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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Apresentação

Neste sentido, pesquisas confiáveis de órgãos internacionais demonstraram

que os investimentos para pesquisa em medicinas de superfície como

cirurgias plásticas e estéticas foram muito mais significativos do ponto de

vista financeiro nos últimos anos, que aqueles voltados para a descoberta de

medicamentos para combate de epidemias em regiões empobrecidas. Pois

se os mais ricos podem pagar mais pelas inovações tecnológicas - como são

os casos de cirurgias de rejuvenescimento -, os laboratórios científicos, naturalmente,

em grande parte submetidos aos interesses privados, tendem

a priorizar este tipo de público em detrimento da maioria pobre que não

produz o retorno financeiro pretendido. Ou seja, o capitalismo especulativo

descobriu que a área da saúde é das mais promissoras em termos de retorno

material e financeiro de curto prazo, como o prova a expansão das indústrias

de equipamentos, de medicamentos, de serviços hospitalares, de exames e de

seguros-saúde. E, para isso, buscou bombardear a medicina social com vistas

a privatizar e se apropriar de recursos públicos escassos e voltados para o

atendimento universal das populações pobres. As tentativas do setor médico

privado de se apropriar de fatias crescentes dos recursos do SUS (Sistema

Único de Saúde) no Brasil, nos últimos dez anos, são a prova do que estamos

afirmando.

O fato é que a despolitização do debate sobre as mudanças de paradigmas

na saúde contribuiu para que o campo fosse invadido por um paradigma

oriundo do setor mercantil, o utilitarista, que descobriu que morte e doença

encerram boas razões práticas para se ganhar dinheiro em abundância e sem

limites. Este utilitarismo supõe que todos os seres humanos são naturalmente

egoístas e que todas as pessoas estão permanentemente calculando ganhos e

perdas, mesmo que isto signifique prejuízos materiais e morais para terceiros.

A penetração deste paradigma utilitarista no campo da saúde e da medicina foi

sutil, tendo ele se aproveitado da tradicional divisão técnica do corpo humano

que informa a concepção simplificadora e compartimentada do paradigma

biocartesiano, a saber, as especialidades médicas fundadas na concepção do

corpo humano como formado por objetos separados e, logo, passíveis de

serem manipulados à parte, para ancorar novas modalidades de acumulação

do capitalismo na sua fase especulativa e desumanizante. As especialidades

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