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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

adversário, mas o resultado está sempre fora do controle. O adversário pode

mudar sua estratégia, e o acaso sempre ronda, tornando o jogo uma caixinha

de surpresas. O sentido último do jogo não permite quebrar regras, pois

já não seria mais propriamente o jogo. Mas mesmo quando as regras são

quebradas, ainda há algo em jogo, um outro jogo diante do jogo inicial. No

jogo, algo e nós mesmos estamos em jogo. A experiência em jogos nos diz

que não podemos nos prender tanto a estratégias, pois, se não mantivermos

a abertura à dinâmica mutante do processo, se esquecermos a criação e o

improviso, corremos um sério risco de sermos atropelados. No jogo com o

outro, mais do que tentar evitar surpresas com predições, precisamos manter

uma postura de abertura e flexibilidade, na garantia de um diálogo de fato.

O exemplo do jogo é perfeito para representar a dinâmica e o caráter

incerto dos processos de interação entre atores, mas, ao mesmo tempo, traz

alguns problemas, sendo necessário desconstruí-lo. As relações humanas

não necessariamente precisam de vencedores e perdedores, a vitória pode

ser nosso fim primeiro, mas não precisa ser nosso fim último, pois no jogo

da alteridade imperativos e fins fixos são empecilhos para a negociação e

a chegada ao consenso (RIVERA, 1995). Quando se supervaloriza os fins,

no diálogo de negociação, os meios se transformam em instrumentais

estratégicos para se chegar aos objetivos, guardando alguns riscos éticos que

precisam ser dimensionados.

Quando se quer muito algo, podemos achar que os fins justificam

os meios, nos colocando no jogo com pressupostos tão estruturados que

transformam os outros atores em partidários e não partidários, em que é

preciso ganhar a qualquer custo. E assim, podemos nos valer de ferramentas

que implicam em problemas sérios em nossa postura em relação ao outro,

nas quais bombas são justificadas pela paz, guerras são justificadas pela

expansão da democracia, e mais especificamente no caso da saúde, formas

de anulação da autonomia das pessoas são justificadas em nome da defesa

da cura e do sistema. Num agir estratégico preso aos fins, corremos o risco

de transformar o processo comunicativo num mundo sem regras e sem

ética, instrumentalizando a relação com o outro, fazendo com que ele seja

apenas um meio para se chegar a determinado fim. Isso abre a possibilidade

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