PME Magazine - Edição 20 - Abril 2021
Bernardo Correia, country manager da Google em Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia na íntegra aqui.
Bernardo Correia, country manager da Google em Portugal, é a figura de capa da edição de abril da PME Magazine. Leia na íntegra aqui.
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ABRIL 2021 | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 20
EDIÇÃO ANO VI
ASSINE EM:
PMEMAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/
DIRETORA: MAFALDA MARQUES
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
BERNARDO
CORREIA
impulsiona
transição
digital
das PME
WOME
EXPERIÊNCIAS VÍNICAS
À PORTA DE CASA
Zouri
AJUDAR O PLANETA COM
SOLAS DE PLÁSTICO
Pedalar Sem Idade
UMA BICICLETA PODE
MUDAR O MUNDO
a
FIGURA DE DESTAQUE
a
Verde Esperança
Editorial
p4 | BREVES
p6 | CASOS DE SUCESSO
IMBS com olho no mercado internacional
p8 | WOME leva experiências vínicas a sua casa
p10 | INVESTIMENTO
O que fazer depois de ser despedido?
Linhas de crédito de apoio à economia
p14 | INTERNACIONAL
Sampedro celebra 100 anos com investimento
de 15 milhões de euros
p16 | Software com história apontada ao futuro
p18 | AGENDA
Viajar com a BTL
p20 | AMBIENTE
Proteção do planeta nas solas da Zouri
p22 | RH
Trabalho em contexto de crise
p24 | Luís Cardoso assume liderança da equipa
de Performance Acceleration da Nestlé
p26 | FIGURA DE DESTAQUE
Conheça quem está nos comandos da Google em Portugal
p34 | RESPONSABILIDADE SOCIAL
Como uma bicicleta pode mudar o mundo
p36 | EMPREENDEDORISMO
A evolução do serviço de entrega de pão
p38 | A nova vida da roupa usada
p40 | MEDIR PARA GERIR
Como navegar na tempestade
p41 | MARKETING
Conheça a nova rubrica da PME Magazine
“Influencia-me”
p42 | O poder do digital nas mãos da Worten
p44 | TECNOLOGIA
O que mudou no mundo das reuniões
p46 | O futuro das baterias
p48 | FORA D'HORAS
Viagem gastronómica sem sair de casa e com o chef Kiko
p50| OPINIÃO
Vanda de Jesus e a compreensão dos serviços cloud
Índice
Entrámos na primavera de 2021 e vemos prados verdejantes,
flores a desabrochar, árvores repletas de folhas e, finalmente,
começamos a ouvir o rebuliço natural das pessoas a voltar ao
seu quotidiano “normal”, às ruas, ao comércio, às suas vidas,
na esperança de que agora tudo corra da melhor maneira.
Chamo-lhe a verde esperança. Chegámos ao desconfinamento,
depois de um período muito complicado para todos.
Um período onde fomos testemunhas de sistemas de saúde
no limite, negócios a encerrar, entre outros dramas ainda mais
difíceis. Mas também testemunhámos empresas a florescer
no meio da pandemia. Falo, por exemplo, da Wome e do iPão,
presentes nesta edição que, felizmente, está repleta de casos
de sucesso como a internacionalização de empresas portuguesas,
nomeadamente a IMBS e a Sampedro, ou o empreendedorismo
da SheerMe e da MyCloma que souberam dar a
volta à crise e criar oportunidades/soluções. Estivemos ainda
em contacto com a Zouri Shoes e a Pedalar Sem Idade, exemplos
nas áreas de sustentabilidade ambiental e responsabilidade
social, respetivamente. Na grande entrevista da nossa
vigésima edição, falámos com Bernardo Correia, Country
Manager da Google Portugal que partilhou connosco algumas
dicas sobre como ajudar as PME a ter uma boa presença digital
e a destacar-se neste meio, tendo ainda projetado como a
Google poderá auxiliar o país no processo de transição digital.
Olhamos para o futuro com olhos verdes de esperança, na
expetativa de que os próximos tempos sejam de uma retoma
estruturada e sustentada.
Boas leituras!
JOÃO CARREIRA | SUB-EDITOR
Ficha técnica
DIRETORA: Mafalda Marques
EDITORA: Rita Justo
SUB-EDITOR: João Carreira
REDAÇÃO: Sofia Neves e Afonso Godinho
VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes e Guilherme Mendes
DESIGN GRÁFICO: José Gregório Luís
DIGITAL MANAGER: Carmen Alcobio
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Vanda de Jesus, Carmen Alcobio, Marta Leite, João Silveira
Lobo, Maria Inês Jorge, Caroline Santos, Ana Saramago, Ana Sofia Silva, João Baracho e Carla Santos
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt)
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.
NIPC: 510 676 855
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C | 1900-221 Lisboa
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C | 1900-221 Lisboa
TELEFONE: 211 934 140
EMAIL: info@pmemagazine.com
N. DE REGISTO NA ERC: 126819
EDIÇÃO N.º: 20
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17
ISSN: 2184-0903
TIRAGEM: 1000 exemplares
IMPRESSÃO: Sprint
Zona Industrial Segulim, Rua José Pereira, Lote 3ª • 1685-635 Famões, Odivelas
DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual
PERIODICIDADE: Trimestral
ColorADD
na PME Magazine
A PME Magazine conta com 14 grandes secções,
que servem de guia estrutural para as temáticas
abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,
foi integrado nas secções o sistema de
identificação de cores ColorADD. Assim, cada
secção conta com uma cor diferente, identificada
com um símbolo que permite a pessoas
daltónicas identificarem as cores que estão a
ver.
Desenvolvido com base nas três cores primárias,
representadas através de símbolos gráficos,
o código ColorADD assenta num processo
de associação lógica que permite ao daltónico,
através do conceito da adição das cores, relacionar
os símbolos e facilmente identificar toda
a paleta de cores. O branco e o preto surgem
para orientar as cores para as tonalidades claras
e escuras.
Azul Verde
Vermelho Roxo
Amarelo Laranja
Castanho
Tons Claros
Tons Escuros
Branco Preto
Cinza Cinza
Claro Escuro
3
o
Breves
SPACEX FORNECE INTERNET
VIA SATÉLITE A PORTUGAL
A SpaceX, empresa do presidente da Tesla, Elon Musk,
criou a Space Exploration Technologies Portugal, com
o objetivo de fornecer internet via satélite no mercado
português. O plano passa por comercializar serviços
de internet e banda larga com a empresa a afirmar ter a
capacidade para prover esta tecnologia a cerca de 50
mil utilizadores em Portugal, estimando atingir os 16
mil utilizadores até ao final de 2021.
Satélites já foram colocados em órbita pela empresa e a rede deve
iniciar-se no próximo mês de junho (Foto: Pixabay)
FMI REDUZ PREVISÕES
DE CRESCIMENTO EM PORTUGAL
O Fundo Monetário Internacional fez uma revisão
às previsões de crescimento económico em Portugal
durante 2021, estimando que o mesmo possa agora
estar em cerca de 3,9%. O valor encontra-se abaixo
dos números da média da zona euro (4,4%), pelo que
o organismo alerta para a importância da gestão estratégica
do período de retoma, no qual será necessário
retirar apoios públicos para salvaguardar a economia.
Num projeto de sustentabilidade que foi distinguido
com o Prémio EDP Groundbreaking, estando entre os
26 finalistas do Programa Startup da Junior Achievement
Portugal, cinco estudantes da Universidade do
Minho desenvolveram um autocarro que engloba uma
horta hidropónica, uma cozinha e um mercado, ao qual
será associado uma plataforma online para a compra
de produtos locais. O projeto teve um investimento inicial
de 100 mil euros e estima atingir cerca de 50 mil
consumidores em cinco anos.
PORTUGAL APOSTA EM GÁS
NATURAL COM HIDROGÉNIO
FMI previu, inicialmente, um crescimento económico português
de cerca de 6,5% (Foto: Pexels)
UNIV. DO MINHO PROJETA AUTOCARRO
COM COZINHA, HORTA E MERCADO
A horta, inteiramente constituída por produtos locais, será cultivada
com um sistema hidropónico (Foto: Pixabay)
A Galp Gás Natural Distribuição está a desenvolver um
projeto sustentável que visa implementar a primeira
rede de distribuição de gás natural com hidrogénio em
Portugal, numa iniciativa que promete alinhar-se com
as medidas do Governo e da Europa em apostar no hidrogénio
verde para descarbonizar a economia e atingir
a meta de se tornar um país neutro em emissões de dióxido
de carbono até 2050.
4
Objetivo será alcançar entre 10% a 15% de hidrogénio em toda a rede
de gás natural (Foto: Pexels)
MOSTRAMOS-LHE COMO FOI
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A PME Magazine apresentou a primeira edição de 2021 num evento totalmente online, moderado pela nossa
editora Rita Justo, com transmissão na rede social Facebook, onde contou com a presença de Vanda de Jesus,
diretora executiva do Portugal Digital. Com forte participação do público, Vanda de Jesus fez ainda uma apresentação
sobre o balanço do Plano de Ação para a Transição Digital do país e o que espera desta missão, nomeadamente
junto das empresas e da capacitação de pessoas.
5
e
CASOS DE SUCESSO
DIGITALIZAÇÃO DE OLHO
NO MERCADO INTERNACIONAL
João Carreira
IMBS
Com sete anos de atividade, a IMBS, empresa de consultoria focada em gestão operacional, digitalização
e melhoria de processos, tem tido um crescimento sustentável, inaugurou uma nova sede, em 2020,
ao mesmo tempo que recebeu o estatuto de PME Líder. O passo seguinte é a abertura de um escritório fora
de Portugal, ainda este ano, nomeadamente com a primeira filial na América do Sul, iniciando o processo
de internacionalização da marca.
“O objetivo de internacionalização, felizmente, não está
longe. Temos já várias experiências no estrangeiro, com
a implementação de projetos na América do Sul, Europa,
Ásia e África e, além disso, esperamos continuar a poder
levar a empresa aos vários cantos do mundo, seja com
os nossos clientes em Portugal, seja com novos clientes
internacionais”, começa por referir Miguel Santos, um
dos Managing Partners da IMBS, juntamente com Hugo
Marujo. A pandemia fez travar um pouco os planos, pois,
como refere Hugo Marujo, “o mercado teve de se adaptar
às restrições necessárias para a crise de saúde pública”.
Contudo, a empresa estava preparada para continuar o
trabalho de forma digital e foram aprontadas soluções
destinadas aos clientes, através do desenvolvimento
de produto, aposta na formação e operacionalização de
ferramentas de transformação digital que “o mercado
necessitava”, cujos resultados fizeram-se sentir no último
trimestre de 2020 e que permitiu à IMBS “manter a
estabilidade no período mais crítico”.
“Esperamos continuar a poder
levar a empresa aos vários cantos
do mundo, seja com os nossos
clientes em Portugal, seja com
novos clientes internacionais.”
ÁREAS DE FOCO
A empresa tem duas áreas de foco que podem ser complementares
ou distintas: a consultoria operacional e a
transformação digital. A IMBS nasceu na operação, com
os processos lean, com a gestão à vista, com o 5S, com
o foco no aumento da produtividade e na rentabilidade
“e este é, sem dúvida, o nosso core business”.
Com o intuito de adaptar estes conceitos ao digital para
alcançar uma melhor gestão de informação e maior
produtividade, abraçaram uma nova área: desde a implementação
de dashboards de Business Intelligence,
ao desenvolvimento de aplicações empresariais, ao
6
Hugo Marujo e Miguel Santos, Managing Partners da IMBS
Robot Process Automation, a atuação no digital é bastante
diversificada, podendo ser complementar a projetos
operacionais ou implementada isoladamente. “No nosso
ramo, temos três fatores diferenciadores, nomeadamente,
o maior conhecimento do terreno, com profissionais
de áreas distintas com larga experiência em processos
operacionais; a maior proximidade que procuramos ao
desenvolver os projetos com o cliente, alinhando, frequentemente,
as expetativas; o maior valor a que nos
propomos em cada projeto, procurando dados e informações
qualitativas e quantitativas que permitam medir
o sucesso de cada ação”, refere Hugo Marujo quando
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
questionado sobre o processo de atuação. Este lembra
ainda que, nos últimos quatro anos, a IMBS agregou a
transformação digital nas suas soluções operacionais o
que permite “implementar soluções de digitalização nos
processos, trazendo uma evolução, não só aos projetos
operacionais, mas também, uma complementaridade
com soluções mais ágeis e rentáveis que potenciam o resultado
dos nossos clientes, sem perder de vista o objetivo
final: incrementar a produtividade e a rentabilidade.”
“A aproximação da visão das necessidades operacionais
às necessidades digitais é a nossa maior bandeira e permite-nos
um conjunto de oportunidades de otimização
dos processos dos nossos clientes desde a sua origem,
até ao seu fecho”, concluiu.
PROCESSO DE ATUAÇÃO
“Informações, Processos e Pessoas. Acreditamos que,
para qualquer projeto ter sucesso, estes três pilares
têm de ser bem trabalhados”, descreve Miguel Santos.
“A nossa atuação começa por um diagnóstico, que é a
fase de “conhecer”. Nesta primeira fase, levantamos,
qualificamos e quantificamos todas as oportunidades
existentes numa determinada área, ou na empresa no seu
todo. Depois, passamos para a fase de projeto, que engloba
as outras quatro etapas: “pensar”, onde é definida
a estratégia para o desenvolvimento e implementação;
“desenvolver” onde definimos as ações a executar para
as necessidades encontradas na primeira fase; “agir”,
para passarmos à implementação, formação dos recursos
e medição de resultados; e a fase do “assegurar”, de
forma a garantirmos a sustentabilidade dos resultados
pós-projeto.
PRINCIPAIS APLICAÇÕES
Os Managing Partners destacam ainda algumas aplicações
que consideram fazer a diferença para os seus
clientes, nomeadamente a Quick Lean Expenses, uma
aplicação para controlo de custos e registo de despesas.
Esta aplicação permite deixar de lado os papéis, desde
o preenchimento por parte do colaborador, à aprovação
pelo gestor, ao envio à contabilidade. A Quick Lean
Leave Request, processo comum a todas as empresas:
marcação das férias. Todo o processo é automatizado
e consegue obter-se um dashboard geral com as férias
de todos os colaboradores, sem precisar de preencher
tabelas de Excel. E a Quick Lean Audit, pensada para a
auditoria a qualquer processo implementado. Miguel
Santos, enaltece, também, o Modern Data Warehouse,
onde é possível automatizar todo o processo de extração,
transformação, carregamento e processamento de
dados, de forma a alimentar um Business Intelligence
com reporting automático dos indicadores da empresa
para a estrutura. Já o Robot Process Automation é uma
tecnologia de automatização de processos que pode
ser aplicada em qualquer empresa. Permite que determinadas
atividades com maior consumo de tempo e que,
normalmente, são realizadas por humanos, possam ser
executadas por um software “robot”. O resultado é um
“aumento de produtividade e eficiência, pois vai libertar
tempo para atividades com real valor agregado e deixar
de parte erros humanos que, normalmente, acontecem
neste tipo de processos”.
“Já desenvolvemos várias aplicações
de forma a dar resposta às
principais necessidades das empresas,
mas a flexibilidade com
que podemos desenhar todo o
tipo de aplicação à medida e
consoante a necessidade
dos clientes é a mais-valia
das nossas soluções”,
finalizam.
7
e
CASOS DE SUCESSO
EXPERIÊNCIAS VÍNICAS À PORTA DE CASA
Sofia Neves
WOME
A Wome nasce em outubro de 2020 numa conversa entre amigos e familiares. Apresentando-se
como um serviço de curadoria de vinhos, leva à porta de casa de cada cliente a Wome Box, uma caixa de
experiências vínicas, histórias, receitas e não só, que surgem como forma de simplificar o difícil processo
de escolher o vinho para ter em casa.
A Wome surge em plena pandemia, como um serviço
inovador que procura dar a conhecer todos os meses
novos sabores vínicos aos seus clientes, ajudando na
tarefa da escolha de um vinho, procurando dar a conhecer
vinhos que não são encontrados no supermercado.
Além de oferecer sabor, funciona então como um espaço
de aprendizagem, de forma que, por um lado, os vinhos
possam ser compreendidos, e, por outro, partilhados,
contando com um espaço no online onde aqueles que
têm os vinhos como paixão podem partilhar as suas
opiniões e comparar os seus gostos.
A Wome cria então a Wome Box, uma caixa de quatro
vinhos (três tintos e um branco) selecionados por
enólogos, sommeliers e especialistas, que, com uma
periodicidade mensal, se faz chegar à porta dos clientes,
acompanhada pelas histórias de cada vinho, casta
ou produtor, e de algumas receitas especificamente
preparadas por um chef.
Juntam-se ainda algumas dicas de um sommelier, num
vídeo de um minuto que permite que os clientes conheçam
melhor os produtos, e de um conjunto de playlists
no Spotify Wome Box que procura ajudar na criação do
melhor ambiente possível para o momento de apreciação
dos vinhos. Filipe Rebelo, responsável pelo projeto,
explica que a Wome Box se trata de “um serviço de
curadoria de vinhos que tem a comodidade de ser entregue
em casa”.
“Este produto foi desenhado para pessoas apaixonadas
por vinho, pela sua descoberta e aprendizagem”, explica,
acrescentando que quem procura a Wome “são clientes
gourmet que procuram alternativas aos vinhos de supermercado,
valorizam a comodidade e de ter especialistas
que lhes recomendam e apresentam novos produtos”.
Nascida em outubro de 2020, em plena pandemia, a
Wome viu já a sua faturação superar os 25 mil euros e
Filipe Rebelo conta que o projeto se encontra atualmente
com um “crescimento sustentado e entusiasmante”.
Ainda que a maioria dos envios sejam para Portugal Continental,
a presença da marca é, inclusive, internacional,
com algumas das caixas Wome a terem como destino
vários países europeus, como Espanha, França, Alemanha,
Bélgica, Luxemburgo, Áustria e Hungria.
8
Filipe Rebelo criou a WOME em plena pandemia
UM PERCURSO DESAFIANTE
Filipe Rebelo conta que a Wome teve início junto da família
e dos amigos e contou com vários parceiros, que foram
cruciais, para o arranque e crescimento da operação.
O responsável refere que, além de especialistas em
vinho, a marca tem contado com “um fotógrafo, um
produtor de conteúdos e gestor de redes sociais, chefs e
um DJ para a curadoria das playlists Spotify Wome Box”.
Quando questionado acerca dos desafios, Filipe Rebelo
começa por referir como principal a tarefa de “demonstrar
a singularidade da Wome Mistery Box, e do seu conceito
global à volta do vinho e das experiências que o envol-
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
vem”, seguindo-se a necessidade de “chegar a quem
gosta de conhecer novos paladares e ser surpreendido
todos os meses”. “Depois de estabelecido este posicionamento
diferenciador em relação aos outros sites de
venda de produtos vinícolas, é necessário chegar a quem
gosta de conhecer novos vinhos”, esclarece. Para isto,
o fundador refere que a estratégia “é muito orgânica e
inclui várias componentes”. Assim, a Wome tem crescido
através de várias formas como o boca a boca, nas redes
sociais, newsletters, influenciadores e meios de comunicação
social. Aliás, foi a presença na imprensa, aliada à
divulgação por parte de personalidades mediáticas, que
permitiu levar a Wome Box “a outro patamar”.
“Algumas personalidades
mediáticas, e apreciadoras
de vinho, tais como Pedro
Ribeiro, Simão Sabrosa, Rui Unas,
Filipe Melo, Nuno Matos Cabral
também experimentaram a Wome
e partilharam nas redes sociais,
o que trouxe fãs e acreditamos
que alguns clientes”, esclarece.
OS PRÓXIMOS PASSOS- -------------
Quando questionado acerca do possível fim da pandemia,
Filipe Rebelo revela que além da Wome Box, estão
atualmente a desenvolver a abordagem
de caixas como presente e blind
testing. Ainda assim, o responsável
realça que, por agora, além de
continuar a alavancar o negócio,
tencionam “fazer a ponte entre os
pequenos produtores e portugueses
que gostam de conhecer novos
vinhos”, procurando ainda
“reforçar o conceito na Europa
e levar o vinho português, de uma
outra forma, além-fronteiras”.
Pretendem então encontrar fãs
de vinho em Portugal e na Europa,
através da criação de
uma relação de médio-longo
prazo.
As WOME Mistery Boxes
chegam mensalmente
à porta de casa dos
clientes
A WOME já está presente em vários países da Europa
Uma CAIXA
criada por
especialistas
Na Wome Mistery Box não são
só os vinhos que são escolhidos
por especialistas, as receitas que
acompanham as quatro garrafas
são definidas exclusivamente por
chefs. Assim, a Wome já contou
com a parceria do chef Vítor Santos,
do restaurante de tapas
Nó de Gosto, em Tavira, do chef
Pedro Almeida, do Can the Can,
em Lisboa, e do chef Sebastião
Vasconcelos, do Mesa do Bairro,
em Lisboa. Já no que diz respeito
às dicas do sommelier, que
permitem uma maior aprendizagem
acerca dos produtos,
a Wome conta com a parceria
de Thomas Domingues.
9
p
INVESTIMENTO
FUI DESPEDIDO,
E AGORA?
Caroline Santos - LS Advogados, RL
D. R.
Em dias considerados “normais” ser despedido é uma
situação complicada e difícil de enfrentar, mas passar
por isto em tempos de crise, como a que estamos a viver
em virtude da pandemia torna-se ainda mais difícil. Em
Portugal, a população desempregada, em 2020, cresceu
3,4%, sendo que, segundo a Organização Internacional
do Trabalho, estes números tendem apenas a aumentar
devido à pandemia. Se em algum momento da sua vida
ficou desempregado, provavelmente já se perguntou “fui
despedido, o que faço agora?” Devido à falta de informação,
é mais do que normal sentir-se perdido. Por este
motivo, de forma a tentar ajudá-lo na resolução do seu
problema, elaborámos este artigo que servirá como um
guia para saber, de facto, quais são os seus direitos após
a cessação do contrato de trabalho. Mas antes de nos
debruçarmos no objeto deste nosso guia, é importante
conhecer os diferentes tipos de rescisões contratuais
possíveis por iniciativa do empregador, dado que cada
tipo de rescisão implicará diferentes direitos e benefícios.
DESPEDIMENTO POR JUSTA CAUSA
A primeira modalidade de despedimento por iniciativa
do empregador é o despedimento por facto imputável
ao trabalhador, ou seja, decorrente de um comportamento
culposo que, pela sua gravidade e consequências,
torne impossível a subsistência do vínculo laboral.
Os seus direitos: Para que este despedimento seja
lícito, o mesmo deve assentar num motivo justificativo
e ainda resultar de uma decisão proferida no âmbito de
um processo disciplinar que oferece a possibilidade do
trabalhador se defender e apresentar provas que refutem
as acusações nele contidas.
O trabalhador que entenda ter sido despedido ilegalmente
poderá, no prazo de cinco dias a contar da data
de receção da comunicação, requerer a suspensão preventiva
do despedimento ou intentar a correspondente
ação judicial, o que deve ser feito no prazo de 60 dias.
DESPEDIMENTO COLETIVO
A segunda modalidade é o despedimento coletivo que
consiste na cessação de contratos de trabalho de, pelo
menos, 2 ou 5 trabalhadores, operada simultânea ou
sucessivamente no período de três meses, consoante
esteja inserido em uma micro, pequena, média ou grande
empresa.
10
Caroline Santos - Advogada na LS Advogados, RL
Os seus direitos: A decisão de tal despedimento deve
fundar-se em razões imputáveis à empresa, tais como,
encerramento de uma ou várias secções ou estrutura
equivalente ou redução do número de trabalhadores,
informatização de serviços, entre outros, e ainda ser
comunicada, por escrito, aos trabalhadores atingidos
com antecedência mínima que variam de acordo com a
sua antiguidade, a saber:
• 15 dias para trabalhadores com antiguidade inferior
a 1 ano;
• 30 dias para trabalhadores com antiguidade igual ou
superior a 5 anos;
• 60 dias para trabalhadores com antiguidade igual ou
superior a 10 anos;
• 75 dias para trabalhadores com idade igual ou superior
a 10 anos.
Além do direito ao aviso prévio, o trabalhador deverá
beneficiar de uma compensação correspondente a 12
dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano
completo de antiguidade. Importante e muitas vezes
ignorado pelo trabalhador é o direito a um crédito de
horas, ainda durante o período de aviso prévio, que a lei
estabelece a favor do trabalhador, para que este procure
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
outra atividade profissional – com efeito, assim que “selecionado”
para o despedimento coletivo, o trabalhador
tem direito a um crédito de horas correspondente a dois
dias de trabalho por semana, sem prejuízo da retribuição
(ou seja, nesses dias não trabalha, mas tem direito ao
vencimento integral).
DESPEDIMENTO POR EXTINÇÃO DO POSTO
DE TRABALHO
A terceira modalidade é o despedimento por extinção
do posto de trabalho devido a motivos objetivos da empresa,
tais como, motivos de mercado, motivos estruturais
e motivos tecnológicos.
Os seus direitos: O empregador que tenha intenção em
promover tal despedimento deve comunicar, por escrito,
a sua decisão ao trabalhador com a antecedência mínima
e compensação nos mesmos moldes aplicáveis ao despedimento
coletivo.
• Não exista na empresa outro posto de trabalho disponível
e compatível com a categoria profissional
do trabalhador;
Verificando-se cumulativamente estes requisitos o trabalhador
deverá ser comunicado, por escrito, com a
mesma antecedência mínima, que variam de acordo com
a sua antiguidade, que se verifica para o despedimento
coletivo e deverá receber a compensação pela perda do
emprego nos mesmos termos de tal despedimento.
Agora que já conhece os seus direitos e benefícios, não
desanime, mantenha-se positivo e encare o seu despedimento
como uma nova oportunidade para abraçar novos
projetos, pois “quando uma porta se fecha, há sempre
uma janela que se abre”.
DESPEDIMENTO POR INADAPTAÇÃO
A quarta e última modalidade é o despedimento fundamentado
pela inadaptação superveniente do trabalhador
ao posto de trabalho quando, sendo determinada
pelo modo de exercício de funções do trabalhador,
torne praticamente impossível a subsistência do vínculo
laboral.
Os seus direitos: Esta modalidade de despedimento só
pode ter lugar desde que se verifiquem cumulativamente
os seguintes requisitos:
• Tenham sido introduzidas modificações no posto
de trabalho resultantes de alterações nos processos
de fabrico ou de comercialização, de novas
tecnologias ou equipamentos baseados em diferente
ou mais complexa tecnologia;
• Tenha sido ministrada formação profissional
adequada às modificações do posto de trabalho,
por autoridade competente ou entidade formadora
certificada;
• Tenha sido facultado ao trabalhador, após
a formação, um período de adaptação
de, pelo menos, 30 dias, no
posto de trabalho
ou fora dele sempre
que o exercício
de funções naquele
posto seja suscetível
de causar
prejuízos ou riscos
para a segurança
e saúde do trabalhador,
de outros
trabalhadores
ou de terceiros;
11
p
INVESTIMENTO
LINHAS DE CRÉDITO
DE APOIO À ECONOMIA
Carla Branco Santos - Diretora de área do departamento de Desenvolvimento e Marketing do Novo Banco
D.R.
Carla Branco Santos - Diretora de área do departamento
de Desenvolvimento e Marketing do Novo Banco
Num contexto de crise pandémica, com os efeitos nefastos
na economia por demais reconhecidos, mas com
uma “luz ao fundo do túnel” cada vez mais viva, é importante
focar a nossa atenção no futuro próximo. Este vai
ter de assentar numa retoma gradual, num acentuar das
políticas públicas e foco dos agentes económicos no
investimento, enquanto pilar do crescimento económico.
Neste enquadramento, ganham particular relevo as linhas
de crédito promovidas pelo Estado, em parceria com
o sistema de garantia mútua e com o sistema financeiro.
Desde 2008, na sequência da crise financeira que ficou
conhecida como crise Lehman Brothers, as linhas de crédito
promovidas pelo Estado têm constituído importantes
instrumentos de apoio ao tecido empresarial, assumindo
um papel na política anti-cíclica nas fases mais difíceis
da economia, bem como impulsionado o investimento
nas fases mais expansionistas. Para termos uma ideia da
relevância destas soluções, desde 2008 foram contrata-
12
dos financiamentos num valor superior a 30 mil milhões
de euros, que apoiaram, sobretudo, as micro, pequenas e
médias empresas, quer nas suas necessidades de fundo
de maneio, quer no desenvolvimento dos seus projetos
de investimento. As linhas de crédito têm possibilitado,
sem dúvida, a existência de um impacto amplificador do
investimento público. O caráter distintivo destas linhas
prende-se muito com o enorme compromisso de todos os
intervenientes – bancos, sociedades de garantia mútua e
entidades públicas - no processo de concessão de crédito
às empresas de forma ágil e em condições financeiras
preferenciais. Há um aspeto fulcral nestas soluções:
a partilha de risco entre os diferentes intervenientes
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
“Desde 2008, foram contratados
financiamentos num valor
superior a 30 mil milhões de euros,
destinados a micro, pequenas
e médias empresas.”
– Carla Branco Santos
traduz-se num mecanismo virtuoso em que, com uma
mobilização limitada de recursos públicos, se consegue
um efeito de alavancagem no crédito à economia. De uma
forma simples, a contragarantia pública (Estado) cobre
uma parte do risco incorrido pelas sociedades de garantia
mútua (sociedades privadas, mas com «controlo» público),
que por sua vez cobrem uma parte do risco assumido
pelo sistema financeiro, sendo este último quem disponibiliza
a liquidez ao sistema empresarial. A existência
da cobertura do risco de crédito por parte do sistema de
garantia mútua, que pode variar entre 50% a 90% do valor
do financiamento, possibilita que as empresas que poderiam
ter alguma dificuldade em aceder a crédito adicional
ou, tendo acesso, tipicamente acederiam em condições
financeiras e de prazo mais penalizadoras, acabem por
ser beneficiadas com este mecanismo. Em especial, nesta
fase particularmente difícil que atravessamos, onde os
graus de incerteza são extremamente elevados, podemos
afirmar que as linhas de crédito de apoio à economia para
combate aos efeitos nefastos associados à Covid-19 têm
feito parte da primeira «rede» de suporte, permitindo que
muitas empresas continuem a laborar, a honrar os seus
compromissos com fornecedores e colaboradores e contribuindo,
também, para reduzir os impactos ao nível da
destruição do emprego. Todos os intervenientes nestas
operações têm tido a preocupação de encurtar o processo
de crédito, permitindo que a liquidez chegue às empresas
num prazo significativamente mais curto, o que é,
seguramente, um dos aspetos críticos nesta fase que as
economias atravessam. Com a recente criação do Banco
Português de Fomento, o Estado mostra querer dispor de
uma estrutura preparada para impulsionar estes e outros
importantes instrumentos de política económica, dando
um sinal inequívoco de que esta relação frutuosa com
o sistema financeiro deve continuar a ser promovida e
acentuada, para bem do sistema empresarial, que, saindo
fragilizado desta crise sem precedentes, vai precisar,
mais do que nunca, de suporte na sua recapitalização
e na promoção do investimento necessário à retoma da
nossa economia. É chegado o momento de fomentar, de
forma inequívoca, o investimento empresarial em pilares
como a transição climática, com particular destaque na
descarbonização e na passagem de uma economia linear
para uma economia circular, bem como a progressiva
digitalização, não esquecendo nunca as preocupações
de natureza social, contribuindo para a sustentabilidade
e bem-estar social. Portugal, nesta matéria, deverá
passar das intenções à prática, atuando e aproveitando
as oportunidades que nos trarão o Plano de Recuperação
para a Europa - o maior pacote de medidas de estímulo
de sempre na UE – e, em particular destaque, o Plano de
Recuperação e Resiliência 2021-2026 nacional, como
estímulos para uma economia e sociedade mais modernas
e mais sustentáveis. O sistema financeiro português,
de forma generalizada, está hoje mais robusto, em boas
condições de liquidez e capitalização, assumindo-se
como um parceiro indispensável na avaliação e assunção
dos riscos, de forma a que os recursos financeiros
possam produzir os efeitos mais desejáveis na economia
e sociedade.
13
r
INTERNACIONAL
SAMPEDRO COBERTA
DE FORÇA EM 2021
Marta Leite
Sampedro
A Sampedro celebra o 100º aniversário concluindo o plano de renovação e inovação de todas as áreas do seu
centro de produção, que resultou de um investimento de 15 milhões de euros. Apesar do ano atípico em 2020, a
empresa portuguesa garante que teve um crescimento de 16,7% em comparação com o ano anterior, aumentou
as suas vendas e exportações em 89% e terminou o ano com uma faturação de 18 milhões de euros.
Após 100 anos de atividade no setor têxtil para o lar, o
balanço é positivo. No total das suas vendas, a Sampedro
cresceu sobretudo nos têxteis de cama (85%) e também
nos artigos de banho (10%) e de mesa (5%) afirmando,
ainda, que está preparada para mais 100 anos a liderar
a indústria.
Terminada a primeira fase do plano estratégico de reestruturação,
inovação e modernização, num investimento
de 15 milhões, a empresa deu início a novos projetos.
“Somos uma empresa com capacidade de investimento
e com uma sólida posição nos mercados internacionais”
refere Simão Gomes, presidente do conselho de administração
da Sampedro, acrescentando que exportam
atualmente para 36 países.
OS PROJETOS A CURTO PRAZO
Os planos da empresa para continuar a melhorar a sua
posição no mercado passam pela modernização do
parque tecnológico industrial, pela aposta no cliente,
em novas estratégias nos mercados nacional e internacional
e no investimento e exploração das competências
de I&D (Investigação e Desenvolvimento).
Para Simão Gomes, o processo de modernização do parque
tecnológico industrial tem de ser contínuo, por isso
há que “melhorar ainda mais as condições de trabalho de
todos os colaboradores, aumentar a capacidade produtiva
instalada e incrementar a eficiência e flexibilidade
dos seus processos”. Para além disso, o presidente do
conselho de administração quer investir em novas unidades
produtivas (cujos serviços estão a subcontratar
ao estrangeiro) e “investir em modelos globais de recuperações
e racionalização energéticas que tornem a
empresa autossuficiente”.
A Sampedro pretende apostar no cliente e em novas estratégias
no mercado nacional e nos mercados internacionais.
Algumas das prioridades da marca são a implementação
de novas metodologias de organização interna que potenciem
abordagens e ações comerciais inovadoras, tanto
nos mercados em que a empresa tem uma forte presença,
como nos mercados com potencial de crescimento.
14
Simão Gomes, Presidente do Conselho de Administração da Sampedro
Finalmente, outro projeto para o futuro a curto prazo
da Sampedro é o investimento e exploração das suas
competências de I&D no seguimento de novos padrões
e potencialidades das novas tecnologias. Isto
terá como objetivo introduzir produtos diferenciadores
e atrativos em novos mercados. Para isso, a marca
irá reforçar a sua imagem enquanto empresa global
e aumentar a sua divulgação junto do público-alvo.
O CRESCIMENTO QUE A PANDEMIA POTENCIOU
Embora o contexto desafiante de pandemia em que não
realizam feiras, viagens comerciais ou simplesmente recebam
clientes nos escritórios, a empresa de têxteis para
o lar agendou reuniões online e mostraram os seus artigos
como se estivessem numa feira em contexto “normal”.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Simão Gomes esclarece: “Mostramos as coleções através
do nosso showroom virtual e são enviadas amostras
físicas para os artigos em que os clientes mostram interesse.”
Por isso, tiveram não só que reforçar a secção de
amostras, mas também apostar num ambiente digital na
empresa.
"Somos uma empresa que cria
e valoriza o emprego.”
Quando a pandemia realmente embateu em Portugal,
já tinham encomendas que não foram canceladas, mas
sim adiadas, pois muitos negócios tiveram que fechar
temporariamente. Em maio de 2020 foi quando recomeçaram
a enviar estas encomendas e a receber novas.
Assim, “no caso da Sampedro não houve necessidade
de fazer lay-off” afirma o presidente do conselho de
administração da marca.
A Sampedro tem produtos para cama, mesa e banho
A PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE ------
Assente nos valores de inovação, ética e sustentabilidade,
a Sampedro acredita que há uma nova forma de
fazer negócios, sem que o objetivo se centre apenas no
lucro. “Os principais problemas do nosso tempo têm que
ver com o uso sustentável dos recursos”, explica Simão
Gomes. A empresa portuguesa destaca-se pelo seu
modelo de negócio sustentável, com preocupação pelo
meio ambiente e bem-estar do consumidor, recebendo
o prémio de PME Líder há 13 anos consecutivos.
A Sampedro é membro de organizações internacionais
de responsabilidade social, tal como a BCI (Better Cotton
Iniciative), onde ajuda produtores de algodão mais
necessitados. A empresa têxtil tem apostado em fibras
eco-friendly nas suas coleções e aumentou a produção
de linho em mais de 47%, sendo esta a fibra mais ecológica
de todas.
Como meta para os próximos 100 anos, a Sampedro propõe-se
dedicar a este tema da responsabilidade social,
em todas as suas vertentes. Simão Gomes pretende que
a empresa invista em “clientes de valor acrescentado”,
não enveredando pelo preço, pois “há sempre uma que
faz mais barato”. Numa altura em que a quarta geração
começa a assumir os papéis das anteriores, a empresa
portuguesa foca-se nas tecnologias e em novas formas
de fazer negócio, tendo sempre em vista ser uma empresa
socialmente responsável.
Uma história
com100 anos
Fundada em 1921, em Guimarães,
a Sampedro é uma empresa familiar
portuguesa, com mais de 160
colaboradores qualificados.
Decorriam os loucos anos 20
quando Álvaro Machado, professor
universitário, Eduardo Rodrigues
Machado, seu irmão e Luís Eugénio
D' Oliveira Braga, comerciante
no Porto, decidiram dedicar-se
à indústria têxtil que, por essa
altura, já impulsionava a região
de Guimarães. Eram tempos difíceis
devido ao pós I Guerra Mundial,
mas que, ainda assim,
não desmotivaram os três
empreendedores a concretizarem
o seu sonho.
15
r
INTERNACIONAL
SOFTWARE COM HISTÓRIA
APONTADA AO FUTURO
Afonso Godinho e Mafalda Marques
D.R.
Fundada em 1988, a Talentia Software é um fornecedor europeu de soluções de software, líder de mercado,
que opera na área financeira (Accounting Financial Management) e de recursos humanos.O objetivo
da empresa, além da prestação de serviços de consultoria e implementação, é gerir o sucesso do cliente,
através de serviços focados nos resultados e satisfação dos mesmos.
senta ao mundo e aos seus clientes: uma ferramenta para
reduzir a complexidade destas áreas, adaptando as suas
soluções às necessidades específicas das empresas de
média dimensão, levando os responsáveis de recursos
humanos e financeiros das mesmas a atingir os seus
objetivos e a tornarem-se parceiros estratégicos.
“A complexidade é reduzida graças
aos melhores softwares de RH e de
finanças adaptados às necessidades
específicas das empresas de média
dimensão, permitindo aos CHRO
e os CFO atingir os seus objetivos,
tornando-se num parceiro
estratégico da sua empresa.”
– Miguel Vergamota
Miguel Vergamota, Country Manager da Talentia Portugal
Com a competitividade dos mercados atuais e a aceleração
global que as novas tecnologias proporcionam,
o mundo dos negócios tem sofrido alterações quanto à
sua forma de ação. Atualmente, cada negócio necessita
de um plano estratégico de crescimento, englobando
opções como fusões, aquisições, expansão internacional
ou transição digital, numa área cada vez mais complexa
e repleta de desafios organizacionais, técnicos, económicos
e regulamentares. Com vários desenvolvimentos a
nível de software, a Talentia tem vindo a crescer no mercado
internacional, contando atualmente com um plano
estratégico que lhe irá permitir aumentar a sua faturação
em 21% e triplicar as vendas, reforçando o capital social
que se encontra, atualmente, em cerca de 20 milhões de
euros. Miguel Vergamota, Country Manager da Talentia
Portugal, garante que é assim que a empresa se apre-
16
DIGITALIZAÇÃO: LIDERANÇA ATUAL
COM VISTA FUTURA
Exemplo disso, foi a recente parceria entre a empresa e
a Arca24, uma HR Tech Factory, com a qual desenvolveu
um processo de digitalização do recrutamento, com
recurso a inteligência artificial de análise de conteúdo
de currículos e das ofertas de emprego, incentivando a
correspondência automática entre ofertas e candidatos.
Miguel Vergamota, refere-se ao software realçando os
planos de desenvolvimento futuro da empresa, de forma
a “responder às necessidades dos clientes e seguir
as tendências do mercado”. Mas as práticas de desenvolvimento
tecnológico da Talentia não se resumem à
atualidade. A empresa, que conta com mais de 30 anos
de atividade, tem vindo a passar por vários processos
de rebranding ao longo da sua história, com o objetivo
sempre apontado ao desenvolvimento futuro. Estas
orientações das práticas da empresa têm ajudado no seu
reconhecimento como uma peça importante no mercado,
fortalecendo a sua expansão internacional.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
“A Talentia Software foi fundada
em 1988, mas registou a designação
que hoje conhecemos em 2002,
em França. Entrou em Portugal
em 2007.”
Atualmente, a Talentia opera em nove países, implementando
e suportando soluções nas suas áreas de negócio
para Portugal, França, Reino Unido, Canadá, Espanha,
Grécia, Itália, Alemanha e Suíça. Além destes países, a
empresa garante ainda a prestação
dos seus serviços através
de uma alargada rede de canais
parceiros e integradores que fazem
a conexão com o resto da
Europa e com a América do Sul.
No caso português, a empresa
já criou dez postos de trabalho
direto, atuando principalmente no
fornecimento de produtos como
a Financial Suite, a HR Suite e
outros serviços de consultoria e
gestão personalizada. Com o objetivo
de reforçar a sua posição de
referência europeia na gestão financeira
e de recursos humanos,
a empresa tem vindo a realizar
várias operações, como a reformulação
da sua plataforma, com
o objetivo de proporcionar um
melhor serviço aos seus clientes,
numa estratégia que pretende
“aumentar a faturação, a expansão
internacional e o seu modelo
de SaaS”, conforme indica Béatrice
Piquer, CMO da Talentia.
“No contexto pandémico, onde
a digitalização entrou em definitivo
na ordem do dia e se tornou uma
prioridade para muitas organizações,
ajudamos as empresas a digitalizar
os processos de gestão de RH
e financeira.”
Com o atual cenário pandémico, vários negócios têm
vindo a apresentar dificuldades em resistir à consequente
crise financeira, contexto no qual a Talentia, como reitera
o Country Manager, também tem uma palavra a dizer e
um papel a desempenhar. Percebendo a importância da
digitalização como um processo definitivo e prioritário
para as organizações, a empresa tem apoiado os clientes
nos seus processos digitais de gestão financeira e de
RH, com soluções responsive que permitem a utilização
de qualquer aparelho, seja em computador, tablet ou
smartphone. Paralelamente aos seus objetivos comerciais
nestas áreas, a Talentia assume também um compromisso
social, apoiando vários programas solidários, como a
Em parceria com a Arca24, a Talentia desenvolveu um processo de
digitalização do recrutamento com recurso a inteligência artificial
Federação Léo Lagrange, que apoia a sustentabilidade
de hábitos de vida dos jovens na adoção de gestos eco-
-responsáveis. A empresa apoia ainda o Grupo SOS na
luta contra a exclusão social, bem como a Fondazione
Libellula, que batalha contra a violência e discriminação
de género. A Talentia tem crescido assim nos últimos
anos, sendo esta a missão que quer transportar consigo
para o futuro. Todo o plano estratégico parece bem encaminhado,
com um 2022 que perspetiva atingir todas
as metas a que a empresa se propôs.
17
f
Agenda
Marta Leite
Divulgação
3 E 5
AD WORLD
Online
MAIO
O maior evento de publicidade online do
mundo está de volta numa versão totalmente
online. Content marketing, media buying,
ecommerce e influencer marketing são apenas
alguns dos tópicos que serão tratados
nesta conferência. Durante três dias, o
Ad World transmitirá mais de 12 faixas de publicidade
digital, incluindo palestras, painéis e
sessões de Q&A ao vivo para que dê um boost
no seu negócio.
Mais info: adworldconference.com
12 A 16
MAIO
BTL TRAVEL MARKET
FIL
5 A19
ABRIL JUNHO
ACELER@TECH
Online
O Aceler@Tech é um programa
de aceleração internacional que
tem como objetivo trazer para
Portugal as melhores startups do
mundo ligadas ao turismo e colocá-las
em contacto com as empresas
portuguesas. Um evento
totalmente digital, o Aceler@
Tech pretente trocar experiências
e explorar sinergias, aumentando
a competitividade do turismo
português numa altura em que
temos de ser mais competitivos
do que nunca.
Mais info:
aceleratechinportugal.com
A Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) é uma feira internacional que
pretende potenciar networking e promover os melhores negócios no
setor do turismo. Um encontro não só para profissionais da área, mas
também para o público em geral, com workshops, apresentações de
destinos, provas gastronómicas e música. Este ano será em formato
híbrido, com ações presenciais e online.
Mais em: btl.fil.pt/
16 A 18
EXPO RH
JUNHO
Bairro dos museus, Cascais
O maior evento de recursos humanos em Portugal está de volta num
formato híbrido. 3 dias com 3 palcos e cenários diferentes, a Expo RH
promete potenciar o networking, fortalecendo as relações e a partilha,
com foco na aprendizagem sobre temas relacionados com a gestão de
pessoas. O programa compreende três dias em que o primeiro se dedica
à aprendizagem, o segundo ao tema digital friendly e o último prende-se
com cultura.
Mais em: ife.pt/expo-rh
18
b
AMBIENTE
AJUDAR O PLANETA COM SOLAS DE PLÁSTICO
Sofia Neves
Zouri
A ZOURI, uma marca de calçado 100% portuguesa, nasce do sonho de ajudar o planeta. Para isso, produz
calçado com lixo plástico recolhido das praias portuguesas.
Adriana Mano é mentora e diretora executiva da ZOURI
A ZOURI é uma marca de calçado eco-vegan cujos produtos
são feitos com lixo plástico que advém do oceano
(e não só). Tendo já recolhido quatro toneladas de plástico
dos oceanos e das praias portuguesas, a marca tem
como foco a sustentabilidade, a justiça e a ética. Com
uma grande aceitação por parte do consumidor, a ZOURI,
aos olhos de Adriana Mano, mentora e diretora executiva
da marca, tem sido um sucesso.
“Fazermos parte da alternativa tem
feito com que a nossa marca tenha
tido uma grande aceitação nacional
e internacional, tendo contribuído
para o que consideramos ser
um sucesso para uma marca com
apenas dois anos de existência”,
afirma Adriana Mano.
A responsável explica que a marca produz tudo em
Portugal, mas envia os produtos para todo o mundo.
Assim, a coleção de ténis é produzida em Guimarães
e a coleção de sandálias em Barcelos, mas os clientes
vão desde o Canadá à Nova Zelândia, com a marca a
contar com revendedores na Alemanha, Bélgica, Noruega,
Suécia, Finlândia e Dinamarca.
20
O SONHO DE AJUDAR O PLANETA
“O projeto nasce de um sonho de ajudar o planeta”, explica
a diretora-executiva, quando questionada acerca
do início da marca. Assim, a ZOURI surge como ideia
em 2016 e materializa-se em janeiro de 2019, como um
resultado da “vontade de aliar o know-how na área de
calçado ao impacto social”. Mas em que difere a marca?
Adriana Mano explica que “além da diversidade de materiais
sustentáveis e vegan”, a ZOURI incorpora todo o
tipo de plástico nas solas do calçado, “incluindo o que
não é passível de ser reciclado”. Além disso, a marca não
tem só em atenção a seleção dos “melhores materiais
sustentáveis, naturais e éticos”. “Todo o processo, desde
a recolha de plástico, transformação e incorporação na
sola, conceção e produção do calçado ZOURI, embalagem
e expedição foi e é estudado para sermos sempre
mais sustentáveis”, esclarece a diretora-executiva, que
ressalva que os parceiros de produção e de logística
partilham dos princípios e da missão da marca. A aliar às
preocupações com um processo o mais sustentável possível,
a marca conta com uma vertente que tem como foco
a “sensibilização para a problemática do plástico”. Assim,
desenvolve ações de impacto social junto da comunidade
escolar, de forma a consciencializar as camadas mais
jovens, tendo, até ao momento, visitado “cerca de 30 escolas,
desde o ensino pré-escolar ao ensino secundário”.
“Acreditamos que o consumidor em geral está cada vez
mais sensibilizado para as questões ambientais e progressivamente
tem alterado os seus padrões de consumo,
na procura de produtos que garantam a qualidade
e simultaneamente a produção ética e sustentável”,
esclarece a responsável.
O FUTURO DA ZOURI
Adriana Mano explica que para o futuro a ZOU-
RI tem várias ambições. Ao nível de produtos,
a marca pretende lançar uma linha de criança
“que surge como uma evolução natural”. Além
disso, Adriana Mano acrescenta: “A médio
prazo, atingir as 20 toneladas de plástico
recolhido das praias portuguesas e abranger
150 escolas com o nosso programa de
sensibilização ambiental, até ao final do ano,
objetivos estes intimamente ligados à nossa
missão na proteção dos oceanos”. Já em
termos económicos, a marca pretende
crescer 30% em 2021.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
O AUTOCONSUMO ENERGÉTICO EM PORTUGAL
Afonso Godinho
CSide
A CSide é uma empresa tecnológica nacional que
presta consultoria e desenvolve soluções na área
de eficiência energética e energias renováveis.
Atualmente, a empresa tem-se dedicado ao desenvolvimento
de produtos de eficiência energética
e a poupança nos gastos dos seus utilizadores,
promovendo o uso de uma energia renovável.
CSide quer estimular comunidades
de energia renovável
Francisco Gonçalves,
CEO da CSide
Francisco Gonçalves, CEO da CSide, revela que a evolução
da empresa nos últimos anos tem sido “muito positiva”,
com a prestação de serviços inovadores e com o
desenvolvimento de soluções tecnológicas. A empresa
tem desenvolvido o serviço EnergyRing, que pretende
implementar 60 comunidades de energia renovável em
Portugal, até 2023, num investimento total superior a
32 milhões de euros. O novo serviço estima que cerca
de 33.000 habitações, em Portugal, terão acesso a uma
energia limpa e local, poupando na fatura da eletricidade,
pelo que estão a ser concluídas quatro comunidades de
energia perto de Monção, em Viana do Castelo. Francisco
Gonçalves reitera a importância que este serviço
simboliza quer para as empresas, quer para particulares,
estimando que o preço por kWh desta energia autoconsumida
possa ser até “cerca de 40% inferior aos preços
praticados pelos comercializadores”.
NOVA LEGISLAÇÃO IMPULSIONA
ENERGYRING
O novo serviço surge com a alteração à lei, em que as
empresas, autarquias e consumidores individuais têm
autorização para constituir comunidades de energia renovável.
Desta forma, a empresa poderá calcular, estrategicamente,
os padrões e níveis de consumo, de modo
a que a energia produzida seja distribuída por todos os
participantes de cada comunidade, otimizando não só o
autoconsumo, como ainda a poupança dos utilizadores,
o que pode significar uma redução de cerca de 30% nos
custos mensais de eletricidade, no caso das empresas.
“Esta alteração da lei veio
possibilitar a constituição destas
comunidades de energia renovável,
que proporcionará benefícios
que ultrapassam os custos
de investimento inicial
e irão gerar uma grande procura
por parte dos municípios,
particulares e empresas”
– Francisco Gonçalves
A CSide irá apoiar a implementação destas comunidades
através de serviços de engenharia eletrotécnica, de
consultoria financeira e de suporte no registo e implementação
da comunidade. Após este processo inicial, “o
EnergyRing disponibiliza ferramentas de monitorização,
faturação e serviços de gestão para a operação de comunidades
de energia renovável”, como adianta o CEO
da empresa.
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS
FUTUROS
Apesar da atual situação pandémica, a CSide não sentiu
um forte impacto económico como a maioria das empresas,
com a mudança mais evidente a relacionar-se com o
regime de teletrabalho, algo que o CEO da empresa refere
como um obstáculo facilmente ultrapassável, graças
ao recurso a diversas plataformas digitais. Os objetivos
continuam a passar por projetos, como o EnergyRing, que
apoiem o desenvolvimento de comunidades de energia
renovável com as mais diversas tipologias.Também a
aposta no setor automóvel, outra área de atividade da
empresa, continuará a ser desenvolvida. Aqui, a CSide
tem desenvolvido aplicações e serviços de mobilidade
elétrica, possibilitando um acesso a ferramentas para
a gestão dos carregamentos e formas inovadoras de
proceder aos pagamentos envolvidos.
“O setor automóvel será profundamente transformado
na próxima década com a substituição progressiva de
veículos de combustão interna por veículos elétricos.”
– Francisco Gonçalves
21
q
RH
O QUE ESPERAR DO TRABALHO
TEMPORÁRIO?
22
Afonso Godinho
D. R.
A atual situação pandémica instalou um clima de incerteza,
instabilidade e insegurança no que às atividades
profissionais diz respeito. Portugal não é exceção a
uma conjuntura de cariz global, que coloca ainda mais
em risco aqueles que têm contratos profissionais de
curta duração. Apesar dos esforços do Governo, vários
postos de trabalho têm vindo a perder-se, com
os trabalhadores a ficarem em situações económicas
delicadas.
Criada há 25 anos, a APESPE-RH é uma associação
empresarial portuguesa que apoia os interesses dos
setores privados de emprego em Portugal, com serviços
de recursos humanos que defendem os trabalhadores
temporários em vários setores.
FLEXIBILIDADE E INCERTEZA
EM CONTEXTO DE CRISE
Com a divulgação dos barómetros que mostram a evolução
do trabalho temporário no país, ao longo de 2020,
a APESPE-RH aponta o último trimestre do ano passado
como um período de esperança para 2021, dado que, pela
primeira vez em muitos meses, os seus associados sentiram
alguma recuperação a nível profissional. Em entrevista
à PME, Afonso Carvalho, presidente da APESPE-RH,
sublinha a incerteza atual quanto aos serviços prestados
pela Associação, que viu uma “drástica” redução dos
pedidos das empresas em serviços de recrutamento e
seleção, consultoria, formação, trabalho temporário e
outsourcing, ao longo do ano passado.
“Temos consciência que a natureza
dos serviços que representamos
oscila ao sabor da economia e das
necessidades das empresas
e setores em que estão inseridas”
Acreditando na máxima de que
“as crises trazem sempre algo
de positivo.”
o presidente da Associação aponta a importância da
flexibilidade nas estruturas empresariais nacionais como
uma aprendizagem para situações complexas. A Associação
acredita que a antecipação dos cenários e a dotação
das empresas e dos colaboradores com formação
crítica irá permitir uma alavancagem das competências
necessárias para se resistir a um período de crise com
maior competitividade.
“Temos pela frente um 2021 incerto, algo que se irá repercutir
no número de empresas que continuarão a operar
neste ecossistema e na qualidade do serviço prestado.”
Afonso Carvalho aponta ainda a importância da qualidade
dos serviços e de remunerações justas da prestação dos
mesmos, para fazer face à incerteza que este ano revela
para esta área. O presidente lembra que os trabalhadores
temporários representam cerca de 2% da totalidade da
força de trabalho, sendo este fator o que permite às empresas
uma importante flexibilidade perante a incerteza
atual. Com o início do primeiro confinamento, em 2020,
cerca de 108 mil trabalhadores temporários perderam o
seu emprego. Assim, de acordo com os dados da APES-
PE-RH, o último trimestre de 2020 viu uma redução de
cerca de 16.800 trabalhadores com contratos de curta
duração, o que representa uma quebra nas colocações,
apesar de se verificar uma recuperação consistente dos
indicadores de atividade nestes últimos meses.
“Quanto mais as empresas decrescem a sua atividade,
sobretudo ao ponto que algumas chegaram, menos
necessitam dos serviços que representamos.”
Com o aumento da presença tecnológica
nos mais variados setores,
Afonso Carvalho destaca a
“evolução muito considerável”
nesta área, acreditando que esta
irá continuar a traduzir-se nos
modelos de negócio futuros. Para
o presidente da APESPE-RH,
este aumento e adaptação
às formações e ferramentas
tecnológicas
representa outro
ponto positivo a retirar
deste contexto
de crise.
Afonso Carvalho,
presidente
da APESPE-RH
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
REDE RSO PT – TRABALHO
EM CONTEXTO DE CRISE
Ana Saramago e Ana Sofia Silva (Coordenação RSO PT)
D. R.
A Rede Portuguesa de Responsabilidade Social das
Organizações (RSO PT) é uma rede informal de organizações
de referência dos setores público, privado e
da economia social, sem personalidade jurídica, com
uma estrutura aberta, multissectorial e multifuncional
e lançou uma brochura que apela para a importância do
trabalho em contexto de crise.
A Rede RSO PT tem como
missão promover as diferentes
dimensões da responsabilidade
social, contribuindo
para a mudança da cultura
de gestão e dos modelos
económicos e cívicos das organizações.
Para tal, elabora
e divulga documentos e produtos
temáticos, cria e implementa
questionários, trata
indicadores, promovendo
a capacitação, informação e
sensibilização, no sentido de
acelerar a convergência entre
todas as organizações e
demais partes interessadas.
Dissemina também conhecimentos
e boas práticas de
Responsabilidade Social, em
alinhamento com as políticas
e os planos públicos nacionais,
os objetivos europeus
e das Nações Unidas, nomeadamente
os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável.
No fundo, a RSO PT
é uma plataforma de encontro,
aprendizagem, criação,
partilha e disseminação de conhecimento e de práticas
de responsabilidade social das organizações, funcionando
com grupos temáticos de trabalho que concebem
e desenvolvem produtos e atividades nas diversas vertentes
de responsabilidade social, grupos consultivos
constituídos por especialistas que dão apoio num vasto
leque de áreas relacionadas com a sustentabilidade e
responsabilidade social (Task-Forces) e um observatório
que tem a responsabilidade de monitorizar indicadores
de RSO e validar as boas práticas das organizações
aderentes (recolha, análise e disseminação de indicadores
e práticas de responsabilidade social). A brochura
“O Trabalho em Contextos de Crise”, desenvolvida
durante o ano de 2020 pelo grupo de trabalho de direitos
humanos e práticas laborais, constitui um documento que
procura sensibilizar e alertar as organizações para os
desafios que podem enfrentar numa situação de crise, e
como os poderão minimizar
e ultrapassar, modificando
e adaptando as suas condições
de trabalho, capacitando
os trabalhadores e
inovando de modo a integrar
novos mercados e públicos.
Crises como a provocada
pelo vírus SARS-COV2, causam
impactos profundos nas
condições de trabalho e na
vida da sociedade em geral.
Nunca antes se falou tanto
em trabalho como agora.
Os desafios colocados por
uma crise requerem respostas
múltiplas e complexas.
Os riscos e os impactos
são profundos, mas surgem
também oportunidades.
A sociedade, as organizações
e o trabalho reinventam-se.
No documento,
a Rede Portuguesa de Responsabilidade
Social das Organizações,
faz um paralelo
com outros momentos em
que se verificou a realização
Mudança no paradigma laboral deve ser analisada estrategicamente
de trabalho num contexto
de crise, como a grande depressão
associada ao crash da bolsa dos EUA, a crise económica
e financeira em Portugal, ou as crises provocadas
por catástrofes ambientais ou danos em infraestruturas.
A RSO PT reforça ainda a importância das condições
de trabalho, chamando a atenção para questões como
as modalidades de horário de trabalho, as pausas e a
alimentação, o ambiente que se vive na empresa, as
remunerações ou a conciliação entre a vida profissional
e pessoal. Neste contexto, as situações de crise podem
afetar e agravar o estado social do país ao nível da
23
q
RH
produtividade, constituindo um impacto diferente consoante
os vários setores de atividade e grupos sociais.
Num dos pontos do “Trabalho em Contexto de Crise”, a
organização chama a atenção para a saúde e a segurança
no trabalho. Deste modo, e de acordo com a brochura,
é importante que as organizações consigam garantir as
condições de saúde, higiene e segurança aos seus colaboradores.
A atual situação pandémica veio sublinhar
o impacto que uma crise pode provocar nos comportamentos
das organizações e da sociedade. Como tal, as
organizações devem apostar em ações de prevenção,
capacitando os profissionais para conseguirem responder
perante estes cenários complexos. Uma vez que as
consequências deste tipo de contextos são imprevisíveis,
deve tentar-se, à partida, minimizar os riscos e elaborar
planos de recuperação, uma vez que estes afetam não só
a saúde das empresas, como dos seus principais ativos:
os colaboradores. Por seu turno, os profissionais devem
tentar dar a melhor resposta possível, tal como a RSO PT
recomenda no atual contexto pandémico, sabendo medir
os tempos laborais e de pausas, mantendo alimentações
equilibradas, assegurando as horas de sono adequadas,
praticando regularmente exercício físico e comunicando
com a família e amigos da melhor e mais regular forma
possível. No entanto, os contextos de crise no trabalho
podem apresentar ou acelerar algumas oportunidades
que poderiam não surgir de outra forma. Como observado
ao longo do último ano, a aposta numa economia digital,
através de um processo de desenvolvimento desta área
por parte das organizações, vem reforçar uma realidade
incontornável no mundo atual. As empresas devem
unir esforços para criar estratégias competitivas que
impulsionem este tipo de economia, investindo numa
área que se tem vindo a tornar cada vez mais importante.
Como afirma Miguel Castro Neto, Subdiretor da NOVA
Information Management School,
“Esta transição digital acelerada
pode potenciar uma tendência que
já começamos a observar, que é uma
passagem de uma economia linear
para uma economia circular.”
Desta forma, o trabalho em contextos de crise deve ser
tido em conta, planeado e antecipado, tentando tirar
dele o maior proveito possível, com oportunidades para
melhorias na economia local (uma vez adaptada a esta
realidade), bem como a constantes inovações que impulsionem
o desenvolvimento das organizações.
BI
q
Afonso Godinho
Divulgação
Luís Cardoso vai liderar equipa DE
Performance Acceleration da Nestlé
O novo diretor de Performance Acceleration, ajudou
a construir o Centro de Serviços Partilhados,
o NBS Lisbon
Desde 2003 na Nestlé e depois liderar o Centro de Serviços
Partilhados, NBS Lisbon, desde 2017, Luís Cardoso assume o
cargo de diretor da equipa de Performance Acceleration na nova
Unidade de Service Improvement do Integrated Business Services
da Nestlé.
O foco passará pelo alinhamento estratégico da marca com os
E2E Leads e os Centros NBS, bem como no desenvolvimento do
serviço com base em metodologias LEAN e de Design Thinking.
A expetativa da marca com a nomeação do novo cargo de Luís
Cardoso passa por melhorias na produtividade e na produção de
insights, com o objetivo de desenvolver um serviço mais positivo,
ágil e efetivo.
24
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Mara Vicente nomeada
vice-presidente de Customer
Solutions da Pipedrive Portugal
Criativa e dedicada por natureza: é
assim que descreve a nova vice-presidente
de Customer Solutions da Pipedrive
Portugal quem com ela trabalhou.
Na empresa desde 2018, onde
assumiu o cargo de Head of Supply,
tornando-se mais tarde vice-presidente
de Operações, Mara Vicente
passa agora a desenvolver a estratégia
de CRM de vendas online no apoio
ao cliente, bem como a gestão do desempenho
geral dos colaboradores.
Margarida Madeira
é a nova diretora de People
& Culture da Nhood Portugal
Licenciada em Gestão e Administração
de Empresas e com um percurso
profissional consolidado em diversos
setores de negócio, Margarida Madeira
irá assumir o cargo de diretora
de People & Culture da Nhood Portugal.
Aos 41 anos, a nova diretora
ficará responsável pela criação
e adoção da cultura organizacional
da empresa que agora se expande
para Portugal, gerindo a equipa nos
objetivos de negócio da Nhood.
Augusto Martinez Reyes
é o novo CEO da
Teleperformance Portugal
Depois de liderar a empresa em Espanha,
o novo presidente executivo
da Teleperformance em Portugal é
licenciado em Gestão de Empresas
e conta com mais de 15 anos na líder
mundial na área de Customer Experience
Management, tendo sido CEO
da empresa no Chile, em 2012, antes
de se mudar para Espanha, em 2015.
25
a
FIGURA DE DESTAQUE
Bernardo
Correia
26
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
João Carreira
D. R.
Bernardo Correia é o Country Manager da Google em Portugal. Na entrevista à PME Magazine, revela o que
as ferramentas da multinacional podem fazer para ajudar as empresas no processo de transformação digital,
assim como a parceria com o governo de Portugal que tem o mesmo propósito.
OS NEGÓCIOS
NÃO ESTAVAM
PREPARADOS
PARA O DIGITAL,
ESPECIALMENTE
AS PME
PME Magazine - Nos tempos que correm, em alguns
casos, o governo decretou o teletrabalho obrigatório.
De que forma é que as plataformas Google ajudam as
PME para que os seus colaboradores trabalhem remotamente?
Que ferramentas disponibilizam?
Bernardo Correia (B.C.) - Nós gostamos sempre de
pensar no que é que teria acontecido à economia e às
empresas se não existissem as ferramentas digitais que
existem hoje em dia. Achamos que estas foram uma tábua
de salvação, não só para as empresas, mas também
para a economia como um todo, durante o confinamento.
Os números da taxa de utilização são absolutamente
estratosféricos. Por exemplo, a nossa plataforma de
videoconferência, o Google Meet, aumentou a utilização
diária por mais de 30 vezes em relação ao período
anterior à pandemia. Globalmente, por dia, tivemos mais
de 2 milhões de novos utilizadores em abril. O Google
Classroom, a nossa ferramenta para estudantes, chegou
aos 100 milhões de estudantes e professores. Mas só as
ferramentas não chegam: é preciso um apoio financeiro.
Nesse sentido, no início da pandemia, demos cerca de
800 milhões de dólares, a nível global, para apoiar as
PME e os governos, especialmente com publicidade
gratuita. Em Portugal, acabámos de anunciar o financiamento
do Google.org a 500 micro e pequenas empresas,
gerido em parceria com a Associação Nacional de Jovens
Empresários. Também apoiámos a cultura com a digitali-
Bernardo Correia, Country Manager da Google em Portugal
zação do Museu da Lusofonia e do Museu Bordalo Pinheiro.
Apoiámos, ainda, organizações não governamentais,
instituições de caridade, pelo que fizemos o lançamento,
em Portugal, do Google For Nonprofits, que é o nosso
braço filantrópico de apoio a estas organizações nos seus
esforços de digitalização. Fizemos, inclusive, doações
diretas, como o donativo de 100 mil euros para o Banco
Alimentar contra a Fome. É preciso perceber o que se está
a passar com as empresas e estabelecer uma ligação direta
com os consumidores. Por exemplo, uma das coisas
que fizemos foi lançar uma série de ferramentas dentro do
Google, especialmente em pesquisa e mapas, através de
uma ferramenta que temos para as PME chamada Google
My Business, que permite aos negócios locais, como os
restaurantes, informar os consumidores que agora fazem
entregas em casa, ou que entregam fora da loja.
27
a
FIGURA DE DESTAQUE
“É preciso perceber o que
se está a passar com as empresas
e estabelecer uma ligação direta
com os consumidores.”
Para os retalhistas, demos acesso gratuito à nossa plataforma
Google Shopping, pelo que é possível qualquer
empresa ou comerciante que venda online, criar uma
página para vender. Em turismo, um dos setores mais
afetados e do qual Portugal depende bastante em termos
de PIB, o importante agora é desenvolver a informação
no sentido de perceber quando vai haver uma retoma e
quais os países interessados em viajar para Portugal, pelo
que acabámos de lançar duas ferramentas: o Destination
Finder e o Hotel Insight, para ajudar as empresas no
setor do turismo a descobrir novas formas de combater
a crise e angariar novos clientes.
PME Mag - Como é que as ferramentas Google preparam
as PME na transformação digital das empresas?
B.C. - Eu acredito, profundamente, que as ferramentas
do Google têm desempenhado um papel fundamental e
ajudado Portugal na sua transformação digital. Há uma
parte muito importante e, muitas vezes, desvalorizada
na economia, que são as ferramentas de publicidade do
Google. Nós fizemos um estudo recente, com a BCG, que
afirma que o Google acrescenta 2,5 mil milhões de euros
por ano à economia portuguesa, especialmente através
de ferramentas de publicidade e da forma como permitem
ligar os negócios digitais com os consumidores digitais.
Esse estudo revelou que o impacto digital na economia
portuguesa anda à volta dos 9 mil milhões de euros, cerca
de 5% do PIB. No entanto, ainda estamos muito atrás da
média europeia, que anda à volta dos 8%, especialmente
de países mais desenvolvidos como o Reino Unido (14%),
onde, já em 2010, o impacto do digital no PIB era superior
aos 5% que Portugal tem atualmente. Portanto, se
conseguirmos acompanhar os valores europeus, o peso
do digital no PIB poderia passar dos 9 mil milhões de
euros para cerca de 20 mil milhões de euros, em 2025,
representando um salto quantitativo absolutamente
extraordinário e histórico para a economia portuguesa.
No setor de competências digitais, prometemos ao governo
português que iríamos treinar, até ao final do ano
passado, mais de 32 mil portugueses em competências
digitais, objetivo que conseguimos cumprir, uma vez que
treinámos mais de 35 mil. Mas não basta competências
digitais, é preciso juntar o empregador à pessoa que
procura emprego, e, por isso, apresentámos, em parceria
com Instituto de Emprego e Formação Profissional, uma
página, dentro do Google Search, para procura de emprego,
que se tem revelado um sucesso fantástico, sendo
que Portugal foi um dos primeiros países da Europa onde
foi lançado. Apresentámos, também, um programa de
treino de webinars para exportação, na tentativa de ajudar
as PME portuguesas a encontrar novos mercados para os
28
A Google Portugal lançou um programa de aceleração para startups
e microempresas
produtos de excelência que são produzidos a nível nacional.
Em termos de startups, que, na maior parte das vezes,
são microempresas, conseguimos lançar um programa de
aceleração, em parceria com a Indico Capital Partners,
uma das maiores sociedades de investimento de capital
de risco em Portugal, e com o apoio da Startup Portugal,
que faz parte do governo, pelo que esse programa também
está a ser um sucesso fantástico.
“Acredito, profundamente,
que as ferramentas do Google
têm desempenhado um papel
fundamental e ajudado Portugal
na sua transformação digital.”
Por último, uma das coisas que fizemos, e uma das ferramentas
que eu acho que mais vai apoiar as empresas
nacionais a entrar nesta nova vaga de transformação
digital, é uma ferramenta que nós chamámos AIl for
Business. É uma ferramenta de inteligência artificial
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
para negócios, que ainda não está lançada, mas que o
será muito em breve, pelo que espero que nos permita
fazer um check-up de qual é o nosso setor de atividade
e como é que a inteligência artificial pode vir a apoiar a
transformação digital dessa empresa e encontrar novas
formas de maximizar o seu negócio.
PME Mag - A Academia Google teve início no princípio
de 2020 em alguns países, sendo que Portugal não
está incluído. Consegue explicar-nos um pouco sobre
o que se trata? Qual o balanço que faz do primeiro ano
em exercício?
B.C. – Nós fomos ter com os organismos relevantes em
Portugal e perguntamos o que é que era mais útil. Em
Portugal, inclusive em conversas com o governo, o que
nos disseram é que o fator mais crítico se relaciona com
as competências digitais da população em geral. Por
isso, decidimos criar o Atelier Digital, que vai a caminho
das 100 mil pessoas formadas. Lançámos, também aqui
em Portugal, a ferramenta inovadora Android Training
Program, com o objetivo de treinar programadores em
linguagem de programação mobile, que é uma das grandes
lacunas em Portugal.
“O fator mais crítico relaciona-se
com as competências digitais
da população em geral.”
Apesar de termos bons programadores, estes ainda não
estavam equipados para programar aplicações em Android
e sistemas para telemóvel. Portanto, acabámos de
fechar a última ronda do Android Training Program, que
fizemos em parceria com várias universidades e institutos
portugueses, bem como em países de língua portuguesa,
como no Brasil e em África. Conseguimos atingir um número
de quase 6 mil pessoas formadas neste programa,
um número histórico para nós.
Juntamente com o IEFP, a Google Portugal apresentou uma plataforma
de procura de emprego, a Google Search
PME Mag - Houve uma evolução no volume das empresas
portuguesas que aderiram às ferramentas
Google desde o início da pandemia. O que mudou e que
feedback é que tem recebido das empresas aderentes?
Que setores é que têm aderido mais?
B.C. - Em todas as ferramentas e em todos os setores,
temos recebido aumentos bastante significativos. As empresas
portuguesas, até por estarem um pouco atrasadas
nesta área, tiveram uma terapia de choque durante o último
ano. Por exemplo, as pesquisas para comprar online,
em Portugal, subiram quatro vezes, pelo que é natural
que as empresas procurem mais ferramentas de comércio
eletrónico e publicidade online. Também é natural que,
com o crescimento das audiências online, plataformas
como o Youtube tenham chegado, em Agosto de 2020,
a números de 6 milhões de portugueses com mais de 18
anos, ou seja, quase a totalidade da população adulta
do país. Portanto é natural que as empresas procurem
29
a Figura de destaque
O Atelier Digital
da Google Portugal
vai a caminho das
100 mil pessoas
formadas
saber mais sobre como interagir com essas audiências,
que são audiências mais digitais do que nunca. O setor da
educação é um setor que também está a sofrer um choque
brutal. Por exemplo, a Lusa Language School, dependia
de aulas presenciais para gerar dinheiro, pois é uma
escola de língua portuguesa para estrangeiros. Quando
chegou a primeira vaga do confinamento eles adotaram
30
Bernardo Correia é o Country Manager
da Google em Portugal desde 2016. A viagem
começou quando, em 2006, se mudou para
a sede da Unilever em Londres para trabalhar no
marketing global de marcas da empresa, onde
acabou por estar envolvido no desenvolvimento
da estratégia digital global.
O licenciado em Economia pela Universidade
NOVA de Lisboa, com longa experiência em
Marketing e especialista no digital, juntou-se à
Google no Reino Unido, dois anos volvidos, para
liderar o relacionamento da companhia com a
indústria de bens de consumo.
Mais recentemente conduziu as relações da empresa
com a indústria de media e entretenimento
a nível internacional, tendo trabalhado com companhias
como a Fox, Disney, Comcast, Warner
Brothers, Sony, Universal Music, Activision, King.
com, entre outras.
as nossas ferramentas de G Suite for Education, o nosso
software de trabalho colaborativo para educação, e mudaram
as aulas para formato digital. Depois, através do
Google Ads, começaram a promover essas aulas digitais.
Ou seja, não bastava criar as aulas online, era preciso
que as pessoas soubessem que elas existiam. Isto teve
um impacto transformacional na Lusa Language School,
uma escola que foi capaz de garantir o cash flow e até
aumentar o revenue. Acho que é um exemplo fantástico
de transformação digital. Mas há outros casos. O meu
favorito é o caso da MO da Sonae. As máscaras da MO
são 100% fabricadas em Portugal por cerca de 1100 colaboradores
de cerca de 20 empresas têxtil, sendo um
produto inovador que fomos capazes de criar em Portugal
antes de ninguém, através da nossa força de investigação
e capacidade fabril. Essas máscaras, atualmente, são
vendidas online para 27 países, sendo que 59% das vendas
são feitas para fora de Portugal. Isto aconteceu em
poucos meses, através das ferramentas Google, a MO foi
capaz de encontrar consumidores para aquele produto
fabricado em Portugal. Ou seja, estamos a entrar numa era
das micro-multinacionais, em que as marcas conseguem
encontrar o consumidor certo para o seu tipo de produto,
através destas ferramentas. Portanto, sejam ferramentas
de publicidade, de vídeo, de insights, de programas de
aceleração e apoio a startups ou publicidade, penso que
temos muita capacidade de apoiar as PME
em Portugal e todos os setores têm tido
uma enorme adesão.
PME Mag - Acreditamos que existem
muitas empresas que se viram obrigadas
a olhar mais para o digital, tanto
para garantir presença no mercado
nacional como internacional. Qual foi a
vossa perceção?
B.C. - Eu diria que Portugal sempre teve
um défice estrutural gigante do lado da
oferta. Os negócios não estavam preparados
para o digital, especialmente as
PME. Os números da Associação do Comércio
Digital em Portugal, permitem ter
uma noção da transformação digital que
se passou por causa da pandemia, e são
números absolutamente históricos. Por
exemplo, a percentagem de empresas
com presença na internet é, agora, cerca
de 60% do número total. No ano anterior,
este número era de 40%. Isto deve-se
ao aumento da presença na internet das
micro e pequenas empresas, ou seja, foi
esse tecido empresarial mais pequeno que deu o salto.
Neste caso, as microempresas passaram de 30% para
48% em termos de presença digital e as pequenas passaram
de 53% para 76%. Isto, mais uma vez, acompanha
o próprio consumidor. Portugal sempre teve um défice
histórico no que toca ao número de portugueses que
compra online, que agora se estima que tenha subido
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
31
a FIGURA DE DESTAQUE
de 36%, em 2019, para 57%, em 2020. Ou seja, houve
um salto num ano, que normalmente demoraria cerca
de cinco anos. Também é preciso que as empresas em
Portugal, especialmente as PME, tenham noção do que
é que isso vale em termos de dinheiro. O valor de compra
online dos portugueses, neste momento, passou de 6
mil milhões de euros, em 2019, para 8 mil milhões em
2020, constituindo um aumento de mais de um terço,
que poderá ser uma tábua de salvação para muitas PME.
Este contexto veio provar, mais uma vez, que Portugal é
um país que sabe fazer produtos fantásticos, mas que
tem, historicamente, muita dificuldade em encontrar
mercados para dar escala a esse know-how. O digital, e
especialmente a exportação através do comércio eletrónico,
é uma saída muito óbvia e cada vez mais empresas
descobrem aí uma tábua de salvação.
PME Mag - Que conselhos deixa a uma PME que queira
iniciar uma estratégia e uma presença digital?
B.C. - Apesar dos aumentos nessa área, cerca de 40%
Escritórios Google Portugal
das PME ainda não tem uma presença digital. Há uma
ferramenta que ajuda as empresas nesse processo,
a Google My Business. Este processo é tão simples
como entrar no Google My Business e dar os contactos,
os horários do negócio e a morada da empresa. E isso
é fundamental para os consumidores que querem ter
contacto com as empresas. Depois de criar essa presença
online, o passo seguinte passa por ter algumas
noções fundamentais do que é o marketing digital. Neste
campo, nós temos uma ferramenta, o Atelier Digital,
que permite a qualquer pessoa, seja um empregado de
uma PME ou uma pessoa à procura de emprego, ter os
skills necessários para gerir uma presença numa rede
social, para criar um site, para criar uma campanha de
marketing digital, e por aí fora. Por último, o terceiro
passo seria encontrar novos clientes. O cliente online
é muito exigente, no sentido em que, se não encontrar
32
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
aquilo que quer, rapidamente vai procurar outra coisa.
É preciso que as empresas tenham um mínimo de noção
do que é uma estratégia de marketing digital, em
termos de publicidade. Neste campo, o Google Ads
é uma ferramenta absolutamente crítica e a mais popular
do mundo em termos de conseguir encontrar o cliente
certo para o produto certo, na altura certa.
“HÁ ALGUNS CUIDADOS BÁSICOS
QUE AS EMPRESAS DEVEM TER
NO QUE TOCA A CIBERSEGURANÇA.”
PME Mag - Tendo em conta que a privacidade de dados
pessoais é, atualmente, uma das principais preocupações
relativamente à nossa pegada digital e que
os ataque cibernéticos, sobretudo com a passagem
das empresas para o teletrabalho, são uma ameaça
cada vez mais perigosa, de que forma olha para esta
situação? O que aconselha para tornar a situação mais
segura?
B.C. - O tema da privacidade e ciber segurança está
cada vez mais na ordem do dia. Em geral, temos um
grupo interno de análise de ameaças, que monitoriza,
constantemente, tudo o que são ameaças sofisticadas
de hackers no digital. E nós assistimos, principalmente
desde o início da pandemia da Covid-19, a uma maior
deteção, nos nossos sistemas de segurança, de novos
ataques a emails, pessoas que se apresentavam com
mensagens de instituições de caridade e ONG ou instruções
de “administradores” a funcionários que trabalham
em casa. Para se ter uma pequena ideia da escala
daquilo que estamos a falar, registámos em abril do ano
passado, 18 milhões de tentativas diárias de malware
de phishing, relacionadas com a Covid-19, além de 240
milhões de mensagens spam relacionadas com covid.
É uma escala absolutamente estratosférica. Nós já protegemos
os utilizadores destes riscos há muitos anos,
e desenvolvemos proteções de segurança para identificar
e bloquear, automaticamente, estas ameaças,
mesmo antes de estas chegarem aos utilizadores. Há
muitas dicas que nós podemos partilhar, a maior parte
delas pode ser encontrada no Google Safety Center.
Mas há alguns cuidados básicos que as empresas devem
ter, por exemplo, como o cuidado com emails de
pedidos de acesso a informação pessoal, garantir que
as chamadas de vídeo estão encriptadas, sendo que o
Google Meet já faz esse processo automaticamente. E
por último, não esquecer as crianças: temos uma aplicação
chamada Google Family Link, para criar contas
apropriadas à idade, e que faz a gestão da utilização
da internet por parte das crianças.
“PORTUGAL
É UM PAÍS
EXTREMAMENTE
ATRATIVO.”
PME Mag - Quais os próximos passos para a Google
a nível nacional? Portugal continua a ser um país de
interesse?
B.C. - O interesse em Portugal para uma empresa como
a Google tem aumentado. Portugal é um país extremamente
atrativo em termos de talento, localização,
capacidade do próprio governo em ter uma estratégia
digital que está em sintonia com a nossa em termos de
desenvolvimento de competências digitais, digitalização
da economia, infraestruturas, e por aí fora. Portanto,
Portugal continua a ser um país de extraordinário interesse,
e só o facto de continuarmos a lançar todos estes
projetos demonstram isso. Mas não queremos ficar por
aqui. Apesar de eu não poder revelar os números de
contratações exatos, posso afirmar, certamente, que
iremos continuar a apoiar as PME, iremos continuar a
investir em Portugal, a apoiar o governo, tentar apoiar
aqueles que procuram emprego, aqueles que procuram
qualificações, e, basicamente, ser útil a todos os portugueses
nesta viagem de transformação digital.
33
i
RESPONSABILIDADE SOCIAL
VOLTA AO MUNDO
SOBRE RODAS
Afonso Godinho
Pedalar Sem Idade
Copenhaga, 2012. Ole Kassow, a caminho do trabalho,
depara-se com um idoso sentado à porta de um lar. Impactado
pela ideia de solidão e falta de mobilidade destas
pessoas, o dinamarquês pensou que estas não podem
usufruir do meio de transporte mais utilizado no país: a
bicicleta. Regressou no dia seguinte para oferecer passeios
sob duas rodas aos residentes daquele lar. Assim
nasceu o movimento Pedalar Sem Idade, estimulando
idosos com uma experiência cognitiva através de passeios
de bicicleta, com o objetivo de erradicar a solidão
e o isolamento.
DIREITO A SENTIR O CABELO AO VENTO
Numa sociedade cada vez mais rápida e tecnológica, o
movimento Pedalar Sem Idade pretende abrandar esta
aceleração para que estas pessoas possam acompanhar
o ritmo da vida quotidiana atual. Os voluntários prometem
trazer mais alegria à vida dos participantes, com um
passeio, um sorriso ou uma conversa, para que estes
possam ver e ser vistos.
Os trishaws da Pedalar Sem Idade têm capacidade para
transportar duas pessoas em simultâneo
“É uma relação de proximidade
entre passageiro e voluntário. São
vulgares as paragens para tomar
um chá, ou uma conversa à janela
com um vizinho ou um amigo que
já não se vê há muito.”
Espalhado por mais de 50 países no mundo e contando
com mais de 3000 trishaws e milhares de pilotos, este é
um movimento que tem alargado as milhas que formam
uma ciclovia mundial sem fronteiras.
34
Em Portugal, de acordo com Carla Palmeiro, vice-presidente
da direção do Pedalar Sem Idade, a organização
promove esta atividade em Lisboa e Cascais, prevendo
expandir as suas ações para Castro Verde e outras localizações,
no futuro. Para impulsionar o movimento, a vice-
-presidente assegura à PME Magazine que é necessário o
envolvimento de pessoas que possam ajudar a instituição
a chegar às empresas locais e às autarquias e parcerias
com lares, centros de dia e outras associações sociais.
UMA BICICLETA PODE MUDAR O MUNDO
Basta uma bicicleta para fazer os participantes mais
felizes, algo que Carla Palmeiro define como “reconfortante
e gratificante” para os pilotos do movimento,
que têm uma idade mínima de 18 anos. Portugal é uma
gota de água, neste oceano “ciclista”, pois conta com 32
voluntários. A nível mundial, existem 33 mil voluntários.
Mapeando os percursos previamente, dando prioridade
ao conforto dos participantes, é necessário ter atenção a
alguns aspetos, como a formação prévia dos voluntários,
composta por quatro etapas e com a duração de um mês.
Em Portugal, o movimento conta com algumas parcerias,
com a Fundação Ageas a contribuir com o financiamento
dos primeiros trishaws, em Lisboa. Ainda assim, todos os
donativos são bem-vindos, numa iniciativa que promete
várias campanhas e novidades para os próximos tempos.
Por agora, com a situação pandémica, estas atividades
estão suspensas. E assim surgiu a iniciativa “Conversas
à Janela”, onde os pilotos do Pedalar Sem Idade levam
psicólogos, animadores e auxiliares para conversar com
os idosos, contar histórias ou realizar alguns exercícios
de mobilidade. Além disto, o movimento participa ativamente
em projetos de apoio domiciliário aos mais necessitados.
Sem desistir de fazer estas pessoas mais felizes,
o movimento continuará, sob rodas, a pedalar sem idade
contra a solidão e falta de mobilidade, tentando mudar o
mundo apenas com uma bicicleta.
“Pedalar Sem Idade é sobre relações humanas, generosidade
para com quem não tem acesso aos pequenos
prazeres da vida, sobre fazer as coisas devagar e com
propósito e sobre as histórias que nos inspiram.”
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
O QUE PODE UMA PEQUENA ONG MELHORAR
NO PANORAMA DIGITAL PORTUGUÊS
João Baracho - CEO CDI Portugal (Center for Digital Inclusion)
D.R.
João Baracho - CEO CDI Portugal (Center for Digital Inclusion)
Quando falamos do panorama digital do nosso país, até
poderemos ser otimistas, mas sabemos que “utilizar o digital”
não significa necessariamente ser “incluído digital”.
A Comissão Europeia entende a “Inclusão Digital” como
as diversas formas de assegurar que todos os cidadãos
podem beneficiar e contribuir para a sociedade
e economias digitais, através do acesso a ferramentas
tecnológicas desenhadas e acessíveis para todos. Por
isso, a missão do CDI Portugal – inclusão e inovação
social e digital - nunca fez tanto sentido. O objetivo é
generalizar a tecnologia de modo simples e, se possível,
transparente. Incluir digitalmente é, para nós, utilizar a
tecnologia apenas como um meio e não um fim. O ideal
seria que todos pudéssemos utilizar a tecnologia apenas
como mais uma ferramenta para atingirmos os nossos sonhos
ou ambições. No CDI percebemos cedo que quando
falamos de exclusão social não estamos apenas a falar
de pobres, analfabetos e deficientes físicos ou motores.
Estamos também a falar, cada vez mais, de pessoas que
se sentem excluídas de uma “fábrica de modelos” que é a
sociedade e economia em que vivemos com preconceitos
e pressupostos fortemente enraizados e, a diferentes
níveis, elitistas. É através da introdução de ferramentas
tecnológicas e da sua utilização que desenvolvemos
projetos com o objetivo de permitir a todos caminhar
globalmente num mundo que afinal também é seu. Nos
Centros de Cidadania Digital temos como objetivo dotar
os cidadãos de ferramentas que lhes permitam fazer-se
ouvir ou desenvolver projetos pessoais ou profissionais
que lhes possibilitem desenhar o seu próprio futuro,
assim como contribuir para resolver problemas da comunidade
em que habitam. Baseado na metodologia base
– CDI Comunidade – cujo conceito é o de escolher um
problema comum a um grupo para através da tecnologia o
combater ou minimizar, criámos um conceito mais abrangente
e participativo. Sem se aperceberem, na maioria
dos casos, que estão a aplicar conceitos e ferramentas
tecnológicas, os beneficiários destes centros tornam-se
atores principais nas suas cidades, influenciando definitivamente
políticas e iniciativas públicas que, de outra
forma, lhes seriam indiferentes. É desta forma simples
que nestes centros se integra o conceito tecnológico das
Cidades Inteligentes acrescentando-lhe o fator humano.
Temos assim as Cidades Humanas e Inteligentes (Human
and Smart Cities) como um conceito fundamental para a
sustentabilidade futura. Finalmente, incluir digitalmente
e socialmente tem tudo a ver com cultura e educação e é
na escola que poderemos semear o futuro. Esta primeira
fase da “digitalização forçada pela pandemia” abanou
o sistema, apontando caminhos de saída e de futuro.
Mas rapidamente também se concluiu que depois de
obter a conectividade e os equipamentos, não podemos
viver sem novos conteúdos e metodologias. O modelo
de aulas analógico, diretivo e unívoco, não pode ser
aplicado num ambiente digital. As crianças de hoje evoluíram
muito. Têm tempos menores de concentração,
operam mais canais de informação simultaneamente e,
principalmente, sabem muito mais de tudo porque têm
acesso ao mundo na ponta dos dedos. Por isso, o CDI
Portugal implementa, há sete edições, o Apps for Good,
programa que tem como objetivo o desenvolvimento de
ideias de soluções tecnológicas para smartphones ou
tablets sempre com os objetivos de desenvolvimento
sustentável como temas inspiradores. Este programa
é uma das metodologias ativas a ser aplicada neste
momento nas escolas públicas e privadas portuguesas.
Já envolveu mais de 1100 professores e 13000 alunos
contando, anualmente, com a participação de mais de
200 escolas. Tem como objetivo ensinar, a professores
e alunos, a metodologia de projeto no desenvolvimento
de um produto com o objetivo de criar as competências
necessárias aos jovens do futuro. Não exige professores
ou alunos conhecedores de tecnologia, pois o conceito
é sempre o de utilização da tecnologia como um meio e
não um fim para atingir todos os sonhos. Por isso, temos
cerca de 50% de alunas e 70% de professoras numa área
onde atualmente esta percentagem ronda os 20%, conseguindo
também provar que o afastamento das mulheres
das áreas tecnológicas não tem a ver com o desinteresse
das mulheres pela tecnologia, mas sim pela forma como
esta lhes é apresentada.
35
h
empreendedorismo
A DIGITALIZAÇÃO DO SETOR
DA PANIFICAÇÃO
36
Sofia Neves
IPão
Numa conversa entre amigos, Pedro Marques
notou que o serviço de entrega do pão à porta de
casa devia existir também nas zonas urbanas. Foi
assim que nasceu o IPão, um projeto que permite
esta realidade e também a digitalização do setor
da panificação.
Pedro Marques é o responsável pela marca
Quando a transformação digital dos vários setores era
já uma questão do dia, ainda que não tão urgente como
hoje, Pedro Marques cria o IPão, uma plataforma digital
que permite que as padarias entreguem o pão à porta
dos seus clientes. “O conceito do iPão é trazer o setor
da panificação, as padarias, para o digital, promovendo
a entrega de pão fresco porta-a-porta de manhã cedo,
algo que se perdeu um pouco nos últimos anos e que,
em muitas zonas, sobretudo nos centros urbanos, nunca
existiu ou estava pouco divulgado”, começa por explicar
Pedro Marques. O IPão surge também para preencher
uma lacuna: “Havia e ainda há um desconhecimento total
das padarias no online, como se posicionarem, como
venderem, como fidelizarem clientes”. A plataforma
digital procura então funcionar como a “ponte” entre
as padarias que têm a distribuição porta-a-porta e os
clientes que procuram este serviço. E com sucesso, já
que, todos os meses, o crescimento tem ocorrido nos
dois dígitos, tendo o novo confinamento alavancado um
ainda maior crescimento (no espaço de cerca de duas a
três semanas, foi superior a 100%).
O NASCIMENTO DA INICIATIVA
Depois de muitos anos a viver na aldeia, Pedro Marques
deixou de ter o serviço de pão à porta quando chegou à
cidade. Assim, ainda em 2019, alavancado por uma conversa
entre amigos, percebeu que o serviço fazia falta a
muitas pessoas, decidindo, por isso, dar seguimento ao
projeto.
“Percebi que não fazia sentido
ser algo só de aldeia. Nos grandes
centros é certo que temos mais
estabelecimentos, mais padarias,
mas também é certo que há menos
tempo para tudo, logo o serviço até
fazia mais sentido, se calhar, numa
grande cidade, onde as pessoas
estão dispostas a pagar pelo seu
próprio tempo”, explica.
Depois de contactar uma padaria conhecida em Famalicão
e os responsáveis se mostrarem “entusiasmados e
disponíveis”, seguiram-se as madrugadas “a analisar,
projetar e programar a plataforma”, para que, a 2 de maio,
a plataforma fosse lançada. Em Famalicão, a iniciativa foi
imediatamente um sucesso, sucedendo-se a expansão para
Porto, Matosinhos e Leça, onde mais parceiros se juntaram.
O FUTURO DO IPÃO
“As previsões são ótimas”, começa por referir o responsável
da marca, quando questionado acerca do futuro da
marca. Pedro Marques explica: “queremos obviamente
continuar a valorizar a marca, que tem tido uma aceitação
enorme, e continuar a fechar mais acordos com padarias,
pois os clientes nós sabemos como convencer a subscreverem”.
O responsável refere ainda que existem já várias
padarias a entrar em contacto “com o objetivo de preparar
o futuro”, já que a perceção é de que depois da pandemia
“muita gente vai continuar a querer as coisas entregues
em casa”. Além disso, a expansão para centro e sul do
país são o foco, bem como a melhoria da plataforma,
“quer para o cliente, quer para o parceiro”. Atualmente
com 12 padarias parceiras no Norte, a ideia passa por
duplicar o número até ao final de 2021, com a expansão
do projeto já garantida para algumas freguesias de Lisboa
e do Algarve, e existindo, atualmente, negociações
para Guimarães, Guarda, Coimbra e Leiria. Além disso, é
expectável que o ano de 2021 termine com uma faturação
de 300 mil euros.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
SHEERME É A PLATAFORMA
DE BELEZA E BEM-ESTAR
Carmen Alcobio
SheerMe
Com o objetivo de facilitar a mediação entre os
clientes, marcas e parceiros das áreas de beleza,
bem-estar e fitness surgiu, em 2020, a SheerME. Criada
em plena pandemia, a empresa quis ser uma resposta
rápida aos novos desafios digitais sentidos por
negócios de funcionamento, maioritariamente, físicos.
É a primeira plataforma de social commerce que abrange
três grandes setores e que conta atualmente com uma
panóplia diversa de parcerias, rumo à internacionalização.
Apesar de contar com oito meses desde o lançamento
ao público, apresenta mais de 400 espaços que
aceitam marcações online, perto de 100.000 acessos
mensais às páginas e mais de 7000 listagens na SheerMe.
com, em Portugal.
É incontornável falar do setor de beleza, bem-estar e
fitness sem mencionar os desafios que a área tem enfrentado
nos últimos tempos. E para dar resposta a esta
questão a SheerME apresenta-se, segundo o CEO da
empresa, Miguel Ribeiro, como:
“Uma plataforma digital em que
podemos encontrar todas as opções,
em cada cidade, nos setores de
beleza, bem-estar e fitness. Assim
como obter mais informações, ver
opiniões de experiências de outros
clientes e conseguir fazer uma
marcação na ponta dos dedos.
Isto fazia todo o sentido.”
A adaptação à nova realidade acompanhou também o
comportamento dos consumidores. Segundo o CEO da
sheerME, “as consultas online, ou aulas online, tornaram-se
uma tendência. Assim sendo, criámos a possibilidade de
os profissionais disponibilizarem os seus serviços para os
utilizadores fazerem uma marcação e receberem um link
para ter a sua consulta com personal trainers, nutricionistas,
instrutores de meditação, entre outros profissionais.”
Apesar de todos os cuidados por parte dos profissionais,
foi inevitável o voltar a fechar as portas. O segundo confinamento
veio reafirmar o receio dos portugueses. Com
Miguel Ribeiro e a equipa operacional da SheerME
as restrições ainda mais severas, os parceiros ficaram
incapacitados de realizar os serviços de forma presencial.
Consequentemente, a alternativa encontrada foi a migração
para o digital. De forma a manter o foco na saúde
e bem-estar dos portugueses, através de workshops e
prestação de serviços que pudessem ser realizados online,
foram fomentadas alternativas que visaram “evitar o
stress, cuidar mais da alimentação, cuidar da forma física
e aparência”, afirma.
EXPECTATIVAS E OBJETIVOS PARA O FUTURO
Em tempos incertos, nunca foi tão importante traçar
objetivos. Com vista na internacionalização, a SheerMe
pretende “dar visibilidade aos spas no setor do turismo e
levar mais informações sobre estes serviços para todos os
que valorizam um bom tratamento na sua escapadinha de
fim de semana ou nas férias.”
Por acreditar que haverá um decréscimo de viagens de
trabalho, mas um aumento nas viagens de lazer, a plataforma
aposta na necessidade de aumentar a visibilidade
dos espaços de spa e de tratamentos, tendência
que visa aliar o turismo nacional com o bem-estar dos
portugueses.
Para tal, Miguel Ribeiro aponta a necessidade de “conhecer
melhor os utilizadores, de forma a ir ao encontro das
suas necessidades e objetivos, o apoio aos profissionais
para um melhor posicionamento e adaptação no digital e o
estreitamento de feedback entre os clientes e os profissionais.
No fundo, o aperfeiçoamento de um ecossistema de
interesses comuns”.
37
h
empreendedorismo
MYCLOMA E AUCHAN:
UMA PARCERIA PELA SUSTENTABILIDADE
Maria Inês Jorge
Divulgação
O projeto contra o desperdício têxtil, criado a partir da garagem de Ana Pinheiro, ficou conhecido através
das redes sociais. Um ano depois, a responsável da MyCloma falou com a PME Magazine sobre o crescimento
do negócio e a parceria com a Auchan Retail Portugal.
A MyCloma, plataforma de venda de roupa em segunda
mão, foi criada por Ana Pinheiro, uma jovem de 20 anos
que, ao tentar vender as peças estagnadas no seu armário,
rapidamente se apercebeu de uma lacuna no mercado
nacional: “grande parte das pessoas tem interesse em
rentabilizar o que já não usa e não havia uma plataforma
portuguesa que possibilitasse essas vendas de forma
rápida, simples e despreocupada”. Com o apoio do irmão
e de dois amigos, Ana Pinheiro começou a estruturar o
negócio em maio de 2020, uma época já muito marcada
pela pandemia, fazendo com que o planeamento acontecesse
à distância, incluindo a escolha “o nome - a junção
de My Clothes Market –, o processo logístico, a estratégia
e os objetivos iniciais”. Com o objetivo de promover a diminuição
da pegada ecológica do setor têxtil e incentivar
a criação de uma economia circular para o consumo de
roupa e acessórios em Portugal, a marca pretende também
desconstruir “algum preconceito que ainda existe
relativamente a comprar em segunda mão”.
“Pertenço a uma geração onde
a palavra sustentabilidade
ganhou toda uma nova dimensão
e, por isso, quis desenhar
um modelo de negócio baseado
na consciencialização social
e ambiental”, explica Ana Pinheiro.
Aqui, todas as peças recolhidas em casa do cliente passam
por um cuidadoso processo de triagem, sendo-lhes
atribuído um preço, com base na marca original, a atualidade
da peça e o seu estado de conservação. Aceites os
valores por parte do cliente, o “armário” passa para a fase
de fotografia, edição e publicação na plataforma MyCloma,
para que possa ser comprado por outra pessoa. Para
Ana Pinheiro, o conceito de economia circular ganha vida
quando “o valor ganho com a venda é creditado na conta
MyCloma, podendo o cliente solicitar a transferência
da quantia para a sua conta bancária” ou utilizá-lo para
fazer as suas compras na plataforma MyCloma. Com um
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As marcas pretendem, agora, expandir o projeto ReUse a outras lojas Auchan
ao longo do país
aumento considerável da procura, o negócio começa já a
superar a capacidade operacional. Só entre julho de 2020
e janeiro de 2021, a MyCloma assistiu a um crescimento
das vendas na ordem dos 1900%.
“Sentimos que as pessoas têm curiosidade e que o
mindset está a mudar”, comenta Ana Pinheiro. “Estamos
a trabalhar numa solução tecnológica que nos
permitirá potenciar a nossa eficiência em cerca de
90%”, revela.
Para este sucesso, em muito contribuiu o trabalho com
alguns influencers com presença no digital, como foi o
caso de Alice Trewinnard, cujo “armário” colocado à venda
permitiu a entrega de 80% do valor total das vendas à
Associação Família Solidária, em Oeiras. Além do trabalho
diário, a MyCloma conta ainda com um projeto piloto
de upcycling, lançado em novembro de 2020, através de
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
uma parceria com a Escola de Moda do Porto. Este projeto,
com o mote “o lixo de uns, o luxo de outros”, utiliza
roupas antigas e sem uso, que são transformadas em
peças novas e personalizadas, posteriormente colocadas
à venda na plataforma MyCloma. O total das vendas
angariadas é depois revertido a favor de uma instituição
de solidariedade social.
ABERTURA DO PRIMEIRO ESPAÇO REUSE-----
O sucesso do projeto chamou a atenção da cadeia de supermercados
Auchan que, em julho de 2020, apresentou
uma proposta à MyCloma para a abertura de um espaço
físico na loja Auchan no Mar Shopping, em Matosinhos.
Os responsáveis da Auchan Retail Portugal, explicaram
que o percurso da empresa tem sido pautado pela promoção
de projetos e produtos que apoiem a economia
circular e que procurem reduzir o desperdício “em todas
as frentes”. “Estamos sempre à procura de parceiros que
já desenvolvam trabalho no terreno, como é o caso da
MyCloma, de forma a reforçar a nossa missão de promover
uma economia mais verde e circular no setor têxtil”,
referiram. Já Ana Pinheiro considera ser “muito gratificante”
ter “a oportunidade de trabalhar com uma multinacional
de referência no setor”, destacando ainda a importância
da “experiência de compra mais sensorial”, principalmente
num mercado de produtos em segunda mão.
Os responsáveis referem ainda que, além de reforçar o
trabalho da empresa em prol da sustentabilidade, a abertura
deste espaço permitiu uma “captação de clientes exclusivos
para compras deste segmento de artigos”, além
de ter provocado uma “curiosidade dos atuais clientes”
perante esta nova oferta. “Respondemos no perímetro do
vestuário ao nosso compromisso com a sustentabilidade,
cumprindo este propósito que, além de ajudar o ambiente,
permite aos clientes comprar roupa em segunda
mão, em excelente estado de conservação e a preços
bastante acessíveis”, finalizaram. Este projeto-piloto,
simbolicamente inaugurado na semana marcada pela
Black Friday como chamada de atenção para o problema
do desperdício, esteve interrompido desde janeiro,
após a entrada em vigor das limitações impostas pelo
Governo ao comércio têxtil nas lojas abertas ao público.
Para a jovem da MyCloma, “esta parceria é feita numa
base win-win-win”, uma vez que “a Auchan reforça o seu
compromisso com a sustentabilidade”, a MyCloma se
associa “a uma grande marca do retalho e abre um novo
canal de vendas” e, no final, “o ambiente agradece”. Para
os próximos meses até ao final de 2021, as expectativas
da MyCloma passam pela aposta na expansão do projeto
a outras lojas de retalho em Portugal e no mercado
internacional, de forma a “prosseguir com uma presença
híbrida no online e offline”.
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p
MEDIR PARA GERIR
PME’S EM 2021: NAVEGAR NA TEMPESTADE
João Silveira Lobo, Professor Auxiliar Convidado
Nova SBE
D.R.
Queria dar-vos excelentes notícias. Gostava de
dizer-vos que a tempestade já passou, mas não
consigo! Ainda assim, há notícias. Não são boas
nem más, são apenas remediadas! São as principais
tendências que 2021 nos traz e alguma dose
de vacinação que nos pode ajudar a manter o barco
à tona, até a bonança voltar.
3. ESCASSEZ DE TALENTO
A necessidade de manter o talento que já possuem e de
adquirir o novo talento vai continuar a ser um desafio
constante! Não se esqueçam de que a maior banheira
de talento que existe no nosso país são as universidades
– desafiem-nas a cooperar convosco para formação,
recrutamento e desenvolvimento de projetos.
4. ESCASSEZ FINANCEIRA
As dificuldades financeiras não desapareceram! Sejam
criativos na busca de fontes de financiamento! Cuidado
para não chegarem ao fim do ano mais endividados do
que como começaram em 2021. Mais vale 80% de alguma
coisa do que 100% de coisa nenhuma! Factoring
e Cash-Advance são soluções de recurso, mas trazem
dinheiro fresco! De forma mais estrutural, encontrar um
sócio que acredite no projeto da vossa empresa e traga
dinheiro é, certamente, uma solução que não pode ser
deixada de lado.
5. COMÉRCIO ELETRÓNICO
Veio para ficar! Não apenas nas gerações mais jovens,
mas em todas as gerações! É relevante para 2021 e para
os anos que se seguem. Seja B2C ou B2B, repensem
o vosso modelo de negócio, pois mesmo que falemos de
apenas 20% do volume de negócios, ninguém se pode
dar ao luxo de os perder! Não são muitos os negócios
que, perdendo 20% da faturação, conseguem compensar
a margem que perdem com ganhos de eficiência.
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João Silveira Lobo, Professor Auxiliar Convidado Nova SBE
1. DIGITAL
Se a vossa pegada digital ainda é levezinha então carreguem
no acelerador! Com fornecedores, clientes,
oportunidades de negócio, potenciais contratos, com
todos nós a olhar para um ecrã durante o dia, devemos
encontrar a vossa empresa/marca muito mais e bem
melhor no ciberespaço.
2. AGILIDADE
As PME sempre se conseguiram mexer mais rapidamente
que as grandes empresas. Está na altura de carregar no
acelerador! É agora que têm de mostrar grande adaptabilidade,
pois as restrições que viveram em 2020 não vão
desaparecer tão depressa. Seja na logística, no marketing,
na produção, na gestão das equipas, rompam com
as ortodoxias da vossa indústria e/ou da vossa empresa
e regressem à condição de criança “É assim?! Porquê?
Porque não há de ser de outra forma?” Destruam a TINA
(There Is No Alternative)!
6. FOCO NOS CLIENTES
São os únicos que pagam as contas da empresa! Como
têm cada vez mais escolhas, necessitam de ser acarinhados
e comprometidos com a vossa empresa, com os
produtos, serviços e valores. Aumentem a proximidade,
tragam-nos para dentro da empresa para vos ajudarem
a desenvolver os produtos/serviços que eles valorizam
e a identificar e corrigir os erros que todos cometemos
nos negócios.
7. COMUNIDADE LOCAL
Muitas PME têm mercado à porta de casa! O envolvimento
com a comunidade local é não apenas um ato de responsabilidade
social, como uma forma de criar reputação que
alarga, através do “boca a boca”, gerando vendas com
margens interessantes.
Mar encapelado? Sim, porém, algumas das tendências
que vos deixo, se forem bem “surfadas”, podem permitir
dizer que “há vida para além de 2021”! Basta que haja
humildade para aprender de novo, ambição para vencer,
rigor no que cada um de nós se dispõe a fazer. transparência
na forma como lidamos com os que nos rodeiam
e emoção na forma como o fazemos.
Bons negócios!
o
Marketing
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
MARKETING DE INFLUÊNCIA:
AFINAL, O QUE SÃO INFLUENCERS?
Marta Leite
D.R.
A nova rubrica online “Influencia-me” tem como propósito compreender o marketing de influência. Apesar
de recente, esta forma de marketing começa já a ganhar terreno no mundo empresarial, com as marcas
a apostarem em influenciadores digitais para promover os seus produtos ou serviços.
Exatamente como se de uma profissão se tratasse, os
influenciadores digitais utilizam as suas redes sociais, o
seu alcance e o engagement com o público para promover
produtos e serviços das marcas que os procuram. Segundo
um estudo do “Influencer Marketing Hub” realizado
em agosto de 2020, as empresas estão a ganhar 5,20
dólares por cada dólar gasto em marketing de influência.
Mais de 90% dos millennials confiam nas avaliações online,
tanto quanto nos amigos e família. Seis em cada dez
subscritores do Youtube seguiram conselhos sobre o que
comprar segundo o seu criador de conteúdos favorito.
E quase 40% dos utilizadores de Twitter dizem ter feito
uma compra como resultado de um tweet de algum influenciador.
São claros os resultados deste tipo de marketing.
Mas há que saber utilizá-lo. Para isso, a rubrica
online “Influencia-me” da PME Magazine mostra como.
No primeiro trimestre de 2021, entrevistámos Jorge Kapinha
e Mafalda Teixeira em parceria com a Galp, Anita da
Costa em parceria com a Samsung Portugal e Paulo Sousa
na parceria com o Crédito Agrícola. Em todas as duplas
de entrevistados há uma estratégia por detrás da ação.
No caso da Galp, a empresa de energia queria testar
o potencial de criar uma conta na rede social TikTok.
Para isso, lançou um desafio com um hashtag associado
de forma a compreender qual a adesão que teriam por
parte do público. Embora tivessem tido adesão, não foi
o suficiente para que a marca achasse pertinente marcar
presença no TikTok.
“O que veio revolucionar tudo isto foi
o TikTok”, diz Jorge Kapinha.
Sendo uma empresa de tecnologia, a Samsung tem um
público maioritariamente masculino. Apesar dos esforços
em temas como a igualdade de géneros, a Samsung
notou que eram os homens quem mais dava atenção ao
seu conteúdo, sendo que nunca tiveram essa intenção.
Assim, a marca conhecida pelos seus smartphones criou
uma estratégia para trazer um público mais feminino
para as suas redes: selecionaram um conjunto de influenciadoras,
com um target também mais feminino,
criando parcerias com as mesmas para divulgarem os
seus produtos. O objetivo foi cumprido, tendo até au-
As redes sociais estão fortemente presentes na sociedade atual
mentado as suas taxas de interação de 7 para 11%. Já
no caso do Crédito Agrícola, o objetivo era criar uma
associação entre o banco e o tema da responsabilidade
social. Os influenciadores selecionados são pessoas que
se identificam e preocupam com este tema e este fator
em comum traz credibilidade à campanha. Esta ainda está
a decorrer, sendo constituída por vários passatempos.
Estes desafios servem para motivar as pessoas a praticar
o bem e ainda se habilitam a ganhar prémios. As estatísticas
comprovam-no: apostar em influencer marketing é
uma boa estratégia para a maioria das empresas. E você?
Já pensou quanto vai investir em marketing de influência
nos próximos tempos?
41
o
Marketing
O PODER DO DIGITAL:
CASO WORTEN
Afonso Godinho
Worten
Conhecida pelas suas campanhas de Marketing
Digital, a Worten tem vindo a investir numa estratégia
omnicanal, apostando em vários canais
para promover os seus produtos, sempre de uma
forma personalizada e estratégica. Atualmente,
este departamento conta com 20 pessoas a trabalhar
em áreas como gestão de media, design,
relações públicas ou produção de conteúdos.
Num balanço positivo das campanhas de marketing digital
da retalhista líder, Inês Drummond Borges, diretora
de Marketing da Worten, aponta a importância do digital
como o “palco” onde a marca se relaciona, diariamente,
com os clientes. É assim que a empresa analisa o engagement
com o target e performance das vendas, procurando
responder aos desafios comerciais.
“O marketing digital faz parte do
dia a dia da equipa e está no centro
do processo de desenvolvimento
de soluções de criatividade para
a marca” – Inês Drummond Borges
A gestão do marketing digital passa pela análise dos utilizadores
de cada canal, desenvolvendo uma estratégia
de conteúdos que informe o posicionamento da marca
nas várias campanhas. É necessário perceber a forma
como cada mensagem vai “viver nestes meios, tanto em
formatos de conteúdos como em formatos publicitários
específicos de cada rede”. Além de perceber os temas
que estão nas tendências em cada rede, a Worten procura
criar empatia e proximidade com o cliente, num
trabalho criativo que alia a sua agência de publicidade
com a agência Madremedia. Estas criações têm em conta
a atração estética e visual do Instagram, a interação do
Twitter com “ironia e sarcasmo”, a “televisão generalista”
diversificada dos conteúdos do Facebook, entre
outros. A atenção dada a estes canais é justificada pela
presença de mais de 7,8 milhões de portugueses ativos
nos mesmos.
“Já não é possível ter uma presença relevante nas redes
sociais enquanto marca sem fazer investimento.”
42
Inês Drummond Borges, diretora de Marketing da Worten
A INICIATIVA “ESTAGIÁRIO WORTEN”
Um dos mais famosos casos de sucesso da comunicação
digital da marca surge através do Estagiário Worten,
uma conta na rede social Twitter, criada em dezembro
de 2019, que comunica diariamente com os utilizadores
de uma forma próxima e divertida, sem grandes formalidades.
A diretora de marketing afirma que este canal
surgiu de forma “acidental”, quando um dos membros
da equipa das redes sociais utilizou o Twitter para responder
a um cliente “de uma forma mais original e inusitada
do que o habitual, o que acabou por se tornar viral
nessa rede”. A equipa acabou por criar a personagem do
Estagiário, que engloba a forma de estar da marca numa
rede de carácter mais opinativo, sarcástico e acutilante,
gerando empatia com a audiência do Twitter. Deste
modo, Inês Borges destaca o Twitter como uma das
redes sociais que mais se destacam no marketing da
Worten, pelo engagement que toda esta estratégia tem
vindo a criar na marca. Também o Youtube, com várias
rubricas semanais que contam com personalidades conhecidas
do mundo tecnológico, vem sendo uma rede
a destacar pela diretora.
“Esta estratégia maximiza o valor das relações que
criamos, junto das nossas audiências digitais, que
ficam mais disponíveis para nos “ouvir” e propensas
a avançar no funil de compra.”
PANORAMA GERAL
No relatório de contas apresentado no mês de março
pela Sonae, a Worten obteve um crescimento de 7% ao
longo de 2020, o que se traduz num aumento de 1,16 mil
milhões de euros em vendas, resultados que antecipam
os objetivos da empresa para os próximos dois anos.
HÁ MAIS MUNDO
QUANDO O CÉU
NÃO É O LIMITE.
O SAPO foi distinguido
com o Prémio 5 Estrelas
na categoria de Imprensa Online.
o
tecnologia
SOM, CÂMARA, TRANSFORMAÇÃO!
Afonso Godinho
Microsoft; Cisco; Zoom; Rui Ribeiro
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, o confinamento de 2020 levou a que 23,1% da
população empregada em Portugal ficasse em trabalho remoto. Atualmente, e de acordo com um estudo
da ManpowerGroup, cerca de 30% das empresas em Portugal estão a investir no desenvolvimento de
planos de transformação digital.
Muitos modelos de negócio viram-se forçados a reinventar-se,
com a globalidade das atividades laborais a
renderem-se às propriedades do mundo digital, implementando
sistemas de trabalho remoto com recurso a
plataformas de videoconferência. Damos a conhecer-lhe
algumas das mais usadas em Portugal.
TEAMS: O HUB DO TRABALHO
Apresentando ferramentas de chat, videoconferência,
processos de coautoria e partilha de conteúdos, o Office
365 integra um conjunto de aplicações que fazem do
Microsoft Teams uma das plataformas mais utilizadas
em Portugal. Paula Fernandes, diretora da Unidade de
Negócio de Produtividade & Colaboração da Microsoft
Portugal, destaca a plataforma pela capacidade de manter
um processo contínuo de interações entre as equipas
de trabalho. Com funcionalidades como o Together Mode,
breakout rooms, Presenter View ou Dynamic View, o Teams
procura melhorar as condições das reuniões online, facilitando
a interação entre os participantes e o conteúdo
que é apresentado. Além disso, a plataforma tem vindo
a desenvolver várias funcionalidades complementadas
pelo Microsoft Viva, a primeira plataforma de Employee
Experience que também está integrada no Teams.
“O trabalho acontece antes, durante e depois da
reunião - é um ciclo contínuo de interações, até que
o projeto se conclua” – Paula Fernandes
Depois de em julho de 2019 a plataforma ter anunciado
13 milhões de utilizadores diários, o número escalou para
incríveis 115 milhões (mais de 600 mil em Portugal), no
final de outubro de 2020.
CISCO: WEBEX, LIDERANÇA E SEGURANÇA
Pertencente ao grupo Cisco, líder no mercado de cibersegurança,
a Webex é uma plataforma que proporciona
vários tipos de utilização numa única aplicação,
diferenciando-se pela sua qualidade em questões de
segurança informática, sendo por isso utilizada por 85%
das empresas Fortune 500. Além disso, foi também distinguida
como plataforma líder, pelo estudo de mercado
2020 Gartner Magic Quadrant for Meetings Solutions. Com
milhares de utilizadores em todo o mundo, a Webex tem
vindo a desenvolver vários projetos em Portugal, apre-
44
sentando-se, nas palavras do especialista em colaboração
da Cisco, Francisco Costa, como “a plataforma ideal
para estes cenários de trabalho híbrido”, destacando
ainda o importante papel desta plataforma no apoio que
tem desenvolvido junto de governos, hospitais e escolas.
O especialista sublinha a diversidade da Webex, que
proporciona uma integração das suas capacidades de
inteligência artificial aos ecossistemas e workflows das
empresas, tendo recentemente desenvolvido um sistema
de tradução automática em reuniões, disponível em mais
de 100 idiomas.
“A Cisco tem como compromisso tornar a experiência
Webex dez vezes melhor do que interações em pessoa”
– Francisco Costa
ZOOM: O GRANDE (IN)SUCESSO
Lançado em 2013, o Zoom revelou-se a plataforma de
videoconferência preferida em Portugal ao longo das
primeiras semanas da pandemia, altura em que se tornou
uma das mais valiosas do mundo, com um valor de
mercado a rondar os 40 mil milhões de dólares. Ao longo
do mês de abril do ano passado, a plataforma atingiu uns
impressionantes 300 milhões de utilizadores, aumentando
o seu tráfego diário em 535% e atingindo o mais
elevado valor de downloads em Portugal. No entanto,
após os primeiros meses de pandemia, a plataforma
foi alvo de vários problemas de segurança, permitindo
a divulgação de dados pessoais dos seus utilizadores,
tornando acessíveis emails e conteúdos de reuniões dos
utilizadores, fator que acabou por lhe retirar alguma da
vantagem que tinha (em número de utilizadores), mesmo
tendo em conta as melhorias efetuadas nos seus sistemas
de segurança.
VIDEOCONFERÊNCIA À LUPA:
ANÁLISE DE RUI RIBEIRO
O atual diretor-geral da IPTelecom, Rui Ribeiro, tem uma
vasta experiência na área de Sistemas de Informação e
de Telecomunicações, pelo que reitera a importância da
transformação digital das empresas, apesar de muitas
delas não se terem preparado corretamente para esta
mudança. Para o especialista, as plataformas de videoconferência
não significam, em si, uma transformação
digital: apenas uma digitalização de reuniões. No entanto,
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
plataforma colaborativa, para lá da atual componente
de videoconferências. Inerentemente ligada a esta
(e outras) plataforma está a questão de cibersegurança.
O especialista destaca a importância deste fator essencial
para a continuidade da confiança de quem consome
estes serviços cloud.
“Importa assegurar o contínuo reforço de medidas de
mitigação de ataques, encriptação e usabilidade, nomeadamente
no controlo de entradas não autorizadas
em sessões de videoconferência” – Rui Ribeiro
Recurso a plataformas de videoconferência cada vez mais implementado
na nova realidade diária imposta pela pandemia
afirma que “estas aplicações ajudaram a aumentar a eficiência
e produtividade das empresas, mantendo a sua
operacionalidade interna”. Dado o caso de (in)sucesso
da plataforma Zoom, Rui Ribeiro vê como desafio principal
AF_anuncio_revista.pdf o alargamento 1 29/09/2020 do 10:07:01 seu serviço para se tornar uma
Assim, Rui Ribeiro destaca o trabalho que tem vindo a
ser efetuado pela IPTelecom, no sentido de apoiar o
mercado empresarial nos seus serviços online, através
de vários projetos em plataformas cloud, que o especialista
considera que serão de extrema importância para a
transição digital da economia e do país. Um ano decorreu
desde o primeiro confinamento em Portugal, motivado
pela pandemia. O balanço realizado permite perceber
a importância que estas plataformas conferem a uma
transformação digital, já antes necessária. Por agora,
as perspetivas apontam no sentido de uma continuação
deste sistema de trabalho remoto (possivelmente num
modelo híbrido), mesmo num momento pós-pandemia.
45
o
tecnologia
O FUTURO DAS BATERIAS
Afonso Godinho
Egídio Santos
A preocupação ecológica e sustentável tem
vindo a dominar a agenda internacional, com
vários desenvolvimentos na aposta em energia
renováveis. Na mobilidade, a aposta tem sido
feita no campo dos veículos elétricos, tendo sido
desenvolvidos vários sistemas de baterias para
os mais variados usos. Entre potência, autonomia
e sustentabilidade, vários desenvolvimentos têm
sido realizados no campo das baterias elétricas,
com o mais recente e famoso caso a surgir com
a colaboração de uma portuguesa.
O SANTO GRAAL DAS BATERIAS
Maria Helena Braga refere em que consiste esta investigação:
fabricar células de baterias seguras, com elevada
densidade de energia, ecológicas e baratas, no sentido
de que estas possam ser utilizadas desde temperaturas
negativas até temperaturas muito elevadas.
“A nível ecológico significa não ter
que usar cobalto, nem processos de
fabrico complicados ou com grande
pegada ecológica e utilizar sódio
a partir de reagentes de acesso
universal.” – Maria Helena Braga
A investigadora explica que o processo de “autocarregamento”
é resultado de uma “otimização do eletrólito
ferroelétrico que acontece durante a descarga”, uma
vez que é nesse momento que existe um campo elétrico
aplicado ao ferroelétrico que o faz polarizar. Além disso,
e apesar da maior densidade energética, estas apresentam-se
com um custo barato. Estas baterias poderão ser
utilizadas na estrutura dos automóveis (como portas ou
tejadilho) para alimentar computadores, luzes, GPS ou
outros dispositivos. Com a capacidade de atingir potências
elevadas –, estas baterias poderão vir a ser utilizadas
em locais que requerem maiores níveis de potência: o
motor. Num projeto desenvolvido com o Nobel da Química,
John B. Goodenough, a investigadora sublinha o
processo de aprendizagem constante que tem tido com
o investigador. Fascinada pela ciência, a professora universitária
destaca o momento anterior ao reconhecimento
de Goodenough como Nobel, caracterizando-o como
um período de “muita liberdade e tempo para conversar
e pensar nos desafios”.
Maria Helena Braga - Professora e investigadora na FEUP
Professora e investigadora na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto, Maria Helena Braga foi distinguida
como Personalidade do Ano no Portugal Tecnológico
graças à sua investigação em baterias autocarregáveis,
tornando-se uma referência internacional para o
desenvolvimento desta área. A investigação baseia-se
na combinação da capacitância negativa e resistência
negativa, na mesma célula, permitindo que as baterias
consigam carregar-se a elas mesmas, aumentando a
energia acumulada. Além da rapidez de carregamento e
do aumento da capacidade de energia das baterias, estas
apresentam-se mais seguras e ecológicas.
46
“Ter um eletrólito ferroelétrico que permite uma série
de mecanismos que um eletrólito sólido normal não
permite é o que torna esta tecnologia diferenciada.”
Motivada por “um dia ver o mundo usar estas tecnologias
de uma maneira sustentável”, Maria Helena Braga refere
que a atual situação pandémica constituiu alguns obstáculos
à investigação, mas garante enorme vontade em
“regressar com força e com uma equipa alargada e cheia
de energia”. A investigadora não perde o foco num projeto
que promete revolucionar o futuro das baterias. Quanto ao
tempo que teremos de esperar para encontrar esta nova
tecnologia no mercado, a Personalidade do Ano não arrisca
uma profecia, mas espera que tal aconteça muito em breve.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
O NOVO NORMAL VEIO PARA FICAR?
Rui Duro – CEO Checkpoint
Checkpoint
prioridades do World Economic Forum. O cibercrime é
muito oportunístico, ajustando-se às novas realidades e
procurando nelas hipóteses para potenciar o seu “negócio”.
Com esta nova realidade, as superfícies de ataque
multiplicaram-se e os riscos cresceram exponencialmente.
O perímetro de proteção das empresas passou
dos seus escritórios para casa de cada colaborador; não
houve tempo para criar condições seguras, privilegiou-se
a rapidez; no desenvolvimento de novas aplicações e
novos modelos de negócio saltaram-se etapas, deixando
lacunas; privilegiou-se o “bora lá fazer isto já”. Esta
velocidade e nova forma de fazer as coisas, é “deliciosa”
para quem ataca. Estamos a facilitar-lhes a vida!
Rui Duro – CEO Checkpoint
Acabámos de saber que iremos ficar em teletrabalho até
ao final do ano, por isso, sim, o novo normal veio para
ficar. De acordo com uma entrevista que a Checkpoint
conduziu junto de responsáveis IT, 96% concorda com
a afirmação: 33% considera que o impacto será permanente;
63% que iremos retomar alguns aspetos da nossa
vida normal, embora os impactos do vírus estejam para
ficar; e apenas 4% considera que iremos retomar a nossa
vida normalmente.
Mas o que é o novo normal?
Quando se deu a pandemia, tivemos todos que nos
adaptar: tivemos que começar a trabalhar remotamente;
passamos a comunicar e reunir por plataformas de
colaboração (Zoom, Teams, Webex). A isto chamamos
de aceleração da transformação digital: migração para
a cloud; rápido desenvolvimento de aplicações, adaptação
do negócio a uma nova era (focados na empatia
com o cliente); criação de novos canais de comunicação,
venda e de distribuição. A uma velocidade nunca antes
realizada!
Mas quais os riscos que esta nova era trouxe?
Se antes era essencial, com o novo normal, a cibersegurança
tem que ser uma das principais prioridades.
O cibercrime e as ciberameaças, estão no Top 3 das
Mas então como me posso proteger, neste novo
paradigma?
Começando pelo princípio: cibersegurança são processos,
pessoas e tecnologia. Começamos por criar e
implementar processos de utilização, acesso e gestão de
informação, de acordo com o novo panorama. Implementamos
sistemas de formação, informação e sensibilização
das pessoas, para que percebam a importância de manter
um comportamento cuidado no acesso e utilização dos
sistemas e da informação. Em casa, tendemos a ter uma
postura muito mais relaxada e de alguma forma menos
responsável. Por último, implementamos sistemas tecnológicos
que nos permitam endereçar as novas necessidades
criadas. O simples antivírus e firewall de perímetro
não chegam. Os PC’s dos colaboradores têm que estar
tão protegidos quanto se estivessem nos escritórios da
empresa; deveremos implementar sistemas de autenticação
forte nos acessos remotos; sistemas de proteção
contra phishing e ransomware; A cloud por si só não é
segura, deverá adicionar sistemas de cibersegurança às
suas aplicações na cloud; deverá
implementar sistemas
de monitorização e alertas
globais, de forma a
ter uma visão global.
47
f
fora d'horas
DO KIKO DIRETO
PARA A SUA CASA
Mafalda Marques
Do Kiko – Fresh & Healthy Food
A ideia surgiu no início da pandemia, no primeiro confinamento. Surgiu como uma necessidade de dar resposta
aos restaurantes O Talho ou O Asiático, mas, após reflexão, só concretizaram depois do verão, no intuito
de mostrar o melhor de cada restaurante, criando uma marca nova: Do Kiko Healthy and Fresh Food.
A razão de não “uberizar” qualquer um dos restaurantes
diretamente prende-se com o facto de nem todos os
pratos chegarem bem a casa das pessoas, daí o chef Kiko
pensar bastante nos prós e nos contra. O risco era grande,
mas o resultado final é um sucesso, principalmente,
pela experiência.
Tudo é pensado ao detalhe: desde os sacos aos menus
personalizados com instruções para o cliente terminar a
confeção da refeição encomendada, numa nota especial
do chef a agradecer a encomenda:
“O seu interesse e satisfação
significam muito para mim.
Espero sinceramente que goste.”
- Assinado Kiko Martins.
A experiência é entusiasmante do início ao fim: desde o
unboxing da encomenda, à leitura atenta das instruções
para confecionar o bife tártaro, que engloba o envolvimento
com vodka, à degustação atenta dos sabores
asiáticos. Só fazem duas sobremesas, uma tapioca cremosa
com frutos tropicais e uma mousse de chocolate
em texturas. De chorar por mais. O chef Kiko explica o
desafio.
“Iniciámos esta atividade em outubro do ano passado e tem
corrido muito bem. Temos o ceviche de salmão e o ceviche
puro, o tártaro asiático e um tártaro de novilho e temos o
poke de salmão e o poke de camarão. Depois, além disto,
temos os vinhos que eu faço: os vinhos brancos feitos com
o engenheiro Bento Santos e vinhos tintos, o vinho aqui de
Lisboa, bem como dois outros vinhos, os de reserva Chef
Kiko tinto e branco, feitos com o Raúl Riba D’Ave, que é um
vinho do Douro mais encorpado, com mais estrutura e complexidade”,
explica-nos.
Acima de tudo, a preocupação do chef Kiko é garantir
que os pratos cheguem muito bem a casa das pessoas,
frescos, saudáveis e testados, alguns deles ao longo de
dez anos, nos seus restaurantes. Querem ser a opção de
qualidade em casa das pessoas, assume.
48
Estratégia engloba o planeamento detalhado dos menus, análise das
encomendas e processo de entrega
Sobre a logística, o chef adianta que “neste momento temos
uma cozinha só para este fim, ou seja, uma cozinha onde
começam a sair pratos apenas para esta operação do Kiko.
Começámos a fazer isto em unidades já nossas, que tínhamos,
e agora demos uma inovação no sentido em que vamos
ter cozinhas pensadas apenas para este fim”, adianta.
A entrega é feita através de plataformas como a Glovo,
a Bolt ou a Uber, mas também fazem entregas próprias,
que podem ser feitas através do site. Uma experiência a
não perder.
ABRIL 2021
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
As opções são inspiradas em vários pratos já existentes nos restaurantes
do Chef Kiko
Do Kiko Healthy and Fresh Food
www.dokiko.pt
Entregas de 2ªF a 6ªF, das 11h30 às 20h.
Encomenda mínima no valor de 40€.
49
x
OPINIÃO
COMPREENDER OS SERVIÇOS DE CLOUD:
OLHEMOS PARA UMA PIZZA
Vanda de Jesus • Missão Portugal Digital
D.R
Vanda de Jesus foi figura
de capa da PME Magazine
em janeiro de 2021
A chamada “nuvem” já não
é um tema de nicho, mas
a sua compreensão ainda
não é mainstream. Segundo
a EuroStat , em 2020, 36%
das empresas europeias já
tinham adotado serviços de
cloud. Em Portugal, o número
chega aos 29%. Existem
várias razões para cada vez
mais entidades os escolherem:
garantem mais eficiência,
segurança, privacidade
e flexibilidade e permitem
poupar, aumentar a escalabilidade,
controlar a qualidade e prevenir o
risco. A capacitação da computação e o armazenamento
de dados respondem a uma necessidade
premente de qualquer organização.
Hoje, nenhum projeto precisa de ser adiado
porque não existe esta capacidade inhouse.
as organizações que optam pela aquisição de viaturas
próprias e já nenhum de nós abdica de um fornecedor
de eletricidade, pese embora a possamos produzir em
casa. Hoje, escolhemos soluções seguras, rápidas e
escaláveis que tornam desnecessário elevados encargos
financeiros com servidores, formação e manutenção.
Podemos, e devemos, confiar a “nova eletricidade” da
nossa organização a especialistas, diminuindo a margem
de erro e aumentando a segurança.
A tecnologia é um facilitador e detonador do potencial
das organizações. A estratégia de outsourcing de
serviços de tecnologia através de serviços cloud
permite-lhe “jantar fora”, deixando-o investir
todo o seu tempo, criatividade e energia no core
do seu negócio e no que o torna único.
Há vários modelos de serviços, mas foquemo-nos
em três: a Infraestrutura como Serviço (IaaS), Plataforma
como Serviço (PaaS) e o Software como Serviço
(SaaS). Em qualquer entidade, a cloud consegue responder
à falta de infraestruturas, dimensionamento, tempo
de execução, entre outras. Como? Sejamos metafóricos
e olhemos para uma pizza como serviço.
Sem qualquer ajuda externa, teremos de preparar tudo
em casa. Precisaremos de gás, forno e lume, compraremos
os ingredientes e as bebidas.
Mas, se recorrêssemos a serviços
cloud, não precisaríamos de investir
tempo e dinheiro em nenhuma destas
coisas. Com a IaaS, os ingredientes
ser-nos-iam fornecidos. Com a
PaaS, receberíamos a pizza, já feita,
em casa – precisaríamos apenas de
bebidas e uma mesa de jantar. Com o
SaaS, iríamos ao restaurante consumir
os frutos de um trabalho que não
nos exigiu esforço. E se, inesperadamente,
aparecessem mais pessoas
para jantar? Com a capacidade de
escalabilidade da PaaS e do SaaS,
as pizzas podem multiplicar-se. Com
simples paralelismos, percebemos o
que significa esta opção de abdicar
de peso operacional: já são poucas
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