A CULTURA DOS CORDÉIS - Centro de Educação - Universidade ...
A CULTURA DOS CORDÉIS - Centro de Educação - Universidade ...
A CULTURA DOS CORDÉIS - Centro de Educação - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
po<strong>de</strong>mos listar, que, nesse período, a poesia sai do estatuto da oralida<strong>de</strong> e passa a<br />
ser escrita <strong>de</strong>vido ao surgimento das tipografias, que viabilizaram a produção<br />
impressa dos folhetos e estes passaram a circular nas feiras, nos sítios e nas<br />
cida<strong>de</strong>s. É importante <strong>de</strong>stacar que, nesse período, o algodão tinha gran<strong>de</strong><br />
visibilida<strong>de</strong> na região Nor<strong>de</strong>ste, sendo o sertão um dos cenários <strong>de</strong> sua<br />
produtivida<strong>de</strong>. Retratando em verso a trajetória do cor<strong>de</strong>l no Brasil e mostrando seu<br />
florescimento no Nor<strong>de</strong>ste, a poetisa popular Maria do Rosário Cruz enfatiza:<br />
Quando chegou ao Brasil<br />
O cor<strong>de</strong>l se transformou<br />
Aqui ganhou vez e voz<br />
E logo se emancipou<br />
No Nor<strong>de</strong>ste ele nasceu<br />
E foi on<strong>de</strong> se criou<br />
Foi no século <strong>de</strong>zenove<br />
Bem pertinho do seu fim<br />
Que resolveram escrever<br />
O que cantavam e assim<br />
O que antes era música<br />
Virou também folhetim.<br />
(CRUZ, 2003, p.1)<br />
O Nor<strong>de</strong>ste foi o celeiro fértil on<strong>de</strong> o cor<strong>de</strong>l se disseminou, ganhou projeção<br />
nacional e mundial. O poeta popular, através do cor<strong>de</strong>l, informou ao povo os<br />
acontecimentos presentes e passados, mas também interveio ao se posicionar<br />
frente aos acontecimentos referentes ao cenário local, regional, nacional e, até<br />
mesmo, o mundial.<br />
A vida nor<strong>de</strong>stina parece ser o palco e a fonte dos folhetos. Embora não<br />
haja restrições temáticas, essa produção sempre esteve fortemente calcada<br />
na realida<strong>de</strong> social na qual se inserem os poetas e seu público, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />
primeiras produções (ABREU, 1999, p. 119).<br />
Nessa região, o cor<strong>de</strong>l alcançou gran<strong>de</strong>s patamares. Segundo alguns<br />
estudiosos, o perfil da região colaborou para que os cordéis florescessem e<br />
adquirissem características específicas, sendo, portanto, divulgados a partir <strong>de</strong><br />
repentistas e cantadores <strong>de</strong> viola, em princípio, os gran<strong>de</strong>s divulgadores dos<br />
folhetos <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l.<br />
Do meio informativo, entre comunida<strong>de</strong>s rurais e até mesmo do meio<br />
educacional, pelo caráter alfabetizador que adquiriu entre muitas comunida<strong>de</strong>s, o<br />
cor<strong>de</strong>l foi gradativamente ganhando outros espaços, propagando-se no meio<br />
citadino até chegar às escolas e às aca<strong>de</strong>mias, adquirindo feição mo<strong>de</strong>rna, que vai<br />
48