Revista Apólice #289
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ESPECIAL TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />
IA<br />
JOÃO LOTTERMANN,<br />
da AutoInsp<br />
solução antifraude desenvolvida pela AutoInsp<br />
consiste em um sistema que utiliza<br />
Inteligência Artificial, processamento<br />
de imagens e simulação de acidentes<br />
para analisar sinistros automotivos. Com<br />
base no relato do segurado, fotos do veículo<br />
sinistrado e boletim de ocorrência,<br />
a IA extrai variáveis de engenharia para<br />
reconstituir virtualmente o ocorrido. A<br />
partir dos danos físicos do veículo, são<br />
utilizados equacionamentos avançados<br />
de engenharia automotiva para quantificar<br />
e comparar o dano com o cenário<br />
simulado.<br />
Fundada em 2020, a AutoInsp<br />
lançou a ferramenta de IA em 2023 e, segundo<br />
o CEO da insurtech, o engenheiro<br />
automotivo e especialista em perícia<br />
automotiva e em acidentes de trânsito<br />
João Pedro Taborda Lottermann, a solução<br />
já conseguiu mitigar fraudes em até<br />
80%, melhorando os índices de sinistralidade<br />
e gerando economia para as seguradoras,<br />
principalmente em episódios<br />
que beiram a surrealidade na carteira de<br />
auto. “Impressionam casos de fraudes<br />
em que os segurados criam eventos fictícios<br />
para consertar carros de familiares<br />
ou alegam acidentes que, na verdade,<br />
foram causados por falta de manutenção<br />
do veículo. Um exemplo notável foi<br />
o de um carro em péssimo estado que<br />
sofreu um sinistro. A seguradora fez os<br />
reparos necessários correlacionados<br />
com o evento, mas o veículo pegou fogo<br />
posteriormente e o motorista tentou culpar a seguradora. Além<br />
disso, casos de excesso de velocidade são comuns, com danos que<br />
representam velocidades muito maiores, até o dobro, do que a velocidade<br />
relatada”, recorda Lottermann, antecipando que a solução<br />
da AutoInsp vem sendo testada por três grandes seguradoras tradicionais,<br />
cujos nomes ainda não podem ser revelados por conta<br />
da fase de amadurecimento da negociação e de acordo de confidencialidade.<br />
“Em breve será divulgado, inclusive, com os resultados<br />
alcançados”, promete o executivo.<br />
Sócio-fundador da AutoInsp, Tiago de Bortoli é, igualmente<br />
ao sócio João Lottermann, mestre em ciências mecânicas pela Universidade<br />
de Brasília (UnB). Ele registra que o feedback de clientes<br />
aponta para a melhora do NPS com segurados, que passam a ter<br />
uma resposta mais efetiva da companhia. Além disso, diz Bortoli, a<br />
detecção mais precisa de fraudes evita pagamentos indevidos, gerando<br />
economia para as seguradoras. “A Autoinsp é uma ferramenta<br />
e uma solução que permite à seguradora focar em sua atividade fim<br />
e ter profissionais especialistas em seguridade, reduzindo a carga<br />
com engenharia de análise interna. Há uma brincadeira interna que<br />
diz que a seguradora nasceu para cuidar dos carros, mas quem cuida<br />
da seguradora? Foi para isso que a Autoinsp nasceu e pensou em<br />
sua solução”, analisa o executivo.<br />
Bortoli também garante que os corretores e seguradoras com<br />
os quais a AutoInsp trabalha apresentam retornos positivos com o<br />
uso da IA na precificação de apólices. “A redução de fraudes impacta<br />
diretamente na melhora dos índices de sinistralidade e contribui<br />
para apólices com prêmios mais acessíveis, beneficiando o consumidor<br />
final. No caso dos corretores, eles recebem pareceres e conclusões<br />
mais assertivas da seguradora ao lidar com sinistros, o que<br />
aumenta a segurança do cliente e reduz a judicialização de casos,<br />
conclui.<br />
É fato que a Inteligência Artificial impõe uma linha divisória<br />
entre o que deverá ficar no passado e o que já se projeta como determinante<br />
para as futuras gerações. A indústria securitária percebe<br />
com nitidez essa linha e parece ter feito sua opção por qual caminho<br />
seguir. Os resultados são evidentes.<br />
De posse de um controle de dados proporcionado pela IA,<br />
as seguradoras terão mais precisão para identificação do risco. Fato<br />
que todo o setor comemora. Mas, como define Lotterman, a palavra<br />
“responsabilidade”, antes mesmo de as soluções de Inteligência<br />
Artificial inundarem o mercado, ditará o rumo das relações com os<br />
consumidores: “A posse de dados proporcionada pela Inteligência<br />
Artificial permite às seguradoras uma maior precisão na identificação<br />
de fraudes e riscos. Regulamentações claras e princípios de não<br />
discriminação, privacidade e transparência devem guiar o uso responsável<br />
da Inteligência Artificial. O ponto dessa questão é sensível<br />
e ainda deveremos buscar por soluções e criar discussões contínuas<br />
entre as partes interessadas para garantir uma abordagem ética que<br />
beneficie a todos. Em nossa opinião, é coerente para o caso de seguro<br />
auto, pois um cliente que tenha um perfil de fraudes deverá ter<br />
sua entrada por um caminho mais cuidado do que um cliente sem<br />
essa característica.”<br />
Sem seguro, Blade Runner ficou, definitivamente, no passado.<br />
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