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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

O que Illich (1975) chamou de medicalização da sociedade seria esse

processo de colonização da vida pelas estratégias de controle que a medicina

moderna trouxe, colocando em xeque inclusive os próprios fenômenos

naturais ligados à vida, gerando uma desconfiança do natural. O poder

da vida é gradativamente, no processo de legitimação da medicina entre a

sociedade, substituída pelo poder sobre a vida, aumentando a artificialidade

dos processos vitais. A legitimação da medicina moderna ancora-se

fundamentalmente no desenvolvimento tecnológico aliado às promessas

da produção de uma sociedade saudável, sem sofrimento, uma analgesia da

vida, que desde as possibilidades geradas pelo advento dos antibióticos e das

vacinas (que na época se anunciavam como o fim das doenças infecciosas),

evolui até a presente engenharia genética, que é colocada como “a nova

panacéia, para todos os males”. Analgésicos efetivos contra dor, partos

cesáreos assistidos, antidepressivos para o sofrimento da alma, inseminações

artificiais, cirurgias plásticas, somados às promessas da genética de correções

de defeitos e morbidades ainda no ventre da mãe, e de produção de seres

humanos “perfeitos” fizeram a medicina construir um imaginário de um

espaço de possibilidades de controle, infiltrando-se na vida cotidiana e

ressignificando-a. O alerta bioético surge exatamente nesse contexto, em

tempos de progresso tecnológico e suas ameaças, crises do desenvolvimento

e da saúde humana e planetária (PELIZZOLI, 2007).

Contudo, apesar de ser a medicina moderna hegemônica na produção

de cuidado, principalmente a partir da segunda metade do século XX, o

modelo biomédico sofre grandes críticas de pensadores e movimentos ligados

ao setor saúde, criando-se um mal estar e uma crise de legitimidade junto a

alguns setores da sociedade (SCHRAIBER, 1997). Essa crise está ligada tanto

aos problemas políticos e éticos ligados às práticas interventoras sobre o

“mundo da vida” humano e natural, como também aos limites epistêmicos

do modelo biomédico que, com sua prática tecnificante e objetificadora, se

mostrou incapaz de dar conta de um objeto tão complexo e misterioso como

é o fenômeno do adoecer e do viver. Não questionamos aqui a importância de

suas teorias ou a efetividade de sua prática, mas o reducionismo das mesmas

e o perigo que disso advém.

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