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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

dos poderes públicos e da sociedade mudanças profundas nos modos de

produção do cuidado.

Por conseguinte, a questão levantada aqui centra-se nos obstáculos da

abordagem da saúde marcada pelo cartesianismo e suas práticas convencionais

(presentes nas relações entre profissionais de saúde e pacientes mediados

pela tecnologia, dentro da racionalidade tecnocêntrica) 7 . Portanto, nossa

hipótese é que mediante aportes ético-filosóficos fundados na hermenêutica

filosófica (Gadamer em especial, mas também Heidegger, Foucault, Hans

Jonas e outros), podemos apontar outro(s) paradigma(s) para pensar a

saúde como cuidado integrativo, que parte de um movimento compreensivo

da vida e que retoma as potências e possibilidades do humano. Entretanto,

alertamos que esta crítica é menos uma tentativa de minar completamente

o modelo biomédico do que a tentativa de refletir criticamente sobre seus

limites para ampliar horizontes e apostar em novas possibilidades. Admitir

limitações em qualquer perspectiva científica/epistemológica que tente

produzir conhecimento válido nos leva a compreender a natureza histórica,

ambígua e finita da verdade, convidando ao esforço de abertura e diálogo

com outros olhares e práticas, pois a proclamação de uma verdade sempre

implica um esquecimento, abandono ou velamento de outra. Tomando

aqui a perspectiva da hermenêutica filosófica enquanto lente, pretendemos

dimensionar algo do que ficou na sombra, não dito, ao redor do fenômeno

humano do cuidado, a partir da ênfase no modelo biomédico marcadamente

reducionista (cartesiano).

Primeiramente, é necessário trazer elementos para entender como se

constitui o ponto fundamental dessa crítica, que se concentra na “incapacidade

para o diálogo e para a abertura” presente no modelo médico – quando esse

é fundado na hegemonia de produtor e normatizador de “verdades” sobre os

processos de adoecimento e saúde nas populações humanas. A constatação

dessa incapacidade é de extrema importância na missão de apontar e de

trazer perspectivas acerca de saberes e práticas em saúde que, inspirada na

7 Cf. Pelizzoli, 2007. Sobre cartesianismo, cf. Pelizzoli 2003, 2007 e 2010. Não se trata da filosofia de

Descartes em si, mas de um modelo de validação de procedimentos pela ciência vinda da modernidade.

É mais um modo de abordagem e de visão do que uma teoria; como uma grande matriz paradigmática

dominante.

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