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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

o outro, enquanto diferente, vai envolver diversas perspectivas que vão

determinar de que forma o meu mundo chega no mundo do outro e viceversa.

O encontro entre dois sujeitos, imersos na linguagem, é também

o encontro de perspectivas, de experiências de mundo diversas, mundo

com significados, historicidade e racionalidades que se inter-relacionam,

transformando a experiência em experiência intersubjetiva, pois através da

experimentação do outro o mundo se transforma e se confunde, pois nunca

há o mesmo olhar sobre o mesmo mundo. Nesse contato, um jogo se forma,

onde cada agente do diálogo hora tenta proteger seu mundo (sua estrutura

de verdade), hora cede ao mundo do outro, já que verdade é verdade apenas

se o é também no outro, fazendo desse jogo um movimento de idas e vindas,

desfazendo preconceitos e expectativas, e ao mesmo tempo experienciando

novas formas de pensar, sentir e agir. Por conseguinte, quanto mais protegido

for meu mundo, menos abertura para outras perspectivas de compreensão eu

vou ter através do contato com o mundo do outro.

Na tradição ocidental de construção do conhecimento, enquanto

caçador das verdades do mundo, absolutas e objetificáveis, o encontro com

outras perspectivas, fins, intencionalidades e racionalidades presentes no

outro, conduz ao conflito, na medida em que um não cede, transformando o

conhecer em poder dizer, em legitimidade ou ilegitimidade de pronunciar o

mundo. Para a hermenêutica, a produção de enunciados de verdades sólidas

não abre possibilidade de diálogo, pois a verdade nesse caso é sempre a negação

da verdade do outro. Tal é a característica da racionalidade instrumental, que

produziu o problema mais crítico na contemporaneidade, já apontado por

Gadamer (2000, p-129), que é a “incapacidade para o diálogo”, incapacidade

para o diálogo com o outro, com a vida, com o mundo, e consigo mesmo.

Na perspectiva hermenêutica, o diálogo não necessariamente se efetiva

no simples encontro entre dois sujeitos produtores de linguagem, mas,

necessariamente, há prerrogativas de condições específicas indispensáveis

que fazem com que haja diálogo de fato. Isso porque os diálogos possuem

uma finalidade, construir acordos, consensos, construção conjunta de

mundo, o que dá significado à vida em comunidade, em bairro, em grupo, em

família, transformando a arte do diálogo na arte do conviver. A incapacidade

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