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S U M Á R I O<br />
34 Inovação<br />
Realidade palpável<br />
Palpable reality<br />
18 Principal<br />
Crescimento estratégico<br />
Strategic growth<br />
54 Feira<br />
Tissue World<br />
04 Sumário<br />
06 Editorial<br />
08 Cartas<br />
10 Novidades<br />
24 Avanços e tecnologia<br />
Corrida sustentável<br />
The race for sustainability<br />
28 Artigo<br />
Renaturalização de rios usando eucalipto<br />
Renaturalization of rivers using eucalyptus<br />
40 Economia<br />
Balanço econômico<br />
Economic balance sheet<br />
46 Evento<br />
Ponto de encontro<br />
The meeting point<br />
50 Prêmio REFERÊNCIA<br />
60 Entrevista<br />
Fernando José Borges Gomes<br />
66 Calendário<br />
04
E D I T O R I A L<br />
REFERÊNCIA<br />
<strong>Celulose</strong> & Papel<br />
REFERÊNCIA <strong>Celulose</strong> & Papel<br />
Otimismo<br />
O crescimento da produção industrial tem<br />
sido digno de nota, sobretudo após anos e anos<br />
de recessão. Mesmo assim, a indústria de celulose<br />
e papel soube atravessar as marés tempestuosas<br />
e auxiliar no processo de retomada do rumo da<br />
economia nacional. Por isso, sempre conectada<br />
aos temas atuais, a revista CELULOSE & PAPEL<br />
traz reportagem sobre o cenário econômico do<br />
último trimestre. Além disso, estivemos no último<br />
jantar da Aplysia e trazemos as principais pautas<br />
colhidas no evento – também acompanhamos a<br />
edição mais recente da Abtcp, que sempre traz as<br />
mais atuais novidades para nosso setor. Tenha uma<br />
excelente leitura e um ótimo 2020!<br />
Optimism<br />
The growth of industrial production has been noteworthy,<br />
especially after years and years of recession. Even<br />
so, the pulp and paper industry knew how to navigate<br />
through the stormy weather and assist in the process of<br />
resuming the course of the national economy. Therefore,<br />
always connected to current topics, CELULOSE & PAPEL<br />
provides the reader with a report on the economic scenario<br />
of the last quarter. Also, we attended the latest Aplysia<br />
dinner, and have a story on the main subjects brought up<br />
at the event – we also accompanied the most recent Abtcp<br />
Fair, which always provides us with the latest about our<br />
Sector. Pleasant reading and the best for 2020!<br />
EXPEDIENTE<br />
JOTA EDITORA<br />
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06
C A R T A S<br />
Capa da Edição 42 da<br />
<strong>Revista</strong> CELULOSE & PAPEL<br />
Imagem: reprodução Imagem: reprodução<br />
EVENTO<br />
Por Lucas Falce - Belo Horizonte (MG)<br />
Excelente novidade a realização da PPW (Packaging & Process Week):<br />
Feira Internacional de Tecnologia e Processos para a Indústria de<br />
Embalagens, em 2020. O setor precisa sempre estar conectado às novas<br />
tendências para seguir evoluindo.<br />
PANORAMA<br />
Por Alexandre Cardoso - Maringá (PR)<br />
Excelente entrevista com o economista Leonardo Frota sobre o atual<br />
momento da indústria de <strong>Celulose</strong> & Papel no Brasil. Parabéns à toda a<br />
equipe!<br />
CONSCIÊNCIA<br />
Por Sophia Ribeiro - Curitiba (PR)<br />
Ótima reportagem sobre como o aspecto ecológico aumenta a<br />
competitividade dos papéis-toalha biodegradáveis. Inovar em prol da<br />
sustentabilidade é uma necessidade constante.<br />
SUGESTÃO<br />
Por Vitor Ribeiro - Rio de Janeiro (RJ)<br />
Parabenizo toda a equipe da <strong>Revista</strong> CELULOSE & PAPEL e gostaria<br />
de sugerir mais reportagens abordando novas tecnologias, sobretudo<br />
envolvendo a nanocelulose.<br />
Imagem: reprodução Imagem: reprodução<br />
Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.<br />
As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião é fundamental para a <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA CELULOSE & PAPEL.<br />
revistareferencia@revistareferencia.com.br<br />
08
N O V I D A D E S<br />
Empresa<br />
aponta<br />
crescimento<br />
A Irani registrou receita líquida de R$<br />
238,9 milhões no terceiro trimestre de<br />
<strong>2019</strong>. O resultado representa um aumento<br />
de 10,1% em relação ao mesmo período<br />
do ano passado e é 6,3% maior que o<br />
segundo trimestre deste ano. O resultado é<br />
ocasionado pela expansão do volume de vendas e a alta dos preços nos segmentos de papel para embalagens<br />
e embalagem de papelão ondulado. No segmento embalagem de papelão ondulado, as vendas totalizaram<br />
42,7 mil toneladas, uma queda de 8% em relação ao mesmo período de 2018, mas um crescimento de 6,3%<br />
sobre o segundo trimestre de <strong>2019</strong>. Já o segmento de papel para embalagens totalizou 32 mil toneladas, um<br />
aumento de 23,2% em comparação com o mesmo período de 2018 e crescimento de 3,4% sobre o segundo<br />
trimestre deste ano.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
Melhor do ano<br />
A Suzano foi eleita a melhor companhia do setor de Papel e <strong>Celulose</strong><br />
na edição de <strong>2019</strong> do anuário Época Negócios 360º. O anuário faz<br />
uma avaliação completa e multidisciplinar das companhias, levando em<br />
conta seis dimensões da gestão: desempenho financeiro, governança<br />
corporativa, inovação, pessoas, sustentabilidade e visão de futuro. “Este<br />
prêmio é o resultado da união dos esforços realizados diariamente por<br />
nossos 15 mil colaboradores diretos e mais de 30 mil indiretos. A homenagem<br />
nos estimula a continuar trabalhando porque temos a convicção<br />
de que devemos sempre buscar ser uma empresa melhor e que atenda<br />
a todas as partes interessadas e a sociedade”, frisa o presidente da Suzano,<br />
Walter Schalka.<br />
10
Foto: divulgação<br />
Recuperação<br />
gradual<br />
Se os preços globais da celulose ficaram<br />
abaixo do esperado em <strong>2019</strong>, devem se<br />
recuperar gradativamente a partir do segundo<br />
trimestre do ano que vem. A queda nas<br />
cotações se tratou de reflexo da diminuição<br />
estratégica na política de estoques das papeleiras<br />
chinesas. Entre o fim de 2018 e início de<br />
<strong>2019</strong>, a oferta produzia em níveis recordes. As<br />
produtoras Suzano e Klabin citam, entretanto,<br />
aumento recente na demanda da China, por<br />
mais que os estoques ainda estejam elevados.<br />
Ainda, relatório da Rabobank, multinacional<br />
holandesa de serviços financeiros, referente<br />
às expectativas para o agronegócio brasileiro,<br />
aponta que um mercado nivelado entre oferta<br />
e demanda em 2020 indica que os preços da<br />
celulose vão se recuperar de forma gradativa e<br />
moderada no ano que está para chegar.<br />
Produção e<br />
exportação<br />
Maior produtora e exportadora de papéis do<br />
Brasil, a Klabin foi premiada nas categorias “Reflorestamento,<br />
Papel e <strong>Celulose</strong>” e “Sustentabilidade”<br />
na 15ª edição do anuário “As Melhores do<br />
Agronegócio”, da revista Globo Rural. A premiação<br />
elege as maiores empresas do setor, divididas<br />
em 20 segmentos. A empresa, com 120 anos de<br />
atuação, investe em iniciativas de manejo florestal<br />
e inovação pautadas por seu compromisso ambiental<br />
e ligado ao desenvolvimento sustentável. A<br />
matriz energética da Klabin provém quase 90% de<br />
fonte sustentável. Com seu modelo de gestão ambiental,<br />
a organização, que tem base florestal com<br />
216 mil ha (hectares) de florestas nativas conservadas<br />
e 239 mil ha de florestas plantadas, também<br />
tem buscado reduzir cada vez mais o consumo<br />
total de água e a emissão de CO 2<br />
(Gás Carbônico).<br />
11<br />
Foto: divulgação
N O V I D A D E S<br />
Futuro<br />
sustentável<br />
Sustentável e<br />
benéfica<br />
Foto: divulgação<br />
Profissionais e estudantes ligados à pesquisa<br />
florestal estabeleceram compromisso com um<br />
futuro sustentável na “Carta de Curitiba”. O<br />
documento contendo compromissos do setor<br />
para um futuro sustentável foi elaborado ao final<br />
do XXV Congresso Mundial da União Internacional<br />
das Organizações de Pesquisa Florestal e<br />
contou com a assinatura de centenas de pessoas<br />
de 92 países. No documento, os cientistas se<br />
comprometem a acelerar os esforços para gerar<br />
e fornecer conhecimento e soluções práticas<br />
para melhorar a gestão da terra, da água e da<br />
vida selvagem, prevenir desmatamento, fornecer<br />
produtos madeireiros com menor pegada<br />
de carbono e que permitam que as florestas<br />
atendam às necessidades físicas e espirituais da<br />
sociedade. O documento reconhece ainda a<br />
necessidade de os cientistas melhorarem a forma<br />
de comunicação com a sociedade, buscando<br />
soluções eficazes e economicamente viáveis.<br />
Não é exagero dizer que o plástico é o<br />
inimigo número um daqueles que buscam<br />
consumir de forma mais consciente, afinal,<br />
cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos<br />
plásticos são despejadas nos oceanos todos os<br />
anos. A substituição de produtos plásticos por<br />
materiais de papel, em especial aqueles que<br />
costumam ser usados apenas uma vez e são<br />
descartados, é, portanto, natural. A tendência<br />
é que itens como pratos, copos e canudos<br />
descartáveis sejam trocados por versões<br />
biodegradáveis. Em São Paulo, o governador<br />
João Dória regulamentou, recentemente,<br />
proibição ao fornecimento de canudos<br />
plásticos em estabelecimentos comerciais,<br />
iniciativa que tem sido replicada por diversas<br />
prefeituras. E os canudos de papel são uma<br />
ótima alternativa. Segundo o diretor executivo<br />
de Papel da Suzano, maior fabricante de<br />
celulose de eucalipto do mundo, Leonardo<br />
Grimaldi, a expectativa é de que esse mercado<br />
movimente R$ 2 bilhões ao ano.<br />
Foto: divulgação<br />
12
N O V I D A D E S<br />
Embarque de<br />
celulose<br />
O Porto de Paranaguá (PR)<br />
embarcou a maior carga de<br />
celulose já exportada do seu<br />
terminal: 46 mil toneladas de<br />
celulose, da Klabin. A carga<br />
é destinada para o porto<br />
de Qingdao, na China. É a<br />
primeira vez que uma carga<br />
total de celulose é realizada<br />
pela Klabin no cais público do<br />
Paraná. A expectativa é de que<br />
esse tipo de procedimento se<br />
torne corriqueiro no terminal,<br />
aumentando ainda mais a eficiência<br />
portuária e trazendo mais<br />
ganhos para a região.<br />
Foto: ilustrativa<br />
Foto: divulgação<br />
Sequestro<br />
de carbono<br />
A Suzano fechou negócio de celulose para fraldas<br />
com a empresa global Ontex, no qual sequestrará da<br />
atmosfera o volume equivalente de CO 2<br />
(Gás Carbônico)<br />
emitido no processo produtivo. O projeto<br />
deverá neutralizar 8 milhões de toneladas de carbono.<br />
O grupo aguarda a regulamentação do crédito de<br />
carbono como moeda, inclusive como coparticipante<br />
das discussões que estariam bem mais avançadas no<br />
Ministério da Economia do que há alguns anos, afirma<br />
o gerente de meio ambiente e plantio, João Augusti.<br />
Segundo ele, em 2018 a Suzano teria sequestrado mais<br />
carbono do que emitiu e para isso a companhia inventaria<br />
o carbono em todas as fases de suas operações,<br />
desde a produção de mudas à chegada nos portos<br />
internacionais de suas mercadorias.<br />
14
N O V I D A D E S<br />
Aniversário<br />
A Unidade da Suzano em Limeira (SP)<br />
completou 60 anos de operações com produtos<br />
inéditos e a expectativa de inaugurar a<br />
primeira fábrica de lignina, um projeto com<br />
características inéditas mundialmente. Atualmente<br />
a unidade é responsável pela produção<br />
de 650 mil toneladas/ano de celulose e 400<br />
mil toneladas de papel por ano. A lignina é<br />
o segundo polímero de fonte renovável mais<br />
abundante na natureza, após a celulose. A<br />
Suzano vem pesquisando seu uso como substituto<br />
de produtos de origem fóssil ao longo dos<br />
últimos 11 anos.<br />
Foto: divulgação<br />
Benefícios a<br />
assentados<br />
A Veracel e a Ufsb (Universidade Federal do<br />
Sul da Bahia) estão avançando projeto de divisão<br />
de lotes que beneficia 345 famílias de agricultores<br />
em três fazendas da Veracel <strong>Celulose</strong>. Os<br />
lotes destinados aos assentados somam 3.319 ha<br />
(hectares) em terras cultiváveis. O tamanho dos<br />
lotes variam de 2 a 14 ha em função da capacidade<br />
de produtividade de cada família. A divisão foi<br />
estabelecida pelas cinco associações de agricultores<br />
que fazem parte do projeto, sem interferência<br />
da empresa ou da universidade. Algumas das<br />
culturas mantidas pelos agricultores incluem feijão<br />
de corda, milho e abóbora, entre outros, que<br />
são vendidos pelos produtores nas feiras livres de<br />
Eunápolis (BA).<br />
Foto: divulgação<br />
16
P R I N C I P A L<br />
CRESCIMENTO<br />
ESTRATÉGICO<br />
Fotos: divulgação<br />
PARA AVANÇAR CADA<br />
VEZ MAIS NO SEGMENTO<br />
DE PAPEL E CELULOSE<br />
BRASILEIRO, EMPRESA<br />
PAULISTA BUSCOU SE<br />
ATUALIZAR E INVESTIR<br />
EM TECNOLOGIA COMO<br />
DIFERENCIAIS<br />
Strategic<br />
growth<br />
TO MOVE FARTHER AHEAD IN THE<br />
BRAZILIAN PULP AND PAPER SEGMENT,<br />
A COMPANY FROM THE STATE OF SÃO<br />
PAULO SOUGHT TO UPDATE ITSELF<br />
AND INVEST IN TECHNOLOGY AS<br />
DIFFERENTIALS<br />
18
Omercado de papel e celulose no<br />
Brasil é, possivelmente, um dos<br />
mais promissores da indústria<br />
nacional. Em 2018, o setor produziu<br />
cerca de 15,8 milhões de<br />
toneladas fabricadas e alcançou<br />
um crescimento de 10,7% em suas exportações,<br />
quando comparadas ao ano anterior. Esses números<br />
mostram que as oportunidades são inúmeras, desde<br />
que existam profissionais capacitados e com visão<br />
de crescimento.<br />
O economista Leonardo Frota, mestre em Desenvolvimento<br />
Econômico, em entrevista recente à<br />
<strong>Revista</strong> CELULOSE & PAPEL, apontou que dados do<br />
Ministério da Economia mostram que em média a<br />
participação da celulose no total das exportações<br />
brasileiras foi de 3,4% nos últimos dez anos. Segundo<br />
ele, há uma tendência de aumento dessa participação.<br />
T<br />
he pulp and paper market in Brazil is<br />
possibly one of the most promising on<br />
the national industrial scene. In 2018,<br />
the Sector produced about 15.8 million<br />
tons while exports grew 10.7% when<br />
compared to the previous year. These figures show<br />
that the opportunities are numerous, as long as<br />
there are qualified professionals with a vision of<br />
growth.<br />
Economist Leonardo Frota, MSc. in Economic<br />
Development, in a recent interview with CELULO-<br />
SE & PAPEL, pointed out that data from the Ministry<br />
of Economy showed that the share of pulp in<br />
Brazilian exports averaged about 3.4% over the last<br />
ten years with a trend to increased participation.<br />
“Since more than 70% of Brazilian pulp<br />
production is exported, the consolidation of the<br />
national market in large corporations can favor the<br />
19
21
A V A N Ç O S E T E C N O L O G I A<br />
Corrida<br />
sustentável<br />
Sustentabilidade não é mais uma tendência no<br />
setor de celulose, mas uma demanda dos consumidores<br />
e uma necessidade para empresas<br />
se manterem competitivas. Para isso, inovações<br />
são cruciais para chegar aos insumos e produtos<br />
mais eficientes e competitivos, em diversas<br />
áreas, do agronegócio ao mercado de cosméticos.<br />
The race for<br />
sustainability<br />
S<br />
ustainability is no longer just a trend in the Pulp<br />
Sector, but a consumer demand and a need for<br />
companies to remain competitive. For this, in various<br />
areas, from agribusiness to cosmetics, innovations<br />
are crucial to reach the most efficient and competitive<br />
inputs and products.<br />
24
Alternativa aos microplásticos<br />
Foto: divulgação<br />
Apesar de as microesferas de plástico serem proibidas em muitos<br />
lugares do mundo, ainda são encontradas em cosméticos e produtos<br />
de higiene, causando poluição ambiental de difícil reparação:<br />
estima-se que 30 mil toneladas de microplásticos de produtos de<br />
consumo acabem nos oceanos do mundo todos os anos. Em resposta<br />
a isso, pesquisadores da Universidade de Bath, no Reino Unido,<br />
estão desenvolvendo microesferas biodegradáveis feitas de celulose<br />
para substituir o plástico.<br />
A tecnologia está sendo desenvolvida pelos professores Janet<br />
Scott e Davide Mattia do Center for Sustainable Chemical Technologies<br />
da Universidade de Bath em parceria com a empresa britânica<br />
Naturbeads. O objetivo é reduzir a poluição microplástica nos<br />
oceanos e ajudar a preservar a vida marinha.<br />
As microesferas biodegradáveis são produzidas a partir de uma<br />
solução de celulose, que é forçada através de pequenos orifícios<br />
em uma membrana tubular. Esse processo cria gotículas esféricas<br />
da solução que são lavadas da membrana usando óleo vegetal. Em<br />
seguida, as microesferas são coletadas e separadas do óleo antes do<br />
uso. O processo cria microesfera cujos tamanhos e texturas podem<br />
variar segundo o tipo de celulose utilizado no processo, segundo<br />
informações da Naturbeads.<br />
A inovação é apropriada para uso cosmético, pois a celulose tem<br />
propriedade emulsificante que ajuda a estabilizar soluções com solubilidade<br />
diferente, semelhante à sua função de suporte estrutural<br />
nas plantas. Nos cosméticos, a celulose ajuda a melhorar a experiência<br />
de aplicação do produto para o consumidor, podendo ser<br />
usada como um agente para aumentar a textura suave de cremes,<br />
um formador de filme para aplicação de esmalte de camada fina ou<br />
um agente antiaglomerante para fundações cosméticas, entre outras<br />
aplicações.<br />
Alternative to<br />
microplastics<br />
Although plastic microspheres are banned<br />
in many parts of the world, they are still found<br />
in many cosmetics and hygiene products, causing<br />
environmental pollution that is difficult to<br />
repair: it is estimated that 30 thousand tons of<br />
microplastics from consumer products end up<br />
in the world’s oceans every year. In response to<br />
this, researchers at the University of Bath in the<br />
UK are developing biodegradable microspheres<br />
made from cellulose to replace plastics.<br />
The technology is being developed by<br />
Professors Janet Scott and Davide Mattia of the<br />
Center for Sustainable Chemical Technologies<br />
at the University of Bath, in partnership with<br />
the British company Naturbeads. The goal is to<br />
reduce microplastic pollution in the oceans and<br />
help preserve marine life.<br />
Biodegradable microspheres are produced<br />
from a cellulose solution, which is forced<br />
through small holes in a tubular membrane.<br />
This process creates spherical solution droplets<br />
that are washed from the membrane using<br />
vegetable oil. Then, the microspheres are collected<br />
and separated from the oil before use.<br />
The process creates microspheres whose sizes<br />
and textures may vary depending on the type<br />
of cellulose used in the process, according to<br />
Naturbeads.<br />
The innovation is suitable for cosmetic use,<br />
as cellulose has emulsifier properties that help<br />
stabilize solutions with different solubility, similar<br />
to its structural support function in plants. In<br />
cosmetics, cellulose helps improve the product<br />
application experience for the consumer and<br />
can be used as an agent to increase the smooth<br />
texture of creams, a film former for the application<br />
of thin layers of nail polish, or an antibinder<br />
agent in cosmetic foundations, amongst<br />
other applications.<br />
25
26<br />
Fotos: divulgação
A R T I G O<br />
RENATURALIZAÇÃO DE RIOS USANDO<br />
EUCALIPTO: UM EXEMPLO DE COMO<br />
O SETOR DE CELULOSE E PAPEL PODE<br />
GERAR IMPACTOS POSITIVOS SOBRE A<br />
BIODIVERSIDADE<br />
Fotos: divulgação<br />
Tatiana Heid Furley<br />
Fundadora e Membro do Conselho Deliberativo e de<br />
inovação da Aplysia<br />
28
Renaturalization of rivers using<br />
eucalyptus: an example of how the pulp<br />
and paper sector can generate positive<br />
impacts on biodiversity<br />
29
A R T I G O<br />
RESUMO<br />
A<br />
mata ciliar exerce um papel muito<br />
importante na vida dos rios,<br />
“alimentando-os” com sombra,<br />
folhas e galhos. A sombra ajuda<br />
no controle da temperatura da<br />
água, as folhas servem de fonte<br />
de alimento e nutrientes, e os galhos que<br />
chegam aos rios exercem papel importante na<br />
regulação do fluxo de água, tanto retardando<br />
o escoamento evitando enchentes, quanto auxiliando<br />
no reabastecimento do lençol freático;<br />
além disso, os galhos são importantes para<br />
a qualidade da água, heterogeneidade do rio,<br />
criação de habitat e aumento da biodiversidade.<br />
Entretanto, com a ausência da mata ciliar,<br />
esses serviços ecossistêmicos deixam de existir.<br />
A ReNaturalização é uma técnica de restauração<br />
fluvial, que trata da introdução planejada<br />
de troncos de madeira no leito de rios,<br />
desempenhando um papel coadjuvante muito<br />
rápido, enquanto a mata ciliar se restabelece.<br />
Apesar de amplamente difundida na Europa,<br />
Austrália e EUA (Estados Unidos da América),<br />
e comprovados os serviços ecossistêmicos<br />
obtidos (Gippel, 1995 e Correll, 2005), essa<br />
técnica foi adaptada à realidade tropical e<br />
empregada pioneiramente no Brasil em dois<br />
cursos d’água: em 200 metros do rio Mangaraí,<br />
afluente do rio Santa Maria da Vitória, no<br />
estado do Espírito Santo (Aplysia, 2017); e em<br />
aproximadamente 2.000 metros do rio Gualaxo<br />
do Norte, afluente do rio Doce, no estado<br />
de Minas Gerais (Renova, <strong>2019</strong>).<br />
ASPECTOS METODOLÓGICOS:<br />
TRONCOS DE EUCALIPTO<br />
No caso da aplicação da técnica em<br />
território capixaba, optou-se pelo emprego<br />
de troncos de eucalipto, madeira frequentemente<br />
utilizada em projetos desta natureza na<br />
SUMMARY<br />
T<br />
he riparian forest plays a very vital role in<br />
the life of rivers, “feeding them” with shade,<br />
leaves, and branches. The shadow helps in<br />
the control of water temperature, the leaves<br />
serve as a source of food and nutrients, and the<br />
branches that reach the rivers play an essential role<br />
in regulating the flow of water, both slowing the flow<br />
avoiding floods and assisting in the replenishment of<br />
the water table; in addition, branches are essential<br />
for water quality, river heterogeneity, habitat creation,<br />
and increased biodiversity.<br />
However, with the absence of a riparian forest,<br />
these ecosystem services cease to exist. ReNaturalization<br />
is a technique of river restoration, which deals<br />
with the planned introduction of tree trunks on the<br />
riverbed, playing a very active supporting role, while<br />
the riparian forest reestablishes itself. Although widely<br />
disseminated in Europe, Australia, and the United States,<br />
and proven through the ecosystem services provided<br />
(Gippel, 1995 and Correll, 2005), this technique<br />
was only recently adapted to the tropical reality and<br />
first used in Brazil in two watercourses: 200 meters<br />
Projeto teve como objetivos:<br />
aumento da retenção de<br />
sólidos nos tributários, volta da<br />
heterogeneidade geomorfológica<br />
do canal; e aumento da<br />
abundância de peixes<br />
30
31
I N O V A Ç Ã O<br />
REALIDADE<br />
PALPÁVEL<br />
TÉCNICA DE IMPRESSÃO À BASE GEL<br />
DE NANOCELULOSE REVOLUCIONA<br />
FABRICAÇÃO DE PRODUTOS<br />
REPORTAGEM SUGERIDA POR VITOR RIBEIRO<br />
Fotos: divulgação<br />
34
Palpable<br />
reality<br />
NANOCELLULOSE GEL-BASED<br />
PRINTING TECHNIQUE<br />
REVOLUTIONIZES PRODUCT<br />
MANUFACTURING<br />
35
I N O V A Ç Ã O<br />
Pesquisadores da Chalmers University<br />
of Technology, na Suécia, desenvolveram<br />
um método para impressão<br />
em 3D com uma tinta à base de<br />
madeira de uma forma que imita a<br />
estrutura única da madeira. A pesquisa pode<br />
revolucionar a fabricação de produtos verdes.<br />
Anos atrás, os cientistas haviam criado um<br />
meio de impressão 3D feito de fibra de madeira.<br />
Agora, eles desenvolveram um novo método<br />
de impressão, produzindo material sólido com<br />
a estrutura e as qualidades da madeira natural.<br />
Por meio da emulação da arquitetura celular natural<br />
da madeira, eles agora apresentam a capacidade<br />
de criar produtos sustentáveis derivados<br />
de árvores, com propriedades únicas - desde<br />
roupas, embalagens e móveis até produtos de<br />
saúde e cuidados pessoais.<br />
O material original consistia de um gel de<br />
nanocelulose, contendo pequenas fibras de<br />
celulose, que eram obtidas a partir de polpa de<br />
madeira. Uma variedade de objetos poderia ser<br />
impressa a partir dele, mas eles não teriam a<br />
porosidade, resistência e força de torção da madeira<br />
real. Agora, no entanto, os pesquisadores<br />
adicionaram um novo ingrediente: a hemicelulose,<br />
que é um componente natural das células<br />
vegetais. Isso impulsionou a força do gel, agindo<br />
como uma cola para ajudar a manter as fibras<br />
de celulose juntas.<br />
Além disso, eles digitalizaram o código genético<br />
da madeira natural e usaram esse código<br />
para instruir uma impressora 3D que estava imprimindo<br />
com o gel recém-aprimorado. Como<br />
resultado, eles puderam controlar com precisão<br />
o arranjo das nanofibras durante o processo de<br />
impressão, criando itens simples que não eram<br />
feitos apenas de fibra de madeira, mas que também<br />
tinham a ultraestrutura da madeira real.<br />
A maneira como a madeira cresce é controlada<br />
pelo seu código genético, o que lhe<br />
confere propriedades únicas em termos de<br />
porosidade, tenacidade e resistência à torção.<br />
Mas a madeira tem limitações quando se trata<br />
de processamento. Ao contrário de metais e<br />
R<br />
esearchers at the Chalmers University of<br />
Technology in Sweden have developed a<br />
method for 3D printing with a wood-based<br />
ink in a way that mimics the unique structure<br />
of wood. The research can revolutionize<br />
the manufacture of green products.<br />
Years ago, scientists had created a way of 3D printing<br />
using wood fiber. Now, they have developed a new<br />
printing method, producing a solid material with the<br />
structure and qualities of natural wood. Through the<br />
emulation of wood’s natural cellular architecture, they<br />
now can create sustainable tree-derived products, with<br />
unique properties - from clothing to packaging, furniture,<br />
and healthcare and personal care products.<br />
The original material consisted of a nanocellulose<br />
gel, containing small cellulose fibers, which were<br />
obtained from wood pulp. A variety of objects could be<br />
printed from it, but they would not have the porosity,<br />
resistance, and twisting force of the actual wood. Now,<br />
however, researchers have added a new ingredient: hemicellulose,<br />
which is a natural component of plant cells.<br />
This boosted the strength of the gel, acting as a glue to<br />
help keep the cellulose fibers together.<br />
Also, they scanned the genetic code of natural wood<br />
and used this code to instruct a 3D printer that was<br />
printing with the newly enhanced gel. As a result, they<br />
were able to accurately control the arrangement of<br />
nanofibers during the printing process, creating simple<br />
items that were not only made of wood fiber but also<br />
had the ultrastructure of natural wood.<br />
The way wood grows is controlled by its genetic<br />
code, which gives it its unique properties in terms of<br />
A maneira como a madeira<br />
cresce é controlada pelo seu<br />
código genético, o que lhe confere<br />
propriedades únicas em termos de<br />
porosidade, tenacidade e resistência<br />
à torção<br />
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39
E C O N O M I A<br />
Balanço<br />
econômico<br />
SETOR SENTE LEVE IMPACTO DAS INCERTEZAS<br />
ECONÔMICAS, MAS TENDÊNCIA É DE<br />
RECUPERAÇÃO<br />
Fotos: divulgação<br />
40
Economic<br />
balance sheet<br />
SECTOR FEELS A SLIGHT IMPACT FROM<br />
THE ECONOMIC UNCERTAINTIES, BUT<br />
THE TREND IS RECOVERY<br />
41
E C O N O M I A<br />
Oterceiro trimestre do ano<br />
mostra movimentos essenciais<br />
na economia e não é<br />
diferente com o mercado<br />
de celulose. O volume de<br />
produção de celulose do Brasil recuou 5,1%<br />
no acumulado do ano até setembro em relação<br />
ao mesmo período de 2018, somando 15<br />
milhões de toneladas, de acordo com dados<br />
da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores). No<br />
período, as exportações do insumo registraram<br />
queda de 0,4%, somando 11 milhões de<br />
toneladas vendidas. No mesmo período, aliás,<br />
o consumo aparente de celulose caiu 14,1%,<br />
chegando a 4,237 milhões de toneladas. No<br />
mercado doméstico, as vendas de papel caíram<br />
0,8% no comparativo de janeiro a setembro,<br />
registrando quatro milhões de toneladas.<br />
T<br />
his year’s third quarter is showing several<br />
essential movements in the economy,<br />
and it is no different in the pulp market.<br />
Brazil’s pulp production volume fell 5.1%<br />
in the nine months ended September compared to<br />
the same period in 2018, with a total production<br />
of 15 million metric tons, according to data from<br />
the Brazilian Tree Industry (Ibá). In the period, pulp<br />
exports fell 0.4% to 11 million metric tons. As such,<br />
in the same period, apparent pulp consumption fell<br />
14.1% to 4.24 million metric tons. In the domestic<br />
market, in the January to September period, paper<br />
sales fell 0.8% compared to the same period in the<br />
previous year, to four million metric tons.<br />
Also, in the nine months ended September,<br />
paper production reached 7.8 metric million tons,<br />
an increase of 1% compared to the same period a<br />
year earlier. The highlights were in the sanitary paper<br />
42
<strong>43</strong>
44
45
E V E N T O<br />
Fotos: divulgação<br />
PONTO DE<br />
ENCONTRO<br />
II JANTAR DA APLYSIA PROCURA ESTIMULAR<br />
IMPACTO LÍQUIDO POSITIVO NO SETOR<br />
THE MEETING POINT<br />
THE IIND APLYSIA DINNER SEEKS TO<br />
STIMULATE NET POSITIVE IMPACT ON<br />
THE SECTOR<br />
46
Conservar a biodiversidade sem comprometer<br />
o desenvolvimento econômico e<br />
social é um dos maiores desafios deste<br />
século. Neste contexto, o mercado e a indústria<br />
estão cada vez mais atentos para a<br />
necessidade de cumprir metas de desenvolvimento. E<br />
isso está diretamente ligado a uma gestão mais eficaz<br />
e responsável dos recursos.<br />
A indústria, que depende de recursos naturais,<br />
desde água potável até proteção contra desastres<br />
naturais, reconhece que precisa olhar para o cenário<br />
geral e buscar compreender como suas atividades<br />
estão ligadas à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos<br />
de sua bacia hidrográfica, por exemplo.<br />
“Isso é necessário para sobrevivência e prosperidade,<br />
e o número de empresas que vem se atentando e<br />
atuando em prol de deixar o ambiente melhor do que<br />
encontrou vem aumentando”, explica a Dra. Tatiana<br />
Furley, Immediate Past President da Setac (Sociedade<br />
de Toxicologia e Química Ambiental da América Latina)<br />
e fundadora e membro do Conselho Deliberativo<br />
e de Inovação da Aplysia, empresa especializada em<br />
soluções ambientais com foco em recursos hídricos.<br />
O SETOR DE CELULOSE E O IMPACTO<br />
POSITIVO<br />
Temas que concernem ao setor foram discutidos<br />
com profundidade durante o II Jantar da Aplysia, no<br />
dia 22 de outubro de <strong>2019</strong>, em São Paulo. O encontro<br />
contou com representantes das principais indústrias<br />
de celulose e papel do país.<br />
“O evento visou estimular a prática do conceito<br />
NPI (Net Positive Impact ou Impacto Líquido Positivo),<br />
exemplificando como o setor de celulose pode ir<br />
além. “Uma maneira por exemplo é Renaturalizando<br />
os rios, e trazendo de volta as suas funções ambientais<br />
como: controle dos sólidos suspensos na água,<br />
aumento da biodiversidade, controle de enchentes e<br />
seca, resultado possível de ser alcançado por meio da<br />
técnica pioneira desenvolvida pela Aplysia”, explicou<br />
Tatiana Furley.<br />
Atingir as metas NPI significa que os impactos<br />
negativos gerais de um projeto na biodiversidade são<br />
superados pelos ganhos alcançados através de iniciativas<br />
de conservação e recuperação ambiental na<br />
mesma região, mesmo que seja inevitável que outras<br />
perdas ainda ocorram no local do desenvolvimento.<br />
A contabilização de tudo isso é de extremo valor, e<br />
vale comentar que ter o Baseline bem estabelecido<br />
C<br />
onserving biodiversity without compromising<br />
economic and social development is one of<br />
the biggest challenges of this century. In this<br />
context, the market and industry are increasingly<br />
attentive to the need to meet development<br />
goals. And this is directly linked to more active and<br />
responsible resource management.<br />
Industry, which relies on natural resources, from<br />
drinking water to protection against natural disasters,<br />
recognizes that it needs to look at the general scenario<br />
and seek to understand how its activities are linked<br />
to biodiversity and ecosystem services focused on<br />
watershed resources, for example.<br />
“This is necessary for survival and prosperity, and<br />
the number of companies that have been paying<br />
attention to this and acting in favor of making the<br />
environment better than they found it has been<br />
increasing,” explains Dr. Tatiana Furley, Immediate Past<br />
President of the Latin American Society of Toxicology<br />
and Environmental Chemistry (Setac) and founding<br />
member of the Deliberative Council and member of<br />
Council for Innovation of Aplysia, a company specializing<br />
in environmental solutions focused on water<br />
resources.<br />
THE PULP SECTOR AND ITS POSITIVE IMPACT<br />
During the IInd Aplysia Dinner held in São Paulo<br />
on October 22, <strong>2019</strong>, topics concerning the Sector<br />
were discussed in depth. The meeting was attended<br />
by representatives of the leading pulp and paper<br />
companies in the Country. “The event aimed to<br />
stimulate the practice of the “Net Positive Impact”<br />
concept (NPI), exemplifying how the Pulp Sector can<br />
go further. “One way, for example, is to “renaturalize”<br />
rivers, and returning them to their environmental<br />
functions such as control of suspended solids in water,<br />
increased biodiversity, and flood and drought control,<br />
possible through the results being achieved through<br />
the pioneering technique developed by Aplysia,”<br />
explains Dr. Furley.<br />
Achieving NPI targets means that the overall negative<br />
impacts of a project on biodiversity are overcome<br />
by the gains made through environmental conservation<br />
and recovery initiatives in the same region, even<br />
if it is inevitable that further losses occur in location<br />
development. Accounting for all this is of extreme<br />
value, and it is worth commenting that having a<br />
well-established baseline is critical to measurement.<br />
Moreover, this same baseline could serve as a “zero<br />
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49
P R Ê M I O<br />
DESTAQUES DO SETOR<br />
BRASILEIRO DE CELULOSE E PAPEL<br />
RECEBEM PRÊMIO<br />
REFERÊNCIA <strong>2019</strong><br />
Fotos: ROSANGELA BINI<br />
50
PRÊMIO<br />
2 19<br />
os principais empresários e profissionais<br />
do setor de celulose e papel de todo o<br />
país estiveram presentes na cerimônia<br />
do PRÊMIO REFERÊNCIA, realizada no<br />
final do mês de outubro, em Curitiba (PR), com<br />
assinatura da JOTA EDITORA.<br />
Com 17 anos de tradição, a premiação é uma<br />
das mais respeitadas do Brasil por enaltecer a<br />
atuação de empresas do setor ao longo do ano,<br />
como forma de reconhecimento ao trabalho e ao<br />
desenvolvimento do país, considerando também<br />
critérios como empregabilidade, sustentabilidade,<br />
valores, cultura organizacional, inovação, geração<br />
de renda, entre outros quesitos.<br />
O PRÊMIO REFERÊNCIA busca fomentar o<br />
mercado, em toda a cadeia produtiva da madeira:<br />
nas florestas, na indústria, na produção de celulose<br />
e de papel, na geração de biomassa e nos produtos<br />
de madeira. Desta maneira, valoriza as empresas<br />
e as organizações do setor que colaboram<br />
para que o mercado brasileiro seja um dos mais<br />
desenvolvidos e promissores do mundo. “Minha<br />
gratidão à presença de vocês que dedicaram um<br />
tempo para estarem aqui. Há 21 anos, a REVISTA<br />
REFERÊNCIA vem trazendo a informação especializada<br />
para o nosso segmento e sinto orgulho<br />
da força da revista impressa”, ressaltou o diretor<br />
comercial da JOTA EDITORA, Fábio Machado.<br />
Em tempos de fake news e da dubiedade de<br />
informações das mídias digitais, Fábio destacou<br />
a potência da mídia impressa especializada no<br />
mundo que, cada vez mais, tem um púbico cativo<br />
por ter a credibilidade como valor primordial.<br />
“Recentemente, a Rock Content, maior empresa<br />
de conteúdo digital da América Latina, lançou<br />
uma revista impressa, assim como a Uber e Airbnb,<br />
por exemplo. Isso tem ocorrido porque, em<br />
uma pesquisa, foi revelada a dificuldade dessas<br />
empresas em se comunicar com empresários,<br />
diretores, investidores, CEO’s, presidentes de<br />
empresas, etc. E esse público-alvo falou que busca<br />
informação na revista segmentada impressa por<br />
confiar nessa fonte de informação”, revelou.<br />
Além da credibilidade e qualidade de conteúdo<br />
da mídia impressa, outro ponto ressaltado<br />
pelo diretor executivo da JOTA EDITORA, Pedro<br />
Bartoski Jr., é a comunicação direta que as empresas<br />
passam a ter com público por meio do veículo<br />
impresso. “Muitas vezes o setor empresarial não<br />
informa ao seu público o que está produzindo e<br />
desenvolvendo. A revista é uma ferramenta para<br />
as empresas e os profissionais divulgarem e comunicarem<br />
o trabalho realizado em prol do nosso<br />
Brasil. A gente tem orgulho de estar premiando 10<br />
dessas empresas que pesquisamos e descobrimos<br />
como fizeram algo de muito importante, dentro<br />
do nosso segmento, neste ano. Mas convido<br />
a participarem ativamente: divulguem mais as<br />
empresas, porque credibilidade a gente tem de<br />
sobra, assim como vocês, precisamos saber usar<br />
mais essa ferramenta”, orientou o diretor executivo.<br />
51
F E I R A<br />
TISSUE WORLD<br />
CONFIRA O QUE O MERCADO<br />
DA CELULOSE E PAPEL TRAZ PARA 2020<br />
Fotos: CELULOSE & PAPEL<br />
54
TISSUE WORLD<br />
CHECK OUT WHAT THE PULP AND<br />
PAPER MARKET BRINGS TO 2020<br />
Entre 22 a 24 de outubro, aconteceu o<br />
52º Congresso Internacional de <strong>Celulose</strong><br />
e Papel. O evento teve como sede a<br />
cidade de São Paulo (SP), onde ilustres<br />
personalidades do mercado de <strong>Celulose</strong><br />
e Papel se reuniram para discutir o futuro<br />
do segmento. Um dos palestrantes convidados<br />
foi o engenheiro florestal José Maio. O consultor<br />
independente fez um resumo da história da<br />
silvicultura no Brasil, que, segundo sua pesquisa,<br />
começa com o descobrimento do país, com as<br />
madeiras tendo sido tiradas com desperdício. Depois,<br />
em 1965, com o incentivo fiscal, a criação<br />
dos institutos de pesquisa e a engenharia florestal,<br />
a floresta ganhou um fôlego e começou a de fato<br />
funcionar o mercado.<br />
“Saímos de 500 mil para 6 milhões de hectares<br />
plantados”, contou o palestrante. Em 1988,<br />
acabaram os incentivos fiscais e as empresas<br />
passaram a se organizar com incentivos privados,<br />
além de investir em produtividade e racionalização<br />
do custo. “Em 1996, começa a quarta fase<br />
da nossa silvicultura, quando vem a certificação<br />
floresta, que demanda das empresas que elas<br />
demonstrem desempenho ambiental. Não basta<br />
mais ter planos, agora é preciso de ações. Isso é<br />
reflexo da Rio 92”, complementou o engenheiro.<br />
Os participantes do evento discutiram soluções<br />
para o ramo e apontaram mudanças que<br />
devem ocorrer no futuro. Paralelo a isso, acontecia<br />
o Tissue World, em que empresas do mundo<br />
inteiro expuseram seus maquinários e projetos<br />
de destaque no mercado Tissue. Confira o que<br />
algumas das principais indústrias trouxeram para<br />
o evento.<br />
B<br />
etween October 22-24, the 52nd International<br />
Congress of Pulp and Paper<br />
took place. The event was held in the<br />
city of São Paulo, where illustrious<br />
personalities from the Pulp and Paper market<br />
met to discuss the future of the segment. One<br />
of the invited speakers was Forest Engineer José<br />
Maio. The independent consultant summarized<br />
the history of forestry in Brazil, which, according<br />
to his research, begins with the discovery of the<br />
Country, with the forests chopped down and considered<br />
waste. Then, in 1965, with the creation<br />
of fiscal incentives, research institutes sprung-up<br />
along with forest engineering, the forestry gained<br />
life and began actually to drive the market.<br />
“We went from 500 thousand to 6 million<br />
hectares planted,” the speaker said. In 1988, tax<br />
incentives ended, and companies began to organize<br />
using private incentives, in addition to investing<br />
in productivity and cost rationalization. “In<br />
1996, the fourth phase of forestry in Brazil begins,<br />
when forest certification arrives, which demands<br />
that companies demonstrate environmental performance.<br />
It’s not enough to have plans anymore;<br />
now you need action. This is a reflection of Rio<br />
92,” the engineer added.<br />
The participants in the event discussed solutions<br />
for the segment and pointed out changes<br />
that should occur in the future. Parallel to this,<br />
Tissue World was held, where companies around<br />
the world exhibited their machinery and projects<br />
for the Tissue market.<br />
Check out what some of the major companies<br />
have brought to this year’s event.<br />
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E N T R E V I S T A<br />
Avanço<br />
tecnológico<br />
Advances in<br />
technology<br />
Foto: divulgação<br />
Fernando José Borges Gomes<br />
Departamento de Produtos Florestais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro<br />
Department of Forest Products at the Federal Rural University of Rio de Janeiro<br />
Considerando o atual cenário de produção<br />
de celulose, onde a madeira<br />
representa mais de 50% dos custos<br />
de produção de uma unidade fabril<br />
no Brasil, há uma busca por matérias-<br />
-primas fibrosas alternativas à ela.<br />
Algumas empresas já têm se despertado para este<br />
cenário, que apesar de parecer longínquo, não pode<br />
ser descartado. Pensando nisso, os pesquisadores<br />
Fernando José Borges Gomes, do Departamento de<br />
Produtos Florestais da Universidade Federal Rural do<br />
Rio de Janeiro, e Cássio Anderson Martins Caetano,<br />
do Departamento Engenharia Florestal da Universidade<br />
Federal de Viçosa, testam possibilidades para<br />
produção de polpa celulósica a partir de cana-energia.<br />
Confira abaixo a conversa com Fernando sobre o<br />
trabalho desenvolvido:<br />
C<br />
onsidering the current pulp production<br />
scenario, where timber accounts<br />
for more than 50% of production<br />
costs in a pulping plant in Brazil, there<br />
is a search for alternative fibrous raw materials,<br />
and some companies have already become aware<br />
of this scenario, although it seems distant, cannot<br />
be discarded. Thinking of this, scientists Fernando<br />
José Borges Gomes from the Department of Forest<br />
Products at the Federal Rural University of Rio<br />
de Janeiro and Cássio Anderson Martins Caetano<br />
from the Forest Engineering Department of the<br />
Federal University of Viçosa experimented with<br />
the possibilities of producing cellulosic pulp from<br />
energy sugarcane. Check out the conversation<br />
with Dr. Gomes below:<br />
60
<strong>Celulose</strong>: Como surgiu a ideia de testar a cana-<br />
-energia para a produção de polpa celulósica?<br />
Fernando: Algumas fonte de biomassa tem sido<br />
muito ventiladas no Brasil, como o bambu, capim<br />
elefante e devido a sua grande disponibilidade<br />
no Brasil, a palha e o bagaço de cana-de-açúcar.<br />
Dentre estas matérias primas citadas, o bagaço da<br />
cana é a que possui o maior potencial, isto por<br />
ser oriunda de um segmento comercial já estabelecido,<br />
e se encontrar concentrada na forma de<br />
um resíduo nas usinas de açúcar e álcool. Contudo,<br />
a cana tradicional foi melhorada ao longo<br />
dos anos para gerar mais caldo do que material<br />
fibroso, o que a torna desafiadora. Já na cana-<br />
-energia, há grande volume de material fibroso,<br />
o que a torna diferenciada e muito atrativa para<br />
a produção de celulose, que busca por fibras.<br />
Assim, nasceu o interesse por este material.<br />
<strong>Celulose</strong>: A própria cana-energia é uma novidade<br />
no setor sucroenergético nacional. Ela<br />
é conhecida como super cana. Por que ela é<br />
diferente das demais?<br />
Fernando: Quando analisamos as características<br />
da cana-energia, esta se destaca da cana-de-açúcar<br />
tradicional por possuir um maior conteúdo<br />
de material fibroso. Esse material fibroso também<br />
pode ser usado para a obtenção de energia, por<br />
exemplo, pela geração de etanol de segunda<br />
geração vindo da celulose, também chamado de<br />
etanol celulósico, e que cada vez se desenvolve<br />
mais no Brasil. Dessa forma a cana-energia, tem o<br />
potencial de contribuir com a geração de energia<br />
através do seu caldo, o chamado etanol de primeira<br />
geração, e com o material fibroso gerando<br />
o etanol de segunda geração, por exemplo. Alguns<br />
estudos indicam que esta cana poderia produzir<br />
o dobro de combustível quando comparado<br />
a cana tradicional. Dessa forma, a grande diferença<br />
da cana-energia seria o elevado conteúdo de<br />
material fibroso. Do ponto de vista agronômico,<br />
também vale destacar que alguns dados indicam<br />
que este material pode ser até três vezes mais<br />
produtivo no campo do que a cana-de-açúcar<br />
convencional, o que impacta muito o custo dessa<br />
matéria-prima. Há ainda trabalhos que sugerem<br />
que a cana-energia seja menos exigente quanto<br />
ao tipo de solo. O que também seria um grande<br />
atrativo para este material.<br />
<strong>Celulose</strong>: How did the idea come about for<br />
testing energy sugarcane for cellulosic pulp<br />
production?<br />
Fernando: Several biomass sources have been<br />
very much ventilated in Brazil, such as bamboo,<br />
elephant grass, and, due to its excellent availability<br />
in Brazil, sugarcane straw and bagasse.<br />
Amongst these raw materials mentioned above,<br />
sugarcane bagasse is the one with the most<br />
significant potential due to it coming from an<br />
already established commercial segment, and<br />
is concentrated in the form of a residue from<br />
sugar and alcohol plants. However, traditional<br />
sugarcane has been improved over the years to<br />
generate more juice than fibrous material, which<br />
makes it challenging. As to energy sugarcane,<br />
there is a large volume of fibrous material, which<br />
differentiates it and makes it very attractive<br />
for pulp production, which seeks fiber. Thus,<br />
interest was born for this material.<br />
<strong>Celulose</strong>: Energy sugarcane is a novelty in<br />
the national Sugar/Energy Sector. It is known<br />
as “super cane”. Why is it different from the<br />
other types?<br />
Fernando: When we analyze the characteristics<br />
of energy sugarcane, it stands out from traditional<br />
sugarcane because it has higher fibrous<br />
material content. This fibrous material can also<br />
be used to obtain energy, for example, by generating<br />
second-generation ethanol from cellulose,<br />
also called cellulosic ethanol, and which<br />
is increasingly being developed in Brazil. Thus,<br />
energy sugarcane has the potential to contribute<br />
to energy generation through its juice,<br />
the so-called first-generation ethanol, and with<br />
fibrous material generating second-generation<br />
ethanol, for example. Some studies indicate<br />
that this cane could produce twice as much fuel<br />
when compared to traditional cane. Thus, the<br />
big difference in energy sugarcane is the fibrous<br />
material high content.<br />
From the agronomy point of view, it is also worth<br />
mentioning that some data indicate that this<br />
material can be up to three times more productive<br />
in the field than conventional sugarcane,<br />
which dramatically impacts on the cost of this<br />
raw material. Some studies suggest that energy<br />
sugarcane is less demanding about the type of<br />
61
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65
C A L E N D Á R I O<br />
DEZEMBRO <strong>2019</strong><br />
PAPEREX<br />
Data: 3 a 6<br />
Local: Nova Déli (Índia)<br />
Informações: www.paperex.in<br />
JUNHO 2020<br />
ASIAN PAPER<br />
Data: 3 a 5<br />
Local: Bagcoc (Tailândia)<br />
Informações: www.asianpapershow.com<br />
WOODEX<br />
Data: 3 a 6<br />
Local: Moscou (Rússia)<br />
Informações: www.woodexpo.ru<br />
SETEMBRO 2020<br />
PPW (PACKAGING & PROCESS WEEK)<br />
Data: 15 a 18<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: www.abimaq.org.br<br />
MARÇO 2020<br />
MOVELSUL<br />
Data: 16 a 19<br />
Local: Bento Gonçalves (RS)<br />
Informações: www.movelsul.com.br<br />
TISSUE WORLD ASIA<br />
Data: 15 a 17<br />
Local: Istambul (Turquia)<br />
Informações: www.tissueworld.com/istanbul<br />
ABRIL 2020<br />
FIEMA BRASIL<br />
Data: 14 a 16<br />
Local: Bento Gonçalves (RS)<br />
Informações: www.fiema.com.br<br />
OUTUBRO 2020<br />
BWEXPO<br />
Data: 6 a 8<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: www.bwexpo.com.br