22.06.2013 Views

couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA

couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA

couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>


www.braun-vega.com


<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong><br />

Pinturas e Desenhos 1984-<strong>2010</strong><br />

MEMÓRIAS E FILIAÇÕES<br />

MEMORIAS Y FILIACIONES<br />

MEMOIRES ET FILIATIONS<br />

MEMORIES AND LINEAGE<br />

GALERIA MARTA TRABA<br />

28/10 a 5/12 - <strong>2010</strong><br />

Fundação Memorial da América Latina<br />

Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda, São Paulo, SP CEP 01156-001<br />

http://www.memorial.sp.gov.br


cat <strong>2010</strong>:cat Braun-Vega 13/10/10 17:10 Page 6<br />

6<br />

REPÚBLICA DO PERU<br />

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA<br />

Presidente ALAN GARCÍA PÉREZ<br />

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES<br />

Ministro JOSÉ A. GARCÍA BELAÚNDE<br />

EMBAIXADA DO PERU NO BRASIL<br />

Embaixador RICARDO GHIBELLINI<br />

CONSULADO GERAL DO PERU EM SÃO PAULO<br />

Embaixador JAIME STIGLICH<br />

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />

Governador ALBERTO GOLDMAN<br />

SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS<br />

Secretário ALMINO AFFONSO<br />

FUNDAÇÃO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA<br />

Presidente FERNANDO LEÇA<br />

EXPOSIÇÃO <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> - PINTURAS E DESENHOS 1984-<strong>2010</strong> - MEMÓRIAS E FILIAÇÕES<br />

FERNANDO CALVOZO<br />

Diretor de Atividades Culturais / Coordenação<br />

ÂNGELA BARBOUR<br />

Gerente Galeria Marta Traba / Curadoria e Produção Executiva<br />

EQUIPE TÉCNICA<br />

Guadalupe Avirá, Ananias Barbosa, Lucas Schlosinski, Alan Coratto e Diogo Machado<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Senhor e Senhora LEBLANC-LE MANS - Senhor e senhora RENARD-PANER - Senhor e senhora ROGER-ALAIN


Sumário<br />

Sumario<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />

Embaixador Ricardo Ghibellini Embaixador Jaime Stiglich<br />

Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EN SAO PAULO<br />

Memorial recebe Braun-Vega<br />

El Memorial acoge a Braun-Vega<br />

A obra na imaginação - Encontro no Ateliê<br />

Una obra de la imaginación - Encuentro en el Taller<br />

Braun-Vega : uma linguagem, vários estilos<br />

Braun-Vega: un lenguaje, varios estilos<br />

Quem somos ? De onde viemos ?<br />

¿ Quienes somos ?¿ De donde venimos ?<br />

Memórias & filiações Entrevista com Lauro Capdevila<br />

Memorias y filiaciones Diálogo con Lauro Capdevila<br />

Fronteira de culturas Conversa com Fernando Carvallo<br />

Frontera de culturas Conversación con Fernando Carvallo<br />

8<br />

10<br />

12<br />

14<br />

22<br />

24<br />

46<br />

Sommaire<br />

Contents<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> à SÃO PAULO<br />

Embaixador Ricardo Ghibellini Embaixador Jaime Stiglich<br />

Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> in SAO PAOLO<br />

Le Mémorial accueille Braun-Vega<br />

The Memorial hosts Braun-Vega<br />

L’œuvre dans l’imagination - Rencontre à l’Atelier<br />

Imagination at Work - A Studio Visit<br />

Braun-Vega : un langage, des styles<br />

Braun-Vega : one language, many styles.<br />

Qui sommes nous ? D’où venons nous ?<br />

Who are we ?Where do we come from?<br />

Mémoires & filiations Entretien avec Lauro Capdevila<br />

Memories & lineage Interview with Lauro Capdevilla<br />

Frontière de cultures Conversation avec Fernando Carvallo<br />

Cultural Frontiers Conversation with Fernando Carvallo<br />

7


P<br />

HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />

F<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> à SÃO PAULO<br />

8<br />

Embaixador Ricardo Ghibellin Embaixador Jaime Stiglich<br />

Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />

Para a Embaixada do Peru no Brasil e para o Consulado Geral do Peru em São Paulo é uma grande honra co-patrocinar a realização, junto com a Fundação<br />

Memorial da América Latina, da exposição retrospectiva da obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, no espaço da Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana, do<br />

Memorial, na cidade de São Paulo.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega é um peruano ilustre e universal, com um profundo conhecimento da tradição artística ocidental, confrontando-a e recriando-a com<br />

realidades características de nossa terra.<br />

A obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega é uma luz especial dentro da Expo Peru <strong>2010</strong>, uma exposição que traz ao público brasileiro os atrativos, recursos e potencialidades<br />

do Peru. Expressada em mostras de música, gastronomia, arte popular, produção bibliográfica, história; assim como as oportunidades comerciais e as<br />

ofertas em turismo e investimentos, este evento reflete a nação moderna com claras raízes milenares que é o Peru atual, outorgando um maior conteúdo a uma<br />

frutífera relação bilateral, a qual será selada com a significativa presença dos chefes de Estado de nossos países.<br />

A exposição de Braun-Vega constitui, sem sombra de dúvida, uma presença decisiva nesta apresentação do Peru, que como o artista, caminha para a modernidade<br />

com uma visão própria e abrangente, que integra tempos e modos.<br />

Além disso, por feliz coincidência, esta exposição faz parte da programação paralela da Bienal Internacional de São Paulo, e seguramente terá ainda mais eco e<br />

reconhecimento que em sua primeira aparição na edição de 1985, quando foi uma das obras mais comentadas pela imprensa e aclamadas pelo público.<br />

À Fundação Memorial da América Latina e à Galeria Marta Traba, nosso mais profundo agradecimento por fazer possível a presença deste artista, genial intérprete<br />

de nosso mundo.<br />

Ambassadeur Ricardo Ghibellin Ambassadeur Jaime Stiglich<br />

Ambassadeur du Pérou au Brésil Consul général du Pérou à São Paulo<br />

Pour l'ambassade du Pérou au Brésil et le Consulat Général du Pérou à Sao Paulo, ainsi que la Fondation Mémorial de l'Amérique Latine, est un grand<br />

honneur de co-parrainer l'exposition rétrospective de l'œuvre de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, dans l'espace Galerie Marta Traba à São Paulo.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega est um Péruvien éminent et universel, profond connaisseur de la tradition artistique occidentale qu’il confronte aux réalités caractéristiques<br />

de notre terre dans um processus de recréation.<br />

Le travail de <strong>Herman</strong> Braun-Vega est une lumière particulièrement brillante dans l'Expo Pérou <strong>2010</strong>, une exposition qui apporte au public brésilien, les attractions,<br />

les ressources et le potentiel du Pérou. Exprimé en spectacles de musique, de gastronomie, d’art populaire, de production de littérature, d'histoire, ainsi<br />

que des occasions d'affaires; aussi comme des opportunités commerciales et possibilités d’investissement dans le tourisme. Cet événement reflète la nation moderne<br />

de racines millénaires qui est maintenant le Pérou et donne plus de substance une relation bilatérale fructueuse, qui sera scellée par la présence importante<br />

de chefs d'Etat de nos pays.<br />

L'exposition de Braun-Vega est sans aucun doute une présence décisive dans cette présentation du Pérou, qui, comme artiste entre dans la modernité avec une<br />

vision unique et globale, qui inclut les temps et modes.<br />

En outre, par une heureuse coïncidence, cette exposition s'inscrit dans le cadre du programme parallèle de la Biennale internationale de Sao Paulo, qui ne manquera<br />

pas faire d'écho à la reconnaissance de sa première participation dans l'édition de 1985, quand il a été l'un de plus commentés par la presse et acclamé<br />

par le public.<br />

A la Fondation Mémorial de l'Amérique Latine et à la Galerie Marta Traba notre profonde gratitude pour avoir rendu possible la présence de cet artiste, brillant<br />

interprète de notre monde.


HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />

Para la Embajada del Perú en Brasil y el Consulado General del Perú en São Paulo es un gran honor presentar, junto con la Fundación Memorial de América<br />

Latina, la exposición retrospectiva de la obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega en la Galería Marta Traba Del Memorial de América Latina en la ciudad de São Paulo.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega es un peruano ilustre y universal, con un profundo conocimiento de la tradición artística occidental, la que confronta y recrea con<br />

realidades<br />

Es<br />

características de nuestra tierra.<br />

La obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega es una luz especialmente brillante dentro de la Expo Perú <strong>2010</strong>, una exposición que trae al público brasilero los atractivos,<br />

recursos y potencialidades del Perú. Expresada en muestras de música, gastronomía, arte popular, producción bibliográfica, historia; así como las oportunidades<br />

comerciales y las ofertas em turismo e inversiones, este evento refleja la nación moderna y con claras raíces milenárias que es el Perú actual y otorga mayor contenido<br />

a una fructífera relación bilateral, la que será sellada con la significativa presencia de los jefes de Estado de nuestros países.<br />

La exposición de Braun-Vega constituye sin dudas una presencia decisiva en esta presentación del Perú, el que, al igual que el artista, camina hacia la modernidad<br />

con uma visión propia y abarcadora, que integra tiempos y modos.<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> IN SAO PAOLO<br />

Embajador Ricardo Ghibellini Embajador Jaime Stiglich<br />

Embajador del Perú en Brasil Cónsul General del Perú en São Paulo<br />

Además, y por feliz coincidencia, esta exposición forma parte de la programación paralela de la Bienal Internacional de São Paulo, la que seguramente tendrá<br />

aún mayor eco y reconocimiento que en su primera aparición en la edición de 1985, cuando fue una de las obras más comentada por la prensa y alabada por<br />

el público.<br />

A la Fundación Memorial de América Latina y la Galería Marta Traba nuestro más profundo agradecimiento por hacer posible la presencia de este artista,<br />

genial interpretador de nuestro mundo.<br />

Ambassador Ricardo Ghibellini Ambassador Jaime Stiglich<br />

Embassy of Peru, Brazil General Consul of Peru, Sao Paolo, Brazil<br />

The Embassy of Peru and the Consulate of Peru in Sao Paolo have the great honor of presenting a retrospective of the work of <strong>Herman</strong> Braun-Vega at the<br />

Marta Traba Galery, the Latin America Memorial Foundation, Sao Paolo.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega is an eminent Peruvian of universal scope, with a deep knowledge of western artistic traditions that he apposes to the shifting realities of<br />

a<br />

En<br />

world in constant renewal. The show of <strong>Herman</strong> Braun-Vega’s work brings a special aura to Expo Peru <strong>2010</strong>, an event that presents to the Brazilian public<br />

the latest in Peruvian music, gastronomy, popular arts, publishing, industry as well as venues in tourism, business and finance, that collectively reflect a modern<br />

nation with ancestral roots stretching back thousands of years. The event gives additional weight to fruitful bilateral relations, sealed today by the presence of<br />

heads of state from the two countries.<br />

Braun-Vega’s show is without a doubt a distinctive feature of this exposition on Peru, a country that, like the artist’s work, is marching towards modernity with<br />

its own global and synthetic vision, integrating disparate epochs and frames of mind.<br />

It is moreover a wonderful coincidence that this show shares the calendar with the Sao Paolo Art Biennale, bringing even greater resonance to a body of work<br />

that, when it was first presented there in 1985, was profusely commented on by the press and appreciated by the public at large.<br />

We wish to express our deepest gratitude to the Latin American Memorial Foundation and to the Marta Traba Gallery for presenting the work of this artist,<br />

brilliant interpreter of today’s world.<br />

9


P<br />

Memorial recebe Braun-Vega<br />

Em seus 21 anos de existência, o Memorial da América Latina tem promovido a difusão da arte e da cultura mais representativas da contemporaneidade<br />

latino-americana, tendo mostrado a produção de artistas da maior importância, como ocorre agora, quando se realiza a 29ª. Bienal Internacional de São<br />

Paulo e o seu entorno, o São Paulo POLO de Arte Contemporânea, integrado por esta Fundação.<br />

Neste quadro e graças à cooperação do Governo do Peru, através de sua Embaixada no Brasil e do Consulado Geral em São Paulo, fez-se possível trazer<br />

novamente ao Brasil a obra do consagrado artista peruano, residente em Paris, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, por ocasião do evento EXPO PERU-<strong>2010</strong>, que<br />

se realiza em novembro, no Memorial.<br />

Ele esteve aqui em 1985 e teve destacada participação na 18ª. Bienal. Em seu livro “As Bienais / 1951-1987”, a crítica de arte e editora do Memorial<br />

Leonor Amarante, salienta: Nem só de neo-expressionismo se sustentou a 18a Bienal. Foi justamente fora da Grande tela que a pintura obteve sucesso de<br />

público, com as telas do peruano Braun-Vega. Bem-humorado e irônico apropriava-se de quadros de artistas famosos, como Manet, e introduzia novos<br />

personagens. Em Déjeuner sur l'Herbe, do impressionista francês, colocou Picasso acompanhado de Velásquez. Com a Lição de Anatomia, de Rembrandt<br />

seu discurso assumiu inusitada conotação política.<br />

Vinte e cinco anos depois de sua passagem pela Bienal São Paulo, temos a grande satisfação de ver sua obra na Galeria Marta Traba. Acrescida de uma<br />

parte absolutamente inédita para os paulistanos, revisitamos o percurso traçado por este brilhante artista. Além disso, ele próprio dirigirá ações educativas<br />

com os visitantes.<br />

A Fundação Memorial se sente orgulhosa de apresentar a exposição de Braun-Vega, que nos lega ainda um maravilhoso catálogo, no qual registra em<br />

quatro idiomas, seus procedimentos de criação.<br />

F<br />

Le Mémorial accueille Braun-Vega<br />

10<br />

Fernando Leça<br />

Presidente da Fundação Memorial da América Latina<br />

Fernando Leça<br />

Président de la Fundação Memorial da América Latina<br />

Depuis ses 21 ans d’existence, le Memorial da América Latina diffuse l’art et la culture représentatifs de la contemporanéité latino-américaine, comme maintenant, avec l’organisation<br />

de la 29e Biennale Internacional de São Paulo et le POLO d’Art Contemporain de São Paulo, toutes deux vitrines pour la production d’artistes du plus haut niveau.<br />

Dans ce cadre, grâce à la collaboration du Gouvernement du Pérou via son Ambassade au Brésil et le Consulat Général à Sao Paulo et à l’occasion de l’événement EXPO PERU<br />

- <strong>2010</strong> à la Fondation en novembre, nous avons l’occasion d’amener à nouveau au Brésil l’œuvre de l’artiste renommé, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, péruvien résident à Paris.<br />

Déjà remarqué lors de la 18e Biennale, Braun-Vega visite Sao Paulo en 1985. La critique d’art et curatrice du Mémorial, Leonor Amarante, relate l’événement dans son livre<br />

« As Bienais / 1951-1987 » : « La 18e Biennale n’a pas été composée seulement d’oeuvres néo-expressionnistes. C’est justement en marge de l’allée des Grandes Toiles que la<br />

peinture a obtenu du succès auprès du public, avec les œuvres du péruvien Braun-Vega. En bonne humeur et non sans ironie, il s’est approprié de tableaux d’artistes connus,<br />

comme Manet, pour y introduire de nouveaux personnages. Dans Déjeuner sur l’Herbe, de l’impressionniste français, il peint du Picasso accompagné de Vélasquez. Avec la<br />

Leçon d’Anatomie, de Rembrandt, son discours prend une connotation politique inattendue. »<br />

Vingt-cinq ans après son passage à la biennale de Sao Paulo, c’est avec une grande satisfaction que nous redé<strong>couv</strong>rons son œuvre à la Galerie Marta Traba. L'exposition, enrichie<br />

d’une partie absolument inédite pour les habitants de Sao Paulo, permet de revisiter le parcours tracé par ce remarquable artiste. En parallèle, l’artiste mènera des activités<br />

pédagogiques avec les visiteurs.<br />

La Fundação Memorial se sent fière de présenter l’exposition de Braun-Vega qui nous lègue en plus un merveilleux catalogue, dans lequel il témoigne,<br />

en quatre langues, ses procédés de création.


El Memorial acoge a Braun-Vega<br />

En sus 21 años de existencia, el Memorial de América Latina ha promovido la difusión de las obras más representativas del arte y la cultura<br />

contemporánea de América Latina, exhibiendo la producción de artistas de la mayor importancia, como ocurre ahora, cuando se realiza la<br />

29a Bienal Internacional de Sao Paulo y, en su entorno, el Sao Paulo POLO del Arte Contemporáneo, del que forma parte esta Fundación.<br />

Es<br />

En este marco y gracias a la cooperación del Gobierno del Perú, a través de su Embajada en Brasil y de su Consulado General en Sao Paulo,<br />

ha sido posible traer de nuevo a Brasil la obra de HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, consagrado artista peruano residente en París, con motivo del<br />

evento EXPO PERÚ-<strong>2010</strong>, que se realizará en noviembre en el Memorial.<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> ya estuvo aquí en 1985 y tuvo una destacada participación en la 18a Bienal. En su libro "La Bienal / 1951-1987", la crítico de<br />

arte, y directora del Memorial, Leonor Amarante, subraya:<br />

“La 18a Bienal no sólo se consagró al neoexpresionismo. Fue precisamente al margen de los Grandes Lienzos que la pintura tuvo éxito con<br />

The Memorial hosts Braun-Vega<br />

Fernando Leça<br />

Presidente de la Fundación Memorial de América Latina<br />

el público, con los cuadros del peruano Braun-Vega, que con humor e ironía se apropia de telas de artistas famosos como Manet e introduce<br />

en ellas nuevos personajes. En el Déjeuner sur l'Herbe, del impresionista francés, coloca a Picasso acompañado de Velázquez. Y en la<br />

Lección de anatomía, de Rembrandt, su discurso asume una inusual connotación política”.<br />

Así, 25 después de su paso por la Bienal de Sao Paulo, tendremos la gran satisfacción de ver en la Galería Marta Traba la obra de <strong>BRAUN</strong>-<br />

<strong>VEGA</strong>, enriquecida por una sección absolutamente inédita para los paulistas, lo que nos permitirá revisitar el recorrido de este brillante<br />

artista, quien estará presente y dirigirá personalmente algunas actividades educativas a la intención de los visitantes.<br />

La Fundación Memorial se enorgullece en presentar la exposición de <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, que además nos dejará como legado un excepcional<br />

catálogo, que registra, en cuatro idiomas, sus procedimientos creativos.<br />

Fernando Leça<br />

President of the Latin American Memorial Foundation<br />

Heralded by the Latin American Memorial Foundation over the past 21 years, the 29th International Biennale of Sao Paolo, along with the POLO of Contemporary<br />

Art, Sao Paolo, have been privileged venues for showcasing the work of major artists and displaying the art and culture most representative of contemporary Latin-America.<br />

In this framework and in collaboration with the government of Peru, thanks to its Embassy in Brazil and the General Consulate in Sao Paolo, we have once again been<br />

En<br />

able to bring to Brazil the work of the re-known Paris-based Peruvian artist, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, scheduled for November at the Memorial during EXPO PERU – <strong>2010</strong>.<br />

An outstanding participant of the 18th Biennale, Braun-Vega first came to Sao Paolo in 1985.<br />

The Memorial’s art critic and editor, Leonor Amarante, spot-lights the artist in her book, “As Bienais / 1951-1987”:<br />

“The 18th Biennale did not feature neo-expressionists alone. Far from the line-up of “Big Canvasses”, the work of the Peruvian artist Braun-Vega stole the public’s<br />

attention. With a dash of humor and irony, he introduced entirely new figures into compositions appropriated from well-known artists such as Manet, for example. His<br />

“Déjeuner sur L’Herbe”, inspired by Manet, includes Picasso, accompanied by Velasquez. With the “Anatomy Lesson,” taken from Rembrandt, his narrative takes on<br />

unexpected political overtones.”<br />

25 years after his passage at the Sao Paolo Biennale, it is a joy to rediscover Braun Vega’s oeuvre at the Marta Traba Gallery. It is an occasion to retrace the course of this<br />

remarkable artist’s career, renewed by works totally un-known to the public of Sao Paolo. Pedagogical activities for visitors, lead by the artist himself, are also planned.<br />

The Memorial Foundation is proud to present the work of Braun-Vega, accompanied by a marvelous catalogue in four languages, in which he explains his creative process.<br />

11


P<br />

A obra na imaginação<br />

Desde a 18.a Bienal Internacional de São Paulo, quando conhecemos a obra de Braun-Vega, ela povoa nossa imaginação com cores vivas, com uma mistura<br />

fantástica de temas de grandes mestres, de uma técnica impecável, entre o acrílico, colagens e movimentos que impressionam.<br />

Ver sua obra reunida, é um grande sonho que torna-se realidade. Acreditamos que a mostra desse talento peruano marcará a história das Artes na cidade de São Paulo.<br />

Ângela Barbour - Curadora da Mostra<br />

Gerente da Galeria Marta Traba<br />

Encontro no Ateliê<br />

Estar com o artista <strong>Herman</strong> Braun-Vega, este verão em Paris, e ver as obras que seriam exibidas na Galeria Marta Traba, constituiu-se uma experiência impressionante.<br />

Tecer contato pessoal com o coração de seu trabalho: o Ateliê do artista.<br />

O percurso até o destino, prenunciava abandonar a agitação da Paris turística, que aos poucos se diluía na paisagem contemplada nas janelas do trem.<br />

Na mente a lembrança de outra viagem, à Auvers Sur Oise, onde Van Gogh produziu seus últimos trabalhos. Experimentar lugares de artistas tem para mim uma força incomum.<br />

Na calma Arcueil, em uma casa absolutamente planejada para a criação artística, encontro Braun-Vega e sua obra. Estar com um grande mestre das artes,<br />

é em si só, uma dádiva.<br />

Este afastamento era necessário, pois <strong>Herman</strong>, além de ser um artista de nosso tempo absolutamente conectado e profundo conhecedor da História e das<br />

Artes, é também um pensador, e seu trabalho espelha um processo de recolhimento e reflexão, essenciais ao processo criador.<br />

No ateliê, percorremos salas repletas de obras, especialmente dispostas para minha visita, sob uma luz natural, pensada para a real percepção de suas cores e matizes.<br />

Degustar suas obras e cada palavra de <strong>Herman</strong> ao discorrer sobre elas, marcou expressivamente um processo curatorial, que originou-se na Fundação Memorial<br />

em ocasião de visita ao Peru em 2007, como embrionário desta mostra que agora se apresenta.<br />

F<br />

L’œuvre dans l’imagination<br />

Fernando Calvozo<br />

Diretor de Atividades Culturais<br />

Fernando Calvozo<br />

Directeur d’Activités Culturelles<br />

Depuis la 18ème Biennale Internationale de Sao Paulo, quand nous avons connu l’œuvre de Braun-Vega, elle habite notre imagination avec des couleurs vives,<br />

avec un mélange fantastique de thèmes de grands maîtres, d’une technique impeccable, entre l’acrylique, des collages et des mouvements qu’impressionnent.<br />

Voir son œuvre rassemblée est un grand rêve qui devient réalité. Nous croyons que l’exposition de ce talent péruvien marquera l’histoire des arts de la ville de Sao Paulo.<br />

Angela Barbour – Curatrice<br />

Visite d’Atelier<br />

Gérante, galerie Marta Traba.<br />

Avoir été avec l’artiste <strong>Herman</strong> Braun-Vega cet été à Paris afin de voir les œuvres bientôt exposées à la Galerie Marta Traba, n'a pas seulement été une<br />

expérience impressionnante mais aussi l'occasion de tisser un contact personnel avec le cœur de son travail, dans l’Atelier de l’artiste.<br />

Le paysage qui peu à peu se diluait derrière les fenêtres du train durant le trajet me préparait à abandonner l’agitation du Paris touristique. Cela me rappelait<br />

aussi le souvenir d’un autre voyage, à Auvers-sur-Oise, là où Van Gogh a réalisé ses derniers travaux. Faire l'expérience des lieux d’artistes représente, pour<br />

moi, un moment extrêmement fort.<br />

C’est ainsi qu’au sein d’une maison absolument planifiée pour la création artistique, dans le tranquille Arcueil, que je rencontre Braun-Vega et son œuvre.<br />

Être avec un grand maître des arts est, en soi, un don du ciel.<br />

Il était important d’être loin de tout, puisque <strong>Herman</strong>, en plus d’être un artiste de notre temps absolument connecté au monde d'aujourd'hui et un connaisseur profond<br />

de l’Histoire de l'Art, est un penseur. Cela se réfléchit dans son travail, qui en retour révèle un processus réflexif, en lien avec un processus créatif plus large.<br />

Dans l’atelier, sous une lumière naturelle de façon à révéler leurs vraies couleurs et nuances, nous avons parcouru des salles remplies d’œuvres spécialement disposées<br />

pour ma visite.<br />

Le plaisir pris à voir ces œuvres et chaque mot d’<strong>Herman</strong> à leur propos, ont contribué à la genèse d’une vision éditoriale né en 2007 à l’occasion d’une<br />

visite à la Fondation Mémorial au Pérou. Elle trouve sa pleine expression dans l'exposition actuelle.


Una obra de la imaginación<br />

Es<br />

Encuentro en el Taller<br />

En<br />

A Studio Visit<br />

Fernando Calvozo<br />

Director de Actividades Culturales<br />

Desde la 18a Bienal Internacional de Sao Paulo, cuando la conocimos, la obra de <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> llena nuestra imaginación de colores vivos,<br />

de una fantástica combinación de temas de grandes maestros con una técnica impecable, que incluye el acrílico, el collage y un movimiento que impresiona.<br />

Ver el conjunto de su obra era un gran sueño que ahora se convierte en realidad. Creemos que la exposición de este talento peruano marcará<br />

la historia del arte de la ciudad de Sao Paulo.<br />

Angela Barbour - Curadora de la exposición<br />

Gerente de la Galería Marta Traba<br />

Estar con el artista <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, en París, este verano, y ver las obras que van a exhibirse en la Galería Marta Traba fue una experiencia impresionante: tejer el contacto<br />

personal con el corazón de su trabajo, con el taller mismo del artista.<br />

Ir hasta nuestro destino significaba abandonar las zonas más turísticas de París, que poco a poco se diluyó en el paisaje que contemplábamos a través de las ventanillas del tren.<br />

En la mente, el recuerdo de otro viaje, a Auvers-sur-Oise, donde Van Gogh realizó sus últimas obras. La experiencia de visitar los lugares de trabajo de los artistas tiene, para<br />

mí, una fuerza fuera de lo común.<br />

En la quietud de Arcueil, en una casa totalmente planeada para la creación artística, me encontré con <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> y su obra. Estar con un gran maestro del arte era ya de por sí un regalo.<br />

El alejamiento que ha buscado es necesario, ya que <strong>Herman</strong>, además de ser un artista conectado con su tiempo y un profundo conocedor de la Historia del Arte, es también<br />

un pensador. Su obra refleja un recogimiento y una reflexión esenciales para su proceso creativo<br />

En el taller recorrimos salas llenas de pinturas especialmente dispuestas para la visita, colocadas bajo una luz natural pensada para dar una percepción real de los colores y matices.<br />

Disfrutar de sus obras y de cada palabra de <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> hablando de ellas, marcó de modo expresivo un proceso de curadoría de la Fundación Memorial que se<br />

originó en 2007, con motivo de una visita al Perú, lo que fue el embrión de la actual exposición.<br />

Imagination at Work<br />

Fernando Calvozo<br />

Director of Cultural Activities<br />

Braun Vega’s show during the 18th International Biennale of Sao Paolo left echoes of vivid colors, with an extraordinary mix of themes from the great masters,<br />

rendered with impeccable technique including acrylic, collage and impressive swathes of movement.<br />

To see this oeuvre assembled here once again is a dream come true. We believe that the show by this Peruvian talent will leave its mark on the history of the arts of the city of Sao Paolo.<br />

Ângela Barbour – Curator<br />

Manager of the Marta Traba Gallery<br />

Spending time with the artist <strong>Herman</strong> Braun-Vega this summer in Paris and viewing first-hand the works soon to be shown at the Marta Traba Gallery was<br />

not only an impressive experience but also an opportunity to connect with the heart of his work, in his studio.<br />

The landscape dissolving through the windows during the train ride there prepared me to leave behind the hectic tourist venues typical of Paris. It also brought<br />

to mind another trip, to Auvers-sur-Oise, where Van Gogh painted his final works. Setting foot where artists live represents, for me, an exceptionally forceful<br />

moment.<br />

I finally met up with Braun-Vega and his œuvre in quiet Arcueil, in a house perfectly designed for the production of art works. The opportunity to be with<br />

a great master is, in and of itself, a gift from heaven.<br />

Being far away from everything was essential. <strong>Herman</strong>, in addition to being completely connected to the world of today and a deep connoisseur of Art History,<br />

is also a thinker. This is reflected in his work, which in turn reveals a thinking process, linked to broader creative processes.<br />

In his studio, we ambled through rooms filled with paintings, specifically arraigned for my visit, basking in natural light so as to bring forth their true colors<br />

and nuances. Reveling in these works and each of <strong>Herman</strong>’s words on their subject, helped fashion a curatorial mission that germinated in 2007 during a trip<br />

to the Memorial Foundation in Peru and that, today, finds full expression in this exhibition.


<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : UMA LINGUAGEM, VÁRIOS ESTILOS Crítico de arte - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />

É em solitário que um pintor do nosso tempo, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, quis enfrentar, à sua maneira e sem negar nenhuma herança, alguns desafios lançados<br />

à cultura que condenaram várias gerações de pintores do Ocidente à esterilidade e à neurose. Braun-Vega interroga a linguagem da criação lá aonde ela se<br />

encontra : em Rembrandt e Velázquez, Ingres e La Tour, Manet e Monet, Cézanne e Picasso… E é desta linguagem que ele nutre a sua própria pintura,<br />

com um imenso respeito que não exclui uma afetuosa petulância e bastante liberdade no empréstimo dos termos.<br />

Uma só linguagem, efetivamente, mas vários estilos. A pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega aborda diretamente o problema da autonomia da obra, enquanto<br />

procede de matérias e maneiras aparentemente heterogêneas. Para aqueles que ficarão espantados ao ver o esfolado do professor Tulp com um pé à maneira<br />

de Picasso, nós podemos dizer que os mais belos relicários da Idade Média europeia incorporam frequentemente pedras antigas (La Leçon… à la campagne<br />

d’après Rembrandt, 1984, acrílico sobre tela). A justaposição de estilos foi a regra no passado, como explica Meyer Schapiro : «Não se sentia a necessidade<br />

de restaurar uma obra danificada ou de completar uma obra inacabada no estilo original.» (Style, Artiste, Société, editora Gallimard, 1982, p.48). O ideal<br />

rigoroso de coerência é essencialmente moderno. Mesmo se, em todas as épocas, os artistas se esforçam ao máximo para criar uma obra dotada de unidade,<br />

a obra em questão manipulou regularmente o múltiplo, até que modernos ucasses condenem o pintor à cavar numa única jazida. Era preciso ser Picasso<br />

para ousar derrubar este imperativo categórico e assim limpar o terreno sobre o qual poucos dos seus sucessores se animam.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega é um deles, mas ele não retoma a linguagem pictórica dos seus predecessores para subvertê-la: se ele penetra as imagens célebres, se<br />

ele opera nelas deslocamentos de sentidos insólitos, é para afirmar e testemunhar, não para negar.<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>: UN LENGUAJE, VARIOS ESTILOS Crítico de arte - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />

A la manera de un solitario, es como un pintor de nuestro tiempo, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, ha querido afrontar desde hace cuarenta años, a su modo y sin<br />

rechazar ningún legado, unos retos a la cultura que han condenado a la esterilidad y a la neurosis a varias generaciones de pintores en Occidente. Braun-<br />

Vega cuestiona el lenguaje de la creación allí donde se encuentra: en Rembrandt y Velázquez, Ingres y La Tour, Manet y Monet, Cézanne y Picasso… Con<br />

este lenguaje se atreve a alimentar su propia pintura, haciendo prueba de un inmenso respeto que no excluye cierta cariñosa impertinencia y mucha libertad<br />

en el uso de los términos.<br />

Un lenguaje, desde luego, pero diferentes estilos. La pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega aborda de frente el problema de la autonomía de la obra, en cuanto<br />

procede de materias y maneras al parecer heterogéneas. A los que se asombren de ver el desollado del profesor Tulp provisto de un pie a la manera de<br />

Picasso, se podrá responder que los más bellos relicarios de la Edad Media europea incorporan a menudo pedrerías antiguas (La Leçon… à la campagne<br />

d’après Rembrandt, 1984, acrílico sobre lienzo). La yuxtaposición de los estilos fue la norma en tiempos pasados apunta Meyer Schapiro: “No se sentía la<br />

necesidad de restaurar una obra dañada o de completar una obra inacabada en el estilo de origen”. (Style, artiste, société, Gallimard, 1982, p. 48). El ideal<br />

estricto de la coherencia es fundamentalmente moderno. Si en cualquier época los artistas ponen todos sus esfuerzos para crear obras dotadas de unidad,<br />

ésta mezcló siempre lo múltiple, hasta que unos modernos ucases condenaran al pintor a arar un único surco. Era necesario ser Picasso para atreverse a<br />

burlar este mandato categórico y despejar de este modo un terreno en el cual escasos sucesores suyos se aventuraron.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega es de aquéllos, pero no retoma el lenguaje pictórico de sus antecesores para socavarlo: si rompe unas imágenes famosas, si efectúa en<br />

ellas raros desplazamientos de sentido, es para afirmar y dar testimonio y no para negar.<br />

14


1<br />

2<br />

La leçon... à la campagne (Rembrandt), 1984<br />

Acrílico sobre tela, 195 x 300 cm<br />

15


<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : UN LANGAGE, DES STYLES critique d’art - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />

C’est en solitaire qu’un peintre de notre temps, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, a voulu relever depuis quarante ans, à sa façon, et sans renier aucun<br />

héritage, certains défis à la culture qui ont condamné plusieurs générations de peintres en Occident à la stérilité et à la névrose.<br />

Braun-Vega interroge le langage de la création là où il se trouve : chez Rembrandt et Vélàzquez, Ingres et La Tour, Manet et Monet,<br />

Cézanne et Picasso… C’est de ce langage qu’il ose nourrir sa propre peinture, avec un immense respect qui n’exclut pas une dose<br />

d’affectueuse impertinence et beaucoup de liberté dans l’emprunt des termes.<br />

Un langage, en effet, mais des styles. La peinture d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega aborde de front le problème de l’autonomie de l’œuvre, dès lors<br />

qu’elle procède de matières et manières apparemment hétérogènes. À ceux qui s’étonneront de voir l’écorché du professeur Tulp muni<br />

d’un pied à la Picasso, on pourra répondre que les plus beaux reliquaires du Moyen-âge européen incorporent souvent des pierres<br />

antiques (La Leçon… à la campagne d’après Rembrandt, 1984, acrylique sur toile). La juxtaposition des styles fut la règle dans le passé,<br />

note Meyer Schapiro : « On n’éprouvait pas le besoin de restaurer un ouvrage endommagé ou de compléter un ouvrage inachevé dans le style d’origine. »<br />

(Style, Artiste, Société, Gallimard, 1982, p. 48) L’idéal rigoureux de la cohérence est essentiellement moderne. Si, à toutes les époques,<br />

les artistes mettent tous leurs efforts à créer des œuvres douées d’unité, cette dernière a régulièrement brassé le multiple, jusqu’à ce que<br />

de modernes ukases condamnent le peintre à ne plus creuser qu’un unique sillon. Il fallait être Picasso pour oser bousculer cet impératif<br />

catégorique et déblayer de la sorte un terrain sur lequel ses successeurs n’ont pas été nombreux à s’égayer.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega est de ceux-là, mais il ne renoue pas avec le langage pictural de ses prédécesseurs pour le subvertir : s’il casse des<br />

images célèbres, s’il opère en elles des déplacements de sens insolites, c’est pour affirmer et témoigner, non pour nier.<br />

<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : ONE LANGUAGE, MANY STYLES. art critic - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />

All on his own, the contemporary painter <strong>Herman</strong> Braun-Vega has— for the past 40 years and without reneging on his heritage— risen to the challenges<br />

of a culture that has condemned generations of artists to sterility and neurosis. Braun-Vega questions the language of painting at its source, turning to<br />

Rembrandt and Velazquez, Ingres and la Tour, Manet and Monet, Cézanne and Picasso, among others. With immense respect, a dash of affectionate<br />

impertinence and a great deal of liberty, he has dared to borrow and has found, within this language, the wherewithal with which to nourish his own work.<br />

A language but also many styles are at issue here. In so far as Braun-Vega’s painting springs from a heterogeneous mix of materials and processes, it<br />

confronts the problem of the autonomy of any given work. To those dismayed at the sight of Professor Tulp’s flayed figure doted with a Picasso-like foot,<br />

one might retort that the most beautiful European Medieval reliquaries often incorporated antique stones (see La Leçon… à la campagne d ’après<br />

Rembrandt, 1984, acrylic on canvas). Juxtaposing styles used to be the rule, as Meyer Schapiro has noted: “There was no compunction to restore in its<br />

original style a damaged or unfinished work” (Style, Artiste, Société, Gallimard, 1982, p. 48). The rigorous ideal of coherence is essentially a modern one.<br />

Although artists throughout the ages have striven to create works endowed with unity, they have done so whilst embracing multiplicity; until, that is,<br />

modern ukases condemned painters to laboring a single furrow. Only someone of Picasso’s stature could have dared to upset such a categorical imperative<br />

and opened up the playing field to a few enthused successors.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega is one of these, although he renews his predecessors’ pictorial language without subverting it. If he breaks down well-known images<br />

and brings unfamiliar shifts in meaning to bear upon them, this is not to deny but rather to affirm and bear testimony to what came before.<br />

16


PAfirmar, em primeiro lugar, que os pintores pertencem a uma mesma família. Em segundo lugar, afirmar que a pintura não é inocente, que ela está sempre<br />

situada socialmente e até politicamente e que a «mensagem» do pintor ultrapassa singularmente – que ele queira ou não – o jogo de formas e cores exposto<br />

na tela. Um quadro de Rembrandt que fascina Braun-Vega, dentre todos, é a Lição de Anatomia já citada (1). A curiosa história do quadro é conhecida :<br />

os notáveis de Amsterdam pedem a Rembrandt que ele faça um retrato de todos eles juntos ; é a sua primeira encomenda oficial, ele tem vinte e seis anos.<br />

Apesar da sua timidez face a Jacob Koolved que fala pelos outros e que desejava, segundo o costume, um alinhamento conforme a hierarquia social dentro<br />

do grupo, Rembrandt impõe a sua concepção do quadro à ser feito: um movimento natural dos auditores de Tulp em torno do corpo que o cirurgião<br />

esquartejou magistralmente em público em janeiro de 1632.<br />

Quando Guevara (2) cai na guerrilha boliviana, um fotógrafo é chamado para fixar a imagem do Che que finalmente virou inofensivo. Olhem a fotografia:<br />

ela corresponde exatamente ao enquadramento adotado por Rembrandt para a cabeça de Adriaensz (este era o nome do cadáver). Braun-Vega não acredita<br />

no acaso: existem conivências que se impõem ao inconsciente e que só aquele que dedicou sua vida a fazer quadros pode detectar. Braun-Vega gosta da<br />

cumplicidade que une, através da sua arte, o guerrilheiro abatido ao holandês torturado pelo roubo de um casaco.<br />

Refazendo o autorretrato de Cézanne para um outro quadro, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descobre com muito espanto que o mestre de Aix tinha retomado ele<br />

mesmo, para se representar, um autorretrato de Rembrandt, do qual ele tinha extraído a organização pictórica e, principalmente, todo o jogo de luz e<br />

sombra sobre as maçãs do rosto. Sim, decididamente, a pintura se alimenta da pintura e convém afirmar, com Braun-Vega, em terceiro lugar, que se a<br />

integração da pintura dos outros é uma necessidade para todo pintor, ainda é preciso que ela participe da construção de um projeto plástico original. E é<br />

aí que o espectador é convidado a observar como o «toque» de Braun-Vega sabe se identificar à maneira de pintar de Monet por exemplo (En attendant...<br />

d'après Monet (3) et Manet (4), 1984) ou como o seu gesto pictórico sabe encontrar o espírito das veladuras de Ingres. O espírito e não o segredo de<br />

Afirmar, en primer lugar, que los pintores son parte de una misma familia. Afirmar, en segundo lugar, que la pintura no es inocente quedando siempre<br />

situada social e incluso políticamente, y que el “mensaje” del pintor supera ampliamente lo quiera o no el juego de las formas y colores desplegado sobre<br />

su tela. Un cuadro de Rembrandt fascina a Braun-Vega entre todos, es la Lección de anatomía ya citada (1). Se conoce la anécdota: unos notables de<br />

Ámsterdam le piden a Rembrandt que haga su retrato colectivo: es su primer pedido oficial; tiene veintiséis años. A pesar de su timidez ante Jacob Koolved<br />

Es<br />

que habla en nombre de todos y quisiera, según la costumbre, una alineación conforme a la jerarquía social en el grupo, él impone su concepción del<br />

cuadro: un movimiento natural de los que escuchan a Tulp en torno al cuerpo que el cirujano descuartizó con maestría en público en enero de 1632.<br />

Cuando el Che Guevara (2) cae en la guerrilla boliviana, se solicita a un fotógrafo para fijar la imagen del Che, por fin inofensivo. Observen la fotografía:<br />

corresponde exactamente al encuadre adoptado por Rembrandt para la cabeza de Adriaensz (era el nombre del cadáver). Braun-Vega no cree en el azar: hay<br />

connivencias que se imponen al inconsciente y que sólo puede reconocer el que dedicó su vida a hacer cuadros. A Braun-Vega le gusta la complicidad que<br />

une, gracias a su arte, al guerrillero abatido con el holandés ajusticiado por el hurto de un abrigo.<br />

Pintando de nuevo para otro cuadro el autorretrato de Cézanne, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descubre con estupor que el maestro de Aix ya había retomado para<br />

representarse un autorretrato de Rembrandt extrayendo la organización pictórica, en especial todo el juego de la sombra y la luz sobre los pómulos… No<br />

cabe duda alguna, la pintura se alimenta de la pintura y es preciso afirmar con Braun-Vega que, en tercer lugar, si integrar la pintura de los demás es una<br />

necesidad para cualquier pintor, también es imprescindible que ello contribuya a la construcción de un proyecto plástico original. Éste es el punto que<br />

induce al espectador a observar cómo el toque de Braun-Vega sabe identificarse con la factura de un Monet, por ejemplo (En attendant… d’après Monet<br />

(3) et Manet (4), 1984) o cómo su “jugo” pictórico sabe acercarse al espíritu de las veladuras de Ingres. El espíritu y no el secreto de fabricación: ni plagiario,<br />

17


FAffirmer, premièrement, que les peintres appartiennent à une même famille. Affirmer, deuxièmement, que la peinture n’est pas innocente,<br />

qu’elle est toujours située socialement et même politiquement, et que le « message » du peintre dépasse singulièrement – qu’il le veuille<br />

ou non – le jeu des formes et des couleurs déployé sur sa toile. Un tableau de Rembrandt fascine Braun-Vega entre tous, c’est la Leçon<br />

d’anatomie déjà citée (1). On en connaît l’anecdote : des notables d’Amsterdam demandent à Rembrandt de faire leur portrait ensemble :<br />

c’est sa première commande officielle ; il a vingt-six ans. Malgré sa timidité devant Jacob Koolved qui parle pour les autres et qui voudrait,<br />

selon l’usage, un alignement conforme à la hiérarchie sociale au sein du groupe, il impose sa conception du tableau à faire : un<br />

mouvement naturel des auditeurs de Tulp autour du corps que le chirurgien a magistralement dépecé en public en janvier 1632.<br />

Lorsque le CheGuevara (2) tombe dans le maquis bolivien, un photographe est requis pour fixer l’image du Che enfin devenu inoffensif.<br />

Regardez la photographie : elle correspond exactement au cadrage adopté par Rembrandt pour la tête d’Adriaensz (c’était le nom du<br />

cadavre). Braun-Vega ne croit pas au hasard : il y a des connivences qui s’imposent à l’inconscient et que seul peut repérer celui qui a<br />

voué sa vie à faire des tableaux. Braun-Vega aime la complicité qui unit, à travers son art, le guérillero abattu au Hollandais supplicié<br />

pour le vol d’un manteau.<br />

Refaisant pour un autre tableau l’autoportrait de Cézanne, <strong>Herman</strong> Braun-Vega dé<strong>couv</strong>re avec stupeur que le maître d’Aix avait lui-même<br />

repris, pour se représenter, un autoportrait de Rembrandt dont il avait extrait l’organisation picturale, et notamment tout le jeu de l’ombre<br />

et de la lumière sur les pommettes…<br />

Oui décidément, la peinture se nourrit de la peinture et il convient d’affirmer avec Braun-Vega que, troisièmement, si l’intégration de la peinture<br />

des autres est une nécessité pour tout peintre, encore faut-il qu’elle participe à la construction d’un projet plastique original.<br />

He begins by affirming that all painters belong to one and the same family. Secondly, he affirms that painting is not innocent; that it is always situated in<br />

a social and political context; and that, willy-nilly, the painter’s message will transcend the play of forms and colors deployed on his canvas. One painting<br />

by Rembrandt fascinates Braun-Vega above all, and that is The Anatomy Lesson, previously mentioned (1). The story behind the work is well-known:<br />

some notables in Amsterdam solicit Rembrandt for a group portrait; it’s his first official commission; he’s 26 years old. Despite his shyness before Jacob<br />

Koolved, who is arguing, in everyone’s name, for the usual alignment of figures according to social hierarchies within the group, he manages to impose<br />

his own take on the subject: that the painting be structured around the natural movement of Tulp’s auditors as they lean towards the corpse, masterfully<br />

dissected in public by the surgeon, in January,1632.<br />

When Che Guevara (2) is downed in the Bolivian maquis, a photographer is summoned to freeze the Che’s image, rendered harmless once and for all.<br />

Look at the photograph: it is framed in the same way that Rembrandt framed the head of Adriaensz (the dissected corpse). Braun-Vega doesn’t believe in<br />

chance occurrences: connivance filters through unconsciously and it takes someone who has dedicated his life to painting to see this. Braun-Vega delights<br />

En<br />

in the complicity that unites—via his art—the felled guerilla and the Dutchman executed for stealing a coat.<br />

Once, while redoing a self-portrait by Cézanne for another work, <strong>Herman</strong> Braun-Vega was dismayed to discover that the master of Aix had himself<br />

repeated motifs from a self-portrait by Rembrandt, from which he’d lifted the overall composition and specifically the play of light and shadow on the<br />

cheek-bones. Indeed, painting feeds upon painting.<br />

18


Pfabricação: nem plagiador, nem falsificador, mas cúmplice, Braun-Vega gosta demais dos pintores para vulgarmente recopiá-los.<br />

Ele capta a substância de cada um para projetar livremente em composições de uma surpreendente liberdade de execução. A gramatura da tela crua é<br />

amplamente preservada em função de vastas reservas que jogam habilidosamente, uns nos outros, os planos principais e os planos de fundo. De maneira<br />

alguma, o ou os quadros citados são «jogados» numa obra de Braun-Vega: eles se encontram naturalmente no lugar deles, fazendo parte do todo. Esta<br />

preocupação com a filiação é constante na sua obra já há quase meio século, nós podemos observá-la ainda hoje, nos quadros recentes, como por exemplo<br />

em «Que tal? Don Francisco à Bordeaux», aonde ele homenageia Goya.<br />

A arte pretexto da arte? Como sempre, que seja ! Mas fica claro que Braun-Vega escolheu fazer do pretexto a condição necessária do seu trabalho. Condição<br />

necessária, mas não suficiente: a realidade do mundo também está presente, com seus contrastes que são, não raro, insuperáveis contradições. Braun-Vega<br />

precisa do real mais quotidiano, talvez até o mais politico, particularmente a realidade que concerne a América Latina, para acompanhar a irrealidade<br />

extravagante que ele detecta na história das formas. Este pintor parece empurrar ao limite o que caracteriza a nossa arte «contemporânea» : pela primeira<br />

vez talvez uma arte pode ser definida pela sua data.<br />

Não se fala da pintura de hoje como se evoca a pintura renascentista ou barroca. Será que a pintura chegou ao último termo de uma longa aventura ?<br />

Em todo caso, é o momento do face-a-face do espírito com as suas possibilidades agora mensuráveis, com as suas estruturas agora atualizadas. <strong>Herman</strong><br />

Braun-Vega contribui ao balanço que se faz hoje. E ele o faz com uma técnica longamente aperfeiçoada e, principalmente, com a evidência da felicidade<br />

de pintar: e nos dias de hoje, isso não é pouca coisa.<br />

ni falsificador, pero sí cómplice, Braun-Vega estima demasiado a los pintores para copiarlos servilmente.<br />

Capta la sustancia de cada uno para proyectarla libremente en composiciones de una asombrosa libertad de ejecución. El grano de la tela cruda se preserva<br />

ampliamente gracias a extensas reservas que anteponen con destreza los primeros planos y los fondos. En ningún caso los cuadros citados en una obra de<br />

Braun-Vega quedan “pegados”: están naturalmente en su lugar al formar parte del conjunto. Esta preocupación por la filiación es constante en su obra<br />

Es<br />

desde hace casi medio siglo y podemos seguir observándolo en sus recientes cuadros, como, por ejemplo, Qué tal Don Francisco en Burdeos donde rinde<br />

homenaje a Goya.<br />

¿El arte pretexto para el arte? ¡Como siempre, por cierto! Pero se habrá comprendido que Braun-Vega eligió hacer del pretexto la condición necesaria de<br />

su trabajo. Condición necesaria, pero no suficiente: la realidad del mundo está presente también, con sus contrastes que demasiadas veces son insuperables<br />

contradicciones. Braun-Vega necesita la realidad más cotidiana, o incluso más política, en particular aquélla propia de América Latina, para acompañar el<br />

extravagante irrealismo que él identifica en la historia de las formas. Este pintor me parece llevar hasta el límite lo que caracteriza nuestro arte<br />

“contemporáneo”: por primera vez quizás, un arte puede ser definido por su fecha.<br />

No se habla de la pintura actual como se evo ca la pintura renacentista o barroca. ¿Habrá llegado la pintura a su término definitivo después de una muy<br />

larga aventura? Es hora, en todo caso, de un “cara a cara”, del espíritu con sus posibilidades ahora mensurables, con sus estructuras ahora puestas al día.<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega aporta su contribución al balance en curso. Lo hace con una acrisolada técnica y sobre todo con la evidencia de la felicidad de pintar:<br />

en los tiempos que corren, no es poca cosa.<br />

•<br />

•<br />

19


FC’est là que le spectateur est invité à observer comment la touche de Braun-Vega sait s’identifier à la facture d’un Monet, par exemple<br />

(En attendant… d’après Monet (3) et Manet (4), 1984) ou comment son « jus » pictural sait retrouver l’esprit des glacis d’Ingres. L’esprit, non<br />

le secret de fabrication : ni plagiaire, ni faussaire, mais complice, Braun-Vega aime trop les peintres pour platement les recopier.<br />

Il saisit la substance de chacun pour la projeter librement dans des compositions d’une étonnante liberté d’exécution. Le grain de la toile écrue<br />

est largement préservé selon de vastes réserves faisant habilement jouer les uns dans les autres les avant- et les arrière-plans. En aucun cas,<br />

le ou les tableaux cités ne sont « plaqués » dans une œuvre de Braun-Vega : ils y sont naturellement à leur place, faisant partie de l’ensemble.<br />

Cette préoccupation sur la filiation est constante dans son œuvre depuis près d’un demi-siècle, comme nous pouvons l’observer aujourd’hui<br />

encore dans ses tableaux récents, comme par exemple Quet tal Don Francisco à Bordeaux où il rend hommage à Goya.<br />

L’art prétexte de l’art ? Comme toujours, certes ! Mais on aura compris que Braun-Vega a choisi de faire du prétexte la condition nécessaire<br />

de son travail. Condition nécessaire, mais non suffisante : la réalité du monde est présente aussi, avec ses contrastes qui sont trop souvent<br />

d’insurmontables contradictions. Braun-Vega a besoin du réel le plus quotidien, voire le plus politique, en particulier celui qui concerne<br />

l’Amérique latine, pour accompagner l’irréalisme flamboyant qu’il repère dans l’histoire des formes. Ce peintre me paraît pousser<br />

à la limite ce qui caractérise notre art « contemporain » : pour la première fois peut-être, un art peut être défini par sa date.<br />

On ne parle pas de la peinture d’aujourd’hui comme on évoque la peinture renaissante ou baroque. La peinture serait-elle parvenue au terme<br />

ultime d’une très longue aventure ? C’est l’heure, en tout cas, du face-à-face de l’esprit avec ses possibilités désormais mesurables, avec ses<br />

structures maintenant mises au jour. <strong>Herman</strong> Braun-Vega apporte sa pierre au bilan en cours. Il le fait avec une technique longuement mise au<br />

point et surtout l’évidence du bonheur de peindre : par les temps qui courent, ce n’est pas rien.<br />

Thirdly, if each painter feels the need to bring the work of others to bear on his or her own, we must insist along with Braun-Vega on the necessity of<br />

constructing an original pictorial endeavor. At this juncture, the spectator is invited to observe how Braun-Vega’s brushwork is true to Monet’s, for<br />

example, (see En attendant… d’après Monet (3) et Manet (4), 1984) or how his own « scumbling » matches the spirit of Ingres’ glazing techniques. This<br />

is about spirit, not secret recipes: neither plagiarist, nor forger, but brother-in-arms, Braun-Vega loves painters too much to simply copy them.<br />

He captures their inner substance, which he then amply projects across his compositions with an astonishing freedom of execution. The grain of the canvas<br />

is present over large areas that allow for a savvy play between foreground and background. At no moment are the paintings he cites merely “pasted into”<br />

the work: each has found its natural place in the whole. Braun-Vega’s interest in affiliation has been a constant for the past 40 years, and continues to be<br />

present in recent paintings such as ¿Que tal? Don Francisco à Bordeaux, 2007, where he renders homage to Goya.<br />

Art a pretext for art-making? Yes indeed, as always! Let it be understood that Braun-Vega has chosen this pretext as a precondition. A necessary but not<br />

sufficient precondition: the real world seeps in as well, with its contrasts and inescapable contradictions. Braun-Vega needs everyday reality, including<br />

En<br />

political reality and especially anything related to Latin America, to accompany the stunning inventions garnered from the history of form. The painter—<br />

a first?— pushes the notion of contemporary art to its limits, by certifying it with a date.<br />

We don’t speak of contemporary painting in the same way as we do renaissance or baroque painting. Has painting reached the penultimate chapter of a<br />

very long saga? In any event, the time has come to face up to the potential of a quantifiable horizon whose structures have been laid bare. <strong>Herman</strong> Braun-<br />

Vega has made his contribution to this assessment. He does so with a technique perfected over time and, above all, with visible joy in the painting process:<br />

in today’s world, this is no mean feat.•<br />

20<br />


3<br />

4<br />

En attendant (Monet et Manet), 1984<br />

Acrílico sobre tela, 195 x 300 cm<br />

21


Quem somos ?<br />

De onde viemos ?<br />

Um artigo do Le Monde 2, do dia<br />

21 de novembro de 2008, comenta<br />

o texto publicado na revista americana<br />

GQ intitulado The Book of me, escrito<br />

pelo romancista Richard Powers.<br />

Neste longo texto, Richard Powers<br />

conta que ele “virou o nono homem<br />

do mundo a ter seu genoma<br />

completamente sequenciado (…).<br />

No final, Powers se encontra com<br />

pelo menos 248 variantes genéticas<br />

que o predispõem a umas 77<br />

patologias diferentes. Mas o mais<br />

extraordinário, diz ele, não é isso:<br />

‘8% do meu material genético<br />

contém variações que me aproximam<br />

dos iorubás que vivem em Ibadan,<br />

na Nigéria. Eu virei outra pessoa,<br />

alguém diferente de quem eu<br />

pensava ser’.” É interessante notar<br />

que quando se fala do Obama, nos<br />

Estados Unidos, ele é apresentado<br />

como o «primeiro presidente<br />

negro», ignorando a brancura da<br />

sua mãe que faz dele, na verdade,<br />

o «primeiro presidente assumidamente<br />

mestiço» - logo, por extensão, também<br />

deveríamos considerar Richard<br />

Powers, apesar de ser loiro de pele<br />

branca, como um americano de origem<br />

negra ? (ler «J’irais cracher sur vos<br />

tombes», escrito por Boris Vian sob<br />

o pseudônimo de Vernon Sullivan).<br />

Acho que seria interessante realizar<br />

um sequenciamento das «variantes<br />

constituintes» do «ser» das obras de<br />

22<br />

¿ Quienes somos ?<br />

¿ De donde venimos ?<br />

Un artículo publicado en “Le Monde<br />

2” con fecha del 21 de noviembre<br />

de 2008, comenta la publicación de<br />

la revista americana CQ., titulado<br />

The Book of me, escrito por el novelista<br />

americano Richard Powers. En este<br />

muy largo texto, Richard Powers<br />

dice que “se convirtió en el noveno<br />

hombre del mundo a beneficiarse<br />

de una secuenciación completa de<br />

su genoma (...). Al final Powers se<br />

encuentra con no menos de 248<br />

alternativas genéticas que lo<br />

predisponen a aproximadmente 77<br />

patologías de toda clase pero lo mas<br />

extraordinario de lo que el escribe<br />

no está allí: “un 8% de mi material<br />

genético contiene variaciones que<br />

me acercan de los Yoruba que viven<br />

en Ibadan, en Nigeria. Esto me ha<br />

convertido en otra persona, alguien<br />

que no pensaba ser. ” Es interesante<br />

observar que cuando se habla de<br />

Obama, en los Estados Unidos,<br />

lo presentan como el “primer<br />

Presidente negro”, silenciando la<br />

blancura de su madre que hace<br />

de él realmente, el ” primer<br />

Presidente mestizo declarado “pues,<br />

por extensión, también se<br />

debería considerar a Richard Powers,<br />

a pesar de ser rubio y de piel blanca,<br />

como ¿un Americano de origen<br />

negro? (Véase, “Iré a escupir sobre<br />

vuestras tumbas” escrito por Boris<br />

Vian bajo el seudónimo de Vernon<br />

Qui sommes nous ?<br />

D’où venons nous ?<br />

Un article. publié dans le Monde 2<br />

daté du 21 novembre 2008, commente<br />

la publication d'un magazine américain<br />

CQ. intitulé The Book of me, écrit<br />

par le romancier américain Richard<br />

Powers. Dans ce très long texte,<br />

Richard Powers raconte qu'il « est<br />

devenu le neuvième homme au<br />

monde de bénéficier d'un séquençage<br />

complet de son génome (…)<br />

Au final Powers se retrouve<br />

avec pas moins de 248 variantes<br />

génétiques qui le prédisposent<br />

à quelque 77 pathologies en tout<br />

genre Mais le plus extraordinaire,<br />

écrit-il n'est pas là :<br />

« 8% de mon matériel génétique<br />

contient des variations qui me<br />

rapprochent des Yoruba qui vivent<br />

à Ibadan, au Nigéria Je suis devenu<br />

une autre personne, quelqu'un<br />

d'autre que celui que je pensais être. »<br />

Il est intéressant de remarquer<br />

que lorsqu'on parle d'Obama, aux<br />

États-Unis, on le présente comme le<br />

"premier Président noir", passant<br />

sous silence la blancheur de sa<br />

mère qui fait de lui en réalité le<br />

"premier Président métis avoué"<br />

- donc, par extension, on devrait<br />

également considérer Richard<br />

Powers malgré sa blondeur et sa<br />

peau blanche comme un Américain<br />

d'origine noire ? (Voir J'irai cracher<br />

sur vos tombes écrit par Boris Vian<br />

sous le pseudonyme de Vernon<br />

Who are we?<br />

Where do we come from?<br />

An article published in the Monde 2<br />

and dated November 21, 2008<br />

comments an article in GQ entitled<br />

“The Book of Me”, by the American<br />

novelist Richard Powers. In this<br />

very long text, Richard Powers tells<br />

of how he “has become the ninth<br />

man in the world to benefit from<br />

the complete sequencing of his<br />

genome (…)”. All told, Powers<br />

winds up with no less than 248<br />

genetic variations that predispose<br />

him to some 77 pathologies of all<br />

kinds. But that’s not the least of it.<br />

He writes: “8% of my genetic material<br />

contains variations that link me<br />

to the Yoruba who live in Ibadan,<br />

Nigeria. I have thus become<br />

another person, some one other<br />

than the man I thought I was.”<br />

It is interesting to note that when<br />

one speaks in the United States of<br />

Obama, it is always as the “first<br />

black President”, ignoring the<br />

whiteness of his mother, which<br />

actually makes him the first<br />

“avowed metis President.” By extension,<br />

one should also consider<br />

Richard Powers as an Afro-American,<br />

in spite of his blond hair and<br />

white skin. (see on this subject<br />

J’irai Cracher sur vos Tombes, by<br />

Boris Vian, writing under the<br />

pseudonym of Vernon Sullivan.)


P F<br />

arte, da mesma maneira que podemos Sullivan). Me parece que sería inte-<br />

fazer o sequenciamento do genoma resante realizar una secuenciación<br />

humano. Sem medo de ir longe Es<br />

de las ” variantes constitutivas” del<br />

demais, creio que nós encontraríamos “ser” de las obras de arte, de la mis-<br />

nessas «variantes constituintes» um<br />

sequenciamento de alianças e<br />

elementos sincréticos na origem de<br />

diversas culturas. Eu prefiro deixar<br />

esse trabalho aos historiadores<br />

eruditos. Faz mais de quarenta anos<br />

que eu trabalho a memória dos<br />

espectadores, e nestes últimos anos,<br />

eu faço aparecer as filiações que<br />

tecem a minha obra.<br />

H.B.V.<br />

Laborando con Don Pablo (Ingres y Picasso),<br />

2006. Collection RENARD-PANIER<br />

Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />

ma manera de que se puede hacer<br />

con un genoma humano. Sin temor<br />

de ir demasiado lejos, creo que se<br />

encontraría en estas “alternativas<br />

constitutivas” unas secuenciaciones<br />

de alianzas y elementos sincréticos<br />

originarios de distintas culturas.<br />

Prefiero dejar este trabajo, a historiadores<br />

eruditos. Hace más de cuarenta<br />

años que trabajo sobre la memoria<br />

de los espectadores y en estos<br />

últimos años evidencio las filiaciones<br />

que tejen mi obra.<br />

H.B.V.<br />

Sullivan) Il me semble qu'il serait<br />

intéressant de réaliser un séquençage<br />

des " variantes constitutives de<br />

« l'être » des oeuvres d'art de la<br />

même manière qu'on peut le faire<br />

d'un génome humain. Sans crainte<br />

de trop m’avancer, je crois qu'on<br />

trouverait dans ces "variantes constitutives"<br />

un séquençage d'alliances<br />

et d'éléments syncrétiques originaires<br />

de diverses cultures. Je préfère laisser<br />

ce travail, à des historiens érudits.<br />

Cela fait plus de quarante ans que<br />

je travaille sur la mémoire des<br />

spectateurs et dans ces dernières<br />

années je fais apparaître les filiations<br />

qui tissent mon œuvre.<br />

H.B.V.<br />

Much as one does for human<br />

genomes, I think that it would<br />

be interesting to sequence the<br />

En<br />

“constituent variants of being” of art<br />

works. Without going too far,<br />

I think that we’d find in these<br />

“constituent variants” a sequence of<br />

alliances and syncretic origins<br />

harkening back to diverse cultures.<br />

I prefer to leave this work to<br />

erudite historians. I’ve worked for<br />

over 40 years on the memory of<br />

spectator, and, for the past few<br />

years, have underscored the<br />

affiliations that characterize my<br />

own work.<br />

H.B.V.<br />

23


Memórias & filiações<br />

Entrevista com Lauro Capdevila,<br />

Diretor de estudos Hispânicos<br />

e Latino-americanos.<br />

L.C.: O seu trabalho é centrado na<br />

memória ?<br />

H.B.V.: Faz algumas décadas que<br />

eu trabalho sobre a memória do<br />

espectador a três níveis : a memória<br />

individual, a social e a histórica. As<br />

crianças e também os adultos<br />

menos preparados podem atingir o<br />

primeiro nível. O segundo e o<br />

terceiro são mais acessíveis aos<br />

espectadores que têm, politicamente<br />

e/ou culturalmente, mais formação.<br />

Para facilitar a compreensão do<br />

meu trabalho, eu tive que ajustá-lo<br />

formalmente, mas também aperfeiçoar<br />

a técnica bastante livre que<br />

eu usava antes, para conseguir<br />

juntar num mesmo espaço pictórico<br />

formas das mais ortodoxas às mais<br />

contemporâneas. Quando eu digo<br />

isso, falo da realização plástica.<br />

Além disso, no seu conteúdo<br />

conceitual/narrativo, meu trabalho<br />

deve ser um testemunho : ele deve<br />

interpelar a memória do espectador<br />

que, através do seu olhar e da sua<br />

reflexão, recria a obra de acordo<br />

com o seu conhecimento e a sua<br />

vivência.<br />

L.C.: Você organiza for malmente os<br />

quadros faz endo inter vir todos os<br />

«-ismos» inventados desde o final do<br />

século 19 ?<br />

H.B.V.: Os «-ismos» dos quais você<br />

fala são posteriores à invenção da<br />

máquina fotográfica, na segunda<br />

24<br />

Memorias y filiaciones<br />

Diálogo con Lauro Capdevila<br />

Director en estudios Hispánicos<br />

y Latino-Americanos<br />

L.C.: ¿Se centra tu trabajo en la<br />

memoria?<br />

H.B.V.: Vengo trabajando desde hace<br />

varias décadas sobre la memoria<br />

del espectador en tres niveles: la memoria<br />

individual, social e histórica.<br />

Los niños así como los adultos menos<br />

preparados pueden tener acceso<br />

al primer nivel. El segundo y tercero<br />

serán más asequibles a los espectadores<br />

con mejor formación política<br />

y/o cultural. Para facilitar la comprensión<br />

de mi trabajo he tenido<br />

que ajustar formalmente pero también<br />

he debido perfeccionar la técnica<br />

muy libre que había usado<br />

con anterioridad para lograr juntar<br />

en un mismo espacio pictórico desde<br />

las formas más ortodoxas hasta<br />

las más contemporáneas. Cuando<br />

digo eso, estoy hablando de realización<br />

plástica…<br />

Además, en su contenido conceptual<br />

/ narrativo, mi trabajo tiene<br />

que ser un testigo, que debe desafiar<br />

la memoria del espectador que, con<br />

su mirada y sus pensamientos recrea<br />

la obra de acuerdo a sus<br />

conocimientos y experiencias.<br />

L.C.: ¿Organizas formalmente<br />

tus cuadros haciendo intervenir<br />

todos los “-ismos” inventados a<br />

partir de finales del siglo xix?<br />

H.B.V.: Los “-ismos” a los que te<br />

refieres son posteriores al invento de<br />

la máquina fotográfica, en la<br />

Mémoires & filiations<br />

Entretien avec Lauro Capdevila<br />

Directeur en études Hispaniques<br />

et Latino-Américaines<br />

L.C. : Ton travail est-il centré sur la<br />

mémoire ?<br />

H.B.V. : Depuis quelques décennies,<br />

je travaille sur la mémoire du<br />

spectateur à trois niveaux : la<br />

mémoire individuelle, la sociale et<br />

l’historique.<br />

Les enfants, et aussi les adultes les<br />

moins préparés, peuvent avoir<br />

accès au premier niveau. Les<br />

deuxième et troisième seront plus<br />

facilement accessibles aux spectateurs<br />

politiquement et/ou culturellement<br />

mieux formés.<br />

Pour faciliter la compréhension<br />

de mon travail, j’ai dû l’ajuster formellement,<br />

mais aussi perfectionner<br />

la technique très libre que j’avais<br />

utilisée auparavant pour réussir à<br />

mettre ensemble dans un même<br />

espace pictural des formes depuis<br />

les plus orthodoxes jusqu’aux plus<br />

contemporaines. En disant cela, je<br />

parle de la réalisation plastique...<br />

De plus, dans son contenu conceptuel<br />

/ narratif, mon travail doit être<br />

un témoignage ; il doit interpeller<br />

la mémoire du spectateur qui par<br />

son regard et sa réflexion recrée<br />

l’œuvre selon ses connaissances et<br />

son expérience vécue.<br />

L.C. : Organises-tu formellement tes<br />

tableaux en faisant intervenir tous les<br />

“ -ismes ” inventés à partir de la fin<br />

du xixe siècle ?<br />

H.B.V. : Les “ -ismes ” auxquels tu<br />

Memories & lineage<br />

Interview with Lauro Capdevilla<br />

L.C.: How is your work centered<br />

on memory?<br />

H.B.V.: For several decades I’ve worked<br />

on three different levels of spectator<br />

memory: the individual, the social and<br />

the historical.<br />

The first level is accessible to children as<br />

well as uninitiated adults. The second<br />

and third levels are more open to those<br />

with a higher level of political and/or<br />

cultural education.<br />

In order to make my work more readily<br />

understandable all while conflating in a<br />

single pictorial space forms ranging<br />

from the most traditional to the most<br />

contemporary, I’ve had to make formal<br />

adjustments and perfect my earlier,<br />

more spontaneous technique. I’m<br />

speaking here of material processes…<br />

In terms of conceptual and narrative<br />

content, my work serves as a kind of<br />

testimonial; it is meant to awaken<br />

memories within the spectator, who,<br />

through his gaze and thinking processes,<br />

recreates the work according to his own<br />

knowledge and life experience.<br />

L.C.: Do you structure each painting<br />

around the « isms » invented since the<br />

late 19th century?<br />

H.B.V.: The « isms » you are referring<br />

to post-date the invention of the<br />

camera in the middle of the 19th<br />

century, which freed artists from the<br />

task of furnishing society with a “visual<br />

memory” and allowed for the emergence


P F<br />

metade do século XIX, que dispensou segunda mitad del siglo xix, que<br />

os artistas de serem a memória libró a los artistas de ser la memoria<br />

visual da sociedade. Assim surgem Es<br />

visual de la sociedad. Así es como<br />

o impressionismo, o fauvismo, o aparecen el impresionismo, el fau-<br />

cubismo, o abstracionismo, etc. Eu<br />

uso todas essas contribuições dos<br />

séculos XIX e XX para construir, de<br />

maneira plástica e conceitual, as<br />

minhas telas. O importante é que o<br />

resultado final seja coerente.<br />

L.C.: N os seus quadr os, qual<br />

a função das transferências de tinta<br />

dos fragmentos de jornais ?<br />

H.B.V.: As transferências de tinta de<br />

informações da imprensa que eu<br />

faço nos meus quadros tem uma<br />

função plástica na construção da<br />

obra. Como eu escolho o conteúdo,<br />

eles também preenchem uma<br />

função de informação sobre as<br />

situações sociais e políticas e sobre<br />

os acontecimentos contemporâneos<br />

do momento em que eu faço o<br />

quadro. Eu espero, com isso,<br />

orientar a sua compreensão social<br />

ou política.<br />

L.C.: Podemos obser var na sua obra<br />

uma pr eocupação pelo que chamamos<br />

de miscigenação ?<br />

H.B.V.: Sim, é uma motivação<br />

importante do meu trabalho. As<br />

consequências dos encontros que<br />

ocorreram no continente americano<br />

a partir de 1492, de maneira violenta<br />

e num espaço de tempo tão reduzido,<br />

me chamam a atenção. A consequência<br />

disso tudo é o sincretismo<br />

e a miscigenação que caracterizam<br />

a nossa identidade americana.<br />

vismo, el cubismo, el abtraccionismo,<br />

etc. Todas estas aportaciones de<br />

los siglos xix y xx yo las uso para<br />

construir plástica y conceptualmente<br />

mis lienzos. Lo importante es que<br />

el resultado final resulte coherente.<br />

L.C.: ¿Qué papel desempeñan las<br />

transferencias de tinta de fragmentos<br />

de periódicos en tus<br />

cuadros?<br />

H.B.V.: Las transferencias de tinta<br />

de informaciones de prensa que hago<br />

en mis cuadros cumplen una<br />

función plástica en la construcción<br />

de la obra. Al escoger yo su contenido,<br />

también tienen una función de<br />

información respecto a las situaciones<br />

sociales y políticas y los acontecimientos<br />

contemporáneos del momento<br />

en que hice el cuadro. De<br />

este modo espero orientar su comprensión<br />

social o política.<br />

L.C.: ¿Puede apreciarse en tu<br />

obra tu preocupación por lo<br />

que se conoce como mestizaje?<br />

H.B.V.: Sí, es una motivación importante<br />

de mi trabajo. Me llaman<br />

la atención las consecuencias de los<br />

encuentros que se dieron en el<br />

continente americano a partir de<br />

1492, de modo violento y en un período<br />

muy breve. Eso acarreó como<br />

consecuencias el sincretismo y el<br />

mestizaje que caracterizan nuestra<br />

identidad americana.<br />

te réfères sont postérieurs à<br />

l’invention de l’appareil photo,<br />

dans la seconde moitié du xixe siècle,<br />

qui a affranchi les artistes d’être<br />

la mémoire visuelle de la société.<br />

Apparaissent ainsi l’impressionnisme,<br />

le fauvisme, le cubisme,<br />

l’abstractionnisme, etc. Tous ces<br />

apports des xixe et xxe siècles, je les<br />

utilise pour construire plastiquement<br />

et conceptuellement mes toiles.<br />

L’important est que le résultat final<br />

soit cohérent.<br />

L.C. : Quelles fonctions remplissent dans<br />

tes tableaux les transferts d’encre de fragments<br />

de journaux ?<br />

H.B.V. : Les transferts d’encre<br />

d’informations de presse que je fais<br />

dans mes tableaux ont une fonction<br />

plastique dans la construction de<br />

l’œuvre. Comme j’en choisis le<br />

contenu, ils remplissent aussi une<br />

fonction d’information sur les<br />

situations sociales et politiques et<br />

les événements contemporains du<br />

moment où j’ai fait ce tableau.<br />

J’espère ainsi orienter sa compréhension<br />

sociale ou politique.<br />

L.C. : Peut-on remarquer dans ton<br />

œuvre ta préoccupation pour ce<br />

qu’on appelle le métissage ?<br />

H.B.V. : Oui, c’est une motivation<br />

importante de mon travail. Mon<br />

attention est attirée par les conséquences<br />

des rencontres qui se sont<br />

produites sur le continent américain<br />

à partir de 1492, de façon violente<br />

et dans des temps très courts. Cela<br />

a eu comme conséquences le<br />

syncrétisme et le métissage qui<br />

of Impressionism, Fauvism, Cubism,<br />

Abstractionism, etc. I use all the formal<br />

and conceptual inventions of the 19th<br />

En<br />

and 20th centuries to construct my<br />

paintings. The important thing is for<br />

the finished work to be coherent.<br />

L.C.: What is the function of the ink<br />

transfers based on newspaper clippings<br />

in your paintings?<br />

H.B.V.: The ink transfers of articles<br />

taken from the press have a formal role<br />

in the construction of each work.<br />

Because I take into account their<br />

content, they also provide information<br />

on the social and political situations<br />

portrayed and the current events taking<br />

place at the time the painting was made.<br />

In this way, I hope to orient how the<br />

work is understood politically and<br />

socially.<br />

L.C.: H ow does y our pr eoccupation<br />

with what could be called « hybridization<br />

» characterize your work ?<br />

H.B.V.: Yes, this is an important motif<br />

throughout my work. I’m fascinated by<br />

that took place on the American<br />

continent, from 1492 onwards. Today’s<br />

American identity is rooted in the<br />

syncretism and hybridization that resulted<br />

from them.<br />

L.C.: I believe that your trajectory as<br />

a painter , on both a for mal and<br />

conceptual level, owes a gr eat deal to<br />

Picasso.<br />

H.B.V.: Not long after my return to<br />

Paris in 1968, I went to Barcelona with<br />

Lisbeth, just after the inauguration of<br />

the Picasso museum. There, I discovered<br />

his series on Las Meninas. It was a real<br />

shock. I was impressed by the masterful<br />

25


P F<br />

L.C.: Tenho a impr essão que L.C.: Me parece que tu trayecto-<br />

a sua trajetória pictural, for mal ria pictórica, formal y concep-<br />

e conceitual tem uma grande Es<br />

tual le debe mucho a Picasso.<br />

dívida com Picasso.<br />

H.B.V.: Poco tiempo tras mi llegada<br />

H.B.V.: Pouco depois de retornar a<br />

Paris, em 1968, eu fui com Lisbeth<br />

à Barcelona aonde o museu Picasso<br />

acabava de ser inaugurado. Eu pude<br />

ver a série sobre «Las Meninas». Foi<br />

um verdadeiro choque para mim.<br />

Eu me dei conta que Picasso tinha<br />

realizado uma obra magistral de<br />

desconstrução, mas não tinha levado<br />

em conta um aspecto muito importante<br />

: a temporalidade. A genialidade<br />

de Velázquez consiste em fixar na<br />

tela um instante da continuidade<br />

temporal. Picasso não conseguiu<br />

esta instantaneidade nessa série. Eu<br />

também fiquei sabendo que Don<br />

Pablo tinha realizado os 53 quadros<br />

dessa série em dois meses e meio.<br />

Quando eu voltei a Paris, eu me<br />

tranquei durante dois meses e meio<br />

e foi a minha vez de pintar uma<br />

série de 63 quadros sobre Las<br />

Meninas do Velazquez – um dia, é<br />

preciso «matar» o pai !<br />

26<br />

a París, en 1968, fui con Lisbeth a<br />

Barcelona donde acababan de inaugurar<br />

el museo Picasso. Pude ver<br />

su serie sobre Las Meninas. Ahí fue<br />

donde recibí un verdadero choque.<br />

Me di cuenta de que Picasso había<br />

realizado una obra maestra de deconstrucción,<br />

pero que no había tomado<br />

en cuenta un aspecto muy<br />

importante: la temporalidad. La genialidad<br />

de Velázquez consiste en<br />

fijar en el lienzo un instante de la<br />

continuidad temporal. Picasso no<br />

logró esta instantaneidad en la<br />

serie. Me enteré también de que don<br />

Pablo había realizado 53 cuadros<br />

de esta serie en dos meses y medio.<br />

Al volver a París me encerré durante<br />

dos meses y medio y realicé a mi<br />

vez una serie de 63 cuadros sobre<br />

Las Meninas de Velázquez –¡un día<br />

hay que matar al padre!<br />

caractérisent notre identité américaine.<br />

L.C. : Il me semble que ta trajectoire<br />

picturale, for melle et conceptuelle a<br />

une grande dette vis-à-vis de Picasso.<br />

H.B.V. : Peu après mon retour à<br />

Paris, en 1968, je me suis rendu<br />

avec Lisbeth à Barcelone où on venait<br />

d’inaugurer le musée Picasso. J’ai<br />

pu voir sa série sur Les Ménines.<br />

C’est là que j’ai ressenti un véritable<br />

choc. Je me suis rendu compte que<br />

Picasso avait réalisé une œuvre<br />

magistrale de déconstruction, mais<br />

qu’il n’avait pas pris en compte un<br />

aspect très important : la temporalité.<br />

Le génie de Vélàzquez consiste à<br />

fixer sur la toile un instant de la<br />

continuité temporelle. Picasso n’a<br />

pas réussi cette instantanéité dans<br />

cette série. J’ai appris aussi que<br />

Don Pablo avait réalisé les 53<br />

tableaux de cette série en deux<br />

mois et demi. À mon retour à Paris,<br />

je me suis enfermé pendant deux<br />

mois et demi et j’ai réalisé à mon<br />

tour une série de 63 tableaux sur<br />

Les Ménines de Vélàzquez - un jour<br />

il faut bien tuer le père !<br />

Juan Pareja reprenant les Ménines<br />

d’après Picasso (Velázquez), 2000<br />

Acrílico sobre tela, 92 x 73 cm<br />

scope of Picasso’s deconstruction,<br />

although he had ignored a central aspect<br />

of the work: temporality. Velasquez’s<br />

En<br />

genius consisted in freezing a moment<br />

within a temporal continuity. Picasso<br />

doesn’t succeed in rendering this feeling<br />

of instantaneousness in his own series.<br />

I also learned that the 53 paintings Don<br />

Pablo’s series had been painted in the<br />

space of two and a half months. Upon<br />

my return to Paris, I holed myself in for<br />

two and a half months and produced<br />

a series of sixty-three paintings on<br />

Velazquez’s Las Meninas. Sooner or<br />

later, one has to kill the figure of the<br />

Father!


5<br />

6<br />

Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />

Rencontres inattendues sur le Vieux Port.<br />

D’après Velázquez, 2008<br />

27


P F<br />

L.C.: P orque v ocê escolheu L.C.: ¿Por qué elegiste el Vieux<br />

o antigo por to de M arselha Port de Marsella como lugar de<br />

(chamado «Vieux Port») para Es<br />

encuentro?<br />

este encontro ?<br />

H.B.V.: Desde siempre, los ríos, ma-<br />

H.B.V.: Em todas as épocas, os rios,<br />

os mares e os oceanos foram os<br />

meios de conquistas e de trocas,<br />

facilitando a miscigenação e o<br />

sincretismo. Como são os temas<br />

deste quadro, o Vieux Port de Marselha<br />

me pareceu o cenário perfeito. Aliás,<br />

na mesa da vendedora de frutas e<br />

verduras, podemos ver laranjas que<br />

vêm da Ásia, bananas que vêm da<br />

África, tomates, milho, abacates e<br />

batatas que foram cultivados na<br />

América muito antes da chegada<br />

dos espanhóis e que, por exemplo,<br />

durante os séculos XVIII e XIX,<br />

salvaram da fome as populações<br />

europeias. Eis um exemplo de<br />

sincretismo pacífico.<br />

L.C.: Eu reconheço a vendedora de legumes<br />

que está de costas, no primeiro<br />

plano, à direita.<br />

H.B.V.: Sim, é um personagem que<br />

eu tiro do quadro magistral de<br />

Velázquez, as «Fileuses» (5). O gesto<br />

da moça que trabalha a lã vira, no<br />

meu quadro, um gesto de rejeição à<br />

peruana que está em pé à esquerda.<br />

Essa moça poderia ser a filha ou a<br />

neta de um refugiado espanhol de<br />

1939 e ela parece esquecer que<br />

todos os produtos que estão na mesa<br />

dela são consequência da colonização<br />

dos outros continentes.<br />

Aos seus pés, um cachorrinho (6) late<br />

furioso contra a importuna. Quando<br />

aprendemos a história da América,<br />

falamos de cavalos, de armaduras,<br />

28<br />

res y océanos han sido vías de<br />

conquistas e intercambios que facilitaban<br />

el mestizaje y el sincretismo.<br />

Al ser éstos los temas de este cuadro,<br />

el Vieux Port de Marsella, como escenario,<br />

me pareció perfecto. Justamente<br />

en la mesa de la verdulera,<br />

pueden apreciarse naranjas que<br />

provienen de Asia, plátanos que<br />

proceden de África, tomates, maíz,<br />

aguacates y papas que se cultivaban<br />

en América Latina mucho antes<br />

de la llegada de los españoles y<br />

que, por ejemplo, durante los siglos<br />

xviii y xix salvaron de la hambruna<br />

a las poblaciones europeas. Este es<br />

un ejemplo de sincretismo pacífico.<br />

L.C.: Reconozco a la verdulera<br />

que nos da la espalda, a la derecha<br />

en el primer plano del<br />

cuadro.<br />

H.B.V.: Sí, es un personaje que extraigo<br />

de Las hilanderas (5), el magistral<br />

cuadro de Velázquez. El ademán<br />

de la joven que trabaja la lana<br />

se convierte en mi cuadro en un<br />

ademán de rechazo a la peruana<br />

que está parada a la izquierda. Esta<br />

joven podría ser la hija o nieta de<br />

un refugiado español de 1939 que<br />

parece olvidar que todos los productos<br />

que están en la mesa son consecuencia<br />

de la colonización de otros<br />

continentes. A sus pies un perrito<br />

(6) ladra furioso a la persona inoportuna.<br />

Cuando se aprende la<br />

historia de América, se habla de ca-<br />

L.C. : P ourquoi le choix du Vieux<br />

Port de M arseille comme lieu de la<br />

rencontre?<br />

H.B.V. : De tous temps, les rivières,<br />

les mers et les océans ont été des<br />

voies de conquêtes et d’échanges,<br />

facilitant métissage et syncrétisme.<br />

Puisque ce sont les sujets de ce<br />

tableau, le Vieux Port de Marseille,<br />

comme décor, me semblait parfait.<br />

D’ailleurs, sur la table de la<br />

marchande de fruits et légumes, on<br />

peut apercevoir des oranges qui<br />

viennent d’Asie, des bananes, qui<br />

viennent d’Afrique, des tomates, du<br />

maïs, des avocats et des pommes<br />

de terre, qui ont été cultivés en<br />

Amérique latine bien avant l’arrivée<br />

des Espagnols, et qui, par exemple,<br />

durant les xviiie et xixe siècles, ont<br />

sauvé de la famine les populations<br />

européennes. Voilà un exemple de<br />

syncrétisme pacifique.<br />

L.C. : J e r econnais la mar chande de<br />

légumes qui nous tour ne le dos, au<br />

premier plan du tableau, à droite.<br />

H.B.V. : Oui, c’est un personnage<br />

que je tire des Fileuses (5), le magistral<br />

tableau de Vélàzquez. Le<br />

geste de la jeune femme qui travaille<br />

la laine devient dans mon tableau<br />

un geste de rejet de la Péruvienne<br />

qui est debout à gauche.<br />

Cette jeune femme pourrait être la<br />

fille ou la petite-fille d’un réfugié<br />

espagnol de 1939 et elle semble oublier<br />

que tous les produits qui sont<br />

sur sa table sont conséquence de la<br />

colonisation des autres continents.<br />

À ses pieds, un petit chien (6) aboie<br />

furieusement contre l’importune.<br />

L.C.: Why choose Marseille’s Old<br />

Port to stage this encounter?<br />

H.B.V.: Since time immemorial,<br />

En<br />

srivers, seas and oceans have<br />

been highways for conquests<br />

and exchanges, facilitating crossfertilization<br />

and syncretism. Insofar<br />

as these are the themes of this<br />

painting, Marseille’s Old Port<br />

seemed like a perfect backdrop.<br />

Moreover, the display of fruits and<br />

vegetables includes oranges from<br />

Asia, bananas from Africa, tomatoes,<br />

corn, avocados and potatoes grown<br />

in Latin America before the arrival<br />

of the Spanish. By the way, these<br />

were key to the survival of the<br />

inhabitants of Europe during the<br />

famines of the eighteenth and<br />

nineteenth centuries, and provide<br />

an example of syncretism grounded<br />

in peace.<br />

L.C.: I recognize the vegetable<br />

vendor whose back is turned<br />

to us, to the right and in the<br />

foreground of the painting.<br />

H.B.V.: Yes, it’s a character taken<br />

from Velazquez’s masterpiece, The<br />

Spinners. In my painting, the gesture<br />

of the young woman working the<br />

wool reads like a rejection of the<br />

Peruvian woman standing to the<br />

left. This young woman could be the<br />

daughter or grand-daughter of a<br />

Spanish refugee from 1939 yet she<br />

seems to have forgotten that all the<br />

produce on the table is there as a<br />

result of the colonization of other<br />

continents.<br />

At her feet, a small dog barks<br />

furiously at the intruder. When one


P F<br />

das armas de fogo, esquecendo a ballos, de armaduras, de armas de<br />

importância da existência dos cães fuego, y se olvida la existencia de<br />

de guerra que os espanhóis tinham Es<br />

los perros de guerra que los españo-<br />

criado e já tinham utilizado contra les habían criado y usado ya contra<br />

os mouros durante a Reconquista.<br />

Durante a colonização, estes cães<br />

serviram como instrumento de<br />

guerra contra os povos indígenas.<br />

L.C.: E tudo isso com um olhar irônico,<br />

se não me engano.<br />

H.B.V.: Eu pude constatar que, para<br />

passar reflexões graves, a ironia e o<br />

distanciamento são excelentes<br />

meios.<br />

L.C.: No ângulo inferior esquer do, vemos<br />

uma caixa de papelão, com o logotipo<br />

Coke, que serve de lixeira.<br />

H.B.V.: Nós não esquecemos que o<br />

presidente cowboy Reagan falava,<br />

no seu tempo, do continente ao<br />

sul dos Estados Unidos como se<br />

fosse o quintal e a horta dos EUA.<br />

Nos papéis amassados, podemos<br />

encontrar o último discurso de<br />

Bush dirigido à América, assim como<br />

uma informação a respeito da<br />

poluição de um riacho na França e<br />

sobre um grave terremoto no Peru.<br />

No segundo plano, vemos, face aos<br />

dois pescadores, uma moça sorrindo.<br />

É a única que olha para nós, é uma<br />

mestiça originária dos departamentos<br />

franceses ultramarinos. Ela é a única<br />

que parece à vontade neste encontro.<br />

los moros durante la Reconquista y<br />

que sirvieron de perros de guerra<br />

durante la colonización como instrumento<br />

de guerra contra las poblaciones<br />

indígenas.<br />

L.C.: Todo envuelto en una visión<br />

irónica, me parece.<br />

H.B.V.: He tenido ocasión de constatar<br />

que para dar a entender<br />

asuntos graves la ironía y el distanciamiento<br />

son excelentes medios.<br />

L.C.: En el ángulo inferior izquierdo<br />

se aprecia una caja de<br />

cartón con el logotipo Coke que<br />

sirve de tacho para la basura.<br />

H.B.V.: No hemos olvidado que, hablando<br />

del continente al sur de Estados<br />

Unidos, el presidente cow-boy<br />

Reagan había repetido en su hora<br />

que se trataba del patio y huerto<br />

trasero de Estados Unidos. En los<br />

papeles arrugados se puede encontrar<br />

el último discurso de Bush dirigido<br />

a América, así como una información<br />

sobre la contaminación<br />

de un río en Francia y un grave terremoto<br />

en el Perú. En el segundo<br />

plano se ve, frente a los dos marineros,<br />

una joven que sonríe. Es la única<br />

que nos mira. Es una mestiza<br />

originaria de los departamentos<br />

franceses de ultramar. Es la única<br />

que parece sentirse cómoda en este<br />

encuentro.<br />

Lorsqu’on apprend l’histoire de<br />

l’Amérique, on parle de chevaux,<br />

d’armures, d’armes à feu, en<br />

oubliant l’importance de l’existence<br />

des chiens de guerre que les<br />

Espagnols avaient élevés et déjà<br />

utilisés contre les Maures pendant<br />

la Reconquête, et qui ont servi au<br />

moment de la colonisation comme<br />

instrument de guerre contre les<br />

populations indigènes.<br />

L.C. : Tout cela avec un regard ironique,<br />

me semble-t-il.<br />

H.B.V. : J’ai pu constater que pour<br />

faire passer des réflexions graves,<br />

l’ironie et la distanciation sont<br />

d’excellents moyens.<br />

L.C. : Dans l’angle inférieur gauche, on<br />

aperçoit une boîte en car ton, avec le<br />

logotype Coke, qui sert de poubelle.<br />

H.B.V. : On n’a pas oublié que le<br />

président cow-boy Reagan, parlant<br />

du continent au sud des États-Unis,<br />

avait répété en son temps que<br />

c’était l’arrière-cour et le potager<br />

des U.S.A. Dans les papiers froissés,<br />

on peut trouver le dernier discours<br />

de Bush adressé à l’Amérique, ainsi<br />

qu’une information à propos de la<br />

pollution d’une rivière en France et<br />

d’un grave tremblement de terre au<br />

Pérou. Au deuxième plan, on voit,<br />

face aux deux marins-pêcheurs,<br />

une jeune fille souriante. C’est la<br />

seule qui regarde vers nous, c’est<br />

une métisse originaire des départements<br />

français d’outre-mer. C’est la seule<br />

qui donne l’impression d’être à<br />

l’aise dans cette rencontre.<br />

is taught American history, there’s<br />

talk of horses, armor, guns, but<br />

never of the dogs of war bred by the<br />

En<br />

Spanish and used against the Moors<br />

during the re-conquest; during<br />

colonialism they served as an<br />

instrument of war against indigenous<br />

populations.<br />

L.C.: All this with a touch of<br />

irony…<br />

H.B.V: I’ve noticed that to get<br />

serious ideas across, it helps to use<br />

irony and distance…<br />

L.C.: In the lower left-hand<br />

corner, there’s a cardboard box,<br />

with the Coke logo, that serves<br />

as a trash-can.<br />

H.B.V.: Let us not forget that in his<br />

lifetime, Reagan, the cowboy-president,<br />

repeatedly spoke of the continent to<br />

the south of the United States as the<br />

U.S.’s “back yard” or “vegetable<br />

garden.” In the crumpled papers,<br />

you can see Bush’s last speech<br />

addressed to America, as well as<br />

information concerning a polluted<br />

river in France and a serious<br />

earth-quake in Peru. In the middle<br />

ground, in front of the two fishermen,<br />

there’s a young woman, smiling. A<br />

French métis from overseas, she’s<br />

the only one facing the viewer and<br />

the only one who gives the impression<br />

of feeling at ease during the<br />

encounter.<br />

29


A realidade é assim ?<br />

¿ La realidad es así ?<br />

(Goya, Picasso, Ingres, El Greco), 1996,<br />

La réalité est ainsi ?<br />

Is this reality?<br />

Grafite e carvão sobre tela, 180 x 150, 220 x 200, 180 x 150 cm (tríptico)<br />

31


P F<br />

L.C.: P intar um tríptico não é L.C.: Pintar un tríptico no es lo<br />

fazer três quadros separados, é ? mismo que hacer tres cuadros<br />

H.B.V.: Não, num tríptico, cada Es<br />

separados, ¿verdad?<br />

quadro tem que encontrar sua H.B.V.: Sí, en un tríptico, cada cua-<br />

própria solução, tanto tecnicamente<br />

quanto no seu conteúdo. Mas a<br />

reunião dos três painéis deve<br />

ampliar e enriquecer o conteúdo<br />

formal e narrativo da obra. É<br />

preciso ter sempre em mente o<br />

projeto como um todo.<br />

L.C.: A primeira coisa que me chamou<br />

a atenção foi o caráter q uase<br />

monocromático do conjunto.<br />

H.B.V.: A técnica é de desenho com<br />

grafite e carvão sobre uma tela de<br />

algodão colada sobre a madeira<br />

com a transferência da tinta de<br />

fragmentos de jornais e de gravuras<br />

do cronista peruano Huamán Poma<br />

de Ayala (1534-1618) e moldura de<br />

madeira policrômica.<br />

L.C.: A articulação da obra me parece<br />

permitir o desenv ol vimento de uma<br />

vasta r eflexão sobr e a miscigenação,<br />

mas qual a razão da pintura da dir eita<br />

?<br />

H.B.V.: O tema da miscigenação é<br />

efetivamente presente, mas também<br />

a mistura das culturas, o sincretismo.<br />

Indo além, a obra trata da invenção<br />

«artística». Por isso o meu autorretrato.<br />

L.C.: Fale um pouco do quadr o à esquerda<br />

e da div ersidade dos personagens<br />

representados.<br />

H.B.V.: Bem, são duas crianças que<br />

dançam ao som da música de um<br />

violinista cego e de um jovem flautista.<br />

32<br />

dro debe estar resuelto individualmente,<br />

tanto técnicamente como en<br />

su contenido. Pero la reunión de las<br />

tres piezas debe ampliar y enriquecer<br />

el contenido formal y narrativo<br />

de la obra. O sea que tienes que tener<br />

siempre presente el proyecto global.<br />

L.C.: Lo primero que me ha llamado<br />

la atención es que el<br />

conjunto es casi monocromático.<br />

H.B.V.: La técnica es de lápiz y carboncillo<br />

sobre tela de algodón encolada<br />

sobre madera con transferencia<br />

de la tinta de fragmentos de<br />

periódicos y de grabados del cronista<br />

peruano Huamán Poma de Ayala<br />

(1534-1618) y marco policromo<br />

de madera.<br />

L.C.: Me parece que al ser polifacética,<br />

la obra permite desarrollar<br />

una amplia reflexión sobre<br />

el mestizaje, ¿pero por qué<br />

el pintor a la derecha?<br />

H.B.V.: El tema del mestizaje está<br />

presente, claro, pero también la<br />

mezcla de las culturas, es decir el<br />

sincretismo. Más allá, es una obra<br />

sobre la invención “artística”. De<br />

ahí que me haya autorretratado.<br />

L.C.: Háblanos un poco del cuadro<br />

de la izquierda y de la variedad<br />

de los personajes representados.<br />

H.B.V.: Pues tienes a dos niños que<br />

L.C. Peindre un triptyque, ce n’est pas<br />

faire tr ois tableaux séparés, ¿n ’est-ce<br />

pas?<br />

H.B.V. Oui, dans un triptyque,<br />

chaque tableau doit trouver sa<br />

solution propre, aussi bien<br />

techniquement que dans son<br />

contenu. Mais l’assemblage des<br />

trois panneaux doit élargir et<br />

enrichir le contenu formel et<br />

narratif de l’œuvre. Tu dois toujours<br />

avoir à l’esprit le projet global.<br />

L.C. J’ai d’abord été frappé par le caractère<br />

pr esque monochr ome de<br />

l’ensemble.<br />

H.B.V. La technique est le graphite<br />

et le fusain sur une toile de coton<br />

marouflée sur bois avec transfert de<br />

l’encre de fragments de journaux et<br />

de gravures du chroniqueur péruvien<br />

Huamán Poma de Ayala (1534-<br />

1618) et cadre de bois polychrome.<br />

L.C. I l me semble que l ’articulation<br />

de l’œuvre permet de développer une<br />

vaste réflexion sur le métissage, mais<br />

pourquoi le peintre à droite ?<br />

H.B.V. Le thème du métissage est<br />

bien là, mais aussi le mélange des<br />

cultures, le syncrétisme. Au-delà,<br />

l’œuvre porte sur l’invention « artistique<br />

». D’où mon autoportrait.<br />

L.C. P arle-nous un peu du<br />

tableau à gauche et de la div ersité des<br />

personnages représentés.<br />

H.B.V. Eh bien, il y a deux enfants<br />

qui dansent au son de la musique<br />

d’un violoniste aveugle et d’un<br />

jeune flûtiste.<br />

L.C. Ce sont des instruments qui pro-<br />

L.C.: When y ou paint a tripty ch, it’s<br />

not a bout p ainting t hree s eparate<br />

paintings, is it?<br />

En<br />

H.B.V.: Indeed, in a triptych, each pain-<br />

ting needs to be solved in its own way,<br />

both technically and in terms of content.<br />

But the assemblage of the three panels<br />

must broaden and enrich the formal and<br />

narrative content of the work as a whole.<br />

You always have to keep in mind the<br />

spirit of the global project.<br />

L.C.: I was first str uck by the quasimonchromatic<br />

character of the whole.<br />

H.B.V.: The technique is graphite and<br />

charcoal on cotton canvas glued onto<br />

wood, with ink transfers of new clipping<br />

and engravings by the Peruvian chronicler<br />

Huaman Poma de Ayala (1534-1618), in<br />

a wooden, multicoloured frame.<br />

L.C.: It seems to me that the articulation<br />

fo the wor k allo ws to dev elop a<br />

vast reflection on affiliations, but why<br />

place the painter to the right?<br />

H.B.V.: The theme of affiliations is indeed<br />

present, but also the hybridization<br />

of cultures, or syncretism. Beyond this,<br />

the work also deals with “artistic invention”.<br />

Hence my self-portrait.<br />

L.C.: Speak to us some of the painting<br />

to the left and the div ersity of characters<br />

it contains.<br />

H.B.V.: Well, there are two children<br />

who are dancing to the sound of music<br />

played by a blind violinist and a young<br />

flutist.


P F<br />

L.C.: São instr umentos que vêm de están bailando al compás de la mú-<br />

universos diferentes.<br />

sica de un violinista ciego y de un<br />

H.B.V.: Exatamente. O violino vem Es<br />

joven flautista.<br />

da Europa e a «quena» é tipicamente L.C.: Son instrumentos que pro-<br />

andina. No entanto, estes dois<br />

instrumentos se unem para produzir<br />

uma melodia original e bem autêntica.<br />

É um bom exemplo de sincretismo<br />

musical. Esta cena alegre, no<br />

primeiro plano, representa talvez<br />

a capacidade de adaptação, de<br />

renovação e da invenção dos<br />

nossos povos negligenciados e<br />

maltratados.<br />

L.C.: Existe um v erdadeiro contraste<br />

entre o charme que emana dessa dança<br />

e os personagens que obser vam no<br />

fundo.<br />

H.B.V.: Trata-se de uma matrona<br />

vestida de maneira europeia e de<br />

seres estranhos pousados numa<br />

árvore...aves com cabeças humanas !<br />

São criaturas de Goya (7). Mas o que<br />

elas estão fazendo aqui, olhando<br />

ou, talvez, vigiando o povo ? São os<br />

nossos governantes ? Será o FMI ?<br />

Deixemos as próprias conjecturas<br />

àquele que olha o quadro.<br />

L.C.: O painel da dir eita nos<br />

transporta num mundo bem<br />

diferente.<br />

H.B.V.: Sim, à primeira vista. É um<br />

autorretrato e, como Velázquez nas<br />

Meninas, o artista volta o seu olhar<br />

para nós, que estamos no exterior<br />

do quadro. O efeito é perturbador.<br />

O artista nos observa enquanto<br />

contemplamos a sua obra? Será<br />

uma manifestação de egocentrismo ?<br />

ceden de universos diferentes.<br />

H.B.V.: Exacto, el violín proviene de<br />

Europa y la quena es típicamente<br />

andina. Sin embargo, los dos instrumentos<br />

se unen para producir<br />

una melodía original y muy auténtica.<br />

Es un buen ejemplo de sincretismo<br />

musical. Esta escena alegre,<br />

en primer plano, representa quizás<br />

la capacidad de adaptación, de renovación,<br />

de invención, de nuestros<br />

pueblos abandonados y maltratados.<br />

L.C.: Hay un contraste entre la<br />

gracia que se desprende de esta<br />

danza y los personajes que observar<br />

al fondo.<br />

H.B.V.: Se trata de una matrona<br />

vestida a la europea y de unos seres<br />

extraños posados sobre un árbol…<br />

¡aves con cabeza humana! Son<br />

criaturas de Goya (7). Pero, ¿qué<br />

hacen aquí, observando a la gente<br />

del pueblo, vigilándola quizás? ¿Son<br />

nuestros gobernantes? ¿…es el<br />

F.M.I.? Dejemos que el que mira el<br />

cuadro haga sus propias conjeturas.<br />

L.C.: La pieza de la derecha nos<br />

traslada a un mundo muy diferente.<br />

H.B.V.: A primera vista, sí. Es un<br />

autorretrato y, como Velázquez en<br />

Las Meninas, el artista mira hacia<br />

nosotros que estamos al exterior del<br />

viennent d’univers différents.<br />

H.B.V. Exactement. Le violon vient<br />

d’Europe et la quena est typiquement<br />

andine. Cependant, ces deux<br />

instruments s’unissent pour produi-<br />

re une mélodie originale très authentique.<br />

C’est un bon exemple de<br />

syncrétisme musical. Cette scène<br />

joyeuse, au premier plan, représente<br />

peut-être la capacité<br />

d’adaptation, de renouvellement et<br />

d’invention de nos peuples négligés<br />

et maltraités.<br />

L.C. Il y a un vrai contraste entr e le<br />

charme qui émane de cette danse et<br />

les personnages qui obser vent au<br />

fond.<br />

H.B.V. Il s’agit d’une matrone vêtue<br />

à l’européenne et d’étranges êtres<br />

posés sur un arbre… des volatiles à<br />

tête humaine ! Ce sont des créatures<br />

de Goya (7). Mais que font-elles<br />

ici à observer, ou peut-être à surveiller<br />

les gens du peuple ? Sont-elles<br />

ceux qui nous gouvernent ? Estce<br />

le FMI ? Laissons ses propres<br />

conjectures à celui qui regarde le<br />

tableau.<br />

L.C. Le panneau de dr oite nous<br />

transporte dans un monde for t différent.<br />

H.B.V. Oui, à première vue. C’est<br />

un autoportrait et, comme Vélazquez<br />

dans Les Ménines, l’artiste<br />

tourne son regard vers nous qui<br />

sommes à l’extérieur du tableau.<br />

L’effet est perturbant. L’artiste nous<br />

observe-t-il pendant que nous<br />

contemplons son œuvre ? Est-ce<br />

L.C.: These instr uments come fr om<br />

different worlds.<br />

H.B.V.: Precisely. The violin comes<br />

En<br />

from Europe and the quena is typical<br />

of the Andes. Nevertheless, these two<br />

instruments unite to form a very original<br />

and authentic melody. There’s a<br />

good example of musical syncretism.<br />

This scene, in the foreground, is joyous<br />

and perhaps could be said to represent<br />

our neglected and mistreated people’s<br />

capacity to adapt, to renew and invent.<br />

L.C.: Ther e’s a r eal contrast between<br />

the charm that glo ws from this dance<br />

and the char acters looking at it fr om<br />

behind.<br />

H.B.V.: There’s a matron dressed in European<br />

garb and strange beings propped<br />

up on a tree…flying creatures with human<br />

heads! They’re creatures taken from<br />

Goya (7). But what are they doing here<br />

if not keeping an eye on “common people”?<br />

Are they those who govern us? Is it<br />

the IMF? We’ll leave such conjectures to<br />

those looking at the painting.<br />

L.C.: The panel to the right transports<br />

us into a completely different world.<br />

H.B.V.: Yes, at first glance. It’s a selfportrait<br />

and, as with Velazquez in Las<br />

Meninas, the artist turns towards us,<br />

who are outside of the painting.<br />

The effect is disturbing. Is the artist observing<br />

us contemplating his work? Is<br />

this a sign of ego-centricity? In the<br />

foreground, you can see his models,<br />

including a still life that harkens back to<br />

everyday reality and the famous<br />

“Bather” by Ingres (8), a sign of cultural<br />

33


P F<br />

No primeiro plano, encontramos cuadro. Se produce algo que pertur-<br />

seus modelos : uma natureza morta ba. ¿Nos estará observando el artis-<br />

que nos remete à realidade quotidiana Es<br />

ta mientras contemplamos su obra?<br />

e a famosa «Baigneuse» de Ingres (8) que ¿Será egotismo de parte suya? En<br />

relembra a continuidade cultural.<br />

Esta personagem conversa com<br />

uma mãe indígena que parece sair<br />

de um Guernica (9) mutilado e<br />

falsificado que se encontra no<br />

fundo, atrás do pintor. O artista<br />

pode ignorar a violência das nossas<br />

sociedades ?<br />

L.C.: Depois das duas portas laterais,<br />

podemos observar o corpo central do<br />

tríptico.<br />

H.B.V.: Bem, reconhecemos Picasso<br />

(10) e García Márquez que se<br />

lançaram numa conversa que parece<br />

desopilante. O lugar que está<br />

representado e os personagens que<br />

estão à volta são a realidade ? Ou<br />

são a representação gráfica da<br />

história que os diverte tanto ?<br />

34<br />

9<br />

primer plano están sus modelos: un<br />

bodegón que remite a la realidad<br />

cotidiana y la famosa Baigneuse de<br />

Ingres (8) que recuerda la continuidad<br />

cultural. Este personaje está<br />

dialogando con una madre indígena<br />

que parece salir de un Guernica<br />

(9) mutilado y falsificado, presente<br />

al fondo, a espaldas del pintor.<br />

¿Puede el artista ignorar la violencia<br />

de nuestras sociedades?<br />

L.C.: Después de las dos piezas<br />

laterales, podemos observar el<br />

cuerpo central del tríptico.<br />

H.B.V.: Pues, reconocemos a Picasso<br />

(10) y García Márquez que sostienen<br />

un diálogo al parecer desopilante.<br />

¿El lugar representado y los<br />

personajes que les rodean son la<br />

realidad? ¿O es la representación<br />

gráfica de la historia, que los hace<br />

tanto reír?<br />

une manifestation d’égocentrisme ?<br />

Au premier plan, on trouve ses<br />

modèles : une nature morte qui<br />

renvoie à la réalité quotidienne et la<br />

célèbre Baigneuse d’Ingres (8) qui<br />

rappelle la continuité culturelle. Ce<br />

personnage dialogue avec une<br />

mère indigène qui semble sortir<br />

d’un Guernica (9) mutilé et falsifié<br />

qui se trouve au fond, derrière le<br />

peintre. L’artiste peut-il ignorer la<br />

violence de nos sociétés ?<br />

L.C. Après ces deux volets latéraux,<br />

nous pouvons obser ver le corps central<br />

du triptyque.<br />

H.B.V. Eh bien, nous reconnaissons<br />

Picasso (10) et García Márquez qui<br />

sont engagés dans un dialogue qui<br />

semble désopilant. Le lieu représenté<br />

et les personnages qui les entourent<br />

sont-ils la réalité ? Ou est-ce la<br />

représentation graphique de<br />

l’histoire qui les fait rire ainsi ?<br />

7<br />

continuity. This character is speaking to<br />

an indigenous mother who seems to have<br />

stepped out of a kind of mutilated<br />

En<br />

and falsified Guernica, to the back, be-<br />

hind the painter. Can the artist ignore<br />

the violence characteristic of our world?<br />

L.C.: Between these two lateral panels<br />

there’s the centr al “body ” of the<br />

tryptich.<br />

H.B.V.: Well, you can recognize Picasso<br />

(10) and Garcia Marquez who are seem<br />

to be engaged in a completely hilarious<br />

dialogue. Are the place depicted and the<br />

surrounding characters real? Or is it the<br />

graphic re-rendering of history what is<br />

making them laugh in this way?<br />

L.C. In the foreground, a naked child<br />

is hiding his eyes. Why?<br />

H.B.V. No one really knows. So as not<br />

to see the mixed-breed invented by<br />

Goya, half-bird half- man, panicked and<br />

feathered, strutting and looking about<br />

for an exit? Or maybe he’s trying to<br />

avoid the sight of the old tart et her Madame,<br />

typically goya-esque figures that<br />

evoke the oligarchy in power?<br />

8


P F<br />

L.C.: N o primeir o plano, um L.C.: En el primer plano un niño<br />

menino nu tapando os olhos. P or desnudo se cubre los ojos.<br />

quê? Es<br />

¿Por qué?<br />

H.B.V.: Nós não sabemos muito H.B.V.: No estamos seguros. ¿Para<br />

bem. Para não ver esses seres<br />

inventados por Goya, frutos de<br />

uma mescla extrema entre a ave e<br />

o homem (11), que estão vagueando<br />

depenados e em pânico procurando<br />

uma saída ? Ou, talvez, para não<br />

ver a velha coquete (12) e a cafetina,<br />

personagens de Goya que nos lembram<br />

as oligarquias no poder ?<br />

L.C.: No fundo, tem um outr o personagem<br />

um pouco inquietante.<br />

H.B.V.: Sim, o cardeal e grande<br />

inquisidor Niño de Guevara (13)<br />

que El Greco retratou está sentado na<br />

frente de um homem enforcado. Ele<br />

escuta e observa os dois mestres<br />

com um olhar desconfiado e crítico.<br />

Seria como o Vaticano a respeito de tudo<br />

o que se afasta dos dogmas da Igreja ?<br />

L.C.: É verdade que a vida é assim.<br />

H.B.V.: Mas… A REALIDADE É ASSIM ?<br />

5<br />

no ver a esos seres inventados por<br />

Goya, fruto de un mestizaje extremo<br />

de ave y hombre (11), que<br />

deambulan desplumados y aterrados<br />

buscando una salida? ¿O para<br />

no ver a la vieja coqueta (12) y la<br />

alcahueta, personajes goyescos que<br />

nos recuerdan las oligarquías gobernantes?<br />

L.C.: En el fondo hay otro personaje<br />

algo inquietante.<br />

H.B.V.: Sí, frente a un ahorcado está<br />

sentado el cardenal gran inquisidor<br />

Niño de Guevara (13) que retrató<br />

El Greco. Escucha y observa<br />

con ojos recelosos y críticos a los dos<br />

maestros. ¿Cómo hace el Vaticano,<br />

con todo lo que se aleja de los dogmas<br />

de la Iglesia?<br />

L.C.: Desde luego, la vida es así.<br />

H.B.V.: Pero… ¿LA REALIDAD ES<br />

ASÍ?<br />

L.C. Au premier plan, un enfant nu se<br />

cache les yeux. Pourquoi ?<br />

H.B.V. Nous ne savons pas vraiment.<br />

Pour ne pas voir ces êtres in-<br />

ventés par Goya, fruits d’un métis-<br />

sage extrême entre le volatile et<br />

l’homme (11), qui déambulent déplumés<br />

et paniqués à la recherche<br />

d’une issue ? Ou bien pour ne pas<br />

voir la vieille coquette (12) et la<br />

maquerelle, personnages<br />

goyesques qui nous rappellent les<br />

oligarchies au pouvoir ?<br />

L.C. Au fond il y a un autr e personnage<br />

un peu inquiétant.<br />

H.B.V. Oui, le cardinal grand inquisiteur<br />

Niño de Guevara (13) dont le<br />

Greco a fait le portrait est assis<br />

devant un pendu. Il écoute et<br />

observe les deux maîtres avec un<br />

regard méfiant et critique. Comme<br />

le fait le Vatican au sujet de tout ce<br />

qui s’éloigne des dogmes de l’Église ?<br />

L.C. Il est vrai que la vie est ainsi.<br />

H.B.V. Mais… ¿ LA REALITE EST<br />

AINSI ?<br />

L.C. Towards the back, there’s another<br />

slightly troubling figure.<br />

H.B.V. Yes, it is the Cardinal and Grand<br />

En<br />

10 11 12 13<br />

Inquisitor Niño de Guevara, painted by<br />

Greco and seated in front of a hanged<br />

man. He’s listening to and observing<br />

the two masters with a critical and<br />

suspicious eye, not unlike the Vatican itself<br />

when it comes to anything one step<br />

removed from Church dogma.<br />

L.C. True, life is indeed a lot like that.<br />

H.B.V. But…Is it real?<br />

35


Don Pablo baila un huayno (danza andina de<br />

la Sierra peruana) bajo la mirada sorprendida<br />

de Matisse 2005.<br />

P F<br />

L.C.: P icasso e M atisse juntos num L.C.: ¿Picasso y Matisse reuni-<br />

quadro ?<br />

dos en un cuadro?<br />

H.B.V.: O conteúdo narrativo do Es<br />

H.B.V.: El contenido narrativo del<br />

quadro é uma reflexão sobre a cuadro es una reflexión sobre la<br />

amizade e a competição fraternal<br />

que reúne esses dois grandes<br />

mestres ao longo de suas vidas.<br />

Matisse observa, com um pouco de<br />

espanto e um pouco de diversão,<br />

Picasso que se exibe – como ele<br />

costumava fazer – dançando ao<br />

36<br />

amistad y la competición fraternal<br />

que reunió durante toda su vida a<br />

estos dos grandes maestros. Matisse<br />

entre divertido y sorprendido observa<br />

a Picasso quien se pone en escena<br />

–como solía hacerlo– y baila al<br />

compás de la música de la quena<br />

L.C. : P icasso et M atisse réunis dans<br />

un tableau ?<br />

H.B.V. : Le contenu narratif du<br />

tableau est une réflexion sur<br />

l’amitié et la compétition fraternelle<br />

qui a réuni leur vie durant ces deux<br />

grands maîtres. Matisse observe,<br />

mi-amusé, mi-étonné, Picasso qui<br />

se met en scène - comme il en avait<br />

l’habitude - en dansant au son de la<br />

musique jouée par la “quena” (flûte<br />

L.C.: You’ve featured Picasso<br />

and Matisse both in one and the<br />

same painting?<br />

En<br />

H.B.V.: The narrative content of the<br />

painting reflects on the nature of<br />

friendship and the fraternal competition<br />

that cemented the lives of these two<br />

masters. Matisse observes, half-amused,<br />

half-surprised, how Picasso claims the<br />

stage —as was his habit—by dancing to<br />

the sound of the music played by a


Don Pablo baila un huayno (danza andina<br />

de la Sierra peruana) bajo la mirada<br />

sorprendida de Matisse (Duncan), 2005<br />

Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm<br />

37


P F<br />

som da música da «quena» (flauta (flauta indígena precolombina).<br />

indígena pré-colombiana).<br />

L.C.: Varios elementos de tu cua-<br />

L.C.: Vários elementos do quadro vêm Es<br />

dro proceden de las obras de es-<br />

das obras desses dois artistas.<br />

tos dos artistas.<br />

artistes.<br />

H.B.V.: Sim. Na verdade, são quatro<br />

citações : uma foto feita por Duncan<br />

aonde vemos Picasso dançando<br />

(14), fragmentos de «Demoiselles<br />

d’Avignon» (15) desenhados na<br />

parede do fundo e, finalmente, um<br />

nu azul (16) tirado de uma obra do<br />

Matisse. Além disso, reunindo esses<br />

fragmentos, encontramos algumas<br />

reinterpretações de fragmentos da<br />

«Guernica» (17) e das «Meninas»,<br />

à maneira de Picasso.<br />

L.C.: E xiste uma pr ovocação<br />

na maneira que você apresenta Picasso.<br />

H.B.V.: Não sou eu, é ele que<br />

encena para o fotógrafo. Acredito<br />

que ele tenha sido o primeiro artista<br />

“people” da história. Eu manipulo a<br />

imagem para que ele dance o huayno,<br />

tocado pelo músico peruano que<br />

está ao lado dele. É uma dança<br />

pré-colombiana que ainda está viva<br />

no Peru, aonde o homem dá seu<br />

braço à mulher escolhida para<br />

convidá-la para dançar. E é exatamente<br />

isso que Picasso faz durante um<br />

século conosco, os artistas : ele nos<br />

faz dançar graças à sua genialidade.<br />

L.C.: É uma dança ao som da «quena»<br />

andina…<br />

H.B.V.: Sim, porque Picasso funciona<br />

como um prisma ; ele utilizou as<br />

culturas da América, da África, da<br />

Ásia graças às quais ele inventou<br />

uma nova linguagem plástica.<br />

38<br />

H.B.V.: Sí. En realidad, hay cuatro<br />

citas: una foto que hizo Duncan<br />

donde se ve a Picasso bailando<br />

(14), unos fragmentos de Les demoiselles<br />

d’Avignon (15) dibujados<br />

en la pared del fondo, y, por fin, un<br />

desnudo azul (16) sacado de una<br />

obra de Matisse. Además, vinculando<br />

estos fragmentos entre sí, se hallan<br />

reinterpretaciones de fragmentos<br />

de Guernica (17) y de Las<br />

Meninas, al estilo de Picasso.<br />

L.C.: Hay cierta provocación en<br />

tu forma de presentar a Picasso.<br />

H.B.V.: No soy yo, él es quien se pone<br />

en escena de este modo para el<br />

fotógrafo. Creo que es el primer artista<br />

“people” de la historia. Desvío<br />

el documento para hacer que baile<br />

un huayno interpretado por músico<br />

peruano que se hallan a su lado. Es<br />

una danza precolombina que sigue<br />

vivaz hoy en el Perú en la que el<br />

hombre le ofrece el brazo a la mujer<br />

elegida para invitarla a bailar<br />

con él. Y eso fue lo que hizo Picasso<br />

durante un siglo respecto a nosotros,<br />

los artistas: nos hizo bailar<br />

gracias a su genialidad.<br />

L.C.: Es una danza al compás de<br />

la quena andina…<br />

H.B.V.: Sí, porque Picasso funciona como<br />

un prisma; echó mano de las culturas<br />

de América, África y Asia, inventando<br />

un nuevo lenguaje plástico.<br />

indigène précolombienne).<br />

L.C. : Plusieurs éléments dans ton tableau<br />

sont pris des œuvres de ces deux<br />

H.B.V. : Oui. En réalité, il y a trois<br />

citations: une photo faite par<br />

Duncan, où on voit Picasso (14) en<br />

train de danser, des fragments des<br />

Demoiselles d’Avignon (15) dessinées<br />

sur le mur du fond, et enfin,<br />

un nu bleu (16) tiré d’une œuvre de<br />

Matisse. En plus, réunissant ces<br />

fragments, on trouve des réinterprétations<br />

de fragments de Guernica<br />

(17) et des Ménines, à la manière<br />

de Picasso.<br />

L.C. : Il y a de la pr ovocation dans la<br />

manière dont tu présentes Picasso.<br />

H.B.V. : Ce n’est pas moi, c’est lui<br />

qui se met ainsi en scène pour le<br />

photographe. Je pense que c’est le<br />

premier artiste people de l’histoire.<br />

Je détourne le document pour le<br />

faire danser un huayno, jouée par<br />

le musicien péruviens qu’on trouve à<br />

côté de lui. C’est une danse<br />

précolombienne, encore vivante<br />

aujourd’hui au Pérou, où l’homme<br />

offre son bras à son élue pour<br />

l’inviter à danser avec lui. C’est bien<br />

ça que Picasso a fait pendant un<br />

siècle, à nous, les artistes : il nous<br />

a fait danser grâce à son génie.<br />

L.C. : C’est une danse au son de la<br />

“quena” andine...<br />

H.B.V. : Oui, parce que Picasso fonctionne<br />

comme un prisme ; il a utilisé<br />

les cultures d’Amérique, d’Afrique<br />

et d’Asie, grâce auxquelles il a inventé<br />

un nouveau langage plastique.<br />

L.C. : I ci, dans ce tableau, tu<br />

quena (an indigenous pre-colombian<br />

flute).<br />

L.C.: Several elements in y our painting<br />

En<br />

are drawn from works by these two<br />

artists.<br />

H.B.V.: Yes. Actually, there are four<br />

citations: a photograph taken by<br />

Duncan, where Picasso can be seen<br />

dancing; fragments of the Demoiselles<br />

d’Avignon drawn on the back wall; and,<br />

finally, a blue nude taken from a work<br />

by Matisse. Moreover, these fragments<br />

are interwoven with Picasso-like<br />

re-interpretations of fragments of<br />

Guernica and Las Meninas.<br />

L.C.: Y ou’re being pr ovocative by<br />

presenting Picasso in this way.<br />

H.B.V.: No I’m not. He’s the one who<br />

claimed the stage by dancing in this way<br />

for the photographer. He is art history’s<br />

first media-star. I’ve simply re-contextualized<br />

the document so that he’s seen<br />

dancing a huayno, played by Peruvian<br />

musicians at his side. It’s a pre-columbian<br />

dance, still practiced today in Peru, in<br />

which the man invites his chosen partner<br />

by offering his arm to her. This is what<br />

Picasso did for a century with us artists:<br />

his genius got us to dance.<br />

L.C.: A dance to the sound of an<br />

Andian quena…<br />

H.B.V.: Yes, insofar as Picasso functions<br />

like a kind of prism: he used the cultures<br />

of America, Africa and Asia to invent a<br />

new pictorial language.<br />

L.C.: H ere, in this painting, y ou’ve<br />

turned once again to r eflecting on<br />

lineage.<br />

H.B.V.: Matisse and Picasso are two<br />

masters who hold a preponderant place


P F<br />

L.C.: Aqui, neste quadro, você volta à L.C.: Aquí, en este cuadro, vuel-<br />

sua r eflexão sobr e as ves a reflexionar sobre las filia-<br />

filiações. Es<br />

ciones.<br />

H.B.V.: Matisse e Picasso são dois H.B.V. Matisse y Picasso son dos de<br />

grandes mestres que tem um lugar<br />

preponderante na minha formação<br />

conceitual e formal.<br />

L.C.: E por que o cachorr o e a paisagem<br />

marinha ?<br />

H.B.V.: Temos a tendência de ignorar<br />

que os cães, que hoje são animais<br />

de companhia, serviram no passado,<br />

desde os gregos, como armas de<br />

guerra e de conquista. E o mar é a<br />

única paisagem, fora a zona polar e<br />

os grandes desertos, que nós podemos<br />

contemplar hoje como fizeram os<br />

nossos antepassados, sem sermos<br />

perturbados pela poluição produzida<br />

pelas civilizações.<br />

los grandes maestros que han ocupado<br />

un lugar preponderante en mi<br />

formación conceptual y formal.<br />

L.C.: ¿Por qué el perro y el paisaje<br />

marino?<br />

H.B.V.: Se suele ignorar que los perros<br />

que hoy nos hacen compañía<br />

sirvieron en el pasado, desde la época<br />

de los griegos, de armas de guerra<br />

y de conquista. Y el mar es el<br />

único paisaje que, salvo la zona polar<br />

y los grandes desiertos, podemos<br />

contemplar hoy como lo hicieron<br />

nuestros antepasados, sin la perturbación<br />

que produce la contaminación<br />

de las civilizaciones.<br />

portes à nouv eau ta réflexion sur les<br />

filiations.<br />

H.B.V. : Matisse et Picasso sont<br />

deux des grands maîtres qui ont eu<br />

une place prépondérante dans ma<br />

formation conceptuelle et formelle.<br />

L.C. : P ourquoi le chien et le<br />

paysage marin ?<br />

H.B.V. : On a tendance à ignorer<br />

que les chiens qui aujourd’hui nous<br />

tiennent compagnie ont servi dans<br />

le passé, depuis les Grecs, comme<br />

armes de guerre et de conquête. Et<br />

la mer, c’est l’unique paysage en<br />

dehors de la zone polaire et des<br />

grands déserts qu’on peut contempler<br />

aujourd’hui comme l’ont fait nos<br />

ancêtres, sans être perturbé par la<br />

pollution produite par les civilisations.<br />

14 16 17 15<br />

in my conceptual and formal training.<br />

L.C.: Why the dog and seascape?<br />

H.B.V.: Today, there’s a tendency to<br />

En<br />

forget that the dogs who keep us<br />

company have been, since ancient<br />

Greece, weapons of war and conquest.<br />

Along with ice-caps and deserts, the sea<br />

is one of the few landscapes that we can<br />

still contemplate much in the same way<br />

our ancestors did, without interference<br />

from the pollution produced by civilization.<br />

39


P F<br />

L.C.: O diálogo que você instaura en- L.C.: El diálogo que instauras<br />

tre artistas de épocas e países diferen- entre artistas de épocas y paítes<br />

vira, neste quadro, uma rica e Es<br />

ses diferentes se convierte aquí<br />

complexa polifonia.<br />

en una rica y compleja polifo-<br />

H.B.V.: Trata-se aqui de seguir as<br />

filiações possíveis partindo de<br />

Francisco de Goya. Eu realizei este<br />

quadro para uma exposição em<br />

Bordeaux. Goya era incontornável<br />

pois, como você sabe, ele passou<br />

os últimos anos da sua vida nessa<br />

40<br />

¿ Qué tal ? Don Francisco à Bordeaux<br />

ou Le rêve du novillero<br />

nía.<br />

H.B.V.: Se trata aquí de seguir las filiaciones<br />

posibles partiendo de<br />

Francisco de Goya. Este cuadro, lo<br />

realicé para una exposición en Burdeos.<br />

Goya se vuelve insoslayable,<br />

ya que, como sabes, pasó los últimos<br />

años de su vida en esta ciudad don-<br />

L.C. : Le dialogue que tu instaur es<br />

entre artistes d’époques et de pays différents<br />

devient ici une riche et complexe<br />

polyphonie.<br />

H.B.V. : Il s’agit ici de suivre les<br />

filiations possibles en partant de<br />

Francisco de Goya. Ce tableau, je<br />

l’ai réalisé pour une exposition à<br />

Bordeaux. Goya devient incontournable,<br />

car, comme tu le sais, il a<br />

passé les dernières années de sa vie<br />

dans cette ville où il est mort,<br />

L.C.: H ere, the dialogue that y ou<br />

weave betw een ar tists of differ ent<br />

times and countries becomes a rich<br />

En<br />

and complex polyphony.<br />

H.B.V.: The idea here is to follow<br />

affiliations dating from Francisco de<br />

Goya onwards. This painting was for a<br />

show in Bordeaux. Including Goya was<br />

indispensable insofar as he spent the last<br />

years of his life in that city and died<br />

there in the company of Spanish<br />

refugees who had fled persecution from<br />

the authorities. I imagined Goya’s


¿Qué tal? Don Francisco à Bor deaux<br />

ou Le rêve du novillero (Goya, Vélàzquez,<br />

Manet, Monet, Botan), 2007<br />

Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm


P F<br />

cidade aonde ele morreu, acom- de murió acompañado por refugiapanhado<br />

dos refugiados espanhóis dos españoles que habían tenido<br />

que tiveram que fugir a perseguição Es<br />

que huir de las persecuciones de las<br />

das autoridades do reino.<br />

autoridades del reino. Imagino el<br />

Eu imagino o ateliê de Goya com<br />

uma janela com vista para a esquina<br />

entre a rua da prefeitura e a praça<br />

Pay-Berland. Percebemos a catedral<br />

e um bistrô. Os dois personagens<br />

embaixo, à esquerda, sentados numa<br />

almofada vermelha, são o bobo da<br />

corte Niño de Vallecas (18) e o<br />

anão Calabacillas (19), pintados por<br />

Velázquez. Conhecemos a influência<br />

que Don Diego teve na formação<br />

de Goya. Atrás do mestre, percebemos<br />

um personagem tirado de uma<br />

obra de Manet, «Le chanteur espagnol»<br />

(20). Sabemos que Manet descobriu,<br />

no início da sua formação,<br />

Velázquez e Goya, dois artistas que<br />

marcaram a sua obra.<br />

Atrás do violonista, podemos ver<br />

o retrato da senhora Gaudibert<br />

(21), pintado por Monet, que na<br />

sua primeira fase, foi infuenciado<br />

por Manet. Pendurado na parede<br />

do fundo, encontramos «L’homme<br />

taller de Goya con una ventana que<br />

da a la esquina de la calle del Hôtel<br />

de Ville con la plaza Pay-Berland.<br />

Se distinguen la catedral y un bar.<br />

Los dos personajes abajo a la izquierda,<br />

sentados en un cojín rojo,<br />

son el bufón Niño de Vallecas (18) y<br />

el enano Calabacillas (19) que pintó<br />

Velázquez. Es sabida la importancia<br />

que desempeñó don Diego<br />

en la formación de Goya. Tras el<br />

maestro se divisa a un personaje tomado<br />

de una obra de Manet, Le<br />

chanteur espagnol (20). Ya se sabe<br />

que Manet descubrió en su temprana<br />

formación a Velázquez y Goya,<br />

dos artistas que marcaron su obra.<br />

Detrás del guitarrista, se puede ver<br />

el retrato de la señora Gaudibert<br />

(21) pintado por Monet que, en su<br />

primer período fue influido por Manet.<br />

Colgado de la pared del fondo,<br />

tenemos L’homme mort pintado en<br />

1865 por Manet (22) (se pretende<br />

accompagnés de réfugiés espagnols<br />

qui avaient dû fuir la persécution<br />

des autorités du royaume. J’imagine<br />

l’atelier de Goya avec une fenêtre<br />

qui donne sur l’angle formé par la<br />

rue de l’Hôtel de Ville et la place<br />

Pay-Berland. On aperçoit la<br />

cathédrale et un bistrot. Les deux<br />

personnages en bas à gauche, assis<br />

sur un coussin rouge, sont le<br />

bouffon Niño de Vallecas (18) et le<br />

nain Calabacillas (19) peints par<br />

Vélàzquez. On connaît l’importance<br />

que Don Diego a eu dans la formation<br />

de Goya. Derrière le maître, on<br />

aperçoit un personnage tiré d’une<br />

œuvre de Manet, Le chanteur<br />

espagnol (20). On sait que Manet a<br />

dé<strong>couv</strong>ert au début de sa formation<br />

Vélàzquez et Goya, deux artistes<br />

qui ont marqué son œuvre. Derrière<br />

le guitariste, on peut voir le portrait<br />

de madame Gaudibert (21), peint<br />

par Monet, qui dans sa première période<br />

fut influencé par Manet. Accroché<br />

au mur du fond, on trouve<br />

L’homme mort peint en 1865 par<br />

Manet (22) (on prétend qu’il l’a ré-<br />

atelier, with a window giving onto the<br />

angle formed by the street Hôtel de la<br />

Ville and Pay-Berland Square. You can<br />

En<br />

18 19 20 21<br />

42<br />

catch a glimpse of the cathedral and a<br />

bistro. The two characters at the lower<br />

left-hand corner are the buffoon Niño<br />

de Vallecas and the dwarf Calabacillas,<br />

as painted by Velazquez.<br />

The influence of Don Diego on Goya is<br />

well known. Behind the master, there’s a<br />

character drawn from a work by Manet,<br />

The Spanish Singer. We know that<br />

Manet discovered Velazquez and Goya<br />

early in his career, and that both<br />

influenced his work. Behind the guitar<br />

player, you can see the portrait of<br />

Madame Gudibert, painted by Monet<br />

who, in his early period, was influenced<br />

by Manet. To the back, hung on the<br />

wall, there’s Manet’s Dead Man, painted<br />

in 1865 (it has been claimed that the<br />

painting was inspired by another,<br />

entitled Dead Soldier, attributed to<br />

Velasquez in the 19th century). It is<br />

probably a novillero. The term is used to<br />

describe young aspiring bull-fighters<br />

who, in order to become professionals,<br />

had to receive their “alternative” from a


P F<br />

mort», pintado em 1865 por Manet que lo realizó tras observar el cua-<br />

(22) (dizem que ele pintou este dro El soldado muerto atribuido en<br />

quadro depois de ter visto «El sol- Es<br />

el siglo xix a Velázquez). Se trata<br />

dado muerto», pintura atribuída no probablemente de un novillero. Se<br />

século XIX à Velázquez).<br />

É provavelmente um «novillero».<br />

Assim são chamados os jovens<br />

aspirantes a toureiro que, para<br />

chegar lá devem receber a «alternativa»<br />

de um matador confirmado antes<br />

de poder enfrentar oficialmente os<br />

touros.<br />

Acima do homem morto, vemos<br />

uma cena de tourada. Na parede<br />

atrás do violonista, encontra-se o<br />

quadro Une dame en costume<br />

espagnol, pintado por Goya (23).<br />

L.C.: Como v ocê define as<br />

filiações nesses casos?<br />

H.B.V.: Com ironia e respeito, eu<br />

tento mostrar a paternidade de<br />

Velázquez em relação a Goya, de<br />

Velázquez e Goya em relação a<br />

Manet, Manet para Monet e, para<br />

não parar no meio do caminho, de<br />

uma certa maneira eu mesmo me<br />

situo na sequência dessa filiação<br />

pois, pintando este quadro, eu<br />

assumo fazer parte dessa família.<br />

llama así a los jóvenes aspirantes al<br />

título de matador de toros que, para<br />

alcanzarlo, han de recibir la alternativa<br />

de un matador confirmado<br />

antes de poder lidiar toros oficialmente.<br />

Encima de él se aprecia una<br />

escena de tauromaquia. En la pared,<br />

detrás del guitarrista, se halla<br />

el lienzo “Une dame en costume espagnol”<br />

que pintó Goya (23).<br />

L.C.: ¿Cómo defines las filiaciones<br />

en tal caso?<br />

H.B.V.: Con ironía y respeto, procuro<br />

poner de relieve la paternidad de<br />

Velázquez respecto a Goya, de Velázquez<br />

y Goya para Manet, de Manet<br />

para Monet, y para no quedarse<br />

a mitad de camino, en cierto modo<br />

me sitúo también en la continuidad<br />

de esta filiación, puesto que reconozco<br />

pertenecer a esta familia al<br />

hacer este cuadro.<br />

LC. También hay la violencia representada<br />

en las transferencias<br />

de tinta.<br />

alisé après avoir observé le tableau<br />

El Soldado muerto attribué au xixe<br />

siècle à Vélàzquez). Il s’agit sans<br />

doute d’un novillero. On appelle<br />

ainsi les jeunes aspirants au titre de<br />

matador qui, pour le devenir, doivent<br />

recevoir l’alternative d’un matador<br />

confirmé avant de pouvoir officiellement<br />

affronter les taureaux.<br />

Au-dessus de lui, on voit une scène<br />

de tauromachie. Sur le mur derrière<br />

le guitariste, on trouve le tableau<br />

Une dame en costume espagnol<br />

peint par Goya (23).<br />

L.C. : Comment définis-tu donc les<br />

filiations dans ces cas-là ?<br />

H.B.V. : Avec ironie et respect,<br />

j’essaie de montrer la paternité de<br />

Vélàzquez vis-à-vis de Goya, de<br />

Vélàzquez et Goya pour Manet, de<br />

Manet pour Monet, et pour ne pas<br />

m’arrêter en si bon chemin, d’une<br />

certaine manière, je me situe<br />

moi-même dans la suite de cette<br />

filiation car je reconnais en faisant<br />

ce tableau mon appartenance à<br />

cette famille.<br />

L.C. : Il y a aussi la violence représentée<br />

dans les transferts d’encre.<br />

H.B.V. : Oui, la violence passée<br />

confirmed matador, before being<br />

officially allowed to confront the bulls.<br />

Above him, there’s a bull-fight scene.<br />

En<br />

24 24 24 25<br />

On the wall behind the guitarist, there’s<br />

A Lady in Spanish Dress by Goya.<br />

L.C.: H ow would y ou define the<br />

affiliations in this instance?<br />

H.B.V.: With irony and respect. I try to<br />

reveal the paternity of Velazquez to<br />

Goya, of Velazquez and Goya to Manet,<br />

of Manet to Monet, and, beyond that,<br />

I include myself in this lineage insofar as<br />

this painting affirms my own affiliation<br />

with this family.<br />

L.C.: There’s also violence represented<br />

in the ink transfers.<br />

H.B.V.: Yes, past violence as well as<br />

contemporary violence. In the upper<br />

part of the painting that Goya is in the<br />

process of touching up, there’s an ink<br />

transfer of four etchings, one from the<br />

Caprichos, and three others taken from<br />

the Disasters of War. You can also find<br />

newspaper clippings mentioning “Members<br />

of the Ku Klux Klan condemned”,<br />

“Increasing insecurity in Venezuela”, “The<br />

Red Mosque occupied today [inPakistan]”,<br />

“Al-Qaida suicide bombing”…<br />

43


P F<br />

L.C.: Também tem a violência H.B.V.: Sí, la violencia pasada tan-<br />

representada nas transferências de to como la contemporánea. En la<br />

tinta. Es<br />

parte superior del cuadro que Goya<br />

H.B.V.: Sim, a violência do passado está retocando (24) se encuentra la<br />

bem como a violência contemporânea.<br />

Na parte superior do quadro que<br />

Goya (24) está retocando, encontramos<br />

a transferência de tinta de quatro<br />

gravuras, uma tirada dos «Caprichos»<br />

e as outras três tiradas dos<br />

«Desastres de la guerra». Encontramos<br />

também fragmentos de jornais<br />

aonde podemos ler: «a condenação<br />

dos membros da Ku Klux Klan»,<br />

«o aumento da insegurança na<br />

Venezuela», «hoje, (no Paquistão) a<br />

ocupação da mesquita vermelha»,<br />

«atentado suicida de Al-Qaeda»…<br />

L.C.: E a moça que conv ersa com<br />

Don F rancisco, seria a bela<br />

leiteira que ser viu de modelo<br />

para o último quadr o pintado por<br />

Goya em Bordeaux ?<br />

H.B.V.: Talvez…<br />

44<br />

transferencia de tinta de cuatro<br />

grabados, uno sacado de los Caprichos<br />

(25) y los tres otros de los Desastres<br />

de la guerra. También se hallan<br />

fragmentos de periódicos<br />

donde se puede leer: “ la condamnation<br />

des membres du Ku Klux<br />

Klan ”, “ l’insécurité grandissante<br />

au Venezuela ”, “ [au Pakistan] la<br />

Mosquée rouge aujourd’hui occupée”,<br />

“attentat suicide de Al-Qaida”…<br />

L.C.: Y la joven que dialoga con<br />

don Francisco, ¿podría ser la<br />

hermosa lechera que hizo de<br />

modelo para el último lienzo<br />

pintado por Goya en Burdeos?<br />

H.B.V.: Tal vez…<br />

comme la violence contemporaine.<br />

Dans la partie supérieure du<br />

tableau que Goya (24) est en train<br />

de retoucher, on trouve le transfert<br />

d’encre de quatre gravures, une<br />

tirée des “Caprichos” (25), et les<br />

trois autres tirées des Desastres de<br />

la guerra. On trouve aussi des<br />

fragments de journaux, où on peut<br />

lire : “la condamnation des membres<br />

du Ku Klux Klan”, “l’insécurité<br />

grandissante au Venezuela”, “[au<br />

Pakistan] la Mosquée rouge aujourd’hui<br />

occupée”, attentat suicide de<br />

Al-Qaida”...<br />

L.C. : E t la jeune fille qui dialogue<br />

avec Don Francisco, serait-elle la belle<br />

laitière qui a ser vi de modèle pour<br />

le der nier tableau peint par G oya à<br />

Bordeaux ?<br />

H.B.V. : Peut-être...<br />

L.C.: Would the young woman speaking<br />

with Don Francisco be the pretty<br />

milkmaid that served as the model for<br />

En<br />

the last painting by G oya in Bor-<br />

deaux?<br />

H.B.V.: Maybe…<br />

22 23


Nature morte transgénique.<br />

(Picasso), 2001<br />

Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm


Fronteira de culturas<br />

Conversa com Fernando Carvallo (2002).<br />

F.C. : Você usa um método constante,<br />

de apropriação do estilo e das técnicas<br />

de um grande mestr e para forjar o seu<br />

proprio estilo e as suas próprias técnicas.<br />

H.B.V. : Toda atividade humana<br />

provém das obras passadas, isso<br />

não é novidade. Nada sai do nada,<br />

principalmente no campo das artes.<br />

Há duas maneiras de conceber a<br />

presença inevitável da linguagem<br />

do passado : intuitivamente ou<br />

46<br />

Frontera de culturas<br />

Conversación con Fernando Carvallo (2002).<br />

F.C.: Tú utilizas un método constante,<br />

el de la apropiación del estilo<br />

y los recursos técnicos de un<br />

gran maestro para forjar tu propio<br />

estilo y tus propios recursos.<br />

H. B.-V. : No es novedad que toda<br />

actividad humana es consecuencia<br />

de las obras pasadas. Nada sale de<br />

la nada, sobre todo en el campo de<br />

las artes. Hay dos maneras de<br />

confrontar la presencia inevitable<br />

del lenguaje del pasado: de manera<br />

Frontière de cultures<br />

Conversation avec Fernando Carvallo (2002).<br />

F.C. : Tu u tilises u ne m éthode r écurrente,<br />

celle de l'appropriation du style<br />

et des techniques d'un grand maîtr e<br />

pour forger ton pr opre style et tes<br />

propres techniques<br />

H. B.-V. : Toute activité humaine est<br />

issue des oeuvres passées; ce n'est<br />

pas nouveau. Rien n'est tiré du<br />

néant, surtout dans le domaine des<br />

arts. Il y a deux façons de concevoir<br />

la présence inévitable du langage<br />

du passé: soit intuitivement, soit<br />

Cultural frontier<br />

Conversation with Fernando Carvallo (2002).<br />

F.C.: Your constant method is to<br />

appropriate the style and techniques<br />

of a great master in order<br />

to forge your own style and<br />

techniques.<br />

H. B.-V.: Every human activity<br />

comes out of past realizations -that's<br />

nothing new. Nothing comes out of<br />

nowhere, especially not in the arts.<br />

There are two ways of conceiving<br />

the inevitable presence of the past's<br />

languages: either intuitively, or


P F<br />

deliberadamente. Eu era pura forma intuitiva o deliberadamente. Yo era<br />

e intuição até 1967, mas depois do pura forma e intuición hasta 1967,<br />

choque que eu senti diante de<br />

Es<br />

pero desde el choque que viví con<br />

Picasso, em Barcelona, eu decidi Picasso en Barcelona decido inves-<br />

pesquisar. Eu parei de conceber a<br />

pintura pura como finalidade e<br />

decidi usá-la como veículo do<br />

pensamento. Mas para ser veículo,<br />

ela deve seduzir. A sedução da pintura<br />

não é a mesma que exercem os<br />

playboys ou as mulheres bonitas<br />

dos desfiles mas a capacidade de<br />

tigar. Dejo de creer en la pintura<br />

pura como finalidad, decido utilizarla<br />

como vehículo del pensamiento. Pero<br />

para ser vehículo tiene que ser<br />

seductora. La seducción de la<br />

pintura no es la de los playboys o las<br />

niñas bonitas de los desfiles, sino la<br />

capacidad de atraer y desarrollar la<br />

délibérément. J'étais dans la pure<br />

forme et dans l'intuition jusqu'en<br />

1967, mais suite au choc ressenti<br />

devant Picasso à Barcelone, j'ai<br />

décidé d'entreprendre des recherches.<br />

J'ai cessé de concevoir la peinture<br />

pure en tant que finalité, et décidé<br />

de l'utiliser pour véhiculer la pensée.<br />

Mais pour être un tel véhicule, elle<br />

doit séduire. La séduction de la<br />

peinture n'est pas celle qu'exercent<br />

les play-boys ou les jolies filles de<br />

deliberately. I was into pure form<br />

and intuition up until 1967, but after<br />

the shock I felt when seeing Pi-<br />

En<br />

casso in Barcelona, I decided to do<br />

some research. I stopped thinking of<br />

pure painting as a goal in itself and<br />

decided to use it as a vehicle for<br />

thought. But, to serve this end, it has<br />

to be attractive. The seduction of<br />

painting is not that of playboys or<br />

pretty girls in fashion shows: it's the<br />

capacity to attract and develop the<br />

47


P F<br />

atrair e de desenvolver a sensibilidade sensibilidad y la inteligencia del<br />

e a inteligência do espectador. Eu espectador. Decido interrogar a los<br />

decidi interrogar os artistas do Es<br />

artistas del pasado como camino a<br />

passado para me enriquecer nos mi propio enriquecimiento formal y<br />

planos formal e conceitual. (…) Eu<br />

penso que a única maneira de ter<br />

um «estilo» pessoal e inventivo<br />

consiste em lutar contra ele.<br />

FC : O que significa para você o desenho<br />

?<br />

H.B.V. : Para mim, o desenho é<br />

uma obra em si. Eu não faço<br />

croquis nem desenhos preparatórios<br />

para os meus quadros. Desde 1975,<br />

eu nem faço mais um desenho<br />

48<br />

conceptual. Pienso que la única<br />

manera de tener un "estilo" personal<br />

e inventivo es luchando contra él.<br />

F. C. : ¿Qué significa para ti el<br />

dibujo?<br />

H. B.-V. : Para mí el dibujo es una<br />

obra en si. No hago croquis ni dibujos<br />

preparatorios para mis cuadros.<br />

Desde 1975 no hago ni siquiera<br />

un dibujo total sobre la tela sino<br />

que lo voy avanzando a medida<br />

défilés; c'est sa capacité d'attirer et de<br />

développer la sensibilité et<br />

l'intelligence du spectateur. J'ai<br />

décidé d'interroger les artistes du<br />

passé dans le but de m'enrichir sur<br />

les plans formel et conceptuel.<br />

Je pense que la seule façon d'avoir<br />

un “style“ personnel et inventif<br />

consiste à lutter contre celui-ci.<br />

F.C. : Que signifie pour toi le dessin?<br />

H. B.-V. : Pour moi, le dessin est<br />

une œuvre à part entière. Je ne<br />

fais pas de croquis ni de dessins<br />

préparatoires pour mes tableaux.<br />

Depuis 1975, je ne fais même plus<br />

viewer's sensibility and intelligence.<br />

I decided to look at artists from the<br />

past as a way of enriching myself on<br />

En<br />

formal and conceptual levels.<br />

I think that the only way to have a<br />

personal and inventive "style" is to<br />

fight against it.<br />

F.C.: What is the significance of<br />

drawing for you?<br />

H. B.-V.: For me, a drawing is a<br />

work in its own right. I do not make<br />

sketches or preparatory drawings<br />

for my paintings. Since 1975, I have<br />

not even made any complete drawings<br />

on the canvas, but do them as


P F<br />

completo sobre a tela, eu o executo que avanza el cuadro. Puedo ha-<br />

à medida que o quadro avança. Eu cerlo porque "veo" el cuadro antes<br />

posso proceder assim porque eu Es<br />

de comenzarlo, para lo que utilizo<br />

«vejo» o quadro antes de começá-lo, lo que podríamos llamar la memo-<br />

pois eu utilizo o que poderíamos<br />

chamar de memória prospectiva.<br />

Pelo mesmo motivo, eu não posso<br />

fazer dois quadros ao mesmo tempo,<br />

porque eu preciso de toda a minha<br />

memória para construir o quadro<br />

que estou trabalhando.<br />

ria prospectiva. Por la misma razón<br />

no puedo hacer dos cuadros al mismo<br />

tiempo, porque requiero de toda<br />

mi memoria para construir el cuadro<br />

que estoy trabajando.<br />

de dessin complet sur la toile; je<br />

l'exécute à mesure qu'avance le<br />

tableau. Je peux procéder ainsi<br />

parce que je “vois” le tableau avant<br />

de le commencer, dans la mesure<br />

où j'utilise ce que l'on pourrait<br />

appeler la mémoire prospective.<br />

Pour la même raison, je ne peux<br />

pas faire deux tableaux en même<br />

temps, parce que j'ai besoin de<br />

toute ma mémoire pour construire<br />

le tableau sur lequel je travaille.<br />

I move forward with the painting. I<br />

can do this because I "see" the painting<br />

before I start it; in that, I use<br />

En<br />

what we could call prospective<br />

memory. For the same reason, I<br />

cannot do two paintings at the same<br />

time, because I need all my memory<br />

to construct the painting I am working<br />

on.<br />

49


Tek-Nik Me-Tek<br />

(Toulouse Lautrec, Picasso), 1992.<br />

Acrílico sobre madeira,120 x 90, 145 x 140, 120 x 90 cm (triptyque)<br />

51


52<br />

Solo (Monet), 2000<br />

Acrílico sobre tela, 162 x 130 cm


Le Déjeuner in<br />

Central Park (Manet), 1999<br />

Acrílico sobre tela , 200 x 200 cm<br />

53


54<br />

Le Bain à Cantolao. 8,7 = rideau (Matisse),<br />

1999. Acrílico sobre tela, 130 x 162 cm


La lettre à Mancora (Goya), 2001<br />

Acrílico sobre tela, 130 x 162 cm<br />

55


Crépuscule tahitien (Gauguin, Matisse), 2008<br />

Acrílico sobre tela, 116 x 89 cm<br />

56<br />

La ronde au crépuscule (ingres, Matisse, Picasso), <strong>2010</strong><br />

Acrílico sobre tela, 96 x 146 cm


Paul retouchant un tableau de Henr i, 2007<br />

Acrílico sobre tela, 116 x 89 cm<br />

Lumière Tahitienne (Matisse), 2007,<br />

Collection LEBLANC S - Le Mans<br />

Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />

57


El oro de los Andes, violence et pillage.<br />

(Huaman Poma de Ayala, Velázquez), <strong>2010</strong><br />

Acrílico sobre madeira, 90 x 75 cm<br />

58<br />

L’argent des Andes, ou la dîme du Vatican.<br />

(Le Gréco, Velázques, Huaman Poma de Ayala), <strong>2010</strong><br />

Acrílico sobre tela, 75 x 90 cm


Le don de Pacha Mama “de la Mère Terre”. (Huaman Poma de Ayala, Velázquez, Goya, Picasso) <strong>2010</strong><br />

Acrílico sobre madeira, 150 x 120 cm<br />

59


60<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega<br />

Nascido dia 7 de julho de 1933 em Lima, no Peru.<br />

Vive e trabalha em Paris.<br />

Exposições individuais<br />

1965 - Galería Jueves, Lima.<br />

1966 - Instituto de Arte Contemporáneo, Lima.<br />

1969 - Galerie 9, Paris.<br />

Galerie 44, La Chaux-de-Fonds, Suisse.<br />

1970 - Galería Carlos Rodríguez, Lima.<br />

Galerie 9, Paris.<br />

1971 - Jack Misrachi Gallery, New York.<br />

Art Gallery of the Organization of American States, Washington.<br />

1972 - Lerner-Misrachi Gallery, New York.<br />

1975 - Galerie Isy Brachot, Bruxelles.<br />

1976 - Galerie Lucien Durand, Paris<br />

1977 - Galerie Lucien Durand, Paris.<br />

Galerie Krikhaar, Amsterdam.<br />

1980 - 39e Bienale di Venezia, Italia.<br />

1981 - Galerie Lucien Durand, Paris.<br />

Galerie Mâcon, Mâcon, France.<br />

Galería Camino Brent, Lima.<br />

1982 - Galería Forum, Lima.<br />

L’Amérique latine à Paris, Grand Palais, Paris.<br />

1984 - Théâtre du Rond-Point, Paris.<br />

1985 - Galería Camino Brent, Lima.<br />

18a Bienal de São Paulo, Brasil.<br />

1986 - CAYC, Buenos Aires.<br />

Museo de Artes Visuales, Montevideo.<br />

1987 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

Galerie d’Art Contemporain, Chamalières.<br />

Château de La Louvière, Montluçon.<br />

1988 - Feurs, France.<br />

La Galería, Quito.<br />

Museo de Arte Italiano, Lima.<br />

1989 - Casa del Moral, Arequipa, Perú.<br />

Casa Ganoza, Trujillo, Perú.<br />

Rétrospective, Musée Henri Boez, Maubeuge.<br />

1990 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

1992 - Retrospectiva Museo Español de Arte Contemporáneo, Madrid.<br />

1993 - Galerie d’Art Contemporain, Chamalières.<br />

Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

1994 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

1995 - Académie Orléans-Tours, Orléans.<br />

Bibliothèque municipale, Tours.<br />

Musée Bertrand, Châteauroux.<br />

A.R.C., Rezé.<br />

1996 - IUFM, Besançon.<br />

Container 96 ‘Art Across Oceans’, Copenhagen.<br />

Maison de la Culture, Bourges.<br />

Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

1997 - Maison du Loir-et-Cher, Blois.<br />

Cellier de Loëns, Chartres.<br />

Arte B.A. 97, Buenos Aires.<br />

Galería de Santi, Buenos Aires.<br />

1998 - Galerie WAM, Caen.<br />

Corderie Royale, Rochefort<br />

1999 - Galerie du Centre, Paris.<br />

Nohra Haime Gallery, New York.<br />

2000 - "Moussem Culturel d’Asilah", Asilah, Maroc.<br />

2000-01 Ralli Museum, Caesarea, Israel.<br />

2001 - Ethnologisches Museum, Berlin.<br />

Ibero-Amerikanisches Institut. Berlin.<br />

Galerie Wam, Caen, France.<br />

Espace Julio Gonzalez, Arcueil, France.<br />

2002 - Maison de l’Amerique latine, Paris<br />

Galerie du Centre, Paris<br />

Centro cultural de la PUCP, Lima.<br />

2003 - ARTPARIS, Carrousel du Louvre, Paris.<br />

2004 - Galerie Le Garage, Orléans.<br />

2005 - Espace Croix-Baragnon, Toulouse.<br />

ST’ART, Strasbourg.<br />

Galerie du Centre, Paris.<br />

Galerie IUFM-Confluence(s), Lyon.<br />

2006 - Galería Dart, Barcelona.<br />

Castillo de Valderrobres, (Musée de Teruel), Espagne.<br />

Musée Beurnier-Rossel, Montbéliard.<br />

Musée du Château des ducs de Wurtemberg, Montbéliard.<br />

2007 - “Mémoires”, IUFM, Rouen, France.<br />

Bibliothèque universitaire, Angers, France.<br />

Galerie Wam, Caen, France.<br />

Espace Saint-Rémi, Bordeaux, France.<br />

Galerie du Fleuve, Paris.<br />

2009 - “Mémoires”, Maison des Arts d'Antony, France.<br />

<strong>2010</strong> - Galería Marta Traba, Sao Paulo, Brésil


Monet à Etretat, mer calme<br />

(Monet et Vélazquez) 2009<br />

Acrílico sobre tela, 150 x 150 cm<br />

61


Principais Bienais e exposições colectivas<br />

1951 - Municipalité de Miraflores, Lima.<br />

1952 - Salon d’Octobre, Paris.<br />

Salon d’Automne, Paris.<br />

1953 - Salon d’Art Libre, Paris.<br />

1967 - Fundación para las Artes, Lima.<br />

1968 - Fundación para las Artes, Lima.<br />

1969 - Réalités Nouvelles, Paris.<br />

1970 - Latin American Paintings and Drawings,<br />

Collection of J. and B. Duncan, Austin, Texas.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

Biennale de Menton, France.<br />

Instituto Italiano-Latinoamericano, Rome.<br />

Salon de Mai, Paris.<br />

Peruvian Painters, London.<br />

1971 - Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

Salon de Mai, Paris.<br />

Bienal Americana de Artes Graficas, Colombia.<br />

1972 - Bienal de Arte Coltejer, Medellín, Colombia.<br />

36e Bienale di Venezia, Italia.<br />

Panorama of Contemporary Latin American<br />

Artists, Lerner-Misrachi Gallery, New York.<br />

Looking South, Latin American Art in New<br />

York Collections, New York.<br />

Latin American Contemporary Art Exhibition,<br />

Contemporary Art Gallery, New York.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

1973 - Xe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Contemporary Latin American Art, University<br />

Art Gallery, Massachusetts.<br />

Quinzaine du Pérou, Bruxelles<br />

1974 - Tercera Bienal de Grabado latinoamericano de<br />

San Juan, Puerto Rico.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

IVe Exposition Internationale de Dessins Originaux,<br />

Rijeka, Yougoslavie.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Frechen, Allemagne.<br />

IXe Biennale Internationale de Gravure, Tokyo-Kyoto.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris<br />

62<br />

1975 - Graphica Creativa, Alvar Aalto Museum, Helsinki.<br />

XIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

XXVIe Salon de la Jeune Peinture, Paris<br />

1976 - Biennale des Arts Graphiques, Frechen, Allemagne.<br />

Bienal Americana de Artes Plásticas, Cali, Colombia.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

1977 - XIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Grafik aus Amerika, Cologne.<br />

Figura 2. Exposition internationale de l’art du livre, Leipzig.<br />

“Lines of Vision”, Recent Latin American Drawings, U.S.A.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

1978 - VIe Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

Graphica Creativa, Finlande<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

1979 - XIIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Expression libre de l’art latino-américain, Bondy, France.<br />

L’Art vivant à Paris, Mairie du 18e arrondissement, Paris<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris<br />

1980 - Œuvres contemporaines des Collections nationales,<br />

Accrochage IV, Centre Georges Pompidou, Paris.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.<br />

Listowel Second International Print Biennal, Listowel, U.K.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

L’Art Vivant à Paris, Paris.<br />

Bienal Americana de Artes Plásticas, Cali, Colombie.<br />

1981 - XIVe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

La Figuration critique, Joinville, France.<br />

L’Art Vivant à Paris, Paris.<br />

1982 - Le Dessin dans les pays boliviens, Ambassade du Pérou, Paris.<br />

“Du Visage au Signe”, Université de Bruxelles, Belgique.<br />

Seventh British International Print Biennal, Bradford, U.K.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

Dessins français contemporains, Musée de la SEITA, Paris, U.S.A.<br />

Canada, etc.<br />

Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.


Il préfère le violon.<br />

(J.A.D. Ingres n’apprécie pas sa descendance), <strong>2010</strong><br />

Acrílico sobre tela, 116 x 90 cm<br />

Mémoire. (Bacon d’après Montgomery), 2007<br />

Acrílico sobre tela, 160 x 130 cm


1983 - XVe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

Concours international du Bicentenaire de Bolivar, Caracas, Venezuela.<br />

“Tel Peintre, Quels Maîtres?”, Galerie ABCD, Paris.<br />

“100 artistes d’Amérique Latine”, Centre culturel de Compiègne<br />

1984 - Primera Bienal de la Habana, Cuba.<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

Semaine culturelle du Pérou, Bordeaux, France.<br />

Salon de Bouffémont, Bouffémont, France.<br />

1985 - “Du Côté d’Ailleurs”, Réfectoire des Jacobins, Toulouse, France.<br />

XVIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Triennale Internationale d’Estampes en Couleur, Bâle, Suisse.<br />

IIIe Concurso de Dibujo, Santiago de Chili, Chili<br />

“Nuevas Vistas”, Wistariahurst Museum, Massachussetts, Etats-Unis<br />

Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />

“L’Autoportrait”, Musée de la SEITA, Paris.<br />

1986 - “Démons et Merveilles”, Exposition latino-américaine, Ivry, France.<br />

Hommage à Julio Cortazar, Espace latino-américain, Paris.<br />

Ninth British International Print Biennal, Bradford, U.K.<br />

Festival d’Art Contemporain 1986, Aulnay/Clermont-Ferrand, France.<br />

“Presencia de Siglos”, Arte latinoamericano, Museo Nacional de<br />

Bellas Artes, Buenos Aires.<br />

Segunda Bienal de La Habana, Cuba<br />

Primera Bienal latinoamericana de Arte sobre Papel, Buenos Aires.<br />

VIIIe Internationale Grafik Biennale, Frechen, Allemagne<br />

Maison de l’Amérique latine à Monaco.<br />

1987 - XVIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg<br />

Intergrafik, Berlin.<br />

Tradition / innovation in Latin American Art, Museum of Contemporany<br />

Hispanic Art, New York.<br />

Peintres et sculpteurs péruviens à Paris, Mairie du 6e Arrondissement, Paris.<br />

VIIIe Internationale Triennale engagierter Grafik in der D.D.R., Verband<br />

Bildender Knstler der D.D.R., Berlin.<br />

1988 - Graphik aus Lateinamerika, Asien & Afrika, Sotheby’s Palais Breuner,<br />

Vienne, Autriche.<br />

Salon d’Octobre, Brie, France.<br />

1989 - Galerie d’Art Contemporain, Chamalières, France.<br />

XVIIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />

Art S.O.S. Arménie, Espace Pierre Cardin, Paris<br />

“Références, citations, mythes, allégories”, MJC Les Hauts de Belleville,<br />

Paris<br />

“Art et Sport”, Mairie du 18e arrondissement, Paris<br />

1991 - XIXe Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art, San Diego, U.S.A.<br />

64<br />

1992 - Art d’Amérique latine 1911-1968, Centre Georges Pompidou, Paris.<br />

Festival international de Biarritz - Cinéma et Cultures d’Amérique latine,<br />

Biarritz<br />

1993 - Hommage à Toulouse-Lautrec, Musée d’Albi, France.<br />

La Triennale des Amériques, Maubeuge, France.<br />

1994 - 3e Triennale mondiale d’estampes, Chamalières, France.<br />

“Palais, Palettes”, C.I.E.S., Paris.<br />

1995 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

XXIe Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />

“Peruanos in Francia”, Centro Cultural Pontificia Universidad Católica del<br />

Perú, Lima, Pérou<br />

1996 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />

1997 - Espace Sculfort, Maubeuge, France.<br />

Museo del Barrio, New York.<br />

Arkansas Art Center, Little Rock, Arkansas.<br />

“Iberoamerica Pinta”, exposición itinerante 1997 - 2000 (Europa, Am. lat., etc.)<br />

Veinte Años de la Galería de Betty Wappenstein, Quito, Equateur<br />

1998 - Archer M. Huntington Art Gallery, Austin, Texas.<br />

Museo de Bellas Artes, Caracas, Venezuela.<br />

Museo de Arte Contemporáneo, Monterrey, México.<br />

1999 - “Etat(s) des lieux”, Musée de Châteauroux, France.<br />

The Miami Art Museum, Miami, Florida.<br />

ART PARIS, Carrousel du Louvre, Paris.<br />

“Silent Things, Secret Things: Still Life from Rembrandt to the Millennium”,<br />

Albuquerque Museum, Albuquerque, N.M.<br />

2000 - “Continental Shift - Artists from Other Continents in Europe”, Ludwig Forum<br />

Aix-la-Chapelle, Maastricht, Liège.<br />

“Pleine Ligne”, Galerie du Centre, Paris.<br />

Salon d’Angers, Angers, France.<br />

2001 - “D’une génération à l’autre...”, Galerie du Centre, Paris.<br />

“Les Chemins du Partage”, La Rochelle, France.<br />

2002 - ST’ART 2002, Strasbourg, France.<br />

2004 - Galerie WAM, Caen, France.<br />

2005 - Galerie du Centre, Paris.<br />

Galerie DART, Barcelone.<br />

2007 - “Humour noir dans les arts plastiques”, Galerie 100 Titres, Bruxelles, puis<br />

Tournai et Spa, France.<br />

Château Prieural, Monsempron-Libos, France.<br />

2008 - “Figurez-vous”, Musée de Soissons, puis Arcueil, France.<br />

2009 - “Mémoires croisées”, Galerie Anne-Marie et Roland Pallade, Lyon, France.<br />

« Ingres et les modernes », Musée Ingres, Montauban, France.<br />

<strong>2010</strong> - «150e anniversaire de la création de l’Angélus par Jean-François Millet »,<br />

Barbizon, France.


Une sélection bibliographique :<br />

• Ouvrages généraux :<br />

ADAMO Amélie, Une histoire de la peinture des années 1980 en France, éd. Klincksieck, Paris, <strong>page</strong>s 100-104<br />

BAYÓN Damián, Artistas Contemporáneos de América Latina, Edicioines del Serbal/UNESCO, Paris-Barcelona, 1981, <strong>page</strong>s 51-52<br />

BAYÓN Damián et PONTUAL Roberto, La peinture de l’Amérique latine au XXe siècle, Editions Menges, Paris, 1990<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, La ville dans l’art, éd. Cercle d’Art, Paris 2000, <strong>page</strong>s 200-202<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, La Nouvelle Figuration, éd. Cercle d’Art, Paris, 2003, <strong>page</strong>s 138-141 ; 169 ; 219<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, La Figuration narrative, éd. Cercle d’art, Paris, 2005, <strong>page</strong> 14<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, Peinture et Photographie, éd. Du Chêne - Hachette Livre, 2007, <strong>page</strong>s 212-215<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, Les théories de l’art, philosophie, critique et histoire de l’art de Platon à nos jours, éd. Vuibert, Paris, 2007, <strong>page</strong> 42<br />

CHALUMEAU Jean-Luc, Coca-Cola dans l’art, éd. Du Chêne, Paris, 2008<br />

GAUSSEN Frédéric, Le peintre et son atelier, éd. Parigramme, Evreux<br />

HAYTER William Stanley, New Ways of Gravure, ed. rev., Watson Guptill Publishing, New York, 1981, <strong>page</strong>s 98-100<br />

JOUFFROY Alain, XXe siècle, essais sur l’art moderne et d’avant-garde, éd. Fage, Lyon, 2008, <strong>page</strong>s 159-161<br />

KULTERMANN Udo, Neue Formen des Bildes, Ed. Wasmuth, Tübingen, 1975, <strong>page</strong>s 27-28<br />

LUCIE-SMITH Edward, L’art aujourd’hui, Phaidon Press, London, UK, 1995, <strong>page</strong>s 367-369<br />

XURIGUERA Gérard, Le pastel/l’aquarelle dans l’art contemporain, éds. Mayer, Paris, 1987, p.74<br />

Braun-Vega, monographie, Editions d’Art Somogy, Paris, 2002<br />

Dictionnaire de l’Art moderne et contemporain, Editions Hazan, Paris, 1992, <strong>page</strong> 92<br />

Supplement au Grand Larousse Universel, Paris, France, 1992, <strong>page</strong> 295<br />

• Catalogues d’expositions :<br />

<strong>Herman</strong> Braun, peintures acryliques, Galerie 9, Paris, 1969 (texte d’<strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>)<br />

Paysages-Mémoires, peintures acryliques, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, maison internationale du théâtre Renaud-Barrault,<br />

Théâtre du rond-point, Paris, 1984 (texte de Jean-Luc CHALUMEAU)<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega, Rétrospective 1963-1987, académie internationale des arts, lettres et sciences, château de la Louvière,<br />

Montluçon, novembre décembre 1987 (textes de Philippe CALONI, John CANADAY, Jean-Luc CHALUMEAU, Alain JOUFFROY, SLOBO)<br />

Braun-Vega, mémoires dénudées, galerie Pascal Gabert, Paris, 1987 (textes de Julio Ramon Ribeyro)<br />

Braun-Vega, rétrospective 1950-1989, musée de Maubeuge, salle des fêtes, Sous-le-bois, éd. Association Idem + arts, Maubeuge,<br />

1989 (textes de Jean-Clarence LAMBERT, Jean-Jacques LÉVÈQUE, John CANADAY, William D.CASE, Alain JOUFFROY,<br />

Maiten BOUISSET, Rodolfo HINOSTROZA, Julio Ramon RIBEYRO)<br />

Braun-Vega, Peru/España, Memorias al desnudo, peintures et dessins ; Natures mortes, peintures 1993, galerie Pascal Gabert, Paris,<br />

1994 (texte d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega, entretien entre l’artiste et Jorge SEMPRUN, Eduardo ARROYO)<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega, synchretic pictures, galerie Nohra Haime, New-York, 1999<br />

Braun-Vega, peintures et dessins, 1995-1996 (textes de Rodolfo HINOSTROZA, entretien entre <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>,<br />

Eduardo ARROYO et Jorge SEMPRUN, Alfredo Bryce ECHENIQUE, Leslie LEE, Patrick FOURNERET,<br />

Jean-Luc CHALUMEAU, Jean-Pierre VAN THIEGEM, Julio Ramon RIBEYRO, Alain IRLANDES)<br />

Braun-Vega, galerie IUFM Confluences, Lyon, Galerie du centre, Paris, 2005 (texte de Jean-Luc CHALUMEAU)<br />

<strong>Herman</strong> Braun-Vega : Perú/España, memorias al desnudo, catalogo editado por el Ministerio de la Cultura de España,<br />

Madrid, 1992, (textos Jorge SEMPRUN, Eduardo ARROYO, Rodolfo HINOSTROZA, Julio Ramon RIBEYRO, Alfredo Bryce ECHENIQUE, Leslie LEE)<br />

Silent Things, Secret Things: Still Life from Rembrandt to the Millennium, The Albuquerque Museum, Albuquerque, 1999, <strong>page</strong>s 34-35 (texte de Peter FRANK)<br />

Ingres et les modernes, éd. Somogy, Paris/ musée Ingres, Montauban/ Musée des Beaux Arts du Québec, 2009, <strong>page</strong>s 52-56 ; 140 ; 264-265 ; 147 ; 264<br />

Braun-Vega Mémoires, Maison des Arts d’Antony, 2009 (textes d’<strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> et Lauro CAPDEVILA)<br />

65


• Travaux universitaires :<br />

BESSIÈRE Bernard et Christiane, et MÉGEVAND Sylvie, La peinture hispano-américaine, éd. Du Temps, Nantes, 2008, <strong>page</strong>s 260-274<br />

D’AVERSA Rémy, « Métissage et intericonicité dans l’œuvre d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega », dans Rencontres et construction des identités,<br />

Espagne et Amérique latine, actes du colloque des 25, 26 et 27 mars 2004, sous la direction de Jacques SOUBEYROUX,<br />

Cahiers du GRIAS, Publications de l’Université de Saint-Etienne, Saint-Etienne, 2004, <strong>page</strong>s 247-256<br />

D’AVERSA Rémy, La peinture intericonique d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega, variation autour des « Ménines » de Vélasquez<br />

et du « Déjeuner sur l’herbe » de Manet en cinq tableaux, mémoire de maîtrise d’Espagnol,<br />

sous la direction de monsieur Edgard SAMPER, Université Jean Monnet, Saint-Etienne, 2002-2003<br />

GEENENS Jessie, La interpicturalidad en la obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega : dos influencias españolas : Velásquez y Goya,<br />

mémoire de MASTER I, études hispaniques, sous la direction de Sylvie MÉGEVAND, Université de Toulouse Le Mirail, Juin 2006<br />

GEENENS Jessie, L’interpicturalité dans l’œuvre d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega : une interprétation alternative de la violence politique au Pérou,<br />

mémoire de MASTER II « Espaces, Sociétés, Cultures en Amérique Latine », sous la direction de Sylvie MÉGEVAND<br />

et Modesta SUÁREZ, Université de Toulouse Le Mirail, 2007<br />

MÉGEVAND Sylvie, « Ne pas peindre pour ne rien dire, l’écrit dans quelques tableaux de <strong>Herman</strong> Braun-Vega » dans Transitions,<br />

transgressions dans l’iconographie hispanique moderne et contemporaine, coll. Hispania, éd. Lansman, Belgique, 2006, <strong>page</strong>s 11-18<br />

MORICE Nathalie, La Memoria cultural y la Memoria politico-social en la pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, mémoire de maîtrise d’Espagnol,<br />

sous la direction de Monsieur Fabrice Parisot, Université de Nice Sophia-Antipolis, Septembre 2004<br />

SAMPER Edgard et CARVALLO Fernando, « Présentation et entretien avec <strong>Herman</strong> Braun-Vega. Commentaires de 6 tableaux récents »,<br />

dans Rencontres et construction des identités, Espagne et Amérique latine, opus cité, <strong>page</strong>s 257-269<br />

• Ouvrages pédagogiques :<br />

Espagnol, classe de Terminale, éd. Didier, Paris, 1987, <strong>page</strong>s 116-117<br />

Lengua y vida, classes Terminales, éd. Classique Hachette, Paris, 1984, <strong>page</strong> 133<br />

Espagnol, première, éd. Bordas, Paris, 1988, <strong>page</strong> 93<br />

Espagnol, seconde année, éd. Bordas, Paris, 1989, <strong>page</strong> 121<br />

Images et langage, cinéma et enseignement de l’espagnol, seconde, première, classes terminales,<br />

première année de l’enseignement supérieur, éd. Didier, Paris, 1991<br />

Espagnol, Quatrième, seconde langue, éd. Nathan, Paris, 1991, <strong>page</strong> 169<br />

Espagnol, Troisième, seconde langue, éd. Nathan, Paris, 1992, <strong>page</strong> 71<br />

Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1992, <strong>page</strong> 132<br />

Espagnol, classe de Terminale, éd. Didier, Paris, 1992, <strong>page</strong>s 317-321<br />

Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1994, <strong>page</strong> 424<br />

Espagnol, Premières, éd. Nathan, Paris, 1994, <strong>page</strong> 141<br />

Espagnol, Terminale, éd. Didier, Paris, 1995, <strong>page</strong> 583<br />

Espagnol, Terminales, éd. Nathan, Paris, 1995, <strong>page</strong> 117<br />

Espagnol Seconde, éd. Delagrave, Paris, 1997, <strong>page</strong> 122<br />

Espagnol, Seconde année, éd. Bordas, Paris, 1997, <strong>page</strong> 139<br />

Espagnol, Seconde, Première, Langue vivante 3 et section STT, éd. Didier, Paris, 1998, <strong>page</strong> 207<br />

Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1999, <strong>page</strong> 30<br />

Espagnol, Terminales, éd. Didier, Paris, 2000, <strong>page</strong> 140<br />

Espagnol, Première, éd. Hatier, Paris, 2002, <strong>page</strong> 77<br />

Ventanas, curso intermedio de lengua española, lecturas, éd. Vista, Boston, 2003, <strong>page</strong> 62<br />

Espagnol, classe Terminale, éd. Didier, Paris, 2005, <strong>page</strong> 195<br />

Espagnol, Annabac, toutes séries, éd. Hatier, Paris, 2006, <strong>page</strong> 256<br />

Espagnol, Terminale, éd. Hachette éducation, Paris, 2006, <strong>page</strong> 33<br />

Espagnol, classe de Terminale, éd. Hatier, Paris, 2007, <strong>page</strong> 63<br />

Espagnol, classe Terminale, éd. Hachette éducation, Paris, 2008, <strong>page</strong> 67<br />

Espagnol, seconde, éd. Nathan, Paris, 2009<br />

66


A fotogravura foi realizada por<br />

Regard Numérique. Montrouge (França)<br />

TRADUTORES<br />

Português/francês : Tatiana SILVA-ROUX<br />

Inglês : Carol-Ann HOLZBERGER-<strong>BRAUN</strong><br />

Espanhol/francês: Herbert <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong><br />

FOTÓGRAFOS<br />

Baldomero PESTANA : Pág. 15-21<br />

Patrice MAURIN-BERTIER : Pág. 25-30-31-45-60-61-62-63-64-66<br />

Christian Mc MANUS : Pág. 4-23-25-27-37-44-56-57-58-59-61-63<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!