couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
PAfirmar, em primeiro lugar, que os pintores pertencem a uma mesma família. Em segundo lugar, afirmar que a pintura não é inocente, que ela está sempre<br />
situada socialmente e até politicamente e que a «mensagem» do pintor ultrapassa singularmente – que ele queira ou não – o jogo de formas e cores exposto<br />
na tela. Um quadro de Rembrandt que fascina Braun-Vega, dentre todos, é a Lição de Anatomia já citada (1). A curiosa história do quadro é conhecida :<br />
os notáveis de Amsterdam pedem a Rembrandt que ele faça um retrato de todos eles juntos ; é a sua primeira encomenda oficial, ele tem vinte e seis anos.<br />
Apesar da sua timidez face a Jacob Koolved que fala pelos outros e que desejava, segundo o costume, um alinhamento conforme a hierarquia social dentro<br />
do grupo, Rembrandt impõe a sua concepção do quadro à ser feito: um movimento natural dos auditores de Tulp em torno do corpo que o cirurgião<br />
esquartejou magistralmente em público em janeiro de 1632.<br />
Quando Guevara (2) cai na guerrilha boliviana, um fotógrafo é chamado para fixar a imagem do Che que finalmente virou inofensivo. Olhem a fotografia:<br />
ela corresponde exatamente ao enquadramento adotado por Rembrandt para a cabeça de Adriaensz (este era o nome do cadáver). Braun-Vega não acredita<br />
no acaso: existem conivências que se impõem ao inconsciente e que só aquele que dedicou sua vida a fazer quadros pode detectar. Braun-Vega gosta da<br />
cumplicidade que une, através da sua arte, o guerrilheiro abatido ao holandês torturado pelo roubo de um casaco.<br />
Refazendo o autorretrato de Cézanne para um outro quadro, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descobre com muito espanto que o mestre de Aix tinha retomado ele<br />
mesmo, para se representar, um autorretrato de Rembrandt, do qual ele tinha extraído a organização pictórica e, principalmente, todo o jogo de luz e<br />
sombra sobre as maçãs do rosto. Sim, decididamente, a pintura se alimenta da pintura e convém afirmar, com Braun-Vega, em terceiro lugar, que se a<br />
integração da pintura dos outros é uma necessidade para todo pintor, ainda é preciso que ela participe da construção de um projeto plástico original. E é<br />
aí que o espectador é convidado a observar como o «toque» de Braun-Vega sabe se identificar à maneira de pintar de Monet por exemplo (En attendant...<br />
d'après Monet (3) et Manet (4), 1984) ou como o seu gesto pictórico sabe encontrar o espírito das veladuras de Ingres. O espírito e não o segredo de<br />
Afirmar, en primer lugar, que los pintores son parte de una misma familia. Afirmar, en segundo lugar, que la pintura no es inocente quedando siempre<br />
situada social e incluso políticamente, y que el “mensaje” del pintor supera ampliamente lo quiera o no el juego de las formas y colores desplegado sobre<br />
su tela. Un cuadro de Rembrandt fascina a Braun-Vega entre todos, es la Lección de anatomía ya citada (1). Se conoce la anécdota: unos notables de<br />
Ámsterdam le piden a Rembrandt que haga su retrato colectivo: es su primer pedido oficial; tiene veintiséis años. A pesar de su timidez ante Jacob Koolved<br />
Es<br />
que habla en nombre de todos y quisiera, según la costumbre, una alineación conforme a la jerarquía social en el grupo, él impone su concepción del<br />
cuadro: un movimiento natural de los que escuchan a Tulp en torno al cuerpo que el cirujano descuartizó con maestría en público en enero de 1632.<br />
Cuando el Che Guevara (2) cae en la guerrilla boliviana, se solicita a un fotógrafo para fijar la imagen del Che, por fin inofensivo. Observen la fotografía:<br />
corresponde exactamente al encuadre adoptado por Rembrandt para la cabeza de Adriaensz (era el nombre del cadáver). Braun-Vega no cree en el azar: hay<br />
connivencias que se imponen al inconsciente y que sólo puede reconocer el que dedicó su vida a hacer cuadros. A Braun-Vega le gusta la complicidad que<br />
une, gracias a su arte, al guerrillero abatido con el holandés ajusticiado por el hurto de un abrigo.<br />
Pintando de nuevo para otro cuadro el autorretrato de Cézanne, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descubre con estupor que el maestro de Aix ya había retomado para<br />
representarse un autorretrato de Rembrandt extrayendo la organización pictórica, en especial todo el juego de la sombra y la luz sobre los pómulos… No<br />
cabe duda alguna, la pintura se alimenta de la pintura y es preciso afirmar con Braun-Vega que, en tercer lugar, si integrar la pintura de los demás es una<br />
necesidad para cualquier pintor, también es imprescindible que ello contribuya a la construcción de un proyecto plástico original. Éste es el punto que<br />
induce al espectador a observar cómo el toque de Braun-Vega sabe identificarse con la factura de un Monet, por ejemplo (En attendant… d’après Monet<br />
(3) et Manet (4), 1984) o cómo su “jugo” pictórico sabe acercarse al espíritu de las veladuras de Ingres. El espíritu y no el secreto de fabricación: ni plagiario,<br />
17