Boletim BioPESB 2013 - Edição 10.pdf
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MeioAmbiente<br />
Listas das espécies da flora e da fauna ameaçadas de<br />
extinção podem auxiliar em medidas de conservação<br />
Segundo estimativas,<br />
a cada hora, pelo menos<br />
uma espécie entra em<br />
extinção no mundo. Os<br />
critérios para definir se<br />
uma espécie está ou não<br />
ameaçada de extinção<br />
podem variar de acordo<br />
com a metodologia de<br />
pesquisa e classificação.<br />
A IUCN (União Internacional<br />
para a Conservação<br />
da Natureza e dos Recursos<br />
Naturais) criou, no<br />
ano de 1963, a chamada<br />
“Lista Vermelha”, que<br />
constitui um dos inventários<br />
mais detalhados sobre o<br />
estado de conservação<br />
mundial de espécies de<br />
plantas, animais, fungos e<br />
protistas.<br />
O Brasil é detentor de<br />
9,5% do total de espécies<br />
descritas no mundo. Estima-se<br />
que a biota conhecida<br />
hoje no Brasil esteja<br />
entre 170 e 210 mil. Caso<br />
consideremos as espécies<br />
ainda não descritas, estes<br />
números podem chegar a<br />
valores entre 1,4 e 2,4 milhões.<br />
A Lista Vermelha procura<br />
obedecer a critérios<br />
precisos para avaliar os<br />
riscos de extinção das espécies,<br />
e tem o objetivo de<br />
Critério de Classificação da IUCN para elaboração<br />
de Lista Vermelha<br />
informar sobre a urgência<br />
das medidas de conservação<br />
para o público e<br />
legisladores, assim como<br />
ajudar a comunidade internacional<br />
na tentativa de<br />
reduzir as extinções. A reavaliação<br />
de suas categorias<br />
deve ser feita a cada<br />
cinco anos, ou pelo menos<br />
a cada dez anos através<br />
de grupos de especialistas<br />
do Comité de Sobrevivência<br />
das Espécies da IUCN,<br />
responsáveis por conjuntos<br />
de espécies ou áreas geográficas<br />
específicas.<br />
As Listas nacionais e<br />
regionais são indispensáveis<br />
para tentar reverter o<br />
<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />
Redação: Alunos do PET- Bioquímica da UFV (Bárbara<br />
Dias, Bruno Paes, Carolina Brás, Fernanda Araújo,<br />
Flávia Bagno, Isaa Konig, Joana Marchiori, Lethícia Ribeiro,<br />
Luciana Fernandes, Patrícia Fontes, Paulo Alves,<br />
Raquel Santos, Thaís Martins, Valdeir Moreira).<br />
Projeto Gráfico : Thamara Pereira<br />
Diagramação: Marcela Barbosa<br />
Revisão: Lethícia Ribeiro<br />
www.biopesb.ufv.br<br />
processo através da adoção<br />
de políticas públicas<br />
de proteção. Esses dados<br />
são utilizados, por exemplo,<br />
na definição de áreas<br />
prioritárias e na implantação<br />
de novas unidades de<br />
conservação. Atualmente<br />
existem 627 espécies na<br />
“Lista Vermelha da Fauna<br />
Brasileira de Espécies<br />
Ameaçadas de Extinção”,<br />
organizada pelo Ministério<br />
do Meio Ambiente, em<br />
parceria com a Fundação<br />
Biodiversitas, publicada<br />
em 2008, que traz uma<br />
revisão da lista feita em<br />
2002.<br />
Flávia Bagno e Joana Marchiori<br />
Editor-Chefe: João Paulo Viana Leite<br />
Telefone: (31) 3899-3044<br />
E-mail: biopesbufv@gmail.com<br />
Endereço: Departamento de Bioquímica e Biologia<br />
Molecular - UFV<br />
CEP 36570-000, Viçosa - MG - Brasil<br />
Tiragem: 1.000 exemplares<br />
Apoio: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PIBEX)-UFV<br />
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em<br />
Interações Planta-Praga<br />
Reprodução<br />
MeioAmbiente<br />
Ano 3, n°10 - Pág 2 Ano 3, n°10 - Pág 3<br />
Editorial<br />
Ser membro do Conselho<br />
Consultivo do Parque<br />
Estadual da Serra do Brigadeiro,<br />
além de ser um<br />
grande privilégio, é um<br />
espaço para conhecer e<br />
discutir com pessoas que<br />
estão envolvidas na preservação<br />
dos recursos naturais<br />
da região. São nas<br />
discussões que se travam<br />
nesse ambiente democrático<br />
que tomamos conhecimento<br />
sobre algumas<br />
práticas humanas atualmente<br />
realizadas dentro<br />
do PESB e que não são<br />
compatíveis para a convivência<br />
harmônica entre<br />
gente e floresta. Recentemente<br />
uma nos trouxe<br />
grande preocupação ao<br />
ser denunciada: se trata<br />
de um grande enduro<br />
envolvendo mais de 300<br />
motos que passariam dentro<br />
do limite do Parque, o<br />
que poderia trazer grandes<br />
prejuízos ao ambiente,<br />
principalmente para a<br />
fauna local. Temos dentro<br />
do PESB espécies raras de<br />
animais e plantas que ali<br />
encontram refúgio para a<br />
sua sobrevivência; e agora<br />
encontram mais uma<br />
ameaça na iminência de<br />
serem atropeladas por<br />
motos guiadas por pessoas<br />
que muita das vezes<br />
justificam a escolha desses<br />
locais porque desejam estar<br />
junto a natureza. Não<br />
seria um imenso contrassenso?<br />
Atividades inadequadas<br />
como esta dentro<br />
do PESB corroboram para<br />
engrossar a triste lista vermelha<br />
de espécies ameaçadas<br />
de extinção que o<br />
<strong>BioPESB</strong> traz ao leitor nesta<br />
edição.<br />
João Paulo Viana Leite<br />
Editor chefe<br />
Reprodução<br />
Reprodução<br />
Segundo o Livro Vermelho a Mata Atlântica é o bioma que mais sofreu<br />
perdas na biodiversidade nos últimos anos<br />
Muriqui, mico-leão-dourado, pau-brasil, xaxim, suçuarana, cágado-pescoço-de-cobra,<br />
palmito-juçara e jacarandá amarelo.<br />
A Mata Atlântica compreendia,<br />
a princípio,<br />
41% do estado de Minas<br />
Gerais, mas vem passando<br />
por um intenso processo<br />
de desflorestamento, sendo<br />
o bioma brasileiro mais<br />
ameaçado da atualidade.<br />
A Mata Atlântica possui<br />
um grande número de espécies<br />
endêmicas, ou seja,<br />
que só existem em ambientes<br />
específicos dentro do<br />
bioma, como o mico-leão-<br />
-dourado e o muriqui-do-<br />
-norte. Em Minas Gerais,<br />
a publicação das listas de<br />
espécies ameaçadas foi<br />
coordenada pela Fundação<br />
Biodiversitas, tendo<br />
como base os critérios e<br />
categorias da IUCN.<br />
A geografia da ameaça,<br />
conforme os dados<br />
da publicação, indica que<br />
mais da metade das espécies<br />
ameaçadas (aproximadamente<br />
60%) concentra-se<br />
na Mata Atlântica.<br />
Isso não só representa<br />
uma perda da biodiversidade,<br />
como compromete<br />
o equilíbrio de todo o ambiente<br />
e a disponibilidade<br />
de recursos naturais, afetando<br />
espécies animais e<br />
Percentagem mundial de espécies de diferentes grupos ameaçados<br />
na Lista Vermelha da IUCN em 2007.<br />
vegetais ao seu redor.<br />
Das 1711 espécies de<br />
vertebrados, estima-se<br />
que aproximadamente<br />
700<br />
são endêmicas,<br />
sendo 55 espécies<br />
de mamíferos,<br />
188<br />
de aves, 60 de<br />
répteis, 90 de<br />
anfíbios e 133<br />
de peixes. A<br />
formação vegetal<br />
heterogênea<br />
contribui<br />
para a diversidade<br />
da flora, que conta<br />
com belíssimas espécies<br />
de bromélias<br />
e palmeiras. Mas,<br />
das oito mil espécies<br />
vegetais endêmicas,<br />
aproximadamente<br />
276 estão ameaçadas.<br />
Ainda existe muito<br />
a ser descoberto<br />
referente à fauna<br />
e a flora da Mata<br />
Atlântica mineira.<br />
Sua biodiversidade<br />
é incalculável.<br />
A conservação e uso sustentável<br />
da diversidade<br />
biológica, bem como a<br />
recuperação das espécies,<br />
resultam em inúmeros benefícios<br />
à humanidade.<br />
Na Lista mais recente<br />
da IUCN, renovada este<br />
ano, duas espécies brasileiras<br />
estão listadas como<br />
Extintas na Natureza. São<br />
duas aves que não são<br />
encontradas mais em seus<br />
habitats naturais, e existem<br />
apenas em cativeiro,<br />
são elas o mutum-de-Alagoas<br />
e ararinha-azul. O<br />
mutum-de-Alagoas é uma<br />
ave que antes era encontrada<br />
na Mata Atlântica,<br />
mas desde 1999 acredita-se<br />
que esteja extinta na<br />
natureza (há cerca de 120<br />
indíviduos vivendo em cativeiro).<br />
Já a ararinha-azul<br />
é uma ave de plumagem<br />
azul e cinza que vivia na<br />
caatinga. O último indíviduo<br />
desapareceu na natureza<br />
em outubro de 2000,<br />
mas cerca de 60 indíviduos<br />
vivem em cativeiro.<br />
Flávia Bogno e Joana Marchiori<br />
Reprodução da ararinha-azul