couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
couv 2010:couv 2010, page 1 @ Preflight - Herman BRAUN-VEGA
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>
www.braun-vega.com
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong><br />
Pinturas e Desenhos 1984-<strong>2010</strong><br />
MEMÓRIAS E FILIAÇÕES<br />
MEMORIAS Y FILIACIONES<br />
MEMOIRES ET FILIATIONS<br />
MEMORIES AND LINEAGE<br />
GALERIA MARTA TRABA<br />
28/10 a 5/12 - <strong>2010</strong><br />
Fundação Memorial da América Latina<br />
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda, São Paulo, SP CEP 01156-001<br />
http://www.memorial.sp.gov.br
cat <strong>2010</strong>:cat Braun-Vega 13/10/10 17:10 Page 6<br />
6<br />
REPÚBLICA DO PERU<br />
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA<br />
Presidente ALAN GARCÍA PÉREZ<br />
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES<br />
Ministro JOSÉ A. GARCÍA BELAÚNDE<br />
EMBAIXADA DO PERU NO BRASIL<br />
Embaixador RICARDO GHIBELLINI<br />
CONSULADO GERAL DO PERU EM SÃO PAULO<br />
Embaixador JAIME STIGLICH<br />
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />
Governador ALBERTO GOLDMAN<br />
SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS<br />
Secretário ALMINO AFFONSO<br />
FUNDAÇÃO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA<br />
Presidente FERNANDO LEÇA<br />
EXPOSIÇÃO <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> - PINTURAS E DESENHOS 1984-<strong>2010</strong> - MEMÓRIAS E FILIAÇÕES<br />
FERNANDO CALVOZO<br />
Diretor de Atividades Culturais / Coordenação<br />
ÂNGELA BARBOUR<br />
Gerente Galeria Marta Traba / Curadoria e Produção Executiva<br />
EQUIPE TÉCNICA<br />
Guadalupe Avirá, Ananias Barbosa, Lucas Schlosinski, Alan Coratto e Diogo Machado<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Senhor e Senhora LEBLANC-LE MANS - Senhor e senhora RENARD-PANER - Senhor e senhora ROGER-ALAIN
Sumário<br />
Sumario<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />
Embaixador Ricardo Ghibellini Embaixador Jaime Stiglich<br />
Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EN SAO PAULO<br />
Memorial recebe Braun-Vega<br />
El Memorial acoge a Braun-Vega<br />
A obra na imaginação - Encontro no Ateliê<br />
Una obra de la imaginación - Encuentro en el Taller<br />
Braun-Vega : uma linguagem, vários estilos<br />
Braun-Vega: un lenguaje, varios estilos<br />
Quem somos ? De onde viemos ?<br />
¿ Quienes somos ?¿ De donde venimos ?<br />
Memórias & filiações Entrevista com Lauro Capdevila<br />
Memorias y filiaciones Diálogo con Lauro Capdevila<br />
Fronteira de culturas Conversa com Fernando Carvallo<br />
Frontera de culturas Conversación con Fernando Carvallo<br />
8<br />
10<br />
12<br />
14<br />
22<br />
24<br />
46<br />
Sommaire<br />
Contents<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> à SÃO PAULO<br />
Embaixador Ricardo Ghibellini Embaixador Jaime Stiglich<br />
Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> in SAO PAOLO<br />
Le Mémorial accueille Braun-Vega<br />
The Memorial hosts Braun-Vega<br />
L’œuvre dans l’imagination - Rencontre à l’Atelier<br />
Imagination at Work - A Studio Visit<br />
Braun-Vega : un langage, des styles<br />
Braun-Vega : one language, many styles.<br />
Qui sommes nous ? D’où venons nous ?<br />
Who are we ?Where do we come from?<br />
Mémoires & filiations Entretien avec Lauro Capdevila<br />
Memories & lineage Interview with Lauro Capdevilla<br />
Frontière de cultures Conversation avec Fernando Carvallo<br />
Cultural Frontiers Conversation with Fernando Carvallo<br />
7
P<br />
HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />
F<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> à SÃO PAULO<br />
8<br />
Embaixador Ricardo Ghibellin Embaixador Jaime Stiglich<br />
Embaixada do Peru no Brasil Cônsul Geral do Peru em São Paulo<br />
Para a Embaixada do Peru no Brasil e para o Consulado Geral do Peru em São Paulo é uma grande honra co-patrocinar a realização, junto com a Fundação<br />
Memorial da América Latina, da exposição retrospectiva da obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, no espaço da Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana, do<br />
Memorial, na cidade de São Paulo.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega é um peruano ilustre e universal, com um profundo conhecimento da tradição artística ocidental, confrontando-a e recriando-a com<br />
realidades características de nossa terra.<br />
A obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega é uma luz especial dentro da Expo Peru <strong>2010</strong>, uma exposição que traz ao público brasileiro os atrativos, recursos e potencialidades<br />
do Peru. Expressada em mostras de música, gastronomia, arte popular, produção bibliográfica, história; assim como as oportunidades comerciais e as<br />
ofertas em turismo e investimentos, este evento reflete a nação moderna com claras raízes milenares que é o Peru atual, outorgando um maior conteúdo a uma<br />
frutífera relação bilateral, a qual será selada com a significativa presença dos chefes de Estado de nossos países.<br />
A exposição de Braun-Vega constitui, sem sombra de dúvida, uma presença decisiva nesta apresentação do Peru, que como o artista, caminha para a modernidade<br />
com uma visão própria e abrangente, que integra tempos e modos.<br />
Além disso, por feliz coincidência, esta exposição faz parte da programação paralela da Bienal Internacional de São Paulo, e seguramente terá ainda mais eco e<br />
reconhecimento que em sua primeira aparição na edição de 1985, quando foi uma das obras mais comentadas pela imprensa e aclamadas pelo público.<br />
À Fundação Memorial da América Latina e à Galeria Marta Traba, nosso mais profundo agradecimento por fazer possível a presença deste artista, genial intérprete<br />
de nosso mundo.<br />
Ambassadeur Ricardo Ghibellin Ambassadeur Jaime Stiglich<br />
Ambassadeur du Pérou au Brésil Consul général du Pérou à São Paulo<br />
Pour l'ambassade du Pérou au Brésil et le Consulat Général du Pérou à Sao Paulo, ainsi que la Fondation Mémorial de l'Amérique Latine, est un grand<br />
honneur de co-parrainer l'exposition rétrospective de l'œuvre de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, dans l'espace Galerie Marta Traba à São Paulo.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega est um Péruvien éminent et universel, profond connaisseur de la tradition artistique occidentale qu’il confronte aux réalités caractéristiques<br />
de notre terre dans um processus de recréation.<br />
Le travail de <strong>Herman</strong> Braun-Vega est une lumière particulièrement brillante dans l'Expo Pérou <strong>2010</strong>, une exposition qui apporte au public brésilien, les attractions,<br />
les ressources et le potentiel du Pérou. Exprimé en spectacles de musique, de gastronomie, d’art populaire, de production de littérature, d'histoire, ainsi<br />
que des occasions d'affaires; aussi comme des opportunités commerciales et possibilités d’investissement dans le tourisme. Cet événement reflète la nation moderne<br />
de racines millénaires qui est maintenant le Pérou et donne plus de substance une relation bilatérale fructueuse, qui sera scellée par la présence importante<br />
de chefs d'Etat de nos pays.<br />
L'exposition de Braun-Vega est sans aucun doute une présence décisive dans cette présentation du Pérou, qui, comme artiste entre dans la modernité avec une<br />
vision unique et globale, qui inclut les temps et modes.<br />
En outre, par une heureuse coïncidence, cette exposition s'inscrit dans le cadre du programme parallèle de la Biennale internationale de Sao Paulo, qui ne manquera<br />
pas faire d'écho à la reconnaissance de sa première participation dans l'édition de 1985, quand il a été l'un de plus commentés par la presse et acclamé<br />
par le public.<br />
A la Fondation Mémorial de l'Amérique Latine et à la Galerie Marta Traba notre profonde gratitude pour avoir rendu possible la présence de cet artiste, brillant<br />
interprète de notre monde.
HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> EM SÃO PAULO<br />
Para la Embajada del Perú en Brasil y el Consulado General del Perú en São Paulo es un gran honor presentar, junto con la Fundación Memorial de América<br />
Latina, la exposición retrospectiva de la obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega en la Galería Marta Traba Del Memorial de América Latina en la ciudad de São Paulo.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega es un peruano ilustre y universal, con un profundo conocimiento de la tradición artística occidental, la que confronta y recrea con<br />
realidades<br />
Es<br />
características de nuestra tierra.<br />
La obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega es una luz especialmente brillante dentro de la Expo Perú <strong>2010</strong>, una exposición que trae al público brasilero los atractivos,<br />
recursos y potencialidades del Perú. Expresada en muestras de música, gastronomía, arte popular, producción bibliográfica, historia; así como las oportunidades<br />
comerciales y las ofertas em turismo e inversiones, este evento refleja la nación moderna y con claras raíces milenárias que es el Perú actual y otorga mayor contenido<br />
a una fructífera relación bilateral, la que será sellada con la significativa presencia de los jefes de Estado de nuestros países.<br />
La exposición de Braun-Vega constituye sin dudas una presencia decisiva en esta presentación del Perú, el que, al igual que el artista, camina hacia la modernidad<br />
con uma visión propia y abarcadora, que integra tiempos y modos.<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> IN SAO PAOLO<br />
Embajador Ricardo Ghibellini Embajador Jaime Stiglich<br />
Embajador del Perú en Brasil Cónsul General del Perú en São Paulo<br />
Además, y por feliz coincidencia, esta exposición forma parte de la programación paralela de la Bienal Internacional de São Paulo, la que seguramente tendrá<br />
aún mayor eco y reconocimiento que en su primera aparición en la edición de 1985, cuando fue una de las obras más comentada por la prensa y alabada por<br />
el público.<br />
A la Fundación Memorial de América Latina y la Galería Marta Traba nuestro más profundo agradecimiento por hacer posible la presencia de este artista,<br />
genial interpretador de nuestro mundo.<br />
Ambassador Ricardo Ghibellini Ambassador Jaime Stiglich<br />
Embassy of Peru, Brazil General Consul of Peru, Sao Paolo, Brazil<br />
The Embassy of Peru and the Consulate of Peru in Sao Paolo have the great honor of presenting a retrospective of the work of <strong>Herman</strong> Braun-Vega at the<br />
Marta Traba Galery, the Latin America Memorial Foundation, Sao Paolo.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega is an eminent Peruvian of universal scope, with a deep knowledge of western artistic traditions that he apposes to the shifting realities of<br />
a<br />
En<br />
world in constant renewal. The show of <strong>Herman</strong> Braun-Vega’s work brings a special aura to Expo Peru <strong>2010</strong>, an event that presents to the Brazilian public<br />
the latest in Peruvian music, gastronomy, popular arts, publishing, industry as well as venues in tourism, business and finance, that collectively reflect a modern<br />
nation with ancestral roots stretching back thousands of years. The event gives additional weight to fruitful bilateral relations, sealed today by the presence of<br />
heads of state from the two countries.<br />
Braun-Vega’s show is without a doubt a distinctive feature of this exposition on Peru, a country that, like the artist’s work, is marching towards modernity with<br />
its own global and synthetic vision, integrating disparate epochs and frames of mind.<br />
It is moreover a wonderful coincidence that this show shares the calendar with the Sao Paolo Art Biennale, bringing even greater resonance to a body of work<br />
that, when it was first presented there in 1985, was profusely commented on by the press and appreciated by the public at large.<br />
We wish to express our deepest gratitude to the Latin American Memorial Foundation and to the Marta Traba Gallery for presenting the work of this artist,<br />
brilliant interpreter of today’s world.<br />
9
P<br />
Memorial recebe Braun-Vega<br />
Em seus 21 anos de existência, o Memorial da América Latina tem promovido a difusão da arte e da cultura mais representativas da contemporaneidade<br />
latino-americana, tendo mostrado a produção de artistas da maior importância, como ocorre agora, quando se realiza a 29ª. Bienal Internacional de São<br />
Paulo e o seu entorno, o São Paulo POLO de Arte Contemporânea, integrado por esta Fundação.<br />
Neste quadro e graças à cooperação do Governo do Peru, através de sua Embaixada no Brasil e do Consulado Geral em São Paulo, fez-se possível trazer<br />
novamente ao Brasil a obra do consagrado artista peruano, residente em Paris, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, por ocasião do evento EXPO PERU-<strong>2010</strong>, que<br />
se realiza em novembro, no Memorial.<br />
Ele esteve aqui em 1985 e teve destacada participação na 18ª. Bienal. Em seu livro “As Bienais / 1951-1987”, a crítica de arte e editora do Memorial<br />
Leonor Amarante, salienta: Nem só de neo-expressionismo se sustentou a 18a Bienal. Foi justamente fora da Grande tela que a pintura obteve sucesso de<br />
público, com as telas do peruano Braun-Vega. Bem-humorado e irônico apropriava-se de quadros de artistas famosos, como Manet, e introduzia novos<br />
personagens. Em Déjeuner sur l'Herbe, do impressionista francês, colocou Picasso acompanhado de Velásquez. Com a Lição de Anatomia, de Rembrandt<br />
seu discurso assumiu inusitada conotação política.<br />
Vinte e cinco anos depois de sua passagem pela Bienal São Paulo, temos a grande satisfação de ver sua obra na Galeria Marta Traba. Acrescida de uma<br />
parte absolutamente inédita para os paulistanos, revisitamos o percurso traçado por este brilhante artista. Além disso, ele próprio dirigirá ações educativas<br />
com os visitantes.<br />
A Fundação Memorial se sente orgulhosa de apresentar a exposição de Braun-Vega, que nos lega ainda um maravilhoso catálogo, no qual registra em<br />
quatro idiomas, seus procedimentos de criação.<br />
F<br />
Le Mémorial accueille Braun-Vega<br />
10<br />
Fernando Leça<br />
Presidente da Fundação Memorial da América Latina<br />
Fernando Leça<br />
Président de la Fundação Memorial da América Latina<br />
Depuis ses 21 ans d’existence, le Memorial da América Latina diffuse l’art et la culture représentatifs de la contemporanéité latino-américaine, comme maintenant, avec l’organisation<br />
de la 29e Biennale Internacional de São Paulo et le POLO d’Art Contemporain de São Paulo, toutes deux vitrines pour la production d’artistes du plus haut niveau.<br />
Dans ce cadre, grâce à la collaboration du Gouvernement du Pérou via son Ambassade au Brésil et le Consulat Général à Sao Paulo et à l’occasion de l’événement EXPO PERU<br />
- <strong>2010</strong> à la Fondation en novembre, nous avons l’occasion d’amener à nouveau au Brésil l’œuvre de l’artiste renommé, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, péruvien résident à Paris.<br />
Déjà remarqué lors de la 18e Biennale, Braun-Vega visite Sao Paulo en 1985. La critique d’art et curatrice du Mémorial, Leonor Amarante, relate l’événement dans son livre<br />
« As Bienais / 1951-1987 » : « La 18e Biennale n’a pas été composée seulement d’oeuvres néo-expressionnistes. C’est justement en marge de l’allée des Grandes Toiles que la<br />
peinture a obtenu du succès auprès du public, avec les œuvres du péruvien Braun-Vega. En bonne humeur et non sans ironie, il s’est approprié de tableaux d’artistes connus,<br />
comme Manet, pour y introduire de nouveaux personnages. Dans Déjeuner sur l’Herbe, de l’impressionniste français, il peint du Picasso accompagné de Vélasquez. Avec la<br />
Leçon d’Anatomie, de Rembrandt, son discours prend une connotation politique inattendue. »<br />
Vingt-cinq ans après son passage à la biennale de Sao Paulo, c’est avec une grande satisfaction que nous redé<strong>couv</strong>rons son œuvre à la Galerie Marta Traba. L'exposition, enrichie<br />
d’une partie absolument inédite pour les habitants de Sao Paulo, permet de revisiter le parcours tracé par ce remarquable artiste. En parallèle, l’artiste mènera des activités<br />
pédagogiques avec les visiteurs.<br />
La Fundação Memorial se sent fière de présenter l’exposition de Braun-Vega qui nous lègue en plus un merveilleux catalogue, dans lequel il témoigne,<br />
en quatre langues, ses procédés de création.
El Memorial acoge a Braun-Vega<br />
En sus 21 años de existencia, el Memorial de América Latina ha promovido la difusión de las obras más representativas del arte y la cultura<br />
contemporánea de América Latina, exhibiendo la producción de artistas de la mayor importancia, como ocurre ahora, cuando se realiza la<br />
29a Bienal Internacional de Sao Paulo y, en su entorno, el Sao Paulo POLO del Arte Contemporáneo, del que forma parte esta Fundación.<br />
Es<br />
En este marco y gracias a la cooperación del Gobierno del Perú, a través de su Embajada en Brasil y de su Consulado General en Sao Paulo,<br />
ha sido posible traer de nuevo a Brasil la obra de HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, consagrado artista peruano residente en París, con motivo del<br />
evento EXPO PERÚ-<strong>2010</strong>, que se realizará en noviembre en el Memorial.<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> ya estuvo aquí en 1985 y tuvo una destacada participación en la 18a Bienal. En su libro "La Bienal / 1951-1987", la crítico de<br />
arte, y directora del Memorial, Leonor Amarante, subraya:<br />
“La 18a Bienal no sólo se consagró al neoexpresionismo. Fue precisamente al margen de los Grandes Lienzos que la pintura tuvo éxito con<br />
The Memorial hosts Braun-Vega<br />
Fernando Leça<br />
Presidente de la Fundación Memorial de América Latina<br />
el público, con los cuadros del peruano Braun-Vega, que con humor e ironía se apropia de telas de artistas famosos como Manet e introduce<br />
en ellas nuevos personajes. En el Déjeuner sur l'Herbe, del impresionista francés, coloca a Picasso acompañado de Velázquez. Y en la<br />
Lección de anatomía, de Rembrandt, su discurso asume una inusual connotación política”.<br />
Así, 25 después de su paso por la Bienal de Sao Paulo, tendremos la gran satisfacción de ver en la Galería Marta Traba la obra de <strong>BRAUN</strong>-<br />
<strong>VEGA</strong>, enriquecida por una sección absolutamente inédita para los paulistas, lo que nos permitirá revisitar el recorrido de este brillante<br />
artista, quien estará presente y dirigirá personalmente algunas actividades educativas a la intención de los visitantes.<br />
La Fundación Memorial se enorgullece en presentar la exposición de <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, que además nos dejará como legado un excepcional<br />
catálogo, que registra, en cuatro idiomas, sus procedimientos creativos.<br />
Fernando Leça<br />
President of the Latin American Memorial Foundation<br />
Heralded by the Latin American Memorial Foundation over the past 21 years, the 29th International Biennale of Sao Paolo, along with the POLO of Contemporary<br />
Art, Sao Paolo, have been privileged venues for showcasing the work of major artists and displaying the art and culture most representative of contemporary Latin-America.<br />
In this framework and in collaboration with the government of Peru, thanks to its Embassy in Brazil and the General Consulate in Sao Paolo, we have once again been<br />
En<br />
able to bring to Brazil the work of the re-known Paris-based Peruvian artist, HERMAN <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, scheduled for November at the Memorial during EXPO PERU – <strong>2010</strong>.<br />
An outstanding participant of the 18th Biennale, Braun-Vega first came to Sao Paolo in 1985.<br />
The Memorial’s art critic and editor, Leonor Amarante, spot-lights the artist in her book, “As Bienais / 1951-1987”:<br />
“The 18th Biennale did not feature neo-expressionists alone. Far from the line-up of “Big Canvasses”, the work of the Peruvian artist Braun-Vega stole the public’s<br />
attention. With a dash of humor and irony, he introduced entirely new figures into compositions appropriated from well-known artists such as Manet, for example. His<br />
“Déjeuner sur L’Herbe”, inspired by Manet, includes Picasso, accompanied by Velasquez. With the “Anatomy Lesson,” taken from Rembrandt, his narrative takes on<br />
unexpected political overtones.”<br />
25 years after his passage at the Sao Paolo Biennale, it is a joy to rediscover Braun Vega’s oeuvre at the Marta Traba Gallery. It is an occasion to retrace the course of this<br />
remarkable artist’s career, renewed by works totally un-known to the public of Sao Paolo. Pedagogical activities for visitors, lead by the artist himself, are also planned.<br />
The Memorial Foundation is proud to present the work of Braun-Vega, accompanied by a marvelous catalogue in four languages, in which he explains his creative process.<br />
11
P<br />
A obra na imaginação<br />
Desde a 18.a Bienal Internacional de São Paulo, quando conhecemos a obra de Braun-Vega, ela povoa nossa imaginação com cores vivas, com uma mistura<br />
fantástica de temas de grandes mestres, de uma técnica impecável, entre o acrílico, colagens e movimentos que impressionam.<br />
Ver sua obra reunida, é um grande sonho que torna-se realidade. Acreditamos que a mostra desse talento peruano marcará a história das Artes na cidade de São Paulo.<br />
Ângela Barbour - Curadora da Mostra<br />
Gerente da Galeria Marta Traba<br />
Encontro no Ateliê<br />
Estar com o artista <strong>Herman</strong> Braun-Vega, este verão em Paris, e ver as obras que seriam exibidas na Galeria Marta Traba, constituiu-se uma experiência impressionante.<br />
Tecer contato pessoal com o coração de seu trabalho: o Ateliê do artista.<br />
O percurso até o destino, prenunciava abandonar a agitação da Paris turística, que aos poucos se diluía na paisagem contemplada nas janelas do trem.<br />
Na mente a lembrança de outra viagem, à Auvers Sur Oise, onde Van Gogh produziu seus últimos trabalhos. Experimentar lugares de artistas tem para mim uma força incomum.<br />
Na calma Arcueil, em uma casa absolutamente planejada para a criação artística, encontro Braun-Vega e sua obra. Estar com um grande mestre das artes,<br />
é em si só, uma dádiva.<br />
Este afastamento era necessário, pois <strong>Herman</strong>, além de ser um artista de nosso tempo absolutamente conectado e profundo conhecedor da História e das<br />
Artes, é também um pensador, e seu trabalho espelha um processo de recolhimento e reflexão, essenciais ao processo criador.<br />
No ateliê, percorremos salas repletas de obras, especialmente dispostas para minha visita, sob uma luz natural, pensada para a real percepção de suas cores e matizes.<br />
Degustar suas obras e cada palavra de <strong>Herman</strong> ao discorrer sobre elas, marcou expressivamente um processo curatorial, que originou-se na Fundação Memorial<br />
em ocasião de visita ao Peru em 2007, como embrionário desta mostra que agora se apresenta.<br />
F<br />
L’œuvre dans l’imagination<br />
Fernando Calvozo<br />
Diretor de Atividades Culturais<br />
Fernando Calvozo<br />
Directeur d’Activités Culturelles<br />
Depuis la 18ème Biennale Internationale de Sao Paulo, quand nous avons connu l’œuvre de Braun-Vega, elle habite notre imagination avec des couleurs vives,<br />
avec un mélange fantastique de thèmes de grands maîtres, d’une technique impeccable, entre l’acrylique, des collages et des mouvements qu’impressionnent.<br />
Voir son œuvre rassemblée est un grand rêve qui devient réalité. Nous croyons que l’exposition de ce talent péruvien marquera l’histoire des arts de la ville de Sao Paulo.<br />
Angela Barbour – Curatrice<br />
Visite d’Atelier<br />
Gérante, galerie Marta Traba.<br />
Avoir été avec l’artiste <strong>Herman</strong> Braun-Vega cet été à Paris afin de voir les œuvres bientôt exposées à la Galerie Marta Traba, n'a pas seulement été une<br />
expérience impressionnante mais aussi l'occasion de tisser un contact personnel avec le cœur de son travail, dans l’Atelier de l’artiste.<br />
Le paysage qui peu à peu se diluait derrière les fenêtres du train durant le trajet me préparait à abandonner l’agitation du Paris touristique. Cela me rappelait<br />
aussi le souvenir d’un autre voyage, à Auvers-sur-Oise, là où Van Gogh a réalisé ses derniers travaux. Faire l'expérience des lieux d’artistes représente, pour<br />
moi, un moment extrêmement fort.<br />
C’est ainsi qu’au sein d’une maison absolument planifiée pour la création artistique, dans le tranquille Arcueil, que je rencontre Braun-Vega et son œuvre.<br />
Être avec un grand maître des arts est, en soi, un don du ciel.<br />
Il était important d’être loin de tout, puisque <strong>Herman</strong>, en plus d’être un artiste de notre temps absolument connecté au monde d'aujourd'hui et un connaisseur profond<br />
de l’Histoire de l'Art, est un penseur. Cela se réfléchit dans son travail, qui en retour révèle un processus réflexif, en lien avec un processus créatif plus large.<br />
Dans l’atelier, sous une lumière naturelle de façon à révéler leurs vraies couleurs et nuances, nous avons parcouru des salles remplies d’œuvres spécialement disposées<br />
pour ma visite.<br />
Le plaisir pris à voir ces œuvres et chaque mot d’<strong>Herman</strong> à leur propos, ont contribué à la genèse d’une vision éditoriale né en 2007 à l’occasion d’une<br />
visite à la Fondation Mémorial au Pérou. Elle trouve sa pleine expression dans l'exposition actuelle.
Una obra de la imaginación<br />
Es<br />
Encuentro en el Taller<br />
En<br />
A Studio Visit<br />
Fernando Calvozo<br />
Director de Actividades Culturales<br />
Desde la 18a Bienal Internacional de Sao Paulo, cuando la conocimos, la obra de <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> llena nuestra imaginación de colores vivos,<br />
de una fantástica combinación de temas de grandes maestros con una técnica impecable, que incluye el acrílico, el collage y un movimiento que impresiona.<br />
Ver el conjunto de su obra era un gran sueño que ahora se convierte en realidad. Creemos que la exposición de este talento peruano marcará<br />
la historia del arte de la ciudad de Sao Paulo.<br />
Angela Barbour - Curadora de la exposición<br />
Gerente de la Galería Marta Traba<br />
Estar con el artista <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>, en París, este verano, y ver las obras que van a exhibirse en la Galería Marta Traba fue una experiencia impresionante: tejer el contacto<br />
personal con el corazón de su trabajo, con el taller mismo del artista.<br />
Ir hasta nuestro destino significaba abandonar las zonas más turísticas de París, que poco a poco se diluyó en el paisaje que contemplábamos a través de las ventanillas del tren.<br />
En la mente, el recuerdo de otro viaje, a Auvers-sur-Oise, donde Van Gogh realizó sus últimas obras. La experiencia de visitar los lugares de trabajo de los artistas tiene, para<br />
mí, una fuerza fuera de lo común.<br />
En la quietud de Arcueil, en una casa totalmente planeada para la creación artística, me encontré con <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> y su obra. Estar con un gran maestro del arte era ya de por sí un regalo.<br />
El alejamiento que ha buscado es necesario, ya que <strong>Herman</strong>, además de ser un artista conectado con su tiempo y un profundo conocedor de la Historia del Arte, es también<br />
un pensador. Su obra refleja un recogimiento y una reflexión esenciales para su proceso creativo<br />
En el taller recorrimos salas llenas de pinturas especialmente dispuestas para la visita, colocadas bajo una luz natural pensada para dar una percepción real de los colores y matices.<br />
Disfrutar de sus obras y de cada palabra de <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> hablando de ellas, marcó de modo expresivo un proceso de curadoría de la Fundación Memorial que se<br />
originó en 2007, con motivo de una visita al Perú, lo que fue el embrión de la actual exposición.<br />
Imagination at Work<br />
Fernando Calvozo<br />
Director of Cultural Activities<br />
Braun Vega’s show during the 18th International Biennale of Sao Paolo left echoes of vivid colors, with an extraordinary mix of themes from the great masters,<br />
rendered with impeccable technique including acrylic, collage and impressive swathes of movement.<br />
To see this oeuvre assembled here once again is a dream come true. We believe that the show by this Peruvian talent will leave its mark on the history of the arts of the city of Sao Paolo.<br />
Ângela Barbour – Curator<br />
Manager of the Marta Traba Gallery<br />
Spending time with the artist <strong>Herman</strong> Braun-Vega this summer in Paris and viewing first-hand the works soon to be shown at the Marta Traba Gallery was<br />
not only an impressive experience but also an opportunity to connect with the heart of his work, in his studio.<br />
The landscape dissolving through the windows during the train ride there prepared me to leave behind the hectic tourist venues typical of Paris. It also brought<br />
to mind another trip, to Auvers-sur-Oise, where Van Gogh painted his final works. Setting foot where artists live represents, for me, an exceptionally forceful<br />
moment.<br />
I finally met up with Braun-Vega and his œuvre in quiet Arcueil, in a house perfectly designed for the production of art works. The opportunity to be with<br />
a great master is, in and of itself, a gift from heaven.<br />
Being far away from everything was essential. <strong>Herman</strong>, in addition to being completely connected to the world of today and a deep connoisseur of Art History,<br />
is also a thinker. This is reflected in his work, which in turn reveals a thinking process, linked to broader creative processes.<br />
In his studio, we ambled through rooms filled with paintings, specifically arraigned for my visit, basking in natural light so as to bring forth their true colors<br />
and nuances. Reveling in these works and each of <strong>Herman</strong>’s words on their subject, helped fashion a curatorial mission that germinated in 2007 during a trip<br />
to the Memorial Foundation in Peru and that, today, finds full expression in this exhibition.
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : UMA LINGUAGEM, VÁRIOS ESTILOS Crítico de arte - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />
É em solitário que um pintor do nosso tempo, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, quis enfrentar, à sua maneira e sem negar nenhuma herança, alguns desafios lançados<br />
à cultura que condenaram várias gerações de pintores do Ocidente à esterilidade e à neurose. Braun-Vega interroga a linguagem da criação lá aonde ela se<br />
encontra : em Rembrandt e Velázquez, Ingres e La Tour, Manet e Monet, Cézanne e Picasso… E é desta linguagem que ele nutre a sua própria pintura,<br />
com um imenso respeito que não exclui uma afetuosa petulância e bastante liberdade no empréstimo dos termos.<br />
Uma só linguagem, efetivamente, mas vários estilos. A pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega aborda diretamente o problema da autonomia da obra, enquanto<br />
procede de matérias e maneiras aparentemente heterogêneas. Para aqueles que ficarão espantados ao ver o esfolado do professor Tulp com um pé à maneira<br />
de Picasso, nós podemos dizer que os mais belos relicários da Idade Média europeia incorporam frequentemente pedras antigas (La Leçon… à la campagne<br />
d’après Rembrandt, 1984, acrílico sobre tela). A justaposição de estilos foi a regra no passado, como explica Meyer Schapiro : «Não se sentia a necessidade<br />
de restaurar uma obra danificada ou de completar uma obra inacabada no estilo original.» (Style, Artiste, Société, editora Gallimard, 1982, p.48). O ideal<br />
rigoroso de coerência é essencialmente moderno. Mesmo se, em todas as épocas, os artistas se esforçam ao máximo para criar uma obra dotada de unidade,<br />
a obra em questão manipulou regularmente o múltiplo, até que modernos ucasses condenem o pintor à cavar numa única jazida. Era preciso ser Picasso<br />
para ousar derrubar este imperativo categórico e assim limpar o terreno sobre o qual poucos dos seus sucessores se animam.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega é um deles, mas ele não retoma a linguagem pictórica dos seus predecessores para subvertê-la: se ele penetra as imagens célebres, se<br />
ele opera nelas deslocamentos de sentidos insólitos, é para afirmar e testemunhar, não para negar.<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>: UN LENGUAJE, VARIOS ESTILOS Crítico de arte - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />
A la manera de un solitario, es como un pintor de nuestro tiempo, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, ha querido afrontar desde hace cuarenta años, a su modo y sin<br />
rechazar ningún legado, unos retos a la cultura que han condenado a la esterilidad y a la neurosis a varias generaciones de pintores en Occidente. Braun-<br />
Vega cuestiona el lenguaje de la creación allí donde se encuentra: en Rembrandt y Velázquez, Ingres y La Tour, Manet y Monet, Cézanne y Picasso… Con<br />
este lenguaje se atreve a alimentar su propia pintura, haciendo prueba de un inmenso respeto que no excluye cierta cariñosa impertinencia y mucha libertad<br />
en el uso de los términos.<br />
Un lenguaje, desde luego, pero diferentes estilos. La pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega aborda de frente el problema de la autonomía de la obra, en cuanto<br />
procede de materias y maneras al parecer heterogéneas. A los que se asombren de ver el desollado del profesor Tulp provisto de un pie a la manera de<br />
Picasso, se podrá responder que los más bellos relicarios de la Edad Media europea incorporan a menudo pedrerías antiguas (La Leçon… à la campagne<br />
d’après Rembrandt, 1984, acrílico sobre lienzo). La yuxtaposición de los estilos fue la norma en tiempos pasados apunta Meyer Schapiro: “No se sentía la<br />
necesidad de restaurar una obra dañada o de completar una obra inacabada en el estilo de origen”. (Style, artiste, société, Gallimard, 1982, p. 48). El ideal<br />
estricto de la coherencia es fundamentalmente moderno. Si en cualquier época los artistas ponen todos sus esfuerzos para crear obras dotadas de unidad,<br />
ésta mezcló siempre lo múltiple, hasta que unos modernos ucases condenaran al pintor a arar un único surco. Era necesario ser Picasso para atreverse a<br />
burlar este mandato categórico y despejar de este modo un terreno en el cual escasos sucesores suyos se aventuraron.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega es de aquéllos, pero no retoma el lenguaje pictórico de sus antecesores para socavarlo: si rompe unas imágenes famosas, si efectúa en<br />
ellas raros desplazamientos de sentido, es para afirmar y dar testimonio y no para negar.<br />
14
1<br />
2<br />
La leçon... à la campagne (Rembrandt), 1984<br />
Acrílico sobre tela, 195 x 300 cm<br />
15
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : UN LANGAGE, DES STYLES critique d’art - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />
C’est en solitaire qu’un peintre de notre temps, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, a voulu relever depuis quarante ans, à sa façon, et sans renier aucun<br />
héritage, certains défis à la culture qui ont condamné plusieurs générations de peintres en Occident à la stérilité et à la névrose.<br />
Braun-Vega interroge le langage de la création là où il se trouve : chez Rembrandt et Vélàzquez, Ingres et La Tour, Manet et Monet,<br />
Cézanne et Picasso… C’est de ce langage qu’il ose nourrir sa propre peinture, avec un immense respect qui n’exclut pas une dose<br />
d’affectueuse impertinence et beaucoup de liberté dans l’emprunt des termes.<br />
Un langage, en effet, mais des styles. La peinture d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega aborde de front le problème de l’autonomie de l’œuvre, dès lors<br />
qu’elle procède de matières et manières apparemment hétérogènes. À ceux qui s’étonneront de voir l’écorché du professeur Tulp muni<br />
d’un pied à la Picasso, on pourra répondre que les plus beaux reliquaires du Moyen-âge européen incorporent souvent des pierres<br />
antiques (La Leçon… à la campagne d’après Rembrandt, 1984, acrylique sur toile). La juxtaposition des styles fut la règle dans le passé,<br />
note Meyer Schapiro : « On n’éprouvait pas le besoin de restaurer un ouvrage endommagé ou de compléter un ouvrage inachevé dans le style d’origine. »<br />
(Style, Artiste, Société, Gallimard, 1982, p. 48) L’idéal rigoureux de la cohérence est essentiellement moderne. Si, à toutes les époques,<br />
les artistes mettent tous leurs efforts à créer des œuvres douées d’unité, cette dernière a régulièrement brassé le multiple, jusqu’à ce que<br />
de modernes ukases condamnent le peintre à ne plus creuser qu’un unique sillon. Il fallait être Picasso pour oser bousculer cet impératif<br />
catégorique et déblayer de la sorte un terrain sur lequel ses successeurs n’ont pas été nombreux à s’égayer.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega est de ceux-là, mais il ne renoue pas avec le langage pictural de ses prédécesseurs pour le subvertir : s’il casse des<br />
images célèbres, s’il opère en elles des déplacements de sens insolites, c’est pour affirmer et témoigner, non pour nier.<br />
<strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> : ONE LANGUAGE, MANY STYLES. art critic - Jean-Luc Chalumeau, <strong>2010</strong><br />
All on his own, the contemporary painter <strong>Herman</strong> Braun-Vega has— for the past 40 years and without reneging on his heritage— risen to the challenges<br />
of a culture that has condemned generations of artists to sterility and neurosis. Braun-Vega questions the language of painting at its source, turning to<br />
Rembrandt and Velazquez, Ingres and la Tour, Manet and Monet, Cézanne and Picasso, among others. With immense respect, a dash of affectionate<br />
impertinence and a great deal of liberty, he has dared to borrow and has found, within this language, the wherewithal with which to nourish his own work.<br />
A language but also many styles are at issue here. In so far as Braun-Vega’s painting springs from a heterogeneous mix of materials and processes, it<br />
confronts the problem of the autonomy of any given work. To those dismayed at the sight of Professor Tulp’s flayed figure doted with a Picasso-like foot,<br />
one might retort that the most beautiful European Medieval reliquaries often incorporated antique stones (see La Leçon… à la campagne d ’après<br />
Rembrandt, 1984, acrylic on canvas). Juxtaposing styles used to be the rule, as Meyer Schapiro has noted: “There was no compunction to restore in its<br />
original style a damaged or unfinished work” (Style, Artiste, Société, Gallimard, 1982, p. 48). The rigorous ideal of coherence is essentially a modern one.<br />
Although artists throughout the ages have striven to create works endowed with unity, they have done so whilst embracing multiplicity; until, that is,<br />
modern ukases condemned painters to laboring a single furrow. Only someone of Picasso’s stature could have dared to upset such a categorical imperative<br />
and opened up the playing field to a few enthused successors.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega is one of these, although he renews his predecessors’ pictorial language without subverting it. If he breaks down well-known images<br />
and brings unfamiliar shifts in meaning to bear upon them, this is not to deny but rather to affirm and bear testimony to what came before.<br />
16
PAfirmar, em primeiro lugar, que os pintores pertencem a uma mesma família. Em segundo lugar, afirmar que a pintura não é inocente, que ela está sempre<br />
situada socialmente e até politicamente e que a «mensagem» do pintor ultrapassa singularmente – que ele queira ou não – o jogo de formas e cores exposto<br />
na tela. Um quadro de Rembrandt que fascina Braun-Vega, dentre todos, é a Lição de Anatomia já citada (1). A curiosa história do quadro é conhecida :<br />
os notáveis de Amsterdam pedem a Rembrandt que ele faça um retrato de todos eles juntos ; é a sua primeira encomenda oficial, ele tem vinte e seis anos.<br />
Apesar da sua timidez face a Jacob Koolved que fala pelos outros e que desejava, segundo o costume, um alinhamento conforme a hierarquia social dentro<br />
do grupo, Rembrandt impõe a sua concepção do quadro à ser feito: um movimento natural dos auditores de Tulp em torno do corpo que o cirurgião<br />
esquartejou magistralmente em público em janeiro de 1632.<br />
Quando Guevara (2) cai na guerrilha boliviana, um fotógrafo é chamado para fixar a imagem do Che que finalmente virou inofensivo. Olhem a fotografia:<br />
ela corresponde exatamente ao enquadramento adotado por Rembrandt para a cabeça de Adriaensz (este era o nome do cadáver). Braun-Vega não acredita<br />
no acaso: existem conivências que se impõem ao inconsciente e que só aquele que dedicou sua vida a fazer quadros pode detectar. Braun-Vega gosta da<br />
cumplicidade que une, através da sua arte, o guerrilheiro abatido ao holandês torturado pelo roubo de um casaco.<br />
Refazendo o autorretrato de Cézanne para um outro quadro, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descobre com muito espanto que o mestre de Aix tinha retomado ele<br />
mesmo, para se representar, um autorretrato de Rembrandt, do qual ele tinha extraído a organização pictórica e, principalmente, todo o jogo de luz e<br />
sombra sobre as maçãs do rosto. Sim, decididamente, a pintura se alimenta da pintura e convém afirmar, com Braun-Vega, em terceiro lugar, que se a<br />
integração da pintura dos outros é uma necessidade para todo pintor, ainda é preciso que ela participe da construção de um projeto plástico original. E é<br />
aí que o espectador é convidado a observar como o «toque» de Braun-Vega sabe se identificar à maneira de pintar de Monet por exemplo (En attendant...<br />
d'après Monet (3) et Manet (4), 1984) ou como o seu gesto pictórico sabe encontrar o espírito das veladuras de Ingres. O espírito e não o segredo de<br />
Afirmar, en primer lugar, que los pintores son parte de una misma familia. Afirmar, en segundo lugar, que la pintura no es inocente quedando siempre<br />
situada social e incluso políticamente, y que el “mensaje” del pintor supera ampliamente lo quiera o no el juego de las formas y colores desplegado sobre<br />
su tela. Un cuadro de Rembrandt fascina a Braun-Vega entre todos, es la Lección de anatomía ya citada (1). Se conoce la anécdota: unos notables de<br />
Ámsterdam le piden a Rembrandt que haga su retrato colectivo: es su primer pedido oficial; tiene veintiséis años. A pesar de su timidez ante Jacob Koolved<br />
Es<br />
que habla en nombre de todos y quisiera, según la costumbre, una alineación conforme a la jerarquía social en el grupo, él impone su concepción del<br />
cuadro: un movimiento natural de los que escuchan a Tulp en torno al cuerpo que el cirujano descuartizó con maestría en público en enero de 1632.<br />
Cuando el Che Guevara (2) cae en la guerrilla boliviana, se solicita a un fotógrafo para fijar la imagen del Che, por fin inofensivo. Observen la fotografía:<br />
corresponde exactamente al encuadre adoptado por Rembrandt para la cabeza de Adriaensz (era el nombre del cadáver). Braun-Vega no cree en el azar: hay<br />
connivencias que se imponen al inconsciente y que sólo puede reconocer el que dedicó su vida a hacer cuadros. A Braun-Vega le gusta la complicidad que<br />
une, gracias a su arte, al guerrillero abatido con el holandés ajusticiado por el hurto de un abrigo.<br />
Pintando de nuevo para otro cuadro el autorretrato de Cézanne, <strong>Herman</strong> Braun-Vega descubre con estupor que el maestro de Aix ya había retomado para<br />
representarse un autorretrato de Rembrandt extrayendo la organización pictórica, en especial todo el juego de la sombra y la luz sobre los pómulos… No<br />
cabe duda alguna, la pintura se alimenta de la pintura y es preciso afirmar con Braun-Vega que, en tercer lugar, si integrar la pintura de los demás es una<br />
necesidad para cualquier pintor, también es imprescindible que ello contribuya a la construcción de un proyecto plástico original. Éste es el punto que<br />
induce al espectador a observar cómo el toque de Braun-Vega sabe identificarse con la factura de un Monet, por ejemplo (En attendant… d’après Monet<br />
(3) et Manet (4), 1984) o cómo su “jugo” pictórico sabe acercarse al espíritu de las veladuras de Ingres. El espíritu y no el secreto de fabricación: ni plagiario,<br />
17
FAffirmer, premièrement, que les peintres appartiennent à une même famille. Affirmer, deuxièmement, que la peinture n’est pas innocente,<br />
qu’elle est toujours située socialement et même politiquement, et que le « message » du peintre dépasse singulièrement – qu’il le veuille<br />
ou non – le jeu des formes et des couleurs déployé sur sa toile. Un tableau de Rembrandt fascine Braun-Vega entre tous, c’est la Leçon<br />
d’anatomie déjà citée (1). On en connaît l’anecdote : des notables d’Amsterdam demandent à Rembrandt de faire leur portrait ensemble :<br />
c’est sa première commande officielle ; il a vingt-six ans. Malgré sa timidité devant Jacob Koolved qui parle pour les autres et qui voudrait,<br />
selon l’usage, un alignement conforme à la hiérarchie sociale au sein du groupe, il impose sa conception du tableau à faire : un<br />
mouvement naturel des auditeurs de Tulp autour du corps que le chirurgien a magistralement dépecé en public en janvier 1632.<br />
Lorsque le CheGuevara (2) tombe dans le maquis bolivien, un photographe est requis pour fixer l’image du Che enfin devenu inoffensif.<br />
Regardez la photographie : elle correspond exactement au cadrage adopté par Rembrandt pour la tête d’Adriaensz (c’était le nom du<br />
cadavre). Braun-Vega ne croit pas au hasard : il y a des connivences qui s’imposent à l’inconscient et que seul peut repérer celui qui a<br />
voué sa vie à faire des tableaux. Braun-Vega aime la complicité qui unit, à travers son art, le guérillero abattu au Hollandais supplicié<br />
pour le vol d’un manteau.<br />
Refaisant pour un autre tableau l’autoportrait de Cézanne, <strong>Herman</strong> Braun-Vega dé<strong>couv</strong>re avec stupeur que le maître d’Aix avait lui-même<br />
repris, pour se représenter, un autoportrait de Rembrandt dont il avait extrait l’organisation picturale, et notamment tout le jeu de l’ombre<br />
et de la lumière sur les pommettes…<br />
Oui décidément, la peinture se nourrit de la peinture et il convient d’affirmer avec Braun-Vega que, troisièmement, si l’intégration de la peinture<br />
des autres est une nécessité pour tout peintre, encore faut-il qu’elle participe à la construction d’un projet plastique original.<br />
He begins by affirming that all painters belong to one and the same family. Secondly, he affirms that painting is not innocent; that it is always situated in<br />
a social and political context; and that, willy-nilly, the painter’s message will transcend the play of forms and colors deployed on his canvas. One painting<br />
by Rembrandt fascinates Braun-Vega above all, and that is The Anatomy Lesson, previously mentioned (1). The story behind the work is well-known:<br />
some notables in Amsterdam solicit Rembrandt for a group portrait; it’s his first official commission; he’s 26 years old. Despite his shyness before Jacob<br />
Koolved, who is arguing, in everyone’s name, for the usual alignment of figures according to social hierarchies within the group, he manages to impose<br />
his own take on the subject: that the painting be structured around the natural movement of Tulp’s auditors as they lean towards the corpse, masterfully<br />
dissected in public by the surgeon, in January,1632.<br />
When Che Guevara (2) is downed in the Bolivian maquis, a photographer is summoned to freeze the Che’s image, rendered harmless once and for all.<br />
Look at the photograph: it is framed in the same way that Rembrandt framed the head of Adriaensz (the dissected corpse). Braun-Vega doesn’t believe in<br />
chance occurrences: connivance filters through unconsciously and it takes someone who has dedicated his life to painting to see this. Braun-Vega delights<br />
En<br />
in the complicity that unites—via his art—the felled guerilla and the Dutchman executed for stealing a coat.<br />
Once, while redoing a self-portrait by Cézanne for another work, <strong>Herman</strong> Braun-Vega was dismayed to discover that the master of Aix had himself<br />
repeated motifs from a self-portrait by Rembrandt, from which he’d lifted the overall composition and specifically the play of light and shadow on the<br />
cheek-bones. Indeed, painting feeds upon painting.<br />
18
Pfabricação: nem plagiador, nem falsificador, mas cúmplice, Braun-Vega gosta demais dos pintores para vulgarmente recopiá-los.<br />
Ele capta a substância de cada um para projetar livremente em composições de uma surpreendente liberdade de execução. A gramatura da tela crua é<br />
amplamente preservada em função de vastas reservas que jogam habilidosamente, uns nos outros, os planos principais e os planos de fundo. De maneira<br />
alguma, o ou os quadros citados são «jogados» numa obra de Braun-Vega: eles se encontram naturalmente no lugar deles, fazendo parte do todo. Esta<br />
preocupação com a filiação é constante na sua obra já há quase meio século, nós podemos observá-la ainda hoje, nos quadros recentes, como por exemplo<br />
em «Que tal? Don Francisco à Bordeaux», aonde ele homenageia Goya.<br />
A arte pretexto da arte? Como sempre, que seja ! Mas fica claro que Braun-Vega escolheu fazer do pretexto a condição necessária do seu trabalho. Condição<br />
necessária, mas não suficiente: a realidade do mundo também está presente, com seus contrastes que são, não raro, insuperáveis contradições. Braun-Vega<br />
precisa do real mais quotidiano, talvez até o mais politico, particularmente a realidade que concerne a América Latina, para acompanhar a irrealidade<br />
extravagante que ele detecta na história das formas. Este pintor parece empurrar ao limite o que caracteriza a nossa arte «contemporânea» : pela primeira<br />
vez talvez uma arte pode ser definida pela sua data.<br />
Não se fala da pintura de hoje como se evoca a pintura renascentista ou barroca. Será que a pintura chegou ao último termo de uma longa aventura ?<br />
Em todo caso, é o momento do face-a-face do espírito com as suas possibilidades agora mensuráveis, com as suas estruturas agora atualizadas. <strong>Herman</strong><br />
Braun-Vega contribui ao balanço que se faz hoje. E ele o faz com uma técnica longamente aperfeiçoada e, principalmente, com a evidência da felicidade<br />
de pintar: e nos dias de hoje, isso não é pouca coisa.<br />
ni falsificador, pero sí cómplice, Braun-Vega estima demasiado a los pintores para copiarlos servilmente.<br />
Capta la sustancia de cada uno para proyectarla libremente en composiciones de una asombrosa libertad de ejecución. El grano de la tela cruda se preserva<br />
ampliamente gracias a extensas reservas que anteponen con destreza los primeros planos y los fondos. En ningún caso los cuadros citados en una obra de<br />
Braun-Vega quedan “pegados”: están naturalmente en su lugar al formar parte del conjunto. Esta preocupación por la filiación es constante en su obra<br />
Es<br />
desde hace casi medio siglo y podemos seguir observándolo en sus recientes cuadros, como, por ejemplo, Qué tal Don Francisco en Burdeos donde rinde<br />
homenaje a Goya.<br />
¿El arte pretexto para el arte? ¡Como siempre, por cierto! Pero se habrá comprendido que Braun-Vega eligió hacer del pretexto la condición necesaria de<br />
su trabajo. Condición necesaria, pero no suficiente: la realidad del mundo está presente también, con sus contrastes que demasiadas veces son insuperables<br />
contradicciones. Braun-Vega necesita la realidad más cotidiana, o incluso más política, en particular aquélla propia de América Latina, para acompañar el<br />
extravagante irrealismo que él identifica en la historia de las formas. Este pintor me parece llevar hasta el límite lo que caracteriza nuestro arte<br />
“contemporáneo”: por primera vez quizás, un arte puede ser definido por su fecha.<br />
No se habla de la pintura actual como se evo ca la pintura renacentista o barroca. ¿Habrá llegado la pintura a su término definitivo después de una muy<br />
larga aventura? Es hora, en todo caso, de un “cara a cara”, del espíritu con sus posibilidades ahora mensurables, con sus estructuras ahora puestas al día.<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega aporta su contribución al balance en curso. Lo hace con una acrisolada técnica y sobre todo con la evidencia de la felicidad de pintar:<br />
en los tiempos que corren, no es poca cosa.<br />
•<br />
•<br />
19
FC’est là que le spectateur est invité à observer comment la touche de Braun-Vega sait s’identifier à la facture d’un Monet, par exemple<br />
(En attendant… d’après Monet (3) et Manet (4), 1984) ou comment son « jus » pictural sait retrouver l’esprit des glacis d’Ingres. L’esprit, non<br />
le secret de fabrication : ni plagiaire, ni faussaire, mais complice, Braun-Vega aime trop les peintres pour platement les recopier.<br />
Il saisit la substance de chacun pour la projeter librement dans des compositions d’une étonnante liberté d’exécution. Le grain de la toile écrue<br />
est largement préservé selon de vastes réserves faisant habilement jouer les uns dans les autres les avant- et les arrière-plans. En aucun cas,<br />
le ou les tableaux cités ne sont « plaqués » dans une œuvre de Braun-Vega : ils y sont naturellement à leur place, faisant partie de l’ensemble.<br />
Cette préoccupation sur la filiation est constante dans son œuvre depuis près d’un demi-siècle, comme nous pouvons l’observer aujourd’hui<br />
encore dans ses tableaux récents, comme par exemple Quet tal Don Francisco à Bordeaux où il rend hommage à Goya.<br />
L’art prétexte de l’art ? Comme toujours, certes ! Mais on aura compris que Braun-Vega a choisi de faire du prétexte la condition nécessaire<br />
de son travail. Condition nécessaire, mais non suffisante : la réalité du monde est présente aussi, avec ses contrastes qui sont trop souvent<br />
d’insurmontables contradictions. Braun-Vega a besoin du réel le plus quotidien, voire le plus politique, en particulier celui qui concerne<br />
l’Amérique latine, pour accompagner l’irréalisme flamboyant qu’il repère dans l’histoire des formes. Ce peintre me paraît pousser<br />
à la limite ce qui caractérise notre art « contemporain » : pour la première fois peut-être, un art peut être défini par sa date.<br />
On ne parle pas de la peinture d’aujourd’hui comme on évoque la peinture renaissante ou baroque. La peinture serait-elle parvenue au terme<br />
ultime d’une très longue aventure ? C’est l’heure, en tout cas, du face-à-face de l’esprit avec ses possibilités désormais mesurables, avec ses<br />
structures maintenant mises au jour. <strong>Herman</strong> Braun-Vega apporte sa pierre au bilan en cours. Il le fait avec une technique longuement mise au<br />
point et surtout l’évidence du bonheur de peindre : par les temps qui courent, ce n’est pas rien.<br />
Thirdly, if each painter feels the need to bring the work of others to bear on his or her own, we must insist along with Braun-Vega on the necessity of<br />
constructing an original pictorial endeavor. At this juncture, the spectator is invited to observe how Braun-Vega’s brushwork is true to Monet’s, for<br />
example, (see En attendant… d’après Monet (3) et Manet (4), 1984) or how his own « scumbling » matches the spirit of Ingres’ glazing techniques. This<br />
is about spirit, not secret recipes: neither plagiarist, nor forger, but brother-in-arms, Braun-Vega loves painters too much to simply copy them.<br />
He captures their inner substance, which he then amply projects across his compositions with an astonishing freedom of execution. The grain of the canvas<br />
is present over large areas that allow for a savvy play between foreground and background. At no moment are the paintings he cites merely “pasted into”<br />
the work: each has found its natural place in the whole. Braun-Vega’s interest in affiliation has been a constant for the past 40 years, and continues to be<br />
present in recent paintings such as ¿Que tal? Don Francisco à Bordeaux, 2007, where he renders homage to Goya.<br />
Art a pretext for art-making? Yes indeed, as always! Let it be understood that Braun-Vega has chosen this pretext as a precondition. A necessary but not<br />
sufficient precondition: the real world seeps in as well, with its contrasts and inescapable contradictions. Braun-Vega needs everyday reality, including<br />
En<br />
political reality and especially anything related to Latin America, to accompany the stunning inventions garnered from the history of form. The painter—<br />
a first?— pushes the notion of contemporary art to its limits, by certifying it with a date.<br />
We don’t speak of contemporary painting in the same way as we do renaissance or baroque painting. Has painting reached the penultimate chapter of a<br />
very long saga? In any event, the time has come to face up to the potential of a quantifiable horizon whose structures have been laid bare. <strong>Herman</strong> Braun-<br />
Vega has made his contribution to this assessment. He does so with a technique perfected over time and, above all, with visible joy in the painting process:<br />
in today’s world, this is no mean feat.•<br />
20<br />
•
3<br />
4<br />
En attendant (Monet et Manet), 1984<br />
Acrílico sobre tela, 195 x 300 cm<br />
21
Quem somos ?<br />
De onde viemos ?<br />
Um artigo do Le Monde 2, do dia<br />
21 de novembro de 2008, comenta<br />
o texto publicado na revista americana<br />
GQ intitulado The Book of me, escrito<br />
pelo romancista Richard Powers.<br />
Neste longo texto, Richard Powers<br />
conta que ele “virou o nono homem<br />
do mundo a ter seu genoma<br />
completamente sequenciado (…).<br />
No final, Powers se encontra com<br />
pelo menos 248 variantes genéticas<br />
que o predispõem a umas 77<br />
patologias diferentes. Mas o mais<br />
extraordinário, diz ele, não é isso:<br />
‘8% do meu material genético<br />
contém variações que me aproximam<br />
dos iorubás que vivem em Ibadan,<br />
na Nigéria. Eu virei outra pessoa,<br />
alguém diferente de quem eu<br />
pensava ser’.” É interessante notar<br />
que quando se fala do Obama, nos<br />
Estados Unidos, ele é apresentado<br />
como o «primeiro presidente<br />
negro», ignorando a brancura da<br />
sua mãe que faz dele, na verdade,<br />
o «primeiro presidente assumidamente<br />
mestiço» - logo, por extensão, também<br />
deveríamos considerar Richard<br />
Powers, apesar de ser loiro de pele<br />
branca, como um americano de origem<br />
negra ? (ler «J’irais cracher sur vos<br />
tombes», escrito por Boris Vian sob<br />
o pseudônimo de Vernon Sullivan).<br />
Acho que seria interessante realizar<br />
um sequenciamento das «variantes<br />
constituintes» do «ser» das obras de<br />
22<br />
¿ Quienes somos ?<br />
¿ De donde venimos ?<br />
Un artículo publicado en “Le Monde<br />
2” con fecha del 21 de noviembre<br />
de 2008, comenta la publicación de<br />
la revista americana CQ., titulado<br />
The Book of me, escrito por el novelista<br />
americano Richard Powers. En este<br />
muy largo texto, Richard Powers<br />
dice que “se convirtió en el noveno<br />
hombre del mundo a beneficiarse<br />
de una secuenciación completa de<br />
su genoma (...). Al final Powers se<br />
encuentra con no menos de 248<br />
alternativas genéticas que lo<br />
predisponen a aproximadmente 77<br />
patologías de toda clase pero lo mas<br />
extraordinario de lo que el escribe<br />
no está allí: “un 8% de mi material<br />
genético contiene variaciones que<br />
me acercan de los Yoruba que viven<br />
en Ibadan, en Nigeria. Esto me ha<br />
convertido en otra persona, alguien<br />
que no pensaba ser. ” Es interesante<br />
observar que cuando se habla de<br />
Obama, en los Estados Unidos,<br />
lo presentan como el “primer<br />
Presidente negro”, silenciando la<br />
blancura de su madre que hace<br />
de él realmente, el ” primer<br />
Presidente mestizo declarado “pues,<br />
por extensión, también se<br />
debería considerar a Richard Powers,<br />
a pesar de ser rubio y de piel blanca,<br />
como ¿un Americano de origen<br />
negro? (Véase, “Iré a escupir sobre<br />
vuestras tumbas” escrito por Boris<br />
Vian bajo el seudónimo de Vernon<br />
Qui sommes nous ?<br />
D’où venons nous ?<br />
Un article. publié dans le Monde 2<br />
daté du 21 novembre 2008, commente<br />
la publication d'un magazine américain<br />
CQ. intitulé The Book of me, écrit<br />
par le romancier américain Richard<br />
Powers. Dans ce très long texte,<br />
Richard Powers raconte qu'il « est<br />
devenu le neuvième homme au<br />
monde de bénéficier d'un séquençage<br />
complet de son génome (…)<br />
Au final Powers se retrouve<br />
avec pas moins de 248 variantes<br />
génétiques qui le prédisposent<br />
à quelque 77 pathologies en tout<br />
genre Mais le plus extraordinaire,<br />
écrit-il n'est pas là :<br />
« 8% de mon matériel génétique<br />
contient des variations qui me<br />
rapprochent des Yoruba qui vivent<br />
à Ibadan, au Nigéria Je suis devenu<br />
une autre personne, quelqu'un<br />
d'autre que celui que je pensais être. »<br />
Il est intéressant de remarquer<br />
que lorsqu'on parle d'Obama, aux<br />
États-Unis, on le présente comme le<br />
"premier Président noir", passant<br />
sous silence la blancheur de sa<br />
mère qui fait de lui en réalité le<br />
"premier Président métis avoué"<br />
- donc, par extension, on devrait<br />
également considérer Richard<br />
Powers malgré sa blondeur et sa<br />
peau blanche comme un Américain<br />
d'origine noire ? (Voir J'irai cracher<br />
sur vos tombes écrit par Boris Vian<br />
sous le pseudonyme de Vernon<br />
Who are we?<br />
Where do we come from?<br />
An article published in the Monde 2<br />
and dated November 21, 2008<br />
comments an article in GQ entitled<br />
“The Book of Me”, by the American<br />
novelist Richard Powers. In this<br />
very long text, Richard Powers tells<br />
of how he “has become the ninth<br />
man in the world to benefit from<br />
the complete sequencing of his<br />
genome (…)”. All told, Powers<br />
winds up with no less than 248<br />
genetic variations that predispose<br />
him to some 77 pathologies of all<br />
kinds. But that’s not the least of it.<br />
He writes: “8% of my genetic material<br />
contains variations that link me<br />
to the Yoruba who live in Ibadan,<br />
Nigeria. I have thus become<br />
another person, some one other<br />
than the man I thought I was.”<br />
It is interesting to note that when<br />
one speaks in the United States of<br />
Obama, it is always as the “first<br />
black President”, ignoring the<br />
whiteness of his mother, which<br />
actually makes him the first<br />
“avowed metis President.” By extension,<br />
one should also consider<br />
Richard Powers as an Afro-American,<br />
in spite of his blond hair and<br />
white skin. (see on this subject<br />
J’irai Cracher sur vos Tombes, by<br />
Boris Vian, writing under the<br />
pseudonym of Vernon Sullivan.)
P F<br />
arte, da mesma maneira que podemos Sullivan). Me parece que sería inte-<br />
fazer o sequenciamento do genoma resante realizar una secuenciación<br />
humano. Sem medo de ir longe Es<br />
de las ” variantes constitutivas” del<br />
demais, creio que nós encontraríamos “ser” de las obras de arte, de la mis-<br />
nessas «variantes constituintes» um<br />
sequenciamento de alianças e<br />
elementos sincréticos na origem de<br />
diversas culturas. Eu prefiro deixar<br />
esse trabalho aos historiadores<br />
eruditos. Faz mais de quarenta anos<br />
que eu trabalho a memória dos<br />
espectadores, e nestes últimos anos,<br />
eu faço aparecer as filiações que<br />
tecem a minha obra.<br />
H.B.V.<br />
Laborando con Don Pablo (Ingres y Picasso),<br />
2006. Collection RENARD-PANIER<br />
Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />
ma manera de que se puede hacer<br />
con un genoma humano. Sin temor<br />
de ir demasiado lejos, creo que se<br />
encontraría en estas “alternativas<br />
constitutivas” unas secuenciaciones<br />
de alianzas y elementos sincréticos<br />
originarios de distintas culturas.<br />
Prefiero dejar este trabajo, a historiadores<br />
eruditos. Hace más de cuarenta<br />
años que trabajo sobre la memoria<br />
de los espectadores y en estos<br />
últimos años evidencio las filiaciones<br />
que tejen mi obra.<br />
H.B.V.<br />
Sullivan) Il me semble qu'il serait<br />
intéressant de réaliser un séquençage<br />
des " variantes constitutives de<br />
« l'être » des oeuvres d'art de la<br />
même manière qu'on peut le faire<br />
d'un génome humain. Sans crainte<br />
de trop m’avancer, je crois qu'on<br />
trouverait dans ces "variantes constitutives"<br />
un séquençage d'alliances<br />
et d'éléments syncrétiques originaires<br />
de diverses cultures. Je préfère laisser<br />
ce travail, à des historiens érudits.<br />
Cela fait plus de quarante ans que<br />
je travaille sur la mémoire des<br />
spectateurs et dans ces dernières<br />
années je fais apparaître les filiations<br />
qui tissent mon œuvre.<br />
H.B.V.<br />
Much as one does for human<br />
genomes, I think that it would<br />
be interesting to sequence the<br />
En<br />
“constituent variants of being” of art<br />
works. Without going too far,<br />
I think that we’d find in these<br />
“constituent variants” a sequence of<br />
alliances and syncretic origins<br />
harkening back to diverse cultures.<br />
I prefer to leave this work to<br />
erudite historians. I’ve worked for<br />
over 40 years on the memory of<br />
spectator, and, for the past few<br />
years, have underscored the<br />
affiliations that characterize my<br />
own work.<br />
H.B.V.<br />
23
Memórias & filiações<br />
Entrevista com Lauro Capdevila,<br />
Diretor de estudos Hispânicos<br />
e Latino-americanos.<br />
L.C.: O seu trabalho é centrado na<br />
memória ?<br />
H.B.V.: Faz algumas décadas que<br />
eu trabalho sobre a memória do<br />
espectador a três níveis : a memória<br />
individual, a social e a histórica. As<br />
crianças e também os adultos<br />
menos preparados podem atingir o<br />
primeiro nível. O segundo e o<br />
terceiro são mais acessíveis aos<br />
espectadores que têm, politicamente<br />
e/ou culturalmente, mais formação.<br />
Para facilitar a compreensão do<br />
meu trabalho, eu tive que ajustá-lo<br />
formalmente, mas também aperfeiçoar<br />
a técnica bastante livre que<br />
eu usava antes, para conseguir<br />
juntar num mesmo espaço pictórico<br />
formas das mais ortodoxas às mais<br />
contemporâneas. Quando eu digo<br />
isso, falo da realização plástica.<br />
Além disso, no seu conteúdo<br />
conceitual/narrativo, meu trabalho<br />
deve ser um testemunho : ele deve<br />
interpelar a memória do espectador<br />
que, através do seu olhar e da sua<br />
reflexão, recria a obra de acordo<br />
com o seu conhecimento e a sua<br />
vivência.<br />
L.C.: Você organiza for malmente os<br />
quadros faz endo inter vir todos os<br />
«-ismos» inventados desde o final do<br />
século 19 ?<br />
H.B.V.: Os «-ismos» dos quais você<br />
fala são posteriores à invenção da<br />
máquina fotográfica, na segunda<br />
24<br />
Memorias y filiaciones<br />
Diálogo con Lauro Capdevila<br />
Director en estudios Hispánicos<br />
y Latino-Americanos<br />
L.C.: ¿Se centra tu trabajo en la<br />
memoria?<br />
H.B.V.: Vengo trabajando desde hace<br />
varias décadas sobre la memoria<br />
del espectador en tres niveles: la memoria<br />
individual, social e histórica.<br />
Los niños así como los adultos menos<br />
preparados pueden tener acceso<br />
al primer nivel. El segundo y tercero<br />
serán más asequibles a los espectadores<br />
con mejor formación política<br />
y/o cultural. Para facilitar la comprensión<br />
de mi trabajo he tenido<br />
que ajustar formalmente pero también<br />
he debido perfeccionar la técnica<br />
muy libre que había usado<br />
con anterioridad para lograr juntar<br />
en un mismo espacio pictórico desde<br />
las formas más ortodoxas hasta<br />
las más contemporáneas. Cuando<br />
digo eso, estoy hablando de realización<br />
plástica…<br />
Además, en su contenido conceptual<br />
/ narrativo, mi trabajo tiene<br />
que ser un testigo, que debe desafiar<br />
la memoria del espectador que, con<br />
su mirada y sus pensamientos recrea<br />
la obra de acuerdo a sus<br />
conocimientos y experiencias.<br />
L.C.: ¿Organizas formalmente<br />
tus cuadros haciendo intervenir<br />
todos los “-ismos” inventados a<br />
partir de finales del siglo xix?<br />
H.B.V.: Los “-ismos” a los que te<br />
refieres son posteriores al invento de<br />
la máquina fotográfica, en la<br />
Mémoires & filiations<br />
Entretien avec Lauro Capdevila<br />
Directeur en études Hispaniques<br />
et Latino-Américaines<br />
L.C. : Ton travail est-il centré sur la<br />
mémoire ?<br />
H.B.V. : Depuis quelques décennies,<br />
je travaille sur la mémoire du<br />
spectateur à trois niveaux : la<br />
mémoire individuelle, la sociale et<br />
l’historique.<br />
Les enfants, et aussi les adultes les<br />
moins préparés, peuvent avoir<br />
accès au premier niveau. Les<br />
deuxième et troisième seront plus<br />
facilement accessibles aux spectateurs<br />
politiquement et/ou culturellement<br />
mieux formés.<br />
Pour faciliter la compréhension<br />
de mon travail, j’ai dû l’ajuster formellement,<br />
mais aussi perfectionner<br />
la technique très libre que j’avais<br />
utilisée auparavant pour réussir à<br />
mettre ensemble dans un même<br />
espace pictural des formes depuis<br />
les plus orthodoxes jusqu’aux plus<br />
contemporaines. En disant cela, je<br />
parle de la réalisation plastique...<br />
De plus, dans son contenu conceptuel<br />
/ narratif, mon travail doit être<br />
un témoignage ; il doit interpeller<br />
la mémoire du spectateur qui par<br />
son regard et sa réflexion recrée<br />
l’œuvre selon ses connaissances et<br />
son expérience vécue.<br />
L.C. : Organises-tu formellement tes<br />
tableaux en faisant intervenir tous les<br />
“ -ismes ” inventés à partir de la fin<br />
du xixe siècle ?<br />
H.B.V. : Les “ -ismes ” auxquels tu<br />
Memories & lineage<br />
Interview with Lauro Capdevilla<br />
L.C.: How is your work centered<br />
on memory?<br />
H.B.V.: For several decades I’ve worked<br />
on three different levels of spectator<br />
memory: the individual, the social and<br />
the historical.<br />
The first level is accessible to children as<br />
well as uninitiated adults. The second<br />
and third levels are more open to those<br />
with a higher level of political and/or<br />
cultural education.<br />
In order to make my work more readily<br />
understandable all while conflating in a<br />
single pictorial space forms ranging<br />
from the most traditional to the most<br />
contemporary, I’ve had to make formal<br />
adjustments and perfect my earlier,<br />
more spontaneous technique. I’m<br />
speaking here of material processes…<br />
In terms of conceptual and narrative<br />
content, my work serves as a kind of<br />
testimonial; it is meant to awaken<br />
memories within the spectator, who,<br />
through his gaze and thinking processes,<br />
recreates the work according to his own<br />
knowledge and life experience.<br />
L.C.: Do you structure each painting<br />
around the « isms » invented since the<br />
late 19th century?<br />
H.B.V.: The « isms » you are referring<br />
to post-date the invention of the<br />
camera in the middle of the 19th<br />
century, which freed artists from the<br />
task of furnishing society with a “visual<br />
memory” and allowed for the emergence
P F<br />
metade do século XIX, que dispensou segunda mitad del siglo xix, que<br />
os artistas de serem a memória libró a los artistas de ser la memoria<br />
visual da sociedade. Assim surgem Es<br />
visual de la sociedad. Así es como<br />
o impressionismo, o fauvismo, o aparecen el impresionismo, el fau-<br />
cubismo, o abstracionismo, etc. Eu<br />
uso todas essas contribuições dos<br />
séculos XIX e XX para construir, de<br />
maneira plástica e conceitual, as<br />
minhas telas. O importante é que o<br />
resultado final seja coerente.<br />
L.C.: N os seus quadr os, qual<br />
a função das transferências de tinta<br />
dos fragmentos de jornais ?<br />
H.B.V.: As transferências de tinta de<br />
informações da imprensa que eu<br />
faço nos meus quadros tem uma<br />
função plástica na construção da<br />
obra. Como eu escolho o conteúdo,<br />
eles também preenchem uma<br />
função de informação sobre as<br />
situações sociais e políticas e sobre<br />
os acontecimentos contemporâneos<br />
do momento em que eu faço o<br />
quadro. Eu espero, com isso,<br />
orientar a sua compreensão social<br />
ou política.<br />
L.C.: Podemos obser var na sua obra<br />
uma pr eocupação pelo que chamamos<br />
de miscigenação ?<br />
H.B.V.: Sim, é uma motivação<br />
importante do meu trabalho. As<br />
consequências dos encontros que<br />
ocorreram no continente americano<br />
a partir de 1492, de maneira violenta<br />
e num espaço de tempo tão reduzido,<br />
me chamam a atenção. A consequência<br />
disso tudo é o sincretismo<br />
e a miscigenação que caracterizam<br />
a nossa identidade americana.<br />
vismo, el cubismo, el abtraccionismo,<br />
etc. Todas estas aportaciones de<br />
los siglos xix y xx yo las uso para<br />
construir plástica y conceptualmente<br />
mis lienzos. Lo importante es que<br />
el resultado final resulte coherente.<br />
L.C.: ¿Qué papel desempeñan las<br />
transferencias de tinta de fragmentos<br />
de periódicos en tus<br />
cuadros?<br />
H.B.V.: Las transferencias de tinta<br />
de informaciones de prensa que hago<br />
en mis cuadros cumplen una<br />
función plástica en la construcción<br />
de la obra. Al escoger yo su contenido,<br />
también tienen una función de<br />
información respecto a las situaciones<br />
sociales y políticas y los acontecimientos<br />
contemporáneos del momento<br />
en que hice el cuadro. De<br />
este modo espero orientar su comprensión<br />
social o política.<br />
L.C.: ¿Puede apreciarse en tu<br />
obra tu preocupación por lo<br />
que se conoce como mestizaje?<br />
H.B.V.: Sí, es una motivación importante<br />
de mi trabajo. Me llaman<br />
la atención las consecuencias de los<br />
encuentros que se dieron en el<br />
continente americano a partir de<br />
1492, de modo violento y en un período<br />
muy breve. Eso acarreó como<br />
consecuencias el sincretismo y el<br />
mestizaje que caracterizan nuestra<br />
identidad americana.<br />
te réfères sont postérieurs à<br />
l’invention de l’appareil photo,<br />
dans la seconde moitié du xixe siècle,<br />
qui a affranchi les artistes d’être<br />
la mémoire visuelle de la société.<br />
Apparaissent ainsi l’impressionnisme,<br />
le fauvisme, le cubisme,<br />
l’abstractionnisme, etc. Tous ces<br />
apports des xixe et xxe siècles, je les<br />
utilise pour construire plastiquement<br />
et conceptuellement mes toiles.<br />
L’important est que le résultat final<br />
soit cohérent.<br />
L.C. : Quelles fonctions remplissent dans<br />
tes tableaux les transferts d’encre de fragments<br />
de journaux ?<br />
H.B.V. : Les transferts d’encre<br />
d’informations de presse que je fais<br />
dans mes tableaux ont une fonction<br />
plastique dans la construction de<br />
l’œuvre. Comme j’en choisis le<br />
contenu, ils remplissent aussi une<br />
fonction d’information sur les<br />
situations sociales et politiques et<br />
les événements contemporains du<br />
moment où j’ai fait ce tableau.<br />
J’espère ainsi orienter sa compréhension<br />
sociale ou politique.<br />
L.C. : Peut-on remarquer dans ton<br />
œuvre ta préoccupation pour ce<br />
qu’on appelle le métissage ?<br />
H.B.V. : Oui, c’est une motivation<br />
importante de mon travail. Mon<br />
attention est attirée par les conséquences<br />
des rencontres qui se sont<br />
produites sur le continent américain<br />
à partir de 1492, de façon violente<br />
et dans des temps très courts. Cela<br />
a eu comme conséquences le<br />
syncrétisme et le métissage qui<br />
of Impressionism, Fauvism, Cubism,<br />
Abstractionism, etc. I use all the formal<br />
and conceptual inventions of the 19th<br />
En<br />
and 20th centuries to construct my<br />
paintings. The important thing is for<br />
the finished work to be coherent.<br />
L.C.: What is the function of the ink<br />
transfers based on newspaper clippings<br />
in your paintings?<br />
H.B.V.: The ink transfers of articles<br />
taken from the press have a formal role<br />
in the construction of each work.<br />
Because I take into account their<br />
content, they also provide information<br />
on the social and political situations<br />
portrayed and the current events taking<br />
place at the time the painting was made.<br />
In this way, I hope to orient how the<br />
work is understood politically and<br />
socially.<br />
L.C.: H ow does y our pr eoccupation<br />
with what could be called « hybridization<br />
» characterize your work ?<br />
H.B.V.: Yes, this is an important motif<br />
throughout my work. I’m fascinated by<br />
that took place on the American<br />
continent, from 1492 onwards. Today’s<br />
American identity is rooted in the<br />
syncretism and hybridization that resulted<br />
from them.<br />
L.C.: I believe that your trajectory as<br />
a painter , on both a for mal and<br />
conceptual level, owes a gr eat deal to<br />
Picasso.<br />
H.B.V.: Not long after my return to<br />
Paris in 1968, I went to Barcelona with<br />
Lisbeth, just after the inauguration of<br />
the Picasso museum. There, I discovered<br />
his series on Las Meninas. It was a real<br />
shock. I was impressed by the masterful<br />
25
P F<br />
L.C.: Tenho a impr essão que L.C.: Me parece que tu trayecto-<br />
a sua trajetória pictural, for mal ria pictórica, formal y concep-<br />
e conceitual tem uma grande Es<br />
tual le debe mucho a Picasso.<br />
dívida com Picasso.<br />
H.B.V.: Poco tiempo tras mi llegada<br />
H.B.V.: Pouco depois de retornar a<br />
Paris, em 1968, eu fui com Lisbeth<br />
à Barcelona aonde o museu Picasso<br />
acabava de ser inaugurado. Eu pude<br />
ver a série sobre «Las Meninas». Foi<br />
um verdadeiro choque para mim.<br />
Eu me dei conta que Picasso tinha<br />
realizado uma obra magistral de<br />
desconstrução, mas não tinha levado<br />
em conta um aspecto muito importante<br />
: a temporalidade. A genialidade<br />
de Velázquez consiste em fixar na<br />
tela um instante da continuidade<br />
temporal. Picasso não conseguiu<br />
esta instantaneidade nessa série. Eu<br />
também fiquei sabendo que Don<br />
Pablo tinha realizado os 53 quadros<br />
dessa série em dois meses e meio.<br />
Quando eu voltei a Paris, eu me<br />
tranquei durante dois meses e meio<br />
e foi a minha vez de pintar uma<br />
série de 63 quadros sobre Las<br />
Meninas do Velazquez – um dia, é<br />
preciso «matar» o pai !<br />
26<br />
a París, en 1968, fui con Lisbeth a<br />
Barcelona donde acababan de inaugurar<br />
el museo Picasso. Pude ver<br />
su serie sobre Las Meninas. Ahí fue<br />
donde recibí un verdadero choque.<br />
Me di cuenta de que Picasso había<br />
realizado una obra maestra de deconstrucción,<br />
pero que no había tomado<br />
en cuenta un aspecto muy<br />
importante: la temporalidad. La genialidad<br />
de Velázquez consiste en<br />
fijar en el lienzo un instante de la<br />
continuidad temporal. Picasso no<br />
logró esta instantaneidad en la<br />
serie. Me enteré también de que don<br />
Pablo había realizado 53 cuadros<br />
de esta serie en dos meses y medio.<br />
Al volver a París me encerré durante<br />
dos meses y medio y realicé a mi<br />
vez una serie de 63 cuadros sobre<br />
Las Meninas de Velázquez –¡un día<br />
hay que matar al padre!<br />
caractérisent notre identité américaine.<br />
L.C. : Il me semble que ta trajectoire<br />
picturale, for melle et conceptuelle a<br />
une grande dette vis-à-vis de Picasso.<br />
H.B.V. : Peu après mon retour à<br />
Paris, en 1968, je me suis rendu<br />
avec Lisbeth à Barcelone où on venait<br />
d’inaugurer le musée Picasso. J’ai<br />
pu voir sa série sur Les Ménines.<br />
C’est là que j’ai ressenti un véritable<br />
choc. Je me suis rendu compte que<br />
Picasso avait réalisé une œuvre<br />
magistrale de déconstruction, mais<br />
qu’il n’avait pas pris en compte un<br />
aspect très important : la temporalité.<br />
Le génie de Vélàzquez consiste à<br />
fixer sur la toile un instant de la<br />
continuité temporelle. Picasso n’a<br />
pas réussi cette instantanéité dans<br />
cette série. J’ai appris aussi que<br />
Don Pablo avait réalisé les 53<br />
tableaux de cette série en deux<br />
mois et demi. À mon retour à Paris,<br />
je me suis enfermé pendant deux<br />
mois et demi et j’ai réalisé à mon<br />
tour une série de 63 tableaux sur<br />
Les Ménines de Vélàzquez - un jour<br />
il faut bien tuer le père !<br />
Juan Pareja reprenant les Ménines<br />
d’après Picasso (Velázquez), 2000<br />
Acrílico sobre tela, 92 x 73 cm<br />
scope of Picasso’s deconstruction,<br />
although he had ignored a central aspect<br />
of the work: temporality. Velasquez’s<br />
En<br />
genius consisted in freezing a moment<br />
within a temporal continuity. Picasso<br />
doesn’t succeed in rendering this feeling<br />
of instantaneousness in his own series.<br />
I also learned that the 53 paintings Don<br />
Pablo’s series had been painted in the<br />
space of two and a half months. Upon<br />
my return to Paris, I holed myself in for<br />
two and a half months and produced<br />
a series of sixty-three paintings on<br />
Velazquez’s Las Meninas. Sooner or<br />
later, one has to kill the figure of the<br />
Father!
5<br />
6<br />
Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />
Rencontres inattendues sur le Vieux Port.<br />
D’après Velázquez, 2008<br />
27
P F<br />
L.C.: P orque v ocê escolheu L.C.: ¿Por qué elegiste el Vieux<br />
o antigo por to de M arselha Port de Marsella como lugar de<br />
(chamado «Vieux Port») para Es<br />
encuentro?<br />
este encontro ?<br />
H.B.V.: Desde siempre, los ríos, ma-<br />
H.B.V.: Em todas as épocas, os rios,<br />
os mares e os oceanos foram os<br />
meios de conquistas e de trocas,<br />
facilitando a miscigenação e o<br />
sincretismo. Como são os temas<br />
deste quadro, o Vieux Port de Marselha<br />
me pareceu o cenário perfeito. Aliás,<br />
na mesa da vendedora de frutas e<br />
verduras, podemos ver laranjas que<br />
vêm da Ásia, bananas que vêm da<br />
África, tomates, milho, abacates e<br />
batatas que foram cultivados na<br />
América muito antes da chegada<br />
dos espanhóis e que, por exemplo,<br />
durante os séculos XVIII e XIX,<br />
salvaram da fome as populações<br />
europeias. Eis um exemplo de<br />
sincretismo pacífico.<br />
L.C.: Eu reconheço a vendedora de legumes<br />
que está de costas, no primeiro<br />
plano, à direita.<br />
H.B.V.: Sim, é um personagem que<br />
eu tiro do quadro magistral de<br />
Velázquez, as «Fileuses» (5). O gesto<br />
da moça que trabalha a lã vira, no<br />
meu quadro, um gesto de rejeição à<br />
peruana que está em pé à esquerda.<br />
Essa moça poderia ser a filha ou a<br />
neta de um refugiado espanhol de<br />
1939 e ela parece esquecer que<br />
todos os produtos que estão na mesa<br />
dela são consequência da colonização<br />
dos outros continentes.<br />
Aos seus pés, um cachorrinho (6) late<br />
furioso contra a importuna. Quando<br />
aprendemos a história da América,<br />
falamos de cavalos, de armaduras,<br />
28<br />
res y océanos han sido vías de<br />
conquistas e intercambios que facilitaban<br />
el mestizaje y el sincretismo.<br />
Al ser éstos los temas de este cuadro,<br />
el Vieux Port de Marsella, como escenario,<br />
me pareció perfecto. Justamente<br />
en la mesa de la verdulera,<br />
pueden apreciarse naranjas que<br />
provienen de Asia, plátanos que<br />
proceden de África, tomates, maíz,<br />
aguacates y papas que se cultivaban<br />
en América Latina mucho antes<br />
de la llegada de los españoles y<br />
que, por ejemplo, durante los siglos<br />
xviii y xix salvaron de la hambruna<br />
a las poblaciones europeas. Este es<br />
un ejemplo de sincretismo pacífico.<br />
L.C.: Reconozco a la verdulera<br />
que nos da la espalda, a la derecha<br />
en el primer plano del<br />
cuadro.<br />
H.B.V.: Sí, es un personaje que extraigo<br />
de Las hilanderas (5), el magistral<br />
cuadro de Velázquez. El ademán<br />
de la joven que trabaja la lana<br />
se convierte en mi cuadro en un<br />
ademán de rechazo a la peruana<br />
que está parada a la izquierda. Esta<br />
joven podría ser la hija o nieta de<br />
un refugiado español de 1939 que<br />
parece olvidar que todos los productos<br />
que están en la mesa son consecuencia<br />
de la colonización de otros<br />
continentes. A sus pies un perrito<br />
(6) ladra furioso a la persona inoportuna.<br />
Cuando se aprende la<br />
historia de América, se habla de ca-<br />
L.C. : P ourquoi le choix du Vieux<br />
Port de M arseille comme lieu de la<br />
rencontre?<br />
H.B.V. : De tous temps, les rivières,<br />
les mers et les océans ont été des<br />
voies de conquêtes et d’échanges,<br />
facilitant métissage et syncrétisme.<br />
Puisque ce sont les sujets de ce<br />
tableau, le Vieux Port de Marseille,<br />
comme décor, me semblait parfait.<br />
D’ailleurs, sur la table de la<br />
marchande de fruits et légumes, on<br />
peut apercevoir des oranges qui<br />
viennent d’Asie, des bananes, qui<br />
viennent d’Afrique, des tomates, du<br />
maïs, des avocats et des pommes<br />
de terre, qui ont été cultivés en<br />
Amérique latine bien avant l’arrivée<br />
des Espagnols, et qui, par exemple,<br />
durant les xviiie et xixe siècles, ont<br />
sauvé de la famine les populations<br />
européennes. Voilà un exemple de<br />
syncrétisme pacifique.<br />
L.C. : J e r econnais la mar chande de<br />
légumes qui nous tour ne le dos, au<br />
premier plan du tableau, à droite.<br />
H.B.V. : Oui, c’est un personnage<br />
que je tire des Fileuses (5), le magistral<br />
tableau de Vélàzquez. Le<br />
geste de la jeune femme qui travaille<br />
la laine devient dans mon tableau<br />
un geste de rejet de la Péruvienne<br />
qui est debout à gauche.<br />
Cette jeune femme pourrait être la<br />
fille ou la petite-fille d’un réfugié<br />
espagnol de 1939 et elle semble oublier<br />
que tous les produits qui sont<br />
sur sa table sont conséquence de la<br />
colonisation des autres continents.<br />
À ses pieds, un petit chien (6) aboie<br />
furieusement contre l’importune.<br />
L.C.: Why choose Marseille’s Old<br />
Port to stage this encounter?<br />
H.B.V.: Since time immemorial,<br />
En<br />
srivers, seas and oceans have<br />
been highways for conquests<br />
and exchanges, facilitating crossfertilization<br />
and syncretism. Insofar<br />
as these are the themes of this<br />
painting, Marseille’s Old Port<br />
seemed like a perfect backdrop.<br />
Moreover, the display of fruits and<br />
vegetables includes oranges from<br />
Asia, bananas from Africa, tomatoes,<br />
corn, avocados and potatoes grown<br />
in Latin America before the arrival<br />
of the Spanish. By the way, these<br />
were key to the survival of the<br />
inhabitants of Europe during the<br />
famines of the eighteenth and<br />
nineteenth centuries, and provide<br />
an example of syncretism grounded<br />
in peace.<br />
L.C.: I recognize the vegetable<br />
vendor whose back is turned<br />
to us, to the right and in the<br />
foreground of the painting.<br />
H.B.V.: Yes, it’s a character taken<br />
from Velazquez’s masterpiece, The<br />
Spinners. In my painting, the gesture<br />
of the young woman working the<br />
wool reads like a rejection of the<br />
Peruvian woman standing to the<br />
left. This young woman could be the<br />
daughter or grand-daughter of a<br />
Spanish refugee from 1939 yet she<br />
seems to have forgotten that all the<br />
produce on the table is there as a<br />
result of the colonization of other<br />
continents.<br />
At her feet, a small dog barks<br />
furiously at the intruder. When one
P F<br />
das armas de fogo, esquecendo a ballos, de armaduras, de armas de<br />
importância da existência dos cães fuego, y se olvida la existencia de<br />
de guerra que os espanhóis tinham Es<br />
los perros de guerra que los españo-<br />
criado e já tinham utilizado contra les habían criado y usado ya contra<br />
os mouros durante a Reconquista.<br />
Durante a colonização, estes cães<br />
serviram como instrumento de<br />
guerra contra os povos indígenas.<br />
L.C.: E tudo isso com um olhar irônico,<br />
se não me engano.<br />
H.B.V.: Eu pude constatar que, para<br />
passar reflexões graves, a ironia e o<br />
distanciamento são excelentes<br />
meios.<br />
L.C.: No ângulo inferior esquer do, vemos<br />
uma caixa de papelão, com o logotipo<br />
Coke, que serve de lixeira.<br />
H.B.V.: Nós não esquecemos que o<br />
presidente cowboy Reagan falava,<br />
no seu tempo, do continente ao<br />
sul dos Estados Unidos como se<br />
fosse o quintal e a horta dos EUA.<br />
Nos papéis amassados, podemos<br />
encontrar o último discurso de<br />
Bush dirigido à América, assim como<br />
uma informação a respeito da<br />
poluição de um riacho na França e<br />
sobre um grave terremoto no Peru.<br />
No segundo plano, vemos, face aos<br />
dois pescadores, uma moça sorrindo.<br />
É a única que olha para nós, é uma<br />
mestiça originária dos departamentos<br />
franceses ultramarinos. Ela é a única<br />
que parece à vontade neste encontro.<br />
los moros durante la Reconquista y<br />
que sirvieron de perros de guerra<br />
durante la colonización como instrumento<br />
de guerra contra las poblaciones<br />
indígenas.<br />
L.C.: Todo envuelto en una visión<br />
irónica, me parece.<br />
H.B.V.: He tenido ocasión de constatar<br />
que para dar a entender<br />
asuntos graves la ironía y el distanciamiento<br />
son excelentes medios.<br />
L.C.: En el ángulo inferior izquierdo<br />
se aprecia una caja de<br />
cartón con el logotipo Coke que<br />
sirve de tacho para la basura.<br />
H.B.V.: No hemos olvidado que, hablando<br />
del continente al sur de Estados<br />
Unidos, el presidente cow-boy<br />
Reagan había repetido en su hora<br />
que se trataba del patio y huerto<br />
trasero de Estados Unidos. En los<br />
papeles arrugados se puede encontrar<br />
el último discurso de Bush dirigido<br />
a América, así como una información<br />
sobre la contaminación<br />
de un río en Francia y un grave terremoto<br />
en el Perú. En el segundo<br />
plano se ve, frente a los dos marineros,<br />
una joven que sonríe. Es la única<br />
que nos mira. Es una mestiza<br />
originaria de los departamentos<br />
franceses de ultramar. Es la única<br />
que parece sentirse cómoda en este<br />
encuentro.<br />
Lorsqu’on apprend l’histoire de<br />
l’Amérique, on parle de chevaux,<br />
d’armures, d’armes à feu, en<br />
oubliant l’importance de l’existence<br />
des chiens de guerre que les<br />
Espagnols avaient élevés et déjà<br />
utilisés contre les Maures pendant<br />
la Reconquête, et qui ont servi au<br />
moment de la colonisation comme<br />
instrument de guerre contre les<br />
populations indigènes.<br />
L.C. : Tout cela avec un regard ironique,<br />
me semble-t-il.<br />
H.B.V. : J’ai pu constater que pour<br />
faire passer des réflexions graves,<br />
l’ironie et la distanciation sont<br />
d’excellents moyens.<br />
L.C. : Dans l’angle inférieur gauche, on<br />
aperçoit une boîte en car ton, avec le<br />
logotype Coke, qui sert de poubelle.<br />
H.B.V. : On n’a pas oublié que le<br />
président cow-boy Reagan, parlant<br />
du continent au sud des États-Unis,<br />
avait répété en son temps que<br />
c’était l’arrière-cour et le potager<br />
des U.S.A. Dans les papiers froissés,<br />
on peut trouver le dernier discours<br />
de Bush adressé à l’Amérique, ainsi<br />
qu’une information à propos de la<br />
pollution d’une rivière en France et<br />
d’un grave tremblement de terre au<br />
Pérou. Au deuxième plan, on voit,<br />
face aux deux marins-pêcheurs,<br />
une jeune fille souriante. C’est la<br />
seule qui regarde vers nous, c’est<br />
une métisse originaire des départements<br />
français d’outre-mer. C’est la seule<br />
qui donne l’impression d’être à<br />
l’aise dans cette rencontre.<br />
is taught American history, there’s<br />
talk of horses, armor, guns, but<br />
never of the dogs of war bred by the<br />
En<br />
Spanish and used against the Moors<br />
during the re-conquest; during<br />
colonialism they served as an<br />
instrument of war against indigenous<br />
populations.<br />
L.C.: All this with a touch of<br />
irony…<br />
H.B.V: I’ve noticed that to get<br />
serious ideas across, it helps to use<br />
irony and distance…<br />
L.C.: In the lower left-hand<br />
corner, there’s a cardboard box,<br />
with the Coke logo, that serves<br />
as a trash-can.<br />
H.B.V.: Let us not forget that in his<br />
lifetime, Reagan, the cowboy-president,<br />
repeatedly spoke of the continent to<br />
the south of the United States as the<br />
U.S.’s “back yard” or “vegetable<br />
garden.” In the crumpled papers,<br />
you can see Bush’s last speech<br />
addressed to America, as well as<br />
information concerning a polluted<br />
river in France and a serious<br />
earth-quake in Peru. In the middle<br />
ground, in front of the two fishermen,<br />
there’s a young woman, smiling. A<br />
French métis from overseas, she’s<br />
the only one facing the viewer and<br />
the only one who gives the impression<br />
of feeling at ease during the<br />
encounter.<br />
29
A realidade é assim ?<br />
¿ La realidad es así ?<br />
(Goya, Picasso, Ingres, El Greco), 1996,<br />
La réalité est ainsi ?<br />
Is this reality?<br />
Grafite e carvão sobre tela, 180 x 150, 220 x 200, 180 x 150 cm (tríptico)<br />
31
P F<br />
L.C.: P intar um tríptico não é L.C.: Pintar un tríptico no es lo<br />
fazer três quadros separados, é ? mismo que hacer tres cuadros<br />
H.B.V.: Não, num tríptico, cada Es<br />
separados, ¿verdad?<br />
quadro tem que encontrar sua H.B.V.: Sí, en un tríptico, cada cua-<br />
própria solução, tanto tecnicamente<br />
quanto no seu conteúdo. Mas a<br />
reunião dos três painéis deve<br />
ampliar e enriquecer o conteúdo<br />
formal e narrativo da obra. É<br />
preciso ter sempre em mente o<br />
projeto como um todo.<br />
L.C.: A primeira coisa que me chamou<br />
a atenção foi o caráter q uase<br />
monocromático do conjunto.<br />
H.B.V.: A técnica é de desenho com<br />
grafite e carvão sobre uma tela de<br />
algodão colada sobre a madeira<br />
com a transferência da tinta de<br />
fragmentos de jornais e de gravuras<br />
do cronista peruano Huamán Poma<br />
de Ayala (1534-1618) e moldura de<br />
madeira policrômica.<br />
L.C.: A articulação da obra me parece<br />
permitir o desenv ol vimento de uma<br />
vasta r eflexão sobr e a miscigenação,<br />
mas qual a razão da pintura da dir eita<br />
?<br />
H.B.V.: O tema da miscigenação é<br />
efetivamente presente, mas também<br />
a mistura das culturas, o sincretismo.<br />
Indo além, a obra trata da invenção<br />
«artística». Por isso o meu autorretrato.<br />
L.C.: Fale um pouco do quadr o à esquerda<br />
e da div ersidade dos personagens<br />
representados.<br />
H.B.V.: Bem, são duas crianças que<br />
dançam ao som da música de um<br />
violinista cego e de um jovem flautista.<br />
32<br />
dro debe estar resuelto individualmente,<br />
tanto técnicamente como en<br />
su contenido. Pero la reunión de las<br />
tres piezas debe ampliar y enriquecer<br />
el contenido formal y narrativo<br />
de la obra. O sea que tienes que tener<br />
siempre presente el proyecto global.<br />
L.C.: Lo primero que me ha llamado<br />
la atención es que el<br />
conjunto es casi monocromático.<br />
H.B.V.: La técnica es de lápiz y carboncillo<br />
sobre tela de algodón encolada<br />
sobre madera con transferencia<br />
de la tinta de fragmentos de<br />
periódicos y de grabados del cronista<br />
peruano Huamán Poma de Ayala<br />
(1534-1618) y marco policromo<br />
de madera.<br />
L.C.: Me parece que al ser polifacética,<br />
la obra permite desarrollar<br />
una amplia reflexión sobre<br />
el mestizaje, ¿pero por qué<br />
el pintor a la derecha?<br />
H.B.V.: El tema del mestizaje está<br />
presente, claro, pero también la<br />
mezcla de las culturas, es decir el<br />
sincretismo. Más allá, es una obra<br />
sobre la invención “artística”. De<br />
ahí que me haya autorretratado.<br />
L.C.: Háblanos un poco del cuadro<br />
de la izquierda y de la variedad<br />
de los personajes representados.<br />
H.B.V.: Pues tienes a dos niños que<br />
L.C. Peindre un triptyque, ce n’est pas<br />
faire tr ois tableaux séparés, ¿n ’est-ce<br />
pas?<br />
H.B.V. Oui, dans un triptyque,<br />
chaque tableau doit trouver sa<br />
solution propre, aussi bien<br />
techniquement que dans son<br />
contenu. Mais l’assemblage des<br />
trois panneaux doit élargir et<br />
enrichir le contenu formel et<br />
narratif de l’œuvre. Tu dois toujours<br />
avoir à l’esprit le projet global.<br />
L.C. J’ai d’abord été frappé par le caractère<br />
pr esque monochr ome de<br />
l’ensemble.<br />
H.B.V. La technique est le graphite<br />
et le fusain sur une toile de coton<br />
marouflée sur bois avec transfert de<br />
l’encre de fragments de journaux et<br />
de gravures du chroniqueur péruvien<br />
Huamán Poma de Ayala (1534-<br />
1618) et cadre de bois polychrome.<br />
L.C. I l me semble que l ’articulation<br />
de l’œuvre permet de développer une<br />
vaste réflexion sur le métissage, mais<br />
pourquoi le peintre à droite ?<br />
H.B.V. Le thème du métissage est<br />
bien là, mais aussi le mélange des<br />
cultures, le syncrétisme. Au-delà,<br />
l’œuvre porte sur l’invention « artistique<br />
». D’où mon autoportrait.<br />
L.C. P arle-nous un peu du<br />
tableau à gauche et de la div ersité des<br />
personnages représentés.<br />
H.B.V. Eh bien, il y a deux enfants<br />
qui dansent au son de la musique<br />
d’un violoniste aveugle et d’un<br />
jeune flûtiste.<br />
L.C. Ce sont des instruments qui pro-<br />
L.C.: When y ou paint a tripty ch, it’s<br />
not a bout p ainting t hree s eparate<br />
paintings, is it?<br />
En<br />
H.B.V.: Indeed, in a triptych, each pain-<br />
ting needs to be solved in its own way,<br />
both technically and in terms of content.<br />
But the assemblage of the three panels<br />
must broaden and enrich the formal and<br />
narrative content of the work as a whole.<br />
You always have to keep in mind the<br />
spirit of the global project.<br />
L.C.: I was first str uck by the quasimonchromatic<br />
character of the whole.<br />
H.B.V.: The technique is graphite and<br />
charcoal on cotton canvas glued onto<br />
wood, with ink transfers of new clipping<br />
and engravings by the Peruvian chronicler<br />
Huaman Poma de Ayala (1534-1618), in<br />
a wooden, multicoloured frame.<br />
L.C.: It seems to me that the articulation<br />
fo the wor k allo ws to dev elop a<br />
vast reflection on affiliations, but why<br />
place the painter to the right?<br />
H.B.V.: The theme of affiliations is indeed<br />
present, but also the hybridization<br />
of cultures, or syncretism. Beyond this,<br />
the work also deals with “artistic invention”.<br />
Hence my self-portrait.<br />
L.C.: Speak to us some of the painting<br />
to the left and the div ersity of characters<br />
it contains.<br />
H.B.V.: Well, there are two children<br />
who are dancing to the sound of music<br />
played by a blind violinist and a young<br />
flutist.
P F<br />
L.C.: São instr umentos que vêm de están bailando al compás de la mú-<br />
universos diferentes.<br />
sica de un violinista ciego y de un<br />
H.B.V.: Exatamente. O violino vem Es<br />
joven flautista.<br />
da Europa e a «quena» é tipicamente L.C.: Son instrumentos que pro-<br />
andina. No entanto, estes dois<br />
instrumentos se unem para produzir<br />
uma melodia original e bem autêntica.<br />
É um bom exemplo de sincretismo<br />
musical. Esta cena alegre, no<br />
primeiro plano, representa talvez<br />
a capacidade de adaptação, de<br />
renovação e da invenção dos<br />
nossos povos negligenciados e<br />
maltratados.<br />
L.C.: Existe um v erdadeiro contraste<br />
entre o charme que emana dessa dança<br />
e os personagens que obser vam no<br />
fundo.<br />
H.B.V.: Trata-se de uma matrona<br />
vestida de maneira europeia e de<br />
seres estranhos pousados numa<br />
árvore...aves com cabeças humanas !<br />
São criaturas de Goya (7). Mas o que<br />
elas estão fazendo aqui, olhando<br />
ou, talvez, vigiando o povo ? São os<br />
nossos governantes ? Será o FMI ?<br />
Deixemos as próprias conjecturas<br />
àquele que olha o quadro.<br />
L.C.: O painel da dir eita nos<br />
transporta num mundo bem<br />
diferente.<br />
H.B.V.: Sim, à primeira vista. É um<br />
autorretrato e, como Velázquez nas<br />
Meninas, o artista volta o seu olhar<br />
para nós, que estamos no exterior<br />
do quadro. O efeito é perturbador.<br />
O artista nos observa enquanto<br />
contemplamos a sua obra? Será<br />
uma manifestação de egocentrismo ?<br />
ceden de universos diferentes.<br />
H.B.V.: Exacto, el violín proviene de<br />
Europa y la quena es típicamente<br />
andina. Sin embargo, los dos instrumentos<br />
se unen para producir<br />
una melodía original y muy auténtica.<br />
Es un buen ejemplo de sincretismo<br />
musical. Esta escena alegre,<br />
en primer plano, representa quizás<br />
la capacidad de adaptación, de renovación,<br />
de invención, de nuestros<br />
pueblos abandonados y maltratados.<br />
L.C.: Hay un contraste entre la<br />
gracia que se desprende de esta<br />
danza y los personajes que observar<br />
al fondo.<br />
H.B.V.: Se trata de una matrona<br />
vestida a la europea y de unos seres<br />
extraños posados sobre un árbol…<br />
¡aves con cabeza humana! Son<br />
criaturas de Goya (7). Pero, ¿qué<br />
hacen aquí, observando a la gente<br />
del pueblo, vigilándola quizás? ¿Son<br />
nuestros gobernantes? ¿…es el<br />
F.M.I.? Dejemos que el que mira el<br />
cuadro haga sus propias conjeturas.<br />
L.C.: La pieza de la derecha nos<br />
traslada a un mundo muy diferente.<br />
H.B.V.: A primera vista, sí. Es un<br />
autorretrato y, como Velázquez en<br />
Las Meninas, el artista mira hacia<br />
nosotros que estamos al exterior del<br />
viennent d’univers différents.<br />
H.B.V. Exactement. Le violon vient<br />
d’Europe et la quena est typiquement<br />
andine. Cependant, ces deux<br />
instruments s’unissent pour produi-<br />
re une mélodie originale très authentique.<br />
C’est un bon exemple de<br />
syncrétisme musical. Cette scène<br />
joyeuse, au premier plan, représente<br />
peut-être la capacité<br />
d’adaptation, de renouvellement et<br />
d’invention de nos peuples négligés<br />
et maltraités.<br />
L.C. Il y a un vrai contraste entr e le<br />
charme qui émane de cette danse et<br />
les personnages qui obser vent au<br />
fond.<br />
H.B.V. Il s’agit d’une matrone vêtue<br />
à l’européenne et d’étranges êtres<br />
posés sur un arbre… des volatiles à<br />
tête humaine ! Ce sont des créatures<br />
de Goya (7). Mais que font-elles<br />
ici à observer, ou peut-être à surveiller<br />
les gens du peuple ? Sont-elles<br />
ceux qui nous gouvernent ? Estce<br />
le FMI ? Laissons ses propres<br />
conjectures à celui qui regarde le<br />
tableau.<br />
L.C. Le panneau de dr oite nous<br />
transporte dans un monde for t différent.<br />
H.B.V. Oui, à première vue. C’est<br />
un autoportrait et, comme Vélazquez<br />
dans Les Ménines, l’artiste<br />
tourne son regard vers nous qui<br />
sommes à l’extérieur du tableau.<br />
L’effet est perturbant. L’artiste nous<br />
observe-t-il pendant que nous<br />
contemplons son œuvre ? Est-ce<br />
L.C.: These instr uments come fr om<br />
different worlds.<br />
H.B.V.: Precisely. The violin comes<br />
En<br />
from Europe and the quena is typical<br />
of the Andes. Nevertheless, these two<br />
instruments unite to form a very original<br />
and authentic melody. There’s a<br />
good example of musical syncretism.<br />
This scene, in the foreground, is joyous<br />
and perhaps could be said to represent<br />
our neglected and mistreated people’s<br />
capacity to adapt, to renew and invent.<br />
L.C.: Ther e’s a r eal contrast between<br />
the charm that glo ws from this dance<br />
and the char acters looking at it fr om<br />
behind.<br />
H.B.V.: There’s a matron dressed in European<br />
garb and strange beings propped<br />
up on a tree…flying creatures with human<br />
heads! They’re creatures taken from<br />
Goya (7). But what are they doing here<br />
if not keeping an eye on “common people”?<br />
Are they those who govern us? Is it<br />
the IMF? We’ll leave such conjectures to<br />
those looking at the painting.<br />
L.C.: The panel to the right transports<br />
us into a completely different world.<br />
H.B.V.: Yes, at first glance. It’s a selfportrait<br />
and, as with Velazquez in Las<br />
Meninas, the artist turns towards us,<br />
who are outside of the painting.<br />
The effect is disturbing. Is the artist observing<br />
us contemplating his work? Is<br />
this a sign of ego-centricity? In the<br />
foreground, you can see his models,<br />
including a still life that harkens back to<br />
everyday reality and the famous<br />
“Bather” by Ingres (8), a sign of cultural<br />
33
P F<br />
No primeiro plano, encontramos cuadro. Se produce algo que pertur-<br />
seus modelos : uma natureza morta ba. ¿Nos estará observando el artis-<br />
que nos remete à realidade quotidiana Es<br />
ta mientras contemplamos su obra?<br />
e a famosa «Baigneuse» de Ingres (8) que ¿Será egotismo de parte suya? En<br />
relembra a continuidade cultural.<br />
Esta personagem conversa com<br />
uma mãe indígena que parece sair<br />
de um Guernica (9) mutilado e<br />
falsificado que se encontra no<br />
fundo, atrás do pintor. O artista<br />
pode ignorar a violência das nossas<br />
sociedades ?<br />
L.C.: Depois das duas portas laterais,<br />
podemos observar o corpo central do<br />
tríptico.<br />
H.B.V.: Bem, reconhecemos Picasso<br />
(10) e García Márquez que se<br />
lançaram numa conversa que parece<br />
desopilante. O lugar que está<br />
representado e os personagens que<br />
estão à volta são a realidade ? Ou<br />
são a representação gráfica da<br />
história que os diverte tanto ?<br />
34<br />
9<br />
primer plano están sus modelos: un<br />
bodegón que remite a la realidad<br />
cotidiana y la famosa Baigneuse de<br />
Ingres (8) que recuerda la continuidad<br />
cultural. Este personaje está<br />
dialogando con una madre indígena<br />
que parece salir de un Guernica<br />
(9) mutilado y falsificado, presente<br />
al fondo, a espaldas del pintor.<br />
¿Puede el artista ignorar la violencia<br />
de nuestras sociedades?<br />
L.C.: Después de las dos piezas<br />
laterales, podemos observar el<br />
cuerpo central del tríptico.<br />
H.B.V.: Pues, reconocemos a Picasso<br />
(10) y García Márquez que sostienen<br />
un diálogo al parecer desopilante.<br />
¿El lugar representado y los<br />
personajes que les rodean son la<br />
realidad? ¿O es la representación<br />
gráfica de la historia, que los hace<br />
tanto reír?<br />
une manifestation d’égocentrisme ?<br />
Au premier plan, on trouve ses<br />
modèles : une nature morte qui<br />
renvoie à la réalité quotidienne et la<br />
célèbre Baigneuse d’Ingres (8) qui<br />
rappelle la continuité culturelle. Ce<br />
personnage dialogue avec une<br />
mère indigène qui semble sortir<br />
d’un Guernica (9) mutilé et falsifié<br />
qui se trouve au fond, derrière le<br />
peintre. L’artiste peut-il ignorer la<br />
violence de nos sociétés ?<br />
L.C. Après ces deux volets latéraux,<br />
nous pouvons obser ver le corps central<br />
du triptyque.<br />
H.B.V. Eh bien, nous reconnaissons<br />
Picasso (10) et García Márquez qui<br />
sont engagés dans un dialogue qui<br />
semble désopilant. Le lieu représenté<br />
et les personnages qui les entourent<br />
sont-ils la réalité ? Ou est-ce la<br />
représentation graphique de<br />
l’histoire qui les fait rire ainsi ?<br />
7<br />
continuity. This character is speaking to<br />
an indigenous mother who seems to have<br />
stepped out of a kind of mutilated<br />
En<br />
and falsified Guernica, to the back, be-<br />
hind the painter. Can the artist ignore<br />
the violence characteristic of our world?<br />
L.C.: Between these two lateral panels<br />
there’s the centr al “body ” of the<br />
tryptich.<br />
H.B.V.: Well, you can recognize Picasso<br />
(10) and Garcia Marquez who are seem<br />
to be engaged in a completely hilarious<br />
dialogue. Are the place depicted and the<br />
surrounding characters real? Or is it the<br />
graphic re-rendering of history what is<br />
making them laugh in this way?<br />
L.C. In the foreground, a naked child<br />
is hiding his eyes. Why?<br />
H.B.V. No one really knows. So as not<br />
to see the mixed-breed invented by<br />
Goya, half-bird half- man, panicked and<br />
feathered, strutting and looking about<br />
for an exit? Or maybe he’s trying to<br />
avoid the sight of the old tart et her Madame,<br />
typically goya-esque figures that<br />
evoke the oligarchy in power?<br />
8
P F<br />
L.C.: N o primeir o plano, um L.C.: En el primer plano un niño<br />
menino nu tapando os olhos. P or desnudo se cubre los ojos.<br />
quê? Es<br />
¿Por qué?<br />
H.B.V.: Nós não sabemos muito H.B.V.: No estamos seguros. ¿Para<br />
bem. Para não ver esses seres<br />
inventados por Goya, frutos de<br />
uma mescla extrema entre a ave e<br />
o homem (11), que estão vagueando<br />
depenados e em pânico procurando<br />
uma saída ? Ou, talvez, para não<br />
ver a velha coquete (12) e a cafetina,<br />
personagens de Goya que nos lembram<br />
as oligarquias no poder ?<br />
L.C.: No fundo, tem um outr o personagem<br />
um pouco inquietante.<br />
H.B.V.: Sim, o cardeal e grande<br />
inquisidor Niño de Guevara (13)<br />
que El Greco retratou está sentado na<br />
frente de um homem enforcado. Ele<br />
escuta e observa os dois mestres<br />
com um olhar desconfiado e crítico.<br />
Seria como o Vaticano a respeito de tudo<br />
o que se afasta dos dogmas da Igreja ?<br />
L.C.: É verdade que a vida é assim.<br />
H.B.V.: Mas… A REALIDADE É ASSIM ?<br />
5<br />
no ver a esos seres inventados por<br />
Goya, fruto de un mestizaje extremo<br />
de ave y hombre (11), que<br />
deambulan desplumados y aterrados<br />
buscando una salida? ¿O para<br />
no ver a la vieja coqueta (12) y la<br />
alcahueta, personajes goyescos que<br />
nos recuerdan las oligarquías gobernantes?<br />
L.C.: En el fondo hay otro personaje<br />
algo inquietante.<br />
H.B.V.: Sí, frente a un ahorcado está<br />
sentado el cardenal gran inquisidor<br />
Niño de Guevara (13) que retrató<br />
El Greco. Escucha y observa<br />
con ojos recelosos y críticos a los dos<br />
maestros. ¿Cómo hace el Vaticano,<br />
con todo lo que se aleja de los dogmas<br />
de la Iglesia?<br />
L.C.: Desde luego, la vida es así.<br />
H.B.V.: Pero… ¿LA REALIDAD ES<br />
ASÍ?<br />
L.C. Au premier plan, un enfant nu se<br />
cache les yeux. Pourquoi ?<br />
H.B.V. Nous ne savons pas vraiment.<br />
Pour ne pas voir ces êtres in-<br />
ventés par Goya, fruits d’un métis-<br />
sage extrême entre le volatile et<br />
l’homme (11), qui déambulent déplumés<br />
et paniqués à la recherche<br />
d’une issue ? Ou bien pour ne pas<br />
voir la vieille coquette (12) et la<br />
maquerelle, personnages<br />
goyesques qui nous rappellent les<br />
oligarchies au pouvoir ?<br />
L.C. Au fond il y a un autr e personnage<br />
un peu inquiétant.<br />
H.B.V. Oui, le cardinal grand inquisiteur<br />
Niño de Guevara (13) dont le<br />
Greco a fait le portrait est assis<br />
devant un pendu. Il écoute et<br />
observe les deux maîtres avec un<br />
regard méfiant et critique. Comme<br />
le fait le Vatican au sujet de tout ce<br />
qui s’éloigne des dogmes de l’Église ?<br />
L.C. Il est vrai que la vie est ainsi.<br />
H.B.V. Mais… ¿ LA REALITE EST<br />
AINSI ?<br />
L.C. Towards the back, there’s another<br />
slightly troubling figure.<br />
H.B.V. Yes, it is the Cardinal and Grand<br />
En<br />
10 11 12 13<br />
Inquisitor Niño de Guevara, painted by<br />
Greco and seated in front of a hanged<br />
man. He’s listening to and observing<br />
the two masters with a critical and<br />
suspicious eye, not unlike the Vatican itself<br />
when it comes to anything one step<br />
removed from Church dogma.<br />
L.C. True, life is indeed a lot like that.<br />
H.B.V. But…Is it real?<br />
35
Don Pablo baila un huayno (danza andina de<br />
la Sierra peruana) bajo la mirada sorprendida<br />
de Matisse 2005.<br />
P F<br />
L.C.: P icasso e M atisse juntos num L.C.: ¿Picasso y Matisse reuni-<br />
quadro ?<br />
dos en un cuadro?<br />
H.B.V.: O conteúdo narrativo do Es<br />
H.B.V.: El contenido narrativo del<br />
quadro é uma reflexão sobre a cuadro es una reflexión sobre la<br />
amizade e a competição fraternal<br />
que reúne esses dois grandes<br />
mestres ao longo de suas vidas.<br />
Matisse observa, com um pouco de<br />
espanto e um pouco de diversão,<br />
Picasso que se exibe – como ele<br />
costumava fazer – dançando ao<br />
36<br />
amistad y la competición fraternal<br />
que reunió durante toda su vida a<br />
estos dos grandes maestros. Matisse<br />
entre divertido y sorprendido observa<br />
a Picasso quien se pone en escena<br />
–como solía hacerlo– y baila al<br />
compás de la música de la quena<br />
L.C. : P icasso et M atisse réunis dans<br />
un tableau ?<br />
H.B.V. : Le contenu narratif du<br />
tableau est une réflexion sur<br />
l’amitié et la compétition fraternelle<br />
qui a réuni leur vie durant ces deux<br />
grands maîtres. Matisse observe,<br />
mi-amusé, mi-étonné, Picasso qui<br />
se met en scène - comme il en avait<br />
l’habitude - en dansant au son de la<br />
musique jouée par la “quena” (flûte<br />
L.C.: You’ve featured Picasso<br />
and Matisse both in one and the<br />
same painting?<br />
En<br />
H.B.V.: The narrative content of the<br />
painting reflects on the nature of<br />
friendship and the fraternal competition<br />
that cemented the lives of these two<br />
masters. Matisse observes, half-amused,<br />
half-surprised, how Picasso claims the<br />
stage —as was his habit—by dancing to<br />
the sound of the music played by a
Don Pablo baila un huayno (danza andina<br />
de la Sierra peruana) bajo la mirada<br />
sorprendida de Matisse (Duncan), 2005<br />
Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm<br />
37
P F<br />
som da música da «quena» (flauta (flauta indígena precolombina).<br />
indígena pré-colombiana).<br />
L.C.: Varios elementos de tu cua-<br />
L.C.: Vários elementos do quadro vêm Es<br />
dro proceden de las obras de es-<br />
das obras desses dois artistas.<br />
tos dos artistas.<br />
artistes.<br />
H.B.V.: Sim. Na verdade, são quatro<br />
citações : uma foto feita por Duncan<br />
aonde vemos Picasso dançando<br />
(14), fragmentos de «Demoiselles<br />
d’Avignon» (15) desenhados na<br />
parede do fundo e, finalmente, um<br />
nu azul (16) tirado de uma obra do<br />
Matisse. Além disso, reunindo esses<br />
fragmentos, encontramos algumas<br />
reinterpretações de fragmentos da<br />
«Guernica» (17) e das «Meninas»,<br />
à maneira de Picasso.<br />
L.C.: E xiste uma pr ovocação<br />
na maneira que você apresenta Picasso.<br />
H.B.V.: Não sou eu, é ele que<br />
encena para o fotógrafo. Acredito<br />
que ele tenha sido o primeiro artista<br />
“people” da história. Eu manipulo a<br />
imagem para que ele dance o huayno,<br />
tocado pelo músico peruano que<br />
está ao lado dele. É uma dança<br />
pré-colombiana que ainda está viva<br />
no Peru, aonde o homem dá seu<br />
braço à mulher escolhida para<br />
convidá-la para dançar. E é exatamente<br />
isso que Picasso faz durante um<br />
século conosco, os artistas : ele nos<br />
faz dançar graças à sua genialidade.<br />
L.C.: É uma dança ao som da «quena»<br />
andina…<br />
H.B.V.: Sim, porque Picasso funciona<br />
como um prisma ; ele utilizou as<br />
culturas da América, da África, da<br />
Ásia graças às quais ele inventou<br />
uma nova linguagem plástica.<br />
38<br />
H.B.V.: Sí. En realidad, hay cuatro<br />
citas: una foto que hizo Duncan<br />
donde se ve a Picasso bailando<br />
(14), unos fragmentos de Les demoiselles<br />
d’Avignon (15) dibujados<br />
en la pared del fondo, y, por fin, un<br />
desnudo azul (16) sacado de una<br />
obra de Matisse. Además, vinculando<br />
estos fragmentos entre sí, se hallan<br />
reinterpretaciones de fragmentos<br />
de Guernica (17) y de Las<br />
Meninas, al estilo de Picasso.<br />
L.C.: Hay cierta provocación en<br />
tu forma de presentar a Picasso.<br />
H.B.V.: No soy yo, él es quien se pone<br />
en escena de este modo para el<br />
fotógrafo. Creo que es el primer artista<br />
“people” de la historia. Desvío<br />
el documento para hacer que baile<br />
un huayno interpretado por músico<br />
peruano que se hallan a su lado. Es<br />
una danza precolombina que sigue<br />
vivaz hoy en el Perú en la que el<br />
hombre le ofrece el brazo a la mujer<br />
elegida para invitarla a bailar<br />
con él. Y eso fue lo que hizo Picasso<br />
durante un siglo respecto a nosotros,<br />
los artistas: nos hizo bailar<br />
gracias a su genialidad.<br />
L.C.: Es una danza al compás de<br />
la quena andina…<br />
H.B.V.: Sí, porque Picasso funciona como<br />
un prisma; echó mano de las culturas<br />
de América, África y Asia, inventando<br />
un nuevo lenguaje plástico.<br />
indigène précolombienne).<br />
L.C. : Plusieurs éléments dans ton tableau<br />
sont pris des œuvres de ces deux<br />
H.B.V. : Oui. En réalité, il y a trois<br />
citations: une photo faite par<br />
Duncan, où on voit Picasso (14) en<br />
train de danser, des fragments des<br />
Demoiselles d’Avignon (15) dessinées<br />
sur le mur du fond, et enfin,<br />
un nu bleu (16) tiré d’une œuvre de<br />
Matisse. En plus, réunissant ces<br />
fragments, on trouve des réinterprétations<br />
de fragments de Guernica<br />
(17) et des Ménines, à la manière<br />
de Picasso.<br />
L.C. : Il y a de la pr ovocation dans la<br />
manière dont tu présentes Picasso.<br />
H.B.V. : Ce n’est pas moi, c’est lui<br />
qui se met ainsi en scène pour le<br />
photographe. Je pense que c’est le<br />
premier artiste people de l’histoire.<br />
Je détourne le document pour le<br />
faire danser un huayno, jouée par<br />
le musicien péruviens qu’on trouve à<br />
côté de lui. C’est une danse<br />
précolombienne, encore vivante<br />
aujourd’hui au Pérou, où l’homme<br />
offre son bras à son élue pour<br />
l’inviter à danser avec lui. C’est bien<br />
ça que Picasso a fait pendant un<br />
siècle, à nous, les artistes : il nous<br />
a fait danser grâce à son génie.<br />
L.C. : C’est une danse au son de la<br />
“quena” andine...<br />
H.B.V. : Oui, parce que Picasso fonctionne<br />
comme un prisme ; il a utilisé<br />
les cultures d’Amérique, d’Afrique<br />
et d’Asie, grâce auxquelles il a inventé<br />
un nouveau langage plastique.<br />
L.C. : I ci, dans ce tableau, tu<br />
quena (an indigenous pre-colombian<br />
flute).<br />
L.C.: Several elements in y our painting<br />
En<br />
are drawn from works by these two<br />
artists.<br />
H.B.V.: Yes. Actually, there are four<br />
citations: a photograph taken by<br />
Duncan, where Picasso can be seen<br />
dancing; fragments of the Demoiselles<br />
d’Avignon drawn on the back wall; and,<br />
finally, a blue nude taken from a work<br />
by Matisse. Moreover, these fragments<br />
are interwoven with Picasso-like<br />
re-interpretations of fragments of<br />
Guernica and Las Meninas.<br />
L.C.: Y ou’re being pr ovocative by<br />
presenting Picasso in this way.<br />
H.B.V.: No I’m not. He’s the one who<br />
claimed the stage by dancing in this way<br />
for the photographer. He is art history’s<br />
first media-star. I’ve simply re-contextualized<br />
the document so that he’s seen<br />
dancing a huayno, played by Peruvian<br />
musicians at his side. It’s a pre-columbian<br />
dance, still practiced today in Peru, in<br />
which the man invites his chosen partner<br />
by offering his arm to her. This is what<br />
Picasso did for a century with us artists:<br />
his genius got us to dance.<br />
L.C.: A dance to the sound of an<br />
Andian quena…<br />
H.B.V.: Yes, insofar as Picasso functions<br />
like a kind of prism: he used the cultures<br />
of America, Africa and Asia to invent a<br />
new pictorial language.<br />
L.C.: H ere, in this painting, y ou’ve<br />
turned once again to r eflecting on<br />
lineage.<br />
H.B.V.: Matisse and Picasso are two<br />
masters who hold a preponderant place
P F<br />
L.C.: Aqui, neste quadro, você volta à L.C.: Aquí, en este cuadro, vuel-<br />
sua r eflexão sobr e as ves a reflexionar sobre las filia-<br />
filiações. Es<br />
ciones.<br />
H.B.V.: Matisse e Picasso são dois H.B.V. Matisse y Picasso son dos de<br />
grandes mestres que tem um lugar<br />
preponderante na minha formação<br />
conceitual e formal.<br />
L.C.: E por que o cachorr o e a paisagem<br />
marinha ?<br />
H.B.V.: Temos a tendência de ignorar<br />
que os cães, que hoje são animais<br />
de companhia, serviram no passado,<br />
desde os gregos, como armas de<br />
guerra e de conquista. E o mar é a<br />
única paisagem, fora a zona polar e<br />
os grandes desertos, que nós podemos<br />
contemplar hoje como fizeram os<br />
nossos antepassados, sem sermos<br />
perturbados pela poluição produzida<br />
pelas civilizações.<br />
los grandes maestros que han ocupado<br />
un lugar preponderante en mi<br />
formación conceptual y formal.<br />
L.C.: ¿Por qué el perro y el paisaje<br />
marino?<br />
H.B.V.: Se suele ignorar que los perros<br />
que hoy nos hacen compañía<br />
sirvieron en el pasado, desde la época<br />
de los griegos, de armas de guerra<br />
y de conquista. Y el mar es el<br />
único paisaje que, salvo la zona polar<br />
y los grandes desiertos, podemos<br />
contemplar hoy como lo hicieron<br />
nuestros antepasados, sin la perturbación<br />
que produce la contaminación<br />
de las civilizaciones.<br />
portes à nouv eau ta réflexion sur les<br />
filiations.<br />
H.B.V. : Matisse et Picasso sont<br />
deux des grands maîtres qui ont eu<br />
une place prépondérante dans ma<br />
formation conceptuelle et formelle.<br />
L.C. : P ourquoi le chien et le<br />
paysage marin ?<br />
H.B.V. : On a tendance à ignorer<br />
que les chiens qui aujourd’hui nous<br />
tiennent compagnie ont servi dans<br />
le passé, depuis les Grecs, comme<br />
armes de guerre et de conquête. Et<br />
la mer, c’est l’unique paysage en<br />
dehors de la zone polaire et des<br />
grands déserts qu’on peut contempler<br />
aujourd’hui comme l’ont fait nos<br />
ancêtres, sans être perturbé par la<br />
pollution produite par les civilisations.<br />
14 16 17 15<br />
in my conceptual and formal training.<br />
L.C.: Why the dog and seascape?<br />
H.B.V.: Today, there’s a tendency to<br />
En<br />
forget that the dogs who keep us<br />
company have been, since ancient<br />
Greece, weapons of war and conquest.<br />
Along with ice-caps and deserts, the sea<br />
is one of the few landscapes that we can<br />
still contemplate much in the same way<br />
our ancestors did, without interference<br />
from the pollution produced by civilization.<br />
39
P F<br />
L.C.: O diálogo que você instaura en- L.C.: El diálogo que instauras<br />
tre artistas de épocas e países diferen- entre artistas de épocas y paítes<br />
vira, neste quadro, uma rica e Es<br />
ses diferentes se convierte aquí<br />
complexa polifonia.<br />
en una rica y compleja polifo-<br />
H.B.V.: Trata-se aqui de seguir as<br />
filiações possíveis partindo de<br />
Francisco de Goya. Eu realizei este<br />
quadro para uma exposição em<br />
Bordeaux. Goya era incontornável<br />
pois, como você sabe, ele passou<br />
os últimos anos da sua vida nessa<br />
40<br />
¿ Qué tal ? Don Francisco à Bordeaux<br />
ou Le rêve du novillero<br />
nía.<br />
H.B.V.: Se trata aquí de seguir las filiaciones<br />
posibles partiendo de<br />
Francisco de Goya. Este cuadro, lo<br />
realicé para una exposición en Burdeos.<br />
Goya se vuelve insoslayable,<br />
ya que, como sabes, pasó los últimos<br />
años de su vida en esta ciudad don-<br />
L.C. : Le dialogue que tu instaur es<br />
entre artistes d’époques et de pays différents<br />
devient ici une riche et complexe<br />
polyphonie.<br />
H.B.V. : Il s’agit ici de suivre les<br />
filiations possibles en partant de<br />
Francisco de Goya. Ce tableau, je<br />
l’ai réalisé pour une exposition à<br />
Bordeaux. Goya devient incontournable,<br />
car, comme tu le sais, il a<br />
passé les dernières années de sa vie<br />
dans cette ville où il est mort,<br />
L.C.: H ere, the dialogue that y ou<br />
weave betw een ar tists of differ ent<br />
times and countries becomes a rich<br />
En<br />
and complex polyphony.<br />
H.B.V.: The idea here is to follow<br />
affiliations dating from Francisco de<br />
Goya onwards. This painting was for a<br />
show in Bordeaux. Including Goya was<br />
indispensable insofar as he spent the last<br />
years of his life in that city and died<br />
there in the company of Spanish<br />
refugees who had fled persecution from<br />
the authorities. I imagined Goya’s
¿Qué tal? Don Francisco à Bor deaux<br />
ou Le rêve du novillero (Goya, Vélàzquez,<br />
Manet, Monet, Botan), 2007<br />
Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm
P F<br />
cidade aonde ele morreu, acom- de murió acompañado por refugiapanhado<br />
dos refugiados espanhóis dos españoles que habían tenido<br />
que tiveram que fugir a perseguição Es<br />
que huir de las persecuciones de las<br />
das autoridades do reino.<br />
autoridades del reino. Imagino el<br />
Eu imagino o ateliê de Goya com<br />
uma janela com vista para a esquina<br />
entre a rua da prefeitura e a praça<br />
Pay-Berland. Percebemos a catedral<br />
e um bistrô. Os dois personagens<br />
embaixo, à esquerda, sentados numa<br />
almofada vermelha, são o bobo da<br />
corte Niño de Vallecas (18) e o<br />
anão Calabacillas (19), pintados por<br />
Velázquez. Conhecemos a influência<br />
que Don Diego teve na formação<br />
de Goya. Atrás do mestre, percebemos<br />
um personagem tirado de uma<br />
obra de Manet, «Le chanteur espagnol»<br />
(20). Sabemos que Manet descobriu,<br />
no início da sua formação,<br />
Velázquez e Goya, dois artistas que<br />
marcaram a sua obra.<br />
Atrás do violonista, podemos ver<br />
o retrato da senhora Gaudibert<br />
(21), pintado por Monet, que na<br />
sua primeira fase, foi infuenciado<br />
por Manet. Pendurado na parede<br />
do fundo, encontramos «L’homme<br />
taller de Goya con una ventana que<br />
da a la esquina de la calle del Hôtel<br />
de Ville con la plaza Pay-Berland.<br />
Se distinguen la catedral y un bar.<br />
Los dos personajes abajo a la izquierda,<br />
sentados en un cojín rojo,<br />
son el bufón Niño de Vallecas (18) y<br />
el enano Calabacillas (19) que pintó<br />
Velázquez. Es sabida la importancia<br />
que desempeñó don Diego<br />
en la formación de Goya. Tras el<br />
maestro se divisa a un personaje tomado<br />
de una obra de Manet, Le<br />
chanteur espagnol (20). Ya se sabe<br />
que Manet descubrió en su temprana<br />
formación a Velázquez y Goya,<br />
dos artistas que marcaron su obra.<br />
Detrás del guitarrista, se puede ver<br />
el retrato de la señora Gaudibert<br />
(21) pintado por Monet que, en su<br />
primer período fue influido por Manet.<br />
Colgado de la pared del fondo,<br />
tenemos L’homme mort pintado en<br />
1865 por Manet (22) (se pretende<br />
accompagnés de réfugiés espagnols<br />
qui avaient dû fuir la persécution<br />
des autorités du royaume. J’imagine<br />
l’atelier de Goya avec une fenêtre<br />
qui donne sur l’angle formé par la<br />
rue de l’Hôtel de Ville et la place<br />
Pay-Berland. On aperçoit la<br />
cathédrale et un bistrot. Les deux<br />
personnages en bas à gauche, assis<br />
sur un coussin rouge, sont le<br />
bouffon Niño de Vallecas (18) et le<br />
nain Calabacillas (19) peints par<br />
Vélàzquez. On connaît l’importance<br />
que Don Diego a eu dans la formation<br />
de Goya. Derrière le maître, on<br />
aperçoit un personnage tiré d’une<br />
œuvre de Manet, Le chanteur<br />
espagnol (20). On sait que Manet a<br />
dé<strong>couv</strong>ert au début de sa formation<br />
Vélàzquez et Goya, deux artistes<br />
qui ont marqué son œuvre. Derrière<br />
le guitariste, on peut voir le portrait<br />
de madame Gaudibert (21), peint<br />
par Monet, qui dans sa première période<br />
fut influencé par Manet. Accroché<br />
au mur du fond, on trouve<br />
L’homme mort peint en 1865 par<br />
Manet (22) (on prétend qu’il l’a ré-<br />
atelier, with a window giving onto the<br />
angle formed by the street Hôtel de la<br />
Ville and Pay-Berland Square. You can<br />
En<br />
18 19 20 21<br />
42<br />
catch a glimpse of the cathedral and a<br />
bistro. The two characters at the lower<br />
left-hand corner are the buffoon Niño<br />
de Vallecas and the dwarf Calabacillas,<br />
as painted by Velazquez.<br />
The influence of Don Diego on Goya is<br />
well known. Behind the master, there’s a<br />
character drawn from a work by Manet,<br />
The Spanish Singer. We know that<br />
Manet discovered Velazquez and Goya<br />
early in his career, and that both<br />
influenced his work. Behind the guitar<br />
player, you can see the portrait of<br />
Madame Gudibert, painted by Monet<br />
who, in his early period, was influenced<br />
by Manet. To the back, hung on the<br />
wall, there’s Manet’s Dead Man, painted<br />
in 1865 (it has been claimed that the<br />
painting was inspired by another,<br />
entitled Dead Soldier, attributed to<br />
Velasquez in the 19th century). It is<br />
probably a novillero. The term is used to<br />
describe young aspiring bull-fighters<br />
who, in order to become professionals,<br />
had to receive their “alternative” from a
P F<br />
mort», pintado em 1865 por Manet que lo realizó tras observar el cua-<br />
(22) (dizem que ele pintou este dro El soldado muerto atribuido en<br />
quadro depois de ter visto «El sol- Es<br />
el siglo xix a Velázquez). Se trata<br />
dado muerto», pintura atribuída no probablemente de un novillero. Se<br />
século XIX à Velázquez).<br />
É provavelmente um «novillero».<br />
Assim são chamados os jovens<br />
aspirantes a toureiro que, para<br />
chegar lá devem receber a «alternativa»<br />
de um matador confirmado antes<br />
de poder enfrentar oficialmente os<br />
touros.<br />
Acima do homem morto, vemos<br />
uma cena de tourada. Na parede<br />
atrás do violonista, encontra-se o<br />
quadro Une dame en costume<br />
espagnol, pintado por Goya (23).<br />
L.C.: Como v ocê define as<br />
filiações nesses casos?<br />
H.B.V.: Com ironia e respeito, eu<br />
tento mostrar a paternidade de<br />
Velázquez em relação a Goya, de<br />
Velázquez e Goya em relação a<br />
Manet, Manet para Monet e, para<br />
não parar no meio do caminho, de<br />
uma certa maneira eu mesmo me<br />
situo na sequência dessa filiação<br />
pois, pintando este quadro, eu<br />
assumo fazer parte dessa família.<br />
llama así a los jóvenes aspirantes al<br />
título de matador de toros que, para<br />
alcanzarlo, han de recibir la alternativa<br />
de un matador confirmado<br />
antes de poder lidiar toros oficialmente.<br />
Encima de él se aprecia una<br />
escena de tauromaquia. En la pared,<br />
detrás del guitarrista, se halla<br />
el lienzo “Une dame en costume espagnol”<br />
que pintó Goya (23).<br />
L.C.: ¿Cómo defines las filiaciones<br />
en tal caso?<br />
H.B.V.: Con ironía y respeto, procuro<br />
poner de relieve la paternidad de<br />
Velázquez respecto a Goya, de Velázquez<br />
y Goya para Manet, de Manet<br />
para Monet, y para no quedarse<br />
a mitad de camino, en cierto modo<br />
me sitúo también en la continuidad<br />
de esta filiación, puesto que reconozco<br />
pertenecer a esta familia al<br />
hacer este cuadro.<br />
LC. También hay la violencia representada<br />
en las transferencias<br />
de tinta.<br />
alisé après avoir observé le tableau<br />
El Soldado muerto attribué au xixe<br />
siècle à Vélàzquez). Il s’agit sans<br />
doute d’un novillero. On appelle<br />
ainsi les jeunes aspirants au titre de<br />
matador qui, pour le devenir, doivent<br />
recevoir l’alternative d’un matador<br />
confirmé avant de pouvoir officiellement<br />
affronter les taureaux.<br />
Au-dessus de lui, on voit une scène<br />
de tauromachie. Sur le mur derrière<br />
le guitariste, on trouve le tableau<br />
Une dame en costume espagnol<br />
peint par Goya (23).<br />
L.C. : Comment définis-tu donc les<br />
filiations dans ces cas-là ?<br />
H.B.V. : Avec ironie et respect,<br />
j’essaie de montrer la paternité de<br />
Vélàzquez vis-à-vis de Goya, de<br />
Vélàzquez et Goya pour Manet, de<br />
Manet pour Monet, et pour ne pas<br />
m’arrêter en si bon chemin, d’une<br />
certaine manière, je me situe<br />
moi-même dans la suite de cette<br />
filiation car je reconnais en faisant<br />
ce tableau mon appartenance à<br />
cette famille.<br />
L.C. : Il y a aussi la violence représentée<br />
dans les transferts d’encre.<br />
H.B.V. : Oui, la violence passée<br />
confirmed matador, before being<br />
officially allowed to confront the bulls.<br />
Above him, there’s a bull-fight scene.<br />
En<br />
24 24 24 25<br />
On the wall behind the guitarist, there’s<br />
A Lady in Spanish Dress by Goya.<br />
L.C.: H ow would y ou define the<br />
affiliations in this instance?<br />
H.B.V.: With irony and respect. I try to<br />
reveal the paternity of Velazquez to<br />
Goya, of Velazquez and Goya to Manet,<br />
of Manet to Monet, and, beyond that,<br />
I include myself in this lineage insofar as<br />
this painting affirms my own affiliation<br />
with this family.<br />
L.C.: There’s also violence represented<br />
in the ink transfers.<br />
H.B.V.: Yes, past violence as well as<br />
contemporary violence. In the upper<br />
part of the painting that Goya is in the<br />
process of touching up, there’s an ink<br />
transfer of four etchings, one from the<br />
Caprichos, and three others taken from<br />
the Disasters of War. You can also find<br />
newspaper clippings mentioning “Members<br />
of the Ku Klux Klan condemned”,<br />
“Increasing insecurity in Venezuela”, “The<br />
Red Mosque occupied today [inPakistan]”,<br />
“Al-Qaida suicide bombing”…<br />
43
P F<br />
L.C.: Também tem a violência H.B.V.: Sí, la violencia pasada tan-<br />
representada nas transferências de to como la contemporánea. En la<br />
tinta. Es<br />
parte superior del cuadro que Goya<br />
H.B.V.: Sim, a violência do passado está retocando (24) se encuentra la<br />
bem como a violência contemporânea.<br />
Na parte superior do quadro que<br />
Goya (24) está retocando, encontramos<br />
a transferência de tinta de quatro<br />
gravuras, uma tirada dos «Caprichos»<br />
e as outras três tiradas dos<br />
«Desastres de la guerra». Encontramos<br />
também fragmentos de jornais<br />
aonde podemos ler: «a condenação<br />
dos membros da Ku Klux Klan»,<br />
«o aumento da insegurança na<br />
Venezuela», «hoje, (no Paquistão) a<br />
ocupação da mesquita vermelha»,<br />
«atentado suicida de Al-Qaeda»…<br />
L.C.: E a moça que conv ersa com<br />
Don F rancisco, seria a bela<br />
leiteira que ser viu de modelo<br />
para o último quadr o pintado por<br />
Goya em Bordeaux ?<br />
H.B.V.: Talvez…<br />
44<br />
transferencia de tinta de cuatro<br />
grabados, uno sacado de los Caprichos<br />
(25) y los tres otros de los Desastres<br />
de la guerra. También se hallan<br />
fragmentos de periódicos<br />
donde se puede leer: “ la condamnation<br />
des membres du Ku Klux<br />
Klan ”, “ l’insécurité grandissante<br />
au Venezuela ”, “ [au Pakistan] la<br />
Mosquée rouge aujourd’hui occupée”,<br />
“attentat suicide de Al-Qaida”…<br />
L.C.: Y la joven que dialoga con<br />
don Francisco, ¿podría ser la<br />
hermosa lechera que hizo de<br />
modelo para el último lienzo<br />
pintado por Goya en Burdeos?<br />
H.B.V.: Tal vez…<br />
comme la violence contemporaine.<br />
Dans la partie supérieure du<br />
tableau que Goya (24) est en train<br />
de retoucher, on trouve le transfert<br />
d’encre de quatre gravures, une<br />
tirée des “Caprichos” (25), et les<br />
trois autres tirées des Desastres de<br />
la guerra. On trouve aussi des<br />
fragments de journaux, où on peut<br />
lire : “la condamnation des membres<br />
du Ku Klux Klan”, “l’insécurité<br />
grandissante au Venezuela”, “[au<br />
Pakistan] la Mosquée rouge aujourd’hui<br />
occupée”, attentat suicide de<br />
Al-Qaida”...<br />
L.C. : E t la jeune fille qui dialogue<br />
avec Don Francisco, serait-elle la belle<br />
laitière qui a ser vi de modèle pour<br />
le der nier tableau peint par G oya à<br />
Bordeaux ?<br />
H.B.V. : Peut-être...<br />
L.C.: Would the young woman speaking<br />
with Don Francisco be the pretty<br />
milkmaid that served as the model for<br />
En<br />
the last painting by G oya in Bor-<br />
deaux?<br />
H.B.V.: Maybe…<br />
22 23
Nature morte transgénique.<br />
(Picasso), 2001<br />
Acrílico sobre tela, 200 x 200 cm
Fronteira de culturas<br />
Conversa com Fernando Carvallo (2002).<br />
F.C. : Você usa um método constante,<br />
de apropriação do estilo e das técnicas<br />
de um grande mestr e para forjar o seu<br />
proprio estilo e as suas próprias técnicas.<br />
H.B.V. : Toda atividade humana<br />
provém das obras passadas, isso<br />
não é novidade. Nada sai do nada,<br />
principalmente no campo das artes.<br />
Há duas maneiras de conceber a<br />
presença inevitável da linguagem<br />
do passado : intuitivamente ou<br />
46<br />
Frontera de culturas<br />
Conversación con Fernando Carvallo (2002).<br />
F.C.: Tú utilizas un método constante,<br />
el de la apropiación del estilo<br />
y los recursos técnicos de un<br />
gran maestro para forjar tu propio<br />
estilo y tus propios recursos.<br />
H. B.-V. : No es novedad que toda<br />
actividad humana es consecuencia<br />
de las obras pasadas. Nada sale de<br />
la nada, sobre todo en el campo de<br />
las artes. Hay dos maneras de<br />
confrontar la presencia inevitable<br />
del lenguaje del pasado: de manera<br />
Frontière de cultures<br />
Conversation avec Fernando Carvallo (2002).<br />
F.C. : Tu u tilises u ne m éthode r écurrente,<br />
celle de l'appropriation du style<br />
et des techniques d'un grand maîtr e<br />
pour forger ton pr opre style et tes<br />
propres techniques<br />
H. B.-V. : Toute activité humaine est<br />
issue des oeuvres passées; ce n'est<br />
pas nouveau. Rien n'est tiré du<br />
néant, surtout dans le domaine des<br />
arts. Il y a deux façons de concevoir<br />
la présence inévitable du langage<br />
du passé: soit intuitivement, soit<br />
Cultural frontier<br />
Conversation with Fernando Carvallo (2002).<br />
F.C.: Your constant method is to<br />
appropriate the style and techniques<br />
of a great master in order<br />
to forge your own style and<br />
techniques.<br />
H. B.-V.: Every human activity<br />
comes out of past realizations -that's<br />
nothing new. Nothing comes out of<br />
nowhere, especially not in the arts.<br />
There are two ways of conceiving<br />
the inevitable presence of the past's<br />
languages: either intuitively, or
P F<br />
deliberadamente. Eu era pura forma intuitiva o deliberadamente. Yo era<br />
e intuição até 1967, mas depois do pura forma e intuición hasta 1967,<br />
choque que eu senti diante de<br />
Es<br />
pero desde el choque que viví con<br />
Picasso, em Barcelona, eu decidi Picasso en Barcelona decido inves-<br />
pesquisar. Eu parei de conceber a<br />
pintura pura como finalidade e<br />
decidi usá-la como veículo do<br />
pensamento. Mas para ser veículo,<br />
ela deve seduzir. A sedução da pintura<br />
não é a mesma que exercem os<br />
playboys ou as mulheres bonitas<br />
dos desfiles mas a capacidade de<br />
tigar. Dejo de creer en la pintura<br />
pura como finalidad, decido utilizarla<br />
como vehículo del pensamiento. Pero<br />
para ser vehículo tiene que ser<br />
seductora. La seducción de la<br />
pintura no es la de los playboys o las<br />
niñas bonitas de los desfiles, sino la<br />
capacidad de atraer y desarrollar la<br />
délibérément. J'étais dans la pure<br />
forme et dans l'intuition jusqu'en<br />
1967, mais suite au choc ressenti<br />
devant Picasso à Barcelone, j'ai<br />
décidé d'entreprendre des recherches.<br />
J'ai cessé de concevoir la peinture<br />
pure en tant que finalité, et décidé<br />
de l'utiliser pour véhiculer la pensée.<br />
Mais pour être un tel véhicule, elle<br />
doit séduire. La séduction de la<br />
peinture n'est pas celle qu'exercent<br />
les play-boys ou les jolies filles de<br />
deliberately. I was into pure form<br />
and intuition up until 1967, but after<br />
the shock I felt when seeing Pi-<br />
En<br />
casso in Barcelona, I decided to do<br />
some research. I stopped thinking of<br />
pure painting as a goal in itself and<br />
decided to use it as a vehicle for<br />
thought. But, to serve this end, it has<br />
to be attractive. The seduction of<br />
painting is not that of playboys or<br />
pretty girls in fashion shows: it's the<br />
capacity to attract and develop the<br />
47
P F<br />
atrair e de desenvolver a sensibilidade sensibilidad y la inteligencia del<br />
e a inteligência do espectador. Eu espectador. Decido interrogar a los<br />
decidi interrogar os artistas do Es<br />
artistas del pasado como camino a<br />
passado para me enriquecer nos mi propio enriquecimiento formal y<br />
planos formal e conceitual. (…) Eu<br />
penso que a única maneira de ter<br />
um «estilo» pessoal e inventivo<br />
consiste em lutar contra ele.<br />
FC : O que significa para você o desenho<br />
?<br />
H.B.V. : Para mim, o desenho é<br />
uma obra em si. Eu não faço<br />
croquis nem desenhos preparatórios<br />
para os meus quadros. Desde 1975,<br />
eu nem faço mais um desenho<br />
48<br />
conceptual. Pienso que la única<br />
manera de tener un "estilo" personal<br />
e inventivo es luchando contra él.<br />
F. C. : ¿Qué significa para ti el<br />
dibujo?<br />
H. B.-V. : Para mí el dibujo es una<br />
obra en si. No hago croquis ni dibujos<br />
preparatorios para mis cuadros.<br />
Desde 1975 no hago ni siquiera<br />
un dibujo total sobre la tela sino<br />
que lo voy avanzando a medida<br />
défilés; c'est sa capacité d'attirer et de<br />
développer la sensibilité et<br />
l'intelligence du spectateur. J'ai<br />
décidé d'interroger les artistes du<br />
passé dans le but de m'enrichir sur<br />
les plans formel et conceptuel.<br />
Je pense que la seule façon d'avoir<br />
un “style“ personnel et inventif<br />
consiste à lutter contre celui-ci.<br />
F.C. : Que signifie pour toi le dessin?<br />
H. B.-V. : Pour moi, le dessin est<br />
une œuvre à part entière. Je ne<br />
fais pas de croquis ni de dessins<br />
préparatoires pour mes tableaux.<br />
Depuis 1975, je ne fais même plus<br />
viewer's sensibility and intelligence.<br />
I decided to look at artists from the<br />
past as a way of enriching myself on<br />
En<br />
formal and conceptual levels.<br />
I think that the only way to have a<br />
personal and inventive "style" is to<br />
fight against it.<br />
F.C.: What is the significance of<br />
drawing for you?<br />
H. B.-V.: For me, a drawing is a<br />
work in its own right. I do not make<br />
sketches or preparatory drawings<br />
for my paintings. Since 1975, I have<br />
not even made any complete drawings<br />
on the canvas, but do them as
P F<br />
completo sobre a tela, eu o executo que avanza el cuadro. Puedo ha-<br />
à medida que o quadro avança. Eu cerlo porque "veo" el cuadro antes<br />
posso proceder assim porque eu Es<br />
de comenzarlo, para lo que utilizo<br />
«vejo» o quadro antes de começá-lo, lo que podríamos llamar la memo-<br />
pois eu utilizo o que poderíamos<br />
chamar de memória prospectiva.<br />
Pelo mesmo motivo, eu não posso<br />
fazer dois quadros ao mesmo tempo,<br />
porque eu preciso de toda a minha<br />
memória para construir o quadro<br />
que estou trabalhando.<br />
ria prospectiva. Por la misma razón<br />
no puedo hacer dos cuadros al mismo<br />
tiempo, porque requiero de toda<br />
mi memoria para construir el cuadro<br />
que estoy trabajando.<br />
de dessin complet sur la toile; je<br />
l'exécute à mesure qu'avance le<br />
tableau. Je peux procéder ainsi<br />
parce que je “vois” le tableau avant<br />
de le commencer, dans la mesure<br />
où j'utilise ce que l'on pourrait<br />
appeler la mémoire prospective.<br />
Pour la même raison, je ne peux<br />
pas faire deux tableaux en même<br />
temps, parce que j'ai besoin de<br />
toute ma mémoire pour construire<br />
le tableau sur lequel je travaille.<br />
I move forward with the painting. I<br />
can do this because I "see" the painting<br />
before I start it; in that, I use<br />
En<br />
what we could call prospective<br />
memory. For the same reason, I<br />
cannot do two paintings at the same<br />
time, because I need all my memory<br />
to construct the painting I am working<br />
on.<br />
49
Tek-Nik Me-Tek<br />
(Toulouse Lautrec, Picasso), 1992.<br />
Acrílico sobre madeira,120 x 90, 145 x 140, 120 x 90 cm (triptyque)<br />
51
52<br />
Solo (Monet), 2000<br />
Acrílico sobre tela, 162 x 130 cm
Le Déjeuner in<br />
Central Park (Manet), 1999<br />
Acrílico sobre tela , 200 x 200 cm<br />
53
54<br />
Le Bain à Cantolao. 8,7 = rideau (Matisse),<br />
1999. Acrílico sobre tela, 130 x 162 cm
La lettre à Mancora (Goya), 2001<br />
Acrílico sobre tela, 130 x 162 cm<br />
55
Crépuscule tahitien (Gauguin, Matisse), 2008<br />
Acrílico sobre tela, 116 x 89 cm<br />
56<br />
La ronde au crépuscule (ingres, Matisse, Picasso), <strong>2010</strong><br />
Acrílico sobre tela, 96 x 146 cm
Paul retouchant un tableau de Henr i, 2007<br />
Acrílico sobre tela, 116 x 89 cm<br />
Lumière Tahitienne (Matisse), 2007,<br />
Collection LEBLANC S - Le Mans<br />
Acrílico sobre tela, 146 x 146 cm<br />
57
El oro de los Andes, violence et pillage.<br />
(Huaman Poma de Ayala, Velázquez), <strong>2010</strong><br />
Acrílico sobre madeira, 90 x 75 cm<br />
58<br />
L’argent des Andes, ou la dîme du Vatican.<br />
(Le Gréco, Velázques, Huaman Poma de Ayala), <strong>2010</strong><br />
Acrílico sobre tela, 75 x 90 cm
Le don de Pacha Mama “de la Mère Terre”. (Huaman Poma de Ayala, Velázquez, Goya, Picasso) <strong>2010</strong><br />
Acrílico sobre madeira, 150 x 120 cm<br />
59
60<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega<br />
Nascido dia 7 de julho de 1933 em Lima, no Peru.<br />
Vive e trabalha em Paris.<br />
Exposições individuais<br />
1965 - Galería Jueves, Lima.<br />
1966 - Instituto de Arte Contemporáneo, Lima.<br />
1969 - Galerie 9, Paris.<br />
Galerie 44, La Chaux-de-Fonds, Suisse.<br />
1970 - Galería Carlos Rodríguez, Lima.<br />
Galerie 9, Paris.<br />
1971 - Jack Misrachi Gallery, New York.<br />
Art Gallery of the Organization of American States, Washington.<br />
1972 - Lerner-Misrachi Gallery, New York.<br />
1975 - Galerie Isy Brachot, Bruxelles.<br />
1976 - Galerie Lucien Durand, Paris<br />
1977 - Galerie Lucien Durand, Paris.<br />
Galerie Krikhaar, Amsterdam.<br />
1980 - 39e Bienale di Venezia, Italia.<br />
1981 - Galerie Lucien Durand, Paris.<br />
Galerie Mâcon, Mâcon, France.<br />
Galería Camino Brent, Lima.<br />
1982 - Galería Forum, Lima.<br />
L’Amérique latine à Paris, Grand Palais, Paris.<br />
1984 - Théâtre du Rond-Point, Paris.<br />
1985 - Galería Camino Brent, Lima.<br />
18a Bienal de São Paulo, Brasil.<br />
1986 - CAYC, Buenos Aires.<br />
Museo de Artes Visuales, Montevideo.<br />
1987 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
Galerie d’Art Contemporain, Chamalières.<br />
Château de La Louvière, Montluçon.<br />
1988 - Feurs, France.<br />
La Galería, Quito.<br />
Museo de Arte Italiano, Lima.<br />
1989 - Casa del Moral, Arequipa, Perú.<br />
Casa Ganoza, Trujillo, Perú.<br />
Rétrospective, Musée Henri Boez, Maubeuge.<br />
1990 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
1992 - Retrospectiva Museo Español de Arte Contemporáneo, Madrid.<br />
1993 - Galerie d’Art Contemporain, Chamalières.<br />
Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
1994 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
1995 - Académie Orléans-Tours, Orléans.<br />
Bibliothèque municipale, Tours.<br />
Musée Bertrand, Châteauroux.<br />
A.R.C., Rezé.<br />
1996 - IUFM, Besançon.<br />
Container 96 ‘Art Across Oceans’, Copenhagen.<br />
Maison de la Culture, Bourges.<br />
Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
1997 - Maison du Loir-et-Cher, Blois.<br />
Cellier de Loëns, Chartres.<br />
Arte B.A. 97, Buenos Aires.<br />
Galería de Santi, Buenos Aires.<br />
1998 - Galerie WAM, Caen.<br />
Corderie Royale, Rochefort<br />
1999 - Galerie du Centre, Paris.<br />
Nohra Haime Gallery, New York.<br />
2000 - "Moussem Culturel d’Asilah", Asilah, Maroc.<br />
2000-01 Ralli Museum, Caesarea, Israel.<br />
2001 - Ethnologisches Museum, Berlin.<br />
Ibero-Amerikanisches Institut. Berlin.<br />
Galerie Wam, Caen, France.<br />
Espace Julio Gonzalez, Arcueil, France.<br />
2002 - Maison de l’Amerique latine, Paris<br />
Galerie du Centre, Paris<br />
Centro cultural de la PUCP, Lima.<br />
2003 - ARTPARIS, Carrousel du Louvre, Paris.<br />
2004 - Galerie Le Garage, Orléans.<br />
2005 - Espace Croix-Baragnon, Toulouse.<br />
ST’ART, Strasbourg.<br />
Galerie du Centre, Paris.<br />
Galerie IUFM-Confluence(s), Lyon.<br />
2006 - Galería Dart, Barcelona.<br />
Castillo de Valderrobres, (Musée de Teruel), Espagne.<br />
Musée Beurnier-Rossel, Montbéliard.<br />
Musée du Château des ducs de Wurtemberg, Montbéliard.<br />
2007 - “Mémoires”, IUFM, Rouen, France.<br />
Bibliothèque universitaire, Angers, France.<br />
Galerie Wam, Caen, France.<br />
Espace Saint-Rémi, Bordeaux, France.<br />
Galerie du Fleuve, Paris.<br />
2009 - “Mémoires”, Maison des Arts d'Antony, France.<br />
<strong>2010</strong> - Galería Marta Traba, Sao Paulo, Brésil
Monet à Etretat, mer calme<br />
(Monet et Vélazquez) 2009<br />
Acrílico sobre tela, 150 x 150 cm<br />
61
Principais Bienais e exposições colectivas<br />
1951 - Municipalité de Miraflores, Lima.<br />
1952 - Salon d’Octobre, Paris.<br />
Salon d’Automne, Paris.<br />
1953 - Salon d’Art Libre, Paris.<br />
1967 - Fundación para las Artes, Lima.<br />
1968 - Fundación para las Artes, Lima.<br />
1969 - Réalités Nouvelles, Paris.<br />
1970 - Latin American Paintings and Drawings,<br />
Collection of J. and B. Duncan, Austin, Texas.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
Biennale de Menton, France.<br />
Instituto Italiano-Latinoamericano, Rome.<br />
Salon de Mai, Paris.<br />
Peruvian Painters, London.<br />
1971 - Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
Salon de Mai, Paris.<br />
Bienal Americana de Artes Graficas, Colombia.<br />
1972 - Bienal de Arte Coltejer, Medellín, Colombia.<br />
36e Bienale di Venezia, Italia.<br />
Panorama of Contemporary Latin American<br />
Artists, Lerner-Misrachi Gallery, New York.<br />
Looking South, Latin American Art in New<br />
York Collections, New York.<br />
Latin American Contemporary Art Exhibition,<br />
Contemporary Art Gallery, New York.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
1973 - Xe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Contemporary Latin American Art, University<br />
Art Gallery, Massachusetts.<br />
Quinzaine du Pérou, Bruxelles<br />
1974 - Tercera Bienal de Grabado latinoamericano de<br />
San Juan, Puerto Rico.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
IVe Exposition Internationale de Dessins Originaux,<br />
Rijeka, Yougoslavie.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Frechen, Allemagne.<br />
IXe Biennale Internationale de Gravure, Tokyo-Kyoto.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris<br />
62<br />
1975 - Graphica Creativa, Alvar Aalto Museum, Helsinki.<br />
XIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
XXVIe Salon de la Jeune Peinture, Paris<br />
1976 - Biennale des Arts Graphiques, Frechen, Allemagne.<br />
Bienal Americana de Artes Plásticas, Cali, Colombia.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
1977 - XIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Grafik aus Amerika, Cologne.<br />
Figura 2. Exposition internationale de l’art du livre, Leipzig.<br />
“Lines of Vision”, Recent Latin American Drawings, U.S.A.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
1978 - VIe Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
Graphica Creativa, Finlande<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
1979 - XIIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Expression libre de l’art latino-américain, Bondy, France.<br />
L’Art vivant à Paris, Mairie du 18e arrondissement, Paris<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris<br />
1980 - Œuvres contemporaines des Collections nationales,<br />
Accrochage IV, Centre Georges Pompidou, Paris.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.<br />
Listowel Second International Print Biennal, Listowel, U.K.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
L’Art Vivant à Paris, Paris.<br />
Bienal Americana de Artes Plásticas, Cali, Colombie.<br />
1981 - XIVe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
La Figuration critique, Joinville, France.<br />
L’Art Vivant à Paris, Paris.<br />
1982 - Le Dessin dans les pays boliviens, Ambassade du Pérou, Paris.<br />
“Du Visage au Signe”, Université de Bruxelles, Belgique.<br />
Seventh British International Print Biennal, Bradford, U.K.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
Dessins français contemporains, Musée de la SEITA, Paris, U.S.A.<br />
Canada, etc.<br />
Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
Exposition internationale de dessins originaux, Rijeka, Youg.
Il préfère le violon.<br />
(J.A.D. Ingres n’apprécie pas sa descendance), <strong>2010</strong><br />
Acrílico sobre tela, 116 x 90 cm<br />
Mémoire. (Bacon d’après Montgomery), 2007<br />
Acrílico sobre tela, 160 x 130 cm
1983 - XVe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
Concours international du Bicentenaire de Bolivar, Caracas, Venezuela.<br />
“Tel Peintre, Quels Maîtres?”, Galerie ABCD, Paris.<br />
“100 artistes d’Amérique Latine”, Centre culturel de Compiègne<br />
1984 - Primera Bienal de la Habana, Cuba.<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
Semaine culturelle du Pérou, Bordeaux, France.<br />
Salon de Bouffémont, Bouffémont, France.<br />
1985 - “Du Côté d’Ailleurs”, Réfectoire des Jacobins, Toulouse, France.<br />
XVIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Triennale Internationale d’Estampes en Couleur, Bâle, Suisse.<br />
IIIe Concurso de Dibujo, Santiago de Chili, Chili<br />
“Nuevas Vistas”, Wistariahurst Museum, Massachussetts, Etats-Unis<br />
Grands et Jeunes d’Aujourd’hui, Paris.<br />
“L’Autoportrait”, Musée de la SEITA, Paris.<br />
1986 - “Démons et Merveilles”, Exposition latino-américaine, Ivry, France.<br />
Hommage à Julio Cortazar, Espace latino-américain, Paris.<br />
Ninth British International Print Biennal, Bradford, U.K.<br />
Festival d’Art Contemporain 1986, Aulnay/Clermont-Ferrand, France.<br />
“Presencia de Siglos”, Arte latinoamericano, Museo Nacional de<br />
Bellas Artes, Buenos Aires.<br />
Segunda Bienal de La Habana, Cuba<br />
Primera Bienal latinoamericana de Arte sobre Papel, Buenos Aires.<br />
VIIIe Internationale Grafik Biennale, Frechen, Allemagne<br />
Maison de l’Amérique latine à Monaco.<br />
1987 - XVIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg<br />
Intergrafik, Berlin.<br />
Tradition / innovation in Latin American Art, Museum of Contemporany<br />
Hispanic Art, New York.<br />
Peintres et sculpteurs péruviens à Paris, Mairie du 6e Arrondissement, Paris.<br />
VIIIe Internationale Triennale engagierter Grafik in der D.D.R., Verband<br />
Bildender Knstler der D.D.R., Berlin.<br />
1988 - Graphik aus Lateinamerika, Asien & Afrika, Sotheby’s Palais Breuner,<br />
Vienne, Autriche.<br />
Salon d’Octobre, Brie, France.<br />
1989 - Galerie d’Art Contemporain, Chamalières, France.<br />
XVIIIe Biennale d’Art Graphique, Ljubljana, Youg.<br />
Art S.O.S. Arménie, Espace Pierre Cardin, Paris<br />
“Références, citations, mythes, allégories”, MJC Les Hauts de Belleville,<br />
Paris<br />
“Art et Sport”, Mairie du 18e arrondissement, Paris<br />
1991 - XIXe Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
Latin American Drawings Today, San Diego Museum of Art, San Diego, U.S.A.<br />
64<br />
1992 - Art d’Amérique latine 1911-1968, Centre Georges Pompidou, Paris.<br />
Festival international de Biarritz - Cinéma et Cultures d’Amérique latine,<br />
Biarritz<br />
1993 - Hommage à Toulouse-Lautrec, Musée d’Albi, France.<br />
La Triennale des Amériques, Maubeuge, France.<br />
1994 - 3e Triennale mondiale d’estampes, Chamalières, France.<br />
“Palais, Palettes”, C.I.E.S., Paris.<br />
1995 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
XXIe Biennale des Arts Graphiques, Fredrikstad, Norvège.<br />
“Peruanos in Francia”, Centro Cultural Pontificia Universidad Católica del<br />
Perú, Lima, Pérou<br />
1996 - Galerie Pascal Gabert, Paris.<br />
1997 - Espace Sculfort, Maubeuge, France.<br />
Museo del Barrio, New York.<br />
Arkansas Art Center, Little Rock, Arkansas.<br />
“Iberoamerica Pinta”, exposición itinerante 1997 - 2000 (Europa, Am. lat., etc.)<br />
Veinte Años de la Galería de Betty Wappenstein, Quito, Equateur<br />
1998 - Archer M. Huntington Art Gallery, Austin, Texas.<br />
Museo de Bellas Artes, Caracas, Venezuela.<br />
Museo de Arte Contemporáneo, Monterrey, México.<br />
1999 - “Etat(s) des lieux”, Musée de Châteauroux, France.<br />
The Miami Art Museum, Miami, Florida.<br />
ART PARIS, Carrousel du Louvre, Paris.<br />
“Silent Things, Secret Things: Still Life from Rembrandt to the Millennium”,<br />
Albuquerque Museum, Albuquerque, N.M.<br />
2000 - “Continental Shift - Artists from Other Continents in Europe”, Ludwig Forum<br />
Aix-la-Chapelle, Maastricht, Liège.<br />
“Pleine Ligne”, Galerie du Centre, Paris.<br />
Salon d’Angers, Angers, France.<br />
2001 - “D’une génération à l’autre...”, Galerie du Centre, Paris.<br />
“Les Chemins du Partage”, La Rochelle, France.<br />
2002 - ST’ART 2002, Strasbourg, France.<br />
2004 - Galerie WAM, Caen, France.<br />
2005 - Galerie du Centre, Paris.<br />
Galerie DART, Barcelone.<br />
2007 - “Humour noir dans les arts plastiques”, Galerie 100 Titres, Bruxelles, puis<br />
Tournai et Spa, France.<br />
Château Prieural, Monsempron-Libos, France.<br />
2008 - “Figurez-vous”, Musée de Soissons, puis Arcueil, France.<br />
2009 - “Mémoires croisées”, Galerie Anne-Marie et Roland Pallade, Lyon, France.<br />
« Ingres et les modernes », Musée Ingres, Montauban, France.<br />
<strong>2010</strong> - «150e anniversaire de la création de l’Angélus par Jean-François Millet »,<br />
Barbizon, France.
Une sélection bibliographique :<br />
• Ouvrages généraux :<br />
ADAMO Amélie, Une histoire de la peinture des années 1980 en France, éd. Klincksieck, Paris, <strong>page</strong>s 100-104<br />
BAYÓN Damián, Artistas Contemporáneos de América Latina, Edicioines del Serbal/UNESCO, Paris-Barcelona, 1981, <strong>page</strong>s 51-52<br />
BAYÓN Damián et PONTUAL Roberto, La peinture de l’Amérique latine au XXe siècle, Editions Menges, Paris, 1990<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, La ville dans l’art, éd. Cercle d’Art, Paris 2000, <strong>page</strong>s 200-202<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, La Nouvelle Figuration, éd. Cercle d’Art, Paris, 2003, <strong>page</strong>s 138-141 ; 169 ; 219<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, La Figuration narrative, éd. Cercle d’art, Paris, 2005, <strong>page</strong> 14<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, Peinture et Photographie, éd. Du Chêne - Hachette Livre, 2007, <strong>page</strong>s 212-215<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, Les théories de l’art, philosophie, critique et histoire de l’art de Platon à nos jours, éd. Vuibert, Paris, 2007, <strong>page</strong> 42<br />
CHALUMEAU Jean-Luc, Coca-Cola dans l’art, éd. Du Chêne, Paris, 2008<br />
GAUSSEN Frédéric, Le peintre et son atelier, éd. Parigramme, Evreux<br />
HAYTER William Stanley, New Ways of Gravure, ed. rev., Watson Guptill Publishing, New York, 1981, <strong>page</strong>s 98-100<br />
JOUFFROY Alain, XXe siècle, essais sur l’art moderne et d’avant-garde, éd. Fage, Lyon, 2008, <strong>page</strong>s 159-161<br />
KULTERMANN Udo, Neue Formen des Bildes, Ed. Wasmuth, Tübingen, 1975, <strong>page</strong>s 27-28<br />
LUCIE-SMITH Edward, L’art aujourd’hui, Phaidon Press, London, UK, 1995, <strong>page</strong>s 367-369<br />
XURIGUERA Gérard, Le pastel/l’aquarelle dans l’art contemporain, éds. Mayer, Paris, 1987, p.74<br />
Braun-Vega, monographie, Editions d’Art Somogy, Paris, 2002<br />
Dictionnaire de l’Art moderne et contemporain, Editions Hazan, Paris, 1992, <strong>page</strong> 92<br />
Supplement au Grand Larousse Universel, Paris, France, 1992, <strong>page</strong> 295<br />
• Catalogues d’expositions :<br />
<strong>Herman</strong> Braun, peintures acryliques, Galerie 9, Paris, 1969 (texte d’<strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>)<br />
Paysages-Mémoires, peintures acryliques, <strong>Herman</strong> Braun-Vega, maison internationale du théâtre Renaud-Barrault,<br />
Théâtre du rond-point, Paris, 1984 (texte de Jean-Luc CHALUMEAU)<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega, Rétrospective 1963-1987, académie internationale des arts, lettres et sciences, château de la Louvière,<br />
Montluçon, novembre décembre 1987 (textes de Philippe CALONI, John CANADAY, Jean-Luc CHALUMEAU, Alain JOUFFROY, SLOBO)<br />
Braun-Vega, mémoires dénudées, galerie Pascal Gabert, Paris, 1987 (textes de Julio Ramon Ribeyro)<br />
Braun-Vega, rétrospective 1950-1989, musée de Maubeuge, salle des fêtes, Sous-le-bois, éd. Association Idem + arts, Maubeuge,<br />
1989 (textes de Jean-Clarence LAMBERT, Jean-Jacques LÉVÈQUE, John CANADAY, William D.CASE, Alain JOUFFROY,<br />
Maiten BOUISSET, Rodolfo HINOSTROZA, Julio Ramon RIBEYRO)<br />
Braun-Vega, Peru/España, Memorias al desnudo, peintures et dessins ; Natures mortes, peintures 1993, galerie Pascal Gabert, Paris,<br />
1994 (texte d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega, entretien entre l’artiste et Jorge SEMPRUN, Eduardo ARROYO)<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega, synchretic pictures, galerie Nohra Haime, New-York, 1999<br />
Braun-Vega, peintures et dessins, 1995-1996 (textes de Rodolfo HINOSTROZA, entretien entre <strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong>,<br />
Eduardo ARROYO et Jorge SEMPRUN, Alfredo Bryce ECHENIQUE, Leslie LEE, Patrick FOURNERET,<br />
Jean-Luc CHALUMEAU, Jean-Pierre VAN THIEGEM, Julio Ramon RIBEYRO, Alain IRLANDES)<br />
Braun-Vega, galerie IUFM Confluences, Lyon, Galerie du centre, Paris, 2005 (texte de Jean-Luc CHALUMEAU)<br />
<strong>Herman</strong> Braun-Vega : Perú/España, memorias al desnudo, catalogo editado por el Ministerio de la Cultura de España,<br />
Madrid, 1992, (textos Jorge SEMPRUN, Eduardo ARROYO, Rodolfo HINOSTROZA, Julio Ramon RIBEYRO, Alfredo Bryce ECHENIQUE, Leslie LEE)<br />
Silent Things, Secret Things: Still Life from Rembrandt to the Millennium, The Albuquerque Museum, Albuquerque, 1999, <strong>page</strong>s 34-35 (texte de Peter FRANK)<br />
Ingres et les modernes, éd. Somogy, Paris/ musée Ingres, Montauban/ Musée des Beaux Arts du Québec, 2009, <strong>page</strong>s 52-56 ; 140 ; 264-265 ; 147 ; 264<br />
Braun-Vega Mémoires, Maison des Arts d’Antony, 2009 (textes d’<strong>Herman</strong> <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong> et Lauro CAPDEVILA)<br />
65
• Travaux universitaires :<br />
BESSIÈRE Bernard et Christiane, et MÉGEVAND Sylvie, La peinture hispano-américaine, éd. Du Temps, Nantes, 2008, <strong>page</strong>s 260-274<br />
D’AVERSA Rémy, « Métissage et intericonicité dans l’œuvre d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega », dans Rencontres et construction des identités,<br />
Espagne et Amérique latine, actes du colloque des 25, 26 et 27 mars 2004, sous la direction de Jacques SOUBEYROUX,<br />
Cahiers du GRIAS, Publications de l’Université de Saint-Etienne, Saint-Etienne, 2004, <strong>page</strong>s 247-256<br />
D’AVERSA Rémy, La peinture intericonique d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega, variation autour des « Ménines » de Vélasquez<br />
et du « Déjeuner sur l’herbe » de Manet en cinq tableaux, mémoire de maîtrise d’Espagnol,<br />
sous la direction de monsieur Edgard SAMPER, Université Jean Monnet, Saint-Etienne, 2002-2003<br />
GEENENS Jessie, La interpicturalidad en la obra de <strong>Herman</strong> Braun-Vega : dos influencias españolas : Velásquez y Goya,<br />
mémoire de MASTER I, études hispaniques, sous la direction de Sylvie MÉGEVAND, Université de Toulouse Le Mirail, Juin 2006<br />
GEENENS Jessie, L’interpicturalité dans l’œuvre d’<strong>Herman</strong> Braun-Vega : une interprétation alternative de la violence politique au Pérou,<br />
mémoire de MASTER II « Espaces, Sociétés, Cultures en Amérique Latine », sous la direction de Sylvie MÉGEVAND<br />
et Modesta SUÁREZ, Université de Toulouse Le Mirail, 2007<br />
MÉGEVAND Sylvie, « Ne pas peindre pour ne rien dire, l’écrit dans quelques tableaux de <strong>Herman</strong> Braun-Vega » dans Transitions,<br />
transgressions dans l’iconographie hispanique moderne et contemporaine, coll. Hispania, éd. Lansman, Belgique, 2006, <strong>page</strong>s 11-18<br />
MORICE Nathalie, La Memoria cultural y la Memoria politico-social en la pintura de <strong>Herman</strong> Braun-Vega, mémoire de maîtrise d’Espagnol,<br />
sous la direction de Monsieur Fabrice Parisot, Université de Nice Sophia-Antipolis, Septembre 2004<br />
SAMPER Edgard et CARVALLO Fernando, « Présentation et entretien avec <strong>Herman</strong> Braun-Vega. Commentaires de 6 tableaux récents »,<br />
dans Rencontres et construction des identités, Espagne et Amérique latine, opus cité, <strong>page</strong>s 257-269<br />
• Ouvrages pédagogiques :<br />
Espagnol, classe de Terminale, éd. Didier, Paris, 1987, <strong>page</strong>s 116-117<br />
Lengua y vida, classes Terminales, éd. Classique Hachette, Paris, 1984, <strong>page</strong> 133<br />
Espagnol, première, éd. Bordas, Paris, 1988, <strong>page</strong> 93<br />
Espagnol, seconde année, éd. Bordas, Paris, 1989, <strong>page</strong> 121<br />
Images et langage, cinéma et enseignement de l’espagnol, seconde, première, classes terminales,<br />
première année de l’enseignement supérieur, éd. Didier, Paris, 1991<br />
Espagnol, Quatrième, seconde langue, éd. Nathan, Paris, 1991, <strong>page</strong> 169<br />
Espagnol, Troisième, seconde langue, éd. Nathan, Paris, 1992, <strong>page</strong> 71<br />
Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1992, <strong>page</strong> 132<br />
Espagnol, classe de Terminale, éd. Didier, Paris, 1992, <strong>page</strong>s 317-321<br />
Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1994, <strong>page</strong> 424<br />
Espagnol, Premières, éd. Nathan, Paris, 1994, <strong>page</strong> 141<br />
Espagnol, Terminale, éd. Didier, Paris, 1995, <strong>page</strong> 583<br />
Espagnol, Terminales, éd. Nathan, Paris, 1995, <strong>page</strong> 117<br />
Espagnol Seconde, éd. Delagrave, Paris, 1997, <strong>page</strong> 122<br />
Espagnol, Seconde année, éd. Bordas, Paris, 1997, <strong>page</strong> 139<br />
Espagnol, Seconde, Première, Langue vivante 3 et section STT, éd. Didier, Paris, 1998, <strong>page</strong> 207<br />
Espagnol, Première, éd. Didier, Paris, 1999, <strong>page</strong> 30<br />
Espagnol, Terminales, éd. Didier, Paris, 2000, <strong>page</strong> 140<br />
Espagnol, Première, éd. Hatier, Paris, 2002, <strong>page</strong> 77<br />
Ventanas, curso intermedio de lengua española, lecturas, éd. Vista, Boston, 2003, <strong>page</strong> 62<br />
Espagnol, classe Terminale, éd. Didier, Paris, 2005, <strong>page</strong> 195<br />
Espagnol, Annabac, toutes séries, éd. Hatier, Paris, 2006, <strong>page</strong> 256<br />
Espagnol, Terminale, éd. Hachette éducation, Paris, 2006, <strong>page</strong> 33<br />
Espagnol, classe de Terminale, éd. Hatier, Paris, 2007, <strong>page</strong> 63<br />
Espagnol, classe Terminale, éd. Hachette éducation, Paris, 2008, <strong>page</strong> 67<br />
Espagnol, seconde, éd. Nathan, Paris, 2009<br />
66
A fotogravura foi realizada por<br />
Regard Numérique. Montrouge (França)<br />
TRADUTORES<br />
Português/francês : Tatiana SILVA-ROUX<br />
Inglês : Carol-Ann HOLZBERGER-<strong>BRAUN</strong><br />
Espanhol/francês: Herbert <strong>BRAUN</strong>-<strong>VEGA</strong><br />
FOTÓGRAFOS<br />
Baldomero PESTANA : Pág. 15-21<br />
Patrice MAURIN-BERTIER : Pág. 25-30-31-45-60-61-62-63-64-66<br />
Christian Mc MANUS : Pág. 4-23-25-27-37-44-56-57-58-59-61-63<br />
67