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ESPECIAL TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

IA<br />

JOÃO LOTTERMANN,<br />

da AutoInsp<br />

solução antifraude desenvolvida pela AutoInsp<br />

consiste em um sistema que utiliza<br />

Inteligência Artificial, processamento<br />

de imagens e simulação de acidentes<br />

para analisar sinistros automotivos. Com<br />

base no relato do segurado, fotos do veículo<br />

sinistrado e boletim de ocorrência,<br />

a IA extrai variáveis de engenharia para<br />

reconstituir virtualmente o ocorrido. A<br />

partir dos danos físicos do veículo, são<br />

utilizados equacionamentos avançados<br />

de engenharia automotiva para quantificar<br />

e comparar o dano com o cenário<br />

simulado.<br />

Fundada em 2020, a AutoInsp<br />

lançou a ferramenta de IA em 2023 e, segundo<br />

o CEO da insurtech, o engenheiro<br />

automotivo e especialista em perícia<br />

automotiva e em acidentes de trânsito<br />

João Pedro Taborda Lottermann, a solução<br />

já conseguiu mitigar fraudes em até<br />

80%, melhorando os índices de sinistralidade<br />

e gerando economia para as seguradoras,<br />

principalmente em episódios<br />

que beiram a surrealidade na carteira de<br />

auto. “Impressionam casos de fraudes<br />

em que os segurados criam eventos fictícios<br />

para consertar carros de familiares<br />

ou alegam acidentes que, na verdade,<br />

foram causados por falta de manutenção<br />

do veículo. Um exemplo notável foi<br />

o de um carro em péssimo estado que<br />

sofreu um sinistro. A seguradora fez os<br />

reparos necessários correlacionados<br />

com o evento, mas o veículo pegou fogo<br />

posteriormente e o motorista tentou culpar a seguradora. Além<br />

disso, casos de excesso de velocidade são comuns, com danos que<br />

representam velocidades muito maiores, até o dobro, do que a velocidade<br />

relatada”, recorda Lottermann, antecipando que a solução<br />

da AutoInsp vem sendo testada por três grandes seguradoras tradicionais,<br />

cujos nomes ainda não podem ser revelados por conta<br />

da fase de amadurecimento da negociação e de acordo de confidencialidade.<br />

“Em breve será divulgado, inclusive, com os resultados<br />

alcançados”, promete o executivo.<br />

Sócio-fundador da AutoInsp, Tiago de Bortoli é, igualmente<br />

ao sócio João Lottermann, mestre em ciências mecânicas pela Universidade<br />

de Brasília (UnB). Ele registra que o feedback de clientes<br />

aponta para a melhora do NPS com segurados, que passam a ter<br />

uma resposta mais efetiva da companhia. Além disso, diz Bortoli, a<br />

detecção mais precisa de fraudes evita pagamentos indevidos, gerando<br />

economia para as seguradoras. “A Autoinsp é uma ferramenta<br />

e uma solução que permite à seguradora focar em sua atividade fim<br />

e ter profissionais especialistas em seguridade, reduzindo a carga<br />

com engenharia de análise interna. Há uma brincadeira interna que<br />

diz que a seguradora nasceu para cuidar dos carros, mas quem cuida<br />

da seguradora? Foi para isso que a Autoinsp nasceu e pensou em<br />

sua solução”, analisa o executivo.<br />

Bortoli também garante que os corretores e seguradoras com<br />

os quais a AutoInsp trabalha apresentam retornos positivos com o<br />

uso da IA na precificação de apólices. “A redução de fraudes impacta<br />

diretamente na melhora dos índices de sinistralidade e contribui<br />

para apólices com prêmios mais acessíveis, beneficiando o consumidor<br />

final. No caso dos corretores, eles recebem pareceres e conclusões<br />

mais assertivas da seguradora ao lidar com sinistros, o que<br />

aumenta a segurança do cliente e reduz a judicialização de casos,<br />

conclui.<br />

É fato que a Inteligência Artificial impõe uma linha divisória<br />

entre o que deverá ficar no passado e o que já se projeta como determinante<br />

para as futuras gerações. A indústria securitária percebe<br />

com nitidez essa linha e parece ter feito sua opção por qual caminho<br />

seguir. Os resultados são evidentes.<br />

De posse de um controle de dados proporcionado pela IA,<br />

as seguradoras terão mais precisão para identificação do risco. Fato<br />

que todo o setor comemora. Mas, como define Lotterman, a palavra<br />

“responsabilidade”, antes mesmo de as soluções de Inteligência<br />

Artificial inundarem o mercado, ditará o rumo das relações com os<br />

consumidores: “A posse de dados proporcionada pela Inteligência<br />

Artificial permite às seguradoras uma maior precisão na identificação<br />

de fraudes e riscos. Regulamentações claras e princípios de não<br />

discriminação, privacidade e transparência devem guiar o uso responsável<br />

da Inteligência Artificial. O ponto dessa questão é sensível<br />

e ainda deveremos buscar por soluções e criar discussões contínuas<br />

entre as partes interessadas para garantir uma abordagem ética que<br />

beneficie a todos. Em nossa opinião, é coerente para o caso de seguro<br />

auto, pois um cliente que tenha um perfil de fraudes deverá ter<br />

sua entrada por um caminho mais cuidado do que um cliente sem<br />

essa característica.”<br />

Sem seguro, Blade Runner ficou, definitivamente, no passado.<br />

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