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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

ciência supostamente verdadeira e apodítica sobre o que ocorre com o corpo

e até com a mente humana. Mas na verdade, o grau de incerteza é imenso,

como o demonstram os fatos: alto índice de mortes devido à intervenções

médico-hospitalares; instabilidade nos resultados; doenças recidivas,

aumento vertiginoso de doentes crônicos; mascaramento de sintomas; efeitos

colaterais e de complexidade, precariedade da saúde em meio ao combate

tecnocêntrico às doenças etc. 8

Tanto no desenvolvimento do modelo explicativo sobre o corpo,

como também na prática terapêutica, duas categorias são fundamentais

para entender como se constitui a racionalidade do modelo biomédico:

As categorias “Normal e Patológico”, muito bem debatidas na obra de

Canguilhem (2006). Destaca-se, na história deste modelo, a importância

dos estudos de Bichat, Braussais, Comte e Bernard para a estruturação do

discurso sobre essas duas categorias opostas e ao mesmo tempo reveladoras

da verdade uma da outra. Tanto o normal torna-se substrato para definir o

que é patológico, como o patológico o é para definir o que é normal. O normal

e o patológico enquanto categorias objetivas e positivas se concebem aqui

em função de qualidades verificáveis e da quantificação destas, fazendo da

normalidade regras e medidas a cumprir, e da anormalidade o desvio dessas

medidas e regras, fazendo do modelo explicativo do normal e do patológico

uma função quantificável. Cada vez mais, o normal será concebido enquanto

média, como função da proximidade à reta central da curva gaussiana,

ganhando protagonismo no discurso explicativo do fenômeno vital, discurso

esse de universalização e de verdade paradoxalmente redutora. Trazendo um

exemplo: muitos começaram a pensar que a loucura é mensurável, algo físico

e matemático.

Esse modelo de racionalidade sobre o adoecimento e a normalidade não

ficará recluso na dimensão individual do corpo, mas terá grande peso para

explicar a sociedade como conjunto de corpos e, mais do que isto, como corpo

8 Os dados sobre o alcance deletério da prática médica alopático-hospitalar são alarmantes. Cf.

Tenner, 1997; Coleman 2000; Botsaris 2001. Os efeitos iatrogênicos, erros médicos etc. são a quinta

maior causa de morte nos EUA. Há uma epidemia de câncer, a ponto de uma em cada 7 pessoas nos

EUA terá algum tipo de tumor durante sua vida. Cf. Servan-Schreiber 2004 e 2007, e as obras de Samuel

Epstein (http://www.preventcancer.com/about/epstein.htm)

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