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Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo - Dr. Plínio Correia de Oliveira

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<strong>Bal<strong>de</strong>ação</strong> I<strong>de</strong>ológica Inadvertida e <strong>Diálogo</strong> 4<br />

Introdução<br />

Por vezes uma circunstância <strong>de</strong> pequena monta po<strong>de</strong> esclarecer e explicar<br />

todos os aspectos <strong>de</strong> uma intrincada situação. Isto, que tão freqüentemente se vê<br />

nos romances, ocorre também na realida<strong>de</strong> da vida. O presente estudo nasceu <strong>de</strong><br />

uma circunstância <strong>de</strong>ssas.<br />

1. Torreão <strong>de</strong> vocábulos a serviço da propaganda comunista<br />

De há muito soavam falso a nossos ouvidos os múltiplos empregos que em<br />

certos meios vêm sendo dados à palavra “diálogo”. Em torno do eixo fixo <strong>de</strong> um<br />

significado residual legítimo, notávamos ser ela manipulada no linguajar<br />

quotidiano <strong>de</strong>sses meios, e em certos comentários <strong>de</strong> imprensa, <strong>de</strong> modo tão<br />

forçado e artificial, com ousadias tão <strong>de</strong>sconcertantes, e sentidos subjacentes tão<br />

vários, que sentíamos a necessida<strong>de</strong>, veemente como se fora um imperativo <strong>de</strong><br />

consciência, <strong>de</strong> protestar contra essa transgressão das regras da boa linguagem.<br />

Aos poucos, impressões, observações, notas colhidas aqui e acolá, iam<br />

criando em nossa mente a sensação <strong>de</strong> que essa multiforme torção da palavra<br />

“diálogo” tinha uma lógica interna que <strong>de</strong>ixava ver algo <strong>de</strong> intencional, <strong>de</strong><br />

planejado e <strong>de</strong> metódico. E que esse algo abrangia não só essa, mas outras<br />

palavras usuais nas elucubrações dos progressistas, socialistas e comunistas, como<br />

sejam “pacifismo”, “coexistência”, “ecumenismo”, “<strong>de</strong>mocracia-cristã”, “terceiraforça”,<br />

etc. Tais vocábulos, uma vez submetidos a análoga torção, passavam a<br />

constituir como que uma constelação, em que uns apoiavam e completavam os<br />

outros. Cada palavra constituía um como que talismã a exercer sobre as pessoas<br />

um efeito psicológico próprio. E o conjunto dos efeitos <strong>de</strong>ssa constelação <strong>de</strong><br />

talismãs nos parecia <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a operar nas almas uma transformação paulatina<br />

mas profunda.<br />

Essa torção, segundo se nos tornava claro pela observação, se fazia sempre<br />

num mesmo sentido: o <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilitar nos não comunistas a resistência ao<br />

comunismo, inspirando-lhes um ânimo propenso à con<strong>de</strong>scendência, à simpatia, à<br />

não-resistência e até ao entreguismo. Em casos extremos, a torção chegava até o<br />

ponto <strong>de</strong> transformar não comunistas em comunistas.<br />

E à medida que a observação nos ia fazendo vislumbrar uma linha <strong>de</strong><br />

coerência nítida e uma lógica interna invariável no emprego variado e até<br />

<strong>de</strong>sconcertante daquelas palavras eficazes e subtis como um talismã, ia-se-nos

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