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*Dezembro/2019 - Revista Biomais 36

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SUMÁRIO<br />

04 | EDITORIAL<br />

Oportunidades<br />

06 | CARTAS<br />

08 | NOTAS<br />

12 | ENTREVISTA<br />

16 | PRINCIPAL<br />

22| CASE<br />

28| PELO MUNDO<br />

Retorno certo<br />

34| TECNOLOGIA<br />

Combate natural<br />

38 | ECONOMIA<br />

Dinheiro verde<br />

Gigante sustentável<br />

42 | INOVAÇÃO<br />

46 | PRÊMIO<br />

PRÊMIO REFERÊNCIA <strong>2019</strong><br />

50 | ARTIGO<br />

56 | AGENDA<br />

58| OPINIÃO<br />

A desertificação do Brasil<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

03


EDITORIAL<br />

Estampa a capa da <strong>Biomais</strong> desse mês,<br />

o secador desenvolvido pela empresa<br />

catarinense Imtab<br />

OPORTUNIDADES<br />

O<br />

Rio Grande do Sul é um dos Estados com maior potência instalada (MW) de energia solar<br />

fotovoltaica no país, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar). Nesse<br />

cenário, startups aproveitam as oportunidades que aparecem onde menos esperamos para<br />

fomentar ainda mais as energias renováveis – por isso abordamos o assunto nesta edição.<br />

Além disso, conversamos com Donizete José Tokarski, superintendente da União Brasileira do Biodiesel e<br />

Bioquerosene, sobre o RenovaBio e os próximos passos da entidade, além de abordarmos a Bioeconomia,<br />

que traz um cenário promissor na América Latina, região com grande variedade de ecossistemas e<br />

possibilidades de inovações sustentáveis. Tenha uma ótima leitura e um excelente 2020!<br />

EXPEDIENTE<br />

ANO VI - EDIÇÃO <strong>36</strong> - DEZEMBRO <strong>2019</strong><br />

Diretor Comercial<br />

Fábio Alexandre Machado<br />

(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />

Diretor Executivo<br />

Pedro Bartoski Jr<br />

(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />

Redação<br />

(jornalismo@revistabiomais.com.br)<br />

Dep. de Criação<br />

Fabiana Tokarski - Fabiano Mendes - Supervisão<br />

Crislaine Briatori Ferreira, Gabriel Santos Ferreira<br />

(criacao@revistareferencia.com.br)<br />

Representante Comercial<br />

Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />

Dep. Comercial<br />

Gerson Penkal, Jéssika Ferreira,<br />

Tainá Carolina Brandão (comercial@revistabiomais.com.br)<br />

Fone: +55 (41) 3333-1023<br />

Dep. de Assinaturas<br />

Cassiele Ferreira - Supervisão<br />

(assinatura@revistabiomais.com.br)<br />

ASSINATURAS<br />

0800 600 2038<br />

A REVISTA BIOMAIS é uma publicação da<br />

JOTA Editora - Rua Maranhão, 502 - Água Verde -<br />

Cep: 80610-000 - Curitiba (PR) - Brasil<br />

Fone/Fax: +55 (41) 3333-1023<br />

www.jotaeditora.com.br<br />

Veículo filiado a:<br />

A REVISTA BIOMAIS - é uma publicação bimestral e independente, dirigida aos<br />

produtores e consumidores de energias limpas e alternativas, produtores de resíduos<br />

para geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa, estudantes universitários,<br />

órgãos governamentais, ONG’s, entidades de classe e demais públicos, direta e/<br />

ou indiretamente ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se responsabiliza por<br />

conceitos emitidos em matérias, artigos, anúncios ou colunas assinadas, por entender<br />

serem estes materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução,<br />

apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos<br />

textos, fotos e outras criações intelectuais da REVISTA BIOMAIS são terminantemente<br />

proibídas sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins<br />

didáticos.<br />

REVISTA BIOMAIS is a bimonthly and independent publication, directed at clean alternative<br />

energy producers and consumers, producers of residues used for energy generation and<br />

cogeneration, research institutions, university students, governmental agencies, NGO’s, class<br />

and other entities, directly and/or indirectly linked to the Segment. REVISTA BIOMAIS does<br />

not hold itself responsible for concepts contained in materials, articles, ads or columns signed<br />

by others; these are the responsibility of their authors. The use, reproduction, appropriation,<br />

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authorial rights, except for educational purposes.<br />

04 www.REVISTABIOMAIS.com.br


CARTAS<br />

CASE<br />

Excelente reportagem sobre os investimentos da Apple em sustentabilidade. Continuem<br />

trazendo cases de impacto para nós leitores!<br />

Heloísa Falce – Belo Horizonte (MG)<br />

Foto: divulgação<br />

EXPANSÃO<br />

Ótima reportagem sobre o crescimento dos investimentos em energia eólica, biomassa, hidrelétrica e solar na última<br />

década. É o setor de energias renováveis em expansão contínua.<br />

Gustavo Taborda – Goiânia (GO)<br />

SUGESTÃO<br />

A equipe da REVISTA BIOMAIS está de parabéns! Para as próximas edições, gostaria de sugerir uma reportagem sobre o<br />

destino de Itaipu com a eminente revisão do Tratado que envolve a Usina.<br />

Jackson Filipelli – Foz do Iguaçu (PR)<br />

EXEMPLO<br />

Bom exemplo capitaneado pelo Estado do Paraná, que pretende construir 11 novas<br />

mini hidrelétricas, além de um parque eólico, para continuar fomentando o uso de energias<br />

limpas!<br />

Breno Capelas – Santos (SP)<br />

Foto: Daniel Castellano / Smcs<br />

Publicações Técnicas da JOTA EDITORA<br />

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NOTAS<br />

DRONE SUSTENTÁVEL<br />

A empresa britânica de tecnologia limpa H2GO Power<br />

fez uma parceria com a Ballard Unmanned Systems no que<br />

pode ser o primeiro vôo de teste de um drone impresso em<br />

3D e movido a hidrogênio. O vôo foi lançado no final de<br />

agosto a partir de um local de teste em Boston. O combustível<br />

de hidrogênio maximiza o tempo de vôo do drone com<br />

uma energia mais limpa. A solução de aplicação de drones<br />

da empresa pode aumentar o tempo de vôo da bateria de<br />

um drone em até 90 min (minutos), em comparação com<br />

menos de 25 min para sistemas típicos de baterias de íon de<br />

lítio. Além disso, o design permite até 15% da redução total<br />

do peso do drone e controle de volume e a estrutura interna<br />

otimiza o gerenciamento de calor dentro e fora do sistema<br />

de energia, permitindo que viajem três a cinco vezes mais e<br />

carreguem cargas mais pesadas.<br />

Foto: divulgação<br />

BIODIESEL DE MICROALGAS<br />

Um estudo divulgado pela Universidade Federal da Bahia<br />

aponta que o cultivo de microalgas heterotróficas em afluentes<br />

de estação de tratamento de esgoto possuem um alto rendimento,<br />

uma vez que as microalgas possuem grande potencial<br />

de nutrientes. Segundo o estudo, a microalga dos afluentes<br />

é uma ótima espécie para produção de biodiesel de terceira<br />

geração. A viabilidade do cultivo da microalga em águas residuais<br />

ocorre porque elas absorvem nutrientes como fósforo e<br />

nitrogênio e são capazes de converter poluentes orgânicos em<br />

lipídios e proteínas, que podem ser transformados em biocombustível.<br />

A técnica representa uma alternativa para a produção<br />

de biocombustível no Brasil, que é hoje proveniente da cana.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

BIOGÁS NO CAMPO<br />

O campo está se mostrando um espaço em potencial para a Geração<br />

Distribuída de energia renovável e retorno financeiro para os usuários.<br />

Esse potencial é apoiado tanto na necessidade de diversificação da<br />

matriz energética brasileira quanto o potencial energético do campo,<br />

sobretudo para sistemas solares e de biomassa, incluindo o biogás. Em<br />

diversas regiões do país, propriedades rurais já contam com biodigestores<br />

capazes de gerar energia limpa através de resíduos agrícolas,<br />

industriais e urbanos, transformando-os em biogás. Como o combustível<br />

é produzido através da degradação do material orgânico, os rejeitos<br />

da atividade rural representam um potencial de geração de energia<br />

sustentável. A expectativa é que, no futuro, a produção de biocombustível<br />

também abasteça tratores e máquinas de colheita sustentáveis.<br />

08 www.REVISTABIOMAIS.com.br


BIOCOMBUSTÍVEL DE<br />

CAPIM ELEFANTE<br />

Novos processos de pré-tratamento de capim elefante pretendem aproveitar<br />

o potencial da gramínea para geração de biocombustível como o etanol de<br />

segunda geração. O estudo está sendo desenvolvido pela UFT (Universidade<br />

Federal do Tocantins). A pesquisa avalia a melhor condição de pré-tratamento<br />

por peróxido de hidrogênio alcalino para fortalecer o setor de biocombustíveis<br />

no país. De acordo com os especialistas, é possível encontrar vários métodos<br />

de pré-tratamentos em vegetais lignocelulósicos, de natureza física, química e<br />

biológica. Ainda assim, o estudo aponta a necessidade de desenvolvimento de<br />

tecnologias que sejam eficientes em termos de custos e competitividade.<br />

Foto: divulgação<br />

MAIS RECEITA<br />

Alteração na garantia física das usinas de<br />

biomassa poderia trazer receita de R$1 bilhão,<br />

segundo estimativa da Associação da Indústria<br />

da Cogeração de Energia. O valor corresponde<br />

ao potencial de perda de adicional de receita<br />

por safra do setor sucroenergético pela decisão<br />

do MME (Ministério de Minas e Energia)<br />

de negar pleito da associação para mudar<br />

a portaria que define os limites da garantia<br />

física das usinas a biomassa. De acordo com o<br />

presidente da associação, Newton Duarte, uma<br />

medida infralegal do MME, o país acarretaria<br />

em 1 GW (Gigawatts) na geração vinda do setor<br />

sucroenergético. Segundo ele, a retomada do<br />

crescimento do país vai depender de energia, e<br />

o setor sucroenergético tem plena capacidade<br />

para responder, gerando energia limpa, próxima<br />

do centro de carga e preservando pelo menos<br />

15% de água nos reservatórios do sistema<br />

sudeste-centro-oeste. Além disso, a produção<br />

adicional de energia de 1 GW poderia contribuir<br />

para poupar mais 2% no nível desses reservatórios,<br />

totalizando 17% de economia de água.<br />

MÉTODO CHINÊS<br />

Um novo método desenvolvido na China permite estimar a biomassa de<br />

árvores em florestas subtropicais. O objetivo é permitir uma contabilidade<br />

global de carbono e a formulação de políticas de reflorestamento. O método<br />

foi desenvolvido por especialistas do Instituto de Ecologia Aplicada da<br />

Academia Chinesa de Ciências. O método consistiu na coleta de uma floresta<br />

plantada em Hunan e sensoriamento remoto para estimar a biomassa da<br />

plantação com a idade da floresta. Com cruzamento de dados entre o modelo<br />

de crescimento e com algoritmos de máquina, o método estimou com<br />

maior precisão a densidade e biomassa das florestas.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

09


NOTAS<br />

DE CARVÃO A BIOMASSA<br />

O Ministério de Minas e Energia da Sérvia anunciou que seis usinas de combustível<br />

fóssil, como o carvão, receberão 26,7 milhões de euros para conversão<br />

em biomassa nos próximos meses. O objetivo é trazer recursos para a instalação<br />

de caldeiras de biomassa e a reforma do sistema de aquecimento urbano.<br />

A capacidade total das seis usinas de aquecimento será de 30 MW<br />

(Megawatts). Além das seis usinas já confirmadas, outras 19 já<br />

estão interessadas em converter o carvão para biomassa<br />

no país. A meta é reduzir a poluição causada pelo uso<br />

de carvão e óleo para aquecimento nas cidades e<br />

também reduzir a dependência de importação<br />

e até 15% as despesas de aquecimento<br />

dos municípios.<br />

Foto: divulgação<br />

BIOMASSA NO<br />

JAPÃO<br />

Uma nova usina de biomassa de<br />

44 MW (Megawatts) será construída no<br />

Japão, na cidade de Omuta. O empreendimento<br />

contará com duas unidades,<br />

ambas com capacidade de 22,1<br />

MW, e está sendo construída por uma<br />

subsidiária da Toshiba Energy Systems<br />

& Solutions Corp. “O objetivo da Toshiba<br />

é ser uma empresa líder em tecnologia<br />

de sistemas ciber-físicos no setor de<br />

energia, com nossa rica experiência e<br />

know-how acumulado no uso de soluções<br />

integradas de energia e tecnologia<br />

IoT”, destaca o vice-presidente sênior da<br />

empresa, Koji Saito.<br />

BIOMASSA NA HEINEKEN<br />

A Heineken Ponta Grossa (PR) anunciou resultados positivos após<br />

dois anos de uso de uma caldeira de biomassa que gera energia renovável<br />

para toda a produção da planta. Atualmente, a unidade é considerada<br />

uma das mais sustentáveis da Heineken no mundo no que se refere à<br />

redução de CO2 (Gás Carbônico). A expectativa é que o Grupo Heineken<br />

tenha todas as suas cervejarias sendo abastecidas por energia renovável<br />

até o ano de 2023. Em Ponta Grossa, os principais resultados incluem<br />

redução de 60% a 70% de custo, quando comparado ao investimento realizado<br />

em gás natural; diminuição de 13.633 t/ano (toneladas ao ano) de<br />

gases de efeito estufa na atmosfera, o que equivale a aproximadamente<br />

4.800 carros rodando 15 mil km (quilômetros) durante um<br />

ano; e aumento da demanda de consumo de matéria-prima<br />

cavaco (pequenos pedaços de madeira<br />

proveniente de floresta plantada) para o<br />

funcionamento da caldeira de biomassa e<br />

geração de emprego na região.<br />

Foto: divulgação Foto: divulgação<br />

10 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Foto: divulgação<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

Novos sistemas de construção civil são alternativas<br />

para reduzir o impacto ambiental de construções urbanas<br />

de residências e prédios, considerados os maiores<br />

geradores de entulhos e resíduos no país. Algumas<br />

alternativas incluem a reciclagem de até 98% do material,<br />

dentro do próprio canteiro ou em centrais externas<br />

especializadas. Outra alternativa está no uso de chapas<br />

pré-fabricadas de madeira reflorestada. Neste processo,<br />

a obra gera 80% menos de CO2 (Gás Carbônico) e<br />

85% menos resíduos, além de consumir 90% menos<br />

água na produção.<br />

Foto: divulgação<br />

PATENTE VERDE<br />

A Natura é a primeira empresa brasileira de cosméticos a<br />

receber uma Patente Verde, concedida a um tratamento desenvolvido<br />

por pesquisadores do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)<br />

e da Natura. A iniciativa do Inpi (Instituto Nacional<br />

da Propriedade Industrial) reconhece tecnologias voltadas para<br />

o meio ambiente. O procedimento premiado aproveita a biomassa<br />

gerada a partir da extração do óleo de oleaginosas como<br />

insumos de produção da Natura. De acordo com a companhia,<br />

anteriormente, a biomassa gerada como resíduo era utilizada<br />

para compostagem de solo. Agora, ela será inserida em um<br />

novo produto a ser lançado em 2020.<br />

Foto: divulgação<br />

RECORDE<br />

FLORESTAL<br />

A produção de energia elétrica gerada a partir de<br />

biomassa florestal na Dinamarca bateu recorde em<br />

2018. O país vem importando cada vez mais madeira<br />

dos EUA (Estados Unidos da América) e do Canadá. A<br />

energia limpa cresceu 33% em relação a cinco anos<br />

atrás e atualmente a biomassa é responsável por 75%<br />

do consumo de energia sustentável da Dinamarca. O<br />

aumento é impulsionado pela queima de madeira,<br />

palha e outro material biológico, ou seja, o uso de<br />

biomassa florestal para geração de energia na matriz<br />

energética dinamarquesa.<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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ENTREVISTA<br />

Foto: divulgação<br />

ENTREVISTA<br />

DONIZETE<br />

JOSÉ<br />

TOKARSKI<br />

Formação: Graduado em Engenharia<br />

Agronômica (UFG) com especialização em<br />

Atividade de Gestão Ambiental pela FAO/<br />

ONU, em Madrid (Espanha)<br />

Cargo: Superintendente da Ubrabio (União<br />

Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene)<br />

CAMINHO<br />

ALTERNATIVO<br />

A<br />

Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) proporcionará ao Brasil um ganho<br />

de R$ 1,2 trilhão, entre investimentos e economia, nos próximos 10 anos – é o<br />

que estima o MME (Ministério das Minas e Energia). Por isso, é preciso estar atento<br />

as oportunidades e entidades sólidas que defendam os interesses de seus respectivos<br />

setores são essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas alinhadas as expectativas<br />

da sociedade. Na esteira do RenovaBio, a REVISTA BIOMAIS conversou com Donizete José<br />

Tokarski, superintendente da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), sobre a<br />

medida e outras pautas defendidas pela entidade. Confira:<br />

12 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Como é o mercado de combustíveis renováveis<br />

no Brasil hoje? Até onde projetos ou iniciativas estão<br />

sendo desenvolvidos para esse setor?<br />

O Brasil tem tudo para se tornar a “Arábia Saudita dos<br />

biocombustíveis”. A afirmação é frequente entre analistas<br />

do setor. O cenário externo nunca foi tão favorável. Com<br />

a assinatura do Acordo do Clima de Paris em 2015, 192<br />

países se comprometeram a adotar medidas para transição<br />

rumo a uma economia mais limpa. Temos grandes<br />

empresas tomando medidas efetivas para tentar reduzir<br />

seu impacto ambiental. O mercado financeiro está de<br />

olho nos riscos de investimentos insustentáveis ambientalmente,<br />

porque a questão ambiental tem reflexos diretos<br />

nos ganhos econômicos. O cenário interno também é<br />

favorável. O uso de biodiesel e etanol estão consolidados<br />

no país. A indústria vem demonstrando cada vez mais a<br />

capacidade de atender à demanda crescente por energia<br />

limpa. O Brasil conta com grande oferta de matéria-<br />

-prima, mão de obra, solo fértil e condições climáticas<br />

favoráveis que nos colocam em avançada vantagem<br />

em relação ao resto do mundo. Com a Política Nacional<br />

de Biocombustíveis (RenovaBio) temos a perspectiva<br />

de um novo paradigma de produção e consumo de<br />

combustíveis que pode ser aplicado inclusive em outros<br />

setores da economia. Este modelo valoriza a eficiência,<br />

considerando todos os aspectos da cadeia de produção,<br />

desde sustentabilidade da matéria-prima, passando pelos<br />

processos de produção, até a entrega do produto final<br />

ao consumidor. Ou seja, estamos com a faca e o queijo<br />

na mão. O mundo conspira a favor do Brasil, que tem o<br />

maior potencial na produção de biocombustíveis: biodiesel,<br />

etanol, biogás e, o próximo e indiscutivelmente o que<br />

vem para ficar por muitos anos, o bioquerosene.<br />

segurança energética e cuidado com o meio ambiente e<br />

com a saúde da população. Em 2018, o Brasil produziu o<br />

recorde de 5,3 bilhões de litros de biodiesel para abastecer<br />

o mercado interno. Com isso, não só os consumidores<br />

puderam utilizar um combustível mais limpo como também<br />

a indústria pôde retomar sua produção e consolidar<br />

a posição do país como segundo produtor global deste<br />

biocombustível - atrás apenas dos EUA (Estados Unidos<br />

da América). Já em <strong>2019</strong>, a produção e o consumo no Brasil<br />

devem marcar novo recorde: 6 bilhões de litros/ano.<br />

No final do ano passado, o Cnpe (Conselho Nacional de<br />

Política Energética) aprovou uma resolução que deu previsibilidade<br />

inédita para o setor. O cronograma do Cnpe<br />

estabelece o aumento de 1% ao ano no teor de biodiesel<br />

adicionado ao diesel fóssil até 2023. Com isso, a previsão<br />

é alcançar o B15 (15% de biodiesel) até março de 2023.<br />

Para a Ubrabio, o B11 chegou oportunamente e o B12 em<br />

março é necessário para que a indústria possa continuar<br />

produzindo, gerando empregos e, principalmente, substituindo<br />

combustível fóssil por renovável.<br />

Como o RenovaBio deverá mudar o cenário de<br />

combustíveis no Brasil? Quais as expectativas do<br />

projeto?<br />

O RenovaBio é uma política de Estado de descarbonização<br />

do transporte e valorização dos biocombustíveis.<br />

Ela foi desenvolvida para ajudar o Brasil a cumprir seu<br />

compromisso de redução de emissões de gases de efeito<br />

estufa assumido no Acordo do Clima de Paris. Além de<br />

reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar, um<br />

estudo do MME mostra que o RenovaBio deve gerar mais<br />

No âmbito das políticas públicas, até onde o país<br />

está avançando para os combustíveis renováveis?<br />

Como a legislação brasileira está acertando ou errando<br />

neste sentido?<br />

A legislação brasileira prevê importantes avanços<br />

para o setor de transportes e combustíveis, com a<br />

previsibilidade de incremento do uso de biodiesel para<br />

substituir gradualmente o diesel fóssil – desde 1° de<br />

setembro de <strong>2019</strong>, todo o diesel fóssil vendido no Brasil<br />

conta com 11% de biodiesel. A atual política de biocombustíveis<br />

foi construída a partir de necessidades latentes<br />

no cenário brasileiro: valorização dos produtos nacionais,<br />

diminuição do desemprego, fortalecimento da indústria,<br />

Ao substituir o diesel<br />

fóssil por biodiesel, que<br />

é um produto renovável<br />

e produzido no Brasil,<br />

reduzimos a dependência<br />

por combustível<br />

importado<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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PRINCIPAL<br />

PERFORMANCE E<br />

QUALIDADE<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

MERCADO DA<br />

BIOMASSA TEM<br />

TUDO PARA CRESCER<br />

CONSIDERAVELMENTE<br />

NO BRASIL NA<br />

PRÓXIMA DÉCADA,<br />

MAS MAQUINÁRIO<br />

ADEQUADO É<br />

FUNDAMENTAL PARA<br />

A EVOLUÇÃO<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

17


PRINCIPAL<br />

J<br />

á não é novidade para ninguém, mesmo a<br />

passos tímidos, que a economia brasileira está<br />

retomando o crescimento após quase uma<br />

década de retração que resultou em uma estagnação<br />

considerável em todos os setores industriais.<br />

No caso da geração de biomassa, um segmento ainda<br />

em desenvolvimento no Brasil, não foi diferente. Mas,<br />

mesmo assim, as empresas fornecedoras de maquinários<br />

souberam driblar as dificuldades e trouxeram para<br />

o consumidor peças com alta performance e grande<br />

retorno financeiro.<br />

A exemplo disso, a energia de biomassa comercializou<br />

20.488 GWh (Gigawatts/hora) no SIN (Sistema Interligado<br />

Nacional), somente durante os primeiros nove<br />

meses do ano passado. Esse resultado, coletado pela<br />

Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), representa<br />

quase 10% a mais que no mesmo período de 2017.<br />

O estudo, corroborado com os dados da Câmara<br />

de Comercialização de Energia Elétrica, mostra também<br />

que a bioeletricidade brasileira é duas vezes mais<br />

produtiva que a cadeia de energia elétrica de um dos<br />

nossos países vizinhos, o Paraguai.<br />

Já em <strong>2019</strong>, essa recente prática energética desbancou<br />

a produção de eletricidade por termelétricas de<br />

carvão vegetal, produzindo 13.387 GWh para o SIN, um<br />

volume 2,5 vezes maior que essa atividade de origem<br />

fóssil.<br />

E os números poderiam ser ainda melhores, caso<br />

houvesse maior engajamento dos órgãos públicos em<br />

incentivar o uso da biomassa. A Associação da Indústria<br />

da Cogeração de Energia estima que a receita gerada<br />

pelas usinas de biomassa poderia ser até R$ 1 bilhão<br />

maior, por safra do setor sucroenergético, se o MME<br />

(Ministério de Minas e Energia) aprovasse pleito da<br />

associação para mudar a portaria que define os limites<br />

da garantia física das usinas a biomassa. De acordo com<br />

a associação, bastaria uma medida infralegal do MME<br />

para o país ter 1 GW (Gigawatt) na geração vinda do<br />

setor sucroenergético.<br />

Já o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen,<br />

Leonardo Caio Filho, defende que bastaria uma simples<br />

alteração na Portaria MME nº 564/2014 para ampliar<br />

os montantes de garantia física, isto é, o volume de<br />

bioeletricidade que as usinas podem comercializar no<br />

18<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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CASE<br />

GIGANTE<br />

SUSTENTÁVEL<br />

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AMAZON LANÇOU 18 PROJETOS DE<br />

ENERGIA RENOVÁVEL EÓLICA E SOLAR QUE<br />

FORNECERÃO MAIS DE 4,6 MILHÕES DE MW/H<br />

DE ENERGIA LIMPA ANUALMENTE<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

23


CASE<br />

A<br />

Amazon anunciou uma série de projetos<br />

que pretendem ampliar seus esforços em<br />

energia renovável e minimizar as emissões<br />

de carbono. A gigante de tecnologia<br />

desenvolverá três projetos de energia renovável que<br />

deverão fornecer energia para os data centers da<br />

AWS (Amazon Web Services), que abastecem a Amazon<br />

e milhões de clientes da AWS em todo o mundo.<br />

Um parque eólico, com uma capacidade máxima<br />

de 50 MW (Megawatts), será instalado na Península<br />

Kintyre na Escócia e deverá produzir 168 mil MW/h<br />

(Megawatt/hora) de energia por ano. A instalação<br />

poderia abastecer o equivalente a 46 mil residências<br />

no Reino Unido e seria o maior contrato corporativo<br />

de compra de energia eólica do Reino Unido, segundo<br />

informações da companhia.<br />

Os outros dois projetos solares serão instalados<br />

nos EUA (Estados Unidos da América), sendo um na<br />

Um parque eólico, com<br />

uma capacidade máxima<br />

de 50 MW, será instalado<br />

na Península Kintyre na<br />

Escócia e deverá produzir<br />

168 mil MW/h de energia<br />

por ano<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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PELO MUNDO<br />

RETORNO<br />

CERTO<br />

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ACELERAÇÃO NA<br />

IMPLANTAÇÃO<br />

DE ENERGIA<br />

RENOVÁVEL NA<br />

AUSTRÁLIA REGISTRA<br />

NÍVEIS RECORDES DE<br />

INVESTIMENTO<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

29


PELO MUNDO<br />

A<br />

energia gerada a partir de fontes renováveis<br />

alcançou um marco na Austrália: pela<br />

primeira vez, essas fontes abasteceram<br />

50,2% da rede elétrica do país, na primeira<br />

semana de novembro, de acordo com dados do NEM<br />

(National Energy Market). A região abastecida abrange<br />

alguns dos principais mercados da Austrália, como<br />

Queensland, Nova Gales do Sul, Vitória, Austrália do<br />

Sul e Tasmânia.<br />

A energia solar ficou na liderança, alimentando<br />

32,5% da rede. A energia eólica ocupou o segundo lugar<br />

com 15,7% e a hidrelétrica com 1,9%. As energias<br />

renováveis mantiveram a marca de 50,2% por apenas<br />

10 minutos e, durante o resto do dia, contribuíram<br />

com 31,2% da eletricidade usada nos cinco estados.<br />

Especialistas acreditam que o avanço é uma prévia<br />

de um futuro em que esses números se tornarão uma<br />

ocorrência cada vez mais comum no país.<br />

“Vamos começar a ver isso acontecendo com mais<br />

frequência. Foi apenas um episódio, mas é indicativo<br />

de uma tendência subjacente no sistema”, alerta<br />

Dylan McConnell, da Faculdade de Clima e Energia da<br />

Universidade de Melbourne.<br />

McConnell explicou que os meses da primavera<br />

geralmente são tempos de alta produção de energias<br />

renováveis, quando a demanda não está sendo<br />

impulsionada pelos clientes que desejam aquecer ou<br />

esfriar casas.<br />

“É uma conquista fantástica ter mais da metade do<br />

mercado nacional de eletricidade movido a energia renovável,<br />

e vale a pena comemorar”, empolgou-se Kane<br />

Thornton, executivo-chefe do Clean Energy Council.<br />

“Daqui a uma década, será completamente normal<br />

à medida que mais projetos de energia renovável e<br />

armazenamento forem construídos para substituir as<br />

usinas de carvão que estão se aposentando. No início<br />

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33


TECNOLOGIA<br />

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COMBATE<br />

NATURAL<br />

MÉTODOS NATURAIS COMBATEM<br />

VAZAMENTOS NO NORDESTE<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

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35


TECNOLOGIA<br />

V<br />

azamentos de petróleo estão atingindo<br />

mais de 450 praias no Nordeste do Brasil,<br />

alcançando areia, estuários e manguezais.<br />

Para conter a contaminação, métodos<br />

naturais são a recomendação de especialistas como a<br />

melhor alternativa de biorremediação.<br />

O Igeo/Ufba (Instituto de Geociências da Universidade<br />

Federal da Bahia) apresentou ao Comando<br />

Unificado de Incidentes, em Salvador, uma minuta<br />

em que estão indicados métodos biotecnológicos<br />

de remediação. O documento indica processos que<br />

aceleram a degradação dos compostos de petróleo já<br />

impregnados nas áreas afetadas, realizando a limpeza<br />

da toxicidade microscópica, impossível de ser feita<br />

com o trabalho manual.<br />

As técnicas foram desenvolvidas pelo Igeo, com<br />

patente da Ufba, individualmente ou em parceria com<br />

a Universidade de Salvador - Unifac. As inovações<br />

aliam tecnologia e insumos encontrados facilmente<br />

nas costas baiana e nordestina, o que reduz o custo<br />

ao mesmo passo em que evita o uso de produtos<br />

químicos, diminuindo a inserção de novas substâncias<br />

possivelmente tóxicas nas biotas já impactadas pelo<br />

derramamento de óleo. Apesar de novas, as técnicas já<br />

foram testadas com amostras do óleo que chegou ao<br />

litoral do nordeste brasileiro.<br />

“O que fazemos é usar organismos vivos para<br />

remover os poluentes do ambiente. Não adianta só<br />

tirar a poluição visual, é preciso eliminar os compostos<br />

invisíveis, como benzeno, tolueno e xileno, ou no<br />

mínimo diminuir a presença deles. Aí entra a biotecnologia,<br />

com diferentes indicações para cada ambiente”,<br />

explica o professor da Ufba, Ícaro Moreira, que já<br />

atuou na agência ambiental do governo canadense na<br />

área de remediação em episódios de derramamento<br />

de petróleo.<br />

Para remover poluentes que já estão dissolvidos<br />

na água, a técnica utilizada é baseada em microalgas<br />

que se alimentam do carbono contido nas substâncias<br />

tóxicas. Neste processo, a água contaminada entra em<br />

um reator contendo microalgas que se abastecem do<br />

carbono. Em seguida, a água limpa é liberada de volta<br />

no ambiente. Já as microalgas, após se alimentarem<br />

de carbono e crescerem, viram uma biomassa que<br />

pode ser utilizada para produção de biodiesel. “É um<br />

Apesar de novas, as<br />

técnicas já foram testadas<br />

com amostras do óleo<br />

que chegou ao litoral do<br />

nordeste brasileiro<br />

processo que não gera resíduo. A água fica limpa e a<br />

microalga pode virar um combustível também limpo”,<br />

completa Moreira em entrevista ao portal UOL.<br />

O processo, além de sustentável, é altamente<br />

eficaz: um dos estudos desenvolvidos no Programa<br />

de Pós-Graduação em Geoquímica - Petróleo e<br />

Meio Ambiente da Ufba mostrou que as microalgas<br />

conseguem, em um período de 28 dias, eliminar 94%<br />

dos poluentes de amostras da chamada “água do<br />

petróleo” (efluente resultante da produção petrolífera<br />

que é considerado um dos efluentes mais poluídos do<br />

mundo).<br />

Uma estimativa feita pelo professor Ícaro Moreira,<br />

um dos coautores das pesquisas que deram origem às<br />

técnicas de biorremediação, aponta que um conjunto<br />

de reatores capaz de tratar 1,5 mil litros de água marinha<br />

a cada três dias custaria cerca de R$ 50 mil para<br />

implantação, com custo de manutenção mensal de R$<br />

7 mil. Ao final do processo, a biomassa gerada poderia<br />

ser vendido por R$ 1 mil/quilograma.<br />

“No final das contas, a biomassa gerada paga as<br />

contas e ainda dá lucro. Isso é um exemplo bem claro<br />

do que nós chamamos de economia circular”, aponta<br />

Moreira.<br />

Já as áreas de areia de praia ou áreas de mangue<br />

apresentam dificuldades para limpeza manual e maior<br />

risco de impregnação de substâncias poluentes.<br />

Nesses casos, a recomendação da entidade é fitorre-<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 37


ECONOMIA<br />

DINHEIRO<br />

VERDE<br />

CENÁRIO É PROMISSOR NA AMÉRICA LATINA,<br />

REGIÃO COM GRANDE VARIEDADE DE ECOSSISTEMAS<br />

E POSSIBILIDADES DE INOVAÇÕES SUSTENTÁVEIS<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

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D<br />

esenvolvimento sustentável já deixou de ser<br />

uma tendência e hoje é compreendido como o<br />

caminho para se manter inserido no presente<br />

e futuro da economia. A bioeconomia é uma<br />

parte promissora desse futuro; é uma forma inovadora de<br />

impulsionar o desenvolvimento sustentável na América<br />

Latina.<br />

“A bioeconomia moderna é capaz de mitigar gases de<br />

efeito estufa e trazer inúmeros benefícios para a sociedade.<br />

Pode dar mais valor e produtividade para a agricultura,<br />

possibilitar o aproveitamento de resíduos urbanos<br />

e rurais, garantir a segurança energética e o acesso à<br />

energia, além de ser uma fonte próspera de negócio. A<br />

bioeconomia já movimenta € 22 bilhões”, afirmou o então<br />

ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, durante o<br />

I Biofuture Summit.<br />

O cenário é especialmente promissor na América<br />

Latina, região com grande variedade de ecossistemas e<br />

possibilidades de inovações sustentáveis. “Não é de se<br />

estranhar que a América Latina oferece hoje os melhores<br />

indicadores da Bioeconomia mundiais, observando a<br />

incidência relativa das energias renováveis em sua matriz<br />

energética, os melhores índices de produtividade agrícola<br />

no caso de alimentos, fibras e combustíveis”, destacou<br />

Ingo Plöger, presidente do Conselho de Empresários da<br />

América Latina presidente do Ipdes (IP Desenvolvimento<br />

Empresarial e Institucional), em palestra no Green Rio,<br />

plataforma de negócios que reúne expositores, palestrantes<br />

e representantes da Economia Verde.<br />

Plöger destacou a atuação da Argentina, que criou<br />

uma Plataforma de Bioeconomia integrando três a quatro<br />

ministérios envolvendo várias organizações da sociedade<br />

civil, e da Costa Rica, que mantém um programa antigo<br />

de Bioeconomia como uma das prioridades de Estado.<br />

“No Brasil temos havido políticas fortes que transformam<br />

setores, porém não temos nenhuma coordenação<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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41


INOVAÇÃO<br />

NOVA<br />

ECONOMIA<br />

STARTUPS ENTENDEM QUE A DISRUPÇÃO E<br />

SUSTENTABILIDADE ABREM CAMINHO PARA<br />

NOVOS NEGÓCIOS NA INDÚSTRIA<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

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43


INOVAÇÃO<br />

O<br />

s avanços na busca por fontes renováveis<br />

abrem possibilidades de mercado e empresas<br />

voltadas para inovação estão explorando<br />

essas possibilidades. Um relatório recente da<br />

Bnef (Bloomberg NEF), líder em pesquisa mundial sobre<br />

energia limpa, aponta que, por volta de 2030, geradores<br />

solares, eólicos e baterias de grande porte terão preços<br />

inferiores em relação às usinas de gás ou carvão em<br />

quase qualquer lugar do mundo. Esse cenário é sinônimo<br />

de oportunidades, que estão sendo aproveitadas por<br />

startups em diversos nichos.<br />

No Brasil, startups estão avançando no setor, motivadas<br />

inclusive pelas condições climáticas naturais do país<br />

que favorecem a ampliação de fontes renováveis como<br />

painéis solares e usinas eólicas. De acordo com a base de<br />

dados Startupbase, existem 67 empresas de energia em<br />

parques tecnológicos, e 14 com matriz renovável, entre<br />

elas, eólica, hídrica, biomassa, biogás e energia solar.<br />

“É um cenário extremamente positivo de um mercado<br />

em crescimento exponencial”, acredita o gestor<br />

de projetos do Sebrae-RS, Cleverton Rocha. Ele destaca<br />

a importância do surgimento de novas alternativas de<br />

energia como fator fundamental para o desenvolvimento<br />

tecnológico e desaceleração do aquecimento global, com<br />

a redução da emissão de gás carbônico.<br />

Uma dessas empresas é a Incyclus, startup acelerada<br />

pela catarinense Spin, que mantém uma plataforma digital<br />

focada na conexão de empresas com consumidores.<br />

“Negociamos e gerenciamos energia limpa e renovável<br />

para tornar possível um futuro mais sustentável através<br />

do consumo consciente de energia”, afirma o CEO da Inccyclus,<br />

Kayo Cheganças, em entrevista à revista Business.<br />

A plataforma funciona como um hub integrador, que<br />

engloba empresas, indústrias, casas, agentes, plataformas<br />

geradoras e parque de fontes renováveis; ali é possível<br />

contratar energia de forma mais rápida e simplificada.<br />

Como o consumidor tem opções de escolha da fonte e do<br />

fornecedor, os custos podem diminuir de forma considerável<br />

- segundo Cheganças, a economia chega a 90%.<br />

De acordo com Kayo, o objetivo é promover e democratizar<br />

o acesso a uma energia sem impacto ao meio ambiente.<br />

“A ferramenta transforma o complexo em simples<br />

ao unificar todas as experiências de alta gestão”, ressalta.<br />

“Toda a cadeia de valor da indústria está na palma da<br />

mão e para contratar, trocar ou gerenciar será tão simples<br />

quanto entrar no app de um banco”, assegura.<br />

Já no Rio Grande do Sul, um destaque é a Valencia<br />

Serviços de Energia, startup incubada no parque tecnológico<br />

da Unisinos há três anos. A startup foi criada pelo<br />

engenheiro eletricista graduado pela Unisinos, Thiago<br />

Lemes de Sá, que hoje tem dois sócios, Eliézer Brazil e<br />

Wagner Martins.<br />

O projeto foi financiado com investimentos próprios<br />

desde o começo: os sócios aportaram R$ 15 mil na<br />

abertura da Valencia. Atualmente, a startup desenvolve<br />

trabalhos na Região Metropolitana de Porto Alegre e no<br />

Vale do Taquari.<br />

Ao longos dos três anos de atividade, a empresa<br />

cresceu com o lucro de três produtos: projeto elétrico;<br />

análises e consultoria de eficiência energética para reduzir<br />

consumo de energia elétrica; e, como foco central da<br />

empresa, energia solar fotovoltaica.<br />

“A questão da sustentabilidade é muito importante.<br />

Vemos cada vez mais pessoas se preocupando com o<br />

meio ambiente, há uma mudança na cultura e a energia<br />

fotovoltaica é uma das soluções”, ressalta o fundador da<br />

empresa. Ele destaca ainda o potencial de ganho para<br />

a energia elétrica brasileira a partir do surgimento de<br />

fontes renováveis. “O país não vai precisar investir tanto<br />

na área, porque as pessoas vão estar gerando sua própria<br />

energia”, defende, em entrevista ao Jornal do Comércio.<br />

Já no Maranhão, um projeto desenvolvido durante a<br />

graduação em Engenharia Mecânica na Uema (Universidade<br />

Estadual do Maranhão) se transformou em uma<br />

startup inovadora. A Bio Fluid Soluções Eco Biodegradáveis<br />

atua na fabricação de um fluido biodegradável à<br />

De acordo com a base de<br />

dados Startupbase, existem<br />

67 empresas de energia<br />

em parques tecnológicos,<br />

e 14 com matriz renovável,<br />

entre elas, eólica, hídrica,<br />

biomassa, biogás e energia<br />

solar<br />

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45


PRÊMIO<br />

PRÊMIO<br />

2 19<br />

DESTAQUES DO SETOR DE<br />

BIOMASSA BRASILEIRO<br />

RECEBEM PRÊMIO<br />

REFERÊNCIA <strong>2019</strong><br />

FOTOS ROSANGELA BINI<br />

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PRÊMIO<br />

2<br />

19<br />

O<br />

s principais empresários e profissionais do setor<br />

de biomassa de todo o país estiveram presentes<br />

na cerimônia do PRÊMIO REFERÊNCIA, realizada<br />

no final do mês de outubro, em Curitiba (PR),<br />

com assinatura da JOTA EDITORA.<br />

Com 17 anos de tradição, a premiação é uma das mais<br />

respeitadas do Brasil por enaltecer a atuação de empresas<br />

do setor ao longo do ano, como forma de reconhecimento<br />

ao trabalho e ao desenvolvimento do país, considerando<br />

também critérios como empregabilidade, sustentabilidade,<br />

valores, cultura organizacional, inovação, geração de renda,<br />

entre outros quesitos.<br />

O PRÊMIO REFERÊNCIA busca fomentar o mercado, em<br />

toda a cadeia produtiva da madeira: nas florestas, na indústria,<br />

na produção de celulose e de papel, na geração de biomassa<br />

e nos produtos de madeira. Desta maneira, valoriza<br />

as empresas e as organizações do setor que colaboram para<br />

que o mercado brasileiro seja um dos mais desenvolvidos<br />

e promissores do mundo. “Minha gratidão à presença de<br />

vocês que dedicaram um tempo para estarem aqui. Há 21<br />

anos, a REVISTA REFERÊNCIA vem trazendo a informação especializada<br />

para o nosso segmento e sinto orgulho da força<br />

da revista impressa”, ressaltou o diretor comercial da JOTA<br />

EDITORA, Fábio Machado.<br />

Em tempos de fake news e da dubiedade de informações<br />

das mídias digitais, Fábio destacou a potência da mídia<br />

impressa especializada no mundo que, cada vez mais, tem<br />

um púbico cativo por ter a credibilidade como valor primordial.<br />

“Recentemente, a Rock Content, maior empresa de<br />

conteúdo digital da América Latina, lançou uma revista impressa,<br />

assim como a Uber e Airbnb, por exemplo. Isso tem<br />

ocorrido porque, em uma pesquisa, foi revelada a dificuldade<br />

dessas empresas em se comunicar com empresários,<br />

diretores, investidores, CEO’s, presidentes de empresas, etc.<br />

E esse público-alvo falou que busca informação na revista<br />

segmentada impressa por confiar nessa fonte de informação”,<br />

revelou.<br />

Além da credibilidade e qualidade de conteúdo da mídia<br />

impressa, outro ponto ressaltado pelo diretor executivo da<br />

JOTA EDITORA, Pedro Bartoski Jr., é a comunicação direta<br />

que as empresas passam a ter com público por meio do veículo<br />

impresso. “Muitas vezes o setor empresarial não informa<br />

ao seu público o que está produzindo e desenvolvendo. A<br />

revista é uma ferramenta para as empresas e os profissionais<br />

divulgarem e comunicarem o trabalho realizado em prol<br />

do nosso Brasil. A gente tem orgulho de estar premiando<br />

10 dessas empresas que pesquisamos e descobrimos como<br />

fizeram algo de muito importante, dentro do nosso segmento,<br />

neste ano. Mas convido a participarem ativamente:<br />

divulguem mais as empresas, porque credibilidade a gente<br />

tem de sobra, assim como vocês, precisamos saber usar mais<br />

essa ferramenta”, orientou o diretor executivo.<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

49


ARTIGO<br />

EFEITO DO SISTEMA DE PLANTIO E<br />

DA EXPOSIÇÃO SOLAR SOBRE A<br />

ALOCAÇÃO DA BIOMASSA NO<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

INICIAL DO EUCALIPTO<br />

FOTOS FABIANO MENDES<br />

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HELIO TONINI<br />

Engenheiro Florestal, Pesquisador da Embrapa Pecuária Sul<br />

MARINA MOURA MORALES<br />

Química, Pesquisadora da Embrapa Florestas<br />

VANDERLEY PORFIRIO DA SILVA<br />

Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Florestas<br />

JORGE LULU<br />

Engenheiro Agrícola, Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril<br />

AUSTECLINIO LOPES DE FARIAS NETO<br />

Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

51


ARTIGO<br />

RESUMO<br />

E<br />

ste trabalho foi desenvolvido com o objetivo<br />

de comparar a alocação da biomassa arbórea,<br />

a conicidade do tronco e a relação altura<br />

e diâmetro ao longo do fuste de árvores de<br />

eucalipto implantadas em um sistema silvipastoril, em<br />

diferente exposição solar, e em monocultivo. Os dados<br />

foram coletados em 13 árvores-amostra aos 27 meses<br />

de idade, selecionadas em função do intervalo de confiança<br />

da média dos DAP (Diâmetros a Altura do Peito)<br />

e da posição das árvores na faixa de plantio, com face<br />

de exposição sul, norte e central. Concluiu-se que na<br />

comparação com o monocultivo, as árvores plantadas<br />

em sistema silvipastoril apresentaram menor altura<br />

total, maior conicidade e maior biomassa na copa. No<br />

sistema silvipastoril, não houve efeito da posição da<br />

árvore na faixa de plantio sobre a produção total de<br />

biomassa na parte aérea, porém, árvores com face de<br />

exposição norte foram mais baixas, cônicas e produ-<br />

ziram maior biomassa de galhos e folhas nas partes<br />

inferiores da copa.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nos sistemas silvipastoris, em geral, são adotados<br />

arranjos do componente arbóreo no sentido leste -<br />

oeste, para permitir maior penetração de luz entre<br />

as linhas de árvores, beneficiando as forrageiras no<br />

consórcio. Com a utilização de espécies florestais e forrageiras<br />

adequadas, a arborização de pastagens, pode<br />

aumentar a produção e a qualidade das forrageiras e<br />

melhorar o desempenho dos animais em ganho de<br />

peso, lactação, sanidade e reprodução além de gerar<br />

renda pela produção dos multiprodutos florestais.<br />

Neste tipo de sistema agroflorestal, o Eucalyptus<br />

é um dos gêneros mais utilizados como componente<br />

florestal. A sua adoção ocorre devido ao grande número<br />

de genótipos/fenótipos disponíveis; a adaptação às<br />

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53


ARTIGO<br />

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55


AGENDA<br />

JANEIRO 2020<br />

INTERSOLUTION<br />

Data: 15 a 16<br />

Local: Gante (Bélgica)<br />

Informações: www.intersolution.be/en/home<br />

DESTAQUE<br />

ENERGY MEXICO<br />

Data: 28 a 30<br />

Local: Cidade do México<br />

Informações: www.energymexico.mx<br />

FEVEREIRO 2020<br />

WIND EXPO JAPAN<br />

Data: 26 a 28<br />

Local: Tóquio (Japão)<br />

Informações: www.windexpo.jp/en<br />

ABRIL 2020<br />

FIEMA BRASIL<br />

Data: 14 a 16<br />

Local: Bento Gonçalves (RS)<br />

Informações: www.fiema.com.br<br />

EUROPEAN BIOMASS CONFERENCE<br />

Data: 27 a 30<br />

Local: Marselha (França)<br />

Informações: www.eubce.com<br />

AGOSTO 2020<br />

FENASCUCRO<br />

Data: 18 a 21<br />

Local: Sertãozinho (SP)<br />

Informações: www.fenasucro.com.br/pt-br.html<br />

FIEMA<br />

Data: 14 a 16 de abril de 2020<br />

Local: Bento Gonçalves (RS)<br />

Informações: www.fiema.com.br<br />

Em sua IX edição e oferece infraestrutura, amplo<br />

espaço e instalações adequadas para empresas<br />

e instituições apresentarem soluções ambientais,<br />

tecnologias e inovação para resíduos, águas, efluentes,<br />

energia, construções sustentáveis, ciência e tecnologia,<br />

segurança do trabalho e gestão ambiental.<br />

Um encontro dinâmico que prioriza geração de<br />

negócios, rede de relacionamento, disseminação de<br />

conhecimento e, sobretudo, impulsiona o fluxo de<br />

informações e troca de experiências entre profissionais,<br />

especialistas e acadêmicos.<br />

Imagem: divulgação<br />

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OPINIÃO<br />

Foto: divulgação<br />

A DESERTIFICAÇÃO<br />

DO BRASIL<br />

POPULAÇÃO DEVE LEMBRAR DOS TRANSTORNOS OCORRIDOS<br />

EM 2015 E 2016 EM VÁRIAS REGIÕES DO BRASIL<br />

E<br />

m 2005, o governo federal iniciou a grandiosa obra<br />

de transposição do Rio São Francisco para levar água<br />

às regiões setentrionais do nordeste. A condição<br />

climática no semiárido nordestino é extremamente<br />

complexa, pois alterna períodos de chuvas e longos períodos<br />

de estiagem, afetando principalmente os produtores rurais.<br />

Essa alternância resulta na característica de que a região<br />

não é tão seca a ponto de expulsar definitivamente as pessoas,<br />

e tampouco é úmida suficiente para gerar prosperidade<br />

econômica por meio das atividades agropecuárias.<br />

Os períodos de chuvas favoráveis mantém as pessoas no<br />

campo e geram alguma reserva; já os períodos de estiagem<br />

consomem toda a reserva acumulada. E em condições de<br />

seca muito severa, correntes migratórias partem para outras<br />

regiões do país, como é notório desde o início do século XX.<br />

No saldo, as famílias que permanecem no sertão ficam reféns<br />

da seca e da miséria.<br />

Após inaugurações apressadas, a obra de transposição<br />

está em ruínas, e o que seria uma medida para acabar com a<br />

“indústria da seca” e para implantar um novo modelo econômico<br />

na região tornou-se mais um dos grandes exemplos de<br />

ineficiência e má gestão dos recursos públicos: a transposição<br />

do São Francisco definha, e isso secou também o sonho de<br />

milhões de pessoas que almejavam com a obra uma vida mais<br />

próspera.<br />

Estamos assistindo a um efeito de ampliação de extensas<br />

áreas de seca no Brasil, pois largas extensões territoriais estão<br />

se tornando mais áridas. E diferentemente do que ocorre no<br />

nordeste, em que a própria natureza moldou a aridez da região,<br />

a ampliação de regiões áridas em outras partes do Brasil<br />

é fruto da intervenção direta do homem sobre os processos<br />

naturais.<br />

Como é de amplo conhecimento não somente da comunidade<br />

acadêmica, a presença de florestas é fundamental para<br />

que a umidade proveniente da Amazônia, também chamada<br />

de rios voadores, alcance áreas ao sul do Brasil, tanto nas regiões<br />

centro-oeste, sudeste e sul, como também alcance outras<br />

partes do território sul-americano.<br />

O desmatamento desenfreado da floresta amazônica<br />

sem nenhum tipo de planejamento e ordenamento territorial<br />

está comprometendo o fluxo natural de umidade. Com esse<br />

comprometimento, extensas áreas estão mais propensas à estiagem,<br />

prejudicando todo o sistema econômico já instalado<br />

e consolidado, como o agropecuário, a geração de energia,<br />

o transporte hidroviários e os sistemas de saneamento, por<br />

exemplo. E ao contrário de discursos atuais, não há falácias<br />

sobre o que vem acontecendo na Amazônia: ela está sim em<br />

perigo e corre o risco de ser extinta nas próximas décadas –<br />

além de inviabilizar economicamente outras regiões do Brasil<br />

por conta da estiagem, tornando essas regiões semelhantes<br />

ao que acontece no sertão nordestino. Sem água, uma das<br />

grandes fontes de riqueza econômica desse país, a atividade<br />

agropecuária, estará severamente comprometida.<br />

Grande parte da população deve se lembrar dos transtornos<br />

ocorridos em 2015 e 2016 em várias regiões do Brasil,<br />

mas em especial no sudeste, que viveu a maior crise hídrica<br />

de sua história, afetando milhões de pessoas. É certo que<br />

crises hídricas irão retornar com mais frequência e severidade<br />

caso o desmatamento continue. E é nesse aspecto que deve<br />

haver a mobilização dos diversos setores sociais do Brasil<br />

para combatermos um eminente desastre ambiental e, por<br />

decorrência, uma tragédia social. Portanto, a prosperidade<br />

brasileira depende essencialmente da manutenção dos serviços<br />

ambientais gerados pela floresta amazônica, sem a qual o<br />

semiárido ocupará grandes extensões do território brasileiro e<br />

mais pessoas estarão atadas à miséria.<br />

Por Rodolfo Coelho Prates<br />

Doutor em Economia e professor do curso de Economia da PUC/PR<br />

(Pontifícia Universidade Católica do Paraná)<br />

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