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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

técnico-instrumental, vinculada ao consumo e à promessa de bem estar

instantâneo, através de um comprimido, uma cirurgia plástica, a retirada de

órgão com defeito, uma sessão de rádio, na qual a cura é reduzida à cessação

dos sintomas. Nessa perspectiva, saúde está vinculada à mecânica do corpo,

completamente divorciada da vida em sua dimensão ampla, perspectiva que

precisa ser rompida na busca de paradigmas holísticos e conciliadores entre

o ser humano e a vida prática. Assim, falar em saúde é também falar na saúde

na dor, no sofrimento e na morte, e não apenas na felicidade. Os “cuidadores”

de nosso tempo não podem perder de vista esses desafios, podendo a

hermenêutica se constituir como boa ferramenta, não só para construção de

nova episteme, mas, sobretudo, para a construção de novos Ethos do cuidado.

O cuidador hermeneuta

A idéia central desse texto se constitui na hipótese de que a hermenêutica

filosófica pode ser um caminho de crítica e complementaridade ao paradigma

cartesiano que domina o modelo biomédico no sentido de enfrentamento

de seus principais problemas epistêmicos e éticos. Num contexto de crise de

confiança com relação às políticas hegemônicas dentro da saúde, defendemos

a urgência do que chamamos aqui de “o cuidador hermeneuta”, capaz de

desenvolver formas dialógicas, compreensivas, éticas e responsáveis de

interação e cuidado, capaz de resgatar a totalidade vital dos fenômenos que

envolvem saúde e doença, para além do reducionismo físico-químico e

mecanicista. Desse modo, não se trata de apresentar outra verdade objetiva,

pretensiosamente absoluta. O que se propõe aqui é não um ponto de chegada,

mais um ponto de partida que possa construir novos caminhos, como

também, lembrando das idéias do educador pernambucano Paulo Freire

(2005), a conscientização e novos jeitos de caminhar.

O ponto fundamental na crítica ao cartesianismo e, por extensão,

ao modelo biomédico, não está na inverdade de seus enunciados, e sim,

justamente na pretensão de se colocar como único caminho na construção de

verdades com relação ao fenômeno do adoecimento, e fazer perder aspectos

essenciais do que seja o processo saúde-doença. Toda forma de estruturação de

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