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<strong>Bal<strong>de</strong>ação</strong> I<strong>de</strong>ológica Inadvertida e <strong>Diálogo</strong> 44<br />
- b – essa distensão também é plena no caso do diálogo-investigação; mas,<br />
como ao longo da investigação alguma divergência po<strong>de</strong> surgir aci<strong>de</strong>ntal e<br />
transitoriamente, é possível que alguma tensão passageira surja no <strong>de</strong>curso do<br />
diálogo-investigação (14);<br />
--------------- (nota) ---------------<br />
(14) Se o diálogo-investigação comporta eventuais divergências, qual a<br />
consistência da distinção entre ele e a discussão? O diálogo-investigação não versa<br />
sobre tema em que os interlocutores estão em <strong>de</strong>sacordo, mas sobre tema que<br />
ignoram, ao menos em parte. A divergência é nele apenas um episódio eventual e<br />
esporádico relativo a algum aspecto da investigação. A discussão tem por objeto<br />
assunto em que há <strong>de</strong>sacordo, e ela comporta fundamental e continuamente o<br />
esgrimir dos argumentos.<br />
------------------------- (fim da nota) ----------------<br />
* 2 – no caso da discussão, a atitu<strong>de</strong> emocional dos interlocutores, via <strong>de</strong><br />
regra, tem caráter diverso: as diferenças <strong>de</strong> convicção criam entre eles uma<br />
heterogeneida<strong>de</strong> que constitui <strong>de</strong> si um obstáculo à simpatia; a argumentação, com<br />
que cada qual procura convencer o outro, po<strong>de</strong> originar facilmente um teor <strong>de</strong><br />
relações mais ou menos parecido – conforme o caso – com uma luta.<br />
Assim, o diálogo comporta duas modalida<strong>de</strong>s fundamentais, que se<br />
distinguem pelo seu objetivo, e a título corolário pela atitu<strong>de</strong> emocional que marca<br />
a relação dos interlocutores entre si.<br />
k. <strong>Diálogo</strong> “lato sensu”, diálogo<br />
“stricto sensu” e discussão<br />
À modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo acima <strong>de</strong>scrita no número 2 dos itens “i” e “j”, a<br />
palavra “discussão” (do latim “discutere”, isto é, “dis”, que indica separação, e<br />
“quatere”, agitar) é inteiramente própria.<br />
Mas como <strong>de</strong>signar a forma <strong>de</strong> diálogo indicada no número 1 daqueles<br />
itens? Para ela não existe vocábulo distintivo. Chama-se “diálogo” também.<br />
Daí constituir-se um sentido estrito da palavra “diálogo”, <strong>de</strong>signando a<br />
modalida<strong>de</strong> n.° 1 (que por sua vez compreen<strong>de</strong> o diálogo-entretenimento e o<br />
diálogo-investigação), a par do sentido lato e etimológico já analisado.