SCMedia News | Revista | Agosto 2019
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A revista da<br />
<strong>Agosto</strong> <strong>2019</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
Lactogal Frielas<br />
Novo Sistema de Picking<br />
Melhora Produtividade<br />
2<br />
O IMPACTO DA IA<br />
NO PROCUREMENT<br />
FRULACT<br />
REVOLUCIONA<br />
SUPPLY CHAIN<br />
O COMBATE AO<br />
SONO NA ESTRADA
Dois mundos, uma ideia.<br />
REUNIR O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, COMBINAR AS VANTAGENS<br />
NUMA POSIÇÃO ÚNICA - ESTE É O CONCEITO DE BAOLI.<br />
Criando uma posição excepcional no mundo dos equipamentos de movimentação de cargas. O retorno do investimento<br />
está relacionado com a qualidade e após-venda. Os equipamentos Baoli estão ligados à tecnologia avançada.<br />
Este é a Baoli: a energia de uma empresa chinesa dinâmica e a força de um grupo alemão líder.<br />
www.baoli-emea.com
dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />
Dora Assis EDITORIAL<br />
VOCÊ ESTÁ ENVOLVIDO<br />
OU COMPROMETIDO?<br />
«As outras tenistas estão envolvidas no ténis mas eu estou comprometida.»<br />
Martina Navratilova<br />
Estaríamos a mentir-lhe se dissessemos que<br />
<strong>Agosto</strong> passou num tirinho... é que por aqui<br />
fartámo-nos de trabalhar, preparando já a<br />
segunda metade do ano. Embora na logística<br />
para muitos profissionais seja comum trabalhar<br />
no mês em que meio mundo desaparece sem<br />
deixar rasto, custa sempre voltar à rotina.<br />
Por isso, com esta edição cujo mês de capa<br />
ainda cheira a Verão, vamos tentar suavizar-lhe<br />
a rentrée.<br />
A escolha da frase da Martina Navratilova<br />
para abrir o Editorial não foi inocente. Para os<br />
menos familiarizados com o ténis há que dizer<br />
que é uma desportista brilhante e a melhor<br />
tenista de singulares, pares e pares mistos que<br />
alguma vez existiu.<br />
Ao longo de 22 anos de carreira disputou<br />
mais de 2000 partidas, estabeleceu alguns<br />
recordes absolutos e acumulou um número<br />
igualmente impressionante de títulos e vitórias.<br />
Um dia, quando questionada sobre o seu<br />
sucesso, a resposta de Navratilova foi simples:<br />
as outras tenistas estão envolvidas com o ténis<br />
mas eu estou comprometida.<br />
Quem está envolvido faz o que é suposto,<br />
cumpre-se os mínimos. Quando estamos<br />
comprometidos raramente há dias fáceis<br />
e estamos sempre a lidar com desafios,<br />
obstáculos para os quais por vezes ainda nem<br />
sequer temos resposta, mas não é sacrifício<br />
e até os dias longos terminam com sabor de<br />
“happy hour”.<br />
Nada nesta revista soa a fim e tudo sabe<br />
a recomeço. Ao longo destas páginas vai<br />
encontrar muitas e boas razões para enfrentar<br />
Setembro. Sim, estamos mesmo decididos<br />
a fazer parte da sua rotina, aqui, com as<br />
newsletters electrónicas e também no web site,<br />
que o convidamos a visitar todos os dias.<br />
E, aqui entre nós, se há rotina boa é quando<br />
o pós-férias funciona como uma espécie de<br />
Réveillon, cheio de projectos e promessas. Na<br />
verdade, é o início de mais um ano de trabalho<br />
e tempo de baralhar e dar de novo, esperando<br />
que não seja “vira o disco e toca o mesmo”, a<br />
não ser que o mesmo seja bom e valha o seu<br />
investimento. De tempo, dinheiro e também de<br />
pessoas. Sim, sempre as pessoas e a vontade de<br />
dar mais e fazer melhor.<br />
Chamamos-lhe<br />
comprometimento!
4<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
#18 #24<br />
#30<br />
ÍNDICE<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
Facturação dos operadores logísticos<br />
cresceu 4,1% 6<br />
LOGÍSTICA<br />
Novo sistema de picking na Lactogal<br />
melhora produtividade 8<br />
Custos da cadeia de abastecimento na<br />
perspectiva logística 14<br />
“No caso da ID Logistics a mensagem é:<br />
18 anos, 18 países” 18<br />
Metal: a indústria das indústrias 24<br />
Festival de Verão sem logística não é<br />
festival de Verão 30<br />
PROCUREMENT<br />
Qual o impacto da IA e do Machine<br />
Learning no procurement? 36<br />
Gestão de risco: o que deve saber para<br />
elaborar um plano de contingência 38<br />
Procurement ético<br />
marca a diferença 41<br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Factory 56:<br />
Digital, Flexível e Ecológica 42<br />
Frulact revoluciona supply chain com<br />
metodologia Demand Driven MRP 48
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
#50 #70<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Propriedade e Edição_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
TECNOLOGIAS<br />
Medway aposta na digitalização 50<br />
O impacto da IoT na supply chain 54<br />
Um expoente de coexistência<br />
da loja física com o digital 58<br />
TRANSPORTE<br />
Se não descansou, não conduza 60<br />
Quando a logística<br />
viaja até Munique 64<br />
CARREIRA<br />
Partida... largada... logística! 70<br />
O MUNDO É REDONDO<br />
Crítica do livro Willful Blindness,<br />
Margaret Heffernan 78<br />
Rua Alameda Júlio Dinis, Nº68 - São<br />
Francisco 2890-307 ALCOCHETE<br />
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Redacção_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos<br />
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Alexandra Santos<br />
Projecto Gráfico_<br />
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Paginação_<br />
Maria João Carvalho,<br />
Alexandra Santos<br />
Circulação & Eventos_<br />
Inês Ferreira<br />
Direcção Comercial_<br />
Filipe Barros<br />
Sales & Marketing_<br />
Margarida Matildes<br />
Impressão_<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem_<br />
3 mil exemplares<br />
Interdita a reprodução de textos e imagens<br />
sem autorização expressa.
6 AGOSTO <strong>2019</strong><br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
PUB<br />
FACTURAÇÃO DOS<br />
OPERADORES LOGÍSTICOS<br />
CRESCEU 4,1%<br />
Estudo da<br />
Informa D&B<br />
O<br />
volume de negócios do sector português<br />
de operadores logísticos ascendeu, em<br />
2018, a 555 milhões de euros, valor que<br />
representa um acréscimo de 4,1% face ao ano<br />
anterior e uma variação de 21% em relação aos<br />
457 milhões registados em 2012.<br />
Este valor inclui as receitas decorrentes da<br />
armazenagem de mercadorias e das operações<br />
associadas realizadas sobre as mesmas<br />
(manipulação, transporte e distribuição).<br />
O crescente grau de externalização das<br />
actividades de armazenagem, manipulação<br />
e transporte de mercadorias por partes das<br />
empresas, assim como a evolução favorável<br />
da economia, tem favorecido o volume de<br />
negócios dos operadores logísticos.<br />
A introdução de serviços de maior valor<br />
acrescentado e a internacionalização da<br />
actividade do tecido empresarial são factores<br />
que também contribuíram para o crescimento,<br />
segundo o estudo publicado pela Informa D&B.<br />
O segmento de alimentação e bebidas foi o<br />
de maior peso no negócio, representando cerca<br />
de 51% da facturação sectorial no exercício<br />
de 2018. O de farmácia, drogaria e perfumaria<br />
teve também uma grande importância, sendo<br />
responsável por cerca de 20% das receitas.<br />
O sector caracteriza-se pelo alto grau de<br />
concentração da oferta que tem aumentado<br />
nos últimos anos em virtude das numerosas<br />
operações empresariais registadas. As<br />
cinco principais empresas representavam<br />
conjuntamente cerca de 45% do volume de<br />
negócios global do sector, enquanto a quota<br />
agregada das dez principais rondou os 65%.<br />
Em 2018 o sector era constituído por<br />
aproximadamente 80 empresas, que<br />
empregavam cerca de 11.430 trabalhadores,<br />
com um número médio por empresa de<br />
143 pessoas. •<br />
Dados gerais<br />
de 2018<br />
Número de empresas 80<br />
Número de empregados 11.430<br />
Número médio de empregados por empresa 143<br />
Mercado (milhões de euros) (a) 555<br />
Concentração (quota de mercado conjunta em valor)<br />
» Cinco empresas principais (%) 45,0<br />
» Dez empresas principais (%) 64,1<br />
Mercado em valor (a)<br />
» % var. 2017/2016 +3,5<br />
» % var. 2018/2017 +4,1<br />
Fonte: Estudos Sectoriais Informa D&B<br />
(a) Correspondente à faturação decorrente do armazenamento de mercadorias e das operações associadas realizadas sobre as mercadorias armazenadas<br />
(manipulação, transporte e distribuição). Exclui a faturação por serviços não associados a operações de armazenamento.
SCM Supply Chain Magazine 7<br />
NOVO DESTINO<br />
PORTO<br />
A companhia aérea de carga que voa para mais destinos do que<br />
qualquer outra Agora voa para o Poo, Pougal<br />
turkishcargo.com
8<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Lactogal Frielas<br />
Texto: Dora Assis<br />
Fotos: Alexandra Santos<br />
NOVO SISTEMA DE PICKING MELHORA<br />
PRODUTIVIDADE<br />
O planeamento, a organização de processos,<br />
a tecnologia mas sobretudo as pessoas, com<br />
a sua competência, capacidade de trabalho,<br />
conhecimento e iniciativa, são pilares<br />
fundamentais numa operação logística do<br />
sector agro-alimentar. O processo de picking<br />
que a Lactogal pôs em marcha no centro de<br />
distribuição de Frielas demonstra-o bem.
SCM Supply Chain Magazine 9<br />
Fundada em 1996, a Lactogal herdou das<br />
empresas que a constituíram – Cooperativa<br />
Agros, Cooperativa Lacticoop e Proleite/<br />
Mimosa S.A. – os seus activos indústriais<br />
e também as principais marcas, como é o<br />
caso da Vigor, Primor, Agros, Mimosa, Pleno,<br />
Matinal, Gresso, Adagio, Castelões, entre<br />
outras.<br />
A logística não é apenas armazém e<br />
transporte, mas também a capacidade de<br />
criar as necessidades de produção, clientes e<br />
entrega. Criar condições para o escoamento<br />
dos produtos por forma a que rapidamente,<br />
na quantidade pedida e com os melhores<br />
ganhos possíveis de produtividade interna,<br />
estes cheguem no tempo certo ao cliente e<br />
posteriormente ao mercado. E foi exactamente<br />
isso que nos levou à Lactogal: ficar a conhecer<br />
os ganhos alcançados com o sistema de picking<br />
que ali está a funcionar há sensivelmente um<br />
ano.<br />
É pelos 26 cais do centro de distribuição de<br />
Frielas que passa tudo o que é produto para<br />
a distribuição capilar. Ali trabalham cerca de<br />
100 pessoas, 32 alocadas à logística e que<br />
se vão dividindo pelos 2.700m2 de armazém<br />
de frio e 2.500m2 a temperatura ambiente,<br />
sendo que a maior azáfama acontece sempre<br />
à noite, quando os carros começam a chegar,<br />
normalmente a partir das 22 horas, hora a que<br />
se inicia o processo de outbound.<br />
O centro tem um papel fundamental na<br />
cadeia relativamente à distribuição last mile,<br />
pela sua localização e proximidade ao cliente<br />
e os resultados são visíveis nas dimensões,<br />
qualidade, tempo e custo.<br />
O projecto de picking by line (PBL),<br />
“processo novo na Lactogal e cujo driver foi a<br />
optimização do transporte primário, começou<br />
em Abril de 2018”, começa por explicar Pedro<br />
Camilo, Gestor do Centro de Distribuição<br />
Capilar de Lisboa. O PBL, explicado<br />
sucintamente e de forma simplista, consiste<br />
na recolha de um produto e na sua separação<br />
por todos os clientes; por oposição ao PBS em<br />
que se escolhe um cliente e se faz a recolha de<br />
todos os seus produtos.<br />
Pedro Camilo [Gestor do Centro de Distribuição Capilar de Lisboa]<br />
Não foi de um dia para o outro que<br />
arrancámos com este processo. Era um<br />
desenvolvimento completamente novo e<br />
como na Lactogal não tinhamos experiência<br />
neste tipo de picking avançámos com algum<br />
cuidado e de modo gradual<br />
Ali não há stock e recebem as cargas pelo<br />
total do produto que necessitam para o<br />
mercado no dia seguinte. O planeamento está<br />
em Modivas e no centro de Lisboa apenas se faz<br />
o processamento das encomedas. “Aceitamos
10<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
encomendas até às 16:30H para começar a<br />
entregar às 7 horas do dia seguinte. Nesse<br />
meio tempo, os veículos vão chegando do<br />
Norte (plataformas de origem) até ao centro<br />
de distribuição de Frielas onde é feita a<br />
desconsolidação em PBL”, conta Pedro Camilo.<br />
A GRANDE DIFERENÇA É QUE<br />
“<br />
ANTERIORMENTE ERA NAS<br />
PLATAFORMAS DO NORTE QUE<br />
SE FAZIAM TAMBÉM AS CARGAS<br />
POR CLIENTE E FOI AÍ QUE<br />
VIMOS UMA OPORTUNIDADE<br />
E DETECTÁMOS QUE ERA<br />
POSSÍVEL OPTIMIZAR E<br />
MELHORAR. E, NA VERDADE,<br />
ESTAMOS A FALAR DE<br />
QUALQUER COISA COMO 600<br />
CAMIÕES/ANO<br />
”<br />
Para o desenvolvimento do projecto e<br />
concepção da solução foi criada uma taskforce.<br />
Pedro Camilo recorda que “do grupo de<br />
trabalho faziam parte os três supervisores do<br />
centro, e duas pessoas que eu trouxe de fora<br />
do centro/operação armazém pelo olhar novo<br />
que nos podia trazer à análise, e passámos<br />
uns dias juntos, fechados em sala, a focarmonos<br />
em cada processo e a apontar o que é<br />
que cada um achava sobre a melhor forma de<br />
funcionar”. Posto isto, as ideias foram discutidas<br />
até encontrarem a melhor. O passo seguinte<br />
foi passar toda a informação à software<br />
house que já lhes tinha desenvolvido o WMS<br />
e que é sempre a empresa responsável pelos<br />
desenvolvimentos que vão sendo necessários<br />
ao longo do tempo.<br />
Medir, medir, medir<br />
Olhando para os números da operação e<br />
para a evolução registada, Pedro Camilo diz:<br />
“Quando pensámos na produtividade que<br />
iríamos conseguir alcançar apontámos para<br />
uma média de 330 mil caixas e não fugiu muito<br />
disso. A média de volume está nas 320 ou 330<br />
caixas/hora de picking/mês. Depois depende<br />
da altura do ano e de alguma sazonalidade<br />
que nos afecta sempre. Porque Maio e Junho<br />
são meses fortes, por exemplo, e Setembro e<br />
Outubro também por causa da distribuição do<br />
leite escolar...”<br />
O ideal é sempre tentar uniformizar de uma<br />
forma coerente algum pico de actividade.<br />
Tudo ali depende das encomendas. “Na<br />
parte do SAP montámos um processo em que<br />
conforme as encomendas vão caindo, o sistema<br />
vai fazendo somatórios por SKU’s até termos<br />
paletes completas. Quando temos paletes<br />
completas, eles arrancam”. “Temos alguns dias<br />
mais fortes e isso nem sempre tem a ver com<br />
o mercado. Pode ser, por exemplo, por causa<br />
das zonas de rota dos colegas da gestão de<br />
transportes”, acrescenta o nosso interlocutor.
SCM Supply Chain Magazine 11<br />
Menos esforço é mais rendimento<br />
E são quase 22:00H. É tempo de descermos ao terreno, às operações, pois é ali que tudo acontece.<br />
Pelo caminho, Pedro Camilo lembra que aquele armazém que atravessamos “já foi um armazém<br />
completamente cheio de stock, tanto na parte de frio como na de ambiente, e já aqui tivemos uma<br />
equipa de perto de 70 pessoas na logística. Quando se tomou a decisão estratégica de centralizar<br />
stocks também reduzimos o número de pessoas. A actividade durante o dia era pouca, excepto no<br />
produto que se destinava a auto-venda e nas alturas em que existe necessidade de armazenar o stock”.<br />
PUB<br />
Food Service Logistics<br />
O seu parceiro de negócio<br />
HAVI.COM
12<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
Stock é uma palavra-chave na Lactogal e a<br />
sua gestão eficaz é uma garantia do sucesso<br />
das operações de logística quando estamos no<br />
sector agro-alimentar, especialmente quando<br />
se lida com prazos de validade curtos.<br />
O frenesim, a passagem acelerada dos<br />
orderpickers e dos porta-paletes, bem como o<br />
elevado número de equipamentos a operar não<br />
deixam margem para dúvidas. Chegámos ao<br />
centro dos acontecimentos.<br />
Em termos de layout há dois tipos de<br />
corredores alternados, os de picking e os de<br />
TM (Task Manager) e, portanto, isto significa<br />
que quem anda a levar e a trazer paletes não<br />
se cruza com quem está a fazer o picking. “Eu<br />
sou operador, acabei de fazer uma palete e<br />
recebo logo no pdt (Portable data Terminal)<br />
uma instrução para ir buscar essa palete, para<br />
a levar ao filme e para a deixar no cais XPTO.<br />
Na volta, para reduzir o movimento em vazio,<br />
agarra numa palete vazia e leva-a para uma<br />
localização vazia que lhe é indicada pelo<br />
sistema”, explica-nos.<br />
O operador não decide, apenas recebe as<br />
instruções do sistema.<br />
Entretanto, Pedro Camilo esclarece que<br />
fizeram um contrato novo de máquinas de<br />
movimentação “e nestes novos equipamentos,<br />
os garfos sobem. Portanto, à medida que a<br />
palete de onde os operadores vão retirar o<br />
produto vai baixando, eles vão subindo. Mais<br />
rendimento para a operação e menos esforço<br />
físico para as nossas pessoas”. A nova frota<br />
é composta por porta-paletes de duplo deck<br />
e order pickers e, segundo Pedro Camilo, os<br />
operadores adaptaram-se muito bem.<br />
NÍVEIS DE SERVIÇO ANDAM<br />
NOS 99%, QUANDO SE FALA DE<br />
QUANTIDADE ENCOMENDADA<br />
VERSUS QUANTIDADE ENTREGUE.<br />
OS STOCKS ESTÃO CENTRALIZADOS<br />
E CABE AO PLANEAMENTO FAZER A<br />
GESTÃO DA PRODUÇÃO.
SCM Supply Chain Magazine 13<br />
A partir das 10H começam a chegar os<br />
carros. No caso das paletes que vão completas<br />
para clientes, mal saem do carro o operador<br />
recebe logo a instrução de qual é o cais a que<br />
se destinam. O nosso interlocutor frisa que o<br />
objectivo é sempre o mesmo: “optimizar o mais<br />
possível”.<br />
Há duas zonas distintas: a área de picking e<br />
a que designaram como TM ou Task Manager,<br />
onde os operadores fazem tudo o que não é<br />
picking.<br />
que ainda temos que fazer, número de linhas<br />
feita por hora e número de caixas, informação<br />
individual sobre cada colaborador, média de<br />
caixas por hora, peso... É possível termos uma<br />
visão global, ao momento, do que está a ser<br />
feito. Inclusivamente, conseguimos ter uma<br />
previsão da hora de fim da operação com base<br />
no número de colaboradores, no trabalho que<br />
se está a fazer e na produtividade da equipa”.<br />
“POR CADA LINHA DE CARGA FAZEMOS 5,4 CAIXAS, CERCA DE 1800KG/HORA, 64 LINHAS/<br />
HORA,O QUE DÁ MAIS DE UMA LINHA POR MINUTO”,<br />
DIZ COM ORGULHO PEDRO CAMILO.<br />
Sensivelmente a meio do espaço localiza-<br />
-se o centro de comando das operações, uma<br />
construção envidraçada, onde o supervisor<br />
do turno vai acompanhando os trabalhos. É<br />
através do ecrã, simpaticamente apelidado pela<br />
equipa como “radar”, que é feito o controlo da<br />
operação.<br />
Luís Ramalho e António Barroso são os<br />
supervisores da operação e são eles que nos<br />
explicam no “radar”, o que estamos a ver: “de<br />
2 em 2 minutos o sistema actualiza os dados.<br />
Sabemos quantas linhas temos que fazer e<br />
quantas caixas, o que já está feito, quanto é<br />
Pedro Camilo diz que na logística “há sempre<br />
melhorias. É um desafio diário“.<br />
Na verdade, só se faz um projecto assim com<br />
uma equipa motivada e envolvida. E, melhor<br />
do que já alcançaram ali em Frielas, só talvez<br />
avançando para o voice-picking. •
14<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
A VERDADE SOBRE<br />
OS CUSTOS DA CADEIA<br />
DE ABASTECIMENTO<br />
DE UMA PERSPECTIVA<br />
LOGÍSTICA<br />
LOGÍSTICA<br />
Custos da Cadeia<br />
de Abastecimento<br />
Os Estados Unidos gabam-se de terem uma das economias de consumo mais robustas do<br />
mundo. Enquanto importador recebe aproximadamente 2,4 biliões de dólares em bens e<br />
serviços a cada ano, dos quais 138 mil milhões de dólares correspondem a alimentos e bebidas.<br />
Fabricantes e produtores de todo o mundo<br />
encaram os Estados Unidos como uma<br />
fonte de procura para os produtos que<br />
fabricam. Esta visão, embora atractiva<br />
do ponto de vista das vendas, requer um<br />
entendimento minucioso da logística da cadeia<br />
de abastecimento e dos custos associados<br />
ao fabrico dos produtos num país, e da sua<br />
importação e venda noutro.<br />
O desempenho da cadeia de abastecimento<br />
está entre os factores determinantes do<br />
sucesso final, pois pode representar o sucesso<br />
ou o fracasso de um produto ou marca.<br />
De forma a melhor entender este artigo,<br />
serão feitas algumas suposições. Em primeiro<br />
lugar, existe um produto de sucesso, uma marca<br />
bem desenvolvida e um perfeito processo de<br />
fabrico. Após estas considerações, o produto<br />
já se encontra pronto para integrar um cenário<br />
internacional, ou seja, o produtor já avaliou<br />
estrategicamente o mercado, completou as<br />
devias diligências e tem o capital necessário<br />
para suportar uma expansão. Por último,<br />
por detrás, está uma equipa preparada para<br />
comercializar o produto no estrangeiro, que<br />
elaborou uma estratégia de venda abrangente<br />
para identificar as principais metas geográficas<br />
e pontos de procura.<br />
Nesta fase, os pedidos estão a ser registados<br />
e o produto está a ser produzido para uma<br />
escala internacional. É aqui que a logística<br />
entra em acção. A sua função? Converter os<br />
pedidos em receita, a receita em lucro, e o lucro<br />
em retorno de todo o capital investido.<br />
Um dos factores mais importantes da cadeia<br />
de abastecimento é o valor da exportação de<br />
um produto de um porto de embarque para o<br />
porto de escala. Este valor é, em grande parte,<br />
impulsionado pela concentração geográfica dos<br />
pontos de procura do seu consumidor.<br />
Os custos de envio de um produto desde o<br />
porto até ao mercado final, é algo que deve<br />
ser tido em conta. De uma forma geral, o<br />
desembarque do seu produto num porto de<br />
escala perto do mercado final irá maximizar o<br />
seu retorno financeiro. No entanto, os custos<br />
são determinados com base em múltiplos<br />
factores, incluindo:
SCM Supply Chain Magazine 15<br />
» Competitividade e balanço da frota marítima. Como são<br />
a competição, frequência, estabilidade e a capacidade<br />
de abastecimento na frota marítima? De que forma terá<br />
impacto nos seus objectivos finais? Estão os navios<br />
cheios de mercadorias de alto rendimento e produtos<br />
consistentes e previsíveis?<br />
» Factores macro-económicos. Qual é o potencial crescimento<br />
económico, a capacidade global da embarcação versus a procura<br />
global e as práticas de preços das embarcações?<br />
» Factores de produto. O seu produto requer serviços especiais,<br />
como temperatura regulada ou outras características específicas?<br />
PUB
16<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
PUB<br />
» Ofertas de serviço agrupadas versus ofertas de serviço<br />
separadas. Além do serviço directo marítimo,<br />
as transportadoras oferecem serviços agregados além<br />
do porto de escala (ou seja, transporte, desconsolidação,<br />
warehousing, cross-docking, intermodal ou rail)?<br />
Além disso, produtos que não são negociados<br />
contratualmente podem ter repercussões a<br />
nível de despesas, o que pode ter impacto na<br />
velocidade de comercialização, incluindo:<br />
» Tempos de trânsito e frequência de<br />
navegação;<br />
» Desempenho da embarcação no tempo<br />
devido;<br />
» Eficiência e capacidade do cais do porto de<br />
escala, incluindo a capacidade de aceitar<br />
largas embarcações, descarregar e carregar<br />
contentores de forma oportuna;<br />
» Mão-de-obra disponível para dar resposta<br />
a volumes imprevisíveis de navios e<br />
contentores;<br />
» Tecnologia e sistemas de terminais para<br />
tornar mais eficiente o processo do<br />
carregamento ou descarregamento do<br />
contentor, bem como o da entrega dos<br />
produtos;<br />
» O espaço do cais, flexibilidade, capacidade<br />
e disponibilidade financeira para conduzir<br />
eficientemente as operações, incluindo<br />
‘peak surges’;<br />
» Logística terrestre no que diz respeito<br />
à facilidade e eficiência no acesso a<br />
contentores e produtos por transportadores;<br />
» Clima.<br />
Todos estes factores devem ser tidos<br />
em conta, não só no que diz respeito aos<br />
custos associados, mas também às despesas<br />
relacionadas com o tempo. Qualquer atraso<br />
poderia comprometer a venda para o cliente.<br />
Por último, se o produto for vendido em<br />
mercados geograficamente diversificados,<br />
deve-se optimizar ainda mais o custo praticado<br />
em vários locais, comparando a despesa do<br />
envio para diferentes escalas de destino, com<br />
os custos de distribuição desses locais.<br />
Se se conhecer os pontos de procura e<br />
consumo do produto em questão, bem como se<br />
negociar os valores de exportação e maximizar<br />
as eficiências do porto de escala, é possível<br />
incrementar a velocidade do produto para o<br />
mercado e, finalmente, até ao consumidor. •<br />
Fonte: Supply Chain Brain<br />
Autor: Jamie Overley is CEO of East Coast Warehouse & Distribution
Formação IN-HOUSE<br />
SCM Supply Chain Magazine 17<br />
Gestão de Stocks<br />
Negociação na Logística<br />
Gestão do Armazém<br />
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empresa, nos horários<br />
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Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />
Sector Transitário - Formação em Vendas<br />
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18<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
ID Logistics líder<br />
de mercado na<br />
Península Ibérica<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Alexandra Santos<br />
“ NO CASO DA ID LOGISTICS<br />
A MENSAGEM É:<br />
18 ANOS, 18 PAÍSES”<br />
A ID Logistics nasceu há 18 anos em França, país onde tem o seu principal<br />
mercado, mas tem vindo a reforçar a sua posição na Península Ibérica.<br />
Hugo Oliveira, o actual Country Manager, traça um retrato do percurso<br />
realizado e aponta os caminhos em que o operador logístico quer continuar<br />
a crescer e ganhar protagonismo.
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
C<br />
omeçou em Barcelona, em 2013, como<br />
Site Manager, quatro anos depois era<br />
Director de Operações e em Setembro de<br />
2018 assumiu a posição de Country Manager<br />
deste lado da fronteira. Hugo Oliveira conhece<br />
bem os cantos à casa, a realidade espanhola,<br />
as claras diferenças que existem no segmento<br />
da logística e sabe bem que consoante as<br />
necessidades, a dimensão e a exigência das<br />
operações, a logística adapta-se.<br />
A principal diferença apontada pelo Country<br />
Manager é o facto de, no nosso país, as<br />
operações serem destinadas a vários clientes<br />
“o nosso ‘core business’ em Portugal são<br />
operações multicliente porque ainda não<br />
existem empresas cá com dimensão para ter<br />
logística num armazém dedicado de grandes<br />
dimensões”, explica.<br />
No que diz respeito ao lead time da<br />
distribuição, existe outra grande distinção,<br />
bastante mais desafiante, na visão de Hugo<br />
Oliveira. Em Portugal, há uma grande exigência<br />
no tempo de entrega das encomendas,<br />
estabelecendo-se um prazo limite de 24 horas.<br />
Em Espanha, esta exigência é menor, tanto para<br />
os operadores logísticos como para os próprios<br />
clientes que situam as operações em Madrid,<br />
em que o lead time corresponde de 24 a<br />
48 horas.<br />
TECNOLOGIA PARA SOBREVIVER<br />
A tecnologia está a mudar o mundo, da<br />
logística e não só, abrindo um amplo campo<br />
de possibilidades às operações. Armazéns<br />
robotizados, equipamentos que comunicam<br />
entre si em tempo real, automatização de<br />
processos… como refere Hugo Oliveira, “hoje,<br />
na logística, se não introduzirmos novas<br />
tecnologias dentro dos processos logísticos<br />
CONSOANTE AS NECESSIDADES<br />
E DIMENSÕES DOS PAÍSES,<br />
A LOGÍSTICA ADAPTA-SE<br />
A ESSES FACTORES.<br />
convencionais, acabamos por não nos adaptar”.<br />
É também por isso que a aposta em inovação<br />
e introdução de novas tecnologias é uma<br />
preocupação constante da multinacional de<br />
logística, até porque têm de corresponder não<br />
só às exigências do mercado, mas também dos<br />
clientes.<br />
No caso do sector farmacêutico, que é<br />
considerado estratégico para a ID Logistics<br />
em Portugal, a tecnologia tem um grande<br />
impacto: “recentemente tivemos de nos adaptar<br />
à directiva europeia da serialização contra os<br />
medicamentos falsificados. Sem a adequada<br />
tecnologia não seríamos capazes de dar<br />
resposta a estas novas exigências”, conta.<br />
Está implicada a rastreabilidade de 10<br />
milhões de unidades ao ano, no mesmo espaço<br />
físico e no mesmo tempo, ou seja, trata-se<br />
de um processo adicional a todos os que já<br />
eram realizados. Hugo Oliveira explica que<br />
não perdendo tempo, instalaram a tecnologia<br />
necessária e agora fazem a “serialização<br />
com leituras massivas através de câmaras<br />
ópticas. Não há ninguém, como na logística<br />
convencional, a ‘picar’ código a código”.<br />
Para acentuar a preocupação da empresa<br />
nesta área, o Country Manager salienta a<br />
existência do campus dedicado de inovação<br />
tecnológica, em Paris, onde são realizadas<br />
proofs of concept (poc’s) [provas de conceito]<br />
de novas tecnologias.
20<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
EXIGÊNCIA COMO PALAVRA<br />
DE ORDEM<br />
Na Azambuja, a ID Logistics tem um centro<br />
totalmente dedicado ao sector farmacêutico.<br />
Naquele centro logístico, com temperatura<br />
controlada, parcialmente automatizado, estão<br />
15 clientes do sector. Observando todos os<br />
processos envolvidos desde que a caixa de<br />
cartão é montada (automaticamente) até ao<br />
momento de embalamento para a expedição<br />
percebe-se a complexidade envolvida, mas<br />
Hugo Oliveira caracteriza-a como “exigente”.<br />
Reconhece que o grande desafio passa pelas<br />
legislações que têm de ser cumpridas, pois é<br />
um sector que exige rigor e regras “na questão<br />
da legislação, temos a obrigatoriedade de, não<br />
só estarmos certificados, como também de<br />
cumprir essas certificações. Temos auditorias<br />
constantes por parte das autoridades, mas<br />
também dos nossos clientes, para verificarem<br />
se estamos certificados nas boas práticas de<br />
distribuição [GDP] e, no nosso caso, nas boas<br />
práticas de manufacturing [GMP]”.<br />
Além do farmacêutico, a ID Logistics está<br />
presente em muitos outros sectores, como é o<br />
caso dos FMCG e o retalho, que constituem a<br />
maior fatia da facturação da empresa.<br />
Claro está que, neste sector, impõe-se,<br />
actualmente, uma questão pertinente: a<br />
entrada da Mercadona. Mais uma vez, trata-se<br />
de exigência, nas palavras de Hugo Oliveira.<br />
Os concorrentes da cadeia de supermercados<br />
espanhola terão que adoptar um nível de<br />
serviço cada vez mais exigente, e “se o nível de<br />
serviço em Portugal já é de uma distribuição<br />
de 24 horas em qualquer ponto do país, cada<br />
vez mais não serão 24, mas sim 16”, avança. A<br />
verdade é que quando existe uma falha com<br />
algum produto, quem acaba sempre por lucrar<br />
será a concorrência porque “se no linear não<br />
estiver o produto certo, à hora certa, o cliente<br />
vai comprar a outro lado”, lembra o nosso<br />
interlocutor. Na sua visão, a entrada do novo<br />
player irá revolucionar o retalho e obrigar os<br />
concorrentes a serem mais exigentes com as<br />
suas operações. No entanto, aponta este factor<br />
como positivo, referindo que a concorrência<br />
permite aumentar não só o nível logístico,<br />
como também o da<br />
“RECENTEMENTE TIVEMOS DE NOS ADAPTAR À DIRECTIVA distribuição.<br />
EUROPEIA DA SERIALIZAÇÃO CONTRA OS MEDICAMENTOS Relativamente a outras<br />
FALSIFICADOS, PORTANTO, COM A NÃO INTRODUÇÃO DE áreas em que estão<br />
TECNOLOGIAS, NÃO SERÍAMOS CAPAZES DE DAR VAZÃO presentes, a ID Logistics<br />
A TODAS ESTAS NOVAS EXIGÊNCIAS”.<br />
é considerada líder de<br />
mercado no segmento<br />
HUGO OLIVEIRA [Country Manager da ID Logistics]<br />
de linha branca, ou seja,<br />
de pequenos e grandes electrodomésticos.<br />
Com um armazém dedicado em Palmela,<br />
são também fortes na logística automóvel,<br />
que exige preparação e minúcia: “fazemos<br />
a preparação e abastecemos à linha já de<br />
uma forma sequencial. Não é só preparar<br />
10 unidades. É preparar 10 unidades de 10<br />
referências diferentes numa sequência dada,<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
que tem de ser carregada no camião na forma<br />
de uma sequência, para ser descarregada na<br />
sequência inversa e ir directamente para a<br />
linha de produção”. Tudo isto em minutos.<br />
Um erro pode comprometer toda a cadeia<br />
de abastecimento, causando a paragem ou<br />
interrupção da linha e traduzindo-se em<br />
avultados custos.<br />
No meio de todos estes sectores, não<br />
esqueçamos um segmento de mercado que está<br />
a crescer exponencial: o comércio electrónico.<br />
Procurámos saber como é que a ID Logistics se<br />
está a adaptar a este novo formato e a verdade<br />
é que, na Península Ibérica, são operadores<br />
logísticos de empresas de comércio electrónico,<br />
bem como de clientes do retalho e consumo<br />
que estão também eles e de forma crescente a<br />
aderir a este canal de distribuição.<br />
anuncio revista.pdf 1 26/06/<strong>2019</strong> 15:09:29<br />
Mais uma vez, a comparação é inevitável.<br />
Hugo Oliveira refere que em Espanha este<br />
novo formato já está mais desenvolvido.<br />
Portugal caminha a passos tímidos, mas<br />
sólidos, segundo defende. Cá, o operador<br />
logístico já tem clientes com quem iniciaram o<br />
desenvolvimento de sistemas informáticos e a<br />
própria logística para esse fim.<br />
PASSADO, PRESENTE E FUTURO<br />
Em 2016, a ID Logistics completou a aquisição<br />
da Logiters, operador logístico espanhol<br />
presente em Portugal, por 85 milhões de euros.<br />
Passaram 3 anos e esta aposta continua a<br />
revelar-se proveitosa para a empresa, segundo<br />
o Country Manager.<br />
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26<br />
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A QUEM SE DIRIGE?<br />
Administradores, Direcções Gerais,<br />
Direcções Financeiras, Responsáveis de<br />
Logística, Responsáveis de Stocks e<br />
Aprovisionamentos, Responsáveis de<br />
Compras de matérias primas,<br />
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22<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
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“ISTO NÃO É O FUTURO,<br />
É O PRESENTE”.<br />
A estratégia surgiu com o propósito de<br />
reforçar a presença ibérica, uma vez que já se<br />
encontravam presentes em Espanha. A network<br />
entre os dois países foi um dos factores que<br />
pesou na decisão. “Encontramos aqui um grupo<br />
de elementos bastante rico e capaz, e uma<br />
carteira de clientes muito interessante, o que<br />
fez com que esta fosse uma aposta ganhadora<br />
e, de facto, estamos a tirar proveito disso”,<br />
reconhece.<br />
A verdade é que têm vindo a inovar e a fazer<br />
crescer o negócio.<br />
Além disso, têm também o foco direccionado<br />
à sustentabilidade, tema tão importante nos<br />
dias que correm. Já introduziram megatrailers<br />
na sua frota e encontram-se também a realizar<br />
experiências com energias alternativas. Esta<br />
é apontada por Hugo Oliveira como uma das<br />
preocupações da empresa e continuará a sê-lo.<br />
E, por falar em futuro, o Country Manager<br />
revelou que estão previstos grandes<br />
investimentos e que já têm em carteira uma<br />
possível lista de novos clientes caracterizada<br />
como “bastante interessante”. Foi ainda dada a<br />
certeza de que se o mercado assim o exigir, a<br />
empresa não ficará para trás, realizando todos<br />
os investimentos necessários. O objectivo<br />
principal é “continuar a fazer crescer a ID<br />
Logistics no mundo” e, em Portugal, pretendem<br />
fazê-lo nos diferentes sectores onde actuam<br />
para se manterem na liderança.<br />
“No caso da ID Logistics, a grande mensagem<br />
é: 18 anos, 18 países”, e a verdade é que, hoje,<br />
facturam 1,4 mil milhões de euros anualmente,<br />
representando um crescimento significativo.<br />
Considerando o lema da empresa, espera-se<br />
que daqui a dois anos se torne “20 anos, 20<br />
países” e, mais tarde, “22 anos, 22 países”. •
SCM Supply Chain Magazine 23
24<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Em 2018 o sector rendeu<br />
18.334 milhões de euros<br />
em exportações<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Fotos: AIMMAP<br />
METAL: A INDÚSTRIA DAS INDÚSTRIAS<br />
Metal Portugal é a marca lançada pela AIMMAP em 2015 de forma a<br />
promover o sector metalúrgico e metalomecânico, área de actuação dos<br />
seus membros. Sozinho, este sector representa 18% do PIB português.<br />
A<br />
Associação dos Industriais Metalúrgicos,<br />
Metalomecânicos e Afins de Portugal<br />
(AIMMAP) foi fundada em 1957, tendo<br />
sido tornada de utilidade pública em 1996.<br />
É uma entidade sem fins lucrativos que<br />
representa as empresas do sector metalúrgico<br />
e metalomecânico interna e externamente<br />
e apoia as indústrias nas áreas da inovação,<br />
internacionalização e cooperação.<br />
Desde cutelarias e louça metálica, máquinas<br />
e equipamentos, estruturas metálicas,<br />
equipamento de transporte automóvel,<br />
ferroviário e aeronáutico até peças técnicas<br />
de elevada complexidade e engenharia, várias<br />
são as áreas abrangidas por este<br />
sector, que neste momento representa 18%<br />
do PIB nacional, após crescer 11,3% ao superar<br />
o impressionante valor de 18,3 mil milhões<br />
de euros.<br />
“Estamos perante um sector com<br />
especificidades muito próprias, começando<br />
pela enorme dimensão e diversidade de<br />
actividades contempladas”, explica Rafael<br />
Campos Pereira, Vice-Presidente da AIMMAP,<br />
acrescentando que este sector tem “um papel<br />
de enorme importância na difusão de novas<br />
tecnologias”, assumindo uma posição central<br />
em qualquer economia moderna.
SCM Supply Chain Magazine 25<br />
A INDÚSTRIA DO METAL É A<br />
“ INDÚSTRIA DAS INDÚSTRIAS<br />
”<br />
MARCA METAL PORTUGAL<br />
Por estas razões, e para facilitar a representação<br />
dos seus associados, a AIMMAP criou em<br />
2015 a marca Metal Portugal, um selo de<br />
garantia de inovação e qualidade que permite<br />
ser facilmente identificada em vários dos<br />
principais idiomas do mercado europeu, por ser<br />
pronunciada da mesma maneira em português,<br />
inglês, espanhol, francês e alemão.<br />
O responsável conta que a criação de uma<br />
marca conjunta como forma de promoção<br />
dos diversos sectores a ela associados<br />
foi motivada pela subida das empresas<br />
metalúrgicas e metalomecânicas na cadeia<br />
de valor, a produção de engenheiros e a<br />
aposta das empresas na inovação, qualidade e<br />
incorporação tecnológica.<br />
Rafael Campos Pereira defende que a<br />
Marca Portugal é hoje um selo de garantia de<br />
inovação e qualidade, e que graças a este apoio<br />
as empresas por ele abrangidas conseguiram<br />
grandes ganhos. “Ao longo dos anos, o sector<br />
metalúrgico e metalomecânico português tem<br />
vindo a evoluir consideravelmente, não só na<br />
qualidade, mas também na complexidade das<br />
peças que produz, elevando a oferta nacional<br />
na cadeia de valor e contribuindo para uma<br />
produção com maior valor acrescentado com<br />
impacto positivo e directo nas exportações”.<br />
Actualmente, mais de uma centena de<br />
empresas portuguesas utilizam a Marca<br />
Portugal, sendo que um dos requisitos para<br />
a envergar é ser associado da AIMMAP, mas<br />
também entidades participadas e organismos<br />
nacionais e internacionais em que a associação<br />
participe podem requerer a utilização desta<br />
marca, e caberá à AIMMAP aprovar ou não a<br />
sua utilização. Em caso afirmativo as marcas<br />
tornam-se embaixadoras do Metal Portugal.<br />
Os embaixadores da marca passarão a incluíla<br />
nos seus elementos de comunicação desde<br />
a simples assinatura de e-mail, às brochuras<br />
corporativas, painéis publicitários, imprensa,<br />
publicidade e multimédia.<br />
DIVULGAÇÃO DA INDÚSTRIA<br />
DO METAL<br />
O Vice-Presidente do AIMMAP refere-se ao<br />
sector como o “campeão das exportações”,<br />
título que considera ser justamente atribuído<br />
face aos resultados apresentados, concedendo<br />
os louros às empresas e à visão futurista<br />
dos seus empresários: “são o resultado do<br />
esforço, da competência e dos investimentos<br />
de pequenas, médias e grandes empresas,<br />
juntamente com a capacidade empreendedora<br />
dos empresários que procuram mercados<br />
alternativos para alavancar a oferta”.<br />
Rafael Campos Pereira revela que existe<br />
“um grande conjunto de outros actores que<br />
ajudaram a reforçar a capacidade exportadora<br />
das empresas”, destacando não só a<br />
AIMMAP, mas também o CATIM, o CENFIM, a<br />
PRODUTECH, o INEGI ou a CERTIF, “todas essas<br />
entidades credoras de grande reconhecimento”.<br />
No passado mês de Março, a AIMMAP esteve<br />
presente em Lyon no MIDEST, a maior feira<br />
mundial de subcontratação industrial, com<br />
um stand colectivo que reuniu mais de 80<br />
empresas, a maior participação estrangeira da<br />
feira, tal como já acontecera nos últimos anos.<br />
“Mais, uma vez ficou comprovada a qualidade<br />
das empresas do METAL PORTUGAL
26<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
RAFAEL<br />
CAMPOS PEREIRA<br />
[Vice-Presidente<br />
do AIMMAP]<br />
que desenvolvem a sua actividade na área da<br />
subcontratação industrial”, defende.<br />
Quando questionado relativamente a este<br />
modelo de contratação colectiva, Rafael<br />
Campos Pereira defende que a concentração<br />
de um número tão significativo de empresas<br />
num espaço colectivo, sob a marca METAL<br />
PORTUGAL, “beneficia as empresas no seu<br />
conjunto e individualmente, desde logo<br />
porque usufruem da escala e eficiência de<br />
todo o aparelho logístico e de comunicação”,<br />
mas também porque uma imagem global de<br />
um sector “que completa com sofisticação<br />
e competência toda a cadeia de valor<br />
de importantes clusters” se torna um<br />
factor bastante positivo para a promoção<br />
internacional, especialmente ao nível das PME.<br />
Também em Abril a AIMMAP se encontrou a<br />
promover e divulgar a qualidade do sector em<br />
Portugal na Hannover Messe, a principal feira<br />
do mundo para a tecnologia industrial que<br />
decorreu na Alemanha, também sob o<br />
modelo de stand colectivo, numa comitiva de<br />
16 empresas associadas.<br />
PRINCIPAIS MERCADOS<br />
Este sector tem uma grande actividade europeia,<br />
totalizando esta região 81,1% das exportações,<br />
sendo os destinos com maior impacto a Espanha,<br />
Alemanha, França e Reino Unido. Fora deste<br />
mercado, os Estados Unidos da América lideram<br />
as exportações portuguesas.<br />
De acordo com os dados relativos ao ano<br />
anterior, em 2018, Espanha cresceu 11,8%, a<br />
Alemanha 11,6%, a França 17,2% e o Reino<br />
Unido 4,1%. Embora ainda não tão significante<br />
para as exportações como os anteriores,<br />
também Itália, não estando nos primeiros<br />
lugares do ranking, teve um impressionante<br />
crescimento de 70,8%.
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
Rafael Campos Pereira conta que tanto o<br />
Reino Unido como os EUA tiveram um grande<br />
crescimento nos últimos anos, e embora<br />
ambos tenham estado em risco de se tornarem<br />
mercados controversos, não se mostrou<br />
preocupado com eles. “Até ao momento, a<br />
perspectiva do Brexit não implicou uma queda<br />
das exportações para o Reino Unido, mas é<br />
possível que venha a acontecer caso o cenário<br />
do Brexit se concretize”, revela, acrescentando<br />
que também se encontram “a resistir às<br />
políticas proteccionistas dos EUA”.<br />
Para a AIMMAP, o alto nível de<br />
internacionalização é importante, pois este<br />
sector está muito exposto à flutuação dos<br />
mercados e dependente de imensas variantes,<br />
pelo que é imprescindível a presença num<br />
“ESTAMOS EXPECTANTES,<br />
MAS CONFIANTES QUE AS<br />
EXPORTAÇÕES DO SECTOR<br />
METALÚRGICO E METALOMECÂNICO<br />
PARA ESTES DOIS MERCADOS,<br />
CONTINUARÃO A CRESCER,<br />
POIS SABEMOS QUE SÃO DOIS<br />
MERCADOS ONDE AS EMPRESAS<br />
PORTUGUESAS AINDA TÊM<br />
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AGOSTO <strong>2019</strong><br />
grande número de países. “A diversificação<br />
de mercados é, do nosso ponto de vista, a<br />
estratégia segura para minimizar os riscos<br />
da dependência de um número reduzido de<br />
mercados”, defende.<br />
A este nível, a associação procura<br />
contribuir para aumentar a competitividade<br />
das empresas do sector e valorizar a oferta<br />
nacional num mercado cada vez mais<br />
global, “procurando uma inteligente e eficaz<br />
diversificação de mercados, e refletindo essa<br />
estratégia no plano de internacionalização”.
29<br />
“O SECTOR VAI CONTINUAR<br />
A BATER RECORDES<br />
NO PRÓXIMO ANO”<br />
Com a visão posta no futuro e<br />
mostrando-se confiante da capacidade<br />
do sector, o representante da AIMMAP<br />
acredita que o sector irá continuar a crescer<br />
a nível da exportação, e que o plano que<br />
têm traçado para apoiar as empresas na<br />
internacionalização e formação atingirá<br />
novos recordes.<br />
Aponta que existe uma necessidade de<br />
uma rede de transportes e logística eficiente<br />
e ambientalmente sustentável, baseada na<br />
interoperabilidade e intermodalidade, e que<br />
contribua para aumentar a competitividade<br />
das exportações portuguesas. Também<br />
considera que o investimento na inovação,<br />
investigação e desenvolvimento é essencial,<br />
acrescentando valor à oferta nacional, bem<br />
como na formação dos recursos humanos.<br />
Para o representante, a digitalização<br />
é outro dos tópicos a abordar para a<br />
criação de competitividade no mercado,<br />
e “é fundamental que se ajude as empresas<br />
a digitalizar”, esclarecendo que “não numa<br />
perspectiva de redução de postos de trabalho,<br />
mas sim numa estratégia de digitalização<br />
coerente e sustentável, capaz de criar<br />
emprego com maior valor acrescentado”.<br />
“É crucial que empresas, governantes,<br />
associações, universidades e centros<br />
tecnológicos, estejam alinhados para<br />
o imperativo de importantes medidas<br />
a adoptar no futuro próximo para que<br />
o crescimento da Indústria metalúrgica<br />
e metalomecânica continue a ser uma<br />
realidade”, defende Rafael Campos Pereira. •<br />
MARÇO DE <strong>2019</strong> foi o melhor mês<br />
de sempre. Foram exportados<br />
1.728 milhões de euros,<br />
um aumento de 10,8%<br />
relativamente ao período homólogo.<br />
*Dados de Abril de <strong>2019</strong><br />
Mesmo com a incerteza do Brexit,<br />
o Reino Unido registou<br />
um aumento de 7,1%<br />
no primeiro trimestre do ano.<br />
A Alemanha teve um aumento<br />
para os 18,3%, mantendo-se<br />
enquanto principal país para onde<br />
Portugal exporta.<br />
Em 2018 a Itália<br />
teve um crescimento<br />
de quase 100%.<br />
85% das exportações do primeiro<br />
trimestre do ano destinaram-se<br />
à EUROPA.
30<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Bons Sons e EDP Vilar de Mouros<br />
FESTIVAL DE VERÃO<br />
SEM LOGÍSTICA<br />
NÃO É FESTIVAL<br />
DE VERÃO<br />
Sol, boa música, bebidas frescas. É tudo isto<br />
que está associado a um festival de verão,<br />
mas, para que tudo aconteça (e aconteça<br />
bem) é realizado um grande trabalho de<br />
backstage por parte de quem transporta os<br />
materiais necessários e os monta, de quem<br />
assegura as bebidas e de quem salva um<br />
imprevisto de última hora. Vamos falar da<br />
logística implicada em festivais como o Bons<br />
Sons, EDP Vilar de Mouros e MUSA Cascais.<br />
Q<br />
ueremos ir a um festival de Verão para<br />
vermos a nossa banda preferida, ou<br />
uma da qual gostamos particularmente,<br />
enquanto bebemos uma bebida refrescante.<br />
Enfim, passar um dia agradável. Este é o<br />
pensamento de um festivaleiro.<br />
Agora, vamos dar a visão do backstage.<br />
Já pensou em tudo o que é preciso ser feito<br />
para que o festival lhe possa proporcionar<br />
as melhores condições? Desde a montagem<br />
do palco, aos materiais que têm de ser<br />
transportados, às bebidas que se mantêm<br />
frescas em pleno Verão? Pois bem, é esta<br />
perspectiva que a SCM Supply Chain Magazine<br />
foi apurar junto das organizações de festivais<br />
LOGÍSTICA<br />
A logística de<br />
um festival de Verão<br />
bem distintos pelos seus conceitos, mas com um<br />
ponto em comum: a sua logística.<br />
De seu nome Bons Sons, este festival acontece<br />
na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, em <strong>Agosto</strong>.<br />
Tem como mote “Viver a Aldeia”, de acordo com<br />
Luís Ferreira, Director Artístico, considerando<br />
esta a razão da existência do evento. Explica que<br />
“viver a aldeia é mais do que uma experiência do<br />
local. Parte da raiz comunitária do festival e do<br />
uso da malha urbana como recinto”. Além disso,<br />
a sua programação é exclusivamente dedicada à<br />
cultura portuguesa.<br />
Trata-se de oito palcos, mais de 50 concertos,<br />
tendas de comércio e mais de 20 actividades<br />
performativas para todas as idades, durante<br />
quatro dias. Por norma, recebe 35.000 pessoas<br />
numa aldeia onde vivem 600 habitantes. Estes<br />
números reflectem um pouco aquele que é o<br />
desafio de levar a cabo este evento. No entanto,<br />
o Director Artístico refere que “o que torna o<br />
Bons Sons especial é o que o torna mais difícil”.<br />
No que diz respeito ao transporte, deve existir<br />
um grande esforço de coordenação, segundo<br />
Luís Ferreira. Recebem grandes carregamentos<br />
técnicos, contentores e estruturas de palcos,<br />
camiões de limpeza e recolha de resíduos,<br />
carregamentos de bebidas e alimentos.<br />
A articulação entre todos os fornecedores é<br />
essencial por uma questão de eficiência, por<br />
isso, deve-se criar um calendário rigoroso.<br />
“A aldeia tem um desenho muito orgânico e os<br />
camiões só conseguem entrar por uma das ruas<br />
de acesso. Em três dias geramos o caos, mas no<br />
final tudo corre bem”, frisa.
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
TODOS OS RESPONSÁVEIS<br />
DE ÁREA, SEJA ARTÍSTICO,<br />
SEGURANÇA, BILHÉTICA,<br />
ENGENHARIA, ACTIVAÇÕES,<br />
TRANSPORTES OU LOGÍSTICA<br />
DAS VÁRIAS ZONAS DO<br />
RECINTO TÊM DE ESTAR<br />
EM PERFEITA SINTONIA<br />
PARA QUE NADA FALHE
32<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
A ARTICULAÇÃO ENTRE TODOS<br />
OS FORNECEDORES É ESSENCIAL<br />
POR UMA QUESTÃO DE EFICIÊNCIA,<br />
POR ISSO, DEVE-SE CRIAR UM<br />
CALENDÁRIO RIGOROSO.<br />
A estrutura é planeada para ser construída<br />
sempre o mais tarde possível, de forma a não<br />
interferir com as rotinas da comunidade local.<br />
O que ajuda também, é o facto de grande<br />
parte das estruturas, ser construída pela<br />
comunidade, oferecendo uma maior ligação ao<br />
festival. Contudo, estão sempre dependentes<br />
dos conhecimentos e disponibilidades de cada<br />
membro envolvente.<br />
O Bons Sons acontece no pico do Verão,<br />
em pleno <strong>Agosto</strong> e, muitas vezes, Cem Soldos<br />
chega a alcançar os 40º de temperatura. Isto<br />
requer que o festival tenha condições para<br />
manter as bebidas frescas.<br />
Luís Ferreira explica que “boa parte<br />
das bebidas são asseguradas pelo nosso<br />
parceiro Central de Cervejas. A articulação é<br />
feita pela equipa dos bares, composta pela<br />
comunidade, sendo esta também responsável<br />
pelo armazenamento do material, num local<br />
fresco. Todos os dias garantem a distribuição<br />
e acondicionamento das bebidas nos bares<br />
e restaurantes. Todos os espaços têm arcas<br />
frigoríficas, vitrinas frias e congeladores”.<br />
O comércio local está mais focado em servir o<br />
público e quem permanece no campismo.<br />
FESTIVAIS DIFERENTES<br />
COM LOGÍSTICA EM COMUM<br />
Os festivais de música têm sempre uma<br />
condicionante: os imprevistos. Há toda uma<br />
logística que tem de ser pensada caso haja um<br />
imprevisto com uma banda/artista que não<br />
possa comparecer à última da hora. Implica<br />
nova contratação, transporte e mais custos.<br />
Será que esta é uma realidade comum a todos<br />
os festivais e todos eles lidam com a situação<br />
da mesma forma?<br />
No que diz respeito ao Bons Sons, o<br />
Director Artístico garante que se mostram<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K
SCM Supply Chain Magazine 33<br />
compreensivos quando se trata de um<br />
cancelamento de última hora por motivos<br />
de força maior, como já aconteceu, “como<br />
programamos bandas portuguesas os<br />
transportes não são um problema. O maior<br />
problema é encontrar outra banda com<br />
disponibilidade e que preencha o mesmo slot<br />
disponível no programa. Os festivais que vivem<br />
de um grande ‘cabeça-de-cartaz’ têm a vida<br />
mais complicada do que nós”, afirma.<br />
De facto, têm, como é o caso do EDP Vilar de<br />
Mouros. Como o próprio nome indica, acontece<br />
em Vilar de Mouros, em Viana do Castelo, no<br />
mês de <strong>Agosto</strong>.<br />
Diogo Marques, que faz parte da organização<br />
deste festival, mostrou-nos a realidade deste<br />
festival que, diga-se, é bastante diferente do<br />
Bons Sons.<br />
2AF_Anuncio175x115.pdf 1 02/08/<strong>2019</strong> 17:42<br />
A questão dos imprevistos nota-se bastante<br />
mais complexa no caso deste festival. Na edição<br />
deste ano, a banda Killing Joke cancelou a sua<br />
participação a menos de dois meses do começo<br />
“caso fosse mais em cima do evento, mais<br />
difícil seria, pois tanto na logística da banda<br />
como a nível de material técnico, deslocações<br />
e acomodações, mas sempre se consegue uma<br />
solução. Muitas vezes o problema é financeiro e<br />
os custos de last minute, que envolvem cachet,<br />
alojamento e deslocação poderão ser bastante<br />
elevados”, explica.<br />
No entanto, esta situação ficou resolvida,<br />
uma vez que conseguiram substituir esta banda<br />
por outra, nomeadamente, os Therapy?.<br />
Em termos logísticos, têm algo em comum,<br />
independentemente das circunstâncias:<br />
a complexidade.<br />
PUB<br />
A Formação de Executivos<br />
tem um novo horizonte.<br />
Do qual todos fazemos parte.<br />
Sabemos o que queremos ser: pioneiros do futuro, numa<br />
comunidade determinada a impactar e transformar o agora.<br />
Junte-se a nós. O próximo capítulo desta história é consigo.<br />
exed.novasbe.pt/oproximocapitulo
34<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
PUB<br />
Diogo Marques afirma<br />
que a logística implicada<br />
num festival de música é<br />
Do lado do festival, o mais<br />
importante em termos<br />
logísticos é a coordenação entre<br />
e a cerveja é sempre<br />
fresquinha”, frisa.<br />
A sua logística, em<br />
“gigante”, por isso “todos<br />
todas estas áreas de forma a pouco difere das dos<br />
os responsáveis de área,<br />
termos tudo pronto a tempo.<br />
festivais referidos<br />
seja artístico, segurança,<br />
anteriormente. Conta com<br />
bilhética, engenharia,<br />
activações, transportes ou logística das várias<br />
zonas do recinto têm de estar em perfeita<br />
sintonia para que nada falhe”.<br />
Neste caso, existe uma equipa própria que<br />
gere fornecedores, parceiros e clientes da área<br />
de food & beverage [comida e bebida]. Detêm<br />
um armazém central no recinto, que reúne<br />
todas as condições para a conservação dos<br />
materiais que são, posteriormente, distribuídos<br />
pelos locais internos de venda. Têm ainda<br />
contentores frigoríficos que são cada vez mais<br />
utilizados de forma a manter os alimentos e<br />
bebidas em perfeitas condições.<br />
O MUSA Cascais, tem um conceito diferente,<br />
ligado à sustentabilidade, aquecimento global<br />
e alterações climáticas, de acordo com Paulo<br />
Moita, membro da direcção criativa do festival.<br />
No entanto, as bebidas são também necessárias<br />
para satisfazer os festivaleiros que optam<br />
por este evento. A cerveja oficial é a Sagres,<br />
marca em quem confiam para assegurarem as<br />
condições necessárias ao consumo da bebida<br />
“a nossa experiência de fazermos o festival<br />
há tantos anos também já se tornou uma<br />
garantia de que nos nossos bares, todos os<br />
nossos produtos estão em perfeitas condições<br />
três palcos principais e dois<br />
secundários, vários bares, áreas de restauração<br />
e artesanato. Paulo Moita reconhece que “do<br />
lado do festival, o mais importante em termos<br />
logísticos é a coordenação entre todas estas<br />
áreas de forma a termos tudo pronto a tempo”.<br />
Contudo, nem sempre tudo corre como<br />
planeado e a questão do imprevisto é algo que<br />
o MUSA já presenciou. Duas vezes. O membro<br />
da direcção criativa refere que, por vezes, basta<br />
um avião perdido e a actuação da banda/artista<br />
fica comprometida.<br />
“Às vezes é possível contratar outro artista<br />
em cima da hora, nestas situações tem de haver<br />
algum compromisso em relação ao material<br />
técnico necessário, porque pode não estar<br />
disponível num prazo tão apertado. Outras<br />
vezes não é mesmo possível, e o festival<br />
tem de assumir, mesmo quando não tem<br />
responsabilidade nenhuma da falta do artista”,<br />
sublinha.<br />
A logística por vezes também falha e quando<br />
isso acontece compreende-se a sua importância.<br />
Se falha pode comprometer, por exemplo, um<br />
festival, mas se tudo correr como devido, o<br />
sucesso é garantido. A sua principal característica<br />
é o facto de não podermos viver sem ela. •
SCM Supply Chain Magazine 35
36<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
Texto: Ana Paiva<br />
QUAL O IMPACTO<br />
DA INTELIGÊNCIA<br />
ARTIFICIAL<br />
E MACHINE LEARNING<br />
NO PROCUREMENT?<br />
A<br />
função de um profissional de compras<br />
tem sempre por base a redução de custos<br />
junto dos fornecedores. Certo? Pois bem.<br />
Neste sentido, surge a tecnologia digital que,<br />
dependendo da perspectiva, pode, ou não,<br />
facilitar o seu trabalho, ou acabar com ele.<br />
Este é um medo que os profissionais da<br />
área enfrentam na era da inteligência artificial<br />
e machine learning. Considerando todos os<br />
factores, não fará mais sentido entregar a tarefa<br />
a um sistema que tem a capacidade de processar<br />
mais dados do que 100 pessoas? Vejamos.<br />
O volume de dados continua a crescer e,<br />
actualmente, os profissionais de compras<br />
precisam de recorrer a várias fontes de<br />
inteligência, dos próprios fornecedores, além<br />
de dados financeiramente independentes ou<br />
relatórios de notícias.<br />
Segundo Sammeli Sammalkorpi,<br />
co-fundador do procurement analytics<br />
software Sievo, “as organizações de compras<br />
ainda não aprenderam como explorar esses<br />
diferentes tipos de dados”.<br />
A inteligência artificial e o machine learning<br />
são adequados a este desafio, e a previsão<br />
para o futuro neste âmbito é, precisamente,<br />
a colaboração entre os profissionais e a<br />
tecnologia, no que diz respeito a compras e<br />
gestão de fornecedores.<br />
As máquinas são altamente eficazes para<br />
realizar tarefas mais complexas que envolvem<br />
problemas bem definidos. Além disso, estão<br />
sempre prontas a utilizar e envolvem um baixo<br />
custo de operação quando comparados ao<br />
salário e aos benefícios de um trabalhador.<br />
Num determinado momento, o gestor<br />
precisa de intervir. Os profissionais deste<br />
sector têm uma melhor capacidade<br />
de avaliar os seus principais fornecedores.<br />
Por enquanto, o “machine learning ainda não<br />
é suficientemente fiável para gerar decisões”,<br />
refere Sammalkorpi. Reforçando, explica<br />
que é necessário manter os trabalhadores<br />
no circuito para as tomadas de decisão para,<br />
numa fase posterior, não culpar a máquina<br />
por eventuais erros.
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
PROCUREMENT<br />
Informação<br />
e criação de valor<br />
Tudo isto pressupõe que se possa incorporar<br />
uma nova tecnologia nas operações de<br />
compras. No entanto, um estudo da Forrester<br />
Consulting, sugere que este está longe de ser<br />
o cenário. Através de um índice de maturidade<br />
digital para avaliar o progresso das empresas<br />
na adopção de tecnologia no processo de<br />
compras, o estudo aponta que a maioria está<br />
a subestimar significativamente o seu nível de<br />
maturidade nesse aspecto.<br />
65% das empresas inquiridas consideram-se<br />
“avançadas”, enquanto que 16% detinham o<br />
nível necessário de maturidade digital nas<br />
suas operações de compras.<br />
Um dos problemas descritos no estudo é o<br />
facto de muitas empresas fazerem escolhas<br />
iniciais precárias na selecção de tecnologia<br />
de compras. 82% das empresas mudaram<br />
ou consideram mudar de fornecedor de<br />
tecnologia, apontando os baixos níveis de<br />
integração como justificação.<br />
“Os líderes de compras têm a oportunidade<br />
de oferecer uma verdadeira vantagem<br />
competitiva às suas organizações.<br />
A transformação digital é fundamental para<br />
o sucesso, mas requer uma avaliação realista<br />
da maturidade actual, uma visão clara de cada<br />
etapa e da tecnologia certa”, afirma David<br />
Khuat-Duy, Director-Executivo da Ivalua.<br />
Tudo isto sugere que a adequada<br />
implementação da tecnologia na forma de<br />
inteligência artificial e machine learning<br />
está longe de afastar os humanos da função<br />
de compras, mesmo que o objectivo seja<br />
melhorar as operações. •<br />
A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL<br />
É FUNDAMENTAL PARA<br />
O SUCESSO, MAS REQUER<br />
UMA AVALIAÇÃO REALISTA<br />
DA MATURIDADE ACTUAL
38<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Aprender a<br />
responder aos riscos<br />
Texto: Ana Paiva<br />
GESTÃO DE RISCO<br />
O QUE DEVE SABER PARA ELABORAR UM PLANO DE CONTINGÊNCIA<br />
Por norma, associam-se “planos de<br />
contingência” a acontecimentos<br />
relacionados com catástrofes naturais.<br />
No entanto, também é necessário existir<br />
um plano de emergência para eventuais<br />
problemas que possam surgir dentro<br />
da sua empresa.<br />
Este ‘backup plan’ pode prepará-lo para<br />
determinados constrangimentos, como a perda de<br />
dados, de equipa ou de relações comerciais. Assim,<br />
consideramos importante implementar um plano<br />
deste tipo para ser aplicado nos momentos difíceis<br />
de uma empresa, por isso, enumerámos alguns<br />
processos que deve ter em conta.<br />
A realização de uma avaliação de risco<br />
completa é um dos passos a seguir para<br />
enfrentar os riscos e saber lidar com eles.<br />
Em primeiro lugar, é importante identificar<br />
as operações críticas para os negócios.<br />
São esses os processos e funções principais para
SCM Supply Chain Magazine 39<br />
a empresa funcionar da melhor maneira. De<br />
seguida, é necessário identificar as ameaças que<br />
podem vir a prejudicar as operações, tais como<br />
falhas técnicas, perda de pessoal, entre outras.<br />
Uma estratégia que pode ser adoptada<br />
para analisar o impacto de cada risco e<br />
prever as probabilidades de, efectivamente,<br />
acontecerem é a criação de gráficos de<br />
impacto, revelando as ameaças que criam<br />
despesas à organização.<br />
O plano de contingência funciona como<br />
uma resposta ao risco. Contudo, em alguns<br />
casos, pode ser mais rentável enfrentá-lo<br />
de outras maneiras, como investir em novos<br />
equipamentos para prevenir as falhas técnicas<br />
ou comprando uma apólice de seguro.<br />
Se pretender realmente criar um plano<br />
B, registe alguns dos elementos que deve<br />
Plano A<br />
Plano B<br />
incluir. Deve, então, consultar os gráficos de<br />
avaliação de risco e impacto e seleccionar<br />
alguns cenários, como ataques cibernéticos,<br />
PUB
40<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
OS PLANOS DE<br />
CONTINGÊNCIA SÃO<br />
UMA PARTE FUNDAMENTAL<br />
DA GESTÃO DE RISCO<br />
DE UMA ORGANIZAÇÃO.<br />
ausências prolongadas de membros<br />
da equipa, perda de fornecedores ou falhas<br />
de energia. De seguida, especifique as<br />
situações em que é provável aplicar o plano de<br />
contingência. Numa fase posterior, deve incluir<br />
uma visão geral da estratégia que irá adoptar<br />
em forma de resposta ao problema.<br />
Por fim, indique o que deve ser feito na<br />
primeira hora, dia e semana do plano que está<br />
a ser implementado.<br />
Ao desenvolver o plano de emergência<br />
lembre-se de que o objectivo principal<br />
é manter ou restaurar operações críticas<br />
de negócios.<br />
Para que a funcionalidade das operações<br />
não seja afectada, comece por envolver o staff.<br />
Os intervenientes dos diferentes<br />
departamentos podem aconselhá-lo sobre<br />
o impacto de eventuais problemas nas<br />
operações, na equipa ou com recursos.<br />
Aproveite esta vantagem e partilhe o seu<br />
plano com os trabalhadores, pois podem<br />
oferecer feedback importante. Caso seja<br />
possível, realize exercícios para avaliar a<br />
eficácia do seu plano.<br />
O plano B pode, por vezes, não se mostrar<br />
muito atractivo, pois já investiram muito num<br />
plano A ou entendem que os riscos são baixos e<br />
não vêem necessidade para a sua criação.<br />
Para dar a volta a esta resistência, enfatize a<br />
sua importância e as consequências de não<br />
existir um plano deste tipo.<br />
Quando estiver a criar o seu plano de<br />
contingência, certifique-se de que usa uma<br />
linguagem simples porque não sabe quando<br />
será usado nem quem o irá ler. Pela mesma<br />
razão, utilize cargos ou funções em vez de<br />
nomes ao atribuir as responsabilidades.<br />
Por último, o plano deve ser revisto e<br />
actualizado regularmente, pois podem ocorrer<br />
mudanças tecnológicas, operacionais ou de<br />
pessoal na empresa em questão.<br />
Os planos de contingência são uma parte<br />
fundamental da gestão de risco de uma<br />
organização. Estes ajudam a garantir a<br />
existência de uma opção de ‘backup’ quando<br />
algo ocorre de maneira inesperada. •<br />
Gestão<br />
de<br />
Risco
PROCUREMENT ÉTICO<br />
MARCA A DIFERENÇA<br />
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
PROCUREMENT<br />
Rigor e standards<br />
éticos<br />
Uma das partes mais complicadas do<br />
processo de compra é ver para além da<br />
linha do horizonte, o que está para além<br />
do nosso fornecedor e que por vezes não é tão<br />
visível. Ainda pelo mundo existem diversos<br />
casos de más condições de trabalho e de<br />
exploração dos trabalhadores que quando<br />
chegam a público afectam bastante as<br />
empresas aos olhos dos seus clientes.<br />
Grandes empresas, e especialmente<br />
multinacionais, têm vindo a apostar na<br />
rastreabilidade e na visibilidade total<br />
da sua cadeia como forma de aposta na ética<br />
de trabalho.<br />
Graças à tecnologia, hoje as linhas entre o<br />
lucro e a consciência social já não estão tão<br />
facilmente definidas, acompanham-se e são<br />
ambas necessárias para as empresas.<br />
A ética social e ambiental já está presente nas<br />
preocupações das empresas, mas em 2016,<br />
segundo dados da Organização Internacional<br />
do Trabalho (OIT), ainda 40 milhões de<br />
trabalhadores por todo o mundo estavam em<br />
casos de escravidão moderna, dos quais<br />
25 milhões em trabalho forçado, e ainda<br />
dentro destes, 16 milhões incluíam-se no<br />
sector privado. Isto não contando os 152<br />
milhões de crianças em exploração infantil,<br />
sendo que quase metade entre os 5 e os<br />
11 anos.<br />
O procurement ético procura combater<br />
este tipo de abusos laborais, pelo que a<br />
aquisição deve ser feita entre pessoas<br />
e não entre produtos e serviços.<br />
Trata-se de um negócio de pessoas, pois<br />
afecta – para bem ou para mal – vidas<br />
e meios de subsistência de cidadãos do<br />
mundo, mas por vezes ao negociarmos<br />
internacionalmente, esta questão poderá<br />
escapar-nos facilmente ao lado.<br />
“Aplicar standards éticos rigorosos para<br />
a sua supply chain não é apenas sobre<br />
conformidade ou preencher documentos<br />
necessários, mas sim implementar uma boa<br />
gestão e prevenir a exploração de seres<br />
humanos pelo mundo para obter lucro”,<br />
explica Cath Hill, directora de grupo no<br />
Chartered Institute of Procurement & Supply.<br />
Por vezes há ainda uma tensão comercial<br />
e cultural entre as normas éticas e legais,<br />
e Martin Buttle, strategic lead for general<br />
marchandise no Ethical Trading Institute<br />
(ETI), considera que mesmo “uma empresa<br />
que cumpra as leis locais de um país pode<br />
continuar a estar a quebrar os standards<br />
mínimos impostos internacionalmente.<br />
O Guia de Princípios nas Empresas e nos<br />
Recursos Humanos das Nações Unidas explica<br />
que estas têm a responsabilidade de respeitar<br />
os direitos humanos, mesmo em países onde<br />
a lei nacional é fraca, ou mal aplicada”.<br />
É possível manter o abastecimento<br />
de produtos, aumentar a qualidade e a<br />
produtividade e melhorar a reputação de uma<br />
empresa através dos seus clientes, pois estes<br />
podem influenciar positiva ou negativamente<br />
uma marca, seja a nível pessoal, seja também<br />
entre familiares e amigos. •
42<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
DIGITAL, FLEXÍVEL<br />
E ECOLÓGICA:<br />
ESTA É A FUTURA<br />
FÁBRICA DA<br />
MERCEDES-BENZ<br />
A fábrica autónoma da Mercedes-Benz<br />
combina três vertentes do 4.0: é<br />
consistentemente digital, flexível e ecológica.<br />
Localizada em Sindelfingen, na Alemanha,<br />
a 20km da sede da Daimler, a fábrica mais<br />
evoluída do mundo irá começar a operar no<br />
início da próxima década, construindo carros<br />
e veículos eléctricos de classe superior e de<br />
luxo, bem como Robotaxis.<br />
Texto: Fábio Santos<br />
A<br />
“Factory 56” seria a resposta europeia<br />
à área 51 dos Estados Unidos, segundo<br />
conta o mito da tecnologia alienígena,<br />
pois para além da parecença nos seus nomes,<br />
a primeira impressão que nos dá é a mesma<br />
de um filme de ficção científica. Esta avançada<br />
fábrica de automóveis é a mais moderna do<br />
mundo, tendo uma linha de produção alinhada<br />
ao 4.0 que marca toda uma nova ideia do<br />
que é a construção de carros e que os filmes<br />
retratam tão bem.<br />
São 220.000 metros quadrados de tecnologia<br />
inovadora que prometem reinventar a produção<br />
de automóveis e que estarão operacionais<br />
já a partir do próximo ano, dedicando-se à<br />
produção de veículos ligeiros de passageiros e<br />
veículos eléctricos dos segmentos superior e de<br />
luxo (que já incluem a nova geração do Classe<br />
S), bem como o primeiro modelo eléctrico da<br />
marca de produtos e tecnologia EQ “made in<br />
Sindelfingen”.<br />
HUMANIZAÇÃO DA AUTOMAÇÃO<br />
Na Factory 56, embora seja uma fábrica 4.0<br />
com uma grande componente automática, o ser<br />
humano está no centro de todas as actividades:<br />
“a experiência, a flexibilidade e os altos níveis<br />
de motivação dos nossos colaboradores são<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Factory 56<br />
supply.pdf 1 03/09/19 13:28<br />
PUB
44<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
a chave para o nosso sucesso”, revela a empresa.<br />
A utilização de monitores e PDAs como<br />
suporte tecnológico para cada trabalhador será<br />
uma das apostas da empresa, facilitando o seu<br />
trabalho.<br />
Relativamente às melhorias para o modo de<br />
vida das pessoas, encontra-se em teste o Pool<br />
of Shift Employees, uma forma de fornecer ao<br />
empregado maior flexibilidade para alterar<br />
o seu horário laboral e poder conciliar a sua<br />
vida pessoal e profissional através de uma<br />
aplicação móvel, para que a situação pessoal<br />
do trabalhador possa ser tida em conta mais<br />
facilmente. O objectivo é que as pessoas<br />
estejam mais felizes e consigam ter uma melhor<br />
qualidade de vida pessoal e profissionalmente.<br />
Segundo revela a Mercedes-Benz, os<br />
colaboradores também “operam em estações<br />
de trabalho ergonómicas e são idealmente<br />
assistidos nas suas tarefas por ferramentas<br />
digitais”, explicando que o foco incide<br />
na utilização de tecnologia inteligente e<br />
flexível. Um dos sistemas de suporte para<br />
os trabalhadores será o uso de vários AGVs<br />
(Automated Guided Vehicles) para dar apoio à<br />
linha de montagem, assegurando o contínuo<br />
fornecimento de peças, com identificação RFID<br />
para que possam ser rastreados digitalmente e<br />
interligados.<br />
Através da utilização de curtas<br />
distâncias a fábrica consegue<br />
o máximo desempenho da rede 5G,<br />
para além de manter as informações<br />
de produção longe de terceiros.<br />
TECNOLOGIA DE PONTA<br />
ALIADA À PRODUÇÃO<br />
De modo a facilitar esta cooperação<br />
inteligente entre o homem e a máquina,<br />
que é uma peça importante para o bom<br />
funcionamento da indústria, a fábrica foi<br />
totalmente equipada com a primeira rede 5G<br />
aplicada à produção automóvel do mundo,<br />
fruto de uma parceria feita entre a empresa<br />
e as Telefónica Deutschland e Ericsson.<br />
A Daimler explica que este sistema permite<br />
um fluxo de trabalho aprimorado tanto<br />
para as máquinas como para os<br />
colaboradores, e que actuará dentro<br />
de uma rede de 20.000 m2, permitindo<br />
a transmissão rápida e segura de dados,<br />
com um alto nível de confiabilidade.<br />
Entre outras vantagens esperadas, são<br />
apontadas a conexão dos dados, a localização<br />
dos produtos na linha de montagem e<br />
adaptações de curto prazo aliadas às<br />
exigências do mercado actual.
SCM Supply Chain Magazine 45<br />
“Com a instalação de uma rede 5G local, a<br />
ligação entre os sistemas de produção e as<br />
máquinas nas fábricas Mercedes-Benz Cars<br />
será ainda mais inteligente e mais eficiente<br />
no futuro. Isto cria novas oportunidades<br />
de produção completamente diferentes”,<br />
comenta Joerg Burzer, membro do Conselho<br />
de Administração da Mercedes-Benz Cars,<br />
Produção e Supply Chain.<br />
Após esta experiência pioneira, a Daimler<br />
já avançou que tenciona aplicar estes<br />
conhecimentos nas operações de outras<br />
fábricas da Mercedes-Benz Cars.<br />
EM TERMOS DE PESQUISA,<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
E MESMO PRODUÇÃO,<br />
UMA REDE 360º SIGNIFICA<br />
QUE EXISTE UMA<br />
COMUNICAÇÃO MAIS<br />
RÁPIDA E TRANSPARENTE<br />
POR TODA A CADEIA.<br />
TECLINES<br />
Graças a esta tecnologia, a tradicional linha<br />
de produção será substituída por ‘TecLines’:<br />
sistemas de transporte autónomo para<br />
determinados pontos da linha de produção,<br />
como por exemplo no início da linha de corte.<br />
A empresa explica que ao redefinir os<br />
percursos dos sistemas de transporte<br />
autónomos é possível mudar de uma operação<br />
de montagem para uma operação cíclica, onde<br />
o veículo permanece na mesma posição e não é<br />
continuamente movido ao longo de toda a linha.<br />
Toda a fábrica foi projectada sob a ideia<br />
de flexibilidade, de modo a que possam ser<br />
feitas alterações no decorrer das operações ou<br />
aumentar a produção conforme seja necessário,<br />
para a preparar para o futuro e sem que haja<br />
com isso perdas nas necessidades do momento.<br />
“Ao combinarmos uma linha de montagem<br />
com as ‘TecLines’, por um lado temos uma<br />
instalação de grande eficiência para produção<br />
em massa à nossa disposição, enquanto<br />
por outro lado ganhamos flexibilidade para<br />
ajustar a nossa produção sem grande esforço<br />
ou interrupção no decorrer das operações”,<br />
explica Markus Schäfer, membro do Conselho<br />
de Administração da Mercedes-Benz Cars,<br />
Produção e Supply Chain.<br />
COLOCANDO O ECO NA PRODUÇÃO<br />
Uma das principais características da Factory<br />
56 é “dar vida ao termo ‘produção verde’ “.<br />
Existe uma grande preocupação por parte da<br />
empresa com a sustentabilidade ambiental e a<br />
eficiência energética, pelo que na fábrica alemã<br />
poderemos encontrar um sistema fotovoltaico<br />
instalado no tecto, que produz electricidade<br />
e permite uma redução anual da energia<br />
consumida a partir da rede eléctrica em cerca<br />
de 5,000 MWh.<br />
Como outra forma de poupar energia, a<br />
fábrica tem uma construção translúcida e<br />
aberta das instalações da linha de montagem,<br />
proporcionando um ambiente de trabalho<br />
agradável para os trabalhadores em horário<br />
diurno, sendo ainda possível regular a<br />
temperatura interior até sete graus abaixo<br />
da exterior para melhor conforto dos<br />
colaboradores.
46<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
PUB<br />
As emissões de CO2 serão ainda reduzidas<br />
em cerca de 75%, quando comparadas com as<br />
da actual produção do Classe S graças a uma<br />
fonte de energia livre de CO2. Sabe-se ainda<br />
que até 2022 a empresa planeia implementar<br />
este sistema ecológico em todas as fábricas da<br />
Mercedes-Benz Cars.<br />
APOSTA TECNOLÓGICA FUTURISTA<br />
As ferramentas digitais também são utilizadas<br />
para o desenvolvimento e produção, como<br />
é o caso da utilização da realidade virtual<br />
nos processos de produção, em que estes<br />
são visualizados e optimizados através da<br />
ferramenta, mesmo antes de existir um local<br />
de produção. Deste modo é possível até mesmo<br />
testar virtualmente as próprias estações de<br />
trabalho e os seus processos, para serem<br />
projectados ergonomicamente.<br />
A Daimler explica ainda que é possível<br />
garantir uma elevada transparência e<br />
assistência durante o planeamento e controlo<br />
de produção, bem como na garantia de<br />
qualidade, através da Inteligência Artificial,<br />
Análise de Big Data e Manutenção Preditiva.<br />
“Juntamente com os nossos fornecedores,<br />
usamos os benefícios do Track & Trace, por<br />
exemplo, o que permite que os transportadores<br />
de carga sejam rastreados digitalmente por<br />
todo o mundo. O Track & Trace permite<br />
antecipar discrepâncias na supply chain e que<br />
tenhamos um tempo de reacção mais rápido”,<br />
revela a fonte, acrescentando que desde os<br />
fornecedores, passando pelo desenvolvimento,<br />
design e produção até ao cliente final, todos<br />
fazem parte desta rede 360 graus.<br />
“A Factory 56 em Sindelfingen é o modelo<br />
para todas as nossas futuras linhas de<br />
montagem de veículos em todo o mundo – e<br />
isso aplica-se tanto às nossas fábricas como às<br />
suas novas localizações”, conclui Schäfer. •<br />
Factory 56
SCM Supply Chain Magazine 47
48 AGOSTO <strong>2019</strong><br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Texto: Dora Assis<br />
FRULACT<br />
REVOLUCIONA SUPPLY CHAIN<br />
Metodologia Demand<br />
Driven MRP<br />
A Frulact deu um passo estratégico que lhe<br />
permitiu uma redução de 2 milhões de euros<br />
de inventário, num intervalo de tempo de 5<br />
meses. Como? Implementando os princípios<br />
básicos da metodologia Demand Driven<br />
MRP (DDMRP).<br />
ODemand Driven MRP foi desenvolvido por<br />
Carol Ptak e Chad Smith, os fundadores<br />
do Demand Driven Institute e é um<br />
método de planeamento pensado e projectado<br />
para responder às necessidades do mercado<br />
moderno.<br />
Rogério Silva, Executive Director da Frulact,<br />
fala-nos da experiência de implementação<br />
desta metodologia e dos ganhos alcançados<br />
para a cadeia de abastecimento deste<br />
fornecedor de peso da indústria agro-alimentar.<br />
Em que contexto surgiu a necessidade de<br />
desenvolver na Frulact este projecto de<br />
Demand Driven MRP (DDMRP)?<br />
Rogério Silva - A Frulact tem operações<br />
industriais em França, Portugal, Marrocos,<br />
África do Sul e Canadá, de onde exporta para<br />
dezenas de países. No seu portefólio constam<br />
cerca de 2000 Skus de produto acabado e 1800<br />
de matérias-primas. Como em qualquer outra<br />
empresa do sector alimentar, a perecibilidade<br />
dos materiais acrescenta dimensões de<br />
complexidade à gestão de stocks que podem<br />
fazer a empresa incorrer em perdas com<br />
alguma facilidade. Por outro lado, pelo facto<br />
de a grande maioria das matérias-primas<br />
serem frutas, cada uma com o seu factor de<br />
sazonalidade, acrescenta outros desafios a esta<br />
gestão.<br />
Num contexto de mercado onde além da<br />
inovação tudo tem que ser cada vez mais<br />
“curto”, seja o ciclo de vida dos próprios<br />
produtos, os lead-times, prazos de validade,<br />
lotes de produção e até o preço de venda, a<br />
definição de um correcto nível de stocks de<br />
matérias-primas para responder às encomendas<br />
dos clientes com um<br />
nível de serviço aceitável<br />
pelo cliente, torna-se<br />
fundamental para que a<br />
empresa continue a ser<br />
rentável.<br />
As principais dificuldades estão<br />
sempre em avaliar as situações<br />
de excepção
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
Objectivamente, em que consistiu o projecto?<br />
O aprovisionamento das matérias-primas era<br />
feito com recurso ao tradicional MRP, só que,<br />
para responder a lead-times solicitados pelos<br />
clientes, entre 2 a 3 semanas, e com lead-times<br />
de fornecedores a dependerem de sazonalidade<br />
e poderem chegar a 9 meses, as necessidades<br />
que alimentam o MRP eram as previsões de<br />
vendas. Ora, numa indústria tão inovadora<br />
e com um mercado tão mutável, acertar nas<br />
previsões de vendas é cada vez mais difícil.<br />
Este exercício baseado no algoritmo de<br />
MRP, amplificava os erros de previsão<br />
com consequências em excesso de stock<br />
numas matérias-primas e roturas noutras. A<br />
metodologia tem como primeiro objectivo<br />
definir e proteger os níveis de stock desejados<br />
(buffers) para evitar roturas. Uma vez bem<br />
dimensionados esses buffers, começamos a<br />
ter uma percepção da qualidade do stock, isto<br />
é, que stocks temos e precisamos (situação<br />
ideal), que stocks temos mas não precisamos<br />
(excessos de stocks), que materiais precisamos<br />
mas não temos ou temos muito pouco...<br />
Percebe-se então que a metodologia dá mais<br />
importância à procura real do que às previsões<br />
de consumos. Assim, o projecto consistiu<br />
em entender a metodologia com a formação<br />
adequada a todos os aprovisionadores e<br />
gestores de stocks, definir e documentar os<br />
critérios variáveis relevantes para a definição<br />
dos níveis de stock e níveis de serviço,<br />
introdução de um software comercial que<br />
implementa a metodologia e respectiva<br />
integração com o ERP corporativo.<br />
Que melhorias e/ou resultados esperam<br />
alcançar?<br />
O facto da metodologia estar sistematizada<br />
num software, permite que os buffers sejam<br />
redimensionados dinamicamente fazendo com<br />
que os aprovisionadores reajam diariamente<br />
a situações de excepção. Por exemplo, hoje<br />
podemos ter uma matéria-prima com excesso<br />
de stock, mas pelo facto de ter entrado uma<br />
encomenda de cliente atípica, pode levar a que<br />
a matéria-prima passe imediatamente para<br />
um nível muito baixo. O aprovisionador reage<br />
imediatamente a estas situações minimizando<br />
os riscos de rotura.<br />
Este constante alinhamento dos níveis de stock<br />
à procura real, teve como consequência uma<br />
redução dos níveis de stock em cerca de 13%<br />
apenas em 4 meses de exploração. Por outro<br />
lado, os aprovisionadores passaram a ter todos,<br />
sem excepção, uma metodologia e critérios<br />
de gestão de stocks bem documentados,<br />
sistematizados num software e que é comum a<br />
todas as unidades do grupo.<br />
Quais foram as maiores dificuldades que<br />
encontraram e como foram ultrapassadas?<br />
A metodologia/ferramenta não são perfeitas<br />
porque nenhuma actividade industrial é<br />
perfeita. Existem sempre situações de<br />
excepção, sendo que neste projecto as<br />
principais dificuldades estão sempre em avaliar<br />
correctamente as situações de excepção e<br />
enquadrá-las na ferramenta e não cair na<br />
tentação de as gerir “ao lado” do sistema, em<br />
folhas de excel pessoais que rapidamente se<br />
tornam no repositório principal da informação.<br />
O aprovisionador continua a ter um papel<br />
fundamental na colocação da encomenda, uma<br />
vez que a sua experiência e a sua percepção<br />
de variáveis não reflectidas no algoritmo são<br />
muito importantes para tomar a última decisão<br />
de encomenda. Não fosse a imperfeição<br />
da nossa actividade e esta tarefa seria<br />
completamente automatizada. •
50<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
TECNOLOGIAS<br />
Bruno Silva [Managing Director da Medway]<br />
Optimizar gestão<br />
da operação de frota<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Bruno Simões [Senior Project Manager da ROFF]<br />
MEDWAY<br />
APOSTA NA<br />
DIGITALIZAÇÃO<br />
A ferroviária Medway, pertencente ao Grupo<br />
MSC, sentiu a necessidade de actualizar<br />
os seus serviços e investir na digitalização<br />
dos seus processos. O investimento feito na<br />
nova solução SAP, em parceria com a ROFF,<br />
abrangeu todos os sectores da empresa e<br />
trouxe ganhos consideráveis, tanto interna<br />
como externamente, tendo um impacto<br />
global em toda a organização.<br />
D<br />
esde a compra da CP Carga, oficializada<br />
no início de 2016, que a Medway ainda<br />
tem utilizado diversos processos e<br />
serviços utilizados anteriormente pela<br />
ferroviária pública, e que para além de não<br />
serem completamente integráveis com os<br />
seus, hoje já se encontravam desactualizados.<br />
Como forma de melhorarem os seus serviços<br />
internos e externos, houve uma aposta na<br />
digitalização destes processos, procurando não<br />
só melhorá-los para os clientes, mas também<br />
para a própria Medway, que desde a sua<br />
privatização já investiu 25,4 milhões de euros,<br />
dos quais 2,1 foram dedicados à informática.<br />
A solução encontrada passou por uma<br />
implementação integrada em SAP, já utilizada<br />
pelo Grupo MSC, que fora confiada à ROFF,<br />
parceira do Grupo há vários anos.<br />
O ANTES<br />
Segundo explica Bruno Silva, Managing<br />
Director da Medway, 70% dos sistemas<br />
utilizados pela empresa ainda pertenciam<br />
à CP, e não era possível actualizá-los para<br />
que pudessem suportar os novos processos<br />
da Medway, nem adaptá-los às novas
SCM Supply Chain Magazine 51<br />
necessidades. Por serem incompatíveis com<br />
os restantes sistemas tinham de ser tratados<br />
manualmente, existindo ainda vulnerabilidades<br />
críticas de segurança e não sendo garantido o<br />
controle de confidencialidade e integridade da<br />
informação Medway. Tratavam-se de “sistemas<br />
obsoletos e sem suporte, descontinuados e<br />
sem alternativas identificadas”, caracteriza o<br />
responsável da empresa.<br />
“As principais necessidades da Medway<br />
prendiam-se com a optimização da gestão de<br />
operação de frota, entrega e armazenamento”,<br />
explica Bruno Simões, Senior Project Manager<br />
da ROFF.<br />
A Medway esperava conseguir uma<br />
renovação do parque informático e da rede<br />
de dados, digitalizar os postos de trabalho<br />
operacionais, implementar ferramentas<br />
colaborativas e um novo data center e ainda<br />
integrar as bases de dados. Em suma, “novas<br />
aplicações digitais que permitam um avanço<br />
tecnológico na cadeia de valor da operação<br />
Medway”, explica Bruno Silva.<br />
“Com a solução de Computador<br />
de Bordo em Mobilidade<br />
e o Portal de Clientes com<br />
Track & Trace, a Medway,<br />
seus clientes e parceiros passaram<br />
a ter uma visão global e integrada<br />
de toda a operação<br />
em tempo real”<br />
SOLUÇÃO<br />
Como resposta a estas necessidades, a<br />
ROFF apresentou uma solução baseada<br />
na implementação do ERP SAP, com<br />
desenvolvimentos específicos para cobrir a<br />
operacionalidade do negócio ferroviário. Em<br />
acréscimo, foram ainda desenvolvidas soluções<br />
de mobilidade para garantir tanto o fluxo<br />
operacional no terreno como um sistema de<br />
rastreabilidade para os clientes, que passaram<br />
a poder acompanhar as suas cargas em tempo<br />
real. Em termos de plataforma tecnológica, foi<br />
implementado o sistema SAP Suite ON HANA,<br />
com a adição das componentes SAP AIF / SAP<br />
PO e SAP UI5.<br />
“Com a solução de Computador de Bordo<br />
em Mobilidade e o Portal de Clientes com<br />
Track & Trace, a Medway, seus clientes e<br />
parceiros passaram a ter uma visão global e<br />
integrada de toda a operação em tempo real e<br />
eficiência logística em toda a cadeia”, explica o<br />
responsável.<br />
Bruno Simões também explica que este<br />
sistema “só por si garante uma integração<br />
ao nível dos módulos mais importantes<br />
na organização de uma grande empresa”,<br />
englobando ainda áreas como as compras,<br />
vendas ou finanças, e que o acréscimo de um<br />
módulo de manutenção permitiu à empresa<br />
controlar e manter o material motor e<br />
circulante, sendo este “de extrema importância<br />
para a actividade da Medway”.
52<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
O sistema SAP permitiu ainda a integração<br />
com outros módulos existentes, o que antes<br />
não acontecia, e que fez com que toda a parte<br />
operacional que acompanha a execução física<br />
de um comboio fosse controlada. “Desde o<br />
pedido de horário, à realização da incorporação<br />
do material circulante, bem como à marcação<br />
das estações por onde o comboio passa, tudo<br />
é controlado em tempo real através desta<br />
implementação”, revela o responsável.<br />
No final, todos os sectores da empresa foram<br />
abrangidos pela nova implementação. Tratouse<br />
de uma solução cross-company, abrangendo<br />
áreas de compras, vendas, manutenção,<br />
operação no terreno e até serviço de apoio<br />
ao cliente: uma reformulação total ao nível<br />
de plataformas tecnológicas e que teve um<br />
impacto global em toda a organização da<br />
Medway.<br />
DIFICULDADES SENTIDAS<br />
As maiores barreiras para a implementação<br />
do ERP apontadas pela tecnológica foram<br />
a existência de muitos sistemas satélites<br />
obsoletos, sistemas que alavancavam uma forte<br />
departamentalização organizacional e o timing<br />
definido, que para além de ter que ter em<br />
conta as dificuldades anteriores, também não<br />
poderiam parar as operações de transporte, o<br />
que tornou a sua aplicação muito mais morosa<br />
e dificultada.<br />
“Contamos sobretudo com uma equipa muito<br />
motivada, a trabalhar em forte parceria com a<br />
equipa Medway, que permitiu ultrapassar todas<br />
as dificuldades sentidas. Foi este o verdadeiro<br />
factor para o sucesso do projecto” – Bruno<br />
Simões, ROFF.<br />
RESULTADOS<br />
Bruno Silva comenta que os resultados deste<br />
investimento foram positivos, e que “a solução<br />
SAP permitiu responder às nossas ambições,<br />
uma solução aplicacional que integrasse<br />
na globalidade os processos funcionais da<br />
Medway e assegurasse a fiabilidade, rapidez e<br />
integração da informação”.<br />
Entre as melhorias, a ferroviária conseguiu<br />
uma total autonomia da gestão dos sistemas,<br />
novas interfaces (novas plataformas JUP\JUL<br />
e interoperabilidade com diversos parceiros<br />
na área de IT), novo portal de clientes,<br />
aplicação e hardware para computadores de<br />
bordo e sistemas totalmente integrados para<br />
planeamento, CRM, produção e facturação.
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
Em termos da gestão das rotas, o maquinista<br />
tem agora um suporte tecnológico que lhe dá<br />
acesso a toda a “informação do plano do seu<br />
trajecto, com os locais por onde vai passar, a<br />
hora a que está planeada e, em tempo real,<br />
aquele que é o desvio face à hora a que estava<br />
planeada a passagem naquele local”. No<br />
fundo, o controlador passa a ter acesso a toda<br />
a informação essencial para a execução deste<br />
transporte “através de um clique”, e no caso<br />
de existir algum dado que esteja incorrecto, a<br />
ferramenta também permite que o operador o<br />
corrija.<br />
Do ponto de vista do cliente, foi<br />
desenvolvido um interface directo onde este<br />
consegue ter “acesso a todas as listagens<br />
dos comboios, introduzir aquilo que são as<br />
mercadorias para expedição, ter acesso às<br />
declarações de expedição desse comboio<br />
e acompanhar em tempo real onde estão<br />
todos os comboios que transportam a sua<br />
mercadoria”, revela Bruno Silva.<br />
“O computador de bordo permitiu elevar os<br />
processos operacionais das tripulações dos<br />
comboios para um patamar de excelência,<br />
conseguido interagir e ter acesso em tempo real<br />
a toda a informação necessária para a execução<br />
das suas tarefas durante a realização dos<br />
comboios. Por outro lado, o Portal de Clientes<br />
trouxe um upgrade relevante à informação de<br />
track & trace que era antes disponibilizada,<br />
permitindo saber o estados dos comboios e a<br />
localização em tempo real com uma solução<br />
visual bastante userfriendly”, explicou o<br />
Managing Director da Medway.<br />
A implementação requereu uma preparação<br />
por parte da Medway que começou dois anos<br />
antes, sendo os últimos 18 meses dedicados<br />
à implementação da ROFF. Foi no início de<br />
Dezembro que se deu o Go-Live, que necessitou<br />
de uma paragem por 24 horas, sendo que<br />
no dia-útil seguinte a Medway já conseguiu<br />
movimentar 90 dos 130 a 150 comboios<br />
habituais incorporados na plataforma.<br />
“Os resultados excederam as nossas<br />
expectativas. Sem dúvida que resultou de<br />
um esforço notório de toda a equipa da<br />
Medway envolvida e dos nossos parceiros<br />
que dedicaram todo o seu conhecimento e<br />
empenho para atingirmos estes sucesso. Creio<br />
que são raros os casos de empresas que correm<br />
o risco de uma alteração total de toda a sua<br />
arquitectura aplicacional num único momento<br />
e regozijarem-se por, no primeiro dia útil de<br />
operações após Go-Live dos sistemas, terem<br />
assegurado na nova arquitectura aplicacional<br />
cerca de 90% da sua actividade”, conclui<br />
Bruno Silva. •
54<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
O IMPACTO DA IOT<br />
NA SUPPLY CHAIN<br />
V<br />
ivemos nesta era que não se compadece<br />
com erros e ineficiências e em que o<br />
cliente, final ou não, é também ele cada<br />
vez mais exigente, inteligente e ligado. “O<br />
futuro já chegou e é smart”; é a expressão<br />
que passou a fazer parte do nosso quotidiano,<br />
supply chain incluída.<br />
Um estudo desenvolvido em conjunto pela<br />
DHL e pela Cisco Systems apontava que até<br />
2020 existirão mais de 50 mil milhões de<br />
dispositivos ligados à Internet e que do ponto<br />
de vista económico a Internet das Coisas (IoT)<br />
irá movimentar 8 triliões de dólares no decurso<br />
da próxima década, isto à escala mundial.<br />
Omnipresente na sociedade, essa presença<br />
também se vai fazendo sentir de forma<br />
crescente nos processos logísticos e gestão de<br />
armazéns e o seu potencial para revolucionar<br />
a gestão da supply chain é enorme, reduzindo<br />
os desperdícios ao longo da cadeia de<br />
abastecimento e facilitando um nível de<br />
eficiência difícil ou até mesmo impensável de<br />
ser alcançado há uns anos atrás.<br />
O QUE É A IOT?<br />
TECNOLOGIAS<br />
50 mil milhões de<br />
dispositivos<br />
Ligados à NET<br />
Texto: Dora Assis<br />
O conceito Internet das Coisas (Internet of<br />
Things) é simples: é a evolução tecnológica<br />
a ligar aparelhos, ferramentas e outros<br />
dispositivos à internet.<br />
O potencial? É enorme e com capacidade<br />
para fazer crescer a eficácia da cadeia de<br />
abastecimento ao integrar dados dos mais<br />
diferentes tipos através de softwares de<br />
logística em plataformas tecnológicas. O já<br />
mencionado estudo levado a cabo pela DHL e<br />
pela Cisco, apontava que a IoT vai movimentar<br />
1,9 trilião de dólares na próxima década apenas<br />
no que à cadeia de abastecimento e à logística<br />
diz respeito.<br />
Em suma, o resultado final poderá ser a soma<br />
de um mix do aumento de receitas e da redução<br />
de custos que serão gerados quando esta for<br />
uma prática comum no mercado e à maioria das<br />
empresas, ou seja, quando a internet e<br />
as redes expandirem as suas ligações aos<br />
centros logísticos e armazéns, ao transporte e<br />
distribuição de mercadorias e a todos os outros<br />
processos logísticos.<br />
Agora que a importância da IoT nos processos<br />
logísticos já está clara, vejamos quatro<br />
exemplos/áreas em que a Internet das Coisas já<br />
está a ajudar e a optimizar a supply chain.
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
» # 1 Stocks em tempo real<br />
A utilização de um sistema de RFID (Radio-Frequency IDentification ou, em português,<br />
Identificação por rádio-frequência) ajuda a optimizar os processos logísticos relacionados com<br />
stocks. O sistema é composto por etiquetas inteligentes que são colocadas nas mercadorias,<br />
também nas paletes e que contêm todas as informações necessárias sobre cada uma delas, além<br />
de uma antena que realiza a leitura do sinal e transfere a informação para um dispositivo que faz<br />
a leitura. Por meio das ondas de rádio que as etiquetas RFID emitem, é possível ter informação<br />
precisa sobre tudo o que está em stock. Os sistemas de rádio-frequência diminuem os processos<br />
manuais, mais lentos e propensos a falhas e erros humanos. Toda a localização e rastreamento<br />
dos produtos e/ou mercadorias acontecem de forma automática, melhorando a gestão e os<br />
ganhos no armazém.<br />
» # 2 Monitorização dos Armazéns<br />
A utilização de um sistema de RFID (Radio-Frequency IDentification ou, em português,<br />
Identificação por rádio-frequência) ajuda a optimizar os processos logísticos relacionados com<br />
stocks. O sistema é composto por etiquetas inteligentes que são colocadas nas mercadorias,<br />
também nas paletes e que contêm todas as informações necessárias sobre cada uma delas, além<br />
de uma antena que realiza a leitura do sinal e transfere a informação para um dispositivo que faz<br />
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25 Outubro.Carcavelos<br />
Nova School of Business and Economics<br />
TENDÊNCIAS, COMPETÊNCIAS E NOVAS FRONTEIRAS:<br />
DA INFORMAÇÃO À CRIAÇÃO DE VALOR<br />
SAIBA +<br />
https://www.supplychainmagazine.pt/eventos<br />
Organização
56<br />
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a leitura. Por meio das ondas de rádio que as etiquetas RFID emitem, é possível ter informação<br />
precisa sobre tudo o que está em stock. Os sistemas de rádio-frequência diminuem os processos<br />
manuais, mais lentos e propensos a falhas e erros humanos. Toda a localização e rastreamento<br />
dos produtos e/ou mercadorias acontecem de forma automática, melhorando a gestão e os<br />
ganhos no armazém.<br />
» # 3 Monitorização e Rastreabilidade das Mercadorias<br />
Em matéria de monitorização e rastreabilidade, a IoT já é uma realidade mais ou menos difundida<br />
na supply chain. O track&trace já foi conquistando o seu espaço na cadeia de abastecimento.<br />
Os veículos, quem os conduz e as mercadorias são acompanhadas em tempo real, sendo<br />
inclusivamente possível localizar com exactidão onde está exactamente o veículo e assim como<br />
a que velocidade circula.<br />
» # 4 Controlo total da frota<br />
Nos processos logísticos, o controlo e a gestão da frota são uma parte delicada mas também<br />
desafiadora. Com a chegada da IoT, problemas como avarias ou problemas com os veículos são<br />
imediatamente comunicados aos gestores que assim podem de forma quase automática tomar<br />
decisões, sejam elas correctivas, preventivas ou periódicas.<br />
Tudo aponta para o crescimento exponencial da IoT nos próximos anos. Quando se colocam nos<br />
pratos da balança as potencialidades e o mundo que ainda há a explorar nesta área da gestão da<br />
cadeia de abastecimento.<br />
Se se pode deixar alguma recomendação às empresas que pensam em adoptar a IoT nas suas<br />
operações é que comecem a desenvolver alguns estudos o quanto antes.<br />
A IoT não é uma moda e está mesmo para ficar. Hoje, a tecnologia é estratégica na vida das<br />
pessoas e das empresas e, acredite, que as que não se adaptarem, rapidamente serão deixadas<br />
para trás. •
SCM Supply Chain Magazine 57
58<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
Manuel José Gomes<br />
Consultoria Logística e distribuição<br />
TECNOLOGIAS<br />
Alibaba: o gigante<br />
tecnológico chinês<br />
UM EXPOENTE<br />
DE COEXISTÊNCIA<br />
DA LOJA FÍSICA<br />
COM O MEIO DIGITAL<br />
O<br />
Omnicanal é olhado como um novo<br />
formato de retalho em que o cliente<br />
dispõe duma experiência de compra<br />
que integra vários canais como online<br />
e lojas físicas, em que estas disponibilizam<br />
no mesmo espaço canais de compra<br />
alternativos por meio digital.<br />
Neste sentido, deveremos olhar para<br />
o projeto do gigante tecnológico chinês<br />
ALIBABA que desenvolveu uma rede de<br />
quase 100 lojas com a insígnia FRESHIPPO<br />
e que pode representar o expoente máximo<br />
de combinação entre loja física e venda<br />
eletrónica. Este projeto, assenta numa<br />
estratégia de coexistência competitiva do<br />
meio digital com a compra na loja física,<br />
mas ao mesmo tempo dispõe de importantes<br />
e disruptivas inovações, a maior das quais<br />
é a capacidade da própria loja servir a venda<br />
eletrónica, funcionando como um centro de<br />
distribuição, no qual são preparadas<br />
as encomendas online e servidas quase<br />
de imediato.<br />
Além da compra na plataforma eletrónica<br />
da Alibaba, o cliente na loja pode usar a<br />
app do grupo para a leitura do código de<br />
barras dos artigos da sua lista de compras,<br />
proceder à encomenda online, ter a refeição<br />
na loja e levar as compras já preparadas,<br />
ou optar por sair e receber as compras em<br />
casa. Os empregados percorrem a placa de<br />
vendas com sacos por cliente, para preparar<br />
os pedidos online, colocando-os num tapete<br />
rolante que seguem depois para um centro de<br />
entregas na loja. O pagamento é feito através<br />
da plataforma Taobao da Alibaba, que inclui<br />
também tecnologia de reconhecimento facial.<br />
Os clientes dentro dum raio de 3 km podem<br />
receber as suas compras num prazo de<br />
30 minutos. Um pilar do projeto é o conforto<br />
dos clientes e serviços ao frequentarem a loja<br />
física e ao mesmo tempo a disponibilidade
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
de compra online. São eliminadas as<br />
fronteiras entre a loja física e o mundo online,<br />
e o smartphone desempenha um papel<br />
fundamental na conexão com o consumidor.<br />
Como consumidores continuamos a não<br />
encontrar grande satisfação no ato de compra,<br />
em percorrer a loja, esperar para pagar e levar<br />
os sacos de compras para casa. O FRESHIPPO<br />
tem o foco em melhorar de forma disruptiva a<br />
experiência de compra na loja física, tornar as<br />
operações mais eficientes e eliminar as linhas<br />
que separam o meio físico tradicional do digital.<br />
A plataforma da Alibaba além de sistemas<br />
eletrónicos de pagamento, logística, análise<br />
de dados por IA, é também um meio para as<br />
marcas estarem no omnicanal por serviços de<br />
marketing e promoção. Mais de 500 milhões<br />
de consumidores usam a app Tmall da Taobao,<br />
o website para o retalho online B2C que a<br />
Alibaba desenvolveu.<br />
A China tem uma taxa de penetração da<br />
venda online de 16.6% atrás do Reino Unido,<br />
e os Estados Unidos, que estudamos as<br />
estratégias da Amazon e Wal Mart para o meio<br />
digital, a compra online representa 8.9% da<br />
compra total.<br />
E Portugal? O setor dos super e discount,<br />
dispõe de importantes cadeias que têm as suas<br />
redes de lojas com cobertura nacional e vasta<br />
extensão nos grandes centros urbanos, cadeias<br />
fortes no Posicionamento. A implementação<br />
e massificação dum projeto semelhante, será<br />
sempre uma solução de tal forma inovadora e<br />
disruptiva que certamente chamará a atenção<br />
do consumidor. Um projeto neste sentido, no<br />
nosso país, deve ter presente a primazia que<br />
o nosso consumidor dedica ao fator preço<br />
como decisão da cadeia onde compra e será<br />
preponderante nos aspetos de fidelização e<br />
diferenciação e imagem de loja. •
60<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
TRANSPORTE<br />
O sono na estrada<br />
Texto: Ana Paiva<br />
SE NÃO DESCANSOU,<br />
NÃO CONDUZA<br />
Gerir o sono para não interferir no nosso trabalho é uma tarefa fácil. Descansamos o número<br />
de horas necessárias ou bebemos uma grande chávena de café. E quando o sono interfere<br />
na nossa profissão, correndo o risco de comprometer a nossa saúde? Os motoristas de<br />
transportes rodoviários de mercadorias percorrem milhares de quilómetros nas estradas,<br />
lidando com este problema todos os dias, por isso, importa falar sobre ele.<br />
“O<br />
sono, para já, garante a sobrevivência,<br />
que é algo essencial, e depois melhora<br />
todos os aspectos do corpo, os<br />
aspectos e equilíbrios somáticos, bem como os<br />
mecanismos emocionais e cognitivos”. É assim<br />
que Teresa Paiva, especialista na área do sono,<br />
classifica o descanso tanto para o ser humano,<br />
como para espécies animais.<br />
Dito isto, entende-se que o descanso<br />
contribui, em grande parte, para o bem-estar de<br />
qualquer pessoa. No entanto, os profissionais<br />
do sector dos transportes rodoviários de<br />
mercadorias nem sempre conseguem repousar<br />
as horas suficientes para se manterem bem<br />
despertos, pois percorrem longas distâncias<br />
ao volante. Ora vão de Norte a Sul, ou de Sul a<br />
Norte a nível nacional, como de país em país.<br />
A verdade é que as horas de descanso ou neste<br />
caso, a falta delas, constituem um grande risco.<br />
A Regulamentação Social sobre os tempos de<br />
condução e repouso, publicado pela Associação<br />
Nacional de Transportes Públicos Rodoviários<br />
de Mercadorias (ANTRAM), refere que a duração<br />
máxima de condução contínua para estes<br />
profissionais é de 4h30. Ao fim deste tempo,<br />
o condutor tem de realizar uma interrupção<br />
de, pelo menos, 45 minutos, excepto se iniciar<br />
um período de repouso. O tempo máximo de<br />
condução diária é de 9h e semanal é de 56h.<br />
São também especificadas, neste documento,<br />
as horas de repouso obrigatórias que os<br />
profissionais devem respeitar. Relativamente<br />
ao descanso diário, em cada período de<br />
24h, assenta em 11h consecutivas, com<br />
possibilidade de redução para 9h três vezes<br />
entre dois repousos semanais; ou 12h com um<br />
fracionamento de 3h e outro de 9h.<br />
O descanso semanal mínimo, exige 45h<br />
consecutivas com hipótese de redução para<br />
24h, desde que exista uma compensação<br />
correspondente gozada em bloco antes do fim<br />
da 3ª semana seguinte à semana em causa;
SCM Supply Chain Magazine 61<br />
“O sono é muito importante na nossa<br />
profissão, mas deveria ser mais<br />
‘respeitado. Digo isto em relação aos<br />
locais onde aparcamos para dormir<br />
porque, muitas vezes durante o dia,<br />
não temos condições para descansar<br />
por causa do barulho”<br />
e dois repousos semanais regulares, ou um<br />
regular e um reduzido, em duas semanas<br />
consecutivas. Isto é a teoria. Na prática, serão<br />
todos estes números fáceis de gerir?<br />
Rui Costa, motorista do serviço internacional<br />
da transportadora Patinter, há 20 anos, dá-nos<br />
a visão real deste problema afirmando que<br />
o sono é o inimigo nº1 destes profissionais,<br />
confessando que se trata de um trabalho difícil<br />
e cansativo.<br />
Confrontado com a legislação descrita<br />
anteriormente, o condutor diz respeitar sempre<br />
estas normas “o sono é muito importante<br />
na nossa profissão, mas deveria ser mais<br />
‘respeitado’. Digo isto em relação aos locais<br />
onde aparcamos para dormir porque, muitas<br />
vezes durante o dia, não temos condições para<br />
descansar por causa do barulho”. Além deste<br />
constrangimento, o motorista aponta mais dois:<br />
o facto de serem muitas vezes acordados com<br />
alertas de carga, por chamada ou mensagem, o<br />
que implica a interrupção do sono e dificuldade<br />
em voltar a adormecer; e ter de estar atento<br />
para eventuais roubos no camião.<br />
Procurámos perceber junto das entidades<br />
directamente ligadas a este sector, se a questão<br />
do sono era tida em conta. Carlos Oliveira,<br />
Director de Projectos e Consultoria da ANTRAM,<br />
afirma que a falta de descanso é um factor com<br />
forte influência no desempenho profissional<br />
em qualquer actividade. No entanto, a questão<br />
principal nesta profissão “nomeadamente a de<br />
condutor de veículos pesados de mercadorias,<br />
constitui um factor crítico, uma vez que a<br />
diminuição do tempo de descanso tem sempre<br />
como contrapartida o aumento do risco da<br />
actividade, em relação ao próprio trabalhador,<br />
mas que também em relação a terceiros<br />
considerando-se aqui todas as dimensões e<br />
consequências que um acidente possa atingir”,<br />
explica.<br />
Segundo a Autoridade Nacional de Segurança<br />
Rodoviária (ANSR), em 2016, ocorreram 805<br />
acidentes com veículos pesados de mercadorias<br />
que resultaram de 56 atropelamentos, 628<br />
colisões e 121 despistes. Já em 2017, de 909<br />
acidentes, resultaram 46 atropelamentos, 733<br />
colisões e 130 despistes. É de salientar não é<br />
possível extrair a informação necessária destes<br />
dados estatísticos, de forma a conhecer
62<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
“Terem muito cuidado com a<br />
alimentação, com os horários<br />
e manterem uma actividade<br />
física regular fora do trabalho”<br />
as causas dos acidentes. Contudo, é importante<br />
alertar sobre o facto de os profissionais<br />
passarem por riscos todos os dias para<br />
desempenharem a sua função.<br />
MÉTODOS AMIGOS DO CONDUTOR<br />
Felizmente já existem mecanismos que ajudam<br />
a prevenir o risco de acidentes, alertando<br />
os motoristas quando começam a surgir<br />
sintomas de fadiga. Em 2017, a empresa<br />
portuguesa Optimizer, em parceria com o<br />
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave<br />
(IPCA), desenvolveram o projecto Round Trip<br />
Without Sleep, que foi testado pelos motoristas<br />
da AveiroBus, rede operada pela Transdev<br />
Portugal. Esta iniciativa consiste num sistema<br />
capaz de detectar, precocemente, sinais de sono<br />
e fadiga, emitindo um aviso ao condutor para<br />
a necessidade de parar e descansar. Através<br />
de uma pulseira que mede, em tempo real, e<br />
monitoriza de forma contínua a temperatura<br />
corporal, o espaçamento dos batimentos<br />
cardíacos e a humidade da pele, o sistema<br />
identifica alterações nos padrões de vigília.<br />
O factor diferenciador deste aparelho é o alerta<br />
ser dado mesmo antes de o condutor revelar<br />
sintomas através da vibração da pulseira e<br />
emissão de um sinal para um dispositivo móvel.<br />
Outra ferramenta que também ajuda a<br />
prevenir os acidentes causados pelo sono e<br />
fadiga são os tacógrafos digitais. De acordo com<br />
o Instituto da Mobilidade e dos Transportes<br />
(IMT), a função deste sistema é de “indicar,<br />
registar e memorizar, automática ou semiautomaticamente,<br />
dados relativos à condução<br />
desses veículos e aos tempos de trabalho e de<br />
repouso dos condutores”. Desde 2016 que os<br />
veículos de transporte rodoviário de passageiros<br />
ou mercadorias são obrigados a circular com<br />
este aparelho instalado. Recentemente,<br />
foi ainda desenvolvida, por uma equipa de<br />
investigadores da Universidade de Aveiro, uma<br />
capa para volantes que monitoriza os sinais<br />
vitais do condutor e o alerta em caso de fadiga,<br />
à semelhança do projecto Round Trip Without<br />
Sleep.<br />
De uma forma geral, os sensores inseridos na<br />
capa do volante registam a condução eléctrica<br />
da pele, que indica o estado psicológico e<br />
fisiológico do indivíduo, permitindo identificar<br />
alterações na condução e relacioná-las com<br />
padrões de comportamento humano.<br />
Os sinais captados pela capa, que foi<br />
desenvolvida pelo Instituto de Materiais de<br />
Aveiro (CICECO), são analisados, em tempo<br />
real, por um algoritmo desenvolvido no<br />
Instituto Superior Técnico e no Instituto de<br />
Telecomunicações, que consegue reconhecer<br />
sinais associados à fadiga. Uma vez detectados<br />
sinais de cansaço, o sistema liberta uma<br />
notificação para o telemóvel ou smartwatch do<br />
condutor.
SCM Supply Chain Magazine 63<br />
“Exige-se que, quer<br />
as empresas quer os<br />
condutores, tenham<br />
comportamentos<br />
preventivos e bom senso<br />
quanto a esta matéria”<br />
A IMPORTÂNCIA<br />
DE EXERCITAR O CORPO<br />
Por outro lado, os condutores também devem<br />
combater os factores de risco através de<br />
algumas técnicas. Teresa Paiva aconselha<br />
a realizarem caminhadas de forma a<br />
descontraírem e melhorarem a capacidade de<br />
concentração, nas interrupções ou repousos.<br />
Recomenda ainda a “terem muito cuidado com a<br />
alimentação, com os horários e manterem uma<br />
actividade física regular fora do trabalho”.<br />
Estes conselhos são práticas comuns do<br />
motorista da Patinter que, para evitar a fadiga<br />
e a sonolência, faz algumas pausas durante<br />
o percurso, caminha, toma café e aproveita<br />
esses períodos para exercitar o corpo. Estes<br />
mecanismos são muito importantes para manter<br />
o cérebro desperto, especialmente em distâncias<br />
percorridas em auto-estradas, que se constituem<br />
como um grande inimigo para o cérebro.<br />
“Exige-se que, quer as empresas quer<br />
os condutores, tenham comportamentos<br />
preventivos e bom senso quanto a esta matéria”,<br />
refere Carlos Oliveira. Quer isto dizer que se um<br />
condutor mostrar sinais de cansaço, ou declarar<br />
que não reúne as condições de segurança<br />
necessárias para continuar a conduzir, a empresa<br />
não deve exigir que este prossiga com a sua<br />
função sem que faça uma pausa ou descanse.<br />
Certo é, porém, que no período de repouso,<br />
o motorista não deve exercer actividades lúdicas<br />
que o impeçam de descansar, comprometendo a<br />
capacidade de concentração durante o trabalho.<br />
Outro aspecto que importa referir são<br />
as doenças ligadas ao sono que devem ser<br />
apuradas nestes profissionais de forma a não<br />
comprometer a sua segurança. Uma das doenças<br />
que constitui um perigo para os condutores é<br />
a apneia do sono, pois, segundo Teresa Paiva,<br />
associa-se à sonolência diurna, algo que não<br />
é favorável nesta profissão. A privação do<br />
sono também aumenta o risco de sonolência<br />
a conduzir, pelo que, também se mostra como<br />
um factor de risco para os motoristas. Por fim,<br />
deve-se ter atenção às insónias, que é uma<br />
doença comum nos trabalhadores que exercem<br />
as suas funções por turnos que, se for o caso<br />
destes condutores, têm de ter alguns cuidados,<br />
como realizar uma profilaxia, não engordar<br />
e não aumentar o número de consumos de<br />
estimulantes ou álcool.<br />
Os motoristas dos transportes rodoviários<br />
de mercadorias representam um papel muito<br />
importante para a economia dos países.<br />
São eles que transportam combustível,<br />
produtos destinados às grandes cadeias de<br />
supermercados, medicamentos, etc.. Sem eles,<br />
o país pára, por isso devemos dar voz a estes<br />
heróis que percorrem milhares de quilómetros<br />
nas estradas, com o factor risco do sono no lugar<br />
do pendura. É importante reflectir sobre isto:<br />
se não descansou, não conduza. •
64<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
TRANSPORTE<br />
Feira de logística atrai<br />
64.000 participantes
SCM Supply Chain Magazine 65<br />
QUANDO A LOGÍSTICA<br />
VIAJA ATÉ MUNIQUE<br />
Texto: Ana Paiva<br />
Fotos: Alexandra Santos<br />
A Transport Logistic, a maior feira de logística da Europa, concretizou<br />
com sucesso a 17ª edição, em Munique. Foram quatro dias que ficaram<br />
para a história, tendo alcançado números recorde. Pelo terceiro ano<br />
consecutivo, Portugal teve uma visibilidade ainda maior através do<br />
stand colectivo ‘LOGISTICS FROM PORTUGAL’, iniciativa promovida<br />
pela SCM Supply Chain Magazine.<br />
O<br />
evento, que junta o melhor dos mundos<br />
da logística, mobilidade, IT e gestão da<br />
cadeia de abastecimento, ocorreu de 4 a<br />
7 de Junho de <strong>2019</strong>, em Munique, Alemanha,<br />
e excedeu as expectativas de quem por este<br />
ansiava.<br />
A feira conseguiu superar-se e isso verifica-se<br />
através dos números, que não deixam mentir.<br />
Registou-se um aumento significativo desde a<br />
última edição, em 2017, uma vez que o evento<br />
ocorre de dois em dois anos. Passou de 2.162<br />
expositores de 62 países, a 2,374 provenientes<br />
de 63 países. De 60.726 participantes de 123<br />
países, atenderam este ano 64.000, de 125<br />
países. Do total de visitantes que marcaram<br />
presença no evento este ano, 30.000 vieram<br />
do exterior. 10 pavilhões esgotados, o que, em<br />
termos de espaço, resulta em 125.000 metros<br />
quadrados.<br />
Números à parte, é tempo de saber, através<br />
de testemunhos reais, se o sucesso realmente<br />
se verificou.<br />
Tânia Barros, Representante da Transport<br />
Logistic em Portugal, comprova os factos acima<br />
descritos, referindo que as expectativas em<br />
relação a este ano, foram superadas. Afirma<br />
ainda que “a actual situação económica positiva<br />
do sector levou a organização a aumentar a<br />
área de exposição de 9 para 10 pavilhões. Em<br />
todos estes pavilhões vivemos um ambiente<br />
intenso de networking durante os quatro dias<br />
da feira, e a edição deste ano veio reforçar o<br />
papel da Transport Logistic como feira líder a<br />
nível mundial de transportes e logística”.<br />
Deste crescimento é de referir o papel da<br />
China que quase duplicou em 30 o número de<br />
expositores para 64.<br />
Nesta edição, a guerra comercial entre os<br />
EUA e a China, a escassez de motoristas, a<br />
Nova Rota da Seda e a inteligência artificial<br />
foram alguns dos temas que mereceram mais<br />
destaque, por estarem na ordem do dia.<br />
EM TODOS ESTES PAVILHÕES<br />
VIVEMOS UM AMBIENTE INTENSO<br />
DE NETWORKING DURANTE OS<br />
QUATRO DIAS DA FEIRA, E A EDIÇÃO<br />
DESTE ANO VEIO REFORÇAR O PAPEL<br />
DA TRANSPORT LOGISTIC COMO<br />
FEIRA LÍDER A NÍVEL MUNDIAL DE<br />
TRANSPORTES E LOGÍSTICA.
66<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
LOGISTICS FROM PORTUGAL<br />
Diz-se que ‘se Maomé não vai à montanha,<br />
vai a montanha a Maomé’. Neste caso, as<br />
empresas internacionais vieram ter com<br />
Portugal, e Portugal só teve de ir a Munique.<br />
O nosso país já se pode considerar assíduo<br />
na Transport Logistic, pois tem vindo a criar<br />
um percurso bastante positivo na feira ao<br />
longo do tempo “durante os últimos 10<br />
anos, o número de visitantes lusos passou<br />
de poucas dezenas para mais de 150 e a<br />
área ocupada por expositores portugueses<br />
aumentou cinco vezes nesse mesmo período”,<br />
explica Tânia Barros.<br />
O palco foi, e continua a ser, o ‘LOGISTICS<br />
FROM PORTUGAL’, um stand colectivo,<br />
organizado pela SCM Supply Chain Magazine,<br />
que reúne empresas nacionais do mundo da<br />
logística, do transporte e do shipping,<br />
de forma a promover a marca PORTUGAL<br />
através de uma visão de valorização e<br />
cooperação. Ocupou uma ilha de 100<br />
metros quadrados e integrou nove: Garland,<br />
Lusocargo, Multicargo, Steamship, VLT Cargo,<br />
JTM Group, Maeil, Rangel Logistics Solutions<br />
e Transnautica/Forcargo.<br />
Filipe Barros, o responsável comercial do<br />
projecto, faz um balanço muito positivo do<br />
desempenho do stand colectivo, afirmando<br />
que foi a “mais sólida representação que<br />
Portugal alguma vez teve numa feira de<br />
logística europeia”.<br />
A estratégia da organização do stand passou<br />
pela aposta na visibilidade, de forma a atrair<br />
visitantes internacionais, o que, segundo Filipe<br />
Barros, foi conseguido. Explica ainda que<br />
“investimos muito na imagem e unificámos<br />
as áreas de cada empresa expositora, criando<br />
uma linguagem gráfica comum, debaixo da<br />
marca Portugal”.<br />
A participação portuguesa tem vindo<br />
a evoluir, registando-se um aumento de<br />
expositores, de 10 para 20, bem como os<br />
visitantes vindos de Portugal, que incrementou<br />
23% em relação à edição passada.<br />
Segundo Tânia Barros, através deste stand<br />
colectivo, o nosso país ganhou visibilidade e<br />
peso na feira, não tendo passado despercebido<br />
aos visitantes internacionais. Aponta ainda<br />
um outro aspecto pertinente “foi curioso ver<br />
que, mesmo sendo a maioria das empresas<br />
concorrentes entre si, o stand criou sinergias<br />
interessantes, com vontade de mostrar a força<br />
e a qualidade do serviço dos transportadores<br />
lusos”. Tânia Barros mostra-se também<br />
satisfeita pelo aumento do interesse das<br />
empresas portuguesas e pelo balanço positivo<br />
por parte das entidades que integraram o stand<br />
“Logistics From Portugal”.<br />
O que esperar do stand português na<br />
próxima edição? Filipe Barros afirma que as<br />
empresas que marcaram presença este ano,
SCM Supply Chain Magazine 67<br />
deixaram a sua intenção de participar em 2021,<br />
bem como de ampliar a área de exposição.<br />
Refere ainda que “a certeza que podemos já<br />
adiantar é que na próxima edição, Portugal<br />
irá ter um stand e uma área de exposição<br />
maior, e que a representação portuguesa irá,<br />
necessariamente, crescer.” Termina com a<br />
promessa de trazer uma “portugalidade” ainda<br />
maior ao stand colectivo.<br />
À semelhança de Portugal, estiveram ainda<br />
na feira 24 stands colectivos internacionais.<br />
Além das empresas nacionais presentes no<br />
stand colectivo de Portugal, apresentaram-se<br />
com expositores individuais a Abreu Carga,<br />
a Associação dos Portos de Portugal (APP),<br />
a Magellan Ass. Repres. Dos Interesses<br />
Portugueses no Exterior, Red Cencyl Atlantic<br />
Corridor (Espanha/Portugal) e a Torrestir.<br />
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AGOSTO <strong>2019</strong><br />
PORQUE DEVE VISITAR<br />
NA FEIRA EM 2021?<br />
Tânia Barros afirma que, para a próxima<br />
edição, a organização pretende manter a<br />
aposta nos três pilares que caracterizam<br />
a feira: a diversidade da oferta, através da<br />
captação de uma gama de produtos e serviços<br />
muito abrangente; o cariz internacional da<br />
feira, extremamente estratégico, destacando<br />
as parcerias internacionais e a presença de<br />
visitantes profissionais oriundos de diferentes<br />
países; e a partilha de conhecimento e do<br />
debate sobre o futuro da supply chain global.<br />
Se é a primeira vez que pretende visitar a<br />
feira, pode encontrar uma abrangente gama<br />
de produtos e serviços, incluindo serviços<br />
desde transporte e logística (aéreo, rodoviário,<br />
marítimo e ferroviário), passando pelos veículos<br />
de transporte de mercadorias e passageiros, até<br />
às tecnologias de informação e telemática.<br />
Para além disto, uma das fortes razões da<br />
sua existência é possibilitar a criação de novos<br />
contactos entre as empresas expositoras com<br />
os visitantes, bem como consolidar as relações<br />
comerciais que já existem.<br />
A feira proporciona ainda uma visão geral<br />
sob toda a cadeia de valor, bem como permite<br />
estar em contacto com líderes de mercado<br />
global na área da logística. Os programas<br />
das conferências são considerados de alta<br />
qualidade e podem ser assistidos por visitantes<br />
internacionais.<br />
Os expositores presentes na feira estão<br />
divididos por secções, entre eles: serviços,<br />
transporte de mercadorias e logística; IT,<br />
telemática, e-business e telecomunicações;<br />
equipamentos de transporte de mercadorias;<br />
intralogística, sistemas de gestão de armazéns,<br />
embalamento e identificação automática.<br />
De 4 a 7 de Maio de 2021, Munique será<br />
novamente o palco daquela que é a maior feira<br />
de logística da Europa: a Transport Logistic. •
SCM Supply Chain Magazine 69<br />
INVESTIMOS MUITO NA IMAGEM E UNIFICÁMOS AS ÁREAS<br />
DE CADA EMPRESA EXPOSITORA, CRIANDO UMA LINGUAGEM<br />
GRÁFICA COMUM, DEBAIXO DA MARCA PORTUGAL.<br />
EDIÇÃO 2017<br />
2.162<br />
EXPOSITORES<br />
62<br />
PAÍSES<br />
60.726<br />
PARTICIPANTES<br />
123<br />
PAÍSES<br />
EDIÇÃO <strong>2019</strong><br />
2.374<br />
EXPOSITORES<br />
63<br />
PAÍSES<br />
64.000<br />
PARTICIPANTES<br />
125<br />
PAÍSES
70<br />
CARREIRA<br />
24 Horas<br />
de Logística<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Fotos: SFORI<br />
PARTIDA... LARGADA...<br />
LOGÍSTICA!<br />
A anfitriã da 14ª edição das 24 Horas de Logística, evento formativo<br />
organizado pela Sfori, do qual somos media partner, foi a Mitsubishi<br />
Fuso Truck Europe, que abriu as portas à sua fábrica no Tramagal<br />
(Abrantes) nos dias 18 e 19 de Maio. Ao longo de 24 horas, 75 profissionais<br />
e estudantes, divididos em equipas de cinco elementos, desenvolveram<br />
as suas estratégias e competiram em diversas provas logísticas.<br />
F<br />
oi na madrugada de dia 18 de Maio que<br />
15 equipas se dirigiram para a fábrica<br />
da Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE),<br />
para participarem em mais uma edição das<br />
24 Horas de Logística. Alguns elementos<br />
já sabiam o que lhes esperava por já terem<br />
participado em edições anteriores, mas aos<br />
outros foi explicado desde logo, no briefing<br />
matinal, que se tratava de uma acção de<br />
formação em formato de equipas, e que ao<br />
longo de 24 horas consecutivas iriam ter mais<br />
de 30 provas para resolver.<br />
Embora pudessem incluir membros<br />
novos que ainda desconheciam o conceito,
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
várias empresas já tinham participado<br />
anteriormente, como é o caso da Luís Simões,<br />
que desde a primeira edição abraçou o<br />
projecto, e este ano não foi excepção para a<br />
empresa que mais victórias reuniu ao longo<br />
dos anos, voltando a promover o seu verdealface<br />
característico em defesa dos seus<br />
títulos anteriores.<br />
“O convite da Supply Chain Magazine e da<br />
Sfori para a Mitsubishi Fuso Truck Europe ser o<br />
anfitrião da 14ª edição das 24 Horas Logística<br />
foi um desafio que encarámos com todo o<br />
entusiasmo e seriedade que o evento merece<br />
pelo sua elevada qualidade e contributo dado<br />
ao longo dos anos para o desenvolvimento de<br />
competências em Logística”, revela fonte da<br />
Mitsubishi Fuso Truck Europe.<br />
“TODOS OS ANOS<br />
É UM DESAFIO DIFERENTE”<br />
Tiago Pinho, docente da Escola Superior de<br />
Ciências Empresariais do IPS e Coordenador<br />
Científico das 24 Horas de Logística, explica<br />
que começam por delinear o evento ao tentar<br />
perceber quais os objectivos da organização<br />
anfitriã ao acolher o evento e quais as<br />
mensagens e as tecnologias que pretendem<br />
dar a conhecer à comunidade logística. No<br />
caso da Mitsubishi Fuso Truck Europe, o<br />
principal destaque foi para o Fuso e-Canter, o<br />
furgão eléctrico produzido em Portugal que é<br />
exportado para o mundo inteiro.<br />
As provas são desenvolvidas tendo em<br />
consideração o que a empresa anfitriã<br />
pretende disponibilizar, quer seja em<br />
termos de espaços, quer seja em termos<br />
de tecnologia, bem como a mensagem que<br />
deseja passar. Tiago Pinho explica que por<br />
vezes há espaços que, por questões de<br />
confidencialidade, não podem ser mostrados,<br />
e são restritos, pelo que desde logo tentam<br />
perceber onde podem decorrer as provas<br />
e o que é possível desenvolver em termos<br />
conceptuais.<br />
Com esses ingredientes, a coordenação<br />
científica, em conjunto com vários parceiros,<br />
desenvolve um conjunto de provas que<br />
pretendem envolver e dar a conhecer o<br />
máximo possível das operações da empresa<br />
anfitriã.<br />
Filipe Ferreira, Partner SFORI, explica<br />
que cada vez mais sentem uma procura por<br />
parte das empresas para receberem o evento<br />
e mostrarem os seus espaços e as suas<br />
tecnologias de produção e de logística, o que<br />
leva também a que exista uma procura por<br />
parte das outras empresas de conhecer as<br />
operações levadas a cabo nesses locais.<br />
“Ao longo das 24 horas nós queremos<br />
contar uma história.”<br />
[Tiago Pinho]<br />
Após as provas estarem totalmente<br />
definidas, é necessário mapeá-las no<br />
evento de modo a não sobrecarregar as<br />
equipas, equilibrando-as entre dia e noite<br />
e fazendo a gestão do esforço das pessoas.<br />
“Se eu desse uma prova teórica - case study<br />
que os obrigasse a estar meia hora ou 45<br />
minutos a ler às três ou quatro da manhã,<br />
garantidamente que iria ter uma quebra<br />
de rendimento das equipas”, explica<br />
o coordenador, acrescentando que é importante<br />
gerir os esforços necessários e ter em conta<br />
os factores externos também no acto do<br />
planeamento: “durante a noite tentamos
72<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
dar provas mais mexidas e práticas, cruzando<br />
com as provas teóricas, de modo a conseguimos<br />
obter um mix que não crie uma quebra de<br />
rendimento tão acentuada”.<br />
“O apoio da MFTE na organização de um<br />
evento desta dimensão foi também para nós<br />
um enorme desafio que nos fez crescer também<br />
como equipa, uma vez que tivemos mais de 40<br />
pessoas da empresa envolvidas no planeamento<br />
e preparação dos mais de 30 desafios que a<br />
edição de <strong>2019</strong> teve”, destaca a anfitriã.<br />
COMPETITIVIDADE E PRESSÃO<br />
Quando o relógio apontou as nove horas<br />
teve início o evento. No primeiro briefing<br />
foram explicadas as regras e dadas algumas<br />
dicas e indicações às equipas, tanto a nível<br />
de jogo de equipa como de jogo em equipa,<br />
seguindo-se um momento de interacção entre<br />
elas, para melhor se conhecerem entre si.<br />
Foi ainda neste momento que foram<br />
apresentados os ‘facilitadores’, uma<br />
equipa de psicólogos que acompanharia<br />
os participantes ao longo das 24 horas e<br />
os ajudaria a identificar alguns aspetos<br />
comportamentais em que sentissem que<br />
estavam a ter maior dificuldade – fosse de<br />
forma pessoal ou em equipa.<br />
“Os facilitadores estão em constante<br />
contacto com as equipas e<br />
há períodos de debriefing<br />
específicos ao longo das<br />
24 horas, que servem<br />
exactamente para dar a<br />
conhecer a forma como a<br />
equipa se está a organizar<br />
e a interagir”, explica o<br />
coordenador, salientando<br />
a importância do que é<br />
“UMA DAS PRIMEIRAS<br />
COISAS QUE NÓS FAZEMOS<br />
NO EVENTO É OBRIGAR<br />
OS PARTICIPANTES A<br />
MISTURAREM-SE.”<br />
TIAGO PINHO<br />
feito antes do jantar, por ser um momento<br />
proporcionado a meio do evento em que<br />
existe ainda uma oportunidade para corrigir<br />
alguns possíveis erros ou gerir conflitos.<br />
NÃO UMA CORRIDA,<br />
MAS UMA MARATONA!<br />
Embora as 24 Horas de Logística sejam feitas<br />
em formato de jogo entre equipas, a finalidade<br />
não é a competição pura e dura, mas sim o<br />
desenvolvimento de competências técnicas e<br />
comportamentais. O modelo em que é feito<br />
serve para criar alguma competitividade e<br />
pressão nos participantes, de modo a que<br />
os concorrentes possam ser avaliados pelos<br />
facilitadores neste tipo de ambiente e também<br />
possam perceber a forma como as equipas e<br />
elementos reagem a isso.<br />
Ao proporcionar desafios diurnos e<br />
nocturnos, os facilitadores conseguem ainda<br />
registar os comportamentos dos membros<br />
das equipas nos diferentes ambientes, e<br />
perceber a quais se conseguem adaptar<br />
melhor, fornecendo todas estas informações<br />
às respectivas empresas, para que elas<br />
consigam compreender os pontos fortes dos<br />
seus elementos, e que por vezes não são tão<br />
visíveis.<br />
As provas têm momentos do dia específicos<br />
para serem entregues,<br />
cabendo às próprias<br />
equipas gerir o tempo e<br />
os desafios à sua maneira,<br />
de modo a conseguirem<br />
terminar e entregar tudo<br />
atempadamente, sendo<br />
também essa capacidade<br />
de gestão avaliada pelos<br />
facilitadores.
SCM Supply Chain Magazine 73
74<br />
AGOSTO <strong>2019</strong>
AUTORIDADE NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL<br />
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
“AS PESSOAS SABEM<br />
QUE ESTÃO A RECEBER<br />
UM EVENTO DE QUALIDADE”<br />
A Sfori mostra-se contente relativamente ao<br />
número de equipas e à adesão que tem tido.<br />
Explica que poderia ir até às 20 equipas, mas<br />
que deste modo já têm um projecto consistente<br />
e estável, no qual “conseguimos proporcionar a<br />
todas as equipas e elementos uma experiência<br />
única, e aos patrocinadores uma grande<br />
visibilidade para exibir e demonstrar as<br />
funcionalidades dos seus equipamentos em<br />
funcionamento”.<br />
Destacando o papel fundamental que a<br />
logística tem para a indústria automóvel,<br />
a Mitsubishi Fuso Truck Europe considera<br />
A última coisa que isto é, é um jogo.<br />
Embora possa parecer, isto é uma<br />
acção de formação, de team-building,<br />
de desenvolvimento de competências<br />
técnicas e comportamentais, com<br />
bastante pressão e competitividade<br />
para todos os intervenientes:<br />
participantes, organização<br />
e empresa anfitriã.<br />
Tiago Pinho<br />
esta área cada vez mais complexa e com<br />
grandes desafios, com grande potencialidade,<br />
devido às novas tecnologias e metodologias,<br />
disponibilidade de informação, tratamento de<br />
dados ou gestão de tempo e de recursos.<br />
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76<br />
AGOSTO <strong>2019</strong><br />
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“O balanço final foi de<br />
objectivo cumprido e<br />
ficámos plenamente<br />
convictos que o evento<br />
cumpriu uma vez mais o seu<br />
propósito do qual muito nos<br />
orgulhamos ter feito parte”<br />
MFTE<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
A aposta na organização desta formação<br />
surge como resposta a esses novos desafios,<br />
aliados à experiência enquanto participantes<br />
em edições anteriores. Como já tinha<br />
conhecimento do modelo de formação e das<br />
suas potencialidades, a MFTE considerou<br />
vantajoso, tendo destacado o foco que as<br />
24 Horas de Logística têm nas capacidades<br />
relacionais ao privilegiar objectivos de grupo e<br />
não apenas a individualidade.<br />
“A participação de uma equipa MFTE<br />
surge naturalmente com o alinhamento da<br />
filosofia formativa da nossa empresa com<br />
os objectivos da formação das 24 Horas de<br />
Logística: promover autonomia e eficácia das<br />
equipas, desenvolver antevisão de problemas,<br />
abordagem pro-activa, assertividade,<br />
comunicação, resiliência e dinamismo”,<br />
comenta a fonte.<br />
Filipe Ferreira conta que os próprios<br />
colaboradores das empresas anfitriãs gostam e<br />
mostram-se orgulhosos por receber o evento:<br />
“soubemos inclusive de casos de pessoas que<br />
terminavam os seus turnos à meia noite e<br />
ficaram por mais algumas horas a assistir, por<br />
pura vontade de se envolver”, comenta.<br />
“Sob o mote de ‘Driving 4 Future (Indústria<br />
4.0)’ e ‘Be connected! (Move, See and Share)’<br />
diretamente ligados à nossa atividade e<br />
realidade diária, vivenciámos todos - Mitsubishi<br />
Fuso Trucks Europe, Sfori, restante organização<br />
e equipas participantes – uma experiência<br />
única, num evento com simulação em contexto<br />
logístico e em tempo real ao longo das 24<br />
horas que promove uma competição saudável<br />
e espírito de equipa”, conclui o fabricante<br />
automóvel.<br />
De olhos postos na próxima edição, a Sfori<br />
deixa no ar a ideia de que está a planear algo<br />
em grande para celebrar o marco dos 15 anos<br />
das 24 Horas de Logística, mas não avançando<br />
para já com mais detalhes. •<br />
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SCM Supply Chain Magazine 77<br />
70 anos a inovar<br />
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C<br />
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Celebramos 70 anos de desafios e conquistas.<br />
Muito obrigado aos nossos colaboradores,<br />
aos nossos parceiros e aos nossos clientes.<br />
Luís Simões somos todos nós!<br />
#70anosLS<br />
www.luis-simoes.com
78<br />
O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />
Willful Blindness, Margaret Heffernan<br />
Bloomsbury Publishing Plc, 2012 edition<br />
Ignorar o óbvio é mais do que embaraçoso, pode ser mortal. Contudo, o nosso cérebro evoluiu no sentido<br />
de se concentrar nalgumas coisas à custa de outras, que até estão mesmo à nossa frente e simplesmente<br />
não as vemos. Esta capacidade é útil em termos práticos, mas faz com que os maiores crimes possam ser<br />
cometidos à vista de todos, sem que quase ninguém se questione até ser tarde demais (como por exemplo<br />
na Alemanha nazi, na crise financeira de 2008 e no aquecimento global...).<br />
O livro “Willful Blindness” (“Cegueira Deliberada”)<br />
de Margaret Heffernan cobre todo um leque de<br />
áreas em que fechamos os olhos às ameaças,<br />
individualmente e como sociedade:<br />
» Somos mais previsíveis do que pensamos e<br />
tendemos a valorizar o que nos é familiar<br />
» Fazemos coisas com que não concordamos<br />
por pessoas de quem gostamos<br />
» As nossas convicções e crenças podem levarnos<br />
a ignorar os factos<br />
» Quando estamos cansados, o nosso<br />
pensamento fica mais rígido e temos reacções<br />
mais lentas<br />
» Às vezes preferimos não saber o que se passa,<br />
para evitar o conflito e a mudança<br />
» A obediência à autoridade é-nos inculcada<br />
desde cedo e pode ser insidiosa<br />
» A necessidade de protecção e o medo de<br />
ser excluído da sociedade muda a nossa<br />
percepção da realidade<br />
» Tendemos a não agir quando estamos<br />
acompanhados<br />
» Tomamos decisões sem conhecer a realidade<br />
das pessoas por elas impactadas<br />
» O dinheiro motiva-nos, mas cega-nos,<br />
levando-nos a agir de forma menos<br />
inteligente, menos produtiva e menos criativa<br />
O importante é crer que não estamos presos<br />
na nossa herança genética e cultural, em<br />
qualquer altura da nossa vida temos o poder, e<br />
o dever, de ver melhor. Podemos para isso fazer<br />
coisas tão simples como dormir o suficiente<br />
e trabalhar um máximo de 9 horas por dia<br />
(mais do que isso é contraproducente, porque<br />
levamos mais tempo a corrigir os erros que<br />
fazemos do que o que trabalhamos a mais).<br />
Contra-intuitivamente, devemos ficar<br />
preocupados quando estamos muito confortáveis<br />
e toda a gente está de acordo sobre algum<br />
assunto. A ciência ensina-nos que o cérebro<br />
abomina o conflito, por isso é necessário<br />
incentivá-lo conscientemente. É preciso ouvir<br />
e respeitar aquelas pessoas corajosas que são<br />
capazes de ver que “o rei vai nu”.<br />
Devemos ter sentido crítico em relação<br />
ao que nos é ordenado, uma ordem pode<br />
parecer inofensiva mas a sequência delas<br />
ser inaceitável. É essencial reconhecer a<br />
pressão social e forçar-nos a pensar, mesmo<br />
(e sobretudo) quando os outros já o fizeram<br />
por nós. No fundo, a única maneira de não nos<br />
“cegarmos deliberadamente” é acreditar que<br />
cada um de nós faz a diferença.<br />
Margaret Heffernan trabalhou na BBC e foi CEO<br />
de várias empresas de multimédia, é escritora<br />
e oradora sobre temas de liderança.