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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

para o futuro, ao se sonhar algo, necessariamente demanda-se cuidado, pois

entre o sonhado e o possível há o devir mutante que se transmuta a cada dia

em ato que surge a partir da experiência de cada momento. Sonhar com uma

família, sonhar com uma carreira, uma profissão, amigos, uma comunidade

solidária, uma sociedade melhor, vai exigir que cuidemos, sob diversas

perspectivas, para que os sonhos se estruturem e ganhem forma. Seja na

tranquilidade, seja nos contratempos, estamos sempre cuidado da vida

como projeto de existência, cuidando do mundo, cuidando de si. Cuidado

de si que Foucault tematizou em sua Hermenêutica do sujeito, levantando as

experiências ocidentais de epiméleia he autoû. Daí ser o cuidado um processo

inerente à experiência de si. Quando cuidamos de nossos doentes, cuidamos

na verdade de nossa família, de nossas amizades, de nossa vizinhança, de

nossa comunidade, de nós mesmos, pois o outro é parte de nossos projetos

existenciais, nossos projetos de felicidade que se diluem com os projetos dos

outros, transformando-se num projeto de mundo compartilhado, já que o

outro como outro sempre vai ser fundamental em vista da natureza social e

dialógica do homem.

Projeto e cuidado, nesta perspectiva, são alegorias que formam

uma unidade, não sendo possível uma sem a outra. Como já trabalhado,

projeto e cuidado, inseridos na experiência hermenêutica, conduzem-se

no devir, entre a historicidade, a finitude e a negatividade, transformandose

a cada dia, como também ampliando-se em consciência que se abre e

se projeta do presente para o futuro. Esta consciência que se abre, não traz

necessariamente a estabilidade para o que se projeta, mas plasticidade ao ser

no projeto, que embora seja passível de incompletude, a compreensão diante

das possibilidades e das limitações torna-se cada vez mais ampla, aberta e

forte diante dos contratempos. Uma consciência forte não está no projeto

realizado, mas na compreensão e sabedoria diante do jogo de possibilidades

e limitações da existência. Isso implica dizer que o cuidado não está

necessariamente no retorno ao domínio sobre a vida, mas na compreensão de

sua natureza, exigindo uma postura “sábia” diante do que cada situação impõe,

exigindo do espírito, do ser no mundo, a busca interminável da tékhne toû

bíou (arte de viver). Neste sentido, cuidar de si e do outro exige provocações

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