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história e introdução à filosofia 2 - Faculdade de Teologia Filadelfia

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meio dos particulares, que, por sua vez, são reabsorvidos pelos universais, após muitos<br />

milhares <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> reencarnações (no caso do homem) é uma variante <strong>de</strong>ssa noção.<br />

Heráclito concebia a <strong>história</strong> do homem como se passasse por ciclos <strong>de</strong> progresso e<br />

<strong>de</strong>clínio.<br />

Nos tempos mo<strong>de</strong>rnos, Nietzsche propôs um ponto <strong>de</strong> vista cíclico da <strong>história</strong>, em sua<br />

doutrina da recorrência eterna. Sua i<strong>de</strong>ia, portanto, é bastante parecida com o conceito<br />

dos estóicos, que falavam sobre a reabsorção <strong>de</strong> todas as coisas pela fonte emanadora<br />

original.<br />

O cristianismo tornou a expressar a idéia que os hebreus faziam da <strong>história</strong>, excetuando<br />

que fazia tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r, para sua realização, do Messias, em seu primeiro evento, sem<br />

seu segundo evento, no milênio e no estado eterno, condições essas na direção das<br />

quais todas as coisas se estão movendo. A espiritualida<strong>de</strong> é injetada nessa <strong>filosofia</strong> da<br />

<strong>história</strong>, estando envolvida uma evolução espiritual.<br />

O homem físico, mortal, haverá <strong>de</strong> ser revestido da imortalida<strong>de</strong>. Sua alma irá sendo<br />

gradualmente espiritualizada (ver II Cor. 3:18), <strong>de</strong> tal maneira que, finalmente, haverá <strong>de</strong><br />

participar da própria natureza do Filho (ver Rom. 8:29) e, em conseqüência, da natureza<br />

divina (ver Col, 2:10 e II Ped. 1:4).<br />

Essa <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> é linear, mas segue uma direção que leva a um tipo <strong>de</strong> vida<br />

inteiramente diferente, na eternida<strong>de</strong> futura, com objetivos ainda bastante in<strong>de</strong>finidos, por<br />

enquanto, mas que se concretizarão quando os processos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção e <strong>de</strong> restauração<br />

se tiverem completado.<br />

A humanida<strong>de</strong> inteira é concebida como a dirigir-se a uma gran<strong>de</strong> restauração, que<br />

haverá <strong>de</strong> reverter completamente os efeitos da queda no pecado, o que constitui o<br />

mistério da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus (Efé. 1:9,10). A i<strong>de</strong>ia é similar <strong>à</strong> dos estóicos e <strong>de</strong> Platão,<br />

embora sem os gran<strong>de</strong>s ciclos repetidos. Não obstante, o trecho <strong>de</strong> Efésios 1:9 mostranos<br />

que há ciclos envolvidos, embora cada um, uma unida<strong>de</strong> em si mesma, seja uma<br />

força que contribui para produzir a restauração final.<br />

A <strong>história</strong> inteira seria teisticamente guiada e <strong>de</strong>terminada por esse alvo final. Nada<br />

estaria fora do plano ou da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />

Agostinho é reconhecido como um importantíssimo filósofo da <strong>história</strong>.<br />

Ele retinha os aspectos essenciais da visão do cristianismo; mas em seu livro, A Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, ele fez da Igreja a força impulsionadora da <strong>história</strong> presente, em suas tentativas<br />

por converter o mundo pagão, o Estado. Visto tratar-se <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r espiritual, a Igreja<br />

seria maior do que o Estado, e <strong>de</strong>veria dominá-lo.<br />

Isso posto, não haveria separação entre a Igreja e o Estado, e este último <strong>de</strong>veria ser<br />

dirigido pela primeira. Essa i<strong>de</strong>ia, posto que não combine com a exposição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias da<br />

Bíblia Sagrada, exerceu tremenda influência durante a Ida<strong>de</strong> Média, quando a Igreja e o<br />

Estado estiveram em constante conflito.<br />

Os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> Agostinho eram freqüentemente reiterados, e a Igreja procurava impor-se<br />

aos governos civis, até mesmo quando, na Europa fragmentada, houve a tentativa <strong>de</strong><br />

reunificação naquilo que se chamou <strong>de</strong> Santo Império Romano.<br />

Uma parte das realizações da reforma consistiu em produzir condições <strong>de</strong> modo a<br />

separar a Igreja do Estado, apesar <strong>de</strong> João Calvino, na prática real, ter dado continuação<br />

ao sonho <strong>de</strong> Agostinho, em sua experiência teocrática em Genebra.<br />

Os pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Agostinho não anteciparam a restauração referida em Efésios<br />

1:9,10 e assim a Igreja Oci<strong>de</strong>ntal, como um todo, não promoveu esse aspecto da teologia.<br />

A sua visão beatifica, como o alvo da <strong>história</strong> do povo remido, preservava e explicava o<br />

i<strong>de</strong>al cristão da transformação do homem <strong>à</strong> imagem <strong>de</strong> Cristo, e a participação <strong>de</strong>sse<br />

homem na natureza divina, que é o alvo da <strong>história</strong> no caso dos salvos.<br />

O chamado Santo Império Romano, foi fundado com base nos princípios da obra <strong>de</strong><br />

Agostinho, A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, tendo dominado a cena política da Europa pelo espaço <strong>de</strong><br />

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