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Saúde em novo Paradigma
o outro, enquanto diferente, vai envolver diversas perspectivas que vão
determinar de que forma o meu mundo chega no mundo do outro e viceversa.
O encontro entre dois sujeitos, imersos na linguagem, é também
o encontro de perspectivas, de experiências de mundo diversas, mundo
com significados, historicidade e racionalidades que se inter-relacionam,
transformando a experiência em experiência intersubjetiva, pois através da
experimentação do outro o mundo se transforma e se confunde, pois nunca
há o mesmo olhar sobre o mesmo mundo. Nesse contato, um jogo se forma,
onde cada agente do diálogo hora tenta proteger seu mundo (sua estrutura
de verdade), hora cede ao mundo do outro, já que verdade é verdade apenas
se o é também no outro, fazendo desse jogo um movimento de idas e vindas,
desfazendo preconceitos e expectativas, e ao mesmo tempo experienciando
novas formas de pensar, sentir e agir. Por conseguinte, quanto mais protegido
for meu mundo, menos abertura para outras perspectivas de compreensão eu
vou ter através do contato com o mundo do outro.
Na tradição ocidental de construção do conhecimento, enquanto
caçador das verdades do mundo, absolutas e objetificáveis, o encontro com
outras perspectivas, fins, intencionalidades e racionalidades presentes no
outro, conduz ao conflito, na medida em que um não cede, transformando o
conhecer em poder dizer, em legitimidade ou ilegitimidade de pronunciar o
mundo. Para a hermenêutica, a produção de enunciados de verdades sólidas
não abre possibilidade de diálogo, pois a verdade nesse caso é sempre a negação
da verdade do outro. Tal é a característica da racionalidade instrumental, que
produziu o problema mais crítico na contemporaneidade, já apontado por
Gadamer (2000, p-129), que é a “incapacidade para o diálogo”, incapacidade
para o diálogo com o outro, com a vida, com o mundo, e consigo mesmo.
Na perspectiva hermenêutica, o diálogo não necessariamente se efetiva
no simples encontro entre dois sujeitos produtores de linguagem, mas,
necessariamente, há prerrogativas de condições específicas indispensáveis
que fazem com que haja diálogo de fato. Isso porque os diálogos possuem
uma finalidade, construir acordos, consensos, construção conjunta de
mundo, o que dá significado à vida em comunidade, em bairro, em grupo, em
família, transformando a arte do diálogo na arte do conviver. A incapacidade
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