REVISTA O GIROLANDOMATÉRIA DE CAPALarissa VieiraDIVULGAÇÃO BOA FÉGirolando é eficiente em compost barn?Galpão de compost barn da fazenda Boa FéProdutores garantem que o sistema permite elevar a produtividade e os índices zootécnicos daraça, com muito mais saúde e menor custo de produção24
Os galpões de compost barn vêmganhando cada vez mais a adesão deprodutores rurais que buscam viabilizarseus projetos de expansão de produçãode leite, de forma sustentável etendo a raça Girolando como base dorebanho. E esta é uma realidade quevem ocorrendo em todo o País, e emvárias raças, como comprova a edição2023 do levantamento TOP 100, doMilkpoint, sobre as maiores fazendasprodutoras de leite no Brasil. Entre osanos de 2017 e 2022, o número de propriedadescom compost barn deu umsalto significativo, saindo de 22 para34 fazendas.Uma das explicações para essecrescimento é a busca dos pecuaristaspor um sistema de produção de leiteque proporcione o melhor desempenhodos animais, aliado ao conforto,saúde, proteção, bem-estar e cuidadocom o meio ambiente. O sistema aindatem como atrativo o menor custode investimento quando comparado aoutras estruturas, como, por exemplo,o galpão tipo free stall.O compost barn surgiu em meadosdos anos 80, nos Estados Unidos,mais especificamente no Estadoda Virgínia, e foi desenvolvido porprodutores, derivando do beddedpack ou sistema de cama sobreposta,que serve como uma barreira físicaentre o esterco e a vaca.Neste tipo de estrutura, o curral éconstituído de cobertura com ventilação,corredor de alimentação em concretoe piso coberto com maravalhaou serragem. Trata-se de um sistemade confinamento de estabulação livrecom uma cama coletiva, composta,em geral, de resíduos de madeira,como maravalha ou serragem. Os dejetossão incorporados ao substrato eessa mistura gera o processo de compostagemem camadas mais profundasda cama.Quanto mais geneticamente evoluídoo animal inserido no sistema,melhor será o seu desempenho, poisele estará em um ambiente com condiçõespara que seja possível expressaro seu máximo potencial genético.Muitos produtores de Girolando quejá adotaram o sistema vêm registrandomelhoria dos índices produtivos esanitários dos rebanhos. É o caso doengenheiro agrônomo e pecuarista JônadanMa, do grupo GBF Global. Nafazenda Boa Fé, sediada no municípiode Conquista/MG, ele comanda umprojeto de produção de leite e genéticaGirolando iniciado há mais de 40 anospela família.Em 2016, a estrutura de compostbarn foi erguida na propriedade, ondejá havia um sistema de pista de tratocoberta. “As razões pelas quais investimosneste sistema são várias, sendouma delas o menor investimento, emtorno de metade do valor do sistemafree stall. Além disso com um bommanejo, é possível atingir alta produtividadede leite com muita qualidade,registrando baixas CBT [ContagemBacteriana Total] e CCS [Contagemde Células Somáticas]. Tudo isso proporcionandoum ambiente mais amigávele natural aos animais”, destacao criador.Com um rebanho de Girolando,cuja maior parte das vacas é 5/8e CCG 3/4, a produção atual de leitegira em torno de 11.000kg/dia, atingindomédia de 48kg/dia entre os lotesmais produtivos de primíparas e de 52kg/dia entre as multíparas. Já a médiageral dos cinco tipos de lotes que trabalhaé de 34,4kg/dia.Atualmente, a área tem capacidadepara abrigar 228 cabeças. Além dasvacas em lactação das composições5/8 e 3/4, o espaço ainda aloja doadorasCCG 1/2 e CCG 1/4. No total,a GBF Global tem 320 vacas em lactação.Além do compost barn, a fazendamantém o sistema free stall, que atendeaté 256 vacas. “Nesses oito anos deuso, notamos uma melhora não só naprodutividade e qualidade do leite,mas também nos índices reprodutivose de saúde do animal. Consequentemente,isso nos possibilita desenvolvercom maior eficiência nosso projetode produção de genética”, assegura.Segundo ele, o compost barn aindatem como vantagem o aproveitamentoda cama de compostagem como fertilizanteorgânico de elevada qualidade.Um estudo realizado pela Universidadede Minnesota, nos EstadosUnidos, comprovou o impacto emprodutividade e longevidade de rebanhosem compost barn, a partir daavaliação de dados de 12 fazendas leiteiras.Houve redução de problemasde casco, comparado ao free stall. Oestudo demonstrou uma porcentagemde 7,8% de vacas com problemas decasco em propriedades com compostbarn, contra 19,6 a 27,8% em propriedadesdo tipo free stall. Como asvacas têm mais espaço, isso permitemaior liberdade de movimento tantopara se locomoverem quanto para sedeitarem. Além disso, as vacas, mesmoquando estão em pé, permanecemsobre uma superfície mais macia queo concreto.Com a melhoria na saúde doscascos, as vacas apresentaram maiorfacilidade de manifestação de cios,melhorando a taxa de detecção de ciopelos tratadores. No estudo, as taxasde detecção de cio aumentaram de36,9% para 41,4% e as taxas de concepçãoaumentaram de 13,2% para 16,5%,quando as vacas foram deslocadas dofree stall para o compost barn.Assim como ocorreu também nafazenda brasileira Ma Shou Tao, o estudonorte-americano registrou aumentoda qualidade do leite, com reduçãoda CCS e menor incidência demastite. Esse fato pode ser explicadotanto pela redução de mastite ambientalpela redução da carga microbianana cama, melhoria da condição dehigiene das vacas antes da ordenha,quanto pela melhoria no sistema imunedas vacas promovida pelo ambienteCriador Jônadan MaCARLOS LOPES25