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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Apresentação

recentes têm proporcionado a inúmeras pessoas permitindo diagnósticos

precisos e antecipados ou cirurgias minuciosas que uma mão humana não

poderia conduzir. A crítica não passa por aí, mas pelo fato de se considerar

a modernização científica e tecnológica de per si sem a devida consideração

dos fatores éticos, naturalistas, culturais e políticos que norteiam tais

inovações, como também o enfatizam nesta coletânea a socióloga da saúde

Madel Luz e o filósofo e bioeticista Marcelo Pelizzoli. Como se a ciência

pudesse se expandir fora do jogo social e das tramas de interesses em torno

do poder, e que portasse no seu bojo as sementes para a passagem a um nível

ético superior sem considerar as pessoas que fazem a ciência, que decidem as

políticas, que implementam os programas e que cuidam de outras pessoas.

Nossas pesquisas sobre o assunto demonstraram que a busca pelas

terapias pós-convencionais não se explica apenas pelas limitações da medicina

alopática e do método anátomo-clínico mas, sobretudo, pela perspectiva

do acolhimento humano, pela recepção amorosa e fraterna pelo olhar, pela

consideração do tempo do cuidar como sendo mais importante que o tempo

do curar. Não obstante, corre-se o risco de vermos surgir uma crescente onda

de descrédito em torno das terapias pós-convencionais nascidas no bojo

do novo paradigma na saúde no momento em que se mistura humanismo

e utilitarismo mercadológico. Para se clarear tais confusões sociológicas, é

necessário lembrar que elas não são recentes, estando plantadas na origem

do pensamento pós-convencional na saúde. Lembremos que este surgiu de

atitudes críticas como os movimentos de contra-cultura na Califórnia nos

anos sessenta, quando se procurava modelar uma relação estreita entre

saúde e espiritualidade. Acreditava-se que a crítica culturalista à sociedade

de consumo – em particular aquela da sociedade norte-americana onde o

movimento New Age teve maior expansão –, bastaria para este rompimento

paradigmático. Na prática, porém, ao desconsiderarem as implicações

políticas e éticas de toda experiência em saúde que objetive a integralidade,

eles exageraram o valor técnico e estético das reações contraculturais a favor

de uma cultura corporal, psicológica e emocional mais libertária. Porém, a

realidade o prova, que isto não bastou para assegurar, de fato, o sucesso do

novo paradigma da complexidade na saúde.

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