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Caminhos do - VisitAlgarve

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CAMINHOS ALÉM DO CENTRO<br />

árabe, castelo cristão, é rico o<br />

acervo histórico de Paderne.<br />

Existe um curto percurso<br />

pedestre em torno <strong>do</strong><br />

castelo, passan<strong>do</strong> por uma<br />

ponte medieval, com um<br />

troço da antiga calçada e<br />

desembocan<strong>do</strong> numa azenha<br />

com o seu açude.<br />

Aban<strong>do</strong>na-se Paderne em<br />

direcção a Silves onde se<br />

tomará a Estrada Regional<br />

269, que passan<strong>do</strong> pelo<br />

Algoz nos levará até Silves.<br />

Sobranceira ao Rio Arade<br />

a antiga capital islâmica,<br />

notável no passa<strong>do</strong> pelo seu<br />

desenvolvimento, tanto cultural como comercial, impressiona ainda hoje com o castelo <strong>do</strong>minan<strong>do</strong><br />

altaneiro. Construí<strong>do</strong> em grés, pedra de tom ruivo, e rodea<strong>do</strong> pela antiga Sé de Silves e o casario<br />

branco, surge-nos imutável, como se o tempo não passasse.<br />

A ponte românica estende-se graciosa, e pelas ruelas estreitas subiremos até ao amplo Largo <strong>do</strong><br />

Município, onde está o Pelourinho, as Portas da Cidade e o edifício <strong>do</strong>s Paços <strong>do</strong> Concelho. Ali ao la<strong>do</strong>,<br />

após o Torreão das Portas da Cidade, está o Museu Municipal de Arqueologia, que alberga no seu<br />

interior um <strong>do</strong>s mais notáveis Poço-Cisterna <strong>do</strong> séc. XII existentes no Al Andaluz. Uma visita à antiga Sé<br />

Catedral torna-se também indispensável.<br />

No interior <strong>do</strong> Castelo, um jardim e ruínas arqueológicas não deixam esquecer uma subida até às<br />

muralhas, o melhor e mais bonito mira<strong>do</strong>uro da cidade.<br />

A “Fábrica <strong>do</strong> Inglês”, já na zona baixa, uma antiga empresa<br />

corticeira, proporciona-lhe uma visita ao Museu da Cortiça.<br />

A tradição gastronómica faz a síntese entre os produtos<br />

<strong>do</strong> mar e da terra e a <strong>do</strong>çaria esmera-se no bolo real, no<br />

morga<strong>do</strong> de Silves, <strong>do</strong>ce de ovos ou nas meias luas. Terra<br />

da laranja, não há como comprá-las, <strong>do</strong>ces e sumarentas,<br />

no anima<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local, onde ecoa o <strong>do</strong>ce e estranho<br />

sotaque local, bem diferente de outros pontos <strong>do</strong> Algarve.<br />

É em Silves que faz to<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> a bela lenda das<br />

amen<strong>do</strong>eiras.<br />

Conta esta lenda que um príncipe mouro da região de Al-<br />

Gharb se apaixonou por Gilda, filha de um grande senhor <strong>do</strong><br />

Norte, que derrotara em combate e ela por ele.<br />

Quan<strong>do</strong> chegou ao seu novo reino, a princesa foi fican<strong>do</strong><br />

cada dia mais triste. Sofria a princesa, sofria o jovem mouro<br />

por vê-la triste, sofria o povo por ver sofrer o seu senhor e a<br />

Silves<br />

Fábrica <strong>do</strong> Inglês<br />

sua princesa. Ninguém conseguia encontrar a cura para tão funda desolação.<br />

Veio-lhe então a ideia de mandar plantar milhares de amen<strong>do</strong>eiras que, ao florirem, cobririam de<br />

minúsculas pétalas alvas, os montes e vales em re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> palácio E num belo dia de Inverno o palácio<br />

acor<strong>do</strong>u com um maravilhoso manto de “neve” cobrin<strong>do</strong> os campos à sua volta.<br />

E conta a lenda que Gilda imediatamente se curou, ao olhar a bela paisagem, viven<strong>do</strong> a partir daí feliz<br />

no Al-Gharb, terra quente, onde desde esse dia até hoje, em to<strong>do</strong>s os Invernos se repete o milagre das<br />

amen<strong>do</strong>eiras em flor.<br />

A lenda das amen<strong>do</strong>eiras inspirou muitos poetas e escritores, como o trova<strong>do</strong>r José Carlos Ary <strong>do</strong>s<br />

Santos, que criou “O Rimance da Princesa <strong>do</strong> País <strong>do</strong>s Gelos que em Terras da Moirama suspirava”. O<br />

poeta escreveu-o “em louvor da fantasia de um povo que nasce vive e morre entre o céu e a água” .<br />

Eis alguns excertos desse belo poema, inspira<strong>do</strong> na Lenda das Amen<strong>do</strong>eiras<br />

(...)A Princesa:<br />

Ai portas <strong>do</strong> meu silêncio.<br />

Ai vidros da minha voz.<br />

Ai cristais da minha ausência<br />

da terra <strong>do</strong>s meus avós<br />

e desatavam-se em soluços<br />

os seus cabelos desfeitos.<br />

(...) O Rei:<br />

Dizei-me magos oragos<br />

anões duendes profetas<br />

adivinhos e jograis<br />

sagas videntes poetas<br />

como hei-de secar o pranto<br />

daqueles olhos de rio<br />

como hei-de calar os ais<br />

daquela boca de estio<br />

como hei-de quebrar o encanto<br />

que numa tarde de pedra<br />

talhada pela tristeza<br />

selou com de<strong>do</strong>s de chumbo<br />

o sorriso da princesa<br />

que suspira pela neve<br />

na ponta <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.»<br />

Amen<strong>do</strong>eiras em Flôr<br />

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CAMINHOS ALÉM DO CENTRO

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