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SAUDE EM NOVO PARADIGMA_02-09-2011

Práticas integrativas em saúde

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Saúde em novo Paradigma

que odeia, de forma que é apenas o corpo que nos conduz a nos sentirmos

inteiros na vida.

Este espírito, que também é corpo, está imerso no tempo e na

historicidade, projetando-se enquanto um refazer-se contínuo de si mesmo,

buscando sentido ao seu ser no mundo. O espírito, enquanto possibilidade

de ser, se inquieta, não se satisfaz com o que se apresenta simplesmente dado,

e sonha novas maneiras de estar no mundo transformando este mesmo

mundo, fazendo do seu passado e do seu presente o lugar para antecipar-se ao

futuro. O futuro não é apenas o que acontece, mas também o que se sonha e

se planeja. Esta é nossa terceira dimensão humana, a utopia, nossa substância

de Saturno que nos faz buscar infinitas possibilidades, não por conta de uma

ausência no ser, mas pela busca de transbordar-se a si mesmo como potência,

extravasamento, expansão de vida. Contudo, a condição da utopia é a forma

relacional, do eu com o mundo que me cerca, pois sonhar um mundo possível

é sonhar também um mundo para o outro, quer em consenso ou dissenso

com ele. Isso faz da utopia mais do que um ato de abstração, mas, sobretudo,

ato político, pois apenas socialmente é possível sonhar. Sozinhos, sonhos são

apenas vontades, sem potência criadora e política.

A utopia se constrói como síntese entre as exigências da Terra

(imanentes no corpo) e os imperativos do espírito (BOFF, 2008). Contudo,

essa construção não surge restrita à ação de sonhar, de conceber utopias, mas

vai exigir trabalho, empenho, zelo, luta, dedicação, disciplina, alteridade,

responsabilidade, preocupação, uma série de atitudes em relação a si e ao

mundo para que o mundo dado também seja projeto de mundo. Todas essas

atitudes que projetam sujeito e mundo ao seu vir a ser, em relação ao que

a condição humana enquanto ser no mundo impõe, e o que as vontades e

potências possibilitam, apresentam-se ontologicamente como cuidado,

nossa quarta dimensão seminal que expressa nosso ser no mundo enquanto

possibilidade de compreender a si mesmo e possibilidade de ser. Nesse

sentido, retomamos a pergunta: o que é cuidar? O cuidado, ou a atitude de

cuidar, é um modo de ser fundamental, não podendo ser concebido como

estância fora de nós, mas sim ontologicamente constitutivo da natureza

humana. Quando nos propomos a cuidar de algo ou de alguém, somos

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