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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

vida. Isso se dá a partir do momento em que vida, existência, saúde, morte

e sofrimento ganham um estatuto existencial, “incoerente” com o modelo

biomédico preso as objetividades do “real”, o que mostra a dificuldade da

medicina moderna em lidar com tais questões. A doença e a morte são males

combatidos, de valor sempre negativo para a medicina, inviabilizando a

possibilidade que a morbidade tem de ressignificar a vida e reorientar o agir

sobre o mundo pelo paciente - pelo sujeito. Esse cenário abre espaço para

o processo de desumanização da medicina, transformando-a numa prática

dura, técnica e utilitária. Além do que, tende a “desempoderar” o sujeito,

que passa a não acreditar mais na manutenção de sua vitalidade, ambiente

e qualidade de vida, e assim no potencial natural de cura de seu corpo

(PELIZZOLI, 2010).

Sendo a doença um processo complexo, social, existencial, interacional

e simbólico, qualquer ação terapêutica que não possa deslumbrar um olhar

amplo de possibilidades, fracassará na sua eficácia. Nesse sentido, observase

a grande incapacidade do modelo biomédico de promover saúde em

grande parte dos casos, pois, geralmente, seus procedimentos intervêm sobre

sintomas, produzindo um processo de “cronificação” de enfermidades e do

próprio sofrimento, não trazendo uma resposta efetiva para a produção

de saúde de uma forma ampla e duradoura (ILLICH, 1975). Isso acontece

sobretudo nas doenças ditas crônicas, intimamente relacionadas às formas

de existir no transcorrer da vida de cada sujeito em particular. A medicina

fundada na patogênese – patologia – perdeu as dimensões da salutogênese 9 .

Além disso, como a terapêutica predominante no modelo biomédico é

essencialmente intervencionista de base alopática ou cirúrgica, no nível da

mecânica dos órgãos ou da bioquímica celular, ela guarda grande potencial

iatrogênico, já que dificilmente a ação de uma droga ou da retirada de um

órgão terá um efeito restrito no local lesado. A iatrogenia potencial dos

atos médicos é ainda mais nociva num cenário de consumo descontrolado

de planos de saúde, produtos e serviços médicos e no processo intenso de

medicalização da vida cotidiana. Somado a isso, na vinculação da medicina

9 Trata-se de como produzir e manter a saúde, mais do que combater doenças e sintomas. Cf. Glocker,

in: Pelizzoli, 2010; ver Gonzales, 2006.

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