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PME Magazine - Edição 24 - abril 2022

Filipa Martins, CEO da Edenred Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Descubra esta e outras entrevistas, assinando a revista em papel aqui: https://bit.ly/pme-magazine-assinatura

Filipa Martins, CEO da Edenred Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Descubra esta e outras entrevistas, assinando a revista em papel aqui: https://bit.ly/pme-magazine-assinatura

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EDIÇÃO ANO VI

FIQUE POR DENTRO

DE TODOS OS NEGÓCIOS

EM 2022!

ASSINATURA ANUAL

39,95€

ABRIL 2022 • TRIMESTRAL • EDIÇÃO 24

DIRETORA: MAFALDA MARQUES

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

ASSINE EM:

pmemagazine.sapo.pt/assinatura

FILIPA

MARTINS

Inovar na valorização

do colaborador

CIMAI

EXCELÊNCIA PORTUGUESA

NOS PRODUTOS QUÍMICOS

E NO TRATAMENTO DE ÁGUAS 06

RENATURE

TERAPIA DA FLORESTA

PARA TODAS

AS EQUIPAS 20

TAIKAI

INOVAÇÃO ATÉ NO

RECRUTAMENTO COM

‘CRYPTO TOKENS’ 44


02

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


ÍNDICE

Figura

de destaque

Filipa Martins

“Os vales sociais são um

benefício para a sociedade

como um todo”

ColorADD

na PME Magazine

A PME Magazine conta com

15 grandes secções, que servem

de guia estrutural para as temáticas

abordadas. De forma a tornar

a revista mais inclusiva, foi integrado

nas secções o sistema de

identificação de cores ColorADD.

Assim, cada secção conta com

uma cor diferente, identificada

com um símbolo que permite a

pessoas daltónicas identificarem

as cores que estão a ver.

Desenvolvido com base nas três

cores primárias, representadas

através de símbolos gráficos, o

código ColorADD assenta num

processo de associação lógica

que permite ao daltónico, através

do conceito da adição das cores,

relacionar os símbolos e facilmente

identificar toda a paleta de

cores. O branco e o preto surgem

para orientar as cores para as

tonalidades claras e escuras.

Azul

Vermelho

Verde

Roxo

Amarelo

Castanho

Laranja

Tons Claros

Tons Escuros

Branco

Cinza

Claro

Preto

Cinza

Escuro

Índice

04 BREVES

06 CASOS DE SUCESSO Cimai alarga

horizontes no tratamento de águas.

Sancovedras e a inovação

da decoração de interiores e exteriores.

10 INVESTIMENTO

Sandra Laranjeiro dos Santos e o PRR.

Luís Caixinhas e os apoios à propriedade

intelectual.

13 INTERNACIONAL We Help Ukraine e a

próxima geração da ajuda humanitária.

CE-CPLP em negócios em São Tomé

e Príncipe.

LivGood e a aposta no mercado saudável

em Portugal.

17 AMBIENTE Ancor e os produtos

de papelaria com origens ‘limpas’.

18 RH ManpowerGroup e as previsões

de recrutamento para os próximos meses.

Renature e a reconexão com a natureza

em prol da saúde mental.

22 BI Ana Figueiredo assume Altice Portugal.

24 RESPONSABILIDADE SOCIAL

Fundação José Neves e a aposta na

educação para a sociedade do futuro.

26 FIGURA DE DESTAQUE Filipa Martins

e a importância dos benefícios sociais.

34 EMPREENDEDORISMO Cheres e a

democratização dos investimentos.

Caracol Studios e as causas sociais no

emergir do empreendedorismo cultural.

38 MEDIR PARA GERIR

João Silveira Lobo e os comentários ao

Barómetro PME Magazine.

40 MARKETING Sofia Neves e a importância

de uma boa comunicação interna.

Pedro Pires e a arte na diferenciação

das marcas.

42 TECNOLOGIA Sérgio Ferreira e os selos

de maturidade digital.

Taikai e o match tecnológico entre

criadores e empresas.

46 AGENDA Urban Garden volta a Lisboa.

48 FORA D’HORAS Yotel e a nova geração

dos hotéis tecnológicos.

50 OPINIÃO Elisabete Jacinto e a disciplina

na liderança.

A importante

valorização

do colaborador

A expetativa era

grande para escrever

este editorial, numa

altura em que víamos

os números da pandemia

a descer cada

vez mais e o mundo a

entrar nas estatísticas

de crescimento que

outrora percecionámos.

Contudo, no dia

em que escrevo o texto, deparamo-nos com

algo que julgava impossível nos tempos que

correm: uma guerra em plena Europa. São

tempos conturbados, instáveis, em que a

inflação tende a subir, e é fácil perceber que,

a qualquer momento, tudo pode mudar.

Fomos, desde logo, em busca de conversar

com algumas instituições que meteram mãos

à obra assim que o conflito deflagrou, como

é o caso da We Help Ukraine.

Como é hábito, fomos descobrir casos

de sucesso nacionais como o Grupo Cimai

ou a Sancovedras, demos as boas-vindas a

Portugal à plataforma LivGood e entrevistámos

Filipa Martins, CEO da Edenred Portugal,

a figura de capa da 24.ª edição, sobre benefícios

extrassalariais e retenção de talentos.

O tema desta revista é a valorização do colaborador,

pelo que conversámos, também,

com a Taikai que valora, desde logo, quem

se candidata à empresa.

Conhecemos a produtora independente de

cinema Caracol Studios, caminhámos pelos

bosques do país com Maria do Carmo Stilwell

e a sua Renature e terminámos a viagem no

tecnológico Yotel, no Porto.

Venha conhecê-los.

Boas leituras e bons negócios!

Texto:

João Carreira

Redação

DIRETORA: Mafalda Marques EDITORA: Ana Rita Justo REDAÇÃO: João Carreira, João Pedro Monteiro e Sara Fonseca VÍDEO E FOTOGRAFIA:

Guilherme Mendes, NortFilmes e João Filipe Aguiar DESIGN GRÁFICO: José Gregório Luís DIGITAL MANAGER: Sofia Neves COLABORARAM NESTA

EDIÇÃO: Elisabete Jacinto, João Silveira Lobo, Pedro Pires, Sandra Laranjeiro dos Santos, Sérgio Ferreira, Sofia Neves e Luís Caixinhas ESTATUTO

EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt) DIREÇÃO COMERCIAL - Daniel Marques EMAIL: publicidade@pmemagazine.com PROPRIEDADE:

Massive Media Lda. NIPC: 510 676 855 MORADA DA SEDE DA ENTIDADE PROPRIETÁRIA: Av. Dr. António Carvalho Figueiredo, 1, 4B, 2670-406 Loures

MORADA DO EDITOR: Lisboa Biz – Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.º 3 R/C – 1900-221 Lisboa REDAÇÃO: Lisboa Biz – Av. Engenheiro Arantes

e Oliveira, n.º 3 R/C – 1900-221 Lisboa TELEFONE: 217 112 690 EMAIL: info@pmemagazine.com N.º DE REGISTO NA ERC: 126819 EDIÇÃO N.º: 24

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17 ISSN: 2184-0903 TIRAGEM: 1000 exemplares IMPRESSÃO: Sprint - Zona Industrial Segulim, Rua José Pereira,

Lote 3ª, 1685-635 Famões, Odivelas DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual PERIODICIDADE: Trimestral

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

03


BREVES

MOTA-ENGIL VENDE TAKARGO À SNCF. A ferroviária

francesa SNCF vai comprar a Takargo ao grupo

Mota-Engil. A empresa será integrada na rede Captrain,

um player em transporte ferroviário e logístico na Europa.

Grupo Tangível

contrata 50

profissionais e aposta

na internacionalização

O Grupo Tangível, consultora de

human-centered design, vai contratar

50 novos colaboradores até final do

ano nas áreas de UX/UI Design, service

design e front-end development.

O grupo vai também contratar alguns

colaboradores para cargos de direção

para ajudar a suportar as taxas de

crescimento superiores a 100% que

apresentou em 2021.

José Campos e André Carvalho, co-CEO da Tangível

Lavoro abre mais

uma fábrica na

Póvoa de Lanhoso

A Lavoro, fábrica de calçado, está a

fazer um investimento de três milhões

de euros nas instalações da Póvoa de

Lanhoso, feitas há dois anos para fins

logísticos e onde a empresa está, de

momento, a construir a segunda unidade

de produção. A nova unidade vai

incluir uma tecnologia de reciclagem

de produtos ou subprodutos do processo,

desde linhas a todo o tipo de

materiais têxteis, para, depois, serem

reintegrados no fabrico das solas e,

por sua vez, nos sapatos.

Empresa faz investimento de três milhões

Joint venture irá criar 1500 postos de trabalho

Galp e Northvolt

vão explorar lítio

e investem 700

milhões

A Galp e a Northvolt criaram a joint

venture Aurora para explorar oportunidades

de negócios associadas

ao rápido crescimento da cadeia de

valor das baterias de lítio, com um investimento

de 700 milhões de euros

e a previsão de serem criados 1500

postos de trabalho. O projeto passa

por desenvolver uma cadeia de valor

de baterias para veículos elétricos,

tendo o objetivo de, em 2026, começar

a fase comercial.

ITCenter vai

contratar mais

150 engenheiros

ITCenter está a contratar em todas as suas

áreas de operação

A ITCenter, empresa tecnológica,

sediada no antigo Visionarium em

Santa Maria da Feira, mas também com

escritórios em Lisboa, Covilhã, Paris

e Nova Iorque, está a contratar 150

engenheiros para as áreas de network

engineering, platforms operations

e infrastructure automation em todos

os seus locais de operação. A empresa

disponibiliza um modelo de trabalho

remoto ou híbrido e tem como objetivo

alargar a sua zona de operação até ao

Reino Unido.

Abril de 2022

04 pmemagazine.sapo.pt


Mostramos-lhe

como foi...

No passado mês

de janeiro, lançámos

a 23.ª edição da PME

Magazine, com

Elisabete Jacinto,

piloto de todo-o-

-terreno. Durante o

lançamento, Elisabete

Jacinto explicou quais

são as características

necessárias para uma

liderança bem-sucedida

e enumerou os

comportamentos que

caracterizam um líder

do futuro.

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

05


CASOS DE SUCESSO

CIMAI: A QUÍMICA

DO SUCESSO

Nascido em 1987, o Grupo Cimai especializou-se no fabrico de

produtos químicos para tratamento de águas, higiene e limpeza

e na manutenção de piscinas. Uma empresa familiar, hoje com

operações no Brasil e a exportar para os PALOP e Europa, agora

com o foco nos produtos sustentáveis.

F

oi em Sintra que a Cimai se instalou

em 1987, sob a liderança de Maria

de Lourdes Mesquita, química e

investigadora que criou a empresa que viria

a tornar-se líder no fabrico de produtos

químicos para tratamento de águas, higiene

e limpeza e que mais tarde desenvolveria

também o seu trabalho na manutenção de

piscinas. Em 2014, o filho, Pedro Mesquita,

assume a gestão da empresa, que ainda

hoje lidera.

“A Cimai nasceu em 1987, mas só inicia

atividade industrial em 1994 quando constrói

uma fábrica no concelho de Sintra. Deixámos

de ser uma empresa de desenvolvimento e

passámos a ser uma empresa com desenvolvimento

e com indústria. Começámos

a tocar várias indústrias, nomeadamente

no setor da manutenção industrial – a fazer

produtos químicos para outras indústrias

– sempre numa ótica B2B, que ainda hoje é

o nosso foco”, começa por explicar Pedro

Mesquita, diretor-geral da Cimai.

As oportunidades de negócio levaram a

Cimai a novos rumos em 2003, aquando da

construção dos estádios para o Campeonato

Europeu de Futebol de 2004, altura em que

começaram a fazer manutenção de piscinas

para clubes como o Benfica e o Sporting.

“O Sporting e o Benfica construíram

piscinas completamente novas, com um

nível tecnológico muito avançado no tratamento

das águas e não tinham ninguém para

operar os equipamentos. Chamaram-nos e

disseram que tínhamos de ser nós a tomar

conta das piscinas. Aceitámos o desafio e

assumimos dois contratos, com o Benfica

e com o Sporting. Assumimos, depois,

contratos nas piscinas que eles têm nos

centros de estágio, no Seixal e em Alcochete,

e começámos a perceber que aquilo era um

negócio onde não estava ninguém”, revela.

A Cimai vê aqui uma oportunidade e

começa a dedicar-se à manutenção de

Cimai aposta no desenvolvimento de produtos amigos do ambiente

piscinas. Em 2016, dá mais um passo de

gigante rumo à internacionalização e fica

responsável pela manutenção das piscinas

dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mais

tarde, a possibilidade de gerir mais piscinas

e ganhar novos contratos em território

brasileiro levou a Cimai a adquirir uma

empresa local, que é hoje a Cimai Brasil,

com sede em São Paulo e operações em São

Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Em Angola,

a empresa está presente desde 2008, mas

Ana Rita Justo

Editora

Fotografia:

Grupo Cimai

Abril de 2022

06 pmemagazine.sapo.pt


CASOS DE SUCESSO

Cimai conta com 23 colaboradores em Portugal e sete no Brasil

em parceria com a Mistoquímica, do Grupo

Mopic, para a representação da marca.

Além disso, a Cimai exporta diretamente

para Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e,

dentro da União Europeia, para a Polónia,

Alemanha, Eslovénia e Espanha.

“Estamos muito focados nos países

de expressão portuguesa, por causa

da língua, e na União Europeia, porque

é tudo mais fácil e porque não temos

dimensão para dar tiros em várias direções,

sob risco de depois não fazermos

nada bem feito”, defende Pedro Mesquita.

Apostar no sustentável

Uma das apostas deste ano é o desenvolvimento

de produtos 100% biodegradáveis

e amigos dos consumidores, estando neste

momento a empresa a concorrer com o seu

primeiro produto ao selo europeu Ecolabel,

que deverá chegar ao mercado ainda este

ano. “As especialidades são mais exportáveis

e é esse o nosso foco agora. Estamos

Pedro Mesquita, diretor-geral do Grupo Cimai

também a fazer alterações nos nossos

produtos de base solvente para reduzir os

componentes orgânicos voláteis, ou seja,

a parte dos produtos que se volatiliza e que

cria emissões, nomeadamente que possam

atacar a camada de ozono. Neste momento,

todos os produtos que desenvolvemos são

produtos que não têm quaisquer emissões de

componentes orgânicos voláteis”, explica.

Além disso, a loja online foi outra das apostas

vencedoras. Numa primeira fase virada

para o mercado B2B, o website da Cimai

registou uma viragem para o consumidor

final com o início da pandemia: “Começámos

a sentir uma explosão no canal B2C

em março, abril e maio, mas achámos que

era conjuntural. Porém, percebemos que,

no verão, tivemos um novo fenómeno com

produtos de piscinas a serem comprados

online”. Hoje, a loja online já representa

cerca de 10% da faturação da empresa.

Apesar dos investimentos em curso, a

Cimai permanece cautelosa face à incerteza

do futuro mais próximo. O contexto

de guerra vivido na Ucrânia já ditou um

aumento do preço de matérias-primas

bastante utilizadas pela empresa para o

desenvolvimento dos seus produtos, como

é o caso do ácido sulfúrico, que num mês,

adianta o responsável, aumentou 140%. O

aumento dos preços de transporte internacional

também está a afetar as operações.

“Compramos matérias-primas na China e

um contentor que nos custava 1500 dólares o

transporte, neste momento está no mínimo

por 15 mil dólares. É dramático, porque

temos contratos públicos e temos sentido

que o poder público acha que as empresas

têm de assumir o risco do negócio todo

sozinhas”, lamenta.

Com uma equipa de 23 pessoas em

Portugal e sete no Brasil, a Cimai faturou,

em 2021, 1,6 milhões de euros e contava este

ano chegar perto dos dois milhões de euros

em vendas, mas o atual contexto leva Pedro

Mesquita a olhar para esta meta como “muito

difícil” de atingir. Já no Brasil, a faturação

do ano passado ficou-se pelos 180,2 mil

euros, com uma previsão de crescimento

de 20%, em 2022. Apesar das adversidades,

o foco no produto ecológico mantém-se e

o grupo está já a desenvolver uma solução

que permita reaproveitar os 2% de água

que, por lei, têm de ser descartados das

piscinas segundo normas da Direção-Geral

da Saúde.

“É um projeto que ficará pronto este

ano”, revela, sublinhando a importância

da equipa para a conclusão dos projetos

em curso.

“Se conseguimos vencer os dois confinamentos

e os respetivos impactos foi devido

à equipa, à união e à capacidade de trabalho

que revelámos neste período em que toda a

gente estava em casa e nós estávamos aqui

a trabalhar.”

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

07


CASOS DE SUCESSO

“ Os últimos dois

anos foram mais

difíceis, mas

com união e

um bocadinho

de força

conseguimos

ultrapassar

as dificuldades.

Bruno Santos,

fundador e CEO

da Sancovedras

Sancovedras dedica-se à decoração de exteriores e interiores a partir de Mafra

SANCOVEDRAS: DESENVOLVER

A DECORAÇÃO EM PORTUGAL

A Sancovedras é uma

empresa nacional

de decoração de exteriores

e interiores que pretende

cimentar a sua marca no país

e desenvolver o setor

da decoração em Portugal.

É um verdadeiro caso

de sucesso nacional.

C

om 19 anos e a ambição de igualar

o pai e fazer ainda melhor, Bruno

Santos fundou a Sancovedras em

2001, com o pensamento virado para o

comércio e com instalações próprias, em

Mafra. Desde aí, a empresa de materiais de

decoração tem vindo a ganhar renome no

país com parcerias com marcas conceituadas,

como a Orac Decor e a Villeroy

& Boch, as quais a Sancovedras representa

exclusivamente em Portugal, e com

inovações no mundo da decoração com

projetos únicos e um design de excelência.

Nos primeiros tempos, a empresa enfrentou

algumas dificuldades para se afirmar no

mercado. “O mais difícil foi ser tudo novo,

não tínhamos ninguém para nos ensinar”,

explicou o diretor executivo, em entrevista

à PME Magazine.

Texto:

João Monteiro

Redação

Fotografia:

Sancovedras

Abril de 2022

08 pmemagazine.sapo.pt


CASOS DE SUCESSO

Bruno Santos,

fundador

e CEO da

Sancovedras

Foi a partir de um empréstimo e com a

decisão de não ir para a universidade que

o fundador conseguiu adquirir a primeira

viatura para a empresa, permitindo-lhe

assim iniciar atividade. Numa altura em

que o mercado da construção civil estava

em alta, em 2000, Bruno Santos começou

por operar por conta própria antes de criar

a Sancovedras, em 2001, aproveitando

o crescimento que se verificou neste

mercado para, “com bom trabalho e

boa organização, adquirir estabilidade

o mais rapidamente possível e

conseguir maximizar o número de

novos clientes”.

Com uma equipa jovem de 15 colaboradores,

o ambiente diário que se vive

na Sancovedras é positivo. O fundador

apresenta a empresa como “uma grande

família”. Relativamente à situação pandémica,

Bruno Santos revelou não ter sido

fácil: “Os últimos dois anos foram mais

difíceis, mas com união e um bocadinho

de força conseguimos ultrapassar

as dificuldades.” Ao longo destes anos, a

empresa passou por momentos importantes

que colocaram a Sancovedras no patamar

que ocupa atualmente. A saída do irmão

enquanto sócio, em 2008, fez com que a

metodologia de trabalho fosse reestruturada

e que, em 2010, a Sancovedras agregasse

a Diviespaço, empresa de mão-de-obra

especializada na área dos revestimentos,

como tetos falsos, divisórias, isolamentos

e sancas.

Em 2018, Bruno Santos firmou a aquisição

de mais uma entidade para o grupo e

criou-se duas novas empresas, a Movwood

e a Carpinstala, para a prestação de serviços

para melhorar especificamente a área das

carpintarias de fabrico e aplicações.

“Temos de saber arriscar e estar, sempre

conscientemente, à procura de mais. Isto fez

com que aproveitássemos as oportunidades

que surgiram a nível de investimentos e

objetivos. São nesses momentos que, por

vezes, conseguimos superar os problemas

que nos aparecem no dia a dia”, afirma o

diretor executivo da Sancovedras.

Este ano, a empresa de decoração de interiores

e exteriores tem uma nova representação,

da marca Villeroy & Boch, produtora

de loiças e conhecida mundialmente pelo

seu trabalho na área dos sanitários, trazendo

um novo desafio à Sancovedras: distribuir

estes produtos por todo o território nacional

e representar a marca em Portugal.

No setor da arquitetura e da decoração, a

empresa representa, ainda, a Orac Decor,

com o desenvolvimento de painéis 3D que

têm vindo a ser mais procurados nos últimos

anos.Com o conflito na Ucrânia, o mercado

da construção civil e a procura de matérias-primas

veio acelerar muito a produção

e o aumento “desmedido” dos preços da

matéria-prima. Ainda assim, Bruno Santos

diz estar pronto para aumentar o ritmo da

produção e responder a mais este desafio.

Contudo, o grande objetivo para 2022 é a

abertura das novas instalações da Sancovedras

em Mafra, juntando escritórios, loja

e armazém num espaço único. Estas novas

instalações irão, diz Bruno Santos, “catapultar”

as diferentes empresas do Grupo

Sancovedras e os diferentes projetos que

serão trazidos no futuro próximo, incluindo

uma secção de 200 metros quadrados

exclusiva nas novas instalações, de formação

para a aplicação de produtos, ou seja,

como é feito o produto e de seguida a sua

colocação num determinado espaço, que,

segundo Bruno Santos “é uma lacuna muito

grande em Portugal” e que será uma área

a desenvolver nos anos que se seguem.

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

09


INVESTIMENTO

PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA

E OS INCENTIVOS ÀS EMPRESAS:

DESCARBONIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

Texto:

Sandra Laranjeiro

dos Santos

Advogada

e mediadora

de conflitos

Fotografia:

LS Advogados, RL

N

uma época de constante incerteza,

em que depois da pandemia a

guerra assolou o mundo, os apoios

à economia são cada vez mais cruciais à

sustentabilidade do tecido económico e,

concomitantemente, do consumo e do

bem-estar social.

Que incentivos temos?

O Plano de Recuperação e Resiliência

(PRR), anunciado como uma verdadeira

“bazuca”, quiçá tábua de salvação, conhece,

segundo dados de março passado, divulgados

pela “Recuperar Portugal”, dos

16,6 mil milhões de euros, apenas 4,2

mil milhões de aprovação e 424 mil

euros de valor pago.

Ou seja, muito, mas ainda muito

da “bazuca” está por aprovar (quanto

mais pagar…).

A isto acresce o facto de apenas 0,8% do

valor aprovado se destinar a empresas,

famílias e IPSS e o remanescente (99,2%)

das aprovações ser para projetos do Estado,

escolas e universidades.

Com este breve enquadramento, qualquer

empresário ficará de “cabelo arrepiado”,

dado que a famosa “bazuca” se esfuma a ser

consumida pela grande máquina do Estado.

Porque há que semear esperança, trazemos

aqui uma das medidas da “bazuca” que

está em concurso para empresas – trata-se

do Incentivo C11 – Descarbonização da

Indústria. Este incentivo visa alavancar

a descarbonização do setor industrial e

empresarial e promover uma mudança

de paradigma na utilização dos recursos,

concretizando medidas do Plano Nacional

de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e

contribuindo para acelerar a transição para

uma economia neutra em carbono, havendo

dois concursos: um para a elaboração de

roteiros de descarborização da indústria e

capacitação das empresas, no valor de 10

milhões de euros, e outro para a descarbonização

da indústria em si mesma, no

valor de 705 mil euros.

A guerra e a dependência de petróleo e

gás da Rússia – recorde-se que a Rússia é

o terceiro maior produtor de petróleo do

mundo, atrás apenas dos EUA e da Arábia

Saudita e que dos cerca de cinco milhões

Setor industrial

tem potencial

para melhorar

o seu desempenho

ambiental

de barris de petróleo bruto que exporta por

dia, mais da metade vai para a Europa – traz

a este tema ainda mais atualidade.

Há anos que se debate em Portugal a

necessidade/oportunidade para o desenvolvimento

da energia limpa, pelo que a

descarbonização é um excelente incentivo.

Existe no setor industrial nacional potencial

para melhorar o seu desempenho

ambiental, energético e material. A aposta

na eficiência energética, nas fontes de

energia renovável, na eletrificação, nos

combustíveis alternativos limpos, nos

processos e tecnologias de baixo carbono,

na adoção de modelos de economia circular,

nas simbioses industriais, na dinamização

de polos de inovação e criação de novos

modelos de negócio, de novos processos,

produtos e serviços direcionados para a

sociedade do futuro e a aposta, também,

no maior conhecimento e capacitação

dos agentes mereceram, por isso, à

luz do PRR, um incentivo.

Estejam atentos os empresários da

indústria, as associações empresariais

e centros tecnológicos dos diferentes

setores industriais com competências

técnicas orientadas para a

valorização da atividade industrial,

pois o incentivo (dos poucos aplicáveis às

empresas) está aí!

“Há anos que

se debate em

Portugal a necessidade/

oportunidade para

o desenvolvimento

da energia limpa, pelo

que a descarbonização

é um excelente

incentivo.”

Sandra Laranjeiro dos Santos

10

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


A app

que lhe

traz notícias

do seu

interesse

e ainda

lhe dá

prémios.

13:38 segunda

7, fev

Nas Terras Altas escocesas em

direção ao famoso Loch Ness

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INVESTIMENTO

FUNDO EUROPEU

PARA APOIO

AOS DIREITOS

DA PROPRIEDADE

INDUSTRIAL

Vale 1 (reembolso máximo de 1500 euros)

Reembolso de 75% do valor das taxas

de base relativas a marcas e desenhos ou

modelos da UE; reembolso de 75% do valor

das taxas de base, relativas a marcas e

desenhos ou modelos nacionais e regionais;

reembolso de 50% do valor das taxas de

pré-concessão relativas a marcas e desenhos

ou modelos internacionais, através

da Organização Mundial da Propriedade

Intelectual (OMPI); reembolso de 90% nos

serviços de pré-diagnóstico de PI.

Vale 2 (reembolso máximo de 750 euros)

Reembolso de 50% de taxas relativas a

patentes nacionais. A título exemplificativo,

no que diz respeito a pedidos de registo de

marca em Portugal e da União Europeia,

este fundo vai reembolsar 75% do valor

das taxas de base:

Texto:

Luís Caixinhas

Engenheiro de

patentes na Inventa

e agente oficial

da propriedade

industrial

Fotografia:

Inventa

N

o passado mês de janeiro, abriram

as candidaturas ao Fundo PME

Ideas Powered for Business, o qual

deve ser aproveitado por todas as PME para

requererem os pedidos de registo das suas

marcas em Portugal, na União Europeia e

internacionalmente. Além do reembolso

parcial dos custos associados aos pedidos,

este fundo apresenta as seguintes vantagens:

aprovação da candidatura – 15 dias; período

para execução – quatro meses, que pode ser

prorrogado por um prazo adicional de dois

meses; pagamento do reembolso – um mês.

As candidaturas a este novo fundo estarão

abertas até ao dia 16 de dezembro de 2022.

Porém, a aprovação das candidaturas é

realizada em função da ordem de chegada,

pelo que é aconselhável que as PME apresentem

as respetivas candidaturas com a

maior brevidade possível, como forma de

garantirem a aprovação das mesmas.

Com o apoio do Instituto de Propriedade

Intelectual da União Europeia (EUIPO), a

Comissão Europeia lançou um fundo de

apoio aos pedidos de registo de marca;

pedidos de patente nacionais; pedidos de

registo de desenho ou modelo (proteção

do design).

O fundo consiste num reembolso parcial

dos custos associados aos pedidos de registo

de desenho ou modelo, pedidos de registo

de marca e pedidos de patente nacionais, até

um valor máximo, por PME, de 2250 euros:

Taxa de base (a)

UE 850,00 €

PT

127,50 €

Luís Caixinhas

“Este fundo é, seguramente,

uma excelente

oportunidade para todas

as PME registarem

as suas marcas em

Portugal, na UE e

internacionalmente.”

Reembolso de 75% (b)

637,50 €

95,63 €

Deste modo, caso a respetiva candidatura

seja aprovada, uma PME vai gastar num

pedido de registo de marca com uma classe:

• Pedido de registo de marca 31,88 euros

(isento de IVA);

• Pedido de registo da União Europeia 212,50

euros (isento de IVA).

Este fundo é, seguramente, uma excelente

oportunidade para todas as PME registarem

as suas marcas em Portugal, na UE e

internacionalmente (via OMPI).

Taxa base após o reembolso (a)-(b)

212,50 €

31,88 €

12

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


INTERNACIONAL

A We Help Ukraine nasceu

online para fazer o match

entre refugiados ucranianos

que precisam de apoio

e voluntários e empresas que

queiram ajudar. Em entrevista

à PME Magazine, Hugo

de Sousa, porta-voz

do movimento, explica

a urgência de criar sinergias

para alcançar “a próxima

geração de apoio

humanitário”.

“APRENDEMOS

QUE FALTA

UMA PLATAFORMA

DE APOIO

HUMANITÁRIO

EM ESCALA”

Hugo de Sousa

PME Magazine – Como surgiu a We

Help Ukraine?

Hugo de Sousa – A We Help Ukraine

[WHU] surgiu no dia 26 de fevereiro após

ter sentido que precisava de fazer alguma

coisa para ajudar na crise de refugiados.

Inicialmente, pensei em ajudar apenas

uma família, mas pensei “porque não criar

uma plataforma de apoio, com pessoas e

tecnologia, para apoiar em escala mais

famílias”. Após um post no LinkedIn

conseguimos reunir mais de 300 voluntários

e, em 24 horas, tínhamos a primeira

versão do site online. Após 72 horas, fomos

surpreendidos pela positiva com um vídeo

do senhor Presidente da República a apelar

aos portugueses para o uso da plataforma.

PME Mag. – Que tipo de apoio podem

fornecer e em que países?

(H. S.) – A plataforma tem um posicionamento

global dado que recebe ofertas e

pedidos de ajuda a partir de qualquer lado,

mas o enfoque da operação, nesta fase, está

em Portugal. Oferecemos apoio ao nível da

articulação de esforços de matching entre

quem pede ajuda e quem quer ajudar. Os

temas mais solicitados são o alojamento,

transporte e informações relacionadas com

burocracia, como o estatuto de refugiado.

PME Mag. – Que balanço faz da iniciativa

até agora?

(H. S.) – Como costumo dizer, se o movimento

We Help Ukraine tivesse ajudado

apenas uma pessoa, já teria valido a pena.

Tendo em consideração de que ajudou

milhares – quem pediu ajuda e quem quis

oferecer ajuda – o balanço é muito positivo.

Achamos também que o movimento WHU

ajudou a criar uma onda de solidariedade,

tendo em consideração as dezenas de

iniciativas que se associaram à nossa marca,

Ana Rita Justo

Editora

Fotografia:

We Help Ukraine

Hugo de Sousa, porta-voz da We Help Ukraine

bem como outras plataformas inspiradas

na nossa. Talvez mais importante tenha

sido o facto de que aprendemos que falta

uma plataforma de apoio humanitário em

escala, para orquestração de meios civis em

momentos de crise. Se fosse fácil desenvolver

uma plataforma destas certamente

que já existiriam várias no mundo, mas a

verdade é que não existem. Assim, estamos

focados em desenvolver uma plataforma

que sirva o propósito da atual crise, mas

que fique disponível para a humanidade

para quando necessário. A velocidade de

resposta – o fator mais importante do que

fizemos – pode ser a diferença entre a vida

e a morte, ou algo igualmente mau pelo

meio. Acreditamos tratar-se de próxima

geração de apoio humanitário, orquestração

logística de meios civis para amplificar o

trabalho de organizações já existentes.

PME Mag. – De que apoios está a plataforma

mais necessitada?

(H. S.) – A plataforma precisa de apoio

para divulgação na Polónia. É importante

chegar onde estão concentradas as pessoas

que precisam de ajuda.

PME Mag. – O que mais o surpreendeu

com a criação da plataforma We Help

Ukraine?

(H. S.) – Surpreendeu-me a mobilização

de mais de 300 pessoas em poucas horas.

Quando existe um propósito comum, as

pessoas unem-se e independentemente

dos pontos de vista, ou background, somos

capazes de trabalhar em equipa. Um grande

bem-haja a todos os cofundadores e voluntários

que participaram e participam na

iniciativa. Um obrigado final ao senhor

Presidente da República por ter sido dos

primeiros, ao mais alto nível, a acreditar

no movimento. Fez toda a diferença.

Abril de 2022

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13


INTERNACIONAL

Texto:

Mafalda Marques

Diretora

Fotografia:

CE-CPLP

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

NA MIRA DOS

NEGÓCIOS CE–CPLP

São Tomé e Príncipe acolheu a segunda Cimeira de Negócios

da Confederação Empresarial CPLP (CE-CPLP) entre 16 e 18

de março na capital, São Tomé. A apresentação em Lisboa

pretendeu antever o evento e cativar empresários portugueses

a participar. Conheça as motivações de cada um.

A

apresentação da Cimeira de Negócios

da Confederação Empresarial

CPLP em São Tomé e Príncipe

aconteceu em fevereiro, em Lisboa, foi

liderada pelos seus representantes em

Portugal, Jorge Pais e Nelma Fernandes,

e contou com a presença de figuras de

Estado, embaixadores e até de músicos e

figuras da região.

O convite foi endereçado a uma lista de

empresários e grupos empresariais portugueses

pois, segundo Jorge Pais, diretor da

CE-CPLP: “É a nossa missão, promover os

empresários dos diversos países, ajudá-los

a crescer, a cimentarem-se tanto a nível do

mercado da CPLP como internacionalmente

junto de países terceiros”.

Nelma Fernandes, vice-presidente da

CE-CPLP em Portugal, começou por apresentar

São Tomé e Príncipe como um “país de

oportunidades pela localização estratégica,

climática e económica”. Anunciou parceiros

financeiros, como o Banco Africano de

Desenvolvimento para avaliar os projetos

elegíveis a desenvolver a economia e a

condição social de São Tomé e Príncipe.

Anunciou, ainda, um fundo sul-americano

que tem uma verba para investir na agricultura,

pesca e transformação alimentar.

A cerimónia contou com a presença da

ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação

e Comunidades de São Tomé e Príncipe,

Edite Ten Jua, que realçou a necessidade da

criação de novas estruturas, a moderniza-

“ É a nossa

missão,

promover os

empresários dos

diversos países,

ajudá-los

a crescer.

Jorge Pais,

diretor da CE-CPLP

Da esquerda para direita, Jorge Dias Correia, delegado da CE-CPLP em São Tomé e Príncipe, Maria Fátima Vila Nova, primeira

dama de São Tomé e Príncipe, Tito Mba Ada, embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa, Salimo Abdula, presidente

da CE-CPLP, Edite Ten Jua, ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe,

Vilmar Rogeiro Coutinho Junior, embaixador do Brasil em São Tomé e Príncipe, Maria Assunção Abdula, fundadora e

presidente da Federação de Mulheres Empresárias da CE-CPLP, Joaquim Duarte Pombo, embaixador de Angola em São

Tomé e Príncipe, Nelma Fernandes, vice-presidente da CE-CPLP e Jorge Pais, diretor da CE-CPLP

14

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


INTERNACIONAL

ção das existentes para criar verdadeiras

oportunidades de investimento e de criação

de riqueza efetiva. Referiu o esforço dos

sucessivos governos são-tomenses para

criar um melhor ambiente de negócios

e fomentar investimento, por um lado,

através da desburocratização do processo

de criação de empresas e, por outro, através

da obtenção/oferta de incentivos fiscais.

Para a ministra, a cimeira quer atrair

“empresários que sejam audazes e arrojados,

com uma mentalidade orientada

para a transformação de ativos naturais e

economia viva”. A agricultura são-tomense

foi ainda descrita como um laboratório

de oportunidades para a implementação

de novas tecnologias e culturas em solos

de origem vulcânica, com capacidade de

satisfazer os mercados mais sofisticados e

exigentes, sendo também uma excelente

oportunidade para reforçar a exportação

de produtos tradicionais, como o café, o

cacau e especiarias, entre outras.

Jorge Pais, diretor da CE-CPLP

e segurança que transmitam confiança e

segurança a quem visita o país”.

Fátima Bento, em representação do Grupo

Mestre, esperava poder levar a comercialização

de tintas e acessórios a São Tomé e

Príncipe, mas à data desta entrevista ainda

não tinha formalizado a sua inscrição pois

estava a ponderar o investimento na viagem

à cimeira, que fica entre os 1.500 euros e

os 3.000 euros.

A VISÃO DOS EMPRESÁRIOS

Rui Pinto, diretor-geral da Be Epic

Pharma, trabalha as áreas de produtos

farmacêuticos e dispositivos médicos e

equipamentos de proteção individual há oito

anos e afirma ter feito algumas deslocações,

no âmbito da CE-CPLP, a países africanos,

nomeadamente Congo, São Tomé e Príncipe,

Angola e Guiné Equatorial, com o intuito

de avaliar possibilidades de investimento,

não descurando a possibilidade de fazer

fornecimentos diretos de material e de

equipamentos. Mas o principal motivo

que o leva a procurar África é “exatamente

procurar oportunidades para investir,

criando infraestruturas que muitas vezes

não têm”, explicou, referindo-se aos

cuidados de saúde.

“A CE-CPLP simplifica, numa primeira,

fase os contactos com as autoridades, abre

as portas e coloca-nos em negociações com

as pessoas certas se não estaríamos à mercê

de comissionistas e intermediários que vão

encarecer ou diminuir a capacidade de

investimento”, adiantou. “Já temos alguns

projetos em andamento lá”, explicou.

Para Mário Rui Martinho, diretor-geral e

sócio da Val Global Business, especializada

em consultoria de investimentos, negócios

e parcerias internacionais, o propósito

da ida à cimeira é duplo: “Por um lado,

potenciar o negócio da empresa junto

dos empresários que vão estar presentes

em São Tomé e, por outro lado, falar com

Nelma Fernandes, vice-presidente da CE-CPLP

entidades do governo e fazer um levantamento

das necessidades e oportunidades

de investimento para arranjar parceiros”.

O empresário quer focar-se “nas áreas

de turismo, agroindústria e saúde, mas

também de comunicações, infraestruturas

“Entrámos aqui pelo networking e referenciação

com o objetivo de estabelecer

contactos que venham a desenvolver o

negócio em São Tomé e Príncipe e também

na plataforma que vai servir para outros

países CPLP, não numa lógica reativa, mas a

preparar o futuro que é algo extremamente

importante”, admitiu.

A segunda edição da Cimeira de Negócios

CE-CPLP aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de

março no Palácio de Congressos de São Tomé,

com o objetivo de colocar o arquipélago

no roteiro do investimento pós pandemia,

reforçando todas as suas potencialidades.

No seu discurso de abertura, Salimo

Abdula, presidente da CE-CPLP reforçou

que “esta cimeira, de entre os vários

objetivos, visa fortalecer a cooperação e a

amizade entre os países membros CPLP e

o consolidar do quarto pilar que é o pilar

económico e a cooperação empresarial”.

Mais de 150 empresários e empresas,

entre os quais portugueses, participaram

no evento.

Abril de 2022

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15


INTERNACIONAL

Texto:

Sara Fonseca

Redação

Fotografia:

LivGood

A

LivGood nasceu no Líbano, em

novembro de 2020, numa altura

em que a sustentabilidade é a palavra

de ordem, e chegou este ano a Portugal. É

um marketplace exclusivo online, dedicado a

um estilo de vida sustentável e às diferentes

dietas e intolerâncias (vegana, sem glúten,

sem lactose) e foi através de uma empresa

familiar especializada na distribuição de

produtos de grande consumo que a marca

se desenvolveu.

O CEO da marca em Portugal, Alexandre

Chedid, explica que a história da marca

começou quando se aperceberam que “as

cadeias de retalho e supermercados não

tinham espaço nas suas prateleiras para

produtos mais saudáveis e sustentáveis”.

Não é qualquer tipo de produto que pode

ser vendido no marketplace. Segundo o

CEO, os parceiros da marca têm de ter um

portefólio de produtos saudáveis acompanhados

por embalagens sustentáveis. Os

fornecedores da LivGood, de acordo com

Alexandre Chedid, são mais do que meros

fornecedores, são vistos como parceiros, e

exemplo disso mesmo é a parceria com a

Dumonde, empresa que representa marcas

de chocolates internacionais, que valoriza

a origem do cacau e onde são utilizados

os melhores grãos para criar as melhores

tabletes de chocolate. Além da Dumonde,

a LivGood também tem parceria com a

Yogan, empresa que oferece alternativas

veganas, saudáveis e nutritivas ao queijo.

A aposta no mercado português veio

no seguimento de os jovens portugueses

e também os de outras nacionalidades,

CHEGOU

A PORTUGAL

UMA FORMA

MAIS SAUDÁVEL

DE VIVER

LivGood é uma marca libanesa destinada

à venda de produtos saudáveis e sustentáveis

e chegou este ano a Portugal, prometendo

revolucionar a alimentação dos portugueses

Alexandre Chedid, CEO da LivGood em Portugal

que residem em Portugal, procurarem

uma melhoria nos seus estilos de vida. O

responsável considera que a população

portuguesa está em constante crescimento,

sendo que o público-alvo que a marca quer

atingir encontra-se entre os 25 e 50 anos.

“A LivGood é o tipo de marca que se

enquadra com o estilo de vida que se

encontra em Portugal e para nós era um

bom mercado para vir e implementar a

empresa”, afirmou o CEO. “Estava em

Portugal há três anos quando tive uma

conversa com o chairman da empresa, que

estava à procura de um lugar na Europa

[para instalar a empresa]. Pediu-me para

desenhar uma estratégia de mercado para

Portugal, o que fiz. Os números e a posição

do país na Europa convenceram o grupo a

começar em Portugal. Portugal é um ótimo

país para testar este tipo de plataforma e

expandir no futuro, tanto em Portugal como

em outros países”, continuou.

O marketplace online tem como objetivo

estender a sua operação para um estabelecimento

físico, a começar pela Grande

Lisboa com o objetivo de abrir mais lojas

pelo resto do país, passando também

por Espanha e França, querendo atingir

a liderança do mercado online quanto a

produtos saudáveis.

Alexandre Chedid acrescenta que a

LivGood tem “uma equipa na empresa, tanto

no Líbano como em Portugal, dedicada a

encontrar os melhores produtos”.

“Também vamos ter nutricionistas, no

sentido de educar as pessoas em relação

aos produtos e receitas. Isto porque, no

futuro, queremos vender algumas receitas

– os clientes compram os produtos e fazem

as receitas. É um conceito que queremos

desenvolver mais”.

Até ao momento, a marca conta com seis

colaboradores que ocupam os cargos de

supply chain e purchase manager, warehouse

manager, picker, office manager e apoio ao

cliente, mas tem o objetivo de continuar

a recrutar.

O website da LivGood tem conteúdo para

todos, desde um chat onde se pode pedir

esclarecimentos de dúvidas a acesso a um

nutricionista credenciado, um espaço dedicado

a receitas saudáveis, mas também um

espaço destinado ao blogue, que pretende

ajudar os visitantes a optarem por um estilo

de vida mais saudável, oferecendo dicas

sobre alimentação, sobre como reduzir o

stress, bem como sobre cuidados pré-natais

a ter na alimentação, entre outros.

Tendo Portugal como porta de entrada

na Europa, a LivGood espera, num futuro

próximo, expandir para Espanha e França.

16

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


AMBIENTE

Texto:

João Monteiro

Redação

Fotografia:

Ancor

Francisco Correia, diretor executivo da Ancor

ANCOR AO SERVIÇO

DA SUSTENTABILIDADE

A Ancor é uma empresa produtora de papelaria com

atividade na Península Ibérica e que conta com mais

de 50 anos de história no mundo da sustentabilidade.

“ O papel

e o cartão têm

uma aptidão

invulgar para

serem reciclados

ciclicamente,

dando sucessivamente

corpo

a diversos

produtos até

esgotarem a sua

capacidade de

regeneração.

Francisco Correia,

diretor executivo

da Ancor

C

riada em 1970 por António Correia, pai do atual gerente,

Francisco Correia, a Ancor começou a sua atividade numa

oficina quase artesanal situada nas traseiras da Rua de

Cedofeita e que vendia para as papelarias da cidade do Porto, com

os objetivos muito bem traçados: “Conseguir triunfar e dar uma

vida melhor à família!”. A explicação é do atual diretor executivo

da Ancor, Francisco Correia, em entrevista à PME Magazine.

A Ancor opera desde o desenvolvimento do produto, à impressão

gráfica, à indústria de embalagem de luxo e conta com uma oferta

diversificada de produtos de papelaria, sendo a sustentabilidade

um dos pilares estratégicos do seu desenvolvimento.

É uma preocupação que “começa com a sensibilização interna

para estas questões, mas está estrategicamente presente em áreas

tão diversas como sejam a área produtiva, logística ou de desenvolvimento

de produto”, revelou Francisco Correia. A empresa

trabalha diariamente com algumas das matérias-primas mais

sustentáveis do planeta e, “na realidade, o papel e o cartão têm

uma aptidão invulgar para serem reciclados ciclicamente, dando

sucessivamente corpo a diversos produtos até esgotarem a sua

capacidade de regeneração, isto além de serem biodegradáveis”,

acrescentou ainda o diretor executivo da Ancor.

A empresa está já a preparar o próximo regresso às aulas,

reforçando a oferta de produtos sustentáveis da linha “Ecologique

by Ancor”, que possui a certificação FSC recycled, sendo uma das

primeiras produtoras de papelaria da península ibérica a obter esta

certificação. A cerificação assegura que os

produtos são originários de florestas bem

geridas que oferecem benefícios ambientais,

sociais e económicos.

A Ancor conta com 150 colaboradores

distribuídos pelas variadas áreas da empresa

e espera aumentar este número nos próximos

anos. Além disso, está a desenvolver

um “Projeto Integrado de Melhoria de

Eficiência Energética e do Aumento de

Produtividade”, que, segundo o responsável,

“visa reforçar de forma decisiva o

desempenho em duas áreas chave para a

performance global da empresa”. A pandemia

impôs novos desafios à empresa, que

se viu impossibilitada de marcar presença

nas feiras internacionais para apresentar as

novidades para as campanhas de regresso

às aulas, como já é hábito.

“Tivemos de ser capazes de, em tempo

recorde, montar um complexo sistema

de apresentações, que conjuga o online

com o físico, para levar, com o mesmo

glamour, os novos conceitos a casa dos

clientes”, sublinhou.

Com o maior orçamento de vendas de

sempre em 2021, com 15 milhões de euros

de lucro, a Ancor encara 2022 com muita

determinação e expetativa num período

em que se vive uma grande instabilidade

social com o conflito na Ucrânia e que vai

trazer, como espera Francisco Correia,

uma crise energética e de escassez de

matérias-primas.

Abril de 2022

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17


RH

CONFLITO NA UCRÂNIA

ABRANDA RECRUTAMENTO

NAS EMPRESAS

Perspetivas

de crescimento

do emprego foram

abaladas pelo contexto

de guerra na Ucrânia

O

conflito entre a Ucrânia e a Rússia

pôs um travão a um período de

recuperação das contratações

no mercado de trabalho após dois anos de

instabilidade devido à Covid-19, algo que

tinha previsto no início de 2022.

O ManpowerGroup Employment Outlook

Survey registou as expetativas dos empregadores

portugueses para o segundo trimestre

de 2022 e a intenção de aumentar o recrutamento

para as suas empresas com 44%

dos empregadores inquiridos a terem esta

esperança para este ano.

“A projeção para a criação líquida de

emprego estava, assim, situada nos +29%,

já ajustada sazonalmente, e independentemente

do setor analisado, os empregadores

esperavam aumentar as suas equipas”,

explicou a ManpowerGroup Portugal.

Os setores que mais demonstravam

esperanças de crescimento a nível de

recrutamento eram os da restauração e

hotelaria que projetavam um aumento de

43% de novos empregos, setores estes que

foram gravemente afetados com a situação

pandémica dos últimos dois anos e com as

Texto:

João Monteiro

Redação

Fotografia:

ManpowerGroup

Portugal

medidas de contenção que interromperam e alteraram o método

de atividade dos mesmos. A consultora também destaca o setor

das tecnologias de informação, telecomunicações, comunicação

e media, que previram um crescimento de 40% nas suas equipas

e ainda o setor do comércio grossista e retalhista “denotava o

efeito dessa recuperação pós-pandémica, com os empregadores

a avançarem uma projeção para a criação líquida de emprego de

+37%”, avançou o estudo.

Com níveis inferiores, mas ainda com crescimentos significativos,

estão presentes os setores da produção primária e da

indústria, com projeções para a criação líquida de emprego de

18% e 24%, respetivamente.

Já o setor da banca, finanças, seguros e imobiliário regista uma

projeção de 25%, mas contando ainda com uma forte queda em

relação aos 48% avançados para o primeiro trimestre de 2022.

O ManpowerGroup Employment Outlook Survey concluiu, ainda,

que as pequenas e as grandes empresas previam um crescimento

de 33% e de 31%, respetivamente. Em termos geográficos, a zona

do Grande Porto foi onde “os empregadores previam o maior

aumento da força laboral, com a projeção a alcançar os +43%”.

“Vivemos um momento de grande incerteza e será necessário

ir monitorizando o impacto das novas medidas económicas aplicadas

na Europa e a escalada e duração do conflito, para conhecer

o impacto real no mercado de trabalho e em que medida estas

projeções dos empregadores se irão aproximar da realidade”,

concluiu a empresa.

18

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt



RH

“ Um passeio

calmo

na natureza, que

é a base do trabalho

da

Renature, ajuda

a aliviar os sintomas

do

stress e, consequentemente,

da

ansiedade e

depressão

Maria do Carmo,

fundadora

da Renature

O BALÃO DE OXIGÉNIO

COMO FUGA

À PRESSÃO CITADINA

Maria do Carmo Stilwell,

fundadora da empresa, passou

por um burnout após muitos

anos a trabalhar em ambientes

corporativos extremamente

exigentes e, no seu processo

de recuperação, encontrou

a terapia de floresta. Daí surgiu

a Renature, em 2018.

estarmos na natureza. A receção de vitamina

D, fundamental para o bom funcionamento

do corpo e para o melhoramento da concentração,

é boa para a pressão arterial, oxigena

o coração e o cérebro, melhora a memória,

reduz o stress e, ainda, protege e fortalece

os sistemas imunológico e cardiovascular.

Contudo, a maioria das pessoas vive

no constante stress dos grandes centros

urbanos, rodeados de doenças contagiosas,

poluição ambiental e sonora, aliando estes

pontos à constante pressão do tempo e das

obrigações que, variadas vezes, resulta em

ansiedade, pânico e depressão.

“Decidi que queria dedicar a minha vida

a criar um espaço e uma possibilidade de

mais pessoas encontrarem na natureza

uma forma de estabilizarem o seu sistema

nervoso e recuperarem energias para poder

fazer face aos desafios que a vida do século

XXI nos coloca a todos”, assinala Maria do

Carmo Stilwell, fundadora da empresa.

O local mais provável de encontrar a

Renature é no Parque Natural Sintra-Cascais,

mas os passeios são realizados em qualquer

espaço natural do país e assentam em três

pilares: ligação com a natureza através dos

sentidos e, mais concretamente, através de

terapia da floresta ou forest bathing, como

também é conhecida; embodiment, ou

consciência corporal, que é um trabalho

somático que permite trazer consciência

aos vários recursos que existem no

nosso corpo (como a respiração) e que nos

Texto:

João Carreira

Redação

Fotografia:

Renature

O local mais provável

de encontrar a Renature

é no Parque Natural

Sintra-Cascais

Existem várias modalidades para programas

com empresas

Desde os anos 1980 e da criação da

prática do Shinrin-Yoku [e. g. banho

de floresta em japonês] no Japão que

que surgiram vários estudos científicos que

demonstram os benefícios para a saúde de

20

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


RH

permitem cultivar um estado de presença;

clean eating que consiste em fazer uma

alimentação livre de alimentos processados

e refinados, procurando ingredientes

de elevada qualidade nutricional como os

cereais integrais, legumes e frutas frescas

e de origem biológica e local, sendo que

todas as refeições são confecionadas por

um natural chef.

Dentro das opções, existe, também, o

programa Restorative Nature Week, que

decorre durante cinco dias, no Parque

Nacional Peneda-Gerês, numa combinação

Os programas da Renature

oferecem experiências de três horas,

um, dois ou cinco dias, dependendo

da disponibilidade dos clientes,

sendo que, dependendo do

programa, podem custar entre

40 euros a 90 euros por pessoa,

havendo também iniciativas

para empresas.

de várias experiências de ligação com a

natureza que incluem terapia da floresta,

caminhadas noturnas, observação das

estrelas, práticas diárias de embodiment e

de relaxamento consciente e workshops de

clean eating que têm como objetivo dotar

os participantes de ferramentas fáceis para

poder integrar na sua vida após o final da

experiência.

Relativamente a programas com empresas,

existem várias modalidades, entre elas:

relaxed presence, que oferece a possibilidade

de praticar e aprender técnicas que nos

dotam da capacidade de estarmos presentes

e alertas em situações desafiantes da nossa

vida pessoal e profissional; creative vitality,

experiência que trabalha a criatividade

e a vitalidade das equipas que pode ser

alcançada por um passeio de trekking na

montanha, por uma refeição e workshop

sobre clean eating e alimentação para peak

performance em que aprendemos sobre

alimentos e nutrientes que permitem um

melhor funcionamento do nosso cérebro;

authentic connections, onde a comunicação

autêntica e a escuta ativa, através da

prática da comunicação em círculo, são

trabalhadas e stirring inspirations que tem

o objetivo de inspirar equipas a procurar

soluções “fora da caixa” através da sua

ligação com a natureza.

“A nível mental, um passeio calmo

na natureza, que é a base do trabalho da

Renature, ajuda a aliviar os sintomas do

stress e, consequentemente, da ansiedade e

depressão. Estar na natureza de forma calma

ativa o sistema nervoso parassimpático que

é responsável por nos ajudar a descansar

e digerir nutrientes importantes para a

nossa saúde. O sistema parassimpático

tem a função oposta do sistema simpático

que é ativado em resposta a situações de

stress, libertando hormonas como o cortisol

e adrenalina. É muito importante para a

saúde humana criar oportunidades para

que o nosso sistema parassimpático esteja

ativo”, alerta a fundadora.

O objetivo da Renature é continuar a

crescer a nível nacional e, para isso, em

adição às parcerias com hotéis na área

do wellness, associou-se a três projetos:

Wellbeing Inspired by Nature, uma rede

global de facilitadores de experiências de

ligação com a natureza; The Nature Talks

- Reconnecting People and Planet, conferência

anual de facilitadores de práticas

de ligação com a natureza; Quiet Parks

International, associação com o objetivo

de salvaguardar os espaços naturais em

que não se ouve sons urbanos.

“A ligação com a natureza é absolutamente

essencial para a saúde mental de

todos os seres humanos. Se pensarmos

que, enquanto espécie, evoluímos na

natureza durante milhares de anos, voltar

ao nosso ambiente natural é como chegar

a casa. Mesmo que, muitas vezes, nos

pareça inicialmente estranho, existe uma

memória celular e genética de a natureza

ser a nossa verdadeira casa ou ambiente

natural”, finaliza.

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

21


BI

Texto:

Sara Fonseca

Redação

Fotografia:

Divulgação

Ana Figueiredo

é a nova CEO

da Altice

Portugal

A

na Figueiredo

assumiu, no início

deste mês, o cargo

de líder da comissão

executiva

da Altice Portugal,

enquanto Alexandre

Fonseca passa a co-CEO da Altice

Europe. A gestora afirmou que a

missão da empresa irá continuar

a mesma. “O principal desafio será

continuar a adicionar capítulos

de sucesso à história de sucesso

que temos como Altice Portugal”,

afirmou Ana Figueiredo.

Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal

Teresa Roseta nomeada

head of CMI Ibéria

da Nestlé

Teresa Roseta, atual coffee marketing

manager em Portugal, foi nomeada

para a função de responsável de Consumer

& Market Insights Ibéria. As funções

passam por analisar os insights

do consumidor, identificar oportunidades

de mercado e gerar inovação para

responder às necessidades dos consumidores.

As novas responsabilidades

passam por desenvolver um conhecimento

profundo sobre o consumidor,

bem como do contexto de mercado.

EasyPark nomeia Jennifer

Amador Tavares de Sousa

diretora para Portugal

A EasyPark, empresa de tecnologia de

estacionamento, reforça a sua posição

no mercado português com a nomeação

de Jennifer Amador Tavares de

Sousa como diretora para Portugal.

A responsável já fazia parte da equipa,

tendo a sua nomeação sido natural.

A EasyPark funciona em pleno em

Lisboa e apresenta estratégias de crescimento

para todo o país. “Estou bastante

entusiasmada com o trabalho que

podemos vir a desenvolver”, afirmou.

Luís Aguiar é o novo

partner da Boyden

Portugal

Luís Aguiar é o novo partner para

a área de financial services da Boyden

Portugal, empresa especialista em

consultoria de liderança e talento.

O novo partner vem reforçar a equipa

da consultora com a sua experiência

em gestão e liderança no setor financeiro,

nomeadamente banca, seguros,

e gestão de ativos, mas também

alavancando outros setores relevantes,

tais como private equity, wealth

management e fintechs.

22

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


BI

Rui Simões é o novo

‘country manager’

da Lyreco

O grupo Lyreco, distribuidor de produtos

e soluções para o ambiente de

trabalho na Europa e a nível mundial,

anunciou a nomeação de Rui Simões

como country manager para o mercado

português. Rui Simões será agora

responsável por redefinir uma estratégia

de negócio, que permita à marca

aumentar a rentabilidade e aproximar-

-se da liderança no setor. “Durante os

próximos anos, pretendo acrescentar

valor ao negócio da Lyreco”, afirmou

Rui Simões.

Elsa Carvalho no conselho

de administração

do Grupo Egor

Elsa Carvalho passou a integrar o conselho

de administração do Grupo Egor,

depois de ter estado três anos como

diretora central de recursos humanos

na Caixa Geral de Depósitos. “Após

quase duas décadas como diretora de

recursos humanos, considero que chegou

o momento de assumir funções de

âmbito mais global, com impacto direto

no negócio e com aplicação direta

da experiência e conhecimento

adquirido e consolidado”, sublinhou

Elsa Carvalho.

Rui Brito é o novo

diretor de operações

do Pine Cliffs Resort

Rui Brito é o novo diretor

de operações do Pine Cliffs Resort,

responsável por todas as áreas, sem

contar com o F&B, que se mantém a

cargo de Dálio Calado.

“Não podia estar mais feliz e orgulhoso

por abraçar este novo desafio.

A identificação com este

projeto é total e sinto que posso

continuar a contribuir para superar

os elevados padrões de qualidade

que caracterizam o Pine Cliffs Resort”,

afirmou Rui Brito.


RESPONSABILIDADE SOCIAL

Texto:

João Monteiro

Redação

Fotografia:

Fundação

José Neves

FUNDAÇÃO JOSÉ

NEVES: EDUCAÇÃO É O

FUTURO DE PORTUGAL

A Fundação José Neves trabalha diariamente para dinamizar

a sociedade portuguesa e aposta fortemente em promover a

educação e o desenvolvimento pessoal em Portugal. Impactar

as vidas dos portugueses é o lema da fundação.

A

Fundação José Neves foi criada

com o principal objetivo de

“transformar Portugal numa

sociedade de conhecimento” e apostar “na

educação universal, contínua e acessível ao

longo da vida”, palavras ditas por José Neves

no lançamento oficial da sua fundação a 17

de setembro de 2020.

Uma organização dedicada à educação

e ao desenvolvimento pessoal, a Fundação

José Neves tem como missão impactar as

vidas dos portugueses e tornar Portugal um

país mais evoluído no futuro próximo, com

estratégias delineadas para desenvolver a

educação e preparar os jovens para o mundo

do trabalho.

A fundação assenta em quatro pilares

de atuação e que se complementam entre

si. “Promover o acesso à educação, potenciar

as competências do futuro, projetar a

educação do futuro e despertar a consciência

individual. Têm como objetivo promover

o acesso generalizado à educação, apoiar

as novas gerações através da aposta na

requalificação e na educação ao longo da

vida de quem já está no mercado de trabalho

(upskill e reskill) e despertar para o equilíbrio

entre as dimensões intelectual e espiritual

do conhecimento, fortalecendo o lado

humano, moral e ético de cada cidadão”,

explicou Carlos Oliveira, o atual diretor

executivo da fundação.

De forma a facilitar o processo de atuação

da organização, a Fundação José Neves

criou os guias FJN, que exploram temáticas

relacionadas com a atividade da fundação

e que passam por recomendações “muito

práticas e de fácil leitura e que pretendem

ajudar, com informação relevante, os

diferentes destinatários a tomarem as

melhores decisões”, como explica Carlos

Oliveira. À data de hoje, a instituição já

implementou três guias de apoio com três

temas diferentes. O primeiro foi o “Guia

para jovens e pais: como escolher o que

estudar?” e que apresenta um conjunto

de recomendações para ajudar jovens e

pais a tomarem decisões sobre o futuro dos

estudos. De seguida, o “Guia para adultos:

como aprender ao longo da vida?”, focado

em promover a educação contínua e mostrar

que a educação e a aprendizagem ao longo

da vida têm benefícios a nível individual e

social e também em diferentes âmbitos da

vida, nomeadamente na empregabilidade,

remunerações, família e bem-estar.

Por último, o “Guia para o desenvolvimento

pessoal: como investires no teu

bem-estar?”, lançado recentemente, versa

sobre o tema da saúde mental dos portugueses

e como é fundamental cuidarmos

dela. Através de um conjunto de exercícios

24

Abril de 2022

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Carlos Oliveira, diretor executivo da Fundação José Neves

e estratégias que visam ajudar as pessoas a

lidar com as suas emoções de uma forma

saudável, a Fundação José Neves pretende

chegar aos portugueses que sofrem de stress

diário relacionado com a sua vida pessoal

e o seu trabalho.

Com o pensamento de democratizar o

acesso à educação e de preparar os portugueses

para o futuro no mundo do trabalho,

a Fundação José Neves criou o ISA FJN, um

programa de bolsas reembolsáveis para

todos os portugueses que queiram seguir

a sua carreira nos estudos, qualquer que

seja a sua situação pessoal, profissional ou

capacidade financeira.

“Podem beneficiar do ISA FJN estudantes

no ciclo normal de educação e profissionais

que já estejam no mercado de trabalho –

mesmo que se encontrem numa situação

de desemprego – mas queiram apostar no

desenvolvimento das suas competências”,

esclareceu o diretor executivo da fundação.

O programa está estruturado de forma

que seja a fundação a pagar a propina à

instituição de ensino e que o estudante

possa fazer o reembolso do investimento à

fundação “quando e se atingir as condições

de sucesso previamente definidas”.

Com mais de 1,7 milhões de euros investidos

no apoio a cerca de 230 portugueses, a

Fundação José Neves já possui acordo com

330 cursos e 40 instituições de ensino para

que seja possível implementar o projeto ISA

FJN em Portugal.

Já a plataforma Brighter Future, criada

pela fundação, é “a maior base de conhecimento

sobre educação, empregabilidade

e competências em Portugal”, afirmou o

diretor executivo, Carlos Oliveira. Através

desta iniciativa, é possível fazer uma análise

atualizada sobre diversos indicadores do

mundo do trabalho, como as profissões

mais procuradas, os patamares salariais,

as competências mais valorizadas pelas

empresas e a empregabilidade nas diferentes

áreas de formação.

Com o crescimento da fundação, o

número de parceiros e colaboradores associados

à organização tem também, por sua

vez, crescido, sendo eles o Instituto Nacional

de Estatística, o Instituto de Emprego e

Formação Profissional, a Direção-Geral

do Ensino Superior e as Universidades do

Minho e de Aveiro, ou outras empresas.

“Todas com o objetivo de transformar

Portugal numa sociedade do conhecimento

e que caminham connosco para apresentarmos

aos portugueses as melhores

soluções para os ajudar ao nível pessoal

e profissional”, declarou Carlos Oliveira.

Em tempos de pandemia, a Fundação José

Neves acelerou o processo de lançamento

das bolsas ISA FJN e também a criação da

aplicação 29k FJN, que conta já com mais

de 20 mil utilizadores registados e que

oferece cursos de desenvolvimento pessoal

orientados por embaixadores parceiros da

fundação, em formato de

vídeos, meditações, áudios

e exercícios, com o objetivo

de fortalecer a saúde mental dos

portugueses e preservar o bem-estar

da população.

Com a expetativa de chegar a cada

vez mais portugueses para promover a

importância da educação e da promoção

do bem-estar pessoal, a Fundação José

Neves tem a missão diária de mudar a vida

dos cidadãos nacionais, cuidando da sua

saúde mental e promovendo o objetivo final

de desenvolver a população portuguesa a

nível pessoal e profissional.

Abril de 2022

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25


FIGURA DE DESTAQUE

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Abril de 2022

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FIGURA DE DESTAQUE

Os vales sociais

são um benefício

para a

sociedade

como um todo

Filipa Martins

Texto:

João Carreira

Redação

Fotografia:

João Filipe Aguiar

Com mais de 20 anos

de experiência em

gestão de empresas,

marketing, parcerias

estratégicas e projetos

digitais, Filipa Martins

é, atualmente, CEO da

Edenred Portugal.

Integrou a empresa em

fevereiro de 2021, em

plena pandemia,

e assumiu como missão

dinamizar a área

dos vales sociais nas

empresas nacionais.

P

ME Magazine – Afinal, o que são os vouchers

sociais?

Filipa Martins (F. M.) – Vouchers sociais são títulos

extrassalariais que não fazem parte da remuneração.

São veículos para exercer uma determinada

necessidade das populações, pelo que têm sempre

uma componente social, no sentido de terem sido pensados para

atribuir esse benefício a uma população. São reforçados por um

contrapeso fiscal que, na verdade, é o que acaba por incentivar à

utilização. A origem dos vales sociais vem do pós-segunda guerra

mundial, em 1950. Foram criados com o propósito de ajudar as

empresas a garantir aos seus colaboradores pelo menos uma

refeição quente ao longo do dia, para se tornarem mais produtivos

e terem um equilíbrio nutritivo em termos de saúde. Hoje, estão

Abril de 2022

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27


FIGURA DE DESTAQUE

“ Se há um

benefício fiscal

é para fazer

o incentivo

ao consumo

no próprio

território.

Filipa Martins

patentes em 40 países no mundo, 19 da

União Europeia e, tipicamente, conseguem

criar esta espécie de círculo virtuoso entre

uma série de players: empresas, colaboradores

e uma terceira entidade, que são os

estabelecimentos aderentes à rede onde se

utiliza o benefício propriamente dito. Para

estes últimos, é uma forma de aumentar

emprego. O próprio Estado acaba por

ficar com um ecossistema regulado, uma

economia regulada, não informal, que

propicia mais receitas de impostos. Os

vales sociais são, por isso, um benefício

para a sociedade como um todo. Os vales

sociais, não sendo meios de pagamento, são

títulos que permitem gerir estes benefícios

sociais. Têm um conjunto de características

que estão legisladas e que os tipificam.

Passa muito por terem de ser atribuídos a

empresas por entidades emissoras, entidades

como a própria Edenred, para uma rede

que, no fundo, é controlada para garantir

a satisfação da tal necessidade. Se estamos

a falar do benefício de refeição, o vale

social tem de ser utilizado para efeitos de

alimentação. No caso português, seja em

restauração, seja bens alimentares, essa

rede obviamente está cingida ao território

nacional, até porque, se há um benefício

fiscal, é para fazer o incentivo ao consumo

no próprio território.

PME Mag. – Passando para a esfera

nacional, que tipos de vales sociais existem

em Portugal?

F. M. – Nesta tipificação de vales sociais,

existem essencialmente três: o mais conhecido

de todos é o benefício refeição, associado

ao subsídio de almoço. Basicamente, há

um incentivo fiscal para a atribuição pela

empresa aos colaboradores deste benefício

até 4,77 euros em cash, mas o benefício mais

atrativo está, na verdade, no vale social - em

formato cartão, eventualmente voucher ou

até, potencialmente, em formatos digitais

-, em que este valor vai até 7,63 euros por

dia. Temos benefícios na área da creche, para

crianças até seis anos, inclusive. No vale social

creche, temos isenção de TSU, majoração

de IRC e isenção de IRS, o que acaba por ser

um incentivo bastante interessante para a

utilização deste tipo de vales. Depois, há um

terceiro que agrega várias componentes: a

de estudante - para a educação de crianças

com mais de sete anos e formação de adultos

-, e todo o ecossistema relativo a saúde e

lares, de apoio a seniores. Neste terceiro,

a isenção e o incentivo é, essencialmente,

ao nível da TSU.

PME Mag. – Nesta vertente, qual a sua

importância para as empresas? E, já agora,

que benefícios fiscais representam ao

final do ano?

F. M. – O benefício fiscal é o que as empresas

valorizam à cabeça, embora não seja o

único incentivo que existe. Há toda uma

componente de motivação das equipas,

até de employer branding, que é relevante e

que não devemos descartar. Mas, do ponto

de vista fiscal, uma empresa com cerca de

dez colaboradores, atribuindo o subsídio

de refeição com vale social, pode conseguir

uma poupança anual de cerca de 1600 euros,

sendo que cada um dos colaboradores desta

empresa terá um benefício fiscal de cerca

de 200 euros. Se saltarmos para o outro

benefício da creche, para crianças até aos seis

anos inclusive, já estamos a falar de valores

até 3300 euros para empresas com até dez

colaboradores. Depois os valores descem

um pouco, porque só há incentivo TSU no

benefício da educação, saúde, etcétera.

Em Portugal, a Edenred

vai fazer 38 anos, conta

com meio milhão

de utilizadores, tem

cerca de 41 mil

estabelecimentos

aderentes e um universo

de 17 mil clientes

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Abril de 2022

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FIGURA DE DESTAQUE

“Há uma panóplia

de benefícios

que são uma

mais-valia para os

colaboradores e em

que conseguimos

uma economia de

escala para uma

PME, porque

ela entra num

ecossistema

que lhe consegue

facultar isso.”

Filipa Martins

E aí estamos a falar de valores de poupança anual de 2000 euros

para empresas de cerca de 100 euros por colaborador.

PME Mag. – É dessa forma que contribui para o desenvolvimento

sustentável das empresas.

F. M. – É. Há, inclusivamente, estudos feitos em Portugal.

Especificamente para o benefício refeição, há um estudo do

professor Jorge Bravo, da Universidade Nova de Lisboa, retratando

este benefício e este ecossistema em Portugal. Este estudo

macroeconómico refere que, por cada euro injetado na economia

através de compras com este voucher social, cerca de 2,09 euros

são injetados na economia e 2,01 euros em PIB. Portanto, há, de

facto, um fator de escala, de majoração, relevante. Mas, além disso,

há um aumento de produtividade das empresas. A empresa que

utiliza tem esse benefício muito direto, no que toca à motivação

dos seus colaboradores.

PME Mag. – Porque é que há tantas empresas que desconhecem

a existência deste tipo de benefícios sociais?

F. M. – O que noto no mercado é que não há muito conhecimento

da génese dos benefícios, por que é que foram criados, como é

que funcionam, o valor acrescentado social macroeconómico…

A vertente mais direta é, de facto, a vertente fiscal. Faz parte do

trabalho das empresas emissoras que gerem a operação destes

títulos, como a Edenred, fazer essa pedagogia. O valor da

Filipa Martins

destaca benefícios

para as empresas

dos vales sociais

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

29


FIGURA DE DESTAQUE

Edenred também está aí: por um lado, faz

essa pedagogia, passando às empresas informações

do ponto de vista da fiscalidade, da

utilidade para a sociedade e até do ponto de

vista da responsabilidade social; por outro

lado, gere o sistema, porque é preciso ter

contratos. E esta é uma das características

específicas dos vales sociais: têm de ter

uma rede contratualizada, para se poder

garantir que o benefício está a ser utilizado

para aquele fim em particular. Dar estas

garantias ao ecossistema faz também parte

do nosso trabalho do dia a dia.

PME Mag. – Em Portugal, estes vouchers

têm alguma limitação de subscrição por

empresas?

F. M. – Não, nem por número de colaboradores.

Qualquer empresa pode utilizar,

desde PME com um colaborador a

quem se atribui o subsídio de refeição, até

empresas corporate na casa dos milhares

de colaboradores.

PME Mag. – E, no nosso país, quais são os

vouchers mais procurados? Restauração,

educação?

F. M. – Certamente, o mais conhecido,

procurado e utilizado é o de refeição.

Diria que os outros têm vindo a crescer,

até porque, nos últimos anos, a pandemia

acelerou a preocupação com os temas de

educação, de creches e até de saúde.

PME Mag. – O recurso a vales sociais

aumentou durante a pandemia? Se sim,

quanto e em que setores? Ou foi transversal?

F. M. – Não notámos que tenha havido

um acréscimo específico pela pandemia. Há

um interesse mais direcionado para a área

da educação e da formação, Há um acréscimo,

fruto, se calhar, da tal pedagogia, do

tal conhecimento que vai havendo destas

possibilidades. A evolução, na verdade, já

vinha de trás.

PME Mag. – Em que medida a pandemia

acelerou ou provocou alterações na vossa

oferta?

F. M. – Aí, acelerou, certamente. Costumo

dar quatro tendências que a pandemia,

globalmente, acelerou e acho que todas

elas se refletiram na oferta da Edenred.

Certamente, a digitalização das empresas

teve uma aceleração nítida, porque ficámos

todos em teletrabalho, as crianças

em telescola, etcétera. O e-commerce

também aumentou muito, quer ao nível

das preocupações com o contactless, quer

do crescimento das compras online. Tudo

isto vinha de trás, mas teve aqui um incremento

na utilização. Depois, uma vertente

A Edenred Portugal

aplica um regime

que complementa

trabalho presencial

e teletrabalho

mais de segurança, associada às preocupações com a saúde. E,

por último, a própria sustentabilidade. Mesmo durante a pandemia

falou-se muito da questão do planeta e “vamos ficar todos

bem” e houve aqui uma grande associação a esta componente de

sustentabilidade. Em termos de digitalização, reforçámos a nossa

oferta numa lógica de plataforma de multibenefícios flexíveis. O

que é que isto quer dizer? As empresas têm um portal a que podem

recorrer e gerir toda a oferta, consoante os benefícios que querem

atribuir a cada um dos seus colaboradores. A mesma coisa para

os utilizadores, que têm uma aplicação chamada MyEdenred, em

que gerem todos os benefícios que lhes possam ter sido atribuídos,

por exemplo, pode ter uma criança com vale creche, outra

tem o vale de educação, porque a criança é mais velha, e tem o

subsídio de refeição. Pode consultar os saldos, os movimentos e

vantagens associadas a estes produtos nesta aplicação. Do ponto

de vista de e-commerce, lançámos uma parceria com o MB WAY,

para pagamentos sem contacto, e os pagamentos online e mobile

aceleraram neste período de 2021. Depois, na vertente de saúde

e segurança, lançámos um plano de saúde gratuito para todos os

utilizadores do cartão. Temos uma preocupação nesse sentido que

casou muito com este período de pandemia. Finalmente, demos

mais destaque e trabalhámos sobre o tema da sustentabilidade.

Abril de 2022

30 pmemagazine.sapo.pt


Fizemos novamente um barómetro “FOOD”, um programa que

temos de combate à obesidade, com a DGS, e que faz parte dos

nossos temas de responsabilidade social. Acreditamos que as

empresas também querem atribuir este tipo de benefícios com

empresas que têm preocupações com este cariz. E este tema também

é valorizado pelos próprios colaboradores. Portanto, houve uma

aceleração em várias áreas, embora os temas já fizessem parte da

nossa estratégia e viessem de trás.

PME Mag. – Sobre o “FOOD”, aproveito para perguntar que

balanço faz do programa?

F. M. – É um programa que tem já cerca de 10 anos na empresa,

em Portugal resulta de uma parceria com a DGS, que oferece

A empresa lançou

a aplicação MyEdenred

que permite aos

colaboradores

gerirem os benefícios

A entrevista

foi realizada na sede

da Edenred Portugal,

em Lisboa

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

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FIGURA DE DESTAQUE

Filipa Martins entrou para a Edenred Portugal em fevereiro de 2021

“O programa

‘FOOD’ pretende

passar

a informação

de como comer

de forma mais

saudável, nutritiva

e equilibrada.

A Edenred lança o

programa porque

contacta com todo

o ecossistema.”

Filipa Martins

todo o know-how na área da alimentação. O programa chama-se

“FOOD”, tem que ver com nutrição e pretende combater a obesidade.

É um programa que pretende passar a informação de como

comer de forma mais saudável, nutritiva e equilibrada. A Edenred

lança o programa porque contacta com todo o ecossistema. Não é

por acaso que o nosso propósito é “Enrich connections. For good.”

[n. d. r. em português “Enriquecer ligações. Para o bem.”], em que

“for good” quer dizer de uma forma sustentada e para o bem.

Temos um ecossistema de cerca de meio milhão de utilizadores

a usar a nossa aplicação e as nossas soluções e um ecossistema

de dezenas de milhares de clientes. Do ponto de vista de estabelecimentos

aderentes, temos cerca de 41 mil. Temos muitos

pontos de contacto para passar duas grandes mensagens: para

os utilizadores, estas preocupações relativamente à alimentação

saudável; para os estabelecimentos onde o cartão pode ser utilizado,

que tenham também essas preocupações e sugestões nos menus.

É esse o nosso papel em colaboração com a DGS. O barómetro

“FOOD” é feito anualmente, fizemos também em 2021, durante

a pandemia. O que notámos mais este ano foi, efetivamente, uma

preocupação acrescida com a boa alimentação. É um programa

em que queremos apostar até mais, e é um eixo fundamental no

nosso posicionamento de responsabilidade social.

PME Mag. – Especificamente para uma PME, quais as vantagens

de ter uma oferta de benefícios sociais para os seus

colaboradores?

F. M. – Se remontarmos novamente às origens do vale refeição,

à partida, uma pequena e média empresa tem mais dificuldade em

criar a sua própria cantina. Consegue, sim, atribuir o subsídio de

refeição aos seus colaboradores, garantindo com o vale social a

nutrição, produtividade e motivação dos colaboradores, sem ter

de investir numa cantina. Portanto, há uma poupança de custos,

o que é um benefício óbvio. Ao nível da educação, há uma preocupação

da formação e do desenvolvimento dos colaboradores,

que também foi reforçada com a pandemia. Com o benefício

educação, para mais de sete anos, é também possível que adultos

integrem escolas de línguas, universidades, pós-graduações,

etcétera. Este benefício permite investir nos próprios colaboradores

e criar desenvolvimento. Por também serem pequenas

e médias empresas, as PME acabam por ter, muitas vezes, mais

dificuldade em negociar, por exemplo, descontos, vantagens

ou benefícios, e os nossos 500 mil utilizadores têm um conjunto

de vantagens: descontos diretos em fornecedores, em postos de

abastecimento de combustível, telecomunicações, planos de

saúde… Há uma panóplia de benefícios que são uma mais-valia

para os colaboradores e em que conseguimos uma economia de

escala para uma PME, porque ela entra num ecossistema que

lhe consegue facultar isso. Toda esta componente de benefícios

extrassalariais, no nosso caso, foi pensada com um regime de

flexibilidade. Ou seja, as empresas não têm de adotar todos os

benefícios. Têm total acesso à plataforma, existe a aplicação, mas

vão customizando os benefícios consoante as necessidades. Um

casal com filhos pequenos valoriza o benefício creche, quem não

tem já não valoriza esse e, se calhar, valoriza o da formação. Há

essa adaptação.

PME Mag. – Qual o papel dos vouchers sociais no pós-pandemia?

F. M. – Já se falava, há umas semanas, muito do tema da inflação

e que o poder de compra baseado no salário ia ser reduzido. Isso,

na verdade, é ainda mais agravado com o cenário de guerra que

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Abril de 2022

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FIGURA DE DESTAQUE

A CEO da Edenred Portugal pretende manter o programa

“FOOD”

Filipa Martins

É CEO da Edenred Portugal, tendo

mais de 20 anos de experiência

em gestão de empresas, marketing,

parcerias estratégicas e projetos

digitais. Foi diretora-geral do Sapo,

tendo como missão definir

a estratégia de conteúdos digitais,

e-commerce e produtos e serviços

Sapo na Altice Portugal e liderou

as equipas de produto, comerciais

e tecnológicas. Assumiu, ainda,

o cargo de administradora não

executiva das empresas

Sportinveste Multimédia, Janela

Digital e Venda Já. Anteriormente,

trabalhou cinco anos como

consultora na A. T. Kearney, nas

áreas de transportes, administração

pública, instituições financeiras

e pasta e papel. Possui um mestrado

e MBA pela NOVA School

of Business and Economics,

e uma licenciatura em Business

Administration pela Universidade

Católica.

estamos a ver na Europa, com notícias de

aumento dos preços dos bens alimentares.

Já não estamos a falar de aumentos de um

ponto percentual, vão ser, de facto, valores

mais significativos. É nesse cenário, precisamente,

que estes tipos de benefícios mais

fazem sentido. Os vales sociais, no fundo,

democratizam o acesso a certos bens e

respondem às tais necessidades da população

em determinadas áreas, garantindo

que elas são suprimidas. É importante,

de facto, ao dia de hoje, garantir, novamente,

que há acesso a uma alimentação

condigna, nutritiva, que há acesso à educação.

É exatamente neste momento que os

vouchers sociais vão ter um papel cada vez

mais importante. E não há apenas estes

vouchers que existem em Portugal. Há um

estudo interessante da OCDE, chamado

“Social vouchers: innovative tools for local

development and social inclusion”, em que

se faz uma espécie de benchmark europeu

e mostra-se que tipo de soluções existem

lá fora. Muitos países utilizaram os vales

sociais, durante o período da Covid-19,

para incentivar, por exemplo, o consumo

na restauração. Há outras soluções, como

os eco vouchers na Bélgica, que existem há

10 anos, para fomentar a sustentabilidade,

em que os vouchers são utilizados em bens

e produtos ecológicos. Há muitas outras

soluções e adaptações… Este contexto

pós-pandémico e, infelizmente, de guerra

na Europa, vem dar mais relevância à utilização

deste tipo de mecanismos.

PME Mag. – Para terminar, qual a importância

da operação portuguesa no grupo?

F. M. – A Edenred, globalmente, está

presente em 46 países, tem cerca de 50

milhões de utilizadores, dois milhões de

estabelecimentos aderentes e cerca de 900

mil clientes, e está presente no mundo há 50

anos. São números significativos, décadas

de atuação. Em Portugal, vamos fazer 38

anos, temos o tal meio milhão de utilizadores,

cerca de 41 mil estabelecimentos

aderentes e cerca de 17 mil clientes. Somos

uma operação relevante, dentro da imensidão

e dos 46 países em que a Edenred está

presente mundialmente. Na Europa, temos

uma presença também destacada, estamos

incluídos nos países do Sul da Europa e

somos uma operação para a qual o grupo

olha com bastante atenção.

Abril de 2022

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EMPREENDEDORISMO

PORTUGUÊS CRIA

PLATAFORMA INOVADORA

DE INVESTIMENTOS

A plataforma Cheres auxilia na gestão de ativos

e é totalmente user generated, sendo

também um espaço de partilha financeira.

C

hegou ao mercado a plataforma

Cheres, uma plataforma social

de investimentos que permite

aos investidores uma melhor gestão dos

seus ativos, através de ferramentas que

estão presentes na aplicação. Atualmente

disponível nos Estados Unidos da América

e no Canadá, todo o conteúdo presente

na plataforma é user generated e não

produzido por quem gere a mesma,

estando toda a informação produzida

num só dashboard com um design que

vai ao encontro das necessidades da

geração Z.

Quando questionado sobre o

nascimento da ideia, António

Andrade, cofundador da Cheres,

que estudou engenharia no Instituto

Superior Técnico e fez investigação

em inteligência artificial

na École Polytechnique Fédérale de

Lausanne, explicou que foi durante o

confinamento, consequência da Covid-19,

que sentiu necessidade, em conjunto com

os seus colegas, de criar um espaço onde se

pudesse falar de investimentos: “Eu, a Kathleen

Garcia-Manjarres e o Shahriar Kabir

criámos um grupo para conversar sobre

investimentos e rapidamente percebemos

que havia uma grande vontade por parte

da comunidade de poder participar, por

isso, criámos um chatbot para automatizar a

partilha de investimentos e fazê-los chegar

instantaneamente a todos os membros do

grupo. Assim, vimos crescer a semente - em

poucos dias éramos mais de 500 membros

de todos os cantos do mundo”.

Com o rápido crescimento da plataforma,

António Andrade e os colegas candidataram-

-se ao programa de aceleração Techstars,

em Los Angeles, tendo sido aceites em julho

de 2021, começando a criar o caminho da

plataforma pela América. “O objetivo é criar

um espaço único de partilha financeira,

Texto:

Sara Fonseca

Redação

Fotografia:

Cheres

ligando comunidades, agregando numa plataforma all-in-one

ativos tradicionais e alternativos, como NFT (non-fungible tokens)

e criptomoedas. No futuro, o objetivo é que se possa transacionar

através de qualquer conta de investimento no mundo sem sair da

app da Cheres”, continuou.

A plataforma, através de parcerias com universidades espalhadas

pelo mundo, bem como com parcerias com comunidades de

empoderamento feminino para a literacia financeira das mulheres,

conseguiu atingir um público de mais de três milhões de pessoas,

ou seja, um público muito diversificado. De acordo com os dados

fornecidos pelo cofundador da Cheres, 60% dos utilizadores são

do sexo feminino e 80% de minorias subrepresenteadas, como

afroamericanos, latinos e asiáticos nos Estados Unidos da América

e Canadá. Para as comunidades que querem ajudar a plataforma

Cheres a crescer podem contactar a mesma e fazer parte do seu

grupo na rede social Discord, onde existe partilha de ideias,

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Abril de 2022

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EMPREENDEDORISMO

António Andrade, cofundador da Cheres

conversas sobre o mercado, pop-culture e

sessões de coworking.

Além disto, a Cheres tem acordos com

os maiores 500 bancos tradicionais e

de investimento da América do Norte,

Canadá e todas as Wallets Ethereum, bem

como a Coinbase, Kraken e Crypto.com.

Para António Andrade, o que diferencia a

plataforma é o facto de cada utilizador

poder ter, em média, cinco contas de

investimento.

“Esta ferramenta de agregação tão

exaustiva é algo que não existia até

chegar a Cheres, e tendo em conta que

a nossa base de utilizadores possui em

média cinco contas de investimento,

é algo que lhes acrescenta bastante valor,

sendo também um dos nossos principais

diferenciadores”.

Esta plataforma é uma startup recente,

no entanto, já conseguiu resultados muito

positivos.

“Em apenas dois meses depois de participarmos

no Techstars (investidor operacional

que apoia quem começou uma jornada

empreendedora, desde a ideia até a construção

do negócio mais bem-sucedido

possível), fechámos esta ronda seed, que é

um muito bom resultado para uma startup

tão jovem, sobretudo após termos sido

aceites para participar de entre mais de mil

candidatos e com uma taxa de aceitação de

1%”, explicou António Andrade.

Os planos futuros passam também por

expandir as suas operações em todos os

países, começando pela Europa e Ásia, visto

que, de momento, apenas contas bancárias

sediadas nos Estados Unidos da América e

no Canadá são elegíveis. Mas não se fica por

aqui. A plataforma quer, também, lançar

uma app IOS ainda este ano, bem como

alcançar os 100 mil utilizadores. Além disso,

tem intenção de que “os especialistas em

investimento tenham um canal aberto para

a sua audiência, numa única plataforma

all-in-one, com ferramentas de gestão da

comunidade, likes, comentários e tudo o que

já existe numa rede social para potenciar

engagement”.

Como qualquer empresa, a Cheres quer

continuar a crescer e a aumentar a sua

equipa, focando-se, principalmente,

no talento de cada pessoa, e, por esse

mesmo motivo, não têm nenhum prazo

para contratarem pessoal porque estão

apenas à procura de alguém ideal para se

juntar à equipa, seja em trabalho remoto

ou na sede, em Nova Iorque.

“ Esta ferramenta

de agregação

tão exaustiva

é algo que não

existia até

chegar a Cheres,

e tendo em

conta que

a nossa base

de utilizadores

possui em

média cinco

contas de investimento,

é algo

que lhes acrescenta

bastante

valor.

António Andrade,

cofundador da Cheres

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

35


EMPREENDEDORISMO

“ O empreendedorismo

cultural

ainda é olhado

de forma estranha,

mas o aumento

dos

projetos é bom

sinal, porque

quanto mais

existirem, quanto

maior a acessibilidade

e a sensibilização,

melhor

para todos.

QUANDO

A CULTURA

ACONTECE

“O homem sonha, a obra

nasce”, escrevera Fernando

Pessoa. E foi a sonhar que

a Caracol Studios nasceu,

produtora que Joana

Domingues e o realizador

Bruno Gascon tiraram

do papel e que quer

continuar na senda da luta

pelas causas sociais.

“Foi na apresentação da curta-metragem

‘Vazio’ que conhecemos o Tim Vieira, que

foi um forte impulsionador daquilo que é

hoje a Caracol. Nós tínhamos a experiência

da parte do jornalismo, da comunicação,

da parte da realização, mas faltava-nos a

experiência empresarial. Nesse sentido,

o Tim e outras pessoas que ele nos apresentou

deram-nos conhecimento a nível

empresarial, financeiro, legal, coisas que

são uma mais-valia para uma empresa”,

começa por explicar Joana Domingues.

Com a empresa criada, já estava na cabeça

de Bruno Gascon realizar uma longa-metragem

sobre tráfico de seres humanos.

“Toda a gente nos dizia que era impossível,

porque era sobre tráfico de seres humanos

e porque éramos os dois completamente

desconhecidos e porque não fazíamos parte

da família do cinema. Porém, ao contrário

daquilo que esperávamos, encontrámos

muitas pessoas que nos abriram portas”,

conta a responsável.

As parcerias de sucesso acabaram por

mitigar todos os “nãos” que a Caracol

Studios foi recebendo ao longo do tempo

e, em 2018, era então lançada a “Carga”,

a primeira longa-metragem da produtora,

que marcou a estreia de Sara Sampaio no

mundo do cinema e que contou, ainda,

com os atores Vítor Norte, Rita Branco,

Ana Cristina Oliveira, Miguel Borges,

Duarte Grilo, Dmitry Bogomolov e com a

atriz polaca Michalina Olszanska no papel

principal, expondo a realidade do tráfico de

seres humanos. Ao todo, o filme chegou a

mais de 30 países e foi nomeado para mais

de 20 prémios, nacionais e internacionais,

Ana Rita Justo

Editora

Fotografia:

Caracol Studios

Michalina Olszanska

protagoniza “Carga”,

que mostra a realidade

sobre o tráfico

de seres humanos

Joana Domingues,

diretora da Caracol

Studios

Joana Domingues é produtora e fundou a Caracol Studios

em 2016

N

asceu em 2016, com o intuito de

trazer para a opinião pública as

temáticas sociais, e é hoje casa de

obras como “Carga”, ou “Sombra”. Joana

Domingues, produtora, e Bruno Gascon,

realizador, são as caras por detrás do

projeto, que conta ainda como sócios com

o empreendedor Tim Vieira e o advogado

Hugo Mendonça.

A empresa surge de uma boa dose de

coragem da atual diretora da Caracol Studios,

Joana Domingues, e do realizador Bruno

Gascon, quando deixaram os seus empregos

a full-time para se dedicarem inteiramente

ao projeto.

36

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


EMPREENDEDORISMO

e conseguiu arrecadar 12 galardões, entre

eles o de melhor filme internacional no

Enfoque International Film Festival de

2019, em Porto Rico.

Filme “Sombra”

é inspirado no

desaparecimento

de Rui Pedro e é

protagonizado por

Ana Moreira

Uma pandemia na “Sombra”

Tudo podia ter corrido muito mal com

a chegada da pandemia da Covid-19 a

Portugal, em 2020, mas o planeamento

antecipado e o facto de o segundo filme

que a Caracol Studios já estava a preparar já

ter sido filmado, “Sombra”, ajudou a que a

produtora não se fosse abaixo no contexto

atípico que o país e o mundo viveram.

“Tínhamos acabado de filmar a ‘Sombra’

em novembro de 2019, então, durante o

confinamento, obrigatoriamente íamos

estar a fazer a pós-produção. Graças à

evolução da tecnologia conseguimos fazê-lo.

Além disso, já estávamos a preparar outro

filme para o qual já tínhamos garantido

financiamento antes da pandemia”, revela.

“Sombra” estreia, então, em 2021, dando

um novo impulso à vida deste estúdio de

produção, um filme inspirado no desaparecimento

de Rui Pedro, em 1998, com

Ana Moreira no papel principal e nove

prémios, entre eles o de melhor obra e de

melhor filme-história no Festival de Cinema

Barcelona - Sant Jordi.

Quando questionada sobre o filme que

mais a marcou, a produtora mostra a sua

ambivalência: “A ausência de respostas a

que estas famílias estão sujeitas é uma coisa

absolutamente avassaladora. É impossível

comparar dores ou comparar sofrimentos,

mas, em termos pessoais, eu enquanto

produtora fico muito dividida, acho que

ambos [os filmes] são especiais na sua

forma. Sei que o Bruno [Gascon] gosta muito

da ‘Carga’, mas que a ‘Sombra’ lhe ficou

mesmo muito marcada, devido à relação

que estabeleceu com as pessoas”, explica.

Apesar de assumir a dificuldade de fazer

vingar um projeto cultural em Portugal, a

diretora-geral mostra-se satisfeita com a

receção do público português.

“Muitas pessoas perguntavam como é

que faziam para comprarem um bilhete de

cinema, ou que já não iam ao cinema há 30

anos, ou que o cinema mais próximo que

tinham ficava a 100 quilómetros. Isso é muito

simbólico das discrepâncias que existem

a nível do acesso à cultura”, sublinha,

acrescentando que “a sensação é sempre

de um carinho enorme” e que “a nível

internacional esse carinho é ainda maior”.

Filmada está já a terceira longa-metragem

da produtora, que deverá estrear ainda em

2022 e na qual o realizador Bruno Gascon

“vai falar sobre liberdade de expressão e

sobre liberdade no seu todo, sobre o que é

que aconteceria se, após a segunda guerra

mundial, o mundo tivesse entrado numa

ditadura que tivesse durado até aos dias de

hoje”, desvenda Joana Domingues.

Prova do trabalho feito pela produtora

foi a nomeação de Joana Domingues

como membro do board da European Film

Academy (EFA). “Fiquei muito contente,

porque acredito que pode ser uma forma de

fazer chegar a Portugal iniciativas da EFA.”

Sobre o empreendedorismo nacional,

a também empresária sublinha que os

portugueses são “peritos a fazer milagres

com palitos”.

“Podemos ter bastantes dificuldades,

mas as nossas pessoas são muito criativas,

muito empreendedoras e muito capazes.

O empreendedorismo cultural ainda é olhado

de forma estranha, mas o aumento dos

projetos é bom sinal, porque quantos mais

existirem, quanto maior a acessibilidade

e a sensibilização, melhor para todos.”

Sara Sampaio

estreou-se como

atriz no filme

“Carga”

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

37


MEDIR PARA GERIR

NÃO HÁ BEM

QUE NUNCA

ACABE, MAS

TAMBÉM…

NÃO HÁ MAL QUE

SEMPRE DURE!

T

alvez a expressão “mundo V.I.C.A.”

nunca tenha tido uma aplicação

tão adequada como nos dias de

hoje! A segunda edição do Barómetro

PME Magazine surge num momento em

que a Europa, mas também o mundo, vive

circunstâncias excecionais das quais muito

poucos se lembrarão. Considerando que a

recolha dos dados decorreu ao longo do

mês de fevereiro, os resultados ainda não

traduzem nem a reação imediata, nem a

reação refletida e, por isso, utilizá-los como

base de análise contém, certamente, um

elevado risco!

Se os anos 2020 e 2021 foram exigentes, a

volatilidade e incerteza que, no dia em que

escrevo, rodeiam o mundo empresarial são

de forma a sugerir que os riscos e as preocupações

manifestadas nas respostas ao

Barómetro PME Magazine 2022 devem ser

ampliadas, o otimismo deve ser mitigado e

os empresários devem preparar-se para um

ano difícil que porá à prova, novamente, as

suas capacidades de resistência ao segundo

choque brutal em menos de três anos.

Focar-me-ei, pois, numa perspetiva de

curto e médio prazo, nos desafios que o

Barómetro 2022 aponta.

DESAFIO 1: PESSOAS

Independentemente da dimensão, setor

ou prazo de reflexão, este é um dos desafios

maiores que as empresas enfrentam nos

próximos tempos. A escassez de talento está

apontada em todos os setores de atividade

como uma tendência pré-determinada (ou

seja, com grau de incerteza muito baixo,

mas com impacto muito elevado). Nestas

circunstâncias, exigem-se duas ações muito

relevantes de dois diferentes tipos de atores:

Poderes públicos: co-desenhar com o

mundo empresarial políticas inteligentes,

pragmáticas e eficazes direcionadas a duas

áreas fundamentais: educação e migrações.

A primeira dirigida à adequação dos currículos

às necessidades de uma sociedade

do futuro e à formação ao longo da vida; a

segunda dirigida à captação e à retenção

de talento externo que mitigue as carências

que, transitória ou permanentemente,

os recursos internos não conseguem (ou

querem) ultrapassar.

Empresas: robustecer o foco na retenção e

desenvolvimento dos colaboradores. Face à

escassez de talento que se sente (e sentirá),

os líderes empresariais devem privilegiar

políticas de gestão de recursos humanos

direcionadas para o desenvolvimento de

competências dos colaboradores, estabelecendo

planos de evolução do cocktail

de capacidades (técnicas, colaborativas,

sociais…) necessárias, integradas em planos

de incentivos direcionados à retenção.

DESAFIO 2: CRESCIMENTO

RENTÁVEL

O Barómetro PME Magazine 2022 enuncia

três desafios (vendas, dinheiro e marketing

e comunicação) que decidi endereçar

conjuntamente, pois o seu grau de integração

assim o justifica.

Poderes públicos: no curto prazo, volta

a ser necessária a solidariedade da sociedade,

através da disponibilização de fundos

públicos, para ajudar as empresas de setores

que estão ainda fragilizados pelos impactos

da pandemia e/ou que estão a sofrer os

impactos da guerra na Ucrânia nas cadeias

de abastecimento e na estrutura de custos.

Pelas declarações de responsáveis governamentais,

tal parece estar no horizonte,

sendo apenas necessário rapidez e agilidade

para que os fundos cheguem efetivamente

às empresas. Os fundos, nacionais e comu-

Texto:

João Silveira

Lobo

professor

assistente na

Nova SBE e Nova

SBE Executive

Education

Fotografia:

Nova SBE

Executive

Education

“Os líderes

empresariais

precisam de implementar

ações

de curto prazo,

muitas delas

duras e difíceis,

para acomodar a

componente de

subida de custos

de matérias-primas

e energia

que não vão

ser capazes de

transferir, na sua

totalidade, para

o preço dos produtos

e serviços

que colocam no

mercado.”

38

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


MEDIR PARA GERIR

nitários, de apoio às empresas necessitarão

também, e certamente, de uma revisão

para que tenham em conta a sustentação,

no médio prazo, das consequências que a

guerra na Ucrânia trará para toda a Europa

e, naturalmente, para Portugal também.

Empresas: os líderes empresariais precisam

de implementar ações de curto prazo,

muitas delas duras e difíceis, para acomodar

a componente de subida de custos de

matérias-primas e energia que não vão ser

capazes de transferir, na sua totalidade,

para o preço dos produtos e serviços que

colocam no mercado. É muito provável

que nestas circunstâncias o crescimento de

vendas que estava indiciado no Barómetro

PME Magazine 2022 não se concretize ou,

a concretizar-se, que ocorra com uma

redução de margem que não vai trazer a

libertação de fundos que se estimava! O que

nos remete para uma cautela elevada das

disponibilidades financeiras das empresas e

para uma gestão criteriosa do balanço, quer

na componente de dívida quer na componente

de investimentos. Naturalmente, em

situações difíceis como as que se viverão em

2022, é também o momento de aprofundar

a transformação organizacional, quer seja

através do redesenho de processos para

maior eficiência, quer seja para diversificação

das fontes de abastecimento para maior

resiliência, quer seja para tirar partido de

aquisições de empresas que não conseguem

resistir às dificuldades, quer seja, ainda,

para aprofundar a singularidade, percebida

pelos clientes, de produtos e serviços que

potenciem uma maior captura e retenção

de clientes e consequentemente de vendas

(com rentabilidade acrescida) no futuro.

Faça scan

para ter acesso

ao estudo

completo:

DESAFIO 3: À PROVA DE FUTURO

Não é certo que os desafios de sustentabilidade

e transformação digital tenham

um progresso tão expressivo como o que

enuncia o Barómetro PME Magazine 2022.

Não sendo apenas desejável, pois o comboio

do futuro não para, é também plausível que

a evolução do contexto mitigue o foco das

empresas nestas áreas. Mais uma vez, os

dois atores são chamados a agir:

Poderes públicos: qualquer revisão dos

fundos atrás referidos que, eventualmente,

venha a ocorrer não deve descurar estas duas

áreas (sustentabilidade e transformação digital),

pois elas são essenciais para que a sociedade

e o mundo empresarial consigam, passada a

tormenta, fazer face ao impacto positivo na

forma como todas as gerações querem viver!

Empresas: Ainda que no curto prazo haja

um momento de suspensão dos planos

transformativos na organização, já que os

impactos a gerir são de um âmbito e uma

profundidade que não deixam alternativa,

não devem as empresas abandonar nem o

esforço de redesenho de processos, produtos

e serviços, nem a captura e retenção do

talento capaz de ajudar na transformação

da empresa para um futuro mais sustentável

e com uma digitalização end-to-end com

impacto muito positivo na sociedade e na

rendibilidade das operações.

Termino com uma nota de esperança: não

há bem que nunca acabe, mas também…

não há mal que sempre dure!

“A segunda

edição do

Barómetro PME

Magazine surge

num momento

em que a Europa,

mas também

o mundo, vive

circunstâncias

excecionais das

quais muito

poucos se

lembrarão.”

O Barómetro

PME Magazine 2022

foi realizado entre 31 de

janeiro e 28 de fevereiro

e contou com uma

amostra de 853 micro,

pequenas e médias

empresas.

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

39


MARKETING

Texto:

Sofia Neves

Digital Marketeer

na Media em

Movimento

Fotografia:

D. R.

COMUNICAÇÃO

INTERNA:

A PONTE DE TODAS

AS EMPRESAS

Todos sabemos que qualquer boa relação está

assente na comunicação. Como seria de esperar,

as empresas não são exceção e é na comunicação

que colaboradores, gestores, administrações vão

encontrar as pontes necessárias para que a sua

vida na empresa e que a própria vida da empresa

seja a melhor possível, independentemente da sua

dimensão.

Comunicação

interna permite

alinhar estratégia

da empresa com

os colaboradores

“A comunicação

está na génese

de qualquer um.

Mas só quando

definida de forma

intencional

e conjunta permite

que as

empresas possam

crescer

positivamente.”

I

nvestir numa comunicação interna

eficaz é sinónimo de benefícios. É

graças a ela que as informações correm

entre todos e é nela que nasce a vontade

de ‘vestir a camisola’ e a motivação para

todos os dias cada um dar mais de si pela

empresa em que está. Ainda tem dúvidas?

A comunicação está na génese de qualquer

um. Mas só quando definida de forma

intencional e conjunta (todos devem

estar envolvidos: colaboradores, gestores,

administradores, etcétera) permite que as

empresas possam crescer positivamente.

E esta não é uma realidade apenas para

as grandes empresas. Também as micro,

pequenas e médias empresas (PME) poderiam

descobrir os benefícios da aposta na

comunicação interna se não a descurassem

devido à sua dimensão. A verdade é que,

muitas vezes, por se tratarem de empresas

com poucos colaboradores, as micro

empresas ou PME acabam por deixar de

lado uma estratégia que permita criar

sinergias, que resultariam em benefícios

para os colaboradores e para a empresa.

É com uma estratégia interna de comunicação

que se torna possível alinhar todas

as equipas com a empresa, ao transmitir

o ADN da empresa aos colaboradores e

criando, assim, uma cultura partilhada;

que as informações podem fluir pelas

equipas de forma mais eficaz, aumentando

a produtividade; que a motivação pode

crescer, com colaboradores mais envolvidos;

e que o ambiente de trabalho se torna

invariavelmente mais positivo. Por outro

lado, os riscos de uma má comunicação interna

(ou da sua ausência) podem fazer uma empresa

ruir: pode existir ruído; quebras na produtividade

devido ao mau funcionamento dos fluxos da informação,

desmotivação por parte dos colaboradores e uma menos boa

relação entre colegas e com a chefia.

Apesar de não haver uma receita para a estratégia de comunicação

interna ideal, há alguns temas por onde pode começar.

Tendo sempre em consideração as características da sua empresa

e dos seus colaboradores, importa definir os canais e os fluxos que

devem ser utilizados na sua empresa.

Também a aposta em eventos internos vão permitir uma

maior aproximação entre todos – o team building, por exemplo,

permite a partilha de informações relativas à empresa e traz um

momento de boa disposição, partilha e aproximação entre todos

da empresa. Outra ação na qual pode pensar, por exemplo, é a

aposta na formação dos colaboradores, através de webinares ou

formações, que vão permitir que haja um sentimento de motivação

e, simultaneamente, a própria empresa ganhará com esta

aquisição de conhecimentos. Como estas, existem várias ações a

considerar na hora de definir a estratégia de comunicação interna

da sua empresa, cada qual com as suas especificidades e mais ou

menos adequada aos objetivos da empresa e seu ADN.

Do que está à espera? Potencie a comunicação interna da sua

empresa, crie pontes e leve o seu negócio mais longe.

Abril de 2022

40 pmemagazine.sapo.pt


MARKETING

A ARTE PARA

DIFERENCIAR

O

valor está na perceção. Pode ser

frustrante pensar que, no fim do

dia, depois de todo o trabalho

árduo em construir negócios, empresas,

equipas, processos, o que conta é a forma

como os outros nos percebem e não aquela

que nós achamos que somos percebidos.

É o que mais acontece. Ser-se preterido

pelo consumidor/cliente porque a perceção

de marca construída não permite vantagem

sobre a concorrência ou a uma existência de

uma noção de valor acrescentado. A verdade

é que a criação de valor nas empresas está

ligada ao seu valor de marca. De marca

para os seus públicos externos, e cada vez

mais para os seus públicos internos. Uma

marca é um conjunto de perceções acumuladas

na interação com os seus conteúdos

identitários e narrativos, difundidos por

diferentes pontos de contacto. O poder

de uma empresa e dos seus produtos está

muito ligado ao poder de construção de

perceções ancoradas em boas verdades e,

obviamente, em boas práticas.

Para lá dos bons produtos ou serviços.

O exercício de diferenciação é a principal

ferramenta de trabalho na construção destas

perceções. É o que assegura que a criação

de valor das empresas se concentre numa

ideia ou num conjunto coerente de ideias

claras para todos os públicos.

A procura da verdade, da história que a

suporte, das razões por se é uma boa escolha

ou dos propósitos para agir é, hoje, uma das

principais funções do exercício de gestão.

A permanente dinâmica dos mercados

num mundo interconectado, de alta mobilidade

física e social, obriga a este esforço

permanente de lembrar o que somos e

porque existimos. Quando bem feito, este é

um exercício que garante a criação de valor

económico, mas também de valor humano,

de fatores de atração e retenção de talento e

de predisposição para o reconhecimento do

papel positivo das empresas pela sociedade.

E aqui entra a arte e a cultura no geral.

Artificação é um termo cunhado por Ossi

Naukkarinen, que classifica o tratamento

de objetos não artísticos como arte. Para

lá de todas as eventuais reverberações

deste conceito, dentro do próprio enten-

dimento do que é arte e das suas fronteiras,

na Solid Dogma ele serviu para encarar o

que fazemos. E a criar uma abordagem

a que chamamos a Art Approach e que

resume a nossa filosofia na procura dessa

diferenciação.

As marcas, instituições e negócios culturais

precisam da arte aliada ao design e

à comunicação, porque isso contribui

para aumentar o valor profundo das suas

mensagens e manifestações públicas. As

intervenções de marca com abordagens

culturais únicas criam consciência social

e significado durável. Representam um

compromisso da marca em produzir algo

que vai além de simplesmente tentar vender

um produto.

E permitem a criação de um fluxo de

conteúdo proprietário e original, que

aumenta o período de exposição de mensagens,

pois as narrativas assumem diferentes

formas – podem ser uma embalagem

desenhada por um artista, um monumento

público, um festival, uma peça de

teatro imersivo e qualquer outro meio que

acrescente valor cultural e social ao aspeto

transacional. No fim, neste intercâmbio,

enquanto se leva uma visão artística ao

branding e uma visão de branding à cultura,

ficam emoções e relações de longo prazo.

Texto:

Pedro Pires

CEO da Solid

Dogma

Fotografia:

Diana Mendes

/Gerador

Pedro Pires

é CEO da agência

Solid Dogma

“ A procura da

verdade, da

história que a

suporte, das

razões por se é

uma boa escolha

ou dos propósitos

para agir é,

hoje, uma das

principais funções

do exercício

de gestão.

Pedro Pires ,

CEO da

Solid Dogma

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

41


TECNOLOGIA

SELOS DE MATURIDADE

DIGITAL

E

stamos atualmente a viver um admirável

mundo novo em que, através

do uso intensivo da tecnologia, é

possível inovar, otimizar processos, baixar

custos e aceder a informações vitais para

os negócios, dando origem a tomadas de

decisão em tempo real. Esta nova realidade,

que está claramente a mudar as nossas vidas,

deve-se ao facto de estarmos permanentemente

ligados, em contacto e a comunicar,

trazendo consigo novas oportunidades

para todos, cidadãos e empresas, sendo

fundamental que o nosso tecido empresarial

acompanhe esta tendência e lidere

o processo de transformação digital das

empresas, tão necessário e crucial para a

economia portuguesa.

Lançados em fevereiro de 2021, no âmbito

da presidência portuguesa da União Europeia,

os “Selos de Maturidade Digital” têm

como objetivo fomentar o incremento de

maturidade digital nas organizações portuguesas

em quatro pilares fundamentais:

cibersegurança; privacidade e proteção de

dados; acessibilidade e sustentabilidade.

Cada pilar encontra-se dividido em três

níveis: bronze, prata e ouro, sendo cada um

deles composto por um conjunto de requisitos

técnicos, humanos e organizacionais

que, quando implementados e certificados,

contribuirão ativamente para o aumento

da maturidade digital das empresas, da

confiança por parte dos consumidores e

da segurança para todos os utilizadores

dos serviços digitais.

Além de uma iniciativa de certificação, os

“Selos de Maturidade Digital” constituem

uma ferramenta efetiva para guiar o processo

de transformação de uma empresa, devido

ao desenho progressivo dos requisitos que se

encontram divididos pelos três níveis. Nesse

processo de transformação, é importante

utilizar os requisitos como um benchmark

para avaliar o nível de maturidade digital

da empresa, bem como decidir o nível que

pretende atingir, através da implementação

destes pilares, individualmente ou em

conjunto, tirando o máximo partido da

flexibilidade desta iniciativa.

Esta iniciativa, gerida pela Imprensa

Nacional – Casa da Moeda (INCM), originou

a criação de grupos de trabalho no âmbito

do Instituto Português da Qualidade (IPQ)

que desenvolveram os requisitos de certificação

para cada um dos pilares, tendo a

SGS assumido uma participação ativa em

cada temática.

Para impulsionar esta iniciativa está

previsto, no âmbito do Plano de Recuperação

e Resiliência (PRR) um financiamento

de 30 milhões de euros para

atingir a meta de 15.000 certificações

no cômputo global dos quatro pilares dos

selos de maturidade digital.

Face ao desafio de transformação digital

que as organizações enfrentam, esta

iniciativa é uma excelente oportunidade

para impulsionar o desenvolvimento digital

sustentado em práticas robustas e adequadas

às empresas portuguesas, potenciando,

através da certificação, a sua competitividade

e a sua presença num mercado cada

vez mais exigente e globalizado.

Texto:

Sérgio Ferreira,

coordenador

de área Digital

& Innovation

na SGS Portugal

Fotografia:

SGS Portugal

“Os ‘Selos

de Maturidade

Digital’ têm

como objetivo

fomentar o

incremento

de maturidade

digital nas

organizações

portuguesas.”

PRR reserva 30

milhões de euros para

as certificações nas

quais se encaixam os

“Selos de Maturidade

Digital”

42

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


A revista das

PME portuguesas

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TECNOLOGIA

Diversão e boa

disposição é prato

do dia na empresa

Texto:

João Carreira

Redação

Fotografia:

Taikai

VAMOS FAZER ‘MATCH’

TECNOLÓGICO?

A visão da Taikai é construir

um marketplace de talento.

O objetivo é criar um match

tecnológico entre criadores

e empresas, através do

crowdsourcing de soluções

para os seus desafios

utilizando hackathons como

uma ferramenta para testar e

validar novas ideias, produtos

e talento, a nível mundial.

I

novação é sinónimo de Taikai. Nome

estranho que faz lembrar paisagens

japonesas? Talvez… Mas é uma empresa

portuguesa de gema, com origem no

Porto, que se tem destacado no mercado

tecnológico.

“A Taikai é uma plataforma de inovação,

que ajuda empresas e outras entidades a

encontrar ideias, soluções e talento para

os seus desafios tecnológicos dentro do

mercado digital. Por outro lado, ajuda

uma comunidade de talento tecnológico

a encontrar as melhores oportunidades

para exporem as suas ideias e projetos a

estas empresas. Na sua essência, somos

uma plataforma de matchmaking entre os

desafios das organizações e as soluções do

lado da comunidade”, explica Mário Alves,

cofundador e diretor executivo da empresa.

Quando questionado sobre como surgiu

a Taikai, o cofundador respondeu com

um estudo realizado pelo Linkedin que

mencionava que 37% dos participantes

referiram que o seu trabalho atual não

aproveitava a totalidade das suas valências

ou não constituía um desafio.

“Criar a Taikai, em 2018, foi uma resposta

a esse problema, com o objetivo de interligar

as empresas com desafios tecnológicos e

uma comunidade de talento que é capaz

de dar resposta a esses desafios, sendo

premiado individualmente, de forma justa

e transparente, pela sua contribuição”,

acrescentou.

Embora o percurso da empresa seja, por

si só, tópico de conversa, o que chamou a

nossa atenção foi a oferta de crypto tokens

aos melhores candidatos do processo de

recrutamento, algo que Mário Alves apontou

como “um passo naquilo que serão os

incentivos do futuro no universo digital”.

“A procura por talento tecnológico é

global e é importante construir processos

simples e transparentes de validação de

talento. Uma das ofertas mais recentes da

Taikai são os desafios de recrutamento, que

permitem às empresas terem um processo

mais robusto de seleção de candidatos

através da resolução de desafios reais, por

parte dos mesmos. Tendo em conta que este

mercado é cada vez mais competitivo e de

forma a remunerar o tempo do candidato

nestes processos, decidimos atribuir crypto

tokens como um incentivo, não apenas para

os melhores candidatos, mas para todos os

que despenderam o seu tempo ao participar

ativamente no processo”, sublinhou.

Nos dias que correm, os benefícios

extrassalariais para o colaborador têm

assumido uma importância cada vez maior,

por vezes até mais do que o salário em

44

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


TECNOLOGIA

Multiculturalidade

na equipa traz várias

valências

si. Neste sentido, a Taikai construiu um

conjunto de incentivos que vai além dos

tradicionais e que incluem livros, eventos,

educação, entre outros, que vão adaptando

caso a caso, consoante a necessidade do

colaborador, permitindo ao mesmo escolher

os seus benefícios ideais, inclusive.

Divertidamente, apelidam-se de “Tinder

para a inovação e busca de talento”, expressão

que Mário Alves explica com o intuito

da empresa, que é “fazer um match, não

entre pessoas que querem ter um encontro

romântico, mas sim entre indivíduos e

empresas que procuram produtos e ideias

inovadoras para um determinado desafio

tecnológico concreto dentro do seu modelo

de negócio ou ainda atrair e validar o melhor

talento nos domínios das profissões e especializações

ligadas ao desenvolvimento de

produtos digitais e tecnológicos”.

Quanto a planos para o futuro, o diretor

executivo tem grandes ambições: “O

nosso objetivo passa por construir a maior

comunidade tecnológica do mundo, onde

empresas e programadores trabalham numa

base diária através da nossa plataforma.”

Assim sendo, a missão da Taikai, neste

momento, é continuar a expansão geográfica

para outros países, bem como fazer crescer

o produto e serviços, com o objetivo de

desenvolver uma economia circular “com

benefícios claros para todos os participantes

e intervenientes nesta comunidade

de talento”.

“Decidimos atribuir

crypto tokens como

um incentivo, não

apenas para os

melhores candidatos,

mas para todos os

que despenderam

o seu tempo ao

participar ativamente

no processo.”

Mário Alves

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt

45


AGENDA

Fotografia: Divulgação

21 a 24

Exponor,

Matosinhos

ABR

MAI

Fotografia: freepik.com

28 a 30

Exponor,

Matosinhos

QSP SUMMIT

De 28 a 30 de junho, na Exponor – Feira Internacional

do Porto, a QSP Summit acolhe líderes

globais que marcam tendências do mercado,

abordando diversos temas que merecem a

atenção da audiência com apresentações vibrantes

e novas visões do mercado. Com mais

de 50 oradores e 140 expositores de todo o

mundo, este é um evento a não perder.

Mais em:

qspsummit.pt/pt

EXPORT HOME

A Export Home – Feira Internacional

de Design e Mobiliário prepara o seu regresso

à Exponor, nos dias 21 a 24 de abril, para dar

a conhecer as últimas novidades e tendências

do setor, sob o mote “Reconnect”. A feira

é dirigida ao mercado exportador.

Mais em:

exporthome.exponor.pt

Fotografia: Divulgação

26 a 27

Exponor,

Matosinhos

MAI

360 TECH INDUSTRY

Na segunda edição da 360 Tech Industry – Feira

Internacional da Indústria 4.0, Robótica, Automação

e Compósitos, a realizar nos dias 26 e

27 de maio na Exponor – Feira internacional do

Porto, o destaque volta a centrar-se no espaço

HubTech da feira, exclusivamente dedicado a

startups da área tecnológica. É aqui que se integra

o Concurso Hubtech by 360 Tech Industry,

que visa premiar dez projetos inovadores,

com a oferta de um espaço para exposição no

evento.

Mais em:

exponor.pt/recinto/agenda/360-tech-industry-2022

Fotografia: Divulgação

12 a 15

Feira Internacional

de Lisboa (FIL)

TEKTÓNICA

Feira Internacional

da

Construção

De 12 a 15 de maio,

na FIL, quatro dias de

exposição, oportunidades

de negócio,

apresentações comerciais,

seminários

e networking. Aqui

poderá ver melhores

produtos e serviços,

as novidades, tendências

e materiais

do futuro e identificar

novos parceiros de

negócio.

Mais em:

tektonica.fil.pt

JUN

46

Abril de 2022

pmemagazine.sapo.pt


Transmissões

em Direto

Filmes

Corporativos

Cobertura

de Eventos

Vídeo

Marketing

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FORA D`HORAS

Texto:

Sara Fonseca

Redação

Fotografia:

Yotel Porto

YOTEL PORTO

Rua de Gonçalo Cristóvão

206 216, 4000-265 Porto

Telefone:

+351 22 244 0380

Website:

www.yotel.com

A

tecnologia e a novidade

são os fatores

que mais se destacam

no Yotel do Porto.

Segundo Bruno

Silvério, diretor de

marketing e comunicação

da United Investments Portugal,

este novo conceito pretende responder

às necessidades do viajante moderno,

tendo como targets principais os

jovens city breakers, clientes em

viagem de trabalho e grupos de amigos,

tornando a sua estadia mais

descomplicada e prática.

A localização central, na zona da Trindade,

é ideal para eventos e reuniões

empresariais, encontrando-se a 15

quilómetros do aeroporto Francisco Sá

Carneiro. O Yotel também tem ao dispor

dos hóspedes salas de reuniões no piso

principal que podem ser reservadas até

30 convidados, contando com um espaço

para eventos no 9.º piso, um terraço

exterior e uma vista panorâmica sobre

a cidade, ideal para eventos privados,

como lançamentos de produtos, apresentações

ou mesmo cocktails,

num máximo de 80 pessoas.

O Yotel difere-se dos outros hotéis pela

sua componente tecnológica, desde

quiosques de atendimento automático

à aplicação móvel para uma gestão

totalmente autónoma da estadia. Os

hóspedes também podem contar com

dois icásticos robôs, Yolinda e Yogiro,

que interagem com os visitantes do Yotel

Porto, mas também fazem room service

em caso de necessidade do hóspede e

andam de elevador.

Os dois robôs são muito apreciados

entre os hóspedes, podendo a Yolinda

cantar um excerto da música de Rui Veloso

“Porto Sentido” e o Yogiro sair-se com

“sai da frente, ó morcão” no momento

em que se depara com um obstáculo no

seu caminho.

Além disto, o Yotel também oferece uma

zona social e de restauração, o Komyuniti,

que também tem todas as condições

para teletrabalho ou para aproveitar uma

boa refeição após um dia de reuniões.

Com a pandemia, a filosofia do Yotel

não podia fazer mais sentido: “Tudo o

que precisas e nada que não precises”.

Os hóspedes podem realizar o check-in

através do telemóvel, bem como abrir a

porta do quarto, saltando todas as “amenities

de utilização única”.

Yotel

Porto

Quando a hospitalidade

encontra a tecnologia

O novo conceito

do Yotel já chegou ao

Porto, com robôs que

servem os hóspedes

dispensando todas

as “amenities

de utilização única”.

48

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Yolinda é uma das robôs

que faz serviço de quartos

no Yotel

FORA D`HORAS

No Komyuniti pode

degustar uma refeição

ou estar inclusivamente

em teletrabalho

Quartos espaçosos mostram vista sobre a emblemática cidade do Porto

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OPINIÃO

TAL COMO

NO DESPORTO:

OBJETIVOS, FOCO

E DISCIPLINA!

L

iderar pessoas é difícil. Talvez, de

todos os atos de gestão, este seja

o mais difícil. Cada pessoa tem a

sua personalidade, a sua história de vida,

sonhos, ambições, capacidades e incapacidades,

formas diferentes de agir…

Como se tal não bastasse, a sua reação

não é constante ao longo do tempo e não

agem da mesma maneira se estiverem

a sós ou em grupo. São uma caixinha

de surpresas!

Ao contrário do que se possa pensar, a produtividade

de uma equipa não corresponde à

soma das competências individuais dos seus

vários elementos. Há toda uma dinâmica

que se cria num grupo de trabalho que

origina ganhos ou perdas face ao seu

potencial de produtividade. Esta

dinâmica pode bem escapar às

expectativas do líder, sendo

este, por vezes, confrontado

com surpresas, positivas

ou negativas no que se

refere à produtividade

da sua equipa, além de

uma multitude de outras

dificuldades inesperadas.

Assim, afirmo, com

conhecimento de causa,

que gerir uma equipa é

um verdadeiro “bico-

-de-obra”.

Contudo, no desporto

lida-se com uma ferramenta que é determinante

para a obtenção de resultados,

quer em termos individuais quer em

termos coletivos. Refiro-me a uma boa

definição de objetivos, assim como

ao estabelecimento de uma estratégia

para os atingir baseada no pensamento

disciplinado. Esta ferramenta, aplicada

ao trabalho de equipa, qualquer que seja o

ramo de atividade, pode ser determinante.

Mas não se deixe enganar se pensa que

basta apresentar os seus objetivos à equipa

e já está. Não é bem assim. Cada elemento

tem de sentir que estes são intrinsecamente

“Ao contrário

do que se possa

pensar, a produtividade

de uma

equipa não corresponde

à soma

das competências

individuais

dos seus vários

elementos. Há

toda uma dinâmica

que se cria

num grupo de

trabalho que origina

ganhos ou

perdas face ao

seu potencial de

produtividade.”

Texto:

Elisabete Jacinto

piloto de

todo-o-terreno

Fotografia:

João Filipe Aguiar

seus e deve estar consciente da importância

do seu contributo em todo o processo

que leva à sua concretização. Sentir que,

pessoalmente, ganha ou perde se o grupo

ganhar ou perder é determinante. Há aqui

um fator emocional que tem sempre de ser

considerado, sendo este mais forte do que

quaisquer ganhos objetivos que cada um

possa obter. Assim, é muito importante

que o líder conheça bem os elementos

da sua equipa e que tenha com eles uma

franca proximidade. Tudo funciona melhor

quando cada pessoa se envolve na definição

de objetivos, passando a mover-se de uma

forma focada para os atingir.

O foco é algo que no desporto leva à

superação, que leva a atingir-se aquilo que,

teoricamente, seria inatingível. É igual no

trabalho empresarial. É importante que

cada pessoa se mantenha focada na sua

tarefa, naquilo que controla, com vista a

um desempenho de máxima qualidade.

Esse pensamento disciplinado vai gerar

uma ação disciplinada, ou seja, um conjunto

de rotinas e processos que vai ter repercussões

claras na interação com os outros

elementos da equipa e, consequentemente,

na eficácia do resultado final. Foi assim

que consegui chegar ao topo da categoria

camião no todo-o-terreno embora seja

importante reforçar que o motor de tudo

isto está na motivação.

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Abril de 2022

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51


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