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S U M Á R I O
34 Inovação
Realidade palpável
Palpable reality
18 Principal
Crescimento estratégico
Strategic growth
54 Feira
Tissue World
04 Sumário
06 Editorial
08 Cartas
10 Novidades
24 Avanços e tecnologia
Corrida sustentável
The race for sustainability
28 Artigo
Renaturalização de rios usando eucalipto
Renaturalization of rivers using eucalyptus
40 Economia
Balanço econômico
Economic balance sheet
46 Evento
Ponto de encontro
The meeting point
50 Prêmio REFERÊNCIA
60 Entrevista
Fernando José Borges Gomes
66 Calendário
04
E D I T O R I A L
REFERÊNCIA
Celulose & Papel
REFERÊNCIA Celulose & Papel
Otimismo
O crescimento da produção industrial tem
sido digno de nota, sobretudo após anos e anos
de recessão. Mesmo assim, a indústria de celulose
e papel soube atravessar as marés tempestuosas
e auxiliar no processo de retomada do rumo da
economia nacional. Por isso, sempre conectada
aos temas atuais, a revista CELULOSE & PAPEL
traz reportagem sobre o cenário econômico do
último trimestre. Além disso, estivemos no último
jantar da Aplysia e trazemos as principais pautas
colhidas no evento – também acompanhamos a
edição mais recente da Abtcp, que sempre traz as
mais atuais novidades para nosso setor. Tenha uma
excelente leitura e um ótimo 2020!
Optimism
The growth of industrial production has been noteworthy,
especially after years and years of recession. Even
so, the pulp and paper industry knew how to navigate
through the stormy weather and assist in the process of
resuming the course of the national economy. Therefore,
always connected to current topics, CELULOSE & PAPEL
provides the reader with a report on the economic scenario
of the last quarter. Also, we attended the latest Aplysia
dinner, and have a story on the main subjects brought up
at the event – we also accompanied the most recent Abtcp
Fair, which always provides us with the latest about our
Sector. Pleasant reading and the best for 2020!
EXPEDIENTE
JOTA EDITORA
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Director: Pedro Bartoski Jr (bartoski@revistareferencia.com.br) • Dep. de Criação / Graphic Design: Fabiana Tokarski - Supervisão, Fabiano Mendes,
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06
C A R T A S
Capa da Edição 42 da
Revista CELULOSE & PAPEL
Imagem: reprodução Imagem: reprodução
EVENTO
Por Lucas Falce - Belo Horizonte (MG)
Excelente novidade a realização da PPW (Packaging & Process Week):
Feira Internacional de Tecnologia e Processos para a Indústria de
Embalagens, em 2020. O setor precisa sempre estar conectado às novas
tendências para seguir evoluindo.
PANORAMA
Por Alexandre Cardoso - Maringá (PR)
Excelente entrevista com o economista Leonardo Frota sobre o atual
momento da indústria de Celulose & Papel no Brasil. Parabéns à toda a
equipe!
CONSCIÊNCIA
Por Sophia Ribeiro - Curitiba (PR)
Ótima reportagem sobre como o aspecto ecológico aumenta a
competitividade dos papéis-toalha biodegradáveis. Inovar em prol da
sustentabilidade é uma necessidade constante.
SUGESTÃO
Por Vitor Ribeiro - Rio de Janeiro (RJ)
Parabenizo toda a equipe da Revista CELULOSE & PAPEL e gostaria
de sugerir mais reportagens abordando novas tecnologias, sobretudo
envolvendo a nanocelulose.
Imagem: reprodução Imagem: reprodução
Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.
As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião é fundamental para a Revista REFERÊNCIA CELULOSE & PAPEL.
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08
N O V I D A D E S
Empresa
aponta
crescimento
A Irani registrou receita líquida de R$
238,9 milhões no terceiro trimestre de
2019. O resultado representa um aumento
de 10,1% em relação ao mesmo período
do ano passado e é 6,3% maior que o
segundo trimestre deste ano. O resultado é
ocasionado pela expansão do volume de vendas e a alta dos preços nos segmentos de papel para embalagens
e embalagem de papelão ondulado. No segmento embalagem de papelão ondulado, as vendas totalizaram
42,7 mil toneladas, uma queda de 8% em relação ao mesmo período de 2018, mas um crescimento de 6,3%
sobre o segundo trimestre de 2019. Já o segmento de papel para embalagens totalizou 32 mil toneladas, um
aumento de 23,2% em comparação com o mesmo período de 2018 e crescimento de 3,4% sobre o segundo
trimestre deste ano.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Melhor do ano
A Suzano foi eleita a melhor companhia do setor de Papel e Celulose
na edição de 2019 do anuário Época Negócios 360º. O anuário faz
uma avaliação completa e multidisciplinar das companhias, levando em
conta seis dimensões da gestão: desempenho financeiro, governança
corporativa, inovação, pessoas, sustentabilidade e visão de futuro. “Este
prêmio é o resultado da união dos esforços realizados diariamente por
nossos 15 mil colaboradores diretos e mais de 30 mil indiretos. A homenagem
nos estimula a continuar trabalhando porque temos a convicção
de que devemos sempre buscar ser uma empresa melhor e que atenda
a todas as partes interessadas e a sociedade”, frisa o presidente da Suzano,
Walter Schalka.
10
Foto: divulgação
Recuperação
gradual
Se os preços globais da celulose ficaram
abaixo do esperado em 2019, devem se
recuperar gradativamente a partir do segundo
trimestre do ano que vem. A queda nas
cotações se tratou de reflexo da diminuição
estratégica na política de estoques das papeleiras
chinesas. Entre o fim de 2018 e início de
2019, a oferta produzia em níveis recordes. As
produtoras Suzano e Klabin citam, entretanto,
aumento recente na demanda da China, por
mais que os estoques ainda estejam elevados.
Ainda, relatório da Rabobank, multinacional
holandesa de serviços financeiros, referente
às expectativas para o agronegócio brasileiro,
aponta que um mercado nivelado entre oferta
e demanda em 2020 indica que os preços da
celulose vão se recuperar de forma gradativa e
moderada no ano que está para chegar.
Produção e
exportação
Maior produtora e exportadora de papéis do
Brasil, a Klabin foi premiada nas categorias “Reflorestamento,
Papel e Celulose” e “Sustentabilidade”
na 15ª edição do anuário “As Melhores do
Agronegócio”, da revista Globo Rural. A premiação
elege as maiores empresas do setor, divididas
em 20 segmentos. A empresa, com 120 anos de
atuação, investe em iniciativas de manejo florestal
e inovação pautadas por seu compromisso ambiental
e ligado ao desenvolvimento sustentável. A
matriz energética da Klabin provém quase 90% de
fonte sustentável. Com seu modelo de gestão ambiental,
a organização, que tem base florestal com
216 mil ha (hectares) de florestas nativas conservadas
e 239 mil ha de florestas plantadas, também
tem buscado reduzir cada vez mais o consumo
total de água e a emissão de CO 2
(Gás Carbônico).
11
Foto: divulgação
N O V I D A D E S
Futuro
sustentável
Sustentável e
benéfica
Foto: divulgação
Profissionais e estudantes ligados à pesquisa
florestal estabeleceram compromisso com um
futuro sustentável na “Carta de Curitiba”. O
documento contendo compromissos do setor
para um futuro sustentável foi elaborado ao final
do XXV Congresso Mundial da União Internacional
das Organizações de Pesquisa Florestal e
contou com a assinatura de centenas de pessoas
de 92 países. No documento, os cientistas se
comprometem a acelerar os esforços para gerar
e fornecer conhecimento e soluções práticas
para melhorar a gestão da terra, da água e da
vida selvagem, prevenir desmatamento, fornecer
produtos madeireiros com menor pegada
de carbono e que permitam que as florestas
atendam às necessidades físicas e espirituais da
sociedade. O documento reconhece ainda a
necessidade de os cientistas melhorarem a forma
de comunicação com a sociedade, buscando
soluções eficazes e economicamente viáveis.
Não é exagero dizer que o plástico é o
inimigo número um daqueles que buscam
consumir de forma mais consciente, afinal,
cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos
plásticos são despejadas nos oceanos todos os
anos. A substituição de produtos plásticos por
materiais de papel, em especial aqueles que
costumam ser usados apenas uma vez e são
descartados, é, portanto, natural. A tendência
é que itens como pratos, copos e canudos
descartáveis sejam trocados por versões
biodegradáveis. Em São Paulo, o governador
João Dória regulamentou, recentemente,
proibição ao fornecimento de canudos
plásticos em estabelecimentos comerciais,
iniciativa que tem sido replicada por diversas
prefeituras. E os canudos de papel são uma
ótima alternativa. Segundo o diretor executivo
de Papel da Suzano, maior fabricante de
celulose de eucalipto do mundo, Leonardo
Grimaldi, a expectativa é de que esse mercado
movimente R$ 2 bilhões ao ano.
Foto: divulgação
12
N O V I D A D E S
Embarque de
celulose
O Porto de Paranaguá (PR)
embarcou a maior carga de
celulose já exportada do seu
terminal: 46 mil toneladas de
celulose, da Klabin. A carga
é destinada para o porto
de Qingdao, na China. É a
primeira vez que uma carga
total de celulose é realizada
pela Klabin no cais público do
Paraná. A expectativa é de que
esse tipo de procedimento se
torne corriqueiro no terminal,
aumentando ainda mais a eficiência
portuária e trazendo mais
ganhos para a região.
Foto: ilustrativa
Foto: divulgação
Sequestro
de carbono
A Suzano fechou negócio de celulose para fraldas
com a empresa global Ontex, no qual sequestrará da
atmosfera o volume equivalente de CO 2
(Gás Carbônico)
emitido no processo produtivo. O projeto
deverá neutralizar 8 milhões de toneladas de carbono.
O grupo aguarda a regulamentação do crédito de
carbono como moeda, inclusive como coparticipante
das discussões que estariam bem mais avançadas no
Ministério da Economia do que há alguns anos, afirma
o gerente de meio ambiente e plantio, João Augusti.
Segundo ele, em 2018 a Suzano teria sequestrado mais
carbono do que emitiu e para isso a companhia inventaria
o carbono em todas as fases de suas operações,
desde a produção de mudas à chegada nos portos
internacionais de suas mercadorias.
14
N O V I D A D E S
Aniversário
A Unidade da Suzano em Limeira (SP)
completou 60 anos de operações com produtos
inéditos e a expectativa de inaugurar a
primeira fábrica de lignina, um projeto com
características inéditas mundialmente. Atualmente
a unidade é responsável pela produção
de 650 mil toneladas/ano de celulose e 400
mil toneladas de papel por ano. A lignina é
o segundo polímero de fonte renovável mais
abundante na natureza, após a celulose. A
Suzano vem pesquisando seu uso como substituto
de produtos de origem fóssil ao longo dos
últimos 11 anos.
Foto: divulgação
Benefícios a
assentados
A Veracel e a Ufsb (Universidade Federal do
Sul da Bahia) estão avançando projeto de divisão
de lotes que beneficia 345 famílias de agricultores
em três fazendas da Veracel Celulose. Os
lotes destinados aos assentados somam 3.319 ha
(hectares) em terras cultiváveis. O tamanho dos
lotes variam de 2 a 14 ha em função da capacidade
de produtividade de cada família. A divisão foi
estabelecida pelas cinco associações de agricultores
que fazem parte do projeto, sem interferência
da empresa ou da universidade. Algumas das
culturas mantidas pelos agricultores incluem feijão
de corda, milho e abóbora, entre outros, que
são vendidos pelos produtores nas feiras livres de
Eunápolis (BA).
Foto: divulgação
16
P R I N C I P A L
CRESCIMENTO
ESTRATÉGICO
Fotos: divulgação
PARA AVANÇAR CADA
VEZ MAIS NO SEGMENTO
DE PAPEL E CELULOSE
BRASILEIRO, EMPRESA
PAULISTA BUSCOU SE
ATUALIZAR E INVESTIR
EM TECNOLOGIA COMO
DIFERENCIAIS
Strategic
growth
TO MOVE FARTHER AHEAD IN THE
BRAZILIAN PULP AND PAPER SEGMENT,
A COMPANY FROM THE STATE OF SÃO
PAULO SOUGHT TO UPDATE ITSELF
AND INVEST IN TECHNOLOGY AS
DIFFERENTIALS
18
Omercado de papel e celulose no
Brasil é, possivelmente, um dos
mais promissores da indústria
nacional. Em 2018, o setor produziu
cerca de 15,8 milhões de
toneladas fabricadas e alcançou
um crescimento de 10,7% em suas exportações,
quando comparadas ao ano anterior. Esses números
mostram que as oportunidades são inúmeras, desde
que existam profissionais capacitados e com visão
de crescimento.
O economista Leonardo Frota, mestre em Desenvolvimento
Econômico, em entrevista recente à
Revista CELULOSE & PAPEL, apontou que dados do
Ministério da Economia mostram que em média a
participação da celulose no total das exportações
brasileiras foi de 3,4% nos últimos dez anos. Segundo
ele, há uma tendência de aumento dessa participação.
T
he pulp and paper market in Brazil is
possibly one of the most promising on
the national industrial scene. In 2018,
the Sector produced about 15.8 million
tons while exports grew 10.7% when
compared to the previous year. These figures show
that the opportunities are numerous, as long as
there are qualified professionals with a vision of
growth.
Economist Leonardo Frota, MSc. in Economic
Development, in a recent interview with CELULO-
SE & PAPEL, pointed out that data from the Ministry
of Economy showed that the share of pulp in
Brazilian exports averaged about 3.4% over the last
ten years with a trend to increased participation.
“Since more than 70% of Brazilian pulp
production is exported, the consolidation of the
national market in large corporations can favor the
19
21
A V A N Ç O S E T E C N O L O G I A
Corrida
sustentável
Sustentabilidade não é mais uma tendência no
setor de celulose, mas uma demanda dos consumidores
e uma necessidade para empresas
se manterem competitivas. Para isso, inovações
são cruciais para chegar aos insumos e produtos
mais eficientes e competitivos, em diversas
áreas, do agronegócio ao mercado de cosméticos.
The race for
sustainability
S
ustainability is no longer just a trend in the Pulp
Sector, but a consumer demand and a need for
companies to remain competitive. For this, in various
areas, from agribusiness to cosmetics, innovations
are crucial to reach the most efficient and competitive
inputs and products.
24
Alternativa aos microplásticos
Foto: divulgação
Apesar de as microesferas de plástico serem proibidas em muitos
lugares do mundo, ainda são encontradas em cosméticos e produtos
de higiene, causando poluição ambiental de difícil reparação:
estima-se que 30 mil toneladas de microplásticos de produtos de
consumo acabem nos oceanos do mundo todos os anos. Em resposta
a isso, pesquisadores da Universidade de Bath, no Reino Unido,
estão desenvolvendo microesferas biodegradáveis feitas de celulose
para substituir o plástico.
A tecnologia está sendo desenvolvida pelos professores Janet
Scott e Davide Mattia do Center for Sustainable Chemical Technologies
da Universidade de Bath em parceria com a empresa britânica
Naturbeads. O objetivo é reduzir a poluição microplástica nos
oceanos e ajudar a preservar a vida marinha.
As microesferas biodegradáveis são produzidas a partir de uma
solução de celulose, que é forçada através de pequenos orifícios
em uma membrana tubular. Esse processo cria gotículas esféricas
da solução que são lavadas da membrana usando óleo vegetal. Em
seguida, as microesferas são coletadas e separadas do óleo antes do
uso. O processo cria microesfera cujos tamanhos e texturas podem
variar segundo o tipo de celulose utilizado no processo, segundo
informações da Naturbeads.
A inovação é apropriada para uso cosmético, pois a celulose tem
propriedade emulsificante que ajuda a estabilizar soluções com solubilidade
diferente, semelhante à sua função de suporte estrutural
nas plantas. Nos cosméticos, a celulose ajuda a melhorar a experiência
de aplicação do produto para o consumidor, podendo ser
usada como um agente para aumentar a textura suave de cremes,
um formador de filme para aplicação de esmalte de camada fina ou
um agente antiaglomerante para fundações cosméticas, entre outras
aplicações.
Alternative to
microplastics
Although plastic microspheres are banned
in many parts of the world, they are still found
in many cosmetics and hygiene products, causing
environmental pollution that is difficult to
repair: it is estimated that 30 thousand tons of
microplastics from consumer products end up
in the world’s oceans every year. In response to
this, researchers at the University of Bath in the
UK are developing biodegradable microspheres
made from cellulose to replace plastics.
The technology is being developed by
Professors Janet Scott and Davide Mattia of the
Center for Sustainable Chemical Technologies
at the University of Bath, in partnership with
the British company Naturbeads. The goal is to
reduce microplastic pollution in the oceans and
help preserve marine life.
Biodegradable microspheres are produced
from a cellulose solution, which is forced
through small holes in a tubular membrane.
This process creates spherical solution droplets
that are washed from the membrane using
vegetable oil. Then, the microspheres are collected
and separated from the oil before use.
The process creates microspheres whose sizes
and textures may vary depending on the type
of cellulose used in the process, according to
Naturbeads.
The innovation is suitable for cosmetic use,
as cellulose has emulsifier properties that help
stabilize solutions with different solubility, similar
to its structural support function in plants. In
cosmetics, cellulose helps improve the product
application experience for the consumer and
can be used as an agent to increase the smooth
texture of creams, a film former for the application
of thin layers of nail polish, or an antibinder
agent in cosmetic foundations, amongst
other applications.
25
26
Fotos: divulgação
A R T I G O
RENATURALIZAÇÃO DE RIOS USANDO
EUCALIPTO: UM EXEMPLO DE COMO
O SETOR DE CELULOSE E PAPEL PODE
GERAR IMPACTOS POSITIVOS SOBRE A
BIODIVERSIDADE
Fotos: divulgação
Tatiana Heid Furley
Fundadora e Membro do Conselho Deliberativo e de
inovação da Aplysia
28
Renaturalization of rivers using
eucalyptus: an example of how the pulp
and paper sector can generate positive
impacts on biodiversity
29
A R T I G O
RESUMO
A
mata ciliar exerce um papel muito
importante na vida dos rios,
“alimentando-os” com sombra,
folhas e galhos. A sombra ajuda
no controle da temperatura da
água, as folhas servem de fonte
de alimento e nutrientes, e os galhos que
chegam aos rios exercem papel importante na
regulação do fluxo de água, tanto retardando
o escoamento evitando enchentes, quanto auxiliando
no reabastecimento do lençol freático;
além disso, os galhos são importantes para
a qualidade da água, heterogeneidade do rio,
criação de habitat e aumento da biodiversidade.
Entretanto, com a ausência da mata ciliar,
esses serviços ecossistêmicos deixam de existir.
A ReNaturalização é uma técnica de restauração
fluvial, que trata da introdução planejada
de troncos de madeira no leito de rios,
desempenhando um papel coadjuvante muito
rápido, enquanto a mata ciliar se restabelece.
Apesar de amplamente difundida na Europa,
Austrália e EUA (Estados Unidos da América),
e comprovados os serviços ecossistêmicos
obtidos (Gippel, 1995 e Correll, 2005), essa
técnica foi adaptada à realidade tropical e
empregada pioneiramente no Brasil em dois
cursos d’água: em 200 metros do rio Mangaraí,
afluente do rio Santa Maria da Vitória, no
estado do Espírito Santo (Aplysia, 2017); e em
aproximadamente 2.000 metros do rio Gualaxo
do Norte, afluente do rio Doce, no estado
de Minas Gerais (Renova, 2019).
ASPECTOS METODOLÓGICOS:
TRONCOS DE EUCALIPTO
No caso da aplicação da técnica em
território capixaba, optou-se pelo emprego
de troncos de eucalipto, madeira frequentemente
utilizada em projetos desta natureza na
SUMMARY
T
he riparian forest plays a very vital role in
the life of rivers, “feeding them” with shade,
leaves, and branches. The shadow helps in
the control of water temperature, the leaves
serve as a source of food and nutrients, and the
branches that reach the rivers play an essential role
in regulating the flow of water, both slowing the flow
avoiding floods and assisting in the replenishment of
the water table; in addition, branches are essential
for water quality, river heterogeneity, habitat creation,
and increased biodiversity.
However, with the absence of a riparian forest,
these ecosystem services cease to exist. ReNaturalization
is a technique of river restoration, which deals
with the planned introduction of tree trunks on the
riverbed, playing a very active supporting role, while
the riparian forest reestablishes itself. Although widely
disseminated in Europe, Australia, and the United States,
and proven through the ecosystem services provided
(Gippel, 1995 and Correll, 2005), this technique
was only recently adapted to the tropical reality and
first used in Brazil in two watercourses: 200 meters
Projeto teve como objetivos:
aumento da retenção de
sólidos nos tributários, volta da
heterogeneidade geomorfológica
do canal; e aumento da
abundância de peixes
30
31
I N O V A Ç Ã O
REALIDADE
PALPÁVEL
TÉCNICA DE IMPRESSÃO À BASE GEL
DE NANOCELULOSE REVOLUCIONA
FABRICAÇÃO DE PRODUTOS
REPORTAGEM SUGERIDA POR VITOR RIBEIRO
Fotos: divulgação
34
Palpable
reality
NANOCELLULOSE GEL-BASED
PRINTING TECHNIQUE
REVOLUTIONIZES PRODUCT
MANUFACTURING
35
I N O V A Ç Ã O
Pesquisadores da Chalmers University
of Technology, na Suécia, desenvolveram
um método para impressão
em 3D com uma tinta à base de
madeira de uma forma que imita a
estrutura única da madeira. A pesquisa pode
revolucionar a fabricação de produtos verdes.
Anos atrás, os cientistas haviam criado um
meio de impressão 3D feito de fibra de madeira.
Agora, eles desenvolveram um novo método
de impressão, produzindo material sólido com
a estrutura e as qualidades da madeira natural.
Por meio da emulação da arquitetura celular natural
da madeira, eles agora apresentam a capacidade
de criar produtos sustentáveis derivados
de árvores, com propriedades únicas - desde
roupas, embalagens e móveis até produtos de
saúde e cuidados pessoais.
O material original consistia de um gel de
nanocelulose, contendo pequenas fibras de
celulose, que eram obtidas a partir de polpa de
madeira. Uma variedade de objetos poderia ser
impressa a partir dele, mas eles não teriam a
porosidade, resistência e força de torção da madeira
real. Agora, no entanto, os pesquisadores
adicionaram um novo ingrediente: a hemicelulose,
que é um componente natural das células
vegetais. Isso impulsionou a força do gel, agindo
como uma cola para ajudar a manter as fibras
de celulose juntas.
Além disso, eles digitalizaram o código genético
da madeira natural e usaram esse código
para instruir uma impressora 3D que estava imprimindo
com o gel recém-aprimorado. Como
resultado, eles puderam controlar com precisão
o arranjo das nanofibras durante o processo de
impressão, criando itens simples que não eram
feitos apenas de fibra de madeira, mas que também
tinham a ultraestrutura da madeira real.
A maneira como a madeira cresce é controlada
pelo seu código genético, o que lhe
confere propriedades únicas em termos de
porosidade, tenacidade e resistência à torção.
Mas a madeira tem limitações quando se trata
de processamento. Ao contrário de metais e
R
esearchers at the Chalmers University of
Technology in Sweden have developed a
method for 3D printing with a wood-based
ink in a way that mimics the unique structure
of wood. The research can revolutionize
the manufacture of green products.
Years ago, scientists had created a way of 3D printing
using wood fiber. Now, they have developed a new
printing method, producing a solid material with the
structure and qualities of natural wood. Through the
emulation of wood’s natural cellular architecture, they
now can create sustainable tree-derived products, with
unique properties - from clothing to packaging, furniture,
and healthcare and personal care products.
The original material consisted of a nanocellulose
gel, containing small cellulose fibers, which were
obtained from wood pulp. A variety of objects could be
printed from it, but they would not have the porosity,
resistance, and twisting force of the actual wood. Now,
however, researchers have added a new ingredient: hemicellulose,
which is a natural component of plant cells.
This boosted the strength of the gel, acting as a glue to
help keep the cellulose fibers together.
Also, they scanned the genetic code of natural wood
and used this code to instruct a 3D printer that was
printing with the newly enhanced gel. As a result, they
were able to accurately control the arrangement of
nanofibers during the printing process, creating simple
items that were not only made of wood fiber but also
had the ultrastructure of natural wood.
The way wood grows is controlled by its genetic
code, which gives it its unique properties in terms of
A maneira como a madeira
cresce é controlada pelo seu
código genético, o que lhe confere
propriedades únicas em termos de
porosidade, tenacidade e resistência
à torção
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38
39
E C O N O M I A
Balanço
econômico
SETOR SENTE LEVE IMPACTO DAS INCERTEZAS
ECONÔMICAS, MAS TENDÊNCIA É DE
RECUPERAÇÃO
Fotos: divulgação
40
Economic
balance sheet
SECTOR FEELS A SLIGHT IMPACT FROM
THE ECONOMIC UNCERTAINTIES, BUT
THE TREND IS RECOVERY
41
E C O N O M I A
Oterceiro trimestre do ano
mostra movimentos essenciais
na economia e não é
diferente com o mercado
de celulose. O volume de
produção de celulose do Brasil recuou 5,1%
no acumulado do ano até setembro em relação
ao mesmo período de 2018, somando 15
milhões de toneladas, de acordo com dados
da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores). No
período, as exportações do insumo registraram
queda de 0,4%, somando 11 milhões de
toneladas vendidas. No mesmo período, aliás,
o consumo aparente de celulose caiu 14,1%,
chegando a 4,237 milhões de toneladas. No
mercado doméstico, as vendas de papel caíram
0,8% no comparativo de janeiro a setembro,
registrando quatro milhões de toneladas.
T
his year’s third quarter is showing several
essential movements in the economy,
and it is no different in the pulp market.
Brazil’s pulp production volume fell 5.1%
in the nine months ended September compared to
the same period in 2018, with a total production
of 15 million metric tons, according to data from
the Brazilian Tree Industry (Ibá). In the period, pulp
exports fell 0.4% to 11 million metric tons. As such,
in the same period, apparent pulp consumption fell
14.1% to 4.24 million metric tons. In the domestic
market, in the January to September period, paper
sales fell 0.8% compared to the same period in the
previous year, to four million metric tons.
Also, in the nine months ended September,
paper production reached 7.8 metric million tons,
an increase of 1% compared to the same period a
year earlier. The highlights were in the sanitary paper
42
43
44
45
E V E N T O
Fotos: divulgação
PONTO DE
ENCONTRO
II JANTAR DA APLYSIA PROCURA ESTIMULAR
IMPACTO LÍQUIDO POSITIVO NO SETOR
THE MEETING POINT
THE IIND APLYSIA DINNER SEEKS TO
STIMULATE NET POSITIVE IMPACT ON
THE SECTOR
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Conservar a biodiversidade sem comprometer
o desenvolvimento econômico e
social é um dos maiores desafios deste
século. Neste contexto, o mercado e a indústria
estão cada vez mais atentos para a
necessidade de cumprir metas de desenvolvimento. E
isso está diretamente ligado a uma gestão mais eficaz
e responsável dos recursos.
A indústria, que depende de recursos naturais,
desde água potável até proteção contra desastres
naturais, reconhece que precisa olhar para o cenário
geral e buscar compreender como suas atividades
estão ligadas à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos
de sua bacia hidrográfica, por exemplo.
“Isso é necessário para sobrevivência e prosperidade,
e o número de empresas que vem se atentando e
atuando em prol de deixar o ambiente melhor do que
encontrou vem aumentando”, explica a Dra. Tatiana
Furley, Immediate Past President da Setac (Sociedade
de Toxicologia e Química Ambiental da América Latina)
e fundadora e membro do Conselho Deliberativo
e de Inovação da Aplysia, empresa especializada em
soluções ambientais com foco em recursos hídricos.
O SETOR DE CELULOSE E O IMPACTO
POSITIVO
Temas que concernem ao setor foram discutidos
com profundidade durante o II Jantar da Aplysia, no
dia 22 de outubro de 2019, em São Paulo. O encontro
contou com representantes das principais indústrias
de celulose e papel do país.
“O evento visou estimular a prática do conceito
NPI (Net Positive Impact ou Impacto Líquido Positivo),
exemplificando como o setor de celulose pode ir
além. “Uma maneira por exemplo é Renaturalizando
os rios, e trazendo de volta as suas funções ambientais
como: controle dos sólidos suspensos na água,
aumento da biodiversidade, controle de enchentes e
seca, resultado possível de ser alcançado por meio da
técnica pioneira desenvolvida pela Aplysia”, explicou
Tatiana Furley.
Atingir as metas NPI significa que os impactos
negativos gerais de um projeto na biodiversidade são
superados pelos ganhos alcançados através de iniciativas
de conservação e recuperação ambiental na
mesma região, mesmo que seja inevitável que outras
perdas ainda ocorram no local do desenvolvimento.
A contabilização de tudo isso é de extremo valor, e
vale comentar que ter o Baseline bem estabelecido
C
onserving biodiversity without compromising
economic and social development is one of
the biggest challenges of this century. In this
context, the market and industry are increasingly
attentive to the need to meet development
goals. And this is directly linked to more active and
responsible resource management.
Industry, which relies on natural resources, from
drinking water to protection against natural disasters,
recognizes that it needs to look at the general scenario
and seek to understand how its activities are linked
to biodiversity and ecosystem services focused on
watershed resources, for example.
“This is necessary for survival and prosperity, and
the number of companies that have been paying
attention to this and acting in favor of making the
environment better than they found it has been
increasing,” explains Dr. Tatiana Furley, Immediate Past
President of the Latin American Society of Toxicology
and Environmental Chemistry (Setac) and founding
member of the Deliberative Council and member of
Council for Innovation of Aplysia, a company specializing
in environmental solutions focused on water
resources.
THE PULP SECTOR AND ITS POSITIVE IMPACT
During the IInd Aplysia Dinner held in São Paulo
on October 22, 2019, topics concerning the Sector
were discussed in depth. The meeting was attended
by representatives of the leading pulp and paper
companies in the Country. “The event aimed to
stimulate the practice of the “Net Positive Impact”
concept (NPI), exemplifying how the Pulp Sector can
go further. “One way, for example, is to “renaturalize”
rivers, and returning them to their environmental
functions such as control of suspended solids in water,
increased biodiversity, and flood and drought control,
possible through the results being achieved through
the pioneering technique developed by Aplysia,”
explains Dr. Furley.
Achieving NPI targets means that the overall negative
impacts of a project on biodiversity are overcome
by the gains made through environmental conservation
and recovery initiatives in the same region, even
if it is inevitable that further losses occur in location
development. Accounting for all this is of extreme
value, and it is worth commenting that having a
well-established baseline is critical to measurement.
Moreover, this same baseline could serve as a “zero
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P R Ê M I O
DESTAQUES DO SETOR
BRASILEIRO DE CELULOSE E PAPEL
RECEBEM PRÊMIO
REFERÊNCIA 2019
Fotos: ROSANGELA BINI
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PRÊMIO
2 19
os principais empresários e profissionais
do setor de celulose e papel de todo o
país estiveram presentes na cerimônia
do PRÊMIO REFERÊNCIA, realizada no
final do mês de outubro, em Curitiba (PR), com
assinatura da JOTA EDITORA.
Com 17 anos de tradição, a premiação é uma
das mais respeitadas do Brasil por enaltecer a
atuação de empresas do setor ao longo do ano,
como forma de reconhecimento ao trabalho e ao
desenvolvimento do país, considerando também
critérios como empregabilidade, sustentabilidade,
valores, cultura organizacional, inovação, geração
de renda, entre outros quesitos.
O PRÊMIO REFERÊNCIA busca fomentar o
mercado, em toda a cadeia produtiva da madeira:
nas florestas, na indústria, na produção de celulose
e de papel, na geração de biomassa e nos produtos
de madeira. Desta maneira, valoriza as empresas
e as organizações do setor que colaboram
para que o mercado brasileiro seja um dos mais
desenvolvidos e promissores do mundo. “Minha
gratidão à presença de vocês que dedicaram um
tempo para estarem aqui. Há 21 anos, a REVISTA
REFERÊNCIA vem trazendo a informação especializada
para o nosso segmento e sinto orgulho
da força da revista impressa”, ressaltou o diretor
comercial da JOTA EDITORA, Fábio Machado.
Em tempos de fake news e da dubiedade de
informações das mídias digitais, Fábio destacou
a potência da mídia impressa especializada no
mundo que, cada vez mais, tem um púbico cativo
por ter a credibilidade como valor primordial.
“Recentemente, a Rock Content, maior empresa
de conteúdo digital da América Latina, lançou
uma revista impressa, assim como a Uber e Airbnb,
por exemplo. Isso tem ocorrido porque, em
uma pesquisa, foi revelada a dificuldade dessas
empresas em se comunicar com empresários,
diretores, investidores, CEO’s, presidentes de
empresas, etc. E esse público-alvo falou que busca
informação na revista segmentada impressa por
confiar nessa fonte de informação”, revelou.
Além da credibilidade e qualidade de conteúdo
da mídia impressa, outro ponto ressaltado
pelo diretor executivo da JOTA EDITORA, Pedro
Bartoski Jr., é a comunicação direta que as empresas
passam a ter com público por meio do veículo
impresso. “Muitas vezes o setor empresarial não
informa ao seu público o que está produzindo e
desenvolvendo. A revista é uma ferramenta para
as empresas e os profissionais divulgarem e comunicarem
o trabalho realizado em prol do nosso
Brasil. A gente tem orgulho de estar premiando 10
dessas empresas que pesquisamos e descobrimos
como fizeram algo de muito importante, dentro
do nosso segmento, neste ano. Mas convido
a participarem ativamente: divulguem mais as
empresas, porque credibilidade a gente tem de
sobra, assim como vocês, precisamos saber usar
mais essa ferramenta”, orientou o diretor executivo.
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F E I R A
TISSUE WORLD
CONFIRA O QUE O MERCADO
DA CELULOSE E PAPEL TRAZ PARA 2020
Fotos: CELULOSE & PAPEL
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TISSUE WORLD
CHECK OUT WHAT THE PULP AND
PAPER MARKET BRINGS TO 2020
Entre 22 a 24 de outubro, aconteceu o
52º Congresso Internacional de Celulose
e Papel. O evento teve como sede a
cidade de São Paulo (SP), onde ilustres
personalidades do mercado de Celulose
e Papel se reuniram para discutir o futuro
do segmento. Um dos palestrantes convidados
foi o engenheiro florestal José Maio. O consultor
independente fez um resumo da história da
silvicultura no Brasil, que, segundo sua pesquisa,
começa com o descobrimento do país, com as
madeiras tendo sido tiradas com desperdício. Depois,
em 1965, com o incentivo fiscal, a criação
dos institutos de pesquisa e a engenharia florestal,
a floresta ganhou um fôlego e começou a de fato
funcionar o mercado.
“Saímos de 500 mil para 6 milhões de hectares
plantados”, contou o palestrante. Em 1988,
acabaram os incentivos fiscais e as empresas
passaram a se organizar com incentivos privados,
além de investir em produtividade e racionalização
do custo. “Em 1996, começa a quarta fase
da nossa silvicultura, quando vem a certificação
floresta, que demanda das empresas que elas
demonstrem desempenho ambiental. Não basta
mais ter planos, agora é preciso de ações. Isso é
reflexo da Rio 92”, complementou o engenheiro.
Os participantes do evento discutiram soluções
para o ramo e apontaram mudanças que
devem ocorrer no futuro. Paralelo a isso, acontecia
o Tissue World, em que empresas do mundo
inteiro expuseram seus maquinários e projetos
de destaque no mercado Tissue. Confira o que
algumas das principais indústrias trouxeram para
o evento.
B
etween October 22-24, the 52nd International
Congress of Pulp and Paper
took place. The event was held in the
city of São Paulo, where illustrious
personalities from the Pulp and Paper market
met to discuss the future of the segment. One
of the invited speakers was Forest Engineer José
Maio. The independent consultant summarized
the history of forestry in Brazil, which, according
to his research, begins with the discovery of the
Country, with the forests chopped down and considered
waste. Then, in 1965, with the creation
of fiscal incentives, research institutes sprung-up
along with forest engineering, the forestry gained
life and began actually to drive the market.
“We went from 500 thousand to 6 million
hectares planted,” the speaker said. In 1988, tax
incentives ended, and companies began to organize
using private incentives, in addition to investing
in productivity and cost rationalization. “In
1996, the fourth phase of forestry in Brazil begins,
when forest certification arrives, which demands
that companies demonstrate environmental performance.
It’s not enough to have plans anymore;
now you need action. This is a reflection of Rio
92,” the engineer added.
The participants in the event discussed solutions
for the segment and pointed out changes
that should occur in the future. Parallel to this,
Tissue World was held, where companies around
the world exhibited their machinery and projects
for the Tissue market.
Check out what some of the major companies
have brought to this year’s event.
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E N T R E V I S T A
Avanço
tecnológico
Advances in
technology
Foto: divulgação
Fernando José Borges Gomes
Departamento de Produtos Florestais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Department of Forest Products at the Federal Rural University of Rio de Janeiro
Considerando o atual cenário de produção
de celulose, onde a madeira
representa mais de 50% dos custos
de produção de uma unidade fabril
no Brasil, há uma busca por matérias-
-primas fibrosas alternativas à ela.
Algumas empresas já têm se despertado para este
cenário, que apesar de parecer longínquo, não pode
ser descartado. Pensando nisso, os pesquisadores
Fernando José Borges Gomes, do Departamento de
Produtos Florestais da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, e Cássio Anderson Martins Caetano,
do Departamento Engenharia Florestal da Universidade
Federal de Viçosa, testam possibilidades para
produção de polpa celulósica a partir de cana-energia.
Confira abaixo a conversa com Fernando sobre o
trabalho desenvolvido:
C
onsidering the current pulp production
scenario, where timber accounts
for more than 50% of production
costs in a pulping plant in Brazil, there
is a search for alternative fibrous raw materials,
and some companies have already become aware
of this scenario, although it seems distant, cannot
be discarded. Thinking of this, scientists Fernando
José Borges Gomes from the Department of Forest
Products at the Federal Rural University of Rio
de Janeiro and Cássio Anderson Martins Caetano
from the Forest Engineering Department of the
Federal University of Viçosa experimented with
the possibilities of producing cellulosic pulp from
energy sugarcane. Check out the conversation
with Dr. Gomes below:
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Celulose: Como surgiu a ideia de testar a cana-
-energia para a produção de polpa celulósica?
Fernando: Algumas fonte de biomassa tem sido
muito ventiladas no Brasil, como o bambu, capim
elefante e devido a sua grande disponibilidade
no Brasil, a palha e o bagaço de cana-de-açúcar.
Dentre estas matérias primas citadas, o bagaço da
cana é a que possui o maior potencial, isto por
ser oriunda de um segmento comercial já estabelecido,
e se encontrar concentrada na forma de
um resíduo nas usinas de açúcar e álcool. Contudo,
a cana tradicional foi melhorada ao longo
dos anos para gerar mais caldo do que material
fibroso, o que a torna desafiadora. Já na cana-
-energia, há grande volume de material fibroso,
o que a torna diferenciada e muito atrativa para
a produção de celulose, que busca por fibras.
Assim, nasceu o interesse por este material.
Celulose: A própria cana-energia é uma novidade
no setor sucroenergético nacional. Ela
é conhecida como super cana. Por que ela é
diferente das demais?
Fernando: Quando analisamos as características
da cana-energia, esta se destaca da cana-de-açúcar
tradicional por possuir um maior conteúdo
de material fibroso. Esse material fibroso também
pode ser usado para a obtenção de energia, por
exemplo, pela geração de etanol de segunda
geração vindo da celulose, também chamado de
etanol celulósico, e que cada vez se desenvolve
mais no Brasil. Dessa forma a cana-energia, tem o
potencial de contribuir com a geração de energia
através do seu caldo, o chamado etanol de primeira
geração, e com o material fibroso gerando
o etanol de segunda geração, por exemplo. Alguns
estudos indicam que esta cana poderia produzir
o dobro de combustível quando comparado
a cana tradicional. Dessa forma, a grande diferença
da cana-energia seria o elevado conteúdo de
material fibroso. Do ponto de vista agronômico,
também vale destacar que alguns dados indicam
que este material pode ser até três vezes mais
produtivo no campo do que a cana-de-açúcar
convencional, o que impacta muito o custo dessa
matéria-prima. Há ainda trabalhos que sugerem
que a cana-energia seja menos exigente quanto
ao tipo de solo. O que também seria um grande
atrativo para este material.
Celulose: How did the idea come about for
testing energy sugarcane for cellulosic pulp
production?
Fernando: Several biomass sources have been
very much ventilated in Brazil, such as bamboo,
elephant grass, and, due to its excellent availability
in Brazil, sugarcane straw and bagasse.
Amongst these raw materials mentioned above,
sugarcane bagasse is the one with the most
significant potential due to it coming from an
already established commercial segment, and
is concentrated in the form of a residue from
sugar and alcohol plants. However, traditional
sugarcane has been improved over the years to
generate more juice than fibrous material, which
makes it challenging. As to energy sugarcane,
there is a large volume of fibrous material, which
differentiates it and makes it very attractive
for pulp production, which seeks fiber. Thus,
interest was born for this material.
Celulose: Energy sugarcane is a novelty in
the national Sugar/Energy Sector. It is known
as “super cane”. Why is it different from the
other types?
Fernando: When we analyze the characteristics
of energy sugarcane, it stands out from traditional
sugarcane because it has higher fibrous
material content. This fibrous material can also
be used to obtain energy, for example, by generating
second-generation ethanol from cellulose,
also called cellulosic ethanol, and which
is increasingly being developed in Brazil. Thus,
energy sugarcane has the potential to contribute
to energy generation through its juice,
the so-called first-generation ethanol, and with
fibrous material generating second-generation
ethanol, for example. Some studies indicate
that this cane could produce twice as much fuel
when compared to traditional cane. Thus, the
big difference in energy sugarcane is the fibrous
material high content.
From the agronomy point of view, it is also worth
mentioning that some data indicate that this
material can be up to three times more productive
in the field than conventional sugarcane,
which dramatically impacts on the cost of this
raw material. Some studies suggest that energy
sugarcane is less demanding about the type of
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C A L E N D Á R I O
DEZEMBRO 2019
PAPEREX
Data: 3 a 6
Local: Nova Déli (Índia)
Informações: www.paperex.in
JUNHO 2020
ASIAN PAPER
Data: 3 a 5
Local: Bagcoc (Tailândia)
Informações: www.asianpapershow.com
WOODEX
Data: 3 a 6
Local: Moscou (Rússia)
Informações: www.woodexpo.ru
SETEMBRO 2020
PPW (PACKAGING & PROCESS WEEK)
Data: 15 a 18
Local: São Paulo (SP)
Informações: www.abimaq.org.br
MARÇO 2020
MOVELSUL
Data: 16 a 19
Local: Bento Gonçalves (RS)
Informações: www.movelsul.com.br
TISSUE WORLD ASIA
Data: 15 a 17
Local: Istambul (Turquia)
Informações: www.tissueworld.com/istanbul
ABRIL 2020
FIEMA BRASIL
Data: 14 a 16
Local: Bento Gonçalves (RS)
Informações: www.fiema.com.br
OUTUBRO 2020
BWEXPO
Data: 6 a 8
Local: São Paulo (SP)
Informações: www.bwexpo.com.br