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Carta 27 Universidad - ausjal

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“Se a universidade não existisse, ela teria que ser inventada!” Esta frase foi<br />

pronunciada pelo Pe Paulo Menezes sj, professor emérito de <strong>Universidad</strong>e Católica<br />

de Pernambuco – UNICAP, durante um Seminário Internacional na <strong>Universidad</strong>e do<br />

Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, há dez anos atrás. Ele se referia à universidade<br />

enquanto espaço onde, além da formação de profissionais e lideranças para o<br />

desenvolvimento da sociedade e o seu desenvolvimento científico e tecnológico, se<br />

aprende a pensar, a produzir conhecimentos e a construir avanços tecnológicos e<br />

soluções para os problemas que afligem a mesma sociedade, impulsionando-a para<br />

o futuro. É inerente ao conceito de universidade a idéia de ser espaço público de<br />

encontro para pensar e produzir conhecimento. Não é um espaço exclusivo,<br />

“sacralizado”, do mundo acadêmico, em si.<br />

Ouvindo a fala deste jesuíta a respeito da <strong>Universidad</strong>e, lembramos um outro jesuíta,<br />

no início da história da Companhia de Jesus... São Francisco Xavier, como missionário<br />

atuante no Extremo Oriente, em um dos contatos escritos, através de carta, manifestava<br />

uma grande ansiedade com relação à acomodação e ao pouco resultado das<br />

universidades européias, frente às urgentes necessidades da humanidade. Ele escrevia<br />

que tinha vontade de retornar à Europa e, “se fazendo de louco”, andar pelos corredores<br />

dessas universidades e denunciar, aos gritos, a “insensibilidade e indiferença” delas<br />

e dos seus estudantes, com relação ao que a humanidade mais urgentemente estava<br />

necessitando. Esse santo, nos limites de sua consciência possível na época, dentro<br />

de seu ardor missionário, era um rompedor de horizontes. Ele se referia,<br />

evidentemente, à necessidade da evangelização e do anúncio dos valores cristãos<br />

para toda a humanidade. Sem repetir a mesma visão de mundo desse heróico jesuíta<br />

do século XVI, hoje, são muitas as vozes que se levantam e que gostariam de “se<br />

fazer de louco” para sacudir as universidades afogadas nas mesmices de uma academia,<br />

em muitos lugares e situações, ainda insensível e indiferente frente aos destinos da<br />

humanidade e dos problemas concretos existentes no cotidiano das pessoas e da<br />

sociedade.<br />

Só se pode dizer que a solução para os graves problemas que afligem a sociedade<br />

está começando a ser buscada, quando as populações vítimas das desigualdades<br />

sociais forem levadas a sério. A universidade não está aí evidentemente para suprir o<br />

déficit assustador das políticas sociais, mas a sua participação não pode estar ausente<br />

1 Adaptada de uma Conferência proferida pelo autor no III Seminário Internacional sobre Inovação<br />

e Qualidade na <strong>Universidad</strong>e, Pontifícia <strong>Universidad</strong>e Católica de Porto Alegre – PUCRS, 20/06/<br />

2008, com o título: “<strong>Universidad</strong>e e Sociedade – uma relação que se ressignifica”.<br />

2 Padre Jesuíta, Sociólogo, Vice-Reitor e Professor de Programa de Pós-Graduação em Ciências<br />

Sociais (Mestrado e Doutorado), da UNISINOS.<br />

TEMAS PARA<br />

REFLEXIONAR<br />

15<br />

Ser <strong>Universidad</strong>e<br />

Jesuíta hoje.<br />

Alguns fragmentos de pensamento para<br />

apontar interrogações e desafios. 1<br />

José Ivo Follmann sj 2<br />

Junho de 2008

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