A loja vai vender projectos à medida na área<br />
das cozinhas, casas de banho, climatização,<br />
iluminação, entre outros, e oferecer aos clientes<br />
um serviço altamente especializado. Uma<br />
oferta abrangente de materiais de construção<br />
inovadores e artigos de decoração dispostos<br />
em dezenas de ambientes diferentes darão<br />
resposta às necessidades dos profissionais<br />
destes sectores (arquitetos, empreiteiros, donos<br />
de obra…), bem como do público em geral.<br />
A nova loja vai apresentar dezenas de<br />
milhares de produtos expostos, por forma<br />
a tornar a experiência do cliente numa<br />
experiência única. Nesta nova loja vamos<br />
contar também com uma nova equipa,<br />
especializada e totalmente orientada para<br />
o cliente, com o know-how necessário e<br />
a experiência para apresentar soluções<br />
integradas e projectos à medida. Este know-<br />
-how e experiência são decisivo para orientar<br />
os nossos clientes e facilitar-lhes o processo<br />
de decisão, quer estejamos a falar do cliente<br />
particular ou do profissional.<br />
Está também previsto num futuro<br />
relativamente próximo a abertura de uma<br />
nova loja em Lisboa, junto ao Parque das<br />
Nações. Temos também como objectivo<br />
aumentar a presença internacional da Casa<br />
Peixoto, replicando o nosso modelo de negócio<br />
com parceiros estratégicos nos diferentes<br />
países, como reforço da nossa estratégia de<br />
exportações, que detém um peso considerável<br />
no negócio. •
30<br />
<strong>Outubro</strong> oUTUBRO <strong>2021</strong><br />
logística<br />
VGP Park Santa Maria<br />
da Feira<br />
Portugal é um<br />
país estratégico<br />
No dia 4 de Novembro ocorreu a inauguração<br />
do novo VGP Park Santa Maria da Feira, o<br />
primeiro parque da empresa em território<br />
nacional. São cerca de 30.000 metros<br />
quadrados edificados e 46 cais, num terreno<br />
de 73.500, localizado junto à A1 e ao CREP<br />
A41, a Circular Regional Exterior do Porto.<br />
O primeiro inquilino instala-se em 2022: é a<br />
Rádio Popular.<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Fotos: VGP Park<br />
A<br />
VGP chegou a Portugal em 2019, e iniciou<br />
a construção do novo parque ainda no<br />
primeiro trimestre de <strong>2021</strong>, e poucos<br />
meses depois já se encontrava terminado.<br />
A experiência da VGP permitiu esta grande<br />
agilidade, e rapidamente se colocaram no<br />
mercado português.
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
Foi o primeiro edifício, e<br />
começar algo novo num novo<br />
país é sempre um pouco difícil,<br />
e é preciso ser-se audaz para<br />
colocar toda esta confiança<br />
nas nossas mãos<br />
Neste momento, o espaço encontra-se<br />
totalmente arrendado pela Rádio Popular, uma<br />
das principais marcas portuguesas de retalho<br />
em electrónica de consumo e a primeira a<br />
instalar-se no VGP Park Santa Maria da Feira.<br />
Este foi o local escolhido pela empresa para<br />
instalar o seu novo centro logístico, e irá<br />
mudar-se para as novas instalações já no<br />
início de 2022, esperando aumentar a sua<br />
produtividade em 25%.<br />
Apesar de para já o espaço se encontrar<br />
completamente ocupado, futuramente as<br />
empresas poderão adquirir áreas que vão desde<br />
os 2.500 metros quadrados até à totalidade<br />
do parque, para soluções personalizadas às<br />
grandes operações.<br />
Responder à economia<br />
Por parte da VGP, Jan Van Geet, CEO da<br />
empresa, afirmou durante o seu discurso<br />
de inauguração que “Portugal é um país<br />
estratégico para a VGP. Os fundamentos da<br />
economia são fortes - ostentando uma mãode-obra<br />
qualificada e de língua inglesa, situada<br />
no meio de sistemas políticos e sociais bem<br />
ancorados e estáveis. Além disso, a economia<br />
está no caminho certo para uma forte<br />
recuperação pós-pandemia, como se pode ver<br />
nos dados relativos ao volume de negócios da<br />
produção industrial e às vendas a retalho, a<br />
reflectir a procura pendente dos consumidores<br />
portugueses”.<br />
Jan Van Geet também destaca e agradece à<br />
Rádio Popular porque “foi o primeiro edifício,<br />
e começar algo novo num novo país é sempre<br />
um pouco difícil, e é preciso ser-se audaz para<br />
colocar toda esta confiança nas nossas mãos”.<br />
Em Portugal, o country manager da empresa<br />
é José Manuel Ferreira. O responsável pela<br />
VGP Portugal comenta que já têm vários<br />
projectos a decorrer, e que “para além do<br />
nosso primeiro parque em Santa Maria da<br />
Feira, adquirimos também terrenos em Sintra<br />
e Loures. A nossa ambição é ter estes parques<br />
totalmente arrendados nos próximos meses.<br />
Além disso, estamos a analisar várias novas
32<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
localizações nas zonas de Lisboa e Porto. A VGP<br />
tem uma ambição clara de trazer localizações<br />
privilegiadas, padrões de qualidade elevados e<br />
os edifícios mais sustentáveis para o mercado<br />
português. Não nos esforçamos para ser os<br />
maiores, mas muito mais pretendemos ser os<br />
melhores na classe”.<br />
Emídio Sousa, presidente da Câmara<br />
Municipal de Santa Maria da Feira, foi o<br />
convidado de honra para a inauguração. Ao<br />
O VGP Park Santa Maria da<br />
Feira destaca-se pela sua<br />
dimensão e alcance, mas<br />
sobretudo pelo seu compromisso<br />
com a sustentabilidade, a<br />
responsabilidade social, a<br />
comunidade e a região<br />
nível do município, o autarca defende que “a<br />
abertura deste parque de negócios é muito<br />
mais do que um mero acto formal ou simbólico.<br />
É um passo decisivo para a afirmação da<br />
nossa estratégia de atracção de projectos de<br />
valor acrescentado na nossa região. O VGP<br />
Park Santa Maria da Feira destaca-se pela<br />
sua dimensão e alcance, mas sobretudo pelo<br />
seu compromisso com a sustentabilidade, a<br />
responsabilidade social, a comunidade e a<br />
região”.<br />
O autarca enfatiza a importância da<br />
localização geográfica da freguesia de Nogueira<br />
da Regedoura, pois “estamos aqui mesmo<br />
junto ao nó da A1, à A41, e a poucas centenas<br />
de metros da A29”. “Estamos precisamente,<br />
naquilo que eu digo, no sítio mais estratégico<br />
em termos de localização em Portugal”,<br />
acrescenta ainda.<br />
Como realçou, o VGP Park Santa Maria da<br />
Feira encontra-se a apenas 100 metros da
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
auto--estrada, e a 20 quilómetros do Porto,<br />
14 de Vila Nova de Gaia e de Santa Maria da<br />
Feira e a apenas seis de Espinho. Ao nível dos<br />
acessos aos transportes, está a 20 minutos do<br />
aeroporto Francisco Sá Carneiro, 24 do Porto de<br />
Leixões e a 13 da estação de comboio.<br />
“Utilizando os mais recentes avanços<br />
tecnológicos, o edifício cumpre os requisitos<br />
para uma construção energeticamente<br />
eficiente e sustentável e terá como objectivo<br />
ser o primeiro parque logístico certificado<br />
sustentável BREEAM Very Good em Portugal”,<br />
avançou a empresa, e destaca que tal como<br />
os seus restantes edifícios, também este está<br />
preparado para receber painéis solares e<br />
estações de carregamento eléctricas.<br />
O Grupo VGP está actualmente em 13 países<br />
europeus, e em 11 deles encontram-se mais<br />
de 85 parques, e destaca a importância do uso<br />
de tecnologias de ponta, da sustentabilidade<br />
e da eficiência energética nas propriedades<br />
comerciais que a VGP desenvolve. “A empresa<br />
pretende ser neutra em carbono até 2025 e<br />
está também a trabalhar nas certificações<br />
BREEAM e na geração de energia verde através<br />
da sua unidade de negócio VGP Renewable<br />
Energy”, comenta em comunicado. Como<br />
resultado, 35% do portefólio da VGP já está<br />
certificado e a capacidade de produção de<br />
energia verde da VGP Renewable Energy foi<br />
expandida para 62 MWp, com mais 71 MWp<br />
no oleoduto. Em 2019 criaram a Fundação<br />
VGP, com o objectivo de aumentar o impacto<br />
social da empresa, e identificou os primeiros 23<br />
projectos a apoiar. Até agora já foi dotada de 7<br />
milhões de euros pela VGP.<br />
Jan Van Geet destaca ainda que no próximo<br />
ano irão investir mais de mil milhões de euros<br />
nos seus projectos, e que uma parte desse valor<br />
será direccionado para Portugal. •
Texto: Rui Oliveira, One Automotive Alliance<br />
34<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
logística<br />
Opinião Rui Oliveira<br />
Supply Chain<br />
vs. Supply<br />
China<br />
A dependência da Ásia mostrou-se uma<br />
vantagem competitiva para as empresas<br />
durante muitos anos, pois os preços<br />
eram muito abaixo dos praticados nos<br />
mercados mais próximos, mas conforme<br />
se vão verificando mais problemas ao<br />
longo da cadeia, nomeadamente ao nível<br />
dos transportes e da disponibilidade de<br />
contentores. Rui Oliveira, business partner<br />
da One Automotive Alliance, partilha<br />
connosco esta visão e defende que de<br />
modo a gerar competitividade as empresas<br />
devem apostar na inovação, design e valor<br />
acrescentado.<br />
Ao desenhar um processo sobre<br />
a localização de uma cadeia de<br />
abastecimento para um cliente OEM, ao<br />
escrever supply chain, por erro escrevi supply<br />
china.<br />
Fez-me pensar e refletir sobre esta realidade<br />
em que muitas economias estão hoje tão<br />
dependentes dos abastecimentos da China,<br />
quer seja de matéria-prima base, quer seja de<br />
produtos manufaturados.<br />
Para muitos mercados, de facto tem sido<br />
supply china management e não supply chain<br />
management.<br />
A China é um centro produtivo em massa<br />
fundamental para as economias globais<br />
dependentes desta capacidade produtiva.<br />
Este centro de produção em massa, permitiu<br />
uma competitividade de custo que foi<br />
financeiramente vantajoso para as empresas /<br />
economias compradoras.<br />
Porém, esta vantagem, teve a clara<br />
desvantagem da dependência excessiva neste<br />
mercado.
SCM Supply Chain Magazine 35<br />
As fragilidades deste abastecimento ficaram<br />
claras nesta crise. Há alguns fatores-chave a ter<br />
em conta:<br />
• Força de trabalho: com os “lockdowns”<br />
e restrições nem todas as fábricas conseguiram<br />
/ conseguem produzir de forma normalizada;<br />
• Logística: Atual desbalanceamento de<br />
movimentos provocou uma falta de contentores<br />
para o transporte marítimo;<br />
• Custos Logísticos: custo de transporte<br />
de contentores da Ásia para a Europa, subiu de<br />
2 mil euros para valores acima de 15 mil euros<br />
(quando há disponibilidade);<br />
• Escassez de matérias-primas:<br />
Com a subida em flecha da procura de alguns<br />
bens, como cartão (ex. caixas Amazon) e<br />
semicondutores (aumento de consumo nos bens<br />
tecnológicos) aliados à alteração dos hábitos de<br />
consumo com pandemia;<br />
• Energia: Redução das produções na Ásia<br />
devido à conversão “verde”.<br />
A título de exemplo:<br />
O custo dum contentor da Ásia foi de cerca<br />
de 2.000 euros para valores agora a rondar os<br />
15.000 euros. Se estivermos a importar bens<br />
de grande valor acrescentado, como iPads, o<br />
impacto pode ser marginal. Mas, se estivermos<br />
a importar fibras poliéster, em que se compra<br />
a 1,5€/kg e transporta-se cerca de 20.000<br />
quilos num contentor, estaremos a falar de<br />
um aumento superior a 40%. Isto, quando há<br />
contentores e disponibilidade de produção.<br />
Estes são os contornos da atual tempestade<br />
perfeita, em que se manifestou claramente a<br />
excessiva dependência das nossas economias às<br />
produções da China.<br />
E isto não se cinge às importações de matériaprima<br />
na Europa.<br />
Num projeto de desenho de mapeamento dum<br />
produto que era fornecido via países da Europa,<br />
Ásia e América, concluímos que a produção base<br />
de matéria-prima era na China na mesma. E os<br />
efeitos eram sentidos igualmente nestas regiões.<br />
Estaremos perante mudanças significativas<br />
futuras de produção de matérias-primas base e<br />
commodities? O que a história nos diz, é que não.<br />
Os custos de transporte não devem a curto<br />
prazo voltar aos valores anteriores (pré-Covid), e<br />
espera-se uma estabilização no futuro a custos<br />
2,5 vezes superior ao anterior, como a norma do<br />
futuro.<br />
Como exemplo, temos as máscaras cirúrgicas<br />
(commodities), em que foram feitos grandes<br />
investimentos na Europa, e quando os preços<br />
na China estabilizaram, os europeus em massa<br />
voltaram a comprar na China, e as produções<br />
europeias paralisaram em muitas instâncias.<br />
Alternativas? Na Europa são escassas neste<br />
momento.<br />
Com isto, as nossas indústrias devem apostar<br />
na inovação, design e valor acrescentado para<br />
continuar no mercado com competitividade.<br />
Inovação esta que deve ser vista no início do<br />
projeto, tendo uma visão 360 desde captação de<br />
matérias-primas à vida final dos artigos. Só com<br />
esta visão conseguimos mitigar futuros riscos.<br />
Até lá, focar e investir no supply chain<br />
management, o caminho para vencer a crise. •
36<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
procurement<br />
Dicas para ter sucesso<br />
em tempo de crise<br />
Texto: Ana Paiva<br />
10 boas e más<br />
práticas no<br />
procurement em<br />
tempo de crise<br />
Através das suas experiências<br />
práticas no assunto, Sergii<br />
Dovgalenko, procurement consultant,<br />
business author e CPO, partilha 10<br />
regras que deve e não aplicar no<br />
procurement em tempos de crise. A<br />
maioria delas estão a ser executadas<br />
enquanto lê isto, sabia?<br />
1. Obtenha a adesão dos<br />
executivos para aquisições<br />
durante uma crise e ajude-os a<br />
manter o foco<br />
Normalmente, uma crise eleva o papel das<br />
compras, e até mesmo os executivos cépticos<br />
tendem a encará-lo com alguma esperança.<br />
O pior cenário é que a atenção da gestão se<br />
transforme em pedidos do género “corte de<br />
10-15-20% em toda a base de fornecimento”.<br />
O CPO precisa de obter um mandato diferente,<br />
como: “procure todas as oportunidades,<br />
desafie tudo para agregar valor”. As finanças<br />
e o procurement precisam de co-estabelecer<br />
o programa corporativo ‘back-in-black’<br />
presidido pelo Comité Executivo, e relatar,<br />
fazer engagement, e escalar regularmente para<br />
manter o ritmo.
SCM Supply Chain Magazine<br />
37<br />
2. Empregar técnicas de gestão<br />
de mudanças para modificar o<br />
comportamento de compra<br />
Teria de mudar os conceitos básicos sobre como<br />
as pessoas pensam quando decidem comprar<br />
algo. Para permitir uma mudança cultural<br />
será necessário todo o esforço de gestão de<br />
mudança. Instalar alguns controlos extras e<br />
limitar os gastos com viagens e entretenimento<br />
é necessário, mas não suficiente.<br />
3. Defina, colectivamente, o<br />
carrinho de compras mensal de<br />
bens e serviços que a sua empresa<br />
precisa para manter uma linha de<br />
vida<br />
Junto com os usuários finais, o procurement<br />
precisa de definir a fracção mensal necessária<br />
para manter a linha de vida operacional.<br />
Todos os outros gastos devem passar por<br />
níveis extras de escrutínio e aprovações. De<br />
preferência também deve haver um recurso de<br />
gastos razoável para evitar, adiar ou reduzir o<br />
tamanho o suficiente, até depois da crise ou<br />
talvez para sempre (por exemplo, presentes,<br />
entretenimento, viagens, catering).<br />
4. Analise regularmente os<br />
resultados e ajuste os controlos.<br />
Não ‘aperte os parafusos’<br />
necessariamente, pois há uma<br />
ampla área cinza de gasto entre<br />
a linha de vida e a discricionária,<br />
que não pode ser simplesmente<br />
eliminada<br />
As regras aplicáveis a esta zona cinzenta<br />
vão mudando regularmente de acordo com<br />
a situação da empresa, o mercado ou a nível<br />
global. Uma empresa nem sempre pode adiar<br />
os investimentos de capital. Eventualmente<br />
exigiria alguma instalação, manutenção ou<br />
treino ad-hoc. Controlos extras não devem<br />
custar a continuidade dos negócios ou a<br />
satisfação do cliente.<br />
5. Identifique os tipos de gastos<br />
desnecessários e elimine-os<br />
sistematicamente<br />
A função de procurement deverá ir além<br />
de apenas limitar as despesas opcionais<br />
que geralmente estão relacionadas com as<br />
operações de rotina do escritório. É preciso<br />
separar o valor da demanda daquela que<br />
desperdiça, e eliminar a última de forma<br />
incansável. Normalmente, isso requer a<br />
decomposição completa dos processos de<br />
negócios em toda a empresa, ao invés de<br />
apenas cortar algumas demandas utilitárias.
38<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
6. Qualquer dólar (euro)<br />
economizado não reflectido no<br />
orçamento é um desperdício<br />
O sector de compras deve evitar relatórios<br />
sobre falsas economias que não estão a ajudar<br />
a empresa a superar uma crise, implementando<br />
vários princípios básicos de gestão de savings:<br />
• Os savings são medidos contra o<br />
orçamento;<br />
• Há um recurso distinto de savings aplicável<br />
ao ano fiscal actual (‘cash’ savings);<br />
• O relatório é aprovado pelo controlo<br />
financeiro;<br />
• A realização de benefícios é monitorizada<br />
com base no consumo real (não em previsões!)<br />
• Os savings aprovados do ano fiscal actual<br />
são descontados do orçamento da respectiva<br />
unidade de negócios.<br />
Isto terá um efeito positivo no desempenho<br />
financeiro da empresa e as compras terão<br />
alcançado a entrega de valor.<br />
7. Não torne os fornecedores<br />
responsáveis pelos seus<br />
problemas financeiros<br />
Esta regra é a campeã de tudo o que não se<br />
deve fazer. Muitas empresas tendem a reprimir<br />
os seus fornecedores em vez de olhar para<br />
os seus próprios negócios para gerar novas<br />
receitas, ou mudar práticas e comportamentos<br />
fracassados. Até 5% de descontos extras a<br />
um custo de parceria podem ser facilmente<br />
substituídos até 100% de savings com a<br />
retirada de necessidades desnecessárias. Os<br />
fornecedores nem sempre podem ser a única<br />
fonte de eficiência e remendar buracos no<br />
balanço da empresa através dos seus fundos.
SCM Supply Chain Magazine<br />
39<br />
8. Não economize apenas - ganhe!<br />
A crise desperta a criatividade em muitas<br />
pessoas, e começam a perceber que as receitas<br />
secundárias menores estão a sair do radar.<br />
Sub-arrendamento de pequenos escritórios<br />
que ficaram vagos devido ao dimensionamento<br />
correcto, a divisão de receita com empresas<br />
aliadas, BPO de criação de receita e, é claro,<br />
parceria de marketing. Pode rentabilizar a sua<br />
clientela, já que cada viagem, estadia ou visita<br />
é um contacto do cliente que pode ser pago.<br />
9. Não pense que todos entendem<br />
as dificuldades e se preocupam<br />
com a sobrevivência da empresa<br />
Estar no meio de um furacão e sentir como o<br />
negócio se aguenta no meio dele dá a sensação<br />
de que todos estão a viver o mesmo, mas não<br />
para muitos dos seus colegas. Querem um<br />
novo computador, uma viagem de negócios<br />
confortável ou uma chamada em roaming<br />
em vez de uma sessão de Skype. O sector<br />
de compras precisa de defender a mudança<br />
e persuadir, desafiar e forçar aqueles que se<br />
opõem à nova realidade.<br />
10. Não desmonte os sistemas<br />
funcionais quando a crise passar,<br />
ajuste-os ao novo normal<br />
A turbulência não pára da noite para o dia.<br />
Assume uma recuperação longa e difícil<br />
durante a qual o procurement precisa de<br />
implementar mudanças sistemáticas com<br />
base no alívio temporário de um programa<br />
de resgate corporativo. Simplesmente voltar<br />
às práticas antigas significa atrair uma<br />
nova crise. •<br />
CONNOSCO
40<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
procurement<br />
Futuro sustentável<br />
A economia<br />
circular nas mãos<br />
das empresas e<br />
consumidores<br />
O Capgemini Research Institute<br />
desenvolveu um estudo denominado<br />
‘Circular Economy – for a sustainable<br />
future’ em que apresenta vários insights<br />
sobre a relação dos consumidores e<br />
das empresas com a economia circular.<br />
Um tema actual e importante para as<br />
organizações, cidadãos e, especialmente,<br />
para o planeta.<br />
Texto: Ana Paiva<br />
O<br />
relatório procura olhar para a consciência,<br />
comportamentos, expectativas e<br />
obstáculos do consumidor perante a<br />
economia circular, e verifica-se que a sua<br />
consciencialização sobre o problema do<br />
desperdício é alta. Os consumidores querem<br />
adoptar práticas conscientes, nomeadamente<br />
como reduzir, consumir, reutilizar, manter os<br />
produtos em utilização durante mais tempo, e<br />
reciclar. Além disso, estão também dispostos a<br />
apoiar empresas que se envolvem em práticas<br />
circulares, e a recompensá-las. Contudo,<br />
enfrentam obstáculos motivacionais e práticos<br />
significativos no que diz respeito à adopção<br />
destas práticas circulares, como por exemplo o<br />
“aluguer” de produtos. O custo, a conveniência,<br />
acesso e falta de informação são também<br />
alguns constrangimentos que os consumidores<br />
enfrentam actualmente.
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
Empresas de produtos de consumo e<br />
retalho, bem como do sector automóvel,<br />
devem esforçar-se mais, não só para encorajar<br />
os consumidores a praticar a circularidade,<br />
mas também para gerir as suas operações<br />
com base neste princípio. Actualmente, a<br />
maioria dos consumidores esperam que as<br />
organizações tomem mais medidas circulares,<br />
pois consideram que muitas não estão a<br />
fazer o suficiente. A pesquisa efectuada pela<br />
Capgemini identifica algumas acções-chave<br />
necessárias que as empresas devem ter em<br />
conta para permitir a economia circular,<br />
nomeadamente repensar radicalmente os<br />
seus modelos de negócio para identificar<br />
canais de receita alternativos que não sejam<br />
apenas impulsionados pela venda de produtos,<br />
enquanto implementam princípios de design<br />
circular nos processos produtivos. Devem<br />
ainda repensar as suas cadeias de valor e<br />
tentar, sempre que possível, “fechar o ciclo”<br />
através de uma maior colaboração dentro do<br />
seu ecossistema, bem como a nível externo<br />
com governos, académicos, think tanks, entre<br />
outros.<br />
É também importante que as organizações<br />
continuem a alavancar tecnologias emergentes<br />
como Internet das Coisas (IoT), blockchain e<br />
Inteligência Artificial (IA), uma vez que pode<br />
ajudar no rastreamento de fluxos de produtos e<br />
materiais dentro das cadeias de abastecimento<br />
ao construir as bases organizacionais para uma<br />
mentalidade circular através da construção<br />
de uma cultura de mudança de melhoria de<br />
skills para os funcionários, maior governança,<br />
responsabilidade e liderança.<br />
As empresas necessitam ainda de incentivar<br />
os consumidores a adoptar práticas circulares,<br />
fornecendo mais informações, construindo<br />
confiança e consciência e mudando as suas<br />
mentalidades.<br />
Os números falam por si<br />
O estudo revela que os consumidores estão<br />
cientes e preocupados com as questões de<br />
desperdício e esgotamento de recursos. Quase<br />
oito em cada dez (79%) afirmam saber que um<br />
terço dos alimentos produzidos globalmente é<br />
desperdiçado todos os anos, enquanto 63% têm<br />
consciência da enormidade do problema global<br />
de resíduos de plástico. Contudo, estão menos<br />
cientes do problema da fast-fashion e do lixo<br />
electrónico.<br />
Actualmente, a maioria<br />
dos consumidores esperam<br />
que as organizações tomem<br />
mais medidas circulares,<br />
pois consideram que<br />
muitas não estão a fazer o<br />
suficiente
42<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Nota-se que os consumidores estão ansiosos<br />
para adoptar práticas circulares. 79% afirma<br />
que contribuir para reduzir a criação de<br />
desperdício é um motivo para tomar acções<br />
circulares. As principais áreas de interesse do<br />
consumidor são: a redução do consumo, em<br />
que 54% deseja diminuir o consumo geral,<br />
comprando menos; comprar produtos de<br />
melhor qualidade, em que 72% se revelam<br />
interessados na compra de produtos mais<br />
duradouros, e 50% interessam-se pela compra<br />
de produtos de desperdício zero; prolongando<br />
a vida útil do produto, em que 70% estão<br />
interessados em manter e reparar produtos<br />
para aumentar a vida útil do mesmo, e 54%<br />
gostaria de reaproveitar e reutilizar produtos<br />
antigos; e descartar o produto de forma<br />
responsável, em que 69% está interessado<br />
em doar produtos usados, 64% em reciclar,<br />
e 62% em revender. Ainda assim, o interesse<br />
na circularidade relaciona-se com a facilidade<br />
com que os consumidores a conseguem<br />
adoptar. Algumas delas já são postas em<br />
prática no quotidiano, nomeadamente 41% dos<br />
consumidores compram regularmente produtos<br />
alimentares em embalagens mínimas, 37%<br />
estão a deixar de aderir à fast-fashion, e 31%<br />
compram regularmente produtos electrónicos<br />
com base na sua capacidade de reparação.<br />
Conveniência, acesso e custo são alguns<br />
dos obstáculos que os consumidores<br />
enfrentam para aderir à economia circular. A<br />
pesquisa revela que três em cada cinco (60%)<br />
citam a falta de informações sobre origem,<br />
reciclabilidade e conteúdo reciclado, na<br />
rotulagem do produto, como uma razão para<br />
não seguir acções circulares; 55% diz que é<br />
caro concertar produtos, e 48% refere que as<br />
alternativas ecológicas não são acessíveis; 53%<br />
revelam a sua relutância em se comprometer,<br />
Os consumidores<br />
querem adoptar<br />
práticas conscientes,<br />
nomeadamente como<br />
reduzir, consumir,<br />
reutilizar, manter os<br />
produtos em utilização<br />
durante mais tempo, e<br />
reciclar<br />
apontando a conveniência como uma razão<br />
para não adoptarem estas medidas; e 48%<br />
apontam que as alternativas ecológicas não<br />
estão disponíveis para eles nas principais lojas<br />
ou online.<br />
Por outro lado, os consumidores esperam<br />
que as empresas, de um modo geral, tomem<br />
medidas activas no que diz respeito à economia<br />
circular. 67% esperam que as organizações<br />
sejam responsáveis ao anunciar produtos e não<br />
incentivar o consumo em excesso; 59% desejam<br />
que as empresas ofereçam incentivos para<br />
os consumidores que pratiquem activamente<br />
a reciclagem, reutilização e outras práticas<br />
circulares; e 65% espera que simplifiquem<br />
processos de reciclagem. As exigências<br />
dos consumidores também se verificam em<br />
determinados sectores, nomeadamente no<br />
têxtil em que 64% esperam que os fabricantes<br />
abandonem o uso de materiais prejudiciais ao<br />
meio ambiente; no sector dos electrónicos, em<br />
que 68% dos consumidores desejam que as
SCM Supply Chain Magazine<br />
43<br />
empresas garantam que os dados existentes<br />
de dispositivos usados sejam limpos em<br />
segurança quando são novamente utilizados;<br />
ou no sector automóvel, em que 62% espera<br />
que as empresas projectem carros de forma a<br />
que vários componentes internos possam ser<br />
substituídos em vez de substituir o carro em si.<br />
De um modo geral, praticamente metade dos<br />
inquiridos em todos os sectores acreditam que<br />
as organizações não estão a fazer o suficiente<br />
para reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos.<br />
O papel das organizações<br />
A Capgemini deixa também algumas<br />
recomendações para as organizações<br />
acelerarem a sua jornada em direcção a um<br />
modelo circular.<br />
Adoptar princípios de design<br />
circular:<br />
• Mudar o foco da oportunidade de redução de<br />
resíduos a jusante para eliminar o desperdício<br />
por design;<br />
• Estabelecer directrizes de design circular,<br />
avaliar o portefólio de produtos e identificar<br />
intervenções;<br />
Permitir a adopção de práticas<br />
circulares pelo consumidor:<br />
• Mudança de mentalidade;<br />
• Capacitar os consumidores com informações;<br />
• Construir confiança;<br />
• Oferecer conveniência;<br />
Repensar radicalmente os modelos<br />
de negócio:<br />
• Incorporar negócios com o princípio da<br />
economia circular, no centro do modelo de<br />
negócio;<br />
• Repensar o futuro papel da loja numa<br />
economia circular;<br />
Repensar as cadeias de valor para<br />
‘fechar o ciclo’:<br />
• Investir em infraestruturas para garantir um<br />
fornecimento estável de materiais reciclados;<br />
• Reorganizar as cadeias de abastecimento para<br />
gerir as devoluções;<br />
• Identificar novos parceiros e fornecedores;<br />
• Fortalecer a troca de dados em toda a cadeia<br />
de valor.
44<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
A tecnologia também é um bom método<br />
para promover uma estratégia de economia<br />
circular, nomeadamente a robótica, tecnologia<br />
de sensores e machine learning permitem<br />
uma maior eficiência e circularidade no<br />
processamento de materiais e fabrico de<br />
produtos. Outras tecnologias como blockchain,<br />
IoT e ‘digital twins’ permitem também<br />
rastrear produtos e componentes, bem como<br />
a optimização da cadeia de abastecimento,<br />
desenvolvimento de produtos como serviço, e o<br />
aumento da reutilização, reparo e renovação.<br />
Identifica-se também plataformas, aplicações<br />
e sites que ligam consumidores e produtos, e<br />
permitem a partilha e redução do desperdício.<br />
Existem ainda algumas tecnologias de<br />
rastreamento de fluxos de materiais e de<br />
produtos que podem trazer benefícios, como o<br />
RFID ou marcas d’água digitais.<br />
Em suma, é essencial repensar modelos<br />
económicos e de negócios, bem como os<br />
sistemas de produção. Investir em tecnologias<br />
emergentes, reimaginar as cadeias de valor e<br />
projectar os produtos com maior circularidade<br />
e desenvolver a consciência e mentalidade do<br />
consumidor para que participe activamente em<br />
iniciativas circulares.<br />
Por último, as organizações não devem<br />
apenas trabalhar com legisladores e<br />
reguladores, mas também envolver o meio<br />
académico, e criar think tanks com os seus<br />
fornecedores e terceiros, clientes e start-ups<br />
inovadoras para impulsionar o progresso e a<br />
maturidade da economia circular. •
SCM Supply Chain Magazine 45<br />
Outsourcing Logístico<br />
Serviços<br />
Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />
Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />
Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />
Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />
Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />
Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />
Um grande grupo.<br />
www.grupoconstant.com
46<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
intralogística<br />
Jungheinrich Portugal<br />
Inovações em<br />
torno da eficiência<br />
vão dominar<br />
A Jungheinrich Portugal depositou a<br />
confiança em Mário Reis para assumir a<br />
gerência da subsidiária da multinacional,<br />
desde Maio de <strong>2021</strong>. É o primeiro português<br />
a desempenhar este cargo, mas tem consigo<br />
uma equipa coesa que o ajuda a gerir esta<br />
responsabilidade. Fomos saber junto da<br />
Jungheinrich Portugal o que tem sido feito<br />
desde então, o que se perfila para o futuro e<br />
o que esperam do sector.<br />
Texto: Ana Paiva<br />
“O<br />
convite para o meu colega de<br />
direcção Mário Reis assumir a<br />
gerência da Jungheinrich Portugal<br />
foi o reconhecimento por parte do<br />
grupo Jungheinrich, da equipa de gestão<br />
portuguesa”, afirma Rui Crespo, director de<br />
vendas da empresa. Desde que iniciaram<br />
funções têm dado continuidade à estratégia<br />
da empresa para o mercado português,<br />
tendo continuado a crescer durante o ano,<br />
tanto em encomendas como em faturação.<br />
“Temos uma estratégia muito clara e definida<br />
para 2025 e mais além, que tem como mote<br />
principal a criação de valor sustentável em
SCM Supply Chain Magazine<br />
47<br />
conjunto, quer de forma interna ou externa,<br />
ou seja, estabelecer e manter as relações de<br />
longo-prazo com os nossos clientes gerando<br />
benefícios não apenas técnicos, mas sociais,<br />
económicos e ambientais”, indica.<br />
Para a estratégia da Jungheinrich, tanto para<br />
a empresa como para os colaboradores de<br />
forma individual, é importante a incorporação<br />
contínua de factores de sustentabilidade na<br />
forma como trabalham e actuam. No entanto,<br />
esta ambição acarreta alguns desafios, como a<br />
progressão do crescimento da empresa e dos<br />
seus resultados de forma sustentável, num<br />
mercado “altamente competitivo como o da<br />
intralogística em que os factores económicos<br />
são muito determinantes”. Rui Crespo confirma<br />
que é, de facto, um desafio para o qual estão<br />
preparados, destacando ainda outros, como<br />
a utilização da tecnologia de baterias de iões<br />
de lítio, através de uma análise caso a caso de<br />
cada operação e cliente para uma identificação<br />
e enumeração, não apenas dos benefícios<br />
operacionais, mas também, dos ambientais e<br />
económicos.<br />
As tendências que surgiram<br />
da pandemia<br />
“A pandemia acelerou o interesse e o acesso<br />
a novas tecnologias, e também fez com<br />
que as empresas e organizações em geral<br />
reconsiderassem o modo como se organizam<br />
e operam, bem como os níveis de eficiência<br />
que alcançam” refere o director de vendas,<br />
acrescentando que “para a intralogística isto<br />
trouxe um maior interesse e procura sobre<br />
sistemas de automação, utilização e recursos<br />
mais eficientes e melhor aproveitamento dos<br />
recursos humanos existentes em acções onde<br />
produzam uma efectiva mais-valia”. Uma<br />
questão que Rui Crespo deixa é: porque há<br />
de uma empresa investir e manter recursos<br />
humanos para realizar a troca e manutenção<br />
de baterias de uma frota de equipamentos<br />
de movimentação de cargas, se existem<br />
tecnologias e meios de o evitar, trabalhando<br />
os equipamentos com uma só bateria sem as<br />
tradicionais manutenções associadas que não<br />
acrescentam valor?<br />
Da esquerda para a direita:<br />
Rui Dionísio, Mário Reis, Rui Crespo e Raquel Sampaio.
48<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Outra tendência apontada pelo responsável<br />
é uma maior valorização de serviços<br />
completos, e da necessidade de garantia<br />
que os prestadores de serviços ofereçam<br />
a estrutura adequada aos desafios actuais<br />
e futuros. “As consequências da pandemia<br />
na oferta de matérias-primas, supply chain<br />
e disponibilidade de serviços são enormes<br />
e o sector da intralogística reconhece que<br />
as parcerias de longo-prazo com estruturas<br />
fortes e sólidas, social e economicamente,<br />
como é o caso da Jungheinrich Portugal, lhes<br />
dá garantias de manutenção de actividade<br />
sem afectação de maior e mesmo em períodos<br />
de contingência como os gerados pela<br />
pandemia”, conta.<br />
Quanto às necessidades dos clientes durante<br />
a pandemia, o director de vendas indica que<br />
houve mudanças com maior impacto em três<br />
vertentes. A primeira reflectiu-se na procura<br />
de maior eficiência. “Já era uma tendência<br />
na logística 4.0, mas agora é uma procura<br />
por parte dos clientes, ponderando, numa<br />
operação, a introdução de cada vez mais<br />
automatismos, como por exemplo, veículos<br />
sem condutor para o transporte dentro do<br />
armazém no abastecimento de uma linha de<br />
produção”, afirma.<br />
A segunda passa pela procura do aumento<br />
da capacidade de armazenagem, ou seja, notase<br />
uma preocupação em soluções de sistemas<br />
de armazenagem que garantam um aumento<br />
de stock de matérias-primas. “Isto acontece<br />
para evitar, ao máximo, paragens de produção,<br />
mas também pela necessidade a nível de<br />
procurement de garantir maiores quantidades,<br />
quer por garantia de disponibilidade como de<br />
estabilização de preços”.<br />
Por último, o aumento da procura<br />
de soluções de serviço que garantam<br />
evitar investimentos na propriedade de<br />
equipamentos de movimentação de carga, e<br />
se traduzam em utilização até ao ponto de<br />
‘pay per use’. “Neste sentido, a Jungheinrich,<br />
durante a pandemia, lançou a modalidade de<br />
aluguer Pay By The Hour, indo ao encontro<br />
dessa necessidade dos clientes. Ao nível<br />
das grandes frotas, a tendência do aluguer<br />
operacional com todos os serviços incluídos é<br />
agora cada vez maior”, conta Rui Crespo.
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
A evolução do sector<br />
“O desenvolvimento de inovações para a<br />
eficiência do trabalho é o tema dominante<br />
na intralogística e vai marcar os próximos<br />
anos”, revela Rui Crespo. Ao nível do parque<br />
de equipamentos de movimentação de carga,<br />
“o mercado de equipamentos baseados na<br />
tecnologia de iões de lítio vai desenvolverse<br />
cada vez mais e chegará, possivelmente,<br />
a níveis de cerca de 70% já em 2025”, refere.<br />
Irá acontecer porque, segundo o director<br />
de vendas, é a tecnologia com maior<br />
desenvolvimento actualmente no mercado, com<br />
níveis de investimento já “muito equilibrados”,<br />
permitindo um “enorme retorno” na redução<br />
de custos operacionais face a tecnologias<br />
maduras, como a de baterias de chumbo ácido.<br />
Desta forma, é possível assistir a uma “redução<br />
efectiva da pegada ambiental com, pelo menos,<br />
25% nas emissões de CO2 durante todo o ciclo<br />
de vida do produto”.<br />
No que diz respeito aos sistemas de<br />
armazenagem e dos equipamentos de<br />
automação, estarão mais presentes e<br />
acompanhados por uma digitalização de<br />
armazéns cada vez maior. “Essa digitalização<br />
permite a utilização de sistemas cada vez<br />
mais integrados e em tempo real, via interface<br />
com o sistema de gestão de armazém, mas<br />
também disponibilizando maiores níveis<br />
de serviço através de telemática, em que<br />
o comportamento dos equipamentos é<br />
monitorizado e antecipado reduzindo tempos<br />
de paragem e aumentando a produtividade”,<br />
indica.<br />
Ao nível do utilizador do armazém, os<br />
sistemas integrados trarão formas de trabalho<br />
“mais produtivas” através de ferramentas de<br />
realidade aumentada, como por exemplo para<br />
o picking, mas que irão integrar adicionalmente<br />
sistemas de segurança que vão desde<br />
detectar peões e obstáculos, à necessidade de<br />
manutenção de equipamentos. •<br />
O desenvolvimento de inovações para a eficiência do trabalho é o tema<br />
dominante na intralogística e vai marcar os próximos anos
50<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Tecnologias<br />
Optimização no<br />
armazém<br />
o segredo para uma gestão de<br />
stocks eficiente<br />
Gerir stocks é um dos principais factores diferenciais para o sucesso de<br />
uma empresa, e ao contrário desses materiais, bem diz o ditado popular<br />
que “o saber não ocupa lugar”. Vítor Ferreira Lopes, supply chain product<br />
owner da PRIMAVERA BSS, partilha “o segredo” para uma gestão de<br />
stocks eficiente, pois por muito que tenhamos os nossos processos<br />
estabelecidos e os façamos por nós próprios, é importante conhecermos<br />
novas práticas para optimizar os nossos stocks, e quiçá aplicá-las à<br />
realidade das nossas empresas.
Vítor Ferreira Lopes, PRIMAVERA BSS<br />
SCM Supply Chain Magazine 51<br />
A<br />
gestão de stocks é o pilar do equilíbrio<br />
entre assegurar o stock suficiente para<br />
responder rapidamente às necessidades<br />
dos seus clientes e evitar o excesso de<br />
mercadoria armazenada. Para isso, é<br />
fundamental adotar um software de gestão de<br />
stocks que permita ter um controlo eficiente<br />
e em tempo real da mercadoria disponível,<br />
facilitando os processos administrativos e<br />
minimizando os erros operacionais. O tempo<br />
de disponibilização de um produto desde que<br />
é encomendado até que chega ao consumidor<br />
final tem um peso cada vez maior na decisão e<br />
fidelização dos clientes.<br />
Se os clientes não encontraram o que<br />
procuram em tempo útil, isso pode significar<br />
a perda de vendas. Por isso, é vital que as<br />
empresas tenham uma cadeia de abastecimento<br />
ágil e o stock adequado para responder às<br />
exigências dos seus clientes. Contudo, se ter<br />
um stock deficitário pode comprometer as suas<br />
vendas, por outro lado, ter um stock elevado<br />
pode ter impacto na liquidez e na flexibilidade<br />
da sua empresa para reagir às flutuações de<br />
mercado. Um dos desafios das empresas é<br />
precisamente este: obter o equilíbrio entre ter<br />
sempre stock suficiente para dar uma resposta<br />
célere às encomendas, mas evitar o excesso de<br />
mercadoria armazenada e os respetivos custos<br />
operacionais.<br />
COMO GARANTIR UM CONTROLO<br />
EFICIENTE DO SEU STOCK<br />
Já lá vai o tempo em que a gestão de stocks<br />
era feita em folhas de excel. Nos modelos de<br />
gestão atuais, qualquer que seja a dimensão<br />
da sua empresa, ou área de negócio, o segredo<br />
para um controlo eficiente é contar com um<br />
software de gestão de stocks.<br />
Cada vez menos complexas, mais intuitivas e<br />
adaptadas ao negócio a que se destinam, estas<br />
soluções de gestão de stock são uma opção<br />
eficaz tanto para pequenas, como para médias<br />
ou grandes empresas.<br />
A automatização dos processos permite um<br />
controlo rigoroso das entradas e saídas de<br />
cada produto, gerir localizações nos armazéns,<br />
otimizar o picking e packing e obter um<br />
controlo rigoroso de custos.<br />
Solução de gestão de armazéns<br />
Hoje em dia já existem ferramentas<br />
tecnológicas que permitem uma gestão<br />
inteligente de armazéns. O ideal será mesmo<br />
uma solução de gestão de armazéns, ou<br />
Warehouse Management System (WMS),<br />
integrado no ERP, ou seja, num sistema de<br />
gestão central. Nesse caso, os ganhos serão
52<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
maiores, pois será muito simples partilhar<br />
informação em tempo real entre os vários<br />
departamentos da sua empresa, facilitando<br />
assim as tarefas administrativas e o controlo<br />
financeiro.<br />
Um sistema integrado entre o ERP e o WMS<br />
proporciona uma gestão transversal da cadeia<br />
de abastecimento, tendo o controlo de todo o<br />
processo desde a gestão de aprovisionamento<br />
até à entrega ao cliente.<br />
Para tal, é importante perceber as valências<br />
e ganhos de cada um dos sistemas que, em<br />
conjunto, traduzem a otimização de todos<br />
estes processos. Ao sistematizar a gestão de<br />
stocks, garante uma resposta mais eficiente às<br />
exigências dos clientes, ao mesmo tempo que<br />
agiliza o trabalho dos operadores de armazém<br />
e obtém um controlo logístico muito mais<br />
rigoroso.<br />
No ERP:<br />
• Apoio no cálculo de custos: ferramentas de<br />
apoio ao custo ajudam a calcular com precisão<br />
o preço de custo dos materiais através de<br />
algoritmos de cálculo do custo capazes de<br />
proceder ao cálculo de quaisquer cenários com<br />
impacto no custo dos artigos, através de uma<br />
lógica de cálculo única, flexível, sólida.<br />
• Cálculo automático de necessidade de<br />
compra: através de um sistema de gestão<br />
de stocks consegue identificar um stock<br />
mínimo a partir do qual o sistema alerta para<br />
a necessidade de comprar a fornecedores,<br />
podendo também considerar as encomendas<br />
em carteira, as ordens de fabrico ou outros<br />
parâmetros definidos previamente. Dispõe<br />
ainda de ferramentas de apoio à projeção de<br />
necessidades de compra que simplificam todo<br />
o processo de aprovisionamento. Isto permite<br />
uma gestão rigorosa de stocks, conhecendo<br />
em tempo real qual a quantidade de produtos<br />
em armazém e quantos necessita comprar para<br />
satisfazer as encomendas em carteira.<br />
• Recodificação de artigos: quando pretende<br />
recodificar um artigo e transferir o seu stock<br />
para o novo código, um sistema de gestão de<br />
stocks dá suporte a esse processo.<br />
QUE GANHOS PODE UM<br />
SOFTWARE DE GESTÃO DE<br />
STOCKS TRAZER?<br />
Em primeiro lugar temos de perceber que o<br />
sucesso da gestão de stock é transversal ao ERP<br />
e respetivo WMS, sendo que a cada um deles<br />
estão inerentes mais-valias.<br />
• Gestão de condições comerciais e<br />
campanhas: apoio na negociação com clientes<br />
e fornecedores através da possibilidade de<br />
estabelecer contratos comerciais e campanhas<br />
promocionais.<br />
• Reservas de stock: pode efetuar reservas de<br />
stocks para encomendas de clientes, ordens<br />
de fabrico ou outras ações consumidoras de<br />
stocks. Os artigos ficam cativos para essas<br />
operações, não correndo qualquer risco de falha<br />
de stock sempre que o mesmo seja reservado<br />
previamente.
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
No WMS:<br />
• Planeamento de execução das tarefas de<br />
armazém: informação precisa sobre quais<br />
as encomendas a fornecedor a rececionar,<br />
encomendas de cliente a expedir e<br />
transferências de armazém por expedir /<br />
rececionar. Efetuar ondas de picking orientadas<br />
à expedição, podendo ser definidas com base<br />
em critérios de prazos de entrega, prioridade de<br />
clientes ou rotas de expedição.<br />
• Geração automática de tarefas de picking: de<br />
acordo com as encomendas em carteira, criar<br />
automaticamente tarefas de picking para ser<br />
efetivada a saída dos materiais, não havendo<br />
necessidade de apoio administrativo. Neste<br />
processo as tarefas são automaticamente<br />
disponibilizadas para execução aos<br />
operadores. A execução dessas tarefas resulta<br />
também na respetiva lista de packing para<br />
acompanhamento da expedição.<br />
• Controlo da expedição dos materiais:<br />
controlar a carga nos veículos dos volumes a<br />
expedir garante que nada fica para trás e que as<br />
entregas são efetuadas sem falhas.<br />
• Controlo de tudo o que tem em armazém:<br />
informação precisa sobre quais as quantidades<br />
que tem em armazém, em que localizações se<br />
encontra e quais as suas características como<br />
por exemplo lotes, estados e números de série.<br />
entrada como na saída da mercadoria permitem<br />
garantir que os artigos são rececionados<br />
e expedidos com os padrões de qualidade<br />
pretendidos. Este controlo permite também<br />
aferir a qualidade de entrega dos fornecedores.<br />
• Transferências de stock de armazém mais<br />
simples: as transferências entre armazéns<br />
resultam nos respetivos processos de saída e<br />
de entrada da mercadoria. Estes são processos<br />
independentes e intrínsecos à operação de<br />
cada armazém onde o trabalho é devidamente<br />
separado e planeado para execução no seu<br />
respetivo armazém. Desta forma, é garantido<br />
que cada armazém apenas se foca no trabalho<br />
que tem para realizar sendo mais eficiente e<br />
eficaz no seu processo.<br />
• Gestão de Stock de Terceiros: a gestão de<br />
stock de terceiros, mais comum nos operadores<br />
logísticos é um processo em que os seus<br />
clientes lhes confiam a sua operação logística.<br />
Aqui é importante ter por parte do sistema de<br />
gestão de armazém uma correta separação dos<br />
stocks dando informação precisa para o seu<br />
proprietário. O sistema de gestão de armazéns<br />
auxilia e calcula também os valores a cobrar<br />
de movimentos de entrada, de saída, dias de<br />
armazenamento e custos fixos operacionais.<br />
• Gestão de validades: permite ter o<br />
controlo sobre quais as validades mínimas<br />
que devem ser garantidas para expedição<br />
para determinados clientes. Desta forma<br />
consegue-se garantir que nenhum cliente<br />
recebe mercadoria com uma validade inferior à<br />
pretendida.<br />
• Gestão da qualidade dos artigos / entregas:<br />
processo de controlo de qualidade tanto na
54<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
TRANSVERSAIS:<br />
• Mais rentabilidade: com uma gestão eficiente<br />
do stock pode prevenir perdas avultadas,<br />
nomeadamente no caso de produtos perecíveis,<br />
por exemplo. Ao implementar um sistema de<br />
gestão de stocks pode monitorizar a saída e<br />
rotatividade dos produtos em armazém para<br />
que sejam vendidos antes que se tornem “stock<br />
morto”. Quantos mais produtos movimentar,<br />
maiores serão as receitas e menores as perdas.<br />
• Facilidade de identificação de origem e<br />
percurso de produtos em inconformidade: um<br />
sistema de gestão de stocks permite efetuar<br />
o rastreio da mercadoria desde o momento<br />
em que deu entrada em armazém, até ao<br />
momento da distribuição. Esta rastreabilidade<br />
é extremamente útil para detetar a origem de<br />
não conformidades, sendo mais fácil recolher<br />
artigos que não cumprem as normas de<br />
qualidade e identificar a origem do problema.<br />
• Informação atualizada em tempo real: se<br />
recorrer a um sistema de gestão de stock<br />
integrado com o ERP, a informação de stock<br />
é atualizada para todos os utilizadores –<br />
compras, vendas e contabilidade – de forma<br />
integrada e em tempo real. Desta forma<br />
é possível ter uma perspetiva ampla e um<br />
controlo eficaz do seu negócio, com ganhos de<br />
tempo e de produtividade.<br />
• Entregas sem falhas: entregar no tempo<br />
correto e sem falhas é provavelmente o maior<br />
ganho na implementação de sistemas de<br />
gestão de stocks. Para se conseguir atingir<br />
este objetivo é importante que os ERP e o<br />
WMS funcionem como um todo, uma vez que<br />
existem processos inerentes a cada um deles<br />
fundamentais para se conseguir atingir este<br />
objetivo. Começando pelo aprovisionamento<br />
e tirando partido dos sistemas de projeção de
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
necessidade de compra que são essenciais para<br />
garantir que temos stock atempadamente para<br />
as encomendas, passando pelo rigor e controlo<br />
dos processos de receção e expedição dos<br />
materiais, garantindo que as regras de negócio<br />
são devidamente aplicadas e que não existem<br />
falhas, até ao controlo do que sai efetivamente<br />
das nossas portas.<br />
O QUE TER EM CONTA NA HORA<br />
DE ESCOLHER?<br />
Lembre-se que uma gestão de stocks ágil<br />
contribui para a satisfação e fidelização<br />
dos clientes. Não só permite reduzir custos<br />
operacionais, como também entregar as<br />
encomendas na hora certa, na quantidade<br />
desejada e na qualidade idealizada,<br />
potenciando a satisfação e fidelização dos<br />
clientes.<br />
Não há magia por detrás de uma gestão<br />
eficiente de stocks. O segredo está na<br />
escolha de um software de gestão ajustado<br />
ao seu negócio que permita a integração e<br />
disponibilização em tempo real da informação<br />
dos vários departamentos da sua empresa,<br />
de modo a assegurar uma gestão coesa do<br />
negócio. •
56<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
transporte<br />
Peak Season<br />
Texto: Fábio Santos<br />
O Natal é quando<br />
a logística<br />
quiser<br />
Há coisas que nem o Homem controla, e<br />
quem trabalha em logística sabe-o melhor<br />
que ninguém. Por vezes não é quando<br />
queremos, e sim quando conseguimos, pois<br />
é necessário haver uma grande coordenação<br />
ao longo de toda a cadeia logística, de modo<br />
a responder com maior eficácia a esta época<br />
tão movimentada.<br />
Se o Natal já era uma época complicada<br />
em termos de gestão de stocks e de<br />
pessoas, com a adopção da tradição<br />
norte-americana da Black Friday, uma<br />
época de promoções no final de Novembro<br />
e que já chegou a Portugal há alguns anos,<br />
essa dificuldade e acréscimo de actividade<br />
foi antecipada. Por um lado, facilitando a<br />
gestão, pois as pessoas aproveitam para<br />
começar a fazer as suas compras de Natal<br />
mais cedo, o que facilita em termos de stocks,<br />
mas por outro, antecipa-se todo o frenesim<br />
característico da época.<br />
Até aqui, nada de novo. Qual é então a<br />
grande questão de fundo?<br />
Bom, é que o Pai Natal este ano está com<br />
problemas, maioritariamente logísticos.<br />
E arranjar alternativas não está fácil.<br />
Além da escassez de matérias-primas e<br />
consequentemente de alguns produtos, junta-<br />
-se à lista de problemas uma nova taxa para
SCM Supply Chain Magazine<br />
57<br />
ele poder distribuir esses brinquedos dentro da<br />
União Europeia, porque a sua fábrica encontra-<br />
-se no Pólo Norte, e não num destes países<br />
aderentes.<br />
Pois é. Este ano, para além de contarmos com<br />
os problemas comuns aos últimos dois meses<br />
do ano, temos ainda todas as dificuldades que<br />
se abateram sobre a cadeia de abastecimento:<br />
falta de matérias-primas e de mão-de-obra,<br />
aumento do preço dos combustíveis, alimentos<br />
e contentores, grande número de encomendas<br />
para entregar, novas taxas aplicadas a produtos<br />
vindos de fora da UE… Em suma, um grande<br />
problema para a época que mais movimenta<br />
produtos pelo mundo.<br />
Geralmente a época de Natal para as<br />
empresas começa alguns meses antes, com<br />
as encomendas para reforço de stock e o<br />
planeamento de toda a época, mas este ano<br />
as recomendações são para que os próprios<br />
consumidores também se adiantem e façam as<br />
suas compras mais cedo, ou poderão nem ter<br />
stock suficiente, nem receber as encomendas a<br />
tempo, devido a toda a conjuntura traçada.<br />
Grande parte das empresas retalhistas<br />
inclusive deixa uma nota de que os prazos<br />
estimados para as entregas podem não<br />
corresponder à realidade durante a época de<br />
Black Friday, e mesmo de Cyber Monday, que<br />
ocorre na segunda-feira seguinte a essa mesma<br />
sexta-feira e é focada no e-commerce, apesar<br />
de ainda não atingir os picos da Black Friday e<br />
do Natal.<br />
O novo regulamento aduaneiro para produtos<br />
com valor inferior a 22 euros, adquiridos<br />
através de e-commerce e que provenham de<br />
fora da União Europeia, veio também complicar<br />
os processos. Até Julho, estes produtos não<br />
tinham restrições maiores, e também não<br />
pagavam imposto. A legislação veio tentar<br />
equilibrar os preços da concorrência externa<br />
Este ano as<br />
recomendações são<br />
para que os próprios<br />
consumidores também se<br />
adiantem e façam as suas<br />
compras mais cedo<br />
face aos praticados no nosso mercado, porém,<br />
o efeito que teve foi que todos os produtos<br />
passaram a ter de passar pela alfândega, e isso<br />
implica uma nova burocracia que atrasa as<br />
entregas ao consumidor final.<br />
Depois, a grande quantidade de encomendas.<br />
É difícil lidar com tantas encomendas, e nesta<br />
época os operadores sentem a necessidade<br />
de recorrer ao trabalho temporário para<br />
responder a este desafio. Como é o caso da<br />
UPS, que apenas nos EUA esperavam recrutar<br />
pelo menos 60.000 trabalhadores temporários<br />
para os eventos “UPS Brown Friday” por todo o<br />
país, entre os dias 4 e 6. E no caso da Amazon,<br />
de acordo com os dados avançados pelo site<br />
Finbold, esse número é ainda maior: 150.000<br />
empregados sazonais em <strong>2021</strong> nos EUA, um<br />
crescimento de 50% face aos 100.000 do ano<br />
passado.<br />
Mas mesmo que as empresas tenham<br />
colaboradores suficientes, as entregas<br />
encontram-se igualmente mais caras, isto<br />
porque as entregas ainda dependem muito<br />
de combustíveis fósseis, e o preço voltou a<br />
aumentar drasticamente. Isso impacta também<br />
os custos de determinados produtos, tais como<br />
os alimentos, que a acrescer a fracas colheitas<br />
ou maiores custos de adubos e pesticidas, já<br />
fizeram os preços dos alimentos subir em média<br />
30% a nível mundial.
58<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
No início do ano surgiu ainda o problema da<br />
falta de contentores. Após largos meses de uma<br />
indústria mais adormecida, quando acordou<br />
surpreendeu o mercado e as suas capacidades<br />
de resposta, que até então tinham baixado. A<br />
situação chegou ao ponto de há cerca de ano<br />
e meio, importar um contentor custava cerca<br />
de 1.500 dólares, e agora entre 10 e 15 mil<br />
dólares.<br />
Muitos são os desafios recentes, mas estará<br />
a logística pronta para responder a mais um<br />
ano pandémico? Procurámos saber junto dos<br />
próprios players do mercado como se encontra<br />
a situação face às suas realidades individuais.<br />
Estará o Natal em risco, afinal?<br />
Insania<br />
A plataforma de e-commerce Insania não foi<br />
impactada pela nova legislação das taxas<br />
de IVA, pois “no Insania, trabalhamos com<br />
stock real e o cliente sabe que não tem<br />
de pagar nenhum tipo de taxa extra, pois<br />
nós asseguramos o envio da encomenda<br />
directamente para o cliente”, conta Maria<br />
Amélia Teixeira, CEO da empresa.<br />
Ao nível das taxas, a responsável explica que<br />
“assumimos todo o processo de compra, pois<br />
acreditamos que só assim se torna possível<br />
acompanhar o cliente desde o início até ao<br />
fim da compra, garantindo a sua satisfação”,<br />
e aponta que “dado o nosso volume de<br />
importação, sempre estivemos sujeitos a pagar<br />
uma taxa. Portanto, o nosso cenário manteve-<br />
-se”.<br />
O Insania investiu em logística e infra-<br />
-estruturas próprias, com stock em armazém<br />
e uma equipa dedicada para responder às<br />
necessidades do negócio, e Maria Amélia<br />
Teixeira conta que sempre rejeitaram<br />
marketplaces e dropshipping “precisamente<br />
porque sabíamos que não iriam ser opções<br />
viáveis e que, mais tarde ou mais cedo, iriam<br />
surgir problemas como este”.
SCM Supply Chain Magazine 59
60<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Assumimos todo o processo de<br />
compra, pois acreditamos<br />
que só assim se torna<br />
possível acompanhar o<br />
cliente desde o início até ao<br />
fim da compra<br />
Maria Amélia Teixeira<br />
Para já, a plataforma não aumentou os preços<br />
dos seus produtos, mas a responsável admite<br />
que “a falta de matérias-primas na China e o<br />
aumento do preço dos transportes terá impacto<br />
nos negócios a nível mundial e vai obrigar-nos<br />
a mudar um pouco a estratégia definida”.<br />
Face a este problema, a CEO recomenda que<br />
as empresas repensem as suas estratégias, e<br />
percebam qual o impacto desta lei nos seus<br />
negócios e se continuam a ser sustentáveis.<br />
“Em e-commerce, é fundamental percebermos<br />
com o que podemos contar, e a nossa estratégia<br />
sempre partiu desse ponto, pois procurámos<br />
desde início definir uma solução rentável a<br />
longo prazo e sem depender de terceiros”,<br />
defende.<br />
“Por vezes, deparamo-nos com algumas<br />
dificuldades, mas tentamos minimizá-las com<br />
antecipação e foi por isso que fizemos um<br />
grande investimento em diferentes plataformas<br />
de logística, para assegurarmos stock dos<br />
produtos e assim podermos dar resposta a<br />
quem nos procura”, conclui Maria Amélia<br />
Teixeira.<br />
KuantoKusta<br />
As expectativas do KuantoKusta, verificador de<br />
preços e marketplace português, estão altas<br />
para esta época, e esperam “o melhor mês de<br />
sempre, atingindo o marco das 8 milhões de<br />
visitas durante o mês da Black Friday”.<br />
A fonte revela que no ano passado não se<br />
sentiu um pico de visitas no dia da Black Friday,<br />
mas sim “uma diluição deste pico durante todo<br />
o mês, o que levou a números anormalmente<br />
altos”, e justifica esta movimentação devido<br />
ao confinamento e à impossibilidade de fazer<br />
compras offline, bem como ao início das<br />
primeiras promoções.<br />
“Este ano vamos verificar a mesma situação,<br />
inclusive, as promoções já começaram em<br />
muitas lojas, e já estamos a verificar uma maior<br />
afluência ao site”, avança, “será complicado o<br />
comércio online verificar os números históricos<br />
de 2020, visto que os comércios já estão<br />
abertos, mas acredita-se que o hábito e o<br />
conforto de comprar online, vieram para ficar”.<br />
O KuantoKusta conta ainda que tem vindo a<br />
preparar-se para esta época através de quatro<br />
estratégias:
SCM Supply Chain Magazine 61<br />
• “Aumento do catálogo de produtos, através<br />
da integração, não só de lojas portuguesas,<br />
como estrangeiras. Temos agora 1.250 lojas,<br />
com a entrada de 500 lojas no último ano”.<br />
• “Temos uma equipa dedicada apenas<br />
à formação das lojas para que consigam<br />
impulsionar as suas vendas através do nosso<br />
site”.<br />
• “Reestruturação do site e optimização para<br />
SEO, que irá aumentar o tráfego orgânico no<br />
site, e tornar a pesquisa mais simples, tanto<br />
através de motores de pesquisa como através<br />
do próprio site do KuantoKusta. Isto vai criar<br />
as condições para que o utilizador consiga<br />
encontrar o tipo de produto que procura com<br />
mais facilidade”.<br />
• “Nova página de “Oportunidades Black<br />
Friday”, com um algoritmo que vai buscar as<br />
melhores promoções através da análise do<br />
histórico de preços do produto”.<br />
Será complicado<br />
o comércio online<br />
verificar os números<br />
históricos de 2020,<br />
visto que os comércios<br />
já estão abertos, mas<br />
acredita-se que o hábito<br />
e o conforto de comprar<br />
online, vieram para<br />
ficar<br />
KuantoKusta
62<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Showroom Privé<br />
No caso da Showroom Privé, o<br />
maior impacto que sentiram na<br />
movimentação de produtos<br />
foi ao nível do Reino Unido,<br />
devido à sua saída da União<br />
Europeia, e mesmo assim o<br />
impacto foi mínimo.<br />
“Enfrentámos alguns<br />
atrasos devido aos artigos<br />
provenientes do UK, mas fomos<br />
capazes de antecipar a maioria<br />
dos casos, graças ao nosso sistema<br />
e experiência em supply chain, incluindo o<br />
lead time adicional na promessa ao cliente,<br />
para que estes recebam os produtos a tempo”,<br />
explica Hakim Benmakhlouf, director do grupo<br />
de operações.<br />
Recentemente a Showroom Privé lançou<br />
os SRP Services, uma solução holística<br />
direccionada para o e-commerce para auxiliar<br />
os seus parceiros detentores de marcas. Nestes,<br />
podemos encontrar os serviços de Media,<br />
Marketplace, Studios, Logistics Advisory e<br />
Impact, de forma a poderem ajudar os parceiros<br />
a acompanharem os seus crescimentos num<br />
Enfrentámos<br />
alguns atrasos<br />
devido aos<br />
artigos<br />
provenientes<br />
do UK, mas<br />
fomos capazes<br />
de antecipar a<br />
maioria dos casos<br />
Hakim Benmakhlouf<br />
só local, fornecendo também um serviço de<br />
aconselhamento.<br />
“As marcas parceiras reagiram muito bem<br />
a este tipo de oferta, visto que todos eles<br />
ambicionam crescer os seus negócios digitais, e<br />
valorizam imenso os conselhos e serviços que<br />
os ajudam a atingir os seus objectivos”, explica<br />
Stephan Ploujoux, director comercial do serviço<br />
de compras.
SCM Supply Chain Magazine 63<br />
DPD Portugal<br />
Por parte da distribuição de última milha,<br />
Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, conta<br />
que “tem-se vindo a assistir a um crescimento<br />
da adesão a soluções de entrega de<br />
encomendas, e o período entre a Black Friday<br />
e o Natal corresponde, inevitavelmente, a um<br />
período de pico de actividade relativamente a<br />
encomendas e-commerce”.<br />
Outro factor importante que destaca foi<br />
o impacto da pandemia, e em especial os<br />
momentos de confinamento, o que “veio<br />
acelerar aquele que era o processo de crescente<br />
adesão dos consumidores portugueses às<br />
compras electrónicas”.<br />
“Durante a pandemia a quota do comércio<br />
electrónico nas vendas a retalho passou de 5%<br />
para 8% - uma subida superior ao que se tinha<br />
verificado no conjunto dos 4 anos anteriores”,<br />
revela o CEO. “Sentimos a necessidade de nos<br />
preparar para enfrentar um maior número<br />
de encomendas nesta época, de forma mais<br />
acelerada, procurando garantir o menor<br />
impacto possível na qualidade de serviço que<br />
prestamos aos nossos clientes”.<br />
O aumento que sentiram na vertente B2C<br />
deveu-se ao crescimento paralelo do consumo<br />
através do comércio electrónico dos últimos<br />
anos. “Antecipamos que o principal crescimento<br />
se centre neste segmento”, prevê Olivier<br />
Establet.<br />
“A nossa expectativa é a de conseguirmos<br />
superar os resultados de 2020, que por si<br />
só já foram óptimos – crescemos 41% em<br />
Portugal desde o início da pandemia”, revela<br />
o responsável. Os dados do primeiro semestre<br />
fazem a empresa acreditar nessa meta,<br />
tendo na primeira metade do ano obtido um<br />
crescimento de 21% face ao período homólogo.<br />
“Temos previsto a entrega de 2,8 milhões de<br />
encomendas, o que representa um crescimento<br />
de 20% face ao mesmo período em 2020”,<br />
comenta ainda o CEO.<br />
Para lidar com este crescimento sazonal,<br />
a DPD Portugal vai ainda recorrer a 600<br />
colaboradores adicionais e a duas bases de<br />
distribuição temporárias, em Alfena (Valongo) e<br />
em Sintra.<br />
Durante a pandemia a quota<br />
do comércio electrónico nas<br />
vendas a retalho passou de 5%<br />
para 8% - uma subida superior<br />
ao que se tinha verificado no<br />
conjunto dos 4 anos anteriores<br />
Olivier Establet
64<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Randstad<br />
Representando o trabalho<br />
sazonal, Pedro Empis,<br />
director de outsourcing<br />
da Randstad Portugal,<br />
conta que “os sectores<br />
com maior necessidade<br />
de talento nesta época<br />
do ano são a tecnologia,<br />
moda, viagens,<br />
mobiliário, bricolage,<br />
telecomunicações e FMCG.<br />
Nesta altura do ano crescem até<br />
mais 40%”.<br />
Apesar de não existirem novos sectores nesta<br />
lista, o responsável conta que há alterações<br />
ao nível dos volumes, como são os casos<br />
do mobiliário e da tecnologia. “Apesar de o<br />
confinamento ter terminado, o trabalho a partir<br />
de casa continua para um número alargado de<br />
pessoas”, comenta o responsável, justificando<br />
que as compras passaram a focar-se mais no lar<br />
por agora a pessoa despender de mais tempo<br />
neste ambiente e procurar tornar o espaço mais<br />
confortável.<br />
As dificuldades da cadeia, nomeadamente<br />
a escassez de algumas matérias-primas (crise<br />
dos chips) e a falta de motoristas no Reino<br />
Unido, “estão a levar a uma antecipação dos<br />
comportamentos de compra por parte dos<br />
consumidores”, comenta, “o que força os<br />
retalhistas também a antecipar as promoções<br />
típicas desta altura do ano”. Ao nível das<br />
solicitações, Pedro Empis revela que os<br />
volumes já são similares aos de 2019.<br />
os sectores com maior<br />
necessidade de<br />
talento nesta<br />
época do ano são<br />
a tecnologia,<br />
moda, viagens,<br />
mobiliário,<br />
bricolage,<br />
telecomunicações e<br />
FMCG. Nesta altura do ano<br />
crescem até mais 40%<br />
Pedro Empis<br />
A terminar o ano, o responsável considera<br />
que “uma vez mais a necessidade de talento<br />
para fazer face à logística, ao last mile, ao<br />
suporte remoto ou ao retalho presencial será<br />
chave”.<br />
“Esta é a época de pico para todo o sector<br />
retalhista e por isso a procura por profissionais<br />
com estas competências cresce e a guerra pelo<br />
talento é real devido à escassez de profissionais<br />
disponíveis”, conclui Pedro Empis.<br />
Com maior ou com menor dificuldade, vamos<br />
caminhando em direcção à noite da consoada.<br />
O calendário ainda mantém o 25 como o dia de<br />
Natal, por isso vamos acreditar que a logística<br />
não nos vai falhar. •
SCM Supply Chain Magazine 65
66<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
transporte<br />
Aliança estratégica<br />
Texto: Fábio Santos<br />
A estratégia para fora começa<br />
de dentro<br />
A Transnautica Global Logistics SA, empresa do grupo Desfo, adquiriu recentemente<br />
a NCL, empresa reconhecida e fortemente implantada no mercado nacional desde<br />
1996, para reforçar a sua estratégia de crescimento além-fronteiras. Procurámos<br />
conhecer um pouco mais sobre este investimento, sobre as preocupações que afectam<br />
a empresa e o sector, e sobre a sua estratégia de crescimento junto de Miguel Pereira,<br />
general manager land & logistics da Transnautica Global Logistics SA.
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
A<br />
mais recente aquisição da Transnautica<br />
veio reforçar a sua presença global.<br />
Através da compra da NCL, a multinacional<br />
conseguiu uma expansão do seu negócio para<br />
o mercado Africano que era estratégica para<br />
o seu negócio, e que já procurava há algum<br />
tempo. Aliado a isso, a grande experiência e<br />
a sua notoriedade trazem bons ventos para<br />
a empresa, razões que a levaram também<br />
a manter os nomes e insígnias das duas<br />
empresas.<br />
Este investimento “vem no seguimento da<br />
estratégia que a Transnautica tem definida no<br />
seu plano de negócio e do crescimento a médio<br />
prazo”. A NCL já estava mais consolidada e com<br />
maior conhecimento e capacidade operacional<br />
que a Transnautica em África, e “nesse aspecto<br />
podemos andar mais rápido, diversificar mais as<br />
ofertas e chegar a mais clientes”.<br />
Apesar de já oferecer serviços para África<br />
e outros PALOP, “a Transnautica estava mais<br />
concentrada num serviço de importação<br />
far-east e outros mercados fora do mercado<br />
africano, e a NCL, pelo contrário, tinha o seu<br />
foco mais no mercado africano, nos PALOP, e<br />
a conjugação das duas empresas na área do<br />
aéreo-marítimo permite-nos ter uma cobertura<br />
e um serviço consolidado”.<br />
A estratégia da Transnautica agora passa<br />
pelo crescimento nos mercados externos. Ao<br />
mesmo tempo, também se encontravam a<br />
preparar uma parceria com a MEGA – Cash<br />
and Carry, que devido à pandemia ainda não<br />
avançou, mas que retomará no próximo ano.<br />
“Continuamos a fazer o serviço que tínhamos<br />
para Moçambique”, explica o responsável, “a
68<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Transnautica já oferecia serviços para África,<br />
para os PALOP, mas na NCL existia, quer<br />
em termos operacionais, quer em termos<br />
de experiência neste mercado, um nível de<br />
conhecimento e de capacidade operacional<br />
bastante maior do que tinha a Transnautica”.<br />
Miguel Pereira conta que através da<br />
aquisição da empresa esperam “andar mais<br />
rápido, diversificar mais a oferta e chegar a<br />
mais clientes”, e hoje contam com uma oferta<br />
“bastante consolidada, desde grupagem,<br />
contentorização completa, exportação e<br />
importação, apoio local, etc”.<br />
Mas para tudo isto foi preciso um<br />
grande investimento, e aproveitaram a<br />
época de pandemia para digitalizar alguns<br />
processos, repensar a estratégia e crescer<br />
internacionalmente. Alguns dos projectos<br />
foram adiados devido à situação pandémica,<br />
mas Miguel Pereira ainda os tem em bom rumo<br />
e admite que irão retomá-los brevemente.<br />
Investimentos recentes<br />
Os serviços aéreo e marítimo da Transnautica<br />
estão focados no Porto e em Lisboa. No<br />
Porto, as equipas estavam juntas com as do<br />
serviço terrestre, numa área de 5.000 metros<br />
quadrados de crossdocking, mas foram<br />
relocalizadas para as instalações da NCL,<br />
ficando assim mais próximos ao aeroporto e dos<br />
despachantes e serviços de carga aérea. Ainda<br />
ao nível das infra-estruturas, recentemente<br />
investiram ainda na expansão do armazém<br />
de Coimbra para 2.500 metros quadrados de<br />
crossdocking.<br />
Uma das estratégias que estavam pensadas<br />
era uma sinergia com a Mega – Cash & Carry,<br />
de onde iria nascer a Transnautica Maputo,<br />
com uma forte aposta no transporte aéreo<br />
e marítimo. Segundo revelou no início do<br />
ano passado, esta seria “uma consequência<br />
lógica da gestão de mercadorias” e do
SCM Supply Chain Magazine 69<br />
crescimento das operações em Moçambique,<br />
mas devido à pandemia foi necessário adiar<br />
esse investimento. “Esses processos vamos<br />
retomá-los agora no próximo ano”, avançou<br />
Miguel Pereira, acrescentando que isso não os<br />
impediu de continuar o serviço que tinham para<br />
Moçambique.<br />
Também ao nível do transporte aéreo<br />
e marítimo, fizeram recentemente uma<br />
consolidação dos serviços dos arquipélagos<br />
dos Açores e da Madeira, através da integração<br />
informática dos sistemas que permite um<br />
acompanhamento das mercadorias, do<br />
continente para as ilhas e vice-versa. Neste<br />
mesmo sistema está integrada a gestão de<br />
armazém e o acompanhamento do transporte<br />
até à entrega final. “Para além do serviço<br />
marítimo específico, existiu também uma<br />
integração com o nosso serviço de distribuição<br />
nacional, e uma vez que nós temos entregas<br />
em 24 horas, podemos agilizar de uma forma<br />
A conjugação das duas<br />
empresas na área do<br />
aéreo-marítimo permite-<br />
-nos ter uma cobertura e<br />
um serviço consolidado<br />
bastante rápida tudo o que são recolhas de<br />
mercadoria com destino às ilhas, ou as entregas<br />
de mercadoria com proveniência nas ilhas para<br />
entrega no continente, nos nossos clientes de<br />
Norte a Sul do país”, explica Miguel Pereira.<br />
Esta foi uma das modernizações tecnológicas<br />
levadas a cabo pela Transnautica, que também<br />
aproveitou esta altura para digitalizar alguns<br />
processos. Como forma de suporte para o
70<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Uma vez que nós temos<br />
entregas em 24 horas,<br />
podemos agilizar de uma<br />
forma bastante rápida<br />
tudo o que são recolhas<br />
de mercadoria com<br />
destino às ilhas, ou as<br />
entregas de mercadoria<br />
com proveniência nas<br />
ilhas para entrega no<br />
continente<br />
cliente, no ano passado a empresa fez o<br />
rollout de um sistema que integrou várias<br />
componentes de suporte ao cliente num único<br />
software, como a parte comercial, cotações,<br />
seguimento de expedições e o próprio portal.<br />
“Conseguimos desenvolver, com o nosso<br />
parceiro nesta área, aplicações de modo a<br />
conseguirmos trabalhar num mesmo sistema<br />
informático”, esclarece. Todos estes módulos<br />
estão integrados num único software, e “isso<br />
permite-nos ter uma visibilidade bastante<br />
interessante do curso do serviço, desde o início<br />
do transporte até à facturação”.<br />
Em <strong>2021</strong> este processo foi aprofundado e<br />
tem tido bons resultados, mas ainda não o<br />
terminaram. “Temos mais alguns projectos para<br />
o próximo ano, no sentido de levar a um nível<br />
ainda acima esta componente tecnológica”,<br />
comenta, defendendo que no futuro esta área<br />
passará por uma digitalização dos processos<br />
de documentação, permitindo assim que os<br />
clientes tenham acesso a tudo o que envolva a<br />
sua actividade nas plataformas da Transnautica.<br />
O responsável conta que a adopção dos<br />
processos tecnológicos foi facilitada pois em<br />
2018 a empresa sofreu “uma alteração de<br />
rumo”, e incorporaram novas ferramentas de<br />
apoio. “Temos a vantagem de não termos um<br />
processo muito antigo”, em que a mudança<br />
poderia implicar refazer algo que já estava<br />
implementado do zero, mas “ainda há aqui<br />
uma fase de adaptação que a digitalização<br />
nos vai proporcionar em termos das tarefas<br />
das pessoas, de modo a que as tarefas mais<br />
rotineiras possam ser asseguradas por uma<br />
tecnologia que permita libertá-las para se<br />
focarem no negócio”.<br />
“Estamos atentos a isso e vamos fazer<br />
um caminho nesse sentido de uma forma<br />
dinâmica”, admite.<br />
Problemas logísticos<br />
globais<br />
Face aos problemas mundiais que estão a<br />
afectar as supply chains globais, o responsável<br />
mantém uma atitude positiva e espera que<br />
se dê uma inversão para breve. “Estamos<br />
numa fase bastante incerta, apesar de os<br />
sinais apontarem para alguma estabilização<br />
das alterações que se têm vindo a acentuar.<br />
Diria que chegámos a um pico e que nos<br />
mantemos lá”, defende Miguel Pereira. “Noto<br />
que a escalada quase semanal ou mensal que<br />
aconteceu durante este ano já não continua<br />
de uma forma tão acentuada”, e chegámos<br />
a um ponto em que o aumento já não está a<br />
continuar a crescer, e “pode ser um primeiro<br />
sinal de que poderemos inverter esta tendência,<br />
mas antecipamos que seja uma inversão lenta”.<br />
Como forma de resposta, a Transnautica<br />
tem recorrido às suas redes globais para
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
encontrar soluções e dar resposta aos seus<br />
clientes. “Também nos cabe ser um parceiro<br />
e assumir este problema, em conjunto ou de<br />
braço dado com o nosso cliente, e para além<br />
de lhe garantir capacidade de carga, tentar que<br />
essa capacidade seja ao peço mais competitivo<br />
possível”, garante o general manager.<br />
“Vamos esperar que não seja para sempre e<br />
que regresse a uma certa normalidade. Nunca<br />
será como antes, mas pelo menos que se assista<br />
durante o próximo ano a uma tendência de<br />
inversão significativa”.<br />
Ao nível do transporte rodoviário e a<br />
questões como a falta de motoristas e aumento<br />
dos preços de combustíveis, admite que<br />
passaram por uma fase em que a escassez de<br />
mão-de-obra se sentiu mais, mas fizeram um<br />
trabalho de redução do número de vias em<br />
que os motoristas internacionais estão fora do<br />
país, aumentando a quilometragem mensal<br />
de modo a que eles estejam mais vezes em<br />
Portugal. “Nós não sentimos, para já, a falta de<br />
motoristas para a operação que necessitamos,<br />
mas como é óbvio conhecemos o mercado e<br />
notamos que há uma franja de operadores – e<br />
nós não estamos imunes a isso – em que há um<br />
envelhecimento da classe dos motoristas, e isso<br />
vai colocar uma série de riscos e de desafios no<br />
futuro”, conta.<br />
A Transnautica está a planear um projecto<br />
de longo prazo para reduzirem as viagens de<br />
longo curso utilizando os meios intermodais,<br />
no sentido de fazerem mais quilómetros a nível<br />
regional e local, no first e no last mile, e menos<br />
nas viagens internacionais. “Isso vai permitir<br />
haver algum equilíbrio e dar outras condições,<br />
de modo a que o serviço de motorista seja um<br />
pouco menos exigente e menos penoso”. •<br />
Building<br />
the future<br />
together.<br />
Lisboa<br />
Telf.: +351 213 187 100<br />
Fax: 351 213 187 109<br />
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www.apat.pt
72<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
carreira<br />
Estratégias de<br />
liderança<br />
O que precisa<br />
de saber<br />
para se<br />
tornar<br />
num bom<br />
líder de<br />
compras<br />
Se trabalha ou tem interesse<br />
na área do procurement,<br />
este artigo vai prender-lhe a<br />
atenção. Como ser um bom líder<br />
de compras? O Mercado Eletrônico<br />
responde a esta pergunta num<br />
artigo publicado recentemente no<br />
seu blog, em que avança algumas<br />
competências comportamentais<br />
que, no seu entender, são<br />
essenciais para se ser um bom líder<br />
de compras. Vamos conhecê-las?<br />
Texto: Mercado Eletrônico
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
Ser um bom líder de compras vai muito<br />
para além dos conhecimentos técnicos<br />
que a área exige. As competências<br />
comportamentais estão a ser cada vez mais<br />
requisitadas para essa posição. Por essa razão,<br />
o líder de compras precisa de se conhecer<br />
a si mesmo e ser um exemplo para o grupo.<br />
Nesse cenário, uma das competências mais<br />
importantes para o profissional é o auto-<br />
-conhecimento. Ter consciência a respeito<br />
de si próprio contribui para uma gestão<br />
mais assertiva, uma equipa mais motivada<br />
e, consequentemente, melhores resultados.<br />
Porém, conseguir ter essa compreensão de si<br />
não é fácil. Além dos pontos fortes, os líderes<br />
também precisam de ter consciência das suas<br />
fraquezas.<br />
Seleccionámos sete habilidades<br />
comportamentais para ser um bom líder em<br />
compras e incluímos uma indicação de leitura<br />
para cada uma delas.<br />
Não tenha medo de pedir ajuda<br />
Dica de leitura: Não tenha medo de ser chefe –<br />
Bruce Tulgan<br />
Um bom líder de compras não tem medo de<br />
pedir ajuda quando necessário. Por maior que<br />
seja a sua experiência, está ciente de que<br />
não saber algo não significa ignorância ou<br />
falta de conhecimento suficiente para ocupar<br />
uma posição de liderança. Uma das formas<br />
mais efectivas para evoluir profissionalmente<br />
é perguntar às pessoas da sua equipa ou<br />
a colegas de trabalho o que pensam a seu<br />
respeito. Isso mostra-lhes que está disposto a<br />
tentar detectar os seus pontos a melhorar para<br />
os aprimorar. Certamente, pedir ajuda também<br />
é uma forma de demonstrar confiança no<br />
trabalho da sua equipa e ter mais hipóteses de<br />
conquistar o envolvimento das pessoas.<br />
Dê feedback<br />
Dica de leitura: Dar feedback eficaz – Harvard<br />
Business Review<br />
Oferecer feedback das actividades<br />
desempenhadas pela equipa liderada por si<br />
contribui para o desenvolvimento de cada um<br />
dos profissionais, inclusive para o seu. Essa é<br />
uma das melhores estratégias para garantir que<br />
os trabalhos continuam alinhados com o ritmo<br />
de produção. Com a migração das actividades<br />
para o home office, modelo de trabalho<br />
que deve permanecer daqui para frente, e a<br />
necessidade de liderar equipas à distância, o<br />
líder em compras precisa de garantir que a<br />
cultura de feedback permaneça nos encontros<br />
remotos. Todos ganham com isso: empresa,<br />
líder e colaborador. Um feedback assertivo<br />
e empático é fundamental para aproximar<br />
as pessoas das metas e impulsionar o seu<br />
desenvolvimento.<br />
Reconheça os méritos profissionais<br />
da sua equipa<br />
Dica de leitura: Equipas brilhantes – Daniel Coyle<br />
A principal ferramenta de gestão de um líder<br />
de compras é saber reconhecer tanto o seu<br />
potencial, como o dos seus colaboradores. Isso<br />
aumenta as hipóteses da satisfação profissional<br />
e, consequentemente, a motivação das pessoas<br />
para gerar mais resultados. “As pessoas devem<br />
ser vistas como parceiras das organizações.<br />
Elas são fornecedoras de conhecimentos,<br />
habilidades, competências e, sobretudo, o<br />
mais importante aporte para as organizações:<br />
a inteligência”. Esta frase de Idalberto<br />
Chiavenato, famoso autor brasileiro de livros<br />
sobre administração, reforça a importância<br />
de empresas e líderes em valorizar seus<br />
colaboradores.
74<br />
<strong>Outubro</strong> <strong>2021</strong><br />
Envolva a sua equipa<br />
Dica de leitura: Motivação 3.0 – Daniel H. Pink<br />
Ter colaboradores envolvidos significa ter<br />
uma experiência positiva no dia-a-dia da<br />
empresa. Para isso, ter um ambiente de<br />
trabalho agradável é essencial, pois gera menos<br />
resistência das pessoas, que tendem a produzir<br />
melhor. Para isso, o líder em compras precisa<br />
de deixar claros os caminhos necessários<br />
para o sucesso da equipa e como é que cada<br />
colaborador pode contribuir para isso. Ao saber<br />
que a sua acção é essencial para conquistar<br />
as metas, o colaborador tende a sentir-se<br />
motivado. Além disso, pessoas envolvidas<br />
com a equipa geram resultados mais precisos<br />
e aumentam a capacidade de inovação e<br />
criatividade de uma empresa.<br />
Saiba tomar decisões<br />
Dica de leitura: Pensar, depressa e devagar –<br />
Daniel Kahneman<br />
Hoje, as decisões nas empresas tornaram-se<br />
mais complexas. Tomar uma decisão tanto<br />
pode representar o sucesso como o fracasso.<br />
Em compras, essa tarefa ainda tem muito peso,<br />
já que as escolhas estão ligadas a custos e<br />
poupança das empresas. O auto-conhecimento<br />
traz confiança, qualidade necessária para<br />
liderar e procurar respostas. Com isso, o líder<br />
de compras também passa a perceber se está<br />
pronto para alcançar os resultados e, muitas<br />
vezes, traz propostas de como melhorá-los.<br />
Nesse sentido, é importante considerar ideias,<br />
sugestões e participação das pessoas da<br />
equipa nas tomadas de decisão, principalmente<br />
quando há impacto directo nas actividades<br />
realizadas por elas.
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
Use a sua criatividade<br />
Dica de leitura: Isto não é um livro – Keri Smith<br />
A criatividade está a ganhar cada vez mais<br />
importância nas organizações e os líderes de<br />
sucesso são considerados pessoas criativas e<br />
disruptivas. O potencial criativo de um líder é<br />
fundamental para transformações positivas,<br />
pois está ligado à capacidade de inovação. Mas,<br />
na maioria das vezes, o líder não está sozinho.<br />
A criatividade de um líder de compras e de uma<br />
empresa é potenciada pelo colectivo. Por isso,<br />
ter pessoas diversas na equipa, com diferentes<br />
expertises, é muito benéfico para a inovação e<br />
competitividade.<br />
Ouça o que as pessoas têm a dizer<br />
Dica de leitura: O palhaço e o psicanalista –<br />
Christian Dunker e Cláudio Thebas<br />
A escuta activa é uma das competências<br />
mais importantes para um líder em compras.<br />
Saber ouvir é fundamental para o processo de<br />
aprendizagem e crescimento profissional. O<br />
conceito de escuta activa tem a preocupação<br />
de ouvir atentamente o que uma pessoa diz,<br />
procurar entender ao máximo o que está a ser<br />
dito, considerar a linguagem corporal durante<br />
uma conversa e ser capaz de criar uma empatia.<br />
Um líder que escuta está mais disposto a<br />
actualizar o seu modo de pensar e agir, inovar,<br />
conhecer melhor as pessoas e, claro, aprimorar<br />
os seus relacionamentos. •
76<br />
À janela da APAT<br />
António Nabo Martins<br />
Presidente Executivo<br />
ONDE VAIS MUNDO?<br />
PORQUE ANDAS AO<br />
CONTRÁRIO? E PORQUE VAIS SÓ?<br />
Hoje o tempo não dá tempo ao tempo.Hoje a<br />
vida foge da nossa vida atribulada, mas segue<br />
receosa com a realidade.<br />
Hoje a nossa atividade decorre num mundo que<br />
gira ao contrário.<br />
Hoje as nossas empresas enfrentam desafios e<br />
concorrência dos “parceiros”.<br />
Hoje a inquietude de uns revela-se na<br />
tranquilidade de outros.<br />
Hoje tudo é estranho, esquisito, alterado,<br />
anormal, instável e até parece invertido.<br />
Os gigantes dos mares tomam o lugar dos<br />
gigantes do IT e e-commerce. Os gigantes do mar<br />
compram aviões porque não conseguem garantir<br />
a qualidade da cadeia logística sustentada no<br />
transporte marítimo.<br />
Ficamos a saber que há armadores a comprar<br />
aviões e outros a anunciar na web - “Across the<br />
blue oceans, across the blue skies”- Often what<br />
people don’t know is that Maersk moves goods<br />
across another vast blue fluid, the sky.<br />
Nos USA, em los Angeles um porto com<br />
capacidade para movimentar 18 000 TEU/dia, está<br />
a receber, mas sem capacidade de movimentação,<br />
cerca de 30 000/dia. Há bens de primeira<br />
necessidade, que já escasseiam e outros que já<br />
viram o seu preço subir em cerca de 20%. Para<br />
o RU as empresas de consolas de jogos alugam<br />
aviões cargueiros para que as possam vender no<br />
Natal. No meio deste caos, agora ainda ficamos<br />
a saber que os navios lá pelos mares da China,<br />
desaparecem dos radares de rastreamento.<br />
Onde havia alguma confiança, ainda que com<br />
preços a subir, devido aos preços dos combustíveis<br />
e à falta de motoristas eram os transportes<br />
rodoviários. Assistimos agora incrédulos à notícia<br />
da falta de AD-Blue e que em cerca de 2 meses<br />
pode haver uma falta generalizada deste produto,<br />
que se destina apenas a ajudar a baixar a poluição<br />
de veículos a diesel, mas que sem ele os veículos<br />
não andam.<br />
Por estes dias é igualmente anunciado em<br />
Portugal outro grande investimento para a<br />
ferrovia nacional. Desta vez o investimento<br />
é em material circulante o que pressupõe a<br />
feitura de um caminho paralelo, naquilo que é o<br />
investimento em infraestruturas e em material.<br />
Fica a faltar o investimento necessário para<br />
mais Terminais rodo-ferroviários nomeadamente<br />
na área da infoestrutura, onde é preciso<br />
urgentemente conectar todos os players de forma<br />
mais sincronizada e torná-los mais competitivos.
SCM Supply Chain Magazine 77<br />
É nesta instabilidade, mais ou menos artificial,<br />
criada por nós, que se torna fundamental<br />
comunicar, alertando para factos que estão a<br />
tornar este caos numa trapalhada monumental.<br />
É nesta instabilidade que é fundamental<br />
ouvir todos os players e perceber como vamos<br />
trabalhar estrategicamente, olhando para um<br />
futuro mais sustentável e mais consolidado<br />
e articulado entre os vários sectores –<br />
Infraestruturas – transportes – economia<br />
– internacionalização – digitalização e<br />
descarbonização. Não basta dizer que queremos<br />
fazer componentes, nomeadamente chips “à<br />
porta de casa” e depois ficar à espera que as<br />
matérias-primas cheguem do oriente.<br />
É nesta instabilidade que o Transitário pode<br />
funcionar como o “óleo” das peças deste motor,<br />
que está gripado. A ambição desmedida de<br />
algumas entidades pode levar mais rapidamente<br />
à disrupção completa. Como alguém uma vez<br />
disse, “Há riqueza bastante no mundo para as<br />
necessidades do homem, mas não para a sua<br />
ambição. Quem só pensa na ambição, não vive<br />
tranquilo.” São talvez entidades extremamente<br />
ambiciosas relativamente à riqueza ou à glória,<br />
mas a glória na maior parte das vezes é efémera.<br />
É nesta instabilidade que é necessário surgir,<br />
uma entidade que mantenha o equilíbrio,<br />
alguma estabilidade e consiga ultrapassar as<br />
dificuldades e atingir os resultados esperados,<br />
por isso na APAT apelámos nas conclusões do<br />
18º Congresso, à criação de uma Direção Geral ou<br />
até uma Secretaria de Estado da Logística. •<br />
Os lucros do terceiro semestre do shipping de contentores superam largamente os alcançados pelas gigantes da<br />
tecnologia e do e-commerce.
78<br />
O mundo é redondo, por Cláudia Brito<br />
“10 maneiras de conversar melhor”<br />
TEDx 2015, Celeste Headlee, 26 milhões de visualizações<br />
“Uma boa conversa é como uma minissaia; suficientemente curta<br />
para manter o interesse, mas longa o suficiente para cobrir o assunto”.<br />
É discutível se esta frase é politicamente correcta. Por isso mesmo, revela as dificuldades<br />
que enfrentamos hoje em dia para termos uma boa conversa; uma que nos inspire, revele<br />
conexões com os outros e nos faça sentir o prazer de sermos genuinamente ouvidos.<br />
Saber conversar é uma competência que deixou<br />
de existir. Como diz Celeste Headlee, a maioria<br />
das vezes o que se encontra são duas pessoas a<br />
emitir frases vagamente relacionadas, no mesmo<br />
sítio. Por isso, quando há tópicos controversos,<br />
as opiniões que as pessoas têm à partida acabam<br />
extremadas e as pessoas mais separadas do que<br />
antes.<br />
Conversar deve ser um equilíbrio entre falar<br />
e ouvir. Não é um exercício de controlo e de<br />
poder. Conseguimos ouvir cerca de 500 palavras<br />
por minuto, mas a cadência da fala é só de 225<br />
palavras por minuto. Isto faz com que tenhamos<br />
de nos concentrar para ouvir os outros, impedindo<br />
a nossa mente de divagar no tempo que sobra.<br />
Existem várias técnicas ditas de uma boa<br />
conversação, nomeadamente diferentes formas de<br />
dar sinal que se estar a prestar atenção. Celeste<br />
Headlee argumenta que, se se estiver realmente a<br />
prestar atenção, não é precisa qualquer técnica. O<br />
que ela recomenda em alternativa:<br />
• Esteja presente no momento, focado no que<br />
a outra pessoa estiver a dizer. Não execute outras<br />
tarefas em paralelo.<br />
• Não dê opiniões definitivas sobre o assunto a<br />
ser discutido, como se já soubesse tudo o que há<br />
a saber.<br />
• Use perguntas abertas. Deixe que o outro<br />
descreva o que pensa ou sente, é muito mais<br />
interessante e permite o inesperado.<br />
• Acompanhe a conversa, deixando que os<br />
pensamentos venham e partam. É muito vulgar<br />
termos, a meio, uma ideia ou história brilhante<br />
que queremos contar, e ficamos à espera duma<br />
“aberta” para intervir, arruinando o fluxo duma<br />
boa conversa.<br />
• Se não sabe, diga que não sabe. Há riqueza<br />
no conteúdo duma conversa, nos factos que são<br />
partilhados, e estes devem ter valor. Ninguém<br />
gosta dum fala-barato.<br />
• Não iguale a sua experiência à da outra<br />
pessoa. Cada indivíduo é único, e quando alguém<br />
descreve o que viveu devemos-lhe o respeito de<br />
ser sobre ele, não sobre nós. Uma conversa não é<br />
uma oportunidade de nos promovermos.<br />
• Tente não se repetir. Há uma tendência<br />
generalizada de insistirmos no mesmo tópico,<br />
duma forma um pouco paternalista, como se o<br />
outro não tivesse ouvido o que já foi dito.<br />
• Evite entrar nos detalhes, por exemplo<br />
de datas, lugares ou nomes. Os outros estão<br />
interessados em nós, naquilo que temos em<br />
comum como seres humanos, não no nosso<br />
conhecimento enciclopédico.<br />
• Ouça. Esta é a regra mais importante de todas.<br />
Conversamos para aprender e para nos sentirmos<br />
maravilhados com os outros.<br />
Celeste Headlee é, há mais de 20 anos, uma jornalista<br />
de rádio americana, para além de escritora e oradora.<br />
Tem formação clássica em canto, tendo actuado<br />
como soprano em várias companhias de ópera.
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