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ENTREVISTA
COMO AVALIA A POLÍTICA NACIONAL PARA O
SETOR INDUSTRIAL? HÁ MAIS INCENTIVO OU MAIS
DIFICULDADE?
Nos últimos anos, não houve uma política industrial
propriamente dita, mas ações esporádicas, a exemplo da
desoneração da folha de pagamento para alguns setores
e linhas de financiamento específicas. O reflexo disso foi
a crescente desindustrialização precoce da economia
brasileira. Felizmente, estamos presenciando uma nova
preocupação das autoridades em fazer a uma Nova Política
Industrial, a chamada neoindustrilização do Brasil,
que está baseada em uma agenda moderna, com foco
em tecnologia, inovação, energias limpas, ou seja, no desenvolvimento
sustentável. Não podemos, no entanto, esquecer
a indústria tradicional, que pode ser reconfigurada
para alcançar as metas de sustentabilidade. Um primeiro
passo nessa direção é equacionar o problema de financiamento
para o investimento. Nesse sentido, o Governo Federal
deu passo importante ao designar o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como
o braço financeiro desse processo, ampliando os recursos
para a indústria. Ao que tudo indica, um novo foco de
industrialização está em curso no BNDES e os números
deste início de ano são promissores. Outro passo que
será decisivo para que o Brasil finalmente entre nos trilhos
do crescimento é a reforma tributária. A indústria vê
com otimismo a mobilização do governo, do congresso
e da sociedade em geral para a construção de um texto
que seja aprovado ainda este ano. Os benefícios de uma
reforma tributária serão amplos, seja para as empresas ou
para os cidadãos. Deve aumentar a competitividade das
nossas exportações e trazer equilíbrio na concorrência
com os importados. Espera-se que somente com a reforma
tributária, haja um crescimento acumulado de 12% do
PIB (Produto Interno Bruto) em 15 anos, com aumento de
R$ 1,2 trilhão, o que representa cerca de R$ 481 por mês
para cada brasileiro. Essas possibilidades fazem acreditar
que o Brasil pode recuperar o protagonismo no cenário
mundial, com a indústria sendo locomotiva desse processo.
QUAIS MEDIDAS ESPERA QUE O GOVERNO ADO-
TE PARA INCENTIVAR A INDÚSTRIA E DIMINUIR O
DESEMPREGO?
Certamente não são medidas simples, não há uma fórmula
mágica capaz de aumentar rapidamente o emprego.
Ao contrário, é preciso persistência e foco para alcançar
esse objetivo, que é desejo de todos nós. Algumas políticas
de expansão do consumo, como retirar restrições do
CPF das pessoas, abrir linhas de crédito, incentivar a construção
de moradias e compra de seus bens, ampliar os
benefícios sociais etc. são todas bem-vindas e necessárias
nesse momento. O país precisa voltar a crescer, as pessoas
precisam recuperar a autoestima, ficando empregadas
e participando do mercado consumidor. Porém, essas políticas
têm data de validade, elas não podem ser usadas
VE OR MORE DIFFICULTY BEING CREATED?
In recent years, there has not been an industrial
policy per se, but somewhat sporadic actions, such as
exempting payroll taxes for some sectors and creating
specific financing lines. The reflection of this was the
growing early deindustrialization of the Brazilian economy.
Fortunately, we are witnessing a new concern of
the authorities in elaborating a New Industrial Policy,
the so-called Neo-industrialization of Brazil, which is
based on a modern agenda, focusing on technology,
innovation, and clean energy, i.e., sustainable development.
We cannot, however, forget traditional industry,
which can be reconfigured to achieve sustainability goals.
The first step in this direction is to address the investment
financing problem. In this sense, the Federal
Government took an important step by designating the
National Bank for Economic and Social Development
(Bndes) as the financial arm of this process, expanding
resources for the Industrial Sector. Apparently, a new
focus on industrialization is underway in Bndes, and the
numbers from the beginning of the year are promising.
Another step that will be decisive for Brazil to get on
the growth track finally is tax reform. The industry sees
with optimism the mobilization of the Government,
Congress, and society in general for the construction of
a text that will be approved later this year. The benefits
of tax reform will be wide-ranging, whether for businesses
or citizens. It must increase the competitiveness
of our exports and balance competition with imports.
It is expected that just with tax reform, there will be a
cumulative growth of 12% of GDP in 15 years, with an
increase of R$ 1.2 trillion, which represents about R$
481 per month for each Brazilian. These possibilities
make us believe that Brazil can regain its leading role
on the world stage, with the Industrial Sector being the
locomotive of this process.
WHAT MEASURES DO YOU EXPECT THE
GOVERNMENT TO TAKE TO ENCOURAGE THE
INDUSTRIAL SECTOR AND LOWER UNEMPLOY-
MENT?
They certainly will not be simple measures; no magic
formula can rapidly increase employment. On the
contrary, it takes persistence and focus to achieve this
goal, which is the desire of all of us. Some policies to
expand consumption, such as removing restrictions on
an Individual’s Tax Registration (CPF), opening lines of
credit, encouraging housing construction and buying
goods, expanding social benefits, etc., are all welcome
and necessary now. The Country needs to grow
again, and people need to regain self-esteem, become
employed, and participate in the consumer market.
However, these policies have an expiration date. They
cannot be used indefinitely because they quickly reach
saturation, either in household debt capacity or in the
physical infrastructure reach of the economy. Therefore,
50 referenciaindustrial.com.br AGOSTO 2023