You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Bal<strong>de</strong>ação</strong> I<strong>de</strong>ológica Inadvertida e <strong>Diálogo</strong> 46<br />
A temática <strong>de</strong>sse documento é bem distinta da que nos ocupa no presente<br />
trabalho. Paulo VI trata fundamentalmente <strong>de</strong> ensinar o que ele chama o diálogo<br />
da salvação, o diálogo apostólico da lgreja, mostrando principalmente suas<br />
características, suas modalida<strong>de</strong>s e a imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu âmbito, o qual abrange a<br />
humanida<strong>de</strong> inteira.<br />
Em conseqüência, a Encíclica se ocupa apenas colateralmente <strong>de</strong> certos<br />
aspectos negativos do diálogo, como por exemplo a hipótese <strong>de</strong> um diálogo com<br />
os comunistas, que ela qualifica <strong>de</strong> “bastante difícil para não dizer impossível”. Ou<br />
da inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diálogo quando os não católicos “o recusem em toda a<br />
linha ou simulem querer aceitá-lo”.<br />
É também a título colateral que Paulo Vl se refere ao perigo do irenismo e<br />
do sincretismo no diálogo.<br />
Ora, no presente estudo, o diálogo que se preten<strong>de</strong> analisar e apontar à<br />
atenção da opinião pública é precisamente o oposto. Não é o diálogo <strong>de</strong>sejado pela<br />
Igreja, para atrair as almas, mas o diálogo <strong>de</strong>turpado ardilosamente pelo<br />
comunismo, para as <strong>de</strong>sviar ou manter afastadas da Igreja. E é apenas a título<br />
preparatório e explicativo, que nos ocupamos do bom diálogo.<br />
Estão no panorama da Encíclica todas as formas <strong>de</strong> interlocução entre<br />
católicos e acatólicos, e no que diz respeito à discussão pugnaz e até mesmo a<br />
polêmica, não as rejeita ela senão quando “injuriosas” e, como aliás acontece “com<br />
fleqüência”, “violentas”. Portanto, Paulo VI não exclui a boa discussão nem a boa<br />
polêmica.<br />
Assim, no espírito da Encíclica, a interlocução, que neste estudo chamamos<br />
diálogo “lato sensu”, comporta como formas moralmente legítimas (além do<br />
diálogo <strong>de</strong> entretenimento e do diálogo <strong>de</strong> investigação, como é óbvio) as três<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> discussão que <strong>de</strong>nominamos discussão-diálogo, discussão pura e<br />
simples, e polêmica.<br />
No entanto, é fácil notar que Paulo VI fixa mais <strong>de</strong>tidamente sua atenção<br />
sobre a discussão-diálogo, notável por sua cordialida<strong>de</strong>. E que a consi<strong>de</strong>ra,<br />
mesmo, a que “mais genuinamente tem a natureza <strong>de</strong> diálogo”. Nesta perspectiva a<br />
discussão pura e simples e a polêmica são formas autênticas e legítimas <strong>de</strong><br />
diálogo, se bem que menos plenas.<br />
Tudo isto, dizêmo-lo para mostrar a harmonia entre o que afirmamos sobre o<br />
diálogo legítimo e o que ensina a Encíclica sobre o diálogo da salvação.<br />
Várias das increpações que fazemos ao mau diálogo o diferenciam<br />
fundamentalmente do diálogo apostólico da Igreja, ensinado pela “Ecclesiam<br />
Suam”.<br />
Assim, este último nada tem <strong>de</strong> relativista: ele visa essencialmente a<br />
conversão da parte não católica.