A CULTURA DOS CORDÉIS - Centro de Educação - Universidade ...
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processo <strong>de</strong> produção do conhecimento. Então, no diálogo e pelo diálogo, os seres<br />
humanos constituem-se como produtores <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong> e do conhecimento que<br />
<strong>de</strong>la emana. Nesse processo, o diálogo é um partícipe fundamental. E Freire (2005),<br />
ao propor uma teoria dialógica das relações humanas, concebe que o diálogo<br />
consiste na pedra <strong>de</strong> toque das relações entre seres humanos e culturas.<br />
Convém ressaltar que, se a globalização ten<strong>de</strong> a homogeneizar culturas, sem<br />
consi<strong>de</strong>rar a diversida<strong>de</strong> cultural existente nas socieda<strong>de</strong>s, faz-se mister que se<br />
discuta, no campo das ciências humanas e sociais, a importância do diálogo entre<br />
elas, o que nos remete à questão da interdisciplinarida<strong>de</strong>, tão necessária para que<br />
esse diálogo se efetive. Para que isso ocorra, é fundamental empreen<strong>de</strong>r o diálogo<br />
entre as ciências para que se possa estar em consonância com as modificações que<br />
ocorrem no mundo social, permitindo a anuência <strong>de</strong> novos espaços <strong>de</strong> saberes.<br />
Em face <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> tão diversa e complexa, cabe à ciência conviver<br />
com essa diversida<strong>de</strong>, no sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r integrar, socialmente, os seres humanos<br />
e propiciar a interação entre eles mesmos, levando em consi<strong>de</strong>ração sua<br />
multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saberes, sobretudo, o da experiência: o saber popular. No entanto,<br />
a concepção clássica <strong>de</strong> ciência e <strong>de</strong> mundo, ao mesmo tempo em que propiciou um<br />
indiscutível <strong>de</strong>senvolvimento científico, contribuiu também para que a ciência<br />
ameaçasse o próprio conjunto da vida cultural dos seres humanos: “ameaça da vida,<br />
dos homens, dos saberes, das tradições e memória cultural” (PRIGOGINE;<br />
STENGERS, 1997, p.22). Portanto, o saber popular, que um dia foi relegado, passou<br />
a assumir um importante papel diante <strong>de</strong>ssa nova aliança das ciências humanas e<br />
sociais com saberes não cientificizados. O saber popular ganhou importância porque<br />
se <strong>de</strong>scobriu que, a partir <strong>de</strong>le, era possível construir conhecimento científico<br />
(COULON, 1995). Noutras palavras, durante muito tempo, o saber popular não foi<br />
merecedor <strong>de</strong> atenção, pois os discursos criados pelas ciências sociais alijaram-no<br />
por consi<strong>de</strong>rá-lo ina<strong>de</strong>quado para respon<strong>de</strong>r às questões inerentes à realida<strong>de</strong><br />
social.<br />
Essa posição intransigente, ao não reconhecer a relevância do saber popular,<br />
levava ao não conhecimento <strong>de</strong> que ele é um saber pré-teórico, do senso comum,<br />
<strong>de</strong> natureza prática e que se preocupa com operações concretas, pois parte das<br />
reflexões centradas no cotidiano para produzir uma espécie <strong>de</strong> conhecimento que é<br />
diferente do científico, porque se ancora na vivência e nas experiências dos sujeitos<br />
sociais em suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas, no lugar social <strong>de</strong> sua pertença, on<strong>de</strong> o saber<br />
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