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BIBLIOLOGIA 1 - Faculdade de Teologia Filadelfia

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WWW.fadtefi.com.br<br />

<strong>BIBLIOLOGIA</strong> 1<br />

1


PhD.NILSON CARLOS DA CRUZ<br />

<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

Edição 13 / 2013 FADTEFI<br />

FADTEFI<br />

Editora<br />

2


A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SÓ É PERMITIDA MEDIANTE<br />

Copyright c Nilson Carlos da Cruz<br />

AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AUTOR.<br />

Critérios:<br />

Capa:Nilson Carlos da Cruz<br />

Revisão Ortográfica:Pelo Autor<br />

Ficha Catalográfica:<br />

_______________________________________________________________<br />

Cruz,Nilson Carlos da.<br />

Bibliologia / Nilson Carlos da Cruz-<br />

Itu (SP):Editora Fadtefi,2010.<br />

362 p. ; 21,5 cm.<br />

ISBN 978-85-62620-32-4<br />

1.Bíblia (comentários). I .Título.<br />

_________________________________________________________________<br />

Ficha Catalográfica elaborada pela <strong>Faculda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Teologia</strong> Filadélfia – DCF 0001<br />

Editora Fadtefi LTDA<br />

Rua Alcidia Castanha dos Santos, 145-Potiguara-Itu-São Paulo-CEP 13.312-794<br />

Fone:(11) 4022 3947 / www.editorafadtefi.com.br<br />

3


Sumário<br />

1 Detalhes Sobre a Bíblia 7<br />

Lição 1 30<br />

2 As Línguas Usadas para Escrever a Bíblia 44<br />

Lição 2 56<br />

3 O Período Intertestamentário e o Mundo Greco-Romano 71<br />

Lição 3 80<br />

4 Revelação e Inspiração 97<br />

Lição 4 104<br />

5 O Cânon do Antigo e do Novo Testamento 110<br />

Lição 5 124<br />

6 Autorida<strong>de</strong> da Bíblia 131<br />

7Os Manuscritos 135<br />

Lição 6 147<br />

Lição 7 174<br />

Lição 8 197<br />

Bibliografia 202<br />

4


Prefácio<br />

A todos os leitores <strong>de</strong>sta obra, ofereço-a com todo prazer ,<strong>de</strong>dicação e respeito,pois é<br />

fruto <strong>de</strong> uma árdua pesquisa,tenho certeza <strong>de</strong> que ao ler este livro,o caro leitor não vai<br />

<strong>de</strong>sperdiçar seu tempo.<br />

Dediquei um tempo da minha vida para trazer ao público brasileiro este trabalho, e<br />

agra<strong>de</strong>ço ao Eterno Deus que me ajudou nessa empreitada.<br />

5


Introdução<br />

Este livro está dividido em 8 partes que subenten<strong>de</strong>-se 8 lições, com um total<br />

<strong>de</strong> 50 exercícios cada lição.<br />

E suas respostas estão em negrito e itálico no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> cada lição; e os exercícios<br />

contém duas alternativas; uma certa e uma errada;para quem esta estudando com o<br />

E-book, po<strong>de</strong>rá observar que suas lições estão disponíveis;é só preencher e enviar.<br />

6


1<br />

Detalhes Sobre a Bíblia<br />

LIÇÃO 1<br />

A teologia é a ciência que estuda sobre Deus (“Teos”-Deus e “logia” – estudo.).<br />

E a Bibliologia é a ciência que estuda a Bíblia; é sobre ela que trataremos nesse livro.<br />

A ciência é o conhecimento da leis naturais e gerais.<br />

Os métodos científicos se <strong>de</strong>finem como princípios <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r que são<br />

buscados no conhecimento sistemático (que também colhe informações, através <strong>de</strong><br />

observações das experiências obtidas na prática, que formula e comprova as<br />

hipóteses.).<br />

A metodologia científica, da forma que temos hoje, foi revelada entre os séculos XVII e<br />

XVIII. Até então, havia muita especulação e pouca certeza.<br />

Durante o período <strong>de</strong> Galileu,os filósofos explicavam ou tentavam explicar a física<br />

com teoria, Galileu foi o astrônomo que explicou a física; matematicamente. Nesta<br />

época os filósofos focam o po<strong>de</strong>r em um certo campo <strong>de</strong> atuação. Quem era filósofo<br />

era filósofo, e não mais matemático, químico, físico, astrólogo.<br />

Os indivíduos que querem provar muitas coisas ao especularem a Bíblia com a<br />

ciência, nem sempre terão um bom resultado. A Bíblia jamais é contra a ciência e nem<br />

abole o que os cientistas geralmente fazem.<br />

No entanto, não <strong>de</strong>vemos nos preocupar em fazer comparações entre a Bíblia e a<br />

ciência, em alguns aspectos; pois não chegaremos à conclusão alguma.O fato é que<br />

para crer na Bíblia; a primeira regra <strong>de</strong> fé é crer em coisas, que aos olhos <strong>de</strong> muitos,<br />

é impossível <strong>de</strong> acontecer.<br />

Ex: A água transformar-se em vinho; Jesus curar um homem que nasceu com os pés v<br />

para trás; Jesus ressuscitar um homem que já havia morrido há quatro dias; Jesus<br />

morrer e não ficar cativo como todas as almas que morrem. Por esse motivo, é uma<br />

preocupação <strong>de</strong>snecessária um crente tentar explicar os milagres <strong>de</strong> Deus através da<br />

ciência. Se conseguirmos explicar um <strong>de</strong>stes milagres citados acima através da<br />

ciência humana, eles: NÃO SER MILAGRES.<br />

Muitos teólogos buscam enten<strong>de</strong>r a criação <strong>de</strong> Deus, que está em Gênesis(nos<br />

primeiros capítulos), e ao não enten<strong>de</strong>rem, buscam ajuda na ciência, sendo que <strong>de</strong>sta<br />

maneira passam a enten<strong>de</strong>r menos ainda.<br />

Existem dois gran<strong>de</strong>s porquês dos teólogos e da ciência nunca chegarem a conclusão<br />

alguma, por falta <strong>de</strong> bom senso <strong>de</strong> ambos os lados.<br />

1-Há quanto tempo a Terra foi criada?Po<strong>de</strong>mos concordar com os cientistas que foi a<br />

bilhões <strong>de</strong> anos, pois na própria Bíblia não encontramos registro algum <strong>de</strong> tempo.<br />

A Bíblia diz que Deus criou todo o Universo em seis dias. Mas pelo primeiro porquê,<br />

vemos que não há nenhum registro <strong>de</strong> tempo na formação da Terra.Existe aqui uma<br />

falta <strong>de</strong> lógica para concluirmos esse tema.<br />

Os seis dias que a Bíblia menciona, não significam que eles tinham 24 horas. A<br />

própria Bíblia informa que um dia para Deus é o mesmo que mil anos para os<br />

homens.Então, po<strong>de</strong>mos dizer que antes <strong>de</strong> Deus criar o Universo não existia tempo.<br />

2-Houve homem antes <strong>de</strong> Adão?<br />

Muitos dizem que sim e muitos dizem que não; e até alguns teólogos dizem que<br />

houve. Deus criou muitas criaturas, e muitas <strong>de</strong>las não apresentam nem mesmo seus<br />

fósseis. Possivelmente Deus criou uma certa criatura com características físicas<br />

parecidas com as do homem, mas não como aquele homem chamado <strong>de</strong> Adão.<br />

7


Este era a imagem e semelhança <strong>de</strong> Deus (quando dizemos imagem e semelhança,<br />

não nos referimos aos aspectos físicos, pois Deus é um Espírito e por sua vez, não<br />

tem forma física.).<br />

A maioria dos teólogos e crentes confun<strong>de</strong>m o tempo que a terra foi criada com o<br />

tempo que Adão foi criado. São aproximadamente 5.800 anos <strong>de</strong> Adão até nós. Isso<br />

não significa que a Terra só tem isso <strong>de</strong> tempo.<br />

Para os evolucionistas, é impossível que Deus tenha criado tudo. Mas tratando-se<br />

particularmente da formação biológica do homem, notamos que é impossível que o<br />

mesmo tenha sido um produto <strong>de</strong> evolução e não da criação, pois é impossível alguém<br />

<strong>de</strong>scartar o código genético <strong>de</strong> uma hora pra outra, e <strong>de</strong>pois outro ser formado <strong>de</strong> uma<br />

hora pra outra também.<br />

Alguém criou a combinação do código genético do homem, e por isso ele é um<br />

produto divino.<br />

A Bíblia <strong>de</strong>ixa claro e explicito que o Universo foi criado e organizado; por leis que<br />

alguém criou, e mesmo que o homem tente fugir <strong>de</strong>ssa lei, ele não consegue. A lei da<br />

gravida<strong>de</strong> é um gran<strong>de</strong> exemplo disso.<br />

Para que ela exista, há <strong>de</strong> se existir uma série <strong>de</strong> fatores por <strong>de</strong> trás <strong>de</strong>la, mostrando<br />

que seja impossível que não exista.<br />

Mesmo que alguns homens não crêem na Bíblia, <strong>de</strong> uma certa forma eles estão<br />

regidos por algumas leis contidas nela, isso porque, todo homem bom, não mata, não<br />

rouba, não adultera, não engana, não estupra e não se mata.<br />

Ainda que este homem bom seja ateu e se ele não faz tal coisas que a Bíblia con<strong>de</strong>na,<br />

ele terá paz e é regido pelo livro sagrado, sem que ele perceba.<br />

A baixa crítica é a expressão que usam para a crítica textual, e alta crítica é a<br />

expressão que usam no estudo crítico da Bíblia, envolvendo elementos fora do texto.<br />

A História da Crítica da Bíblia<br />

Houve um tempo em que os saduceus rejeitaram, todos os escritos do Antigo<br />

Testamento, exceto o Pentateuco, que se comportavam como “críticos da Bíblia”, e<br />

quando o grupo dos fariseus aceitaram todos os trinta e nove livros do Antigo<br />

Testamento, o segundo grupo estava fazendo uma auto crítica.<br />

E na disperção a congregação judaica <strong>de</strong>veria adicionar mais quatorze livros que são<br />

conhecidos por “apócrifos”, e isso mostra que <strong>de</strong> uma certa forma, eles estavam<br />

aplicando algum tipo mais comum <strong>de</strong> crítica textual; e com isso, eles queriam<br />

justificar um cânon expandido.<br />

Na época da Igreja primitiva, existiu um grupo, os “gnósticos”, que usaram um<br />

princípio próprio da crítica <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> texto Bíblico, dizendo: o Deus do Antigo<br />

Testamento era uma divinda<strong>de</strong> secundária e imperfeita, pois criou um mundo<br />

imperfeito.<br />

Um outro crítico da Bíblia que viveu no ano 300 d.C, Porfírio(discípulo <strong>de</strong> Plotino) dizia<br />

que o livro <strong>de</strong> Daniel foi escrito posteriormente, e além disso era uma “história escrita”<br />

e não uma “profecia”.<br />

Nós só encontramos a verda<strong>de</strong>ira “crítica textual ou baixa crítica” no século XVI, no<br />

começo da Reforma Protestante, quando Erasmo, contemporâneo <strong>de</strong> Lutero, traduz o<br />

Novo Testamento, mas usa como base <strong>de</strong> tradução o “Textus Receptus”.<br />

Logo após a tradução, os teólogos e estudiosos <strong>de</strong> Bíblia alegam que o texto tomando<br />

como base era <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior; no entanto, todas essas críticas não passaram <strong>de</strong><br />

boatos sem direção.<br />

Quando da compilação do Textus Receptus por Erasmo, no começo do século XVI,<br />

encontrarmos os verda<strong>de</strong>iros primórdios da crítica textual ou baixa crítica. Não tardou<br />

para que se patenteasse até que o texto do Novo Testamento chegasse ao estado<br />

purificado em que se encontra hoje.Vários dos reformadores rejeitaram, um ou mais<br />

dos livros do Novo Testamento, como indignos <strong>de</strong> ocuparem lugar do cânon. Assim,<br />

8


Lutero rejeitava a epístola <strong>de</strong> Tiago, por causa <strong>de</strong> sua posição contrária à justificação<br />

pela fé.<br />

E ele também consi<strong>de</strong>rava Judas e Apocalipse como livros <strong>de</strong> valor secundário, em<br />

relação ao resto do Novo Testamento. Calvino rejeitava o Apocalipse, não tendo<br />

comentado sobre o mesmo em todo o seu longo comentário do Novo Testamento. E<br />

também rejeitava a Segunda epístola <strong>de</strong> Pedro.<br />

A crítica da Bíblia começou a florescer no século XVIII, contra um pano <strong>de</strong> fundo<br />

racionalista.Havia então o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> haver maior relevância ao cristianismo, diante das<br />

tendências do pensamento contemporâneo. O racionalismo alemão tomou a posição<br />

que consi<strong>de</strong>rava suspeita toda e qualquer evidência, até que fosse provada válida.<br />

Essa abordagem não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> redundar em ceticismo.<br />

O Antigo Testamento passou a ser rigorosamente examinado, algumas vezes<br />

sofrendo ataques da parte dos críticos. Houve o surgimento da hipótese <strong>de</strong> múltiplas<br />

fontes formativas do Pentateuco.<br />

Alguns supunham que Moisés utilizou-se <strong>de</strong> várias fontes, que ele reuniu, ao passo<br />

que outros afirmavam que Moisés nada tivera a ver com a autoria da coletânea <strong>de</strong><br />

Pentateuco. A. Ged<strong>de</strong>s e J.S.Vater(fins do século XVIII e começo do século XIX) viam<br />

várias fontes e não apenas duas, o que acabou evoluindo para a famosa teoria<br />

JEPD(quatro fontes), <strong>de</strong> Hermann Hupfeld (1853), Karl Graf e Abraham Kueren(1869),<br />

em vários estágios.<br />

Essa teoria supõe que havia uma fonte jeovista(J), uma fonte eleoimista(E), uma fonte<br />

<strong>de</strong>uteronômica(D) e uma fonte sacerdotal(P).<br />

Esses símbolos estariam baseados na incidência preferida do nome divino, por algum<br />

autor particular, ou então nos tipos específicos <strong>de</strong> materiais registrados.<br />

O mesmo tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> foi aplicado ao livro <strong>de</strong> Isaías, aos Salmos, a Daniel e a<br />

outros livros do Antigo Testamento.<br />

Um dos primeiros problemas a serem abordados foi a questão das fontes informativas<br />

dos evangelhos sinópticos.<br />

Lechamann(1835) <strong>de</strong>mostrou que Marcos era o evangelho original, e que em seguida<br />

foi usado como uma das primeiras fontes <strong>de</strong> Mateus e Lucas. Isso <strong>de</strong>senvolveu-se na<br />

teoria dos quatro documentos, <strong>de</strong> B.B. Streeter(1874-1937).<br />

Thomas Woolson(falecido em 1731) supunha, sobre bases céticas, que os milagres <strong>de</strong><br />

Jesus eram criações <strong>de</strong> pessoas supersticiosas, muito tempo <strong>de</strong>pois da morte <strong>de</strong><br />

Jesus. H.S.<br />

Reimarus(falecido em 1768), asseverou que as fabulosas narrativas sobre Jesus eram<br />

falsificações <strong>de</strong>liberadas, dos discípulos <strong>de</strong> Jesus, sobre aquilo que realmente se<br />

suce<strong>de</strong>u.<br />

Fr.Schleiermacher (falecido em 1834), tentou preservar a posição cêntrica <strong>de</strong> Cristo,<br />

embora supondo que os evangelhos haviam sido artificialmente construídos, a partir<br />

<strong>de</strong> uma miscelânea <strong>de</strong> retalhos separados da tradição oral.<br />

A chamada crítica da forma, do século XX, emprega o conceito básico <strong>de</strong>ssa teoria.<br />

D.F. Straus, em seu Lebem Jesu(1835) apresentou Jesus como um sábio ju<strong>de</strong>u i<strong>de</strong>al,<br />

cujas memórias foram preservadas em meio a inúmeros adornos.<br />

Fre<strong>de</strong>rick Christian Baur(1792-1860) foi fundador da Escola <strong>de</strong> Tubingen, tendo<br />

proposto uma primitiva tese judaica no tocante à vida <strong>de</strong> Jesus, encabeçada por<br />

Pedro, mas com uma subseqüente antítese, que procurou embelezar a biografia <strong>de</strong><br />

Jesus, conferindo-lhe estatura divina, encabeçada por Paulo.<br />

E a síntese (segundo os mol<strong>de</strong>s hegelianos ) teria sido provida pelo evangelho <strong>de</strong><br />

João, que pra ele pertencia a uma data fantasticamente posterior, cerca <strong>de</strong> 170 D.C.<br />

Mas, um pequeno fragmento <strong>de</strong> papiro, P(52), do evangelho <strong>de</strong> João e pertencente ao<br />

começo do século II D.C., <strong>de</strong>struiu a teoria. No entanto, Baur sentia que a história<br />

cristã primitiva precisava ser reescrita, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>snudá-la <strong>de</strong> suas emendas<br />

apócrifas, bem como dos relatos exagerados <strong>de</strong> entusiastas, a fim <strong>de</strong> sabermos o que<br />

realmente aconteceu.<br />

9


Dessa forma, Baur distinguiu entre o Jesus histórico e o Jesus teológico. Interessante<br />

é observar que apesar da estrutura central <strong>de</strong> sua teoria(dialética hegeliana) ter sido<br />

abandonada pela maioria dos especialistas, sua oposição entre Pedro e Paulo tem<br />

persistido como noção <strong>de</strong> muitos estudiosos.<br />

W. Boosset(1892) e Adolf von Harnack(1899) opinavam que era mister eliminar<br />

quaisquer emendas supersticiosas e religiosas, a fim <strong>de</strong> se ficar apenas com o Jesus<br />

histórico . Segundo eles, Jesus seria um meio liberal eloqüente, que proclamava o<br />

evangelho da paternida<strong>de</strong> universal <strong>de</strong> Deus e a fraternida<strong>de</strong> universal dos homens.<br />

Porém, Johanne Weiss(1892) reagiu contra tão simplista mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> Jesus,<br />

tendo sido secundado por Albert Schweitzer(nasceu em 1875), o qual insistiu em seu<br />

livro Quest for the Historical Jesus (1906), que Jesus era um crente apaixonado no<br />

iminente fim do mundo e no imediato estabelecimento do reino <strong>de</strong> Deus sobre a terra.<br />

Nisso, Jesus estaria equivocado, segundo Schweitzer supunha; porém, acreditaria em<br />

tais coisas.<br />

É possível que a principal tendência da erudição liberal, a partir do ano 1906, tenha<br />

sido aquela promovida por Rudolf Bultman(nasceu em 1884).<br />

De acordo com essa tendência, precisamos <strong>de</strong>mitizar os registros bíblicos a fim <strong>de</strong><br />

chegarmos ao Jesus real. Mas a tentativa terminou em ceticismo quanto ao método,<br />

consi<strong>de</strong>rado fútil, visto que até os evangelhos sinópticos encerram <strong>de</strong>clarações que<br />

promovem a <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo.<br />

Não obstante, alguns estudiosos continuam fiéis ao método.<br />

A Crítica da Forma<br />

É um método <strong>de</strong> pesquisa que surgiu na Alemanha, a partir <strong>de</strong> 1919, quando Maritn<br />

Dibelius publicou sua obra From Tradition to Gospel.<br />

O método havia sido antecipado por outros, como Johannes Weiss e Hermann<br />

Gunkel.<br />

A crítica da forma é uma tentativa para recuperar as unida<strong>de</strong>s da tradição oral que<br />

circulavam antes dos evangelhos serem escritos. Segundo são concebidas, essas<br />

unida<strong>de</strong>s incluiriam antigas narrativas, como o relato da paixão, parábolas,<br />

<strong>de</strong>clarações ou ensinos, relatos <strong>de</strong> milagres e lendas. Tudo estaria baseado em graus<br />

variegados <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mistura com ficção.<br />

Alguns intérpretes também lançaram-se à tarefa <strong>de</strong> distinguir níveis <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas<br />

supostas unida<strong>de</strong>s, com o material judaico primitivo e o material helenista posterior.<br />

Supõe-se que os evangelhos resultarem <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> recolhimento <strong>de</strong> fragmentos,<br />

em que as peças foram sendo ajustadas umas às outras, algumas vezes<br />

habilidosamente, e outras vezes, <strong>de</strong> forma crua.<br />

Alguns supõem que essas tradições foram essencialmente preservadas pela Igreja;<br />

mas outros pensam que os cristãos inventaram a maioria <strong>de</strong>ssas tradições. Seja como<br />

for, a tradição concentrada nos evangelhos seria uma espécie <strong>de</strong> esforço comunitário,<br />

e não <strong>de</strong> iniciativa particular. Isso significa que haveria uma certa canonização <strong>de</strong><br />

material, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo.<br />

Essa teoria, apesar <strong>de</strong> conter elementos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, também tem seus exageros.<br />

Marcos, o evangelho original, certamente parece haver sido escrito apressadamente,<br />

para narrar uma história que todos já conheciam; e não por alguém que agisse como<br />

redator, alinhavando pedaços provenientes <strong>de</strong> muitas fontes.<br />

Nota-se ali um senso <strong>de</strong> urgência, com base em narrativas <strong>de</strong> testemunhas oculares,<br />

o que é embotado por uma exagerada crítica da forma.<br />

A Ativida<strong>de</strong> dos Críticos<br />

Qualquer estudo introdutório a algum livro da Bíblia naturalmente incluirá várias formas<br />

<strong>de</strong> crítica. Essa é uma ativida<strong>de</strong> necessária, tornando-se prejudicial somente quando<br />

guiada pelo ceticismo, que busca encontrar erros e embotar a verda<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong><br />

lançar luz sobre ela.O leitor, no tocante à introdução a qualquer livro das Escrituras,<br />

po<strong>de</strong>rá perceber a mão da crítica plenamente ilustrada, nessas introduções.<br />

10


A crítica, por si mesma, é uma ativida<strong>de</strong> absolutamente necessária para o nosso<br />

conhecimento da Bíblia, e muitos resultados positivos têm resultado <strong>de</strong> todas as<br />

diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crítica que temos ventilado.<br />

Já passou a época em que se podia usar a Bíblia como uma espécie <strong>de</strong> entida<strong>de</strong><br />

mágica. Nada teríamos a ganhar se encorajássemos o erro piedoso, só para satisfazer<br />

a pessoas que gostam <strong>de</strong> respostas simples.<br />

Se há algo que caracteriza a verda<strong>de</strong> das coisas é que a verda<strong>de</strong> não é simples. Nela<br />

está envolvida a tremendamente complexa mente divina. Tão acima está ela <strong>de</strong> nós.<br />

Portanto, quando Deus permitiu que algo <strong>de</strong> sua mente transparecesse em um livro,<br />

não <strong>de</strong>veríamos pensar que é fácil compreen<strong>de</strong>r tudo quanto ele diz ali.<br />

Além disso, é ridículo ignorar o lado humano da Bíblia.<br />

Para exemplificar, há muitos erros gramaticais no grego do Novo Testamento. Nesse<br />

documento, a linguagem foi expressa em diversos níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o grego<br />

quase clássico da epístola aos Hebreus, até o grego <strong>de</strong> rua, com todos os seus<br />

vícios, do evangelho <strong>de</strong> Marcos. Além disso, há o grego como segundo idioma, no<br />

Apocalipse, cujo autor pensava em aramaico e imitava a gramática aramaica no grego<br />

por ele produzida, com os resultantes erros gramaticais.<br />

Haveríamos <strong>de</strong> explicar isso, dizendo que Deus é um mau gramático?<br />

Além disso, existem diversos níveis <strong>de</strong> revelação.<br />

Encontramos trechos místicos, <strong>de</strong> autêntico êxtase, nos escritos <strong>de</strong> Paulo, como<br />

porções do oitavo capítulo <strong>de</strong> Romanos, do décimo segundo capítulo <strong>de</strong> I Coríntios,<br />

do segundo capítulo <strong>de</strong> Filipenses e do primeiro capítulo <strong>de</strong> Efésios.<br />

Po<strong>de</strong>-se contrastar isso com o tratado didático da epístola <strong>de</strong> Tiago, com seu judaísmo<br />

quase puro, em que a luz cristã só rebrilha aqui e acolá. Em Tiago, encontramos o tipo<br />

<strong>de</strong> ensino que se po<strong>de</strong>ria ouvir nas sinagogas, em qualquer Sábado. Há ali gran<strong>de</strong>s<br />

verda<strong>de</strong>s, mas não empapadas na típica revelação cristã.<br />

É ridículo tentar harmonizar o que Tiago diz com os avançados conceitos <strong>de</strong> Paulo.<br />

Tiago continuava promovendo conceitos judaicos, que estavam começando a mesclarse<br />

com os conceitos cristãos.<br />

A crítica <strong>de</strong>staca coisas assim, que forçado-nos a relacionar as atitu<strong>de</strong>s expressas por<br />

Tiago à divisão da Igreja primitiva em torno do legalismo, conforme se vê no décimo<br />

quinto capítulo <strong>de</strong> Atos, levando-nos a concluir que esse livro surgiu em meio àquela<br />

controvérsia, como representante do espírito anti-paulino, <strong>de</strong> certos segmentos da<br />

Igreja primitiva, que ainda eram mais judaicos do que cristãos.<br />

Mas, os harmonizadores, buscando conforto mental, insistem em reconciliar Tiago e<br />

Paulo;mas isso é anti-histórico e anti-doutrinário. Não precisamos <strong>de</strong> tal esquema para<br />

fortalecer-nos a fé.Outrossim, sem dúvida há vários tipos <strong>de</strong> fontes informativas dos<br />

evangelhos.Torna-se óbvio que as <strong>de</strong>clarações ali constantes nem sempre foram<br />

ditas <strong>de</strong>ntro das associações em que são postas.<br />

Com isso;hà nos evangelhos <strong>de</strong>clarações postas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos acontecimentos<br />

históricos com os quais não estavam originalmente vinculados. Assim, no evangelho<br />

<strong>de</strong> Mateus, há vários gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Jesus, como as bemaventuranças,<br />

o sermão da montanha e as parábolas do reino que são óbvios<br />

sumários, provavelmente <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Jesus, que não foram proferidos<br />

em uma única ocasião, conforme aquele evangelho dá a enten<strong>de</strong>r.<br />

Isso é facilmente provado mediante a simples comparação do material <strong>de</strong> Mateus e<br />

Lucas, por exemplo, que aparece <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> diferentes engastes históricos.<br />

Há problemas reais que envolvem pontos como unida<strong>de</strong> e integrida<strong>de</strong> da Bíblia. As<br />

epístolas <strong>de</strong> I e II Coríntios representam uma correspondência entre Paulo e os<br />

crentes <strong>de</strong> Corinto, e não apenas duas epístolas diversas.É bem possível que a<br />

epístola aos Romanos, segundo a conhecemos, inclua material que, originalmente,<br />

não fazia parte da mesma. Falamos especificamente sobre o décimo sexto capítulo,<br />

que parece ser uma curta epístola aos crentes <strong>de</strong> Éfeso,e que terminou sendo<br />

agregada à epístola aos Romanos, on<strong>de</strong> se tornou seu capítulo <strong>de</strong>zesseis.<br />

11


Com freqüência, ao tratamos <strong>de</strong> tais problemas, não po<strong>de</strong>mos fornecer informações<br />

mais precisas,o que se dá sobretudo com certos livros do Antigo Testamento, que<br />

quase certamente incorpora blocos <strong>de</strong> material reunidos por compiladores, uma<br />

ativida<strong>de</strong> perfeitamente normal em todas as produções literárias.<br />

E, continuando somente a fornecer exemplos <strong>de</strong> alguns tipos <strong>de</strong> problemas textuais,<br />

finalmente po<strong>de</strong>mos discernir níveis <strong>de</strong> diferenças <strong>de</strong> doutrina, <strong>de</strong>ntro do próprio<br />

Novo Testamento,e não meramente quando são contrastados o Antigo e o Novo<br />

Testamentos.Todos admitem que o Novo Testamento é doutrinariamente mais<br />

avançado que o Antigo.<br />

Nesse caso, por qual motivo certas porções do Novo Testamento não seriam<br />

doutrinariamente mais evoluídas do que outras porções do mesmo Novo Testamento?<br />

Os evangelhos refletem a doutrina cristã segundo o nível a que ela chegará até o fim<br />

do ministério <strong>de</strong> Jesus.<br />

Mas ele afirmou: “Tenho ainda muito o que vos dizer, mas vós não o po<strong>de</strong>is suportar<br />

agora; quando vier porém, o Espírito da verda<strong>de</strong>, ele vos guiará a toda verda<strong>de</strong>...”<br />

(João 16:12, 13). Já citei o exemplo <strong>de</strong> Tiago, cujos conceitos foram vistos <strong>de</strong> forma<br />

diferente pela revelação paulina.<br />

Um mistério é uma verda<strong>de</strong> recém-revelada, que não fora revelada antes. Se já<br />

fosse conhecida, não seria um mistério. Portanto, <strong>de</strong> cada vez em que Paulo diz: “Eis<br />

que vos digo um mistério”, era como ele estivesse dizendo: “Eis uma nove verda<strong>de</strong>,<br />

que só agora está sendo revelada”.<br />

E então Paulo nos leva a verda<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s ensinadas em outras porções<br />

do Novo Testamento, que outros autores sagrados <strong>de</strong>sconheciam até então.<br />

Assim, no primeiro capítulo <strong>de</strong> Efésios, quando Paulo fala sobre o “mistério da vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus”, ele nos dá um vislumbre do que Deus realmente tenciona fazer em prol da<br />

humanida<strong>de</strong>, que ultrapassa a antiga doutrina do juízo, refletida em várias porções do<br />

Novo Testamento.<br />

Por outra parte, se mantivermos a atitu<strong>de</strong> que o Novo Testamento é perfeitamente<br />

homogêneo em sua exposição <strong>de</strong> doutrinas, então essa verda<strong>de</strong> ficará oculta, para<br />

nosso próprio <strong>de</strong>trimento.<br />

Por igual modo, quando Pedro afiança que o evangelho foi pregado a mortos(I Ped.<br />

4:6), quando Cristo <strong>de</strong>sceu ao ha<strong>de</strong>s, entre sua morte e ressurreição(I Ped. 3:18<br />

), ele aumenta a nossa esperança, <strong>de</strong>monstrando que Cristo po<strong>de</strong> atingir os homens<br />

em todos os lugares, incluindo no lugar mesmo no juízo.<br />

Mas, se eu vier a supor que Pedro não podia ter conhecimento <strong>de</strong> algo sobre o que os<br />

<strong>de</strong>mais autores sagrados nada comentaram, então per<strong>de</strong>rei uma preciosa verda<strong>de</strong><br />

ensinada na Bíblia. No entanto, Paulo revela-nos que a <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> Cristo ao ha<strong>de</strong>s<br />

teve o mesmo propósito que sua subida dali, ou seja, tornar-se tudo para todos (Efé.<br />

4:8 ).<br />

O Senhor chegará a “preencher a tudo”, tornando-se assim tudo para todos, a própria<br />

essência da própria existência, bem como sua origem, propósito e alvo.<br />

Mas se eu aterrar-me exclusivamente a Hebreus 9:27, que proclama que a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salvação termina por ocasião da morte biológica, terei <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r que algumas porções do Novo Testamento ultrapassam a outras em<br />

profundida<strong>de</strong>, oferecendo-nos novas verda<strong>de</strong>s, e das mais preciosas.Sabendo que<br />

esse informes bíblicos mais profundos são complementares, e não contraditórios com<br />

o que o resto da Bíblia nos ensina, isso não enfraquece a nossa fé nos ensinamentos<br />

bíblicos, antes, enriquece o nosso entendimento sobre o plano <strong>de</strong> Deus.<br />

Paulo não cessava <strong>de</strong> orar por seus convertidos, no sentido <strong>de</strong> que recebessem<br />

“...espírito <strong>de</strong> sabedoria e revelação no pleno conhecimento <strong>de</strong>le, iluminados os olhos<br />

do vosso coração, para saber<strong>de</strong>s qual é a esperança do seu chamamento, qual a<br />

riqueza da glória da sua herança nos santos” (Efé. 1:17, 18).<br />

Mesmo que não saibamos colocar todos os ensinamentos em sua exata seqüência ou<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância, isso é melhor do que eliminar <strong>de</strong> nosso sistema <strong>de</strong> doutrinas<br />

12


alguns dos ensinamentos mais profundos da Bíblia, somente porque não se encaixam<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossa limitada compreensão.<br />

Aspectos Positivos e Bons da Crítica<br />

A crítica da Bíblia po<strong>de</strong> ser positiva e boa.<br />

Com a ajuda dos críticos, po<strong>de</strong>mos ter uma atitu<strong>de</strong> mais otimista e uma maior<br />

confiança na missão <strong>de</strong> Cristo.Todavia,somos contrário ao uso negativo da crítica<br />

que só tenciona <strong>de</strong>struir e negar. A verda<strong>de</strong> é que alguns críticos partem da intenção<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a fé, por causa <strong>de</strong> alguma distorção psicológica que os leva a <strong>de</strong>struir em<br />

vez <strong>de</strong> edificar. Alguns <strong>de</strong>les parecem indignados diante da Igreja cristã e seus<br />

ensinos.<br />

Outros sentem-se insatisfeitos com o próprio cristianismo. Certo crítico alemão chegou<br />

ao extremo <strong>de</strong> negar a existência <strong>de</strong> Jesus, dizendo que a Igreja foi que O inventou!<br />

Todas essas ativida<strong>de</strong>s baseadas no negativismo <strong>de</strong>vem ser ignoradas por nós,<br />

porquanto não produzirão coisa alguma <strong>de</strong> proveitoso. Porém, os esforços honestos<br />

para melhorar o nosso conhecimento das realida<strong>de</strong>s divinas, mesmo quando nos<br />

parecem bizarras, com freqüências produzem alguns resultados positivos, capazes <strong>de</strong><br />

fomentar nosso conhecimento da Bíblia.<br />

Mas alguns evangélicos muito conservadores fazem parecer importantes para a fé<br />

aquilo que, realmente, não tem importância.<br />

Um certo homem que nada sabia sobre o idioma grego, em que foi escrito o Novo<br />

Testamento, mas que dizia ter a certeza <strong>de</strong> que não podia haver erros gramaticais no<br />

texto, porquanto ele tinha a certeza <strong>de</strong> que a Bíblia não po<strong>de</strong> conter erros <strong>de</strong> qualquer<br />

espécie!<br />

Essa certeza, baseada na ignorância, <strong>de</strong> modo algum é louvável. É triste quando a fé<br />

<strong>de</strong> uma pessoa repousa sobre questões triviais como boa ou má gramática.E ainda é<br />

mais lamentável quando o conforto mental <strong>de</strong> alguém é preservado pela ignorância<br />

proposital.A verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus nunca fica estagnada, e nem nos é perfeitamente<br />

revelada neste lado da existência.<br />

Ela chega até nós gradualmente, e <strong>de</strong> várias maneiras;mas <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong> é uma<br />

aventura excitante, pois precisamos investigá-la sob muitos ângulos diversos.<br />

Também tenho observado que quanto mais sábios nos tornamos, mais otimistas<br />

ficamos, e mais respeitamos e confiamos na missão do Logos, Jesus Cristo.<br />

Não precisamos <strong>de</strong> um arcabouço literário perfeito para dispormos <strong>de</strong> uma boa<br />

apreciação da gran<strong>de</strong>za do plano divino em favor dos homens. Há uma profunda<br />

verda<strong>de</strong> naquela distorção que diz: “Precisamos <strong>de</strong> mais fé, e <strong>de</strong> menos crença”.<br />

Mas a fé só virá através do conhecimento,pois estudamos um Deus; “INVISIVEL”.<br />

Bibliolatria<br />

Palavra baseada em dois vocábulos gregos, com o sentido <strong>de</strong> adoração ao livro.<br />

O termo é usado para <strong>de</strong>screver aquelas pessoas e ativida<strong>de</strong>s que se utilizam da<br />

Bíblia, paralelamente à insistência <strong>de</strong> que a Bíblia não envolve erros <strong>de</strong> qualquer<br />

modalida<strong>de</strong>. Geralmente, isso é acompanhado pela contenção <strong>de</strong> que toda razão e<br />

ciência humanas <strong>de</strong>veriam ser sujeitadas ao cotejo com a Bíblia, interpretada<br />

literalmente.<br />

A bibliolatria caracteriza-se por uma atitu<strong>de</strong> que rejeita a priori todo estudo e toda e<br />

qualquer evi<strong>de</strong>ncia que mostra que a Bíblia não é um livro perfeito. Mas visto que a<br />

Bíblia tem um lado humano em sua produção, e visto que as produções humanas não<br />

são perfeitas, esse elemento humano impe<strong>de</strong> que as Escrituras sejam perfeitas.<br />

A bibliolatria assume diferentes aspectos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> quem lança mão da Bíblia<br />

abusivamente.<br />

Assim é que, em uma <strong>de</strong>nominação qualquer, a autorida<strong>de</strong> da Bíblia é usada para<br />

promover <strong>de</strong>terminado conjunto <strong>de</strong> doutrinas particulares, em torno das quais gira a<br />

13


vida daquela <strong>de</strong>nominação; mas, em uma outra <strong>de</strong>nominação, os mesmos textos da<br />

prova são usados para dar apoio a idéias às vezes diametralmente contrárias.<br />

Tudo isso concorre para lançar uma nódoa sobre o uso são das Escrituras, como a<br />

nossa principal autorida<strong>de</strong> espiritual. E força sobre a Bíblia uma autorida<strong>de</strong> sobre<br />

campos que lhe são estranhos, além <strong>de</strong> limitar erroneamente o conceito <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong>.<br />

As Bibliotecas<br />

Uma biblioteca é uma coleção <strong>de</strong> livros, sem importar se pequena ou gran<strong>de</strong>,<br />

reunida com certo propósito em mira, para servir <strong>de</strong> centro <strong>de</strong> leitura e pesquisas<br />

literárias. Os livros <strong>de</strong> uma biblioteca não são oferecidos à venda, embora possam ser<br />

emprestados por certo prazo.<br />

Bibliotecas relacionadas à Bíblia. Não há qualquer referencia específica, na Bíblia, a<br />

alguma biblioteca, embora haja referências que subentendam a existência <strong>de</strong><br />

bibliotecas.<br />

Paulo <strong>de</strong>ve ter contado com uma pequena biblioteca, para seu uso pessoal(II Tim.<br />

4:13). O fato <strong>de</strong> que havia muitos livros, e que a produção <strong>de</strong> livros po<strong>de</strong> ser uma<br />

ativida<strong>de</strong> sem-fim (Ecl.12:12), mostra-nos que, em Israel, <strong>de</strong>ve ter havido tais coleções<br />

<strong>de</strong> livros. A preparação <strong>de</strong> livros começou cedo em Israel, conforme se vê em<br />

Êxo.14:4,7; 17:14; e Heb. 9:9.Os sacerdotes levíticos estavam encarregados dos<br />

livros sagrados(Deu.17:18; 31:24-26).<br />

Vários títulos foram dados aos livros sagrados dos ju<strong>de</strong>us, como Livro da Lei, Livro da<br />

Aliança, etc., dos quais havia um bom número <strong>de</strong> cópias , incluindo não somente os<br />

livros canônicos(Num.21:24; Jos.10:12, 13; I Cro 29:19 e II Cro 33:17), provavelmente<br />

havia extensos registros genealógicos , tratados, contratos, transações comerciais<br />

registradas, tudo o que sugere coleções <strong>de</strong> livros que eram <strong>de</strong>vidamente guardados.<br />

Em Esdras 5:17 temos uma referencia aos arquivos(<strong>de</strong> rolos) da Babilônia, o que,<br />

quase certamente, é uma alusão à biblioteca que havia naquela cida<strong>de</strong>. A arqueologia<br />

tem <strong>de</strong>scoberto gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> bibliotecas <strong>de</strong> tabletes <strong>de</strong> argila, tanto na Babilônia<br />

quanto nas principais cida<strong>de</strong>s do império assírio.<br />

A famosa biblioteca <strong>de</strong> Alexandria, embora não fosse uma biblioteca nitidamente<br />

bíblica, teve começo em 300 A.C., e continha livros sobre a erudição semita, tendo<br />

também sido a biblioteca para a qual foi preparada a versão do Antigo Testamento,<br />

intitulada Septuaginta(ou LXX).<br />

As esperanças dos arqueólogos – <strong>de</strong>scobrirem bibliotecas nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Israel, até<br />

hoje não se concretizaram. Porém, o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> bibliotecas na Assíria, na<br />

Babilônia e no Egito, bem como os tabletes <strong>de</strong> Tell el-Amarna, do século XIV a.C., tem<br />

compensado parcialmente esse <strong>de</strong>sapontamento.<br />

A biblioteca <strong>de</strong> Sargão(722-705 a.C.) compunha-se <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> coleção <strong>de</strong><br />

tabletes com escrita cuneiforme, que atualmente se encontra no Museu Britânico.<br />

O número <strong>de</strong>sses tabletes chega cerca <strong>de</strong> vinte e cinco mil.<br />

A Biblioteca Real <strong>de</strong> Assurbanipal(662-626 a.C) também era muito numerosa, com<br />

cerca <strong>de</strong> vinte e cinco mil tabletes, que também encontram-se agora no Museu<br />

Britânico. Dez mil textos diferentes são ali representados, e Sir. Fre<strong>de</strong>ric Kenyon<br />

referiu-se a essa coleção como “a primeira gran<strong>de</strong> coleção particular <strong>de</strong> livros que se<br />

conhece na história”.<br />

Em Nuzi, foram <strong>de</strong>senterrados cerca <strong>de</strong> vinte mil tabletes <strong>de</strong> argila, datados da<br />

primeira meta<strong>de</strong> do segundo milênio a.C. A oitenta quilômetros a su<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> da<br />

Babilônia, no templo <strong>de</strong> Nipur, foram encontrados cerca <strong>de</strong> cinqüenta mil tabletes <strong>de</strong><br />

argila, pertencentes aos séculos IV e V a.C.<br />

Gran<strong>de</strong>s bibliotecas gregas e romanas quase no fim do período do Antigo Testamento.<br />

Além da biblioteca <strong>de</strong> Alexandria, havia coleções guardadas em Pérgamo e em<br />

outras cida<strong>de</strong>s, embora nenhuma <strong>de</strong>las pu<strong>de</strong>sse rivalizar-se com a <strong>de</strong> Alexandria, cujo<br />

intuito era contar com uma cópia <strong>de</strong> todos os livros do mundo até então conhecido.<br />

14


Manuscritos do Mar Morto<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista bíblico, a maior <strong>de</strong>scoberta isolada <strong>de</strong> manuscritos <strong>de</strong> todos os<br />

tempos se <strong>de</strong>u nos primeiros meses <strong>de</strong> 1947, quando, em diversas cavernas próximas<br />

do mar Morto, foi encontrada uma gran<strong>de</strong> coleção <strong>de</strong> livros do Antigo Testamento,<br />

pseu<strong>de</strong>pígrafos e algum material não bíblico.<br />

Cerca <strong>de</strong> cem manuscritos bíblicos foram ali encontrados, alguns mais extensos, e<br />

outros apenas fragmentares. Entre esses manuscritos, há evi<strong>de</strong>ncias acerca <strong>de</strong> todos<br />

os livros canônicos do Antigo Testamento, com a única exceção <strong>de</strong> Ester. O material<br />

data <strong>de</strong> entre 200 a.C e 50 d.C<br />

Bíblia Biblion<br />

Vem <strong>de</strong> bíblos, “papiro”. O bíblion era uma faixa <strong>de</strong> papiro apropriada para servir <strong>de</strong><br />

rolo <strong>de</strong> escrita .<br />

Tinha oito ou nove metros <strong>de</strong> comprimento, o que era uma dimensão conveniente para<br />

uso e capaz <strong>de</strong> acomodar um livro do tamanho do evangelho <strong>de</strong> Mateus. Esse termo<br />

acabou significando um livro, em forma <strong>de</strong> rolo, naturalmente.<br />

A forma plural, bíblia, dava a enten<strong>de</strong>r rolos <strong>de</strong> papiro, mas terminou sendo aplicada<br />

aos livros sagrados do Antigo e Novo Testamentos.Essa palavra passou para a versão<br />

latina como um feminino singular, e dali <strong>de</strong>riva-se a nossa palavra Portuguesa “Bíblia”,<br />

uma palavra no singular e que se refere, coletivamente, à inteira coletânea dos livros<br />

canônicos.<br />

Os Termos<br />

A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, bíblia, que é o plural <strong>de</strong> bíblion, “livro”.<br />

Portanto, significa “livros”.Essa palavra <strong>de</strong>riva-se originalmente da cida<strong>de</strong> fenícia <strong>de</strong><br />

Biblos(no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes centros<br />

produtores <strong>de</strong> papiro, o papel antigo. Com o tempo esse vocábulo terminou sendo<br />

usado para <strong>de</strong>signar as Sagradas Escrituras.<br />

A palavra grega bíblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido<br />

para indicar o livro da vida, como se vê em Apo.3:5, isto é, um livro sagrado.<br />

Estritamente falando, bíblios era um livro, e bíblion era um livrinho.A palavra Bíblia,<br />

mediante um <strong>de</strong>senvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo cremos, veio a<br />

<strong>de</strong>signar o Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e do Novo<br />

Testamento, a principal fonte <strong>de</strong> ensinamentos religiosos e éticos <strong>de</strong> nossa civilização.<br />

Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já chamavam suas Escrituras Sagradas<br />

<strong>de</strong> ta Bíblia, ou seja, “os livros”.<br />

Quando esse título foi então transferido para a versão latina, foi traduzido no singular,<br />

dando a enten<strong>de</strong>r que “o Livro” é a Bíblia. Nos livros apócrifos do Antigo Testamento, a<br />

versão LXX usa o termo grego bibloi, “livros”, indicando os escritos sagrados. Em I<br />

Macabeus 1:57, encontramos os livros do pacto.<br />

No prólogo do livro <strong>de</strong> Eclesiástico, as Escrituras são chamadas <strong>de</strong> a lei, os profetas e<br />

outros livros(bíblia). No Novo Testamento, encontramos o vocábulo “Escrituras”,<br />

empregado para indicar o Antigo Testamento(Mat. 21:42; Mar. 14:49; Rom.15:4), ou<br />

“Sagradas Escrituras”(Rom. 1:20), ou “a lei e os outros profetas” (Mat. 5:17), ou “lei”<br />

(João 10:34) ou “os oráculos <strong>de</strong> Deus” (Rom.3:2).<br />

As Designações Antigo e Novo Testamentos<br />

Essas expressões vêm sendo usadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os fins do século II D.C., para distinguir<br />

entre as Escrituras judaicas e as Escrituras cristãs. Alguns preferem a palavra “pacto”<br />

(no grego, diatheke), em vez <strong>de</strong> “testamento”.<br />

15


Todavia, tornou-se generalizado o uso da palavra “testamento”. Visto que os pactos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da morte do testador (Heb. 9:1-8, 16, 17; 10:19-22, especialmente 9:16,<br />

17), os dois gran<strong>de</strong>s pactos das Escrituras na realida<strong>de</strong> são testamentos.<br />

A palavra “testamento” entrou em uso por haver sido a tradução adotada na versão<br />

latina para o vocábulo grego diatheke. Daí por diante, o termo passou por muitos<br />

idiomas mo<strong>de</strong>rnos.A palavra hebraica correspon<strong>de</strong>nte é berit, que foi traduzida por<br />

diatheke, tanto na LXX como, mais tar<strong>de</strong> no Novo Testamento.<br />

A Coletânea<br />

A Bíblia é uma coletânea <strong>de</strong> sessenta e seis livros: 39 no Antigo e 27 no Novo<br />

Testamento.<br />

Foram reunidos em um só volume através do processo da canonização. A<br />

LXX(tradução completada cerca <strong>de</strong> duzentos anos antes da era cristã, das Escrituras<br />

judaicas para o grego) conta com catorze livros adicionais, chamados livros apócrifos,<br />

os quais foram aceitos pela Igreja Católica Romana como parte integrante <strong>de</strong> sua<br />

Bíblia oficial, no Antigo Testamento, por ocasião do concílio <strong>de</strong> Trento(1545-1563),<br />

com a exceção <strong>de</strong> I e II Esdras e a Oração <strong>de</strong> Manassés.<br />

O processo <strong>de</strong> canonização precisou <strong>de</strong> vários séculos para terminar.<br />

Várias autorida<strong>de</strong>s antigas rejeitavam livros que atualmente aceitamos.<br />

Apesar disso, po<strong>de</strong>mos estar certos <strong>de</strong> que o processo histórico estava seno<br />

controlado pelo Espírito <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong> tal modo que a coletânea que possuímos é<br />

autorida<strong>de</strong> espiritual genuína, <strong>de</strong>vendo ser tratada como tal, mesmo quando a nossa<br />

idéia <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> inclua mais do que documentos escritos em qualquer número.<br />

A Unida<strong>de</strong> da Coletânea<br />

A Bíblia, naturalmente, é mito mais heterogênea do que muitas pessoas querem<br />

admitir. Alguns chegam a pensar que a reunião do Antigo e do Novo Testamentos, em<br />

um único volume, é uma perversão; mas tal opinião é exagerada.O primeiro problema<br />

a ser enfrentado é a rejeição <strong>de</strong> certas porções do Antigo Testamento pelo Novo<br />

Testamento.<br />

Muitas das instituições religiosas do povo israelita, como o sistema <strong>de</strong> sacrifícios, a<br />

tentativa <strong>de</strong> justificação mediante a observância da lei, etc., foram suplantadas por<br />

novos conceitos, que figuram no Novo Testamento.Se não houvesse notáveis<br />

diferenças entre o antigo e o novo pactos, Paulo não teria sido perseguido e nem teria<br />

sido reputado um herege. Não po<strong>de</strong>mos ocultar as diferenças.<br />

Po<strong>de</strong>mos tentar explicar, dizendo que Deus guiava o processo, e que o antigo pacto<br />

mesclou-se com o novo, em uma evolução histórico teológica.<br />

Mas <strong>de</strong>clarações como essa não explicam as gran<strong>de</strong>s diferenças entre os dois<br />

testamentos.<br />

Na verda<strong>de</strong>, a mudança faz parte da essência ou mecanismo do nosso crescimento<br />

teológico.Sem tal mudança, jamais avançaríamos em nosso conhecimento sobre as<br />

realida<strong>de</strong>s divinas. Por conseguinte, on<strong>de</strong> houver mudança e transformação,<br />

esperamos também encontrar <strong>de</strong>senvolvimento, crescimento.<br />

As pessoas que se opõem às mudanças, com base em dogmas supostamente<br />

imutáveis, também se opõem ao crescimento.Uma das coisas que as Escrituras<br />

predizem acerca do milênio é que a lei <strong>de</strong> Deus será observada com um rigor como<br />

nem mesmo no antigo Israel se viu qualquer coisa similar. Isso não representará um<br />

retrocesso, mas sim, um avanço. O milênio será uma excelente ocasião para novas<br />

revelações, embora isso seja uma especulação razoável.No próprio Novo Testamento<br />

não encontramos uma única teologia, sempre no mesmo nível <strong>de</strong> revelação e sempre<br />

congruente. Consi<strong>de</strong>remos o livro <strong>de</strong> Tiago, lado a lado com a epístola paulina aos<br />

Gálatas! Sem dúvida, <strong>de</strong> um para o outro, houve evolução na exposição da verda<strong>de</strong><br />

divina.<br />

Mas isso não nos choca, quando levamos em conta a controvérsia que houve na<br />

Igreja primitiva, que é refletida no décimo quinto capítulo <strong>de</strong> Atos.<br />

16


Tiago representava os legalistas da Igreja, ainda sem se haver <strong>de</strong>smamado<br />

inteiramente na sinagoga, ao passo que Paulo é representante <strong>de</strong> uma nova onda <strong>de</strong><br />

pensamento, que já se afastava radicalmente das i<strong>de</strong>ias judaicas.<br />

No entanto, as i<strong>de</strong>ias expostas por ambos encontram-se lado a lado, no Novo<br />

Testamento.<br />

A epístola <strong>de</strong> Tiago foi um dos livros disputados nos primeiros séculos da Igreja<br />

cristã, exatamente em face <strong>de</strong> sua divergência em relação a Paulo, pois os interpretes<br />

da época não enten<strong>de</strong>ram a mensagem da epístola: Tiago enfoca as boas obras, pois<br />

a Igreja estava interpretando as cartas <strong>de</strong> Paulo erroneamente, usando a fé como<br />

justificação e esquecendo da santificação para salvação da alma.<br />

E neste momento que Tiago dizia: “A fé sem obras é morta.”, ele não se referia a fé do<br />

judaísmo, mas sim a fé do cristianismo.Ele, usado pelo Espírito Santo, relembra à<br />

Igreja as palavras <strong>de</strong> Jesus em vida: “Apertado e estreito, o caminho que conduz a<br />

vida eterna”.<br />

Um versículo na carta <strong>de</strong> Tiago, que tira toda sua dúvida, que ele vivia como ju<strong>de</strong>u<br />

legalista e religioso, é quando diz sobre a verda<strong>de</strong>ira religião, ele ataca os ju<strong>de</strong>us.<br />

Interpretações mo<strong>de</strong>rnas po<strong>de</strong>m tentar fazê-los dizer uma mesma coisa, mas a<br />

harmonização forçada visa muito mais o nosso conforto mental.<br />

Todavia, a fé robusta não precisa <strong>de</strong> harmonização completa entre todos os escritores<br />

sagrados. As vezes eles estavam tratando <strong>de</strong> questões multifacetadas, sem qualquer<br />

tentativa <strong>de</strong> combinar suas i<strong>de</strong>ias com as <strong>de</strong> outros escritores sagrados.Por essas<br />

razões, a fé po<strong>de</strong> florescer mesmo em meio a divergências, mistérios e controvérsias.<br />

É mesmo possível que o espírito do Senhor tenha permitido essa diversida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> nossos documentos sagrados, com o propósito <strong>de</strong> alertar-nos para o fato <strong>de</strong> que,<br />

no estágio espiritual em que nos achamos, sempre nos veremos às voltas com<br />

divergências e questões teológicas não resolvidas. Isso equivale a dizer que ainda<br />

somos crianças espirituais, que ainda estamos mexendo com conceitos simples, que<br />

<strong>de</strong> modo algum esgotam toda a verda<strong>de</strong> divina.<br />

Há mistérios; que Deus ainda não revelou. Isso vem sendo dito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Antigo<br />

Testamento: “As cousas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém, as<br />

reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre...”(Deu. 29:29).<br />

Certamente a teologia não é simples e fácil. È fácil distorcer o que o Espírito nos diz<br />

nas Escrituras.<br />

Pedro adverte-nos acerca disso, II Ped. 3:15-18. Portanto, concluo que a coletânea<br />

sagrada, embora não sejamos capazes <strong>de</strong> harmonizar cada particular com o resto,<br />

serve <strong>de</strong> seguro guia espiritual.<br />

Afinal, é a única revelação em forma escrita que temos da parte <strong>de</strong> Deus! Atrevo-me<br />

mesmo a dizer que as dificulda<strong>de</strong>s são pseudodificulda<strong>de</strong>s, motivadas pelo fato <strong>de</strong><br />

que ainda estamos na fase da mama<strong>de</strong>ira, espiritualmente falando.<br />

Apesar disso, quando da formação do cânon, aquilo que entrava em divergência<br />

patente com o ensino bíblico, foi sendo rejeitado, e, em nossas mãos, restou uma<br />

coletânea <strong>de</strong> livros fi<strong>de</strong>dignos.<br />

A maior parte dos livros apócrifos do Novo Testamento, envolve os primeiros escritos<br />

gnósticos. O gnosticismo foi um formidável adversário do cristianismo primitivo. Há<br />

livros inteiros escritos para combatê-los(Gálatas, Colossenses, I João, etc.).Se o<br />

gnosticismo tivesse ganho na disputa, o cristianismo ter-se-ia transformado em mais<br />

uma das religiões misteriosas da cultura grego-romana.<br />

Mas a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> algumas divergências e pontos obscuros, há uma espécie <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> geral que vincula entre si o Antigo e o Novo Testamentos, bem como os<br />

elementos heterogêneos do próprio Novo Testamento.O Espírito <strong>de</strong> Cristo transparece<br />

em meio a tudo, o que po<strong>de</strong>mos divisar no <strong>de</strong>senvolvimento histórico-teológico que<br />

nos está conduzindo cada vez mais para perto <strong>de</strong> Deus. Nessa conexão, é<br />

significativo o fato <strong>de</strong> que tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos foram produzidos<br />

pela fé dos hebreus em estágios distintos <strong>de</strong> crescimento, embora haja alguma<br />

17


mistura com idéias helenistas, o que já ocorria no próprio judaísmo do começo da era<br />

cristã.<br />

Para exemplificar o que dizemos basta-nos pensar nos muitos temas doutrinários<br />

comuns. Também há uma ética comum, embora a ética do Novo Testamento seja<br />

mais profunda e espiritualizada que a do Antigo Testamento, pois, no novo pacto levase<br />

mais em conta o motivo por <strong>de</strong>trás das ações, e não apenas os atos externalizados.<br />

Um laço <strong>de</strong> união é a esperança messiânica, forte tanto no Antigo quanto no Novo<br />

Testamentos.<br />

Não fora Cristo a figura central da Bíblia!<br />

Por isso mesmo, há muitíssimas citações diretas e alusões do Antigo Testamento no<br />

Novo Westcott e Hort, em seu Novo Testamento Grego, encontraram nada menos <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 980 citações diretas(360 só no Apocalipse), algumas das quais combinando<br />

duas ou três passagens do Antigo Testamento!<br />

As alusões são simplesmente incontáveis.<br />

Línguas<br />

Neste livro há artigos separados para os idiomas em que foram escritos o Antigo e o<br />

Novo Testamentos. Portanto, aqui expomos uma breve <strong>de</strong>claração.<br />

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, excetuando-se unicamente os trechos <strong>de</strong><br />

Dan.2:4-7:28; Esd. 4:8-6:18; 7:12-26 e Jer. 10:11, que foram escritos em aramaico. O<br />

aramaico era um dialeto semita que os israelitas adquiriram como seu idioma quando<br />

estavam no exílio, e que gradualmente foi suplantando o hebraico.<br />

Por causa <strong>de</strong> algumas poucas citações em aramaico, postas nos lábios <strong>de</strong> Jesus,<br />

sabemos que ele falava o aramaico como seu idioma natural.O hebraico<br />

antigo(clássico) era um dialeto cananeu, bem próximo do fenício e do ugarítico.O Novo<br />

Testamento foi integralmente escrito em grego, excetuando-se algumas expressões<br />

usadas por Jesus e por Paulo.Algumas poucas autorida<strong>de</strong>s opinam que os evangelhos<br />

sinóticos tinham um original em aramaico, mas tal i<strong>de</strong>ia é rejeitada pela vasta maioria<br />

dos especialistas.Naturalmente,há até mesmo expressões hebreu-aramaicas<br />

incluídas no Novo Testamento.<br />

O grego do Novo Testamento é, essencialmente, a linguagem comum que se falava<br />

por todo o império romana como língua franca, chamada grego “koiné”(comum).<br />

Esse foi o tipo <strong>de</strong> grego propagado pelas tropas <strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong>, durante suas<br />

conquistas, e foi herdado pelo império romano.<br />

O latim(língua <strong>de</strong> Lácio, a região em redor da capital, Roma) só conseguiu suplantar o<br />

grego, no imenso império romano, no século IV d.C.<br />

Todavia, a linguagem do Novo Testamento sofreu influências do grego do período<br />

anterior, através da Septuaginta(LXX).<br />

Divisões<br />

Entre os ju<strong>de</strong>us, o Antigo Testamento era dividido como sangue:<br />

a. A Lei(Torah) – os primeiros cinco livros, também chamados, coletivamente, <strong>de</strong><br />

Pentateuco.<br />

b. os Profetas(quatro anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis); (três posteriores:<br />

Isaías, Jeremias e Ezequiel); (os doze: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias,<br />

Naum, Hebacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).<br />

Os três livros mais extensos, Isaías, Jeremias e Ezequiel são chamados <strong>de</strong> profetas<br />

maiores, nos comentários bíblicos mo<strong>de</strong>rnos, enquanto que os <strong>de</strong>mais livros proféticos<br />

são chamados <strong>de</strong> profetas menores, meramente em vista da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

que eles contêm – e não porque sejam menos importantes do que os outros.<br />

18


c.Os escritos(Kethumbim), que são os livros poéticos: Salmos, Provérbios e<br />

Jó,Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester e Daniel. Nas edições mo<strong>de</strong>rnas,<br />

os livros <strong>de</strong> Samuel, Reis e Crônicas são divididos em I e II, cada um.<br />

O Novo Testamento é o mesmo, no cânon protestante e no cânon católico.<br />

Os livros antigamente disputados(sobre os quais várias antigas autorida<strong>de</strong>s do<br />

cristianismo tinham dúvidas), como Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III João, Judas e<br />

Apocalipse, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IV d.C. foram universalmente ou quase universalmente<br />

aceitos. Os mesmos nossos vinte e sete livros do Novo Testamento nem sempre eram<br />

arrumados na mesma or<strong>de</strong>m em que aparecem em nossas Bíblias.<br />

Assim, os evangelhos, o livro <strong>de</strong> Atos, as epístolas católicas(ou universais) e o<br />

Apocalipse eram escritos em separado. Poucos manuscritos antigos continham todos<br />

os nossos vinte e sete livros.<br />

Uso da Bíblia<br />

Os testamentos constituem um dos mais importantes documentos da humanida<strong>de</strong>,<br />

totalmente à parte <strong>de</strong> seu uso teológico, porque ali encontramos tesouros preciosos<br />

<strong>de</strong> história, poesia e expressão <strong>de</strong>vocional.Muitas universida<strong>de</strong>s, ao redor do mundo,<br />

oferecem cursos <strong>de</strong> Bíblia somente do ponto <strong>de</strong> vista literário. Visto que a Bíblia é um<br />

dos alicerces da nossa mo<strong>de</strong>rna civilização oci<strong>de</strong>ntal, uma pessoa realmente educada<br />

não po<strong>de</strong> ignorar a Bíblia, ao menos como literatura.<br />

Havia um professor <strong>de</strong> filosofia em uma <strong>Faculda<strong>de</strong></strong>, contratado para ensinar assuntos<br />

relativos ao Novo Testamento, sob o ponto <strong>de</strong> vista filosófico, em face da tremenda<br />

influência que esse documento tem exercido sobre a história das i<strong>de</strong>ias humanas.<br />

Algumas das traduções têm exercido notável influência sobre os idiomas para os quais<br />

as Escrituras foram traduzidas. A Bíblia traduzida para o alemão por Lutero padronizou<br />

os dialetos germânicos da Alemanha e produziu o alemão mo<strong>de</strong>rno.<br />

Também não se po<strong>de</strong> subestimar a influência da King James Version da Bíblia sobre o<br />

idioma inglês.A Bíblia encerra trechos <strong>de</strong> esplendido drama, poesia, prosa histórica,<br />

filosofia, teologia e ensinamentos éticos morais. As composições epistolares <strong>de</strong> Paulo<br />

têm poucos paralelos tão excelentes na literatura mundial.<br />

Uso particular<br />

A Bíblia é usada para dar instruções quanto a ética, a doutrina cristã, a doutrina<br />

judaica, a história(inclusive como guia das <strong>de</strong>scobertas arqueológicas), e como fonte<br />

<strong>de</strong> consolo pessoal, por muitos milhões <strong>de</strong> pessoas, inteiramente à parte <strong>de</strong> escolas e<br />

igrejas.Na antiguida<strong>de</strong>, bem poucas pessoas sabiam ler além do que os manuscritos<br />

eram raros, confinados a bibliotecas, mosteiros e igrejas.Com a invenção da<br />

imprensa, tornou-se possível o uso particular <strong>de</strong> Escrituras.<br />

Não <strong>de</strong>morou muito para que as crianças <strong>de</strong> alguns lares soubessem mais a respeito<br />

da Bíblia do que muitos padres. Os evangélicos sempre se mostraram muito dados ao<br />

estudo particular das Escrituras. A Igreja católica Romana limitou essa prática <strong>de</strong><br />

forma drástica, temendo interpretações particulares que <strong>de</strong>bilitassem a autorida<strong>de</strong> da<br />

Sé <strong>de</strong> Roma.<br />

De fato, em muitos lugares, o estudo particular da Bíblia tem sido proibido por Roma.<br />

É possível que esse tenha sido o pior erro do catolicismo romano, que tem produzido a<br />

ignorância quase total das Escrituras pelas massas católicas.As autorida<strong>de</strong>s religiosas<br />

que assim prescrevem a Bíblia dos lares e das mãos <strong>de</strong> particulares <strong>de</strong>vem ser<br />

responsabilizadas, pois as pessoas são adultas, não <strong>de</strong>vendo ser tratadas como<br />

menores, incapazes <strong>de</strong> chegarem a conclusões próprias sobre uma questão tão<br />

importante quanto é o eterno bem-estar da alma.<br />

Todavia, o Segundo Concílio do Vaticano alterou bastante a situação e as i<strong>de</strong>ias dos<br />

católicos romanos a esse respeito. A posição rígida, assumida quando do Concílio <strong>de</strong><br />

Trento, contra o exame particular das Escrituras, foi abrandada. Atualmente , muitos<br />

segmentos da Igreja Católica Romana promovem o estudo da Bíblia, nas igrejas e nos<br />

19


lares.Isso só po<strong>de</strong>rá resultar em gran<strong>de</strong> benefício para os milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

envolvidas.<br />

Uso Litúrgico<br />

No judaísmo, a leitura das Escrituras, nas sinagogas e em público, era um costume<br />

generalizado.<br />

Sabemos que nos primeiros séculos do cristianismo havia um lecionário para três<br />

anos, que cobria todo o Antigo Testamento. Isso significa que o volume do Antigo<br />

Testamento era dividido <strong>de</strong> tal maneira que podia ser lido publicamente, para a<br />

congregação judaica um geral, naquele período <strong>de</strong> tempo.Um lecionário era uma<br />

seção das escrituras, para ser lida publicamente. Visto que poucas pessoas sabiam<br />

ler, e visto que poucos eram os manuscritos existentes, o conhecimento das Escrituras<br />

precisava ser divulgado mediante leituras públicas ou mediante o aprendizado<br />

particular.<br />

Todavia, não sabemos dizer qual era a prática seguida pela primitiva Igreja cristã,<br />

embora possamos ter a certeza <strong>de</strong> que se aproximava da prática judaica, incluindo<br />

trechos tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos. Com a passagem dos séculos,<br />

surgiram os lecionários do Novo Testamento.Aqueles chegaram até nós pertencem ao<br />

século IX d.C. Mas alguns <strong>de</strong>les contêm textos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>, embora<br />

tivessem sido escritos em séculos posteriores; e isso indica que a prática do uso do<br />

lecionário muito provavelmente é antiqüíssima entre os cristãos.<br />

O texto do Novo Testamento Grego da United Bible Societies contém evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> cem <strong>de</strong>sses manuscritos. As citações aparecem nas obras dos primeiros pais<br />

da Igreja mostram que a leitura pública <strong>de</strong> um livro servia <strong>de</strong> sinal <strong>de</strong> sua aceitação<br />

como livro autoritário entre os cristãos. Outros livros <strong>de</strong> cunho religioso, que os antigos<br />

julgavam dotados <strong>de</strong> valor, eram lidos em estudos individuais, particulares.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas obras chamava-se Pastor <strong>de</strong> Hermas.Na Ida<strong>de</strong> Média, parece que<br />

diminuiu sensivelmente a prática da leitura pública das Escrituras, exatamente por<br />

haver sido uma era <strong>de</strong> profundo obscurantismo, quando a prepotência papal chagou<br />

ao auge.<br />

A Renascença, iniciada no século XV, e a Reforma Protestante do século XVI<br />

reacen<strong>de</strong>ram a pratica nobre do estudo da Bíblia, embora não por intermédio dos<br />

lecionários. Somente na Igreja Católica Romana são lidos sempre os mesmos trechos<br />

criteriosamente selecionados durante a missa, <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong>ntre a Bíblia.<br />

Os evangélicos preferem ter a Bíblia em casa, folheando-a à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Gênesis ao<br />

Apocalipse.<br />

Uso teológico<br />

A Bíblia sempre foi a principal fonte <strong>de</strong> informes teológicos, tanto no judaísmo quanto<br />

no cristianismo.<br />

Uma abundante literatura, sob a forma <strong>de</strong> comentários, teologias e estudos <strong>de</strong> tópicos<br />

tem ajudado na promoção da teologia bíblica.Alguns supõem que a Bíblia precisa ser<br />

a única fonte <strong>de</strong> todas as nossas idéias teológicas.Outros, mais corretamente, dão<br />

lugar a outras fontes informativas, na consciência <strong>de</strong> que nenhum livro ou coletânea<br />

<strong>de</strong> livros po<strong>de</strong> conter tudo aquilo que Deus sabe e nos comunica.<br />

Os apóstolos não citaram exclusivamente as Escrituras do Antigo Testamento, a fim<br />

<strong>de</strong> alicerçarem ou ilustrarem alguma doutrina. Citaram tanto dos chamados livros<br />

apócrifos quando até mesmo da literatura profana, quando isso servia para ressaltar<br />

algum ponto doutrinário. Seja como for, todos os cristãos reconhecem a absoluta<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sólido conhecimento bíblico, se tivermos <strong>de</strong> organizar qualquer<br />

sistema <strong>de</strong> teologia que mereça o nome.<br />

Isso se alicerça sob a fé <strong>de</strong> que a Bíblia nos foi dada mediante inspiração divina e que<br />

ela não é apenas mais um livro entre tantos que inclui a noção <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> bíblica.<br />

Em qualquer <strong>de</strong>bate teológico cristão, a Bíblia permanece como obra central,<br />

20


porquanto é o padrão da doutrina revelada; contudo não nos <strong>de</strong>vemos tomar culpados<br />

<strong>de</strong> bibliolatria, dando à Bíblia um lugar que pertence exclusivamente a Deus.<br />

Uso Ético<br />

Os hebreus <strong>de</strong>stacavam-se como homens preocupados com o que era certo e com o<br />

que era errado.<br />

Estavam dispostos a sacrificar tudo nessa inquirição, sentindo-se na contínua<br />

obrigação <strong>de</strong> agradar a Deus em tudo. Dentro da historia da humanida<strong>de</strong>, os hebreus<br />

foram praticamente a única nação que, como uma comunida<strong>de</strong> estava interessada na<br />

revelação divina. Po<strong>de</strong>-se dizer que a nação <strong>de</strong> Israel era uma socieda<strong>de</strong> religiosa.<br />

Toda a cultura judaica alicerçava-se sobre a fé e a prática religiosa.<br />

Na socieda<strong>de</strong> grega, em contraste com isso, encontramos alguns poucos filósofos e<br />

legisladores preocupados e pesadamente envolvidos com as questões éticas. Todos<br />

os aspectos da vida dos hebreus eram controlados pelos conceitos da lei mosaica.<br />

O Novo Testamento aprimorou muitos dos conceitos emitidos pelo Antigo Testamento,<br />

incluindo a questão fundamental da motivação e tendo feito da lei do amor um<br />

princípio <strong>de</strong> aplicação universal no campo da ética.<br />

A Igreja herdou <strong>de</strong> Israel esse profundo respeito pelas Escrituras.<br />

A História Da Bíblia em Português<br />

O rei <strong>de</strong> Portugal D. Diniz(1279-1325) traduziu os vinte primeiros capítulos do livro <strong>de</strong><br />

Gênesis usando a Vulgata Latina como base. Po<strong>de</strong>-se ver que o começo da tradução<br />

da Bíblia em português ocorreu antes da tradução da Bíblia para o inglês., por João<br />

Wycliff.<br />

O rei D. João I(1385-1433) or<strong>de</strong>nou a tradução dos evangelhos, do livro <strong>de</strong> Atos e das<br />

epístolas <strong>de</strong> Paulo. Essa obra foi realizada por padres católicos, que se utilizaram da<br />

Vulgata Latina como base. Desses esforços, resultou uma publicação que incluía os<br />

livros mencionados e o livro <strong>de</strong> Salmos V.T., traduzido pelo próprio rei.<br />

Nos anos seguintes foram preparadas diversas traduções <strong>de</strong> porções bíblicas como os<br />

evangelhos, traduzidos do francês pela infanta Dona Filipa, filha do infante D. Pedro e<br />

neto do rei D. João I; o evangelho <strong>de</strong> Mateus e porções dos <strong>de</strong>mais evangelhos, pelo<br />

frei cisterciense Bernardo <strong>de</strong> Alcobaça, que se baseou na Vulgata Latina. Esse último<br />

trabalho foi publicado em Lisboa, no século XV. Valentim Fernan<strong>de</strong>s publicou uma<br />

harmonia dos evangelhos, em 1945.<br />

Nesse mesmo ano foi publicada uma tradução das epístolas e dos evangelhos, feita<br />

pelo jurista Gonçalo Garcia <strong>de</strong> Santa Maria. Por or<strong>de</strong>m da rainha Leonora, <strong>de</strong>z anos<br />

mais tar<strong>de</strong>, eram traduzidos e publicados os livros <strong>de</strong> Atos e as epístolas gerais.<br />

Tradução da Bíblia Completa <strong>de</strong> João Ferreira <strong>de</strong> Almeida<br />

João Ferreira <strong>de</strong> Almeida nasceu em Torre <strong>de</strong> Tavares, Portugal, em 1628. Ao realizar<br />

sua obra <strong>de</strong> tradutor era pastor protestante.<br />

Apren<strong>de</strong>u o hebraico e o grego e assim usou os manuscritos (mss) <strong>de</strong>ssas línguas<br />

como base <strong>de</strong> sua tradução, ao contrário dos outros tradutores mencionados acima,<br />

que sempre se utilizavam da Vulgata Latina como base.<br />

Todavia, aqueles que conhecem os mss, sabem que um bom texto da Vulgata<br />

Latina(a <strong>de</strong>speito da <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> usar o latim em vez do grego), é superior aos<br />

mss do Textus Receptus, como representante do texto original. O Textuz Receptus<br />

serviu <strong>de</strong> base para a primeira tradução <strong>de</strong> Almeida. O Textus Receptus representa os<br />

mss do grupo bizantino, o mais fraco e mais recente entre os mss gregos. A Vulgata<br />

Latina representa o grupo <strong>de</strong> mss que se intitula “oci<strong>de</strong>ntal”, que é superior ao<br />

“bizantino”.<br />

21


Almeida traduziu em primeiro lugar o N.T., publicando-o em 1681, em Amsterdã na<br />

Holanda.O seu título foi: “O Novo Testamento, Isto he o Novo Concerto <strong>de</strong> Nosso Fiel<br />

Senhor e Re<strong>de</strong>mptor Jesu Christo, traduzido na Língua Portuguesa”, o qual por si<br />

mesmo revela o tipo <strong>de</strong> português arcaico que foi usado.<br />

Essa tradução continha numerosos erros. O próprio Almeida compilou uma lista <strong>de</strong><br />

dois mil erros, e Ribeiro dos Santos afirmou que encontrou um número ainda maior <strong>de</strong><br />

erros.<br />

Muitos <strong>de</strong>sses erros foram feitos pela comissão holan<strong>de</strong>sa, que procurou – harmonizar<br />

– a tradução <strong>de</strong> Almeida com a versão holan<strong>de</strong>sa <strong>de</strong> 1637. Nota-se, igualmente, que<br />

Almeida preparou uma tradução literal, e que teve cuidado <strong>de</strong>mais em harmonizá-la<br />

com as versões castelhana e holan<strong>de</strong>sa.Além <strong>de</strong> ter baseado no Textus Receptus, foi<br />

influenciado pela edição <strong>de</strong> Beza, que pertence aos mss oci<strong>de</strong>ntais.Devemos lembrar<br />

que ao tempo <strong>de</strong> Almeida, não existia nenhum papiro, e poucos eram os unciais (mss<br />

em letras maiúsculas), razão pela qual foi necessário, lançar mãos <strong>de</strong> fontes inferiores.<br />

Nota: Se ele não tivesse traduzido;não teríamos a tradução mais vendida no<br />

Brasil;os seres humanos só observa o que não fazemos mais jamais o que:<br />

“FAZEMOS”.Não se preocupe com a crítica mas faça! Os críticos geralmente só<br />

crítica alguma coisa que já existe.<br />

Por exemplo, o Textus Receptus, feito por Erasmo, em 1516, e que foi o primeiro N.T.<br />

impresso, teve como base principal quatro mss, a saber: Ms 1(século X), ms 2(século<br />

XV), ms 2(Atos e Paulo, século XIII) e ms 1(Apocalipse, século XII).Somente o ms 1<br />

tem algum valor, e mesmo assim Erasmo não se apoiou muito nele, por achá-lo um<br />

tanto errático.O ms 2 é, essencialmente, o Textuz Receptus, pertencente , assim, ao<br />

século XV. Almeida empregou a edição <strong>de</strong> Elzevir do Textus Receptus, <strong>de</strong> 1633.<br />

E a Bíblia completa, traduzida por Almeida, só foi publicada nos primórdios do século<br />

XVIII. A <strong>de</strong>speito do texto inferior por ele usado, bem como dos muitos erros e das<br />

edições e correções, essa é a tradução que tem sido melhor aceita pelos protestantes<br />

<strong>de</strong> fala portuguesa.As edições mais mo<strong>de</strong>rnas tem obtido notáveis progressos na<br />

melhoria do texto e da tradução em geral. Depois da Reforma, a tradução original <strong>de</strong><br />

Almeida foi a décima terceira a ser feita em um idioma mo<strong>de</strong>rno.<br />

Tradução <strong>de</strong> Antônio Pereira <strong>de</strong> Figueiredo<br />

Antônio Pereira <strong>de</strong> Figueiredo, que preparou a primeira tradução da Bíblia inteira,<br />

baseada na Vulgata Latina, nasceu em Mação, Portugal, a 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1725.<br />

Essa tradução consumiu <strong>de</strong>zoito anos <strong>de</strong> trabalho.<br />

Em 1896 foi publicada a primeira tradução <strong>de</strong> Figueiredo, em colunas paralelas da<br />

Vulgata Latina e da tradução em português. Essa tradução foi aprovada e usada pela<br />

Igreja <strong>de</strong> Roma, e também foi aprovada pela rainha D. Maria II em 1842. Penetrou em<br />

Portugal através <strong>de</strong> publicações da Socieda<strong>de</strong> Bíblica Britânica e Estrangeira.È<br />

inegável que a linguagem <strong>de</strong> Figueiredo era superior à <strong>de</strong> Almeida, porquanto era<br />

mais culto do que este último.<br />

Naturalmente que, por haver usado a Vulgata Latina, como base, tem a <strong>de</strong>svantagem<br />

<strong>de</strong> não representar o melhor texto do N.T, que conhecemos hoje em dia, mediante os<br />

mss uniciais mais antigos e mediante os papiros, os quais Figueiredo <strong>de</strong>sconhecia por<br />

só terem sido <strong>de</strong>scobertos muito mais tar<strong>de</strong>.A tradução <strong>de</strong> Figueiredo, pois, saiu do<br />

prelo um século <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Almeida.Em 1952 foi publicada uma nova edição pela<br />

Livraria Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro, com comentários baseados em vários teólogos<br />

católicos. No Brasil, a primeira tradução foi feita por frei Joaquim <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>de</strong><br />

Nazaré, somente no N.T.<br />

Foi publicada em São Luís do Maranhão, e a impressão foi feita em Portugal.<br />

Várias traduções <strong>de</strong> porções bíblicas ou da Bíblia inteira tem sido feitas neste século<br />

XX. Entre elas temos a tradução dos evangelhos feita por D. Duarte Leopoldo e Silva<br />

(na forma <strong>de</strong> harmonia), evangelhos e Atos traduzidos do francês pelo Colégio da<br />

22


Imaculada Conceição, em Botafogo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, e os evangelhos e o livro dos<br />

Atos, traduzidos da Vulgata Latina, pelos padres franciscanos, em 1909.<br />

Tradução do Padre Humberto Rodhen<br />

Em 1930, o padre Huberto Rodhen traduziu o N.T. inteiro diretamente do grego, o<br />

primeiro tradutor católico a fazer tal tipo <strong>de</strong> tradução na história da Bíblia portuguesa.<br />

Essa tradução foi publicada pela Cruzada <strong>de</strong> Boa Imprensa, organização católica<br />

romana. A linguagem da tradução é bela, mas, infelizmente, tal como na tradução <strong>de</strong><br />

Almeida, foram usados textos inferiores.<br />

Tradução do Padre Matos Soares<br />

Essa é a versão mais popular entre os católicos. Foi baseada na Vulgata Latina, e em<br />

1932, recebeu apoio papal por meio <strong>de</strong> carta dirigida do Vaticano. Quase a meta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssa tradução contém explicações dos textos, em notas entre parênteses. Essas<br />

notas parentéticas incluem, naturalmente, dogmas da Igreja Romana, da qual<br />

pertencia o tradutor.<br />

Tradução Brasileira<br />

Foi preparada sob a direção do Dr. H.C. Tucker, tendo sido concluída em 1917. Essa<br />

tradução nunca foi muito popular. Em 1956, <strong>de</strong> cada cem Bíblias vendidas pela<br />

Socieda<strong>de</strong> Bíblica do Brasil, somente oito pertenciam a tradução brasileira. Sua<br />

gran<strong>de</strong> vantagem era ter usado mss melhores do que os <strong>de</strong> Almeida, além <strong>de</strong> ter sido<br />

melhorada na ortografia portuguesa da época. A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>sses fatos, tal tradução<br />

não é mais impresa.<br />

Revisão da tradução <strong>de</strong> Almeida – Edição Revista e Atualizada<br />

Trabalho realizado por uma comissão que agiu sob os auspícios da Socieda<strong>de</strong> Bíblica<br />

do Brasil, trabalho esse iniciado em 1945.<br />

A linguagem foi muito melhorada, e não resta dúvidas que nessa revisão foram usados<br />

mss gregos dos melhores, muito superiores aos do Textuz Receptus, que Almeida<br />

tinha à sua frente para usar na tradução original que fez. Apesar disso, em diversos<br />

lugares do texto nota-se que foram retidas palavras inferiores, que só figuram nos<br />

manuscritos mais recentes.<br />

Por exemplo, em Mt. 6:13, “...pois teu é o reino, o po<strong>de</strong>r e a glória para sempre,<br />

Amém”; são as palavras que só aparecem nos manuscritos gregos mais recentes, e<br />

em certas edições têm sido usadas sem qualquer sinal que indique que tais palavras<br />

não fazem parte do texto original.<br />

Algumas edições têm o cuidado <strong>de</strong> colocar tais palavras entre parênteses, a fim <strong>de</strong><br />

indicar que não se baseiam em autorida<strong>de</strong> suficiente nos mss gregos para serem<br />

usadas. Isso provoca gran<strong>de</strong> confusão entre as edições. Os textos <strong>de</strong> João 5:4; Mt.<br />

18:11; 21:44e Mar. 5:3, entre outros, po<strong>de</strong>m ser mencionados.Todos esses versículos<br />

contém palavras que só aparecem em mss inferiores. Não obstante, somos forçados a<br />

admitir que a base do texto grego <strong>de</strong>ssa revisão é muito superior àquela usada por<br />

Almeida, em sua tradução original.<br />

Revisão da Tradução <strong>de</strong> Almeida – Imprensa Bíblica Brasileira<br />

23


Foi publicada como Bíblia completa em 1967, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Essa revisão é recente e ainda não houve tempo suficiente para se notar a reação do<br />

público brasileiro quanto à linguagem e ao estilo da tradução. Só o futuro po<strong>de</strong> aprovar<br />

ou não essa tradução e mostrar a sua aceitação entre as igrejas. Porém, facilmente se<br />

comprova que essa tradução está mais bem baseada no mss gregos do que a<br />

Almeida Revista e Atualizada.Como exemplo disso, as referencias mencionadas no<br />

parágrafo acima trazem algum sinal que mostra que se trata <strong>de</strong> palavras duvidosas,<br />

baseadas em mss inferiores e não nos melhores mss. Usualmente essas palavras<br />

foram <strong>de</strong>slocadas do texto e postas em nota <strong>de</strong> rodapé.<br />

Outros exemplos que indicam que essa tradução segue os melhores mss são:<br />

Mar.3:14, que elimina as palavras aos quais <strong>de</strong>u também o nome <strong>de</strong> apóstolos,<br />

palavras essas que proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong> manuscritos inferiores do grego. Mar.7:16 foi um<br />

versículo eliminado. Entrou no texto <strong>de</strong> Marcos como uma harmonia com o texto <strong>de</strong><br />

Mt. 11:15.<br />

Também foram eliminados os vss. 44 e 46 do nono capítulo do evangelho <strong>de</strong> Marcos.<br />

Tudo isso serve apenas <strong>de</strong> exemplos, <strong>de</strong>ntre muitos casos nos quais essa revisão<br />

segue os melhores manuscritos.O leitor po<strong>de</strong>rá notar muitos outros casos, nas notas<br />

da própria revisão. Gostaríamos que sua linguagem e estilo fossem bem acolhidos<br />

pelo povo evangélico, porquanto a sua base está nos melhores mms., <strong>de</strong>vendo ser<br />

aceitável a qualquer pessoa que conheça o texto grego no Novo Testamento e os<br />

manuscritos que formam uma sólida base na qual se alicerçou essa revisão.<br />

A Bíblia na Linguagem <strong>de</strong> Hoje – Novo Testamento<br />

Essa publicação da United Bible Societies(através se seu ramo brasileiro), se baseia<br />

na segunda edição(1970) do texto grego <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong>. Esse texto tem tirado<br />

proveito da vantagem da maior parte da pesquisa mo<strong>de</strong>rna, pelo que é bom<br />

representante do original.<br />

Não é diferente do texto <strong>de</strong> Nestlé em qualquer ponto essencial, embora o “amparato<br />

crítico” que acompanha a edição <strong>de</strong> Nestlé e a edição da United Bible Societies,em<br />

publicações técnicas,se diferencie quanto a apresentação, embora baseados no<br />

mesmo estudo sobre os manuscritos.<br />

Foi propósito da United Bible Societies publicar em vários idiomas, Novos<br />

Testamentos que refletem a linguagem comum e corrente. Portanto, é <strong>de</strong> se esperar<br />

que essas publicações, apesar <strong>de</strong> serem em idiomas diversos, tenham apresentações<br />

similares.<br />

Todas as novas traduções tradicionalmente são vilipendiadas por pessoas que ouvem<br />

pela primeira vez, estando elas afeitas a ouvir o evangelho <strong>de</strong> certo modo.<br />

Usualmente, um raciocínio mais sóbrio e a passagem do tempo suavizam o tratamento<br />

inicial duro que uma nova tradução recebe. Infelizmente, a crítica com freqüência se<br />

baseia apenas na observação que, “Essa tradução é diferente aqui e ali”, quando<br />

comparada com “essa tradução <strong>de</strong> que costumo usar”.Raramente tais críticas se<br />

baseiam na erudição e no texto grego.<br />

Outrossim, as “formas <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> fora” em novas traduções normalmente são as<br />

simples excisões <strong>de</strong> adições , mudanças e harmonias feitas por escribas<br />

medievais(que distorceram o texto original), adições que não têm qualquer direito a<br />

serem reputadas originais, pois estão ausentes na maioria dos manuscritos antigos,<br />

especialmente nos papiros.A passagem do tempo provará para nós uma avaliação<br />

a<strong>de</strong>quada sobre esta nova tradução.<br />

Gostaríamos que isso se <strong>de</strong>sse mediante o estudo do original,e não mediante meras<br />

comparações com as traduções já existentes.<br />

A Bíblia e Os Meios <strong>de</strong> Desenvolvimento Espiritual<br />

24


A Bíblia, obviamente, tem um lugar entre os meios do <strong>de</strong>senvolvimento espiritual. As<br />

pessoas que usam a Bíblia constantemente para instrução, conforto e inspiração, não<br />

a consi<strong>de</strong>ram um livro comum.<br />

Até as pessoas religiosas mais liberais, acham que, pelo menos em alguns lugares, a<br />

palavra <strong>de</strong> Deus é contida na Bíblia.<br />

As pessoas mais conservadoras acham que a Bíblia é a Palavra <strong>de</strong> Deus escrita, e<br />

tratam com o maior respeito.A leitura da Bíblia e outros livros <strong>de</strong> natureza espiritual e<br />

inspiradora. A melhor parte da filosofia tem seu lugar como parte <strong>de</strong>ste meio, se usada<br />

com a <strong>de</strong>vida cautela.<br />

Os livros, <strong>de</strong> outros campos, que têm alguma relação com a vida espiritual, também<br />

têm sua importância no <strong>de</strong>senvolvimento do espírito. Este meio melhora os nossos<br />

conhecimentos e o conhecimento tem uma po<strong>de</strong>rosa influência nas nossas vidas.A<br />

oração e a meditação.<br />

A oração é o nosso meio <strong>de</strong> comunicarmos com o divino. A meditação é o nosso meio<br />

<strong>de</strong> estudar as instruções da Mente Divina.A santificação, sem a qual, ninguém verá a<br />

Deus, Heb. 12:14.A prática da lei do amor e as boas obras.<br />

Cada vez que fazemos o bem em favor <strong>de</strong> outra pessoa, melhoramos a nossa própria<br />

espiritualida<strong>de</strong>.<br />

A Bíblia Pauperam<br />

Esse título significa Bíblia dos Pobres.<br />

Há duas obras diferentes com esse título, a saber:Nome dado a uma Bíblia ilustrada,<br />

em alemão e holandês, manufaturada entes da invenção dos tipos móveis, ou seja,<br />

com a ajuda <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

Tinha quarenta folhas impressas <strong>de</strong> um lado só, nas quais havia quarenta cenas<br />

extraídas da vida <strong>de</strong> Cristo, juntamente com algumas ocorrências do Antigo<br />

Testamento, acompanhadas <strong>de</strong> um texto ilustrativo ou <strong>de</strong> uma sentença em latim.<br />

Não visava tanto o benefício dos pobres, pois poucos <strong>de</strong>les po<strong>de</strong>riam obter uma<br />

<strong>de</strong>ssas cópias, mas sim para os pregadores viajantes, que eram ajudados por aquelas<br />

gravuras e comentários.<br />

As gravuras do livro enfocavam esculturas, pinturas e altares.Os vitrais da capela <strong>de</strong><br />

Lambeth também figuravam como gravuras naquele livro. Houve sete edições <strong>de</strong>sse<br />

livro ilustrado, mas apenas cinco exemplares chegaram até nós.<br />

Tais edições circularam no século XV.Uma obra <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Boaventura, na qual os<br />

eventos bíblicos são arranjados alfabeticamente, com anotações como ajuda aos<br />

pregadores.<br />

Algumas Versões Bíblicas<br />

Versão e tradução são a mesma coisa.<br />

As versões servem a vários propósitos, a saber:<br />

a. Possibilitam às pessoas que não po<strong>de</strong>m ler os originais tomarem conhecimento da<br />

mensagem universal das escrituras Sagradas.<br />

b. No caso das versões antigas, encontramos testemunhos adicionais do texto original,<br />

porquanto, em alguns casos, as formas ali contidas <strong>de</strong>rivam-se <strong>de</strong> manuscritos mais<br />

antigos do que aqueles que chegaram até nós. No caso do Antigo Testamento,<br />

surpreen<strong>de</strong>ntemente há poucos manuscritos realmente antigos, e as versões antigas,<br />

como a LXX, têm sido usadas como auxílio para a confirmação <strong>de</strong> textos.<br />

Isso também suce<strong>de</strong> em parte ao Novo Testamento, embora disponhamos <strong>de</strong> muitos e<br />

antigos manuscritos gregos.<br />

c. As versões também são um prestimoso auxilio missionário.<br />

d. Algumas versões têm servido ao propósito lingüístico <strong>de</strong> unificar certos idiomas,<br />

que antes existiam sob a forma <strong>de</strong> variantes dialetais. Infelizmente, muitas versões<br />

têm servido também para obscurecer certos pontos <strong>de</strong> doutrina.<br />

25


Os critérios <strong>de</strong> tradução eram <strong>de</strong>ficientes em vários particulares, ou então atendiam<br />

aos interesses <strong>de</strong>nominacionais. Isso tem sido remediado através das traduções<br />

mo<strong>de</strong>rnas.<br />

Versões do Antigo Testamento<br />

A Septuaginta(LXX)<br />

Muitas lendas circulam a produção <strong>de</strong>ssa versão. A LXX é a tradução do original<br />

hebraico do Antigo Testamento para o grego, é a mais importante entre outras<br />

traduções similares.<br />

Foi preparada em Alexandria por diversos tradutores , que trabalharam nela entre os<br />

séculos III e I a.C. Conforme ocorre com todas as obras <strong>de</strong> vários autores, seu<br />

material difere bastante quanto ao nível lingüístico e à qualida<strong>de</strong> literária.A edição <strong>de</strong><br />

Orígenes levou à corrupção do texto grego mediante influências do hebraico. Mais <strong>de</strong><br />

dois mil manuscritos da LXX têm sido encontrados, redigidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século II até o<br />

século XVI d.C., os quais têm sido <strong>de</strong>vidamente catalogados.<br />

A <strong>de</strong>scoberta dos Manuscritos do Mar Morto, mostrou aos estudiosos que aqueles<br />

manuscritos antece<strong>de</strong>m por vários séculos a todos os <strong>de</strong>mais manuscritos do Antigo<br />

Testamento até então existentes, <strong>de</strong>monstrando também que a LXX preserva, em<br />

alguns casos, textos mais antigos do que se verificam nos manuscritos hebraicos que<br />

chegaram até nós.<br />

Os críticos textuais sempre suspeitaram disso. Também é interessante observar que,<br />

em certos trechos do Novo Testamento grego, há citações extraídas diretamente da<br />

LXX, e não do hebraico. Os escritores sagrados teriam consciência da antiguida<strong>de</strong> do<br />

texto hebraico por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssa versão?<br />

Latim Antigo<br />

São versões assim chamadas para distingui-las <strong>de</strong> manuscritos posteriores, como as<br />

da Vulgata Latina. Essas versões já existiam nos fins do século II d.C.<br />

Todavia, elas não são muito importantes para o estudo do texto do Antigo Testamento<br />

porquanto chegaram até nós somente em forma muito fragmentada, e também por<br />

serem traduções feitas com base na LXX.Todavia, serviram <strong>de</strong> propósito colimado, na<br />

época em que foram produzidas, isto é, pôr o Antigo Testamento ao alcance <strong>de</strong> quem<br />

falava e lia o latim.<br />

Siríaco Peshitta<br />

Era o Antigo Testamento padrão para os cristãos sírios. Data do século II d.C. e foi<br />

traduzida do hebraico. Posteriormente foi revisada com a ajuda da LXX, e isso<br />

diminuiu bastante a sua serventia para a crítica textual.<br />

Hexapla Siríaca<br />

Foi traduzida tendo por base a edição da LXX <strong>de</strong> Orígenes. Foi preparada pelo bispo<br />

Paulo <strong>de</strong> Tela, em 617 d.C., que preservou as notas críticas do original grego <strong>de</strong><br />

Orígenes. Desse modo, os estudiosos foram capazes <strong>de</strong> remover muito da corrupção<br />

dos manuscritos pós-Orígenes da LXX. Por essa razão, esse manuscrito tem sido<br />

muito estudado no exame da LXX.<br />

Coptica(egípcio)<br />

Há quatro versões do Antigo Testamento nessa língua. A mais antiga é a saídica ou<br />

tebaica. Foi preparada no sul no Egito, no século II. D.C., baseada na LXX. Ajuda os<br />

especialistas a chegarem a uma forma o texto grego mais antiga do que aquela que<br />

foi usada por Orígenes.A versão boárica ou mentífica foi preparada no norte do<br />

Egito, pelo menos dois séculos <strong>de</strong>pois daquela.Além <strong>de</strong>ssas, há as versões<br />

26


chamadas fayumica e akhmímica, das quais existem apenas alguns poucos<br />

fragmentos.<br />

Vulgata Latina<br />

Foi produzida por Jerônimo, perto do fim do século IV d.C. Ele fez três traduções do<br />

livro <strong>de</strong> Salmos, cada uma mais fiel ao original hebraico mas foi a segunda <strong>de</strong>las que<br />

terminou sendo oficialmente adotada.<br />

A princípio, sua tradução geral do Antigo Testamento <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> lado os livros<br />

apócrifos, porque ele não queria os mesmos fossem incluídos, embora ele houvesse<br />

traduzido os livros <strong>de</strong> Judite e Tobias. Todavia, os livros apócrifos terminaram sendo<br />

adicionais, tornando-se parte da Vulgata.Essa versão foi a Bíblia oficialmente aceita na<br />

Europa oci<strong>de</strong>ntal durante todo o <strong>de</strong>curso da Ida<strong>de</strong> Média. Atualmente existem cerca<br />

<strong>de</strong> oito mil manuscritos da Vulgata.<br />

Ela dá testemunho sobre o texto hebraico massorético.<br />

Versões Menores<br />

Incluem manuscritos gregos não pertencentes à tradição da Septuaginta, e que foram<br />

traduzidos para o gótico, o etíope e o armênio. Todas elas datam <strong>de</strong> cerca do século<br />

IV d.C..<br />

Versões do Novo Testamento<br />

Latim Antigo<br />

Originária do fim do século II d.C., e provavelmente produzida na África. Há pelo<br />

menos duas formas diversas chamadas africana e européia.A forma européia, ou<br />

itálica,foi uma das bases da Vulgata <strong>de</strong> Jerônimo,quanto ao Novo Testamento.A<br />

forma africana foi em pregada por Cipriano.<br />

A versão em Latim Antigo serve <strong>de</strong> importante testemunho do tipo <strong>de</strong> texto anterior ao<br />

Textus Receptus,mostrando que esse texto é <strong>de</strong> origem posterior,porquanto os<br />

manuscritos gregos que foram usados como base são mais próximos do grupo<br />

alexandrino <strong>de</strong> manuscritos gregos, representando o estágio mais antigo do tipo<br />

textual oci<strong>de</strong>ntal.<br />

O Diatessaron<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma harmonia dos evangelhos <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Taciano, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 160<br />

d.C. Foi preparada em grego e traduzida para o siríaco. Há uma folha do mesmo<br />

em um manuscrito grego do século III d.C. Além disso, é conhecido em uma versão<br />

armênia do comentário <strong>de</strong> Efraem, e com menos exatidão, em uma tradução árabe<br />

editada por Marmardji.<br />

Siríaco Antigo<br />

Assim chamada para distingui-la da versão Peshitta posterior. A Peshitta era a<br />

versão popular em siríaco, como se fosse a Vulagata daquele idioma. Essa versão<br />

existe nos manuscritos sinaítico e curetoniano. Ambos são importantes manuscritos,<br />

e o primeiro <strong>de</strong>les é o mais antigo.<br />

Representam o texto chamado oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Peshitta<br />

Tradução para o siríaco, que surgiu perto do fim do século IV d.C.<br />

Essa versão suplantou as versões mais antigas, que com ela divergiam. Seu cânon<br />

consiste apenas em vinte e dois livros, com a ausência <strong>de</strong> II Pedro, II e III João, Judas<br />

e Apocalipse.<br />

27


Existem mais <strong>de</strong> trezentos e cinqüenta manuscritos da Peshitta. Nos evangelhos, a<br />

versão aproxima-se mais do texto bizantino, embora no livro <strong>de</strong> Atos reflita mais o<br />

texto oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Armênia<br />

Foi preparada em cerca <strong>de</strong> 400 d.C com base em uma fonte cujo texto era similar aos<br />

manuscritos gregos Theta 565 e 700. Há cerca <strong>de</strong> 1244 cópias <strong>de</strong>ssa versão. Seu<br />

texto é <strong>de</strong> tipo cesareano e koiné(bizantino), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do livro do Novo Testamento<br />

que se esteja consi<strong>de</strong>rando.<br />

Representa um movimento <strong>de</strong> afastamento para longe dos melhores manuscritos<br />

gregos, na direção do Textus Receptus , o que, novamente, <strong>de</strong>monstra que o Textus<br />

Receptus representa uma involução do texto, e não um representante legítimo do<br />

original.<br />

Geórgia<br />

Era a Bíblia do povo da Geórgia, uma nação do Cáucaso, um aci<strong>de</strong>ntado distrito<br />

montanhoso entre os mares Negro e Cáspio.Seu mais antigo manuscrito do<br />

evangelho é o Adysh,<strong>de</strong> 897d.C.Há também o manuscrito Opiza,<strong>de</strong> 913<br />

d.C;alguns poucos manuscritos posteriores também representam essa tradição.O tipo<br />

<strong>de</strong> texto é o cesareano.<br />

Aparentemente, essa versão foi traduzida diretamente do armênio.<br />

Versões Secundárias<br />

Entre elas po<strong>de</strong>mos incluir as versões góticas, etíope, eslavônica, árabe e persa. As<br />

versões, <strong>de</strong> modo geral, mostram o avanço da Bíblia entre diversos povos; e a própria<br />

existência <strong>de</strong>las mostra-nos o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração e a importância da Bíblia, no<br />

Antigo e Novo Testamentos, entre todos os povos do mundo.<br />

Traduções Mo<strong>de</strong>rnas<br />

Antes mesmo da Reforma protestante, houve traduções da Bíblia ou <strong>de</strong> porções da<br />

mesma, para o vernáculo, isto é, línguas faladas. Por exemplo, a Bíblia inglesa teve<br />

início com John Wycliff, com data <strong>de</strong> 1382.<br />

A tradução <strong>de</strong>le foi feita com base da Vulgata Latina, e não com base no grego,<br />

pelo que também inclui os livros apócrifos. Porções da Bíblia em português<br />

apareceram em cerca <strong>de</strong> 1280, enquanto que outras porções só apareceram em 1400.<br />

Durante a Ida<strong>de</strong> Média contava com pouco apoio o movimento para tradução da Bíblia<br />

para línguas faladas.<br />

Já existia a Vulgata Latina, mas essa não era usada pelo povo, porque bem poucas<br />

pessoas tinham educação suficiente para utilizá-la, redigida como estava no latim –<br />

Em conseqüência, não foi senão quando da Reforma que a Bíblia começou a ser<br />

traduzida para idiomas mo<strong>de</strong>rnos.<br />

E então começou a produção da Bíblia traduzida para o inglês, alemão, para o<br />

francês, para o italiano, para o espanhol, para o português e para diversas outras<br />

línguas européias.Todavia, como reflexo da época, o critério que norteava essas<br />

traduções era o critério da economia, para que as edições não fossem volumosas e o<br />

menos dispendiosas possível.Os tradutores procuravam traduzir o texto sagrado com<br />

economia <strong>de</strong> palavras. Isso resultava em Bíblias compactas, mas em que muito da<br />

riqueza <strong>de</strong> significado das línguas originais se perdia.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da erudição bíblica entre os protestantes, em vários países<br />

essa <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> das primeiras traduções tem sido remediada. Os países <strong>de</strong> língua<br />

inglesa têm sido os pioneiros nessa ativida<strong>de</strong>.Surgiram, pois, as chamadas traduções<br />

28


expandidas, nas quais a preocupação não é a economia <strong>de</strong> palavras, mas a<br />

exploração <strong>de</strong> todo o sentido possível dos textos sagrados, sem perda <strong>de</strong> sua riqueza.<br />

As mo<strong>de</strong>rnas socieda<strong>de</strong>s bíblicas tem ajudado enormemente na divulgação das<br />

Sagradas Escrituras.<br />

A British and Foreign Bible Society inicou em 1804, e a American Bible Society<br />

surgiu em 1816. Depois apareceu a United bible Societies, que congrega socieda<strong>de</strong>s<br />

bíblicas <strong>de</strong> muitos lugares do mundo. A Socieda<strong>de</strong> Bíblica do Brasil, também muito<br />

tem contribuído para a distribuição <strong>de</strong> Bíblias em nossa pátria, com alvos cada vez<br />

mais ambiciosos.<br />

Foi fundada uma Socieda<strong>de</strong> Bíblica Católica Romana (Regensburgo), em 1805, mas<br />

que não foi aprovada pelo Vaticano e teve <strong>de</strong> ser fechada em 1817.Encíclicas papais<br />

opuseram-se ao funcionamento <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s bíblicas durante todo o século XIX,<br />

mas essa posição foi alterada quando do Concílio Vaticano II(em 1970), que <strong>de</strong>u apoio<br />

tácito a esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>.<br />

Em 1966, o papa Paulo VI or<strong>de</strong>nou que fosse estudada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma futura<br />

distribuição conjunta da Bíblia, em cooperação com entida<strong>de</strong>s não-católicas.<br />

Atualmente, os católicos romanos em muitos lugares estão efetuando estudos bíblicos,<br />

e a Bíblia começa a ser divulgada entre as imensas massas católicas. .<br />

29


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L1<br />

1-O que a Bibliologia estuda?<br />

A-A Bíblia<br />

B-Os textos da Bíblia<br />

2- Qual foi o texto usado por Erasmo?<br />

A-Textus Latinus<br />

B-Textus Receptus<br />

3- Quantos foram os livros do Antigo Testamento que os fariseus aprovaram?<br />

A-45 livros<br />

B-39 livros<br />

4- Quem dizia que o Deus do Antigo Testamento era uma divinda<strong>de</strong> secundária e<br />

imperfeita, pois criou um mundo imperfeito?<br />

A-Os gnosticos<br />

B-Os gnosios<br />

5- Qual era o livro que Calvino rejeitou?<br />

A-Apocalipse e II Pedro<br />

B-Apocalipse e Tiago<br />

6- Em que século a crítica da Bíblia começou a florescer?<br />

A-Século XV<br />

B-Século XVIII<br />

7- Qual foi o homem que sentia que a história cristã primitiva precisava ser reescrita?<br />

A-João<br />

B-Baur<br />

8- On<strong>de</strong> surgiu a crítica da forma?<br />

A-Na Inglaterra<br />

B-Na Alemanha<br />

9- Qual foi o grego usado para escrever a epístola aos Hebreus?<br />

A-O Grego quase clássico<br />

B-O Greco koiné<br />

10- Qual foi o grego usado para escrever o evangelho <strong>de</strong> Marcos?<br />

A-O Grego <strong>de</strong> rua<br />

B-O Grego clássico<br />

11- O que é um mistério?<br />

A-Uma verda<strong>de</strong> recém revelada que não fora revelada antes<br />

B-Algo oculto<br />

12- Qual a epístola que afirma a <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> Cristo ao Ha<strong>de</strong>s para anunciar o<br />

evangelho aos mortos?<br />

A-I João<br />

B-I Pedro<br />

30


13- Qual é a epístola que proclama que a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvação termina por<br />

ocasião da morte?<br />

A-Hebreus<br />

B-Tiago<br />

14- Qual é a intenção <strong>de</strong> alguns críticos da Bíblia?<br />

A-Reforçar a fé<br />

B-Destruir a fé<br />

15- O que é uma biblioteca?<br />

A-Uma coletânea <strong>de</strong> livros<br />

B-Um coleção <strong>de</strong> livros sem importar-se se pequena ou gran<strong>de</strong><br />

16- Quem era encarregado dos livros sagrados em Israel?<br />

A-Os sacerdotes elevitas<br />

B-Os macabeus<br />

17- Qual foi a época que a famosa biblioteca <strong>de</strong> Alexandria teve início?<br />

A-Teve começo em 200 A.C.<br />

B-Teve começo em 300 A.C.<br />

18- A Biblioteca Real <strong>de</strong> Assurbanipal(622-626 a.C) também era muito numerosa,<br />

com cerca <strong>de</strong>:<br />

A-25 mil tabletes<br />

B-2 mil tabletes<br />

19- Qual era um dos antigos e importantes centros produtores <strong>de</strong> papiro?<br />

A-A cida<strong>de</strong> Jerusalém<br />

B-A cida<strong>de</strong> fenícia <strong>de</strong> Biblos (no antigo testamento Gebal)<br />

20- Qual foi a tradução completa cerca <strong>de</strong> duzentos anos antes da era cristã, das<br />

escrituras judaicas para o grego?<br />

A-A tradução livre<br />

B-A (LXX)<br />

21- Qual foi um dos livros disputados nos primeiros séculos da igreja cristã?<br />

A-A epístola <strong>de</strong> Tiago<br />

B-A epístola <strong>de</strong> João<br />

22- Qual foi a epístola que diz que a fé sem obras é morta?<br />

A-Epístola <strong>de</strong> Tiago<br />

B-Epístola <strong>de</strong> João<br />

23- Qual foi um formidável adversário do cristianismo primitivo?<br />

A-O gnosticismo<br />

B-O gnoligios<br />

24- Quais foram os livros inteiros escritos para combater os gnósticos?<br />

A-Thiago, I João e Tito<br />

B-Gálatas, Colossense e I João<br />

25- Qual foi o grego usado para escrever o Novo Testamento?<br />

A-O Grego clássico<br />

B-O Grego koiné<br />

31


26- O que é um dos alicerces da nossa mo<strong>de</strong>rna civilização oci<strong>de</strong>ntal?<br />

A-A Bíblia<br />

B-A Filosofia<br />

27- O que encerra trechos <strong>de</strong> esplendido drama, poesia, prosa histórica, filosofia,<br />

teologia e ensinamentos éticos morais?<br />

A-A Sociologia<br />

B-A Bíblia<br />

28- Qual era o tempo nos primeiros séculos do cristianismo levavam para ler todo o<br />

Antigo Testamento?<br />

A-2 anos<br />

B-3 anos<br />

29- Quem no século XVI reascen<strong>de</strong>u a prática nobre do estudo da Bíblia?<br />

A-A Reforma Protestante<br />

B-A Reforma Política<br />

30- Qual é o padrão da doutrina revelada?<br />

A-A Filosofia<br />

B-A Bíblia<br />

31- O que a igreja herdou <strong>de</strong> Israel?<br />

A-Profundo respeito pelas escrituras<br />

B-Conhecimento religioso<br />

32- Em que ano viveu o rei <strong>de</strong> Portugal D. Diniz , o que traduziu os vinte primeiros<br />

capítulos do livro <strong>de</strong> Gênesis usando a Vulgara Latina como base?<br />

A-De 1100 à 1200<br />

B-De 1279 à 1325<br />

33- O Textus Receptus representa os mss do:<br />

A-Grupo bizantino<br />

B-Grupo grego<br />

34- Em que ano foi publicado o Novo Testamento, traduzido por João Ferreira <strong>de</strong><br />

Almeida, em Amsterdã?<br />

A-Em 1681<br />

B-Em 1630<br />

35- Em que ano Erasmo faz o Textus Receptus?<br />

A-Em 1516<br />

B-Em 1550<br />

36- Em que século a Bíblia toda foi traduzida por Almeida foi publicada?<br />

A-Século XVIII<br />

B-Século XIX<br />

37- Em que século surgem os manuscritos originais?<br />

A-Século I<br />

B-Século III<br />

38- Em que século surgem os manuscritos mais antigos?<br />

A-Século II à III<br />

B-Século III à IV<br />

32


39- Quando surgem os Uniciais mais antigos?<br />

A-Século IV à VIII<br />

B-Século X à XI<br />

40- Que ano se <strong>de</strong>u a tradução do Padre Huberto Rodhen usando o texto grego como<br />

base?<br />

A-Em 1950<br />

B-Em 1930<br />

41- Em que ano se <strong>de</strong>u a revisão e atualização da tradução <strong>de</strong> João Ferreira <strong>de</strong><br />

Almeida?<br />

A-Em 1942<br />

B-Em 1945<br />

42- O que significa a Bíblia Pauperam?<br />

A-Bíblia dos pobres<br />

B-Bíblia dos ricos<br />

43- Quem foi o autor da Bíblia Pauperam?<br />

A-João Damasceno<br />

B-Boaventura<br />

44- Algumas versões tem servido ao propósito lingüístico <strong>de</strong> unificar:<br />

A-Certos idiomas<br />

B-Certas nações<br />

45- Mais <strong>de</strong> dois mil maniscritos da LXX têm sido encontrados , redigidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

século II até o século:<br />

A-XVI d.C.<br />

B-XV d.C.<br />

46- Qual o século que a tradução Siríaco Peshitta foi datada?<br />

A-Século II d.C.<br />

B-Século III d.C.<br />

47- Em que ano o bispo Paulo <strong>de</strong> Tela traduziu a Hexapla Siríaco?<br />

A-617 d.C.<br />

B-717 d.C.<br />

48- Qual é a versão capta(egípcio) mais antiga?<br />

A-Siríaca<br />

B-Saídica ou tebaica, século II d.C.<br />

49- Que ano foi preparada a tradução Armenica?<br />

A-420 d.C.<br />

B-400 d.C.<br />

50- Qual foi o tipo <strong>de</strong> texto usado na tradução do evangelho<br />

na Geórgia?<br />

A-O tipo <strong>de</strong> texto é o Cesareano<br />

B-O tipo <strong>de</strong> texto é o Bizantino<br />

33


LIÇÃO 2<br />

A Bíblia Poliglota<br />

Essas são as edições da Bíblia nas quais os textos originais e diversas traduções<br />

aparecem em colunas paralelas.<br />

A primeira e mais famosa <strong>de</strong>las foi a Hexapla <strong>de</strong> Orígenes, que continha o texto<br />

hebraico do Antigo Testamento, com uma transliteração grega, além <strong>de</strong> quatro<br />

versões gregas.<br />

A Bíblia Poliglota Complutensiana, <strong>de</strong> 1514-1517, continha o Novo Testamento em<br />

grego e em latim; e o seu Antigo Testamento habraico aparecia lado a lado com a<br />

Vulgata e a Septuaginta, juntamente com outra tradução latina e uma em caldaico.<br />

A prática <strong>de</strong> por duas traduções, em língua diferentes, lado a lado, tem sido uma<br />

prática comum.<br />

As Socieda<strong>de</strong>s Bíblicas têm praticado isso. Além disso, existem vários textos em<br />

grego interlineares, on<strong>de</strong> o grego é acompanhado, palavra por palavra, pelos<br />

vocábulos <strong>de</strong> algum outro idioma mo<strong>de</strong>rno.<br />

Texto Massorético<br />

Não há certeza ao significado <strong>de</strong>ssa palavra hebraica. Mas parece que reflete o<br />

hebraico msr, “transmitir”.<br />

Os massoretas eram escribas e mestres cujo piedoso intuito era o <strong>de</strong> preservar<br />

inalterado o texto da Bíblia hebraica. Eles criaram o texto com os pontos vocálicos,<br />

visto que, originalmente, o hebraico era escrito apenas com as letras consoantes. Eles<br />

também anotaram o texto sagrado, nas margens dos rolos e nos fins das seções<br />

escritas.<br />

Quase todas as suas notas eram <strong>de</strong> natureza lingüística ou ortográfica. Não havia<br />

muita exegese.Eles preocupavam-se com a enumeração das ocorrências das palavras<br />

hebraicas e <strong>de</strong>senvolveram um complexo sistema <strong>de</strong> ligações entre textos e palavras<br />

que fomentou a bibliolatria.<br />

Até mesmo letras individuais assumiam significações profundas aos olhos <strong>de</strong>les.Os<br />

massoretas começaram a trabalhar em cerca <strong>de</strong> 500 d.C., e continuaram atuando até<br />

à invenção da imprensa, cerca <strong>de</strong> mil anos mais tar<strong>de</strong>. A totalida<strong>de</strong> da obra <strong>de</strong>les veio<br />

a ser conhecida como Massoura, e o texto bíblico por eles produzido, como texto<br />

massorético; e eles mesmos eram os massoretas.<br />

O texto produzido pelos massoretas era um texto hebraico padronizado.<br />

O <strong>de</strong>scobrimento dos manuscritos do Mar Morto ilustrou várias coisas:<br />

a. exatidão geral do texto massorético.<br />

b. ocasionalmente, a Septuaginta preserva uma variante mais antiga(em consonância<br />

com os manuscritos ali <strong>de</strong>scobertos, em distinção ao texto massorético, padronizado).<br />

c. algumas emendas, propostas por eruditos mo<strong>de</strong>rnos a fim <strong>de</strong> eliminar certos erros<br />

do texto massorético, concordam com os manuscritos do Mar Morto.<br />

d. havia um texto hebraico pré-massorético, embora, na maioria dos livros do Antigo<br />

Testamento, a porcentagem <strong>de</strong> diferença não seja gran<strong>de</strong>; e a Bíblia hebraica foi<br />

preservada com maior cuidado, o que explica um menor numero <strong>de</strong> variantes, do que<br />

se dá o Novo Testamento grego.<br />

A Bíblia Como Literatura<br />

Alguns documentos religiosos têm somente essa qualida<strong>de</strong>, são “religiosos”. Não se<br />

<strong>de</strong>stacam como gran<strong>de</strong>s obras literárias. Mas há outros <strong>de</strong>sses documentos, incluindo<br />

a Bíblia hebreu-cristã, que são universalmente reconhecidos como grandiosas obras<br />

literárias, e não apenas documentos religiosos puros e simples. A literatura <strong>de</strong> boa<br />

qualida<strong>de</strong> é assinalada por certo número <strong>de</strong> características, por sua notória influência<br />

e, igualmente, pela universalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mensagem.<br />

34


As universida<strong>de</strong>s sentem-se na obrigação <strong>de</strong> ensinar peças <strong>de</strong> literatura religiosa que<br />

são grandiosas em si mesmas, sem qualquer ligação com a propagação <strong>de</strong> teologias<br />

ou filosofias <strong>de</strong> vida.<br />

Um certo professor universitário <strong>de</strong>clarou: “Ninguém completou ainda sua educação,<br />

se <strong>de</strong>sconhece a Bíblia ”.<br />

O Novo Testamento já foi traduzido para mais <strong>de</strong> mil línguas e cerca <strong>de</strong> dois mil<br />

dialetos, um tributo que nenhum outro documento escrito tem merecido. A Bíblia é<br />

uma literatura vigorosa, razão pela qual tem exercido uma longa e profunda influência<br />

sobre muitos e variegados povos e culturas. Esse universalismo da Bíblia mostra que<br />

ela é uma literatura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor.<br />

A Bíblia reivindica para si a distinção <strong>de</strong> ser a única obra literária inteiramente escrita<br />

sob a divina inspiração.O trecho <strong>de</strong> II Tim. 3:16 é o mais conspícuo <strong>de</strong>ssas<br />

<strong>de</strong>clarações, on<strong>de</strong> se lê: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,<br />

para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.<br />

Todavia, ao que parece, essa afirmação refere-se às escrituras do Antigo Testamento<br />

apenas, pelo menos na opinião <strong>de</strong> alguns estudiosos. E, apesar <strong>de</strong>, nesse caso, não<br />

haver reivindicação similar no tocante ao Novo Testamento, <strong>de</strong>veríamos lembrar-nos<br />

<strong>de</strong> vários fatores:<br />

Primeiro, homens como Paulo tinham visões e outras experiências extáticas que lhes<br />

davam informações que foram preservadas sob forma escrita.<br />

Segundo, apesar <strong>de</strong>ssas experiências nem sempre estarem por <strong>de</strong>trás do que é dito<br />

no Novo Testamento, as experiências religiosas e o conhecimento espiritual <strong>de</strong> seus<br />

autores, por si mesmos, fazem do Novo Testamento um documento espiritual<br />

distintivo.<br />

Terceiro, temos a consi<strong>de</strong>rar que houve a direção imprimida pelo Espírito <strong>de</strong> Deus, o<br />

que levou a nova religião a ultrapassar ao judaísmo. Certamente esse é um dos temas<br />

dos evangelhos, especialmente do <strong>de</strong> João, sendo também a idéia principal do livro<br />

aos Hebreus.<br />

Quarto, o Novo Testamento é aquela coletânea <strong>de</strong> livros que salienta as <strong>de</strong>clarações,<br />

os princípios espirituais e a inspiração da pessoa <strong>de</strong> Jesus, o Cristo –e esse é o<br />

principal fator que engran<strong>de</strong>ce o Novo Testamento.Conclui-se daí que qualquer<br />

documento escrito estribado sobre tais qualida<strong>de</strong>s , não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser notável<br />

como obra literária, inteiramente à parte <strong>de</strong> seu conteúdo teológico.<br />

Além disso, <strong>de</strong>ve-se observar que a teologia(as idéias espirituais, a fé religiosa, etc.)<br />

por si mesma faz parte importante <strong>de</strong> qualquer cultura; e, em alguns casos, a teologia<br />

é o centro em torno do qual toda uma cultura tem sido arquitetada e levantada, como é<br />

o caso da cultura dos hebreus.<br />

O Estudo da Bíblia como Literatura<br />

A maioria das universida<strong>de</strong>s exibe o bom senso <strong>de</strong> incluir cursos sobre a Bíblia.<br />

Inúmeras instituições <strong>de</strong> ensino superior têm dado aos estudos bíblicos uma posição à<br />

ser consi<strong>de</strong>rada nos seus currículos. Uma história momentosa <strong>de</strong>staca-se <strong>de</strong>trás da<br />

Bíblia. Com freqüência, a cultura oci<strong>de</strong>ntal tem sido chamada <strong>de</strong> judaico-cristã. Isso é<br />

assim porque a história tem-se <strong>de</strong>senrolado <strong>de</strong> tal modo, formando a nossa cultura<br />

oci<strong>de</strong>ntal, que muito tem <strong>de</strong>pendido da influência do judaísmo e, então, da influencia<br />

avassaladora e perenemente presente dos conceitos cristãos.<br />

Um longo período da história da Europa foi inteiramente dominado pela Igreja Católica<br />

Romana, o que não teria sido possível não fora o po<strong>de</strong>r do livro que continua a<br />

controlar as mentes <strong>de</strong> milhões e milhões <strong>de</strong> pessoas em nossa cultura oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Há algumas décadas atrás, a educação, em nosso mundo oci<strong>de</strong>ntal, começava pela<br />

Bíblia e pelos escritos clássicos gregos e romanos, então ia-se expandindo por outras<br />

áreas, incluindo questões como gramática, retórica, filosofia e outros cursos.Com o<br />

surgimento das ciências, porém, essa ênfase foi sendo modificada para as matérias <strong>de</strong><br />

cunho mais técnico e científico.<br />

35


Em nosso país, por exemplo, a um quarto <strong>de</strong> século,havia cursos clássicos <strong>de</strong><br />

segundo grau, on<strong>de</strong> se estudavam ainda matérias como filosofia preliminar.Mas, o<br />

militarismo que dominou o Brasil durante três décadas, <strong>de</strong>ixou somente o curso<br />

cientifico <strong>de</strong> segundo grau, como o nome <strong>de</strong> colegial.No entanto, esboça-se um<br />

retorno ao estudo <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>s no Brasil, conforme se fazia antes.<br />

Literatura Significativa<br />

Cerca <strong>de</strong> quarenta autores diferentes, durante um período <strong>de</strong> mil e trezentos<br />

anos(talvez até mesmo quinze séculos), produziram a Bíblia Sagrada.<br />

Os críticos arrogam-se a tarefa <strong>de</strong> examinar e explicar a Bíblia como se fosse uma<br />

obra literária qualquer. Apesar <strong>de</strong>sses esforços terem produzido muitas conclusões<br />

valiosas, tais críticos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> reconhecer o real e mais profundo valor da Bíblia.<br />

Sem importar o papel <strong>de</strong>sses homens como críticos da Bíblia, não confio neles como<br />

críticos. Parece-me faltar-lhes a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um bom juízo literário,<br />

mostrando-se indiferentes diante da qualida<strong>de</strong> literária dos textos que liam.<br />

Além disso, Lewis criticou-os por não terem reconhecido o caráter dinâmico das<br />

narrativas neotestamentárias sobre Jesus, o que aponta para a historicida<strong>de</strong> daqueles<br />

acontecimentos narrados, porquanto da opinião <strong>de</strong>les, tudo não passaria <strong>de</strong> lendas e<br />

mitos.Os mitos po<strong>de</strong>m formar uma literatura divertida e engenhosa; mas nunca nos<br />

transmitem uma mensagem significativa, solidamente apoiada sobre a história, sobre<br />

acontecimentos reais.<br />

Ora, o relato sobre Jesus Cristo é uma história humana, porquanto, sendo ele Deus,<br />

veio i<strong>de</strong>ntificar-se em tudo com os homens. Enfrentou as mesmas provocações e<br />

retrocessos que eles. Pregou a sua mensagem <strong>de</strong> vida e salvação. Morreu <strong>de</strong> forma<br />

vergonhosa, mas reverteu tudo isso com sua ressurreição <strong>de</strong>ntre os mortos. Isso, por<br />

sua vez, injetou extraordinário po<strong>de</strong>r à sua mensagem.<br />

Homens acovardados, que O tinham abandonado em seu momento mais crítico,<br />

ressurgiram como leões que rugem, e não <strong>de</strong>moraram a começar a propagar a vitória<br />

sobre a morte por todos os países e povos do mundo então conhecido.<br />

E essa marcha cristã até hoje não parou, porquanto a mensagem <strong>de</strong> Cristo é, <strong>de</strong>veras,<br />

po<strong>de</strong>rosíssima.<br />

Qualida<strong>de</strong>s Literárias da Bíblia<br />

A Bíblia começa situando o homem <strong>de</strong>ntro do contexto teísta. Deus existe; ele criou<br />

tudo, ele está interessado pela vida humana; ele faz intervenções; ele galardoa e<br />

pune.<br />

A Bíblia, assim sendo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo adquiriu a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma literatura realista,<br />

que dá ao homem o lugar que ele ocupa, realmente.O homem, por sua vez, não é um<br />

ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte; nem está sozinho no universo. Além disso, tem um <strong>de</strong>stino. A<br />

literatura <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, como <strong>de</strong> seus predicados, <strong>de</strong>staca fatos significativos e<br />

outras diretrizes para a conduta humana. È o que faz a Bíblia.<br />

Um dos pontos significativos acerca <strong>de</strong> Bíblia como literatura, é o seu apelo e a sua<br />

influência universais. A literatura <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> influencia os homens; e nenhum outro<br />

documento mostra-se mais influente do que a Bíblia.<br />

Embora escrita quase que inteiramente por ju<strong>de</strong>us( única exceção sendo Lucas, autor<br />

do evangelho que tem seu nome e do livro <strong>de</strong> Atos), não é um livro ao qual se possa<br />

aplicar o adjetivo <strong>de</strong> provincial. A Bíblia é possuidora <strong>de</strong> uma universalida<strong>de</strong> que a<br />

coloca à base ou à testa, ou em ambas as posições, <strong>de</strong> toda a literatura mo<strong>de</strong>rna.<br />

Platão raciocinava diante <strong>de</strong> homens inteligentes. Muitos universitários tem se<br />

queixado <strong>de</strong> que é difícil compreen<strong>de</strong>r os diálogos platônicos.È verda<strong>de</strong> que alguns<br />

<strong>de</strong>sses estudantes são negligentes;mas por outra parte, não é fácil acompanhar os<br />

raciocínios <strong>de</strong> Platão,mas se contar com a ajuda <strong>de</strong> um professor,sempre disposto a<br />

ajudar,po<strong>de</strong>rá enten<strong>de</strong>r.<br />

36


Platão produziu uma literatura imortal, uma mensagem que <strong>de</strong>veria ser ouvida. Porém,<br />

somente certas pessoas estão aptas a ouvir a sabedoria <strong>de</strong> Platão. Por outra parte, a<br />

mensagem dos profetas facilmente penetra nos corações das massas populares.<br />

A mensagem da Bíblia po<strong>de</strong> ser percebida pela reação intuitiva do coração humano,<br />

conforme reconhecem todos aqueles que estão afeitos à sua leitura. “O coração tem<br />

razões que a razão <strong>de</strong>sconhece...É o coração, e não a razão; que experimenta Deus”.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa apreciação conter um certo exagero, porquanto Deus <strong>de</strong>u-nos a razão a<br />

fim <strong>de</strong> que pudéssemos conhecê-lo racionalmente, ainda assim há uma verda<strong>de</strong><br />

básica nessa <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Pascal.<br />

Os clássicos gregos e romanos são literaturas belas e grandiosa. Há muitos e dignos<br />

livros <strong>de</strong>ssa categoria. Ao afirmar isso, entretanto, em nada <strong>de</strong>trato a Bíblia, como<br />

literatura. Os salmos são universalmente reconhecidos como obras-primas poéticas, e<br />

nenhuma outra escrita jamais ultrapassou ao livro <strong>de</strong> Jô como poesia.O Espírito <strong>de</strong><br />

Deus fala através dos escritos dos profetas, e as mensagens <strong>de</strong>les, embora antigas,<br />

são perfeitamente atuais, porque abordam problemas humanos <strong>de</strong> todas as gerações.<br />

Os evangelhos, no Novo Testamento, criaram um novo gênero literário. Acredito que<br />

não foi difícil criar esse gênero literário, porquanto eles tinham a história <strong>de</strong> Jesus<br />

Cristo para contar, que não podia mesmo ser narrada <strong>de</strong> maneira comum. As epístolas<br />

<strong>de</strong> Paulo nunca foram ultrapassadas como instruções espirituais.<br />

Essas epístolas formam um manual <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias éticas e religiosas;o próprio Paulo foi<br />

autor <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável habilida<strong>de</strong> literária, inteiramente à parte do fator da inspiração<br />

divina.<br />

Foi dito acerca do filósofo Fichte que ele filosofava com os punhos sobre a mesa. Isso<br />

é uma expressão idiomática que significa que o que ele dizia era pra ser aplicado, <strong>de</strong><br />

modo prático, à maneira como os homens vivem. Quanto a isso, a Bíblia se <strong>de</strong>staca<br />

<strong>de</strong>ntre toda outra literatura. A Bíblia é inflexível em sua busca pela verda<strong>de</strong>, e essa<br />

verda<strong>de</strong> é sempre aplicada às vidas humanas <strong>de</strong> maneira prática.<br />

J.B. Philips, que produziu uma tradução do Novo Testamento para o inglês, afirmou<br />

que sentia que a sua vida fora transformada, <strong>de</strong>vido aos anos <strong>de</strong> labor que passou na<br />

tradução.Conforme afirmou certo autor, a Bíblia envolve uma “alta serieda<strong>de</strong>”, e essa<br />

serieda<strong>de</strong> reflete as “profun<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> Deus” (ver I Cor. 2:10).<br />

Há uma curiosa <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> João Bunyan, autor do notável “O Peregrino”, que<br />

ilustra o ponto. Essa <strong>de</strong>claração aparece no seu livro, Graça Abundante: “Deus não<br />

estava brincando quando me convenceu; o diabo não brinca quando me tenta.<br />

Portanto, não posso brincar em meus relacionamentos com eles; antes <strong>de</strong>vo ser direto<br />

e simples, apresentando as questões tal e qual eles são”.<br />

A Bíblia é uma coletânea <strong>de</strong> formas literárias, todas as quais nos apresentam a<br />

mensagem espiritual. Ali temos história, teologia, profecia, poesia <strong>de</strong> vários tipos,<br />

cartas, <strong>de</strong>clarações extáticas, relatos ilustrativos, parábolas, discursos, teses, sermões<br />

e discursos retóricos. Os evangelhos formam um gênero literário sem igual.<br />

Tipos <strong>de</strong> Leitura<br />

História. Gênesis, Êxodo, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas. È bem reconhecido<br />

o fato <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us eram historiadores sérios, e que, começando em cerca <strong>de</strong><br />

1000 a.C., a história bíblica passou a adquirir um elevadíssimo grau <strong>de</strong> exatidão. No<br />

Novo Testamento, isso se repete nos evangelhos e em Atos.<br />

Profecia. Os profetas Maiores e Menores, cujos livros formam um importante bloco no<br />

Antigo Testamento. A história e a arqueologia têm <strong>de</strong>monstrado a notável exatidão das<br />

tradições proféticas do Antigo Testamento.<br />

O Apocalipse é o único livro profético do N. Testamento. Quase toda a mensagem<br />

<strong>de</strong>sse livro ainda aguarda cumprimento, embora mui significativamente, os místicos<br />

mo<strong>de</strong>rnos confirmem que, em seu esboço geral, esse livro seja exato, concordando<br />

com o esboço geral das profecias bíblicas.<br />

37


Literatura <strong>de</strong> Sabedoria. Provérbios, Eclesiastes e Salmos fazem parte <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

literatura.<br />

E,no período intertestamental,esse gênero literário foi ainda mais amplamente<br />

<strong>de</strong>senvolvido. A leitura <strong>de</strong>sses livros impressiona muito aos seus leitores atentos. São<br />

verda<strong>de</strong>iramente ricos.<br />

Poesia, Em Suas Várias Formas. Poesia Lírica (Exo. 15:1-18; Juí. 5; Isa.5:1-7).<br />

Muitos salmos po<strong>de</strong>m ser assim classificados, como os Salmos 1, 19, 23, 46, 90 e<br />

139.<br />

A poesia lírica é aquela que é recitada juntamente com a lira e outros instrumentos<br />

musicais. Poesia romântica(Cantares <strong>de</strong> Salomão). Poesia dramática(Jó). Poesia<br />

Litúrgica(muitos Salmos, como 120-134). Poesia didática(Sal.119). Poesia épica(Gen.<br />

1-11;37-50).<br />

Lei. A legislação mosaica é um complexo sistema legal, incorporando, para dizer a<br />

verda<strong>de</strong>, muitos preceitos comuns às socieda<strong>de</strong>s semitas, embora também tivesse<br />

<strong>de</strong>senvolvido conceitos legais em várias direções. Talvez coisa alguma tenha<br />

influenciado tanto a cultura oci<strong>de</strong>ntal quanto a legislação mosaica.<br />

Os Evangelhos como Gênero Literário Distinto<br />

Não há outra literatura exatamente como a dos quatro evangelhos.<br />

Apesar <strong>de</strong> consistir em história e em crônicas, também consiste em instruções<br />

teológicas e em elevadas mensagens espirituais.Os três evangelhos sinóticos são,<br />

essencialmente, narrativas históricas; e o quarto evangelho, <strong>de</strong> João, se excluirmos<br />

suas porções históricas, é um evangelho teológico. Porém, a seleção <strong>de</strong> eventos<br />

históricos, que seu autor fez, dão apoio notável à sua mensagem teológica.<br />

Os evangelhos também envolvem sermões, instruções didáticas e parabólicas. O<br />

problema enfrentado pelos quatro evangelistas foi o <strong>de</strong> explicar quem é Jesus, e como<br />

ele realizou o que realizou. Por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> tudo isso avulta o problema da natureza da<br />

encarnação, isto é, como Deus manifestou-se em carne humana, e como o Logos<br />

divino tornou-se o Cristo. A explicação <strong>de</strong>ssa profunda questão teológica foi feita em<br />

meio a uma narrativa, a narrativa sobre Jesus. “O intuito inerente do Novo Testamento<br />

é apresentar Cristo como um Ser sui generis, divino e humano, ao mesmo tempo.”<br />

Fatores da Educação:A <strong>de</strong>speito das mo<strong>de</strong>rnas formas <strong>de</strong> comunicação em massa, a<br />

literatura continua sendo a forma mais eficaz <strong>de</strong> comunicação.<br />

On<strong>de</strong> quer que eu chegasse a ativida<strong>de</strong> missionária cristã, ali também chegava a<br />

educação, mesmo no caso dos povos mais primitivos, o que prossegue até os nosso<br />

dias. A Bíblia tem servido <strong>de</strong> alicerce <strong>de</strong>ssa educação.<br />

Apesar das ciências terem dominado o campo <strong>de</strong> educação, <strong>de</strong> algumas décadas pra<br />

cá, nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, a qualida<strong>de</strong> educativa da Bíblia, como literatura,<br />

nunca se per<strong>de</strong>u ou se tornou obsoleta.<br />

Arqueologia Bíblica<br />

A fim <strong>de</strong> ilustrar a história da Bíblia. A arqueologia provê um testemunho secundário e<br />

confirmatório a toda a história da Bíblia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dias mais remotos.<br />

Importantes colaborações e fatos adicionais acerca <strong>de</strong> cada período bíblico têm sido<br />

<strong>de</strong>scobertos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período adâmico, passando pelo período patriarcal, cananeu,<br />

monárquico, da dupla monarquia, exílio, pós-exílio, selêucida, helenista e – até o<br />

período romano.Da era dos patriarcas nos chegam <strong>de</strong>scobertas em Ai, Siquém, Betel,<br />

Berseba, Gerar, Dotã e Jerusalém. Desse período nos chegam tabletes <strong>de</strong> Nuzi e <strong>de</strong><br />

Mari. Muitos itens da Bíblia tornam-se mais claros por meio das <strong>de</strong>scobertas<br />

arqueológicas: as bênçãos orais eram importantes para Isaque, Jacó e Esaú(ver Gen.<br />

27:34-41).<br />

Os tabletes <strong>de</strong> Nuzi mostram que naquele tempo as bênçãos orais eram obrigatórias,<br />

tanto quanto as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> um tribunal.<br />

38


Por que Labão foi capaz <strong>de</strong> apontar para os seus netos e dizer: As filhas são minhas<br />

filhas, os filhos são meus filhos...”? (Gên.31:43). Esses mesmos tabletes mostram que<br />

um avô exercia controle sobre seus netos. O período canaanita é bem ilustrado, tendo<br />

sido encontradas muitas ruínas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s em inúmeras escavações. A partir do<br />

período da monarquia, mais <strong>de</strong> quarenta reis(e as condições <strong>de</strong> Israel na época <strong>de</strong>les<br />

têm sido suas histórias iluminadas pelas <strong>de</strong>scobertas arqueológicas.Embora o Novo<br />

Testamento cubra um período histórico muito mais curto, gran<strong>de</strong> tem sido a iluminação<br />

sobre as viagens <strong>de</strong> Paulo, bem como lugares, pessoas e coisas mencionadas no livro<br />

<strong>de</strong> Atos.Talvez os eruditos bíblicos tenham dado por <strong>de</strong>mais atenção a esse aspecto ,<br />

porquanto uma história digna <strong>de</strong> confiança po<strong>de</strong> ser escrita por um historiador<br />

respeitável, sem qualquer ajuda divina.<br />

Não obstante, a arqueologia provê evidência <strong>de</strong> exatidão dos relatos bíblicos, sendo<br />

esse um elemento que favorece(mesmo que não comprove) a inspiração divina.<br />

Arqueologia Desperta Interesse<br />

A simples leitura da Bíblia po<strong>de</strong> ser vivificada mediante a referência às <strong>de</strong>scobertas<br />

mo<strong>de</strong>rnas que ilustram o texto bíblico.Isso faz a Bíblia tornar-se um livro <strong>de</strong><br />

interessantíssima leitura.Até cerca <strong>de</strong> 1800, pouco se sabia sobre os tempos do Antigo<br />

Testamento, exceto aquilo que aparece no próprio Antigo Testamento. A situação não<br />

era tão grave no caso dos tempos neotestamentários, porque houve vários antigos<br />

historiadores seculares que comentaram sobre esses tempos. Mas a informação sobre<br />

o Antigo Testamento era praticamente inexistente.<br />

Então, começando em 1878, as ricas antiguida<strong>de</strong>s do vale do Nilo foram <strong>de</strong>scobertas<br />

pela expedição <strong>de</strong> Napoleão. Foi então que Paul Botta, A. H. Layard , H.C. Rawlinson<br />

e outros <strong>de</strong>rramaram muita luz sobre as civilizações da Assíria e da Babilônia por meio<br />

da arqueologia.<br />

A <strong>de</strong>scoberta da pedra Moabita criou sensação entre os eruditos bíblicos, por causa<br />

<strong>de</strong> sua íntima conexão com a história do Antigo Testamento, e houve um entusiasmo<br />

generalizado em favor das escavações na Palestina.Em 1901, foi encontrado o Código<br />

<strong>de</strong> Hamurabi; os papiros <strong>de</strong> Elefantina foram <strong>de</strong>scobertos em 1903; os monumentos<br />

hititas <strong>de</strong> Bogazkoi foram encontrados em 1906; o túmulo <strong>de</strong> Tutancamon, em 1922; o<br />

sarcófago <strong>de</strong> Airão <strong>de</strong> Biblos, em 1923;a literatura épica religiosa <strong>de</strong> rãs Shamra em<br />

1929-1937; as cartas <strong>de</strong> Mari, as ostracas <strong>de</strong> Oaquis,em 1935-1939; e os manuscritos<br />

do mar Morto, em Khirbet Qumran, em 1947.<br />

O Valor Apologético é Evi<strong>de</strong>nte:Esse é um ponto paralelo ao segundo item,<br />

intitulado “sublinhando a realida<strong>de</strong> da inspiração divina”, embora mais amplo.Os<br />

eruditos, ao tornarem com documentos inspirados ou não, interessam-se pela exatidão<br />

do registro escrito.Querem saber se os povos e as cida<strong>de</strong>s sobre as quais eles falam<br />

diante <strong>de</strong> seus estudantes , ou sobre os quais escrevem a uma audiência mais lata,<br />

realmente são históricas.<br />

A arqueologia, pois, confere-lhe um meio <strong>de</strong> autenticar o que afirma.<br />

O Valor Exegético. O pregador, ao falar sobre a Bíblia, po<strong>de</strong> chamar a atenção <strong>de</strong><br />

seus ouvintes com maior sucesso se pu<strong>de</strong>r falar com conhecimento sobre o seu<br />

assunto, baseado em informes extrabíblicos, que confirmam o que a Bíblia assevera.<br />

A arqueologia, além <strong>de</strong> ser ilustrativa, também é interpretativa. Muitas questões<br />

bíblicas po<strong>de</strong>m ser acuradamente interpretadas por meio da arqueologia.<br />

Em muitos lugares, a Bíblia permanece misteriosa, não havendo iluminação por parte<br />

da arqueologia. Um pequeno exemplo po<strong>de</strong> ser visto no caso <strong>de</strong> Moisés, acerca <strong>de</strong><br />

quem foi dito, em sua ida<strong>de</strong> avançada: “...não se lhe escureceram os olhos, nem se<br />

lhe abateu o vigor”(Deu. 34:7). A palavra ali traduzida por “vigor” po<strong>de</strong>ria referir-se aos<br />

<strong>de</strong>ntes(conforme se vê na Vulgata Latina).Porém, os tabletes <strong>de</strong> Rãs Shamra mostram<br />

que o vocábulo em questão tem o sentido <strong>de</strong> vigor natural ou forças, o que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> a<br />

questão da interpretação. Há muitos outros casos similares.A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> material<br />

helenista tem ilustrado o vocabulário do Novo Testamento(grego koiné), em contraste<br />

com o grego clássico; e isso tem <strong>de</strong>terminado muitos casos <strong>de</strong> interpretação.<br />

39


A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> antigos manuscritos tem possibilitado a compilação <strong>de</strong> um texto<br />

bíblico mais acurado do que teria sido possível há cem anos atrás.<br />

Historiografia Bíblia<br />

O historiador E. Meyer observou que: “uma literatura histórica in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, no<br />

verda<strong>de</strong>iro sentido das palavras, apareceu somente entre os israelitas e os gregos”.<br />

A história, conforme é compreendida pela nossa cultura, origina-se <strong>de</strong> dois pontos:<br />

1. do século V. a.C., na Grécia, com Heródoto e Tucídi<strong>de</strong>s.<br />

2. Cinco séculos antes, com o redator do livro <strong>de</strong> Gênesis ou Jeovista, conforme<br />

alguns estudiosos o têm chamado.<br />

Em seguida, temos o autor que narrou a historiado da sucessão <strong>de</strong> Davi a Salomão (II<br />

Samuel 9-20 e I Reis 1e 2).Nesses exemplos, encontramos os primórdios <strong>de</strong> esforços<br />

propositais para registrar a história. Naturalmente, os registros arqueológicos mostram<br />

que tal tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> era generalizada entre as culturas antigas, sobretudo as que<br />

tange às vidas e aos atos dos reis. Mas, no que concerne à nossa cultura, <strong>de</strong>vemos<br />

levar em conta as duas fontes acima mencionadas. Heródoto fez uma comparação<br />

entre o mundo fabuloso do Oriente e o novo mundo grego; e Tucídi<strong>de</strong>s investigou as<br />

causas e o curso da guerra do Peloponeso.<br />

A História no Antigo Oriente<br />

De 2000 a .C. em diante há inscrições reais, arquivos <strong>de</strong> tabletes e alguns outros<br />

documentos escritos; mas, antes disso, o material que po<strong>de</strong> ser aproveitado pela<br />

história é escasso. Esses documentos fornecem aos estudiosos mo<strong>de</strong>rnos muitos<br />

informes, permitindo-nos chegar a uma espécie <strong>de</strong> esboço histórico do Egito, da<br />

Suméria, <strong>de</strong> Aca<strong>de</strong>, da Assíria, da Babilônia e dos hititas.<br />

Nesse material, entretanto, não encontramos unida<strong>de</strong> real, continuida<strong>de</strong> intrínseca ou<br />

profundida<strong>de</strong> humana que nos capacite ter uma visão da socieda<strong>de</strong> humana inteira,<br />

em sua marcha através dos séculos.Esse material simplesmente alista feitos<br />

memoráveis <strong>de</strong> reis, conflitos armados, expedições <strong>de</strong> caça, conquistas políticas,<br />

realizações arquiteturais, crimes, vícios, virtu<strong>de</strong>s, mas não verda<strong>de</strong>ira história como<br />

tal.<br />

Os reis figuram ali como se fossem os únicos que merecessem ser mencionados, e<br />

outras personagens aparecem apenas inci<strong>de</strong>ntalmente. Apren<strong>de</strong>mos ali acerca <strong>de</strong><br />

idéias religiosas, tradições antigas e outros itens frustrantes para os historiadores.<br />

Em algum material proveniente dos hititas (inscrições <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1300 A.C.),<br />

apren<strong>de</strong>mos acerca <strong>de</strong> sucessões <strong>de</strong> reis, manobras diplomáticas, etc.; mas sempre é<br />

algum rei, ou algum príncipe, que ocupa o primeiro plano, e nada se po<strong>de</strong> saber<br />

acerca das socieda<strong>de</strong>s como um todo. A arqueologia tem procurado preencher alguns<br />

hiatos, sobretudo quando são <strong>de</strong>scobertas cida<strong>de</strong>s inteiras, e não apenas palácios ou<br />

templos.<br />

Israel e a História<br />

Todos os eruditos concordam que a história do Antigo Testamento, a começar pelo rei<br />

Davi, e dai por diante, é extremamente acurada. Mas, os estudiosos mais liberais<br />

supõem que, antes <strong>de</strong>ssa época, prevaleciam mais as crônicas lendárias e místicas,<br />

<strong>de</strong> mistura com alguma informação verda<strong>de</strong>iramente histórica. Parece que uma<br />

autêntica atitu<strong>de</strong> histórica fazia parte das tendências raciais dos ju<strong>de</strong>us.E isso porque<br />

ali não obtemos somente crônicas sobre os feitos dos monarcas, que continuam<br />

ocupando posição central, mas também informações atinentes às instituições<br />

essenciais do povo <strong>de</strong> Israel. Isso se dá, sobretudo, no tocante às instituições<br />

religiosas, o que, afinal, ocupava o foco <strong>de</strong> todas as atenções.<br />

Além dos reis, obtemos ali crônicas sobre outras bem conhecidas personagens,<br />

principalmente profetas, sacerdotes e figuras religiosas. Em meio à narrativa histórica,<br />

também topamos ali com uma filosofia da história. Contudo, essa filosofia é linear,<br />

40


porquanto passa <strong>de</strong> um evento para o próximo, <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> partida a um ponto<br />

final, sem qualquer mistura com especulações filosóficas sobre ciclos, etc.<br />

E também se trata <strong>de</strong> um processo divinamente orientado. Os historiadores sagrados<br />

tinham consciência do propósito e da orientação divina, e também <strong>de</strong> que os homens<br />

não estão sozinhos, e nem são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Na história <strong>de</strong> Israel há fatores extrahumanos,<br />

bem como um <strong>de</strong>stino divinamente <strong>de</strong>terminado.<br />

A partir dos patriarcas, nota-se um propósito <strong>de</strong>finido. A invasão da terra <strong>de</strong> Canaã é<br />

consi<strong>de</strong>rada como parte integrante <strong>de</strong>sse propósito. A esperança messiânica aparece<br />

ali como um ponto culminante do propósito nacional. A nação <strong>de</strong> Israel é encarada<br />

como um instrumento divino para a instrução <strong>de</strong> todos os povos quanto ao caminho <strong>de</strong><br />

Deus, o que já é um discernimento expresso pelos profetas posteriores.<br />

Israel e a História do Mundo<br />

Já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o trecho <strong>de</strong> Gênesis 12:3, <strong>de</strong>ntro do pacto abraâmico, achamos o conceito<br />

<strong>de</strong> que, <strong>de</strong> alguma maneira, todas as famílias da terra estão envolvidas na transação<br />

divina. Esse conceito expan<strong>de</strong>-se e é aperfeiçoado nos escritos dos profetas<br />

posteriores.<br />

O reino do Messias é visto como a culminação dos impérios mundiais (Daniel 7).<br />

Todos os povos, nações e homens <strong>de</strong> todas as línguas estarão envolvidos no vindouro<br />

reino <strong>de</strong> Deus (Dan. 7:14,27). O segundo capítulo <strong>de</strong> Daniel encerra a mesma<br />

mensagem geral, incorporando o conceito da pedra, cortada sem ajuda humana, que<br />

porá ponto final nos reinos terrenos, a fim <strong>de</strong> abrir espaço para o reino celestial.<br />

Também foi prometido que chegará o tempo em que os homens não terão <strong>de</strong> convidar<br />

outros a conhecerem ao Senhor, pois “...porque todos me conhecerão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o menor<br />

até o maior <strong>de</strong>les, diz o Senhor(Jer. 31:34). E Isaías 43:18 anuncia: “Eis que faço<br />

cousa nova, que está saindo à luz... “<br />

O Ponto Culminante da História<br />

Jesus inicia o Novo Testamento com Esperança Messiânica, assim vinculando o<br />

Antigo ao Novo Testamento. Porém, a doutrina que gira em torno <strong>de</strong> Cristo fala sobre<br />

a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus relativa ao tempo e à eternida<strong>de</strong>, embora essa seja apresentada<br />

como um mistério (Efé. 1:10).<br />

Esse mistério promete a restauração <strong>de</strong> todas as coisas. Nessa restauração, os<br />

remidos chegarão a participar da natureza divina (II Ped. 1:4), segundo a imagem do<br />

Filho (Rom. 8:29), quando então o homem passa da história para a eternida<strong>de</strong>. Tudo<br />

isso faz parte da filosofia da história do Novo Testamento. Começa na história humana<br />

que gira em torno do Messias, nos evangelhos sinóticos, mas termina na crônica<br />

divina, já fora da história.<br />

Os Livros da Bíblia Divi<strong>de</strong>m-se em Sete Grupos:<br />

Antigo Testamento /17 Históricos /5 Poéticos /17 Proféticos<br />

Novo Testamento /4 Evangelhos /Atos /21 Epístolas/ Apocalipse<br />

Históricos: Elevação e Queda da Nação Hebraica<br />

Poéticos: Literatura da Ida<strong>de</strong> Áurea da Nação<br />

Proféticos: Literatura dos Dias Tenebrosos da Nação<br />

Evangelhos: O HOMEM Produzido pela Nação<br />

Atos: Seu Reinado Começa entre Todas as Nações<br />

Epístolas: Seus Ensinos e Princípios<br />

Apocalipse: Previsão <strong>de</strong> Seu Domínio Universal<br />

Os 39 Livros do Antigo Testamento<br />

17 Históricos:Gênesis,Êxodo,Levítico,Números,Denteronômio,Josué,Juízes,Rute,<br />

1 Samuel,2 Samuel,1 Reis,2 Reis,1 Crônicas,2 Crônicas,Esdras,Neemias,Ester.<br />

41


5 Poéticos: Jó,Salmos,Provérbios,Eclesiastes,Cânticos.<br />

17 Proféticos:Isaías,Jeremias,Lamentações,Ezequiel,Daniel,Oséias,Joel,Amós,<br />

Obadias,Jonas,Miquéias,Naum,Habacuque,Sofonias,Ageu,Neemias, Zacarias,<br />

Malaquias.<br />

Os 27 Livros do Novo Testamento<br />

4 Evangelhos:Mateus,Marcos,Lucas,João.<br />

Atos:Atos.<br />

21 Epístolas:Romanos,1 Coríntios,2 Coríntios,Gálatas,Efésios,Filipenses,<br />

Colossenses,1 Tessalonicenses,2 Tessalonicenses,1 Timóteo,2 Timóteo,Tito,<br />

Filemon,Hebreus,Tiago,1 Pedro,2 Pedro,1 João,2 João e 3João,Judas.<br />

Apocalíptico: Apocalipse.<br />

Assunto ou I<strong>de</strong>ia Dominante <strong>de</strong> Cada Livro<br />

Alguns livros têm uma i<strong>de</strong>ia principal;outros versam sobre assuntos variados.<br />

Gênesis: A Fundação da Nação Hebraica<br />

Êxodo: O Concerto com a Nação Hebraica<br />

Levítico: As Leis da Nação Hebraica<br />

Números: A Viagem para a Terra Prometida<br />

Deuteronômio: As Leis da Nação Hebraica<br />

Josué: A Conquista <strong>de</strong> Canaã<br />

Juízes: Os Primeiros 300 Anos na Terra Prometida<br />

Rute: Os Primórdios da Família Messiânica <strong>de</strong> Davi<br />

1 Samuel: A Organização do Reino<br />

2 Samuel: O Reinado <strong>de</strong> Davi<br />

1 Reis: A Divisão do Reino<br />

2 Reis: A História do Reino Dividido<br />

1 Crônicas: O Reinado <strong>de</strong> Davi<br />

2 Crônicas: A História do Reino do Sul<br />

Esdras: A Volta do Cativeiro<br />

Neemias: A Reconstrução <strong>de</strong> Jerusalém<br />

Ester: Israel Escapa do Extermínio<br />

Jó: O Problema do Sofrimento<br />

Salmos: O Hinário Nacional <strong>de</strong> Israel<br />

Provérbios: A Sabedoria <strong>de</strong> Salomão<br />

Eclesiastes: A Vaida<strong>de</strong> da Vida Terrena<br />

Cântico dos Cânticos: A Glorificação do Amor Conjugal<br />

Isaías: O Profeta Messiânico<br />

Jeremias: O Último Esforço por Salvar Jerusalém<br />

Lamentações: Canto Fúnebre sobre a Desolação <strong>de</strong> Jerusalém<br />

Ezequiel: “Saberão que Eu sou Deus”<br />

Daniel: O Profeta em Babilônia<br />

Oséias: A Apostasia <strong>de</strong> Israel<br />

Joel: A Predição da Dispensação do Espírito Santo<br />

Amós: O Governo <strong>de</strong> Davi, Final e Universal<br />

Obadias: A Destruição <strong>de</strong> Edom<br />

Jonas: Um Recado <strong>de</strong> Misericórdia para Nínive<br />

Miquéias: Belém Será o Berço do Messias<br />

Naum: A Destruição <strong>de</strong> Nínive<br />

42


Habacuque : “O Justo Viverá pela Fé”<br />

Sofonias: O Advento <strong>de</strong> uma “Linguagem Pura”<br />

Ageu: A Reconstrução do Templo<br />

Zacarias: A Reconstrução do Templo<br />

Malaquias: A Última Mensagem a um Povo Desobediente<br />

Mateus: Jesus, o Messias<br />

Marcos: Jesus, o Maravilhoso<br />

Lucas: Jesus, o Filho do Homem<br />

João: Jesus, o Filho <strong>de</strong> Deus<br />

Atos: A Formação da Igreja<br />

Romanos: A Natureza da Obra <strong>de</strong> Cristo<br />

1 Coríatios: As Várias Desor<strong>de</strong>ns na Igreja<br />

2 Coríntios: Paulo Vindica seu Apostolado<br />

Gálatas: Pela Graça, Não pela Lei<br />

Efésios: A Unida<strong>de</strong> da Igreja<br />

Filipenses: Uma Epístola Missionária<br />

Colossenses: A Divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus<br />

1 Tessalonicenses: A Segunda Vinda <strong>de</strong> Cristo<br />

2 Tessalonicenses: A Segunda Vinda <strong>de</strong> Cristo<br />

1 Timóteo: Cuidado pela Igreja <strong>de</strong> Éfeso<br />

2 Timóteo: Conselhos Finais <strong>de</strong> Paulo<br />

Tito: As Igrejas <strong>de</strong> Creta<br />

Filemon: A Conversão <strong>de</strong> um Escravo Fugitivo<br />

Hebreus: Cristo, Mediador <strong>de</strong> um Novo Concerto<br />

Tiago: Boas Obras<br />

1 Pedro: A urna Igreja Perseguida<br />

2 Pedro: A Apostasia Predita<br />

1 João: O Amor<br />

2 João: A Precaução contra Falsos Mestres<br />

3 João: A Rejeição <strong>de</strong> Auxiliares <strong>de</strong> João<br />

Judas: A Apostasia iminente<br />

Apocalipse: O Triunfo Final <strong>de</strong> Cristo<br />

OBS: Há 1.189 capítulos na Bíblia: 929 no Antigo Testamento; 260 no Novo.<br />

O capítulo mais longo é o Salmo 119. O mais curto é o Salmo 117, que também é o<br />

capítulo central da Bíblia.O verso mais longo e o <strong>de</strong> Ester 8:9. O mais breve, o <strong>de</strong> João<br />

11:35.A divisão dos livros da Bíblia em capítulos é da autoria do inglês Estevão<br />

Langton, arcebispo <strong>de</strong> Cantuária, e foi realizada no ano <strong>de</strong> 1214. Já a divisão dos<br />

capítulos em versículos foi feita, em <strong>de</strong>finitivo, em 1551, pelo tipógrafo Roberto<br />

Stefano.<br />

43


2<br />

As Línguas Usadas para Escrever a Bíblia<br />

A Septuaginta<br />

Para os ju<strong>de</strong>us alexandrinos, o hebraico transformara-se quase em um arcaísmo da<br />

sinagoga. Em adição ao <strong>de</strong>sejo que eles tinham <strong>de</strong> exaltar a história e sabedoria <strong>de</strong><br />

sua própria raça, esse arcaísmo do hebraico era motivo suficiente para inspirar o<br />

empreendimento.<br />

Era inevitável, porém, que surgissem lendas em torno das origens <strong>de</strong> um<br />

empreendimento tão notável. Há uma certa carta <strong>de</strong> Aristéias, dirigida a Filócrates, em<br />

torno da qual apareceu consi<strong>de</strong>rável literatura. Foi publicada pela primeira vez em<br />

latim, em 1471 d.C., e novamente anos mais tar<strong>de</strong>, em grego. A crítica literária <strong>de</strong>sse<br />

documento não nos <strong>de</strong>ve preocupar. Todavia, seu autor diz que ele era cortesão <strong>de</strong><br />

Ptolomeu Fila<strong>de</strong>lfo, um grego interessado pelas antiguida<strong>de</strong>s dos ju<strong>de</strong>us. Ele escreve<br />

sobre uma viagem que fizera recentemente a Jerusalém, com um propósito específico.<br />

Demétrio Falério, foi bibliotecário da vasta e famosa biblioteca <strong>de</strong> Alexandria, diz que<br />

Aristéias apresentou ao monarca a proposta <strong>de</strong> adicionar à coletânea uma tradução<br />

das “leis judaicas”.<br />

O culto Ptolomeu aceitou a proposta, e enviou a Jerusalém uma embaixada com uma<br />

carta, a Eleazar, o sumo sacerdote, pedindo que seis anciãos, <strong>de</strong> cada uma das doze<br />

tribos <strong>de</strong> Israel, fossem enviadas a Alexandria, a fim <strong>de</strong> executarem a tradução<br />

proposta. Os tradutores ju<strong>de</strong>us chegaram a Alexandria trazendo uma cópia do Antigo<br />

Testamento escrita em letras douradas, sobre rolos <strong>de</strong> peles, ou pergaminhos. Em um<br />

banquete, o rei testou a erudição dos visitantes hebreus, com perguntas difíceis,<br />

parece ter ficado satisfeito.<br />

Dotados <strong>de</strong> tudo quanto, por ventura, fosse necessário para o trabalho <strong>de</strong> tradução,<br />

eles se puseram a trabalhar, comparando seus resultados e os harmonizando. E tudo<br />

sobre o que concordava era <strong>de</strong>vidamente copiado sobre a direção <strong>de</strong> Demétrio. Com<br />

isto, a transcrição foi terminada em 72 dias, como se o prazo tivesse sido arranjado <strong>de</strong><br />

antemão, conforme diz Aristéias na citada carta.<br />

Aceitação e Utilida<strong>de</strong> da Tradução<br />

Os membros da comunida<strong>de</strong> judaica ficaram encantados com a tradução, e pediram<br />

uma cópia da mesma. E proferiram uma maldição a quem fizesse algum acréscimo ou<br />

tirasse algo da tradução. O rei também ficou satisfeito, e a Septuaginta foi posta na<br />

biblioteca.Tanto o Filo, o erudito ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Alexandria, quanto Josefo, o gran<strong>de</strong><br />

historiado ju<strong>de</strong>u da época do cristianismo primitivo, reiteraram o relato. Desnudada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhes formalizados e pseudomiraculosos, a história da origem da Septuaginta, em<br />

algum ponto, em meados do século III antes <strong>de</strong> Cristo, e como resultado direto <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>cisão real, não parece incrível para os estudiosos.<br />

Alexandria era uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitantes muito sofisticados, e ali nasceram as<br />

bibliotecas, Ptolomeu era um bibliófilo, um historiador universal e um político<br />

suficientemente astuto para <strong>de</strong>sejar conservar a boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma seção numerosa<br />

e dinâmica <strong>de</strong> sua população urbana, como eram os ju<strong>de</strong>us. Alguns têm dito que essa<br />

tradução envolveu somente o Pentateuco, porque os <strong>de</strong>mais livros do Antigo<br />

Testamento seriam consi<strong>de</strong>rados estranhos ao cânon veterotestamentário.<br />

Porém, há evidências a partir <strong>de</strong> 132 a.C, pelo menos, <strong>de</strong> que a lei os profetas e o<br />

resto dos livros do Antigo Testamento eram circulados na época em que foi feita essa<br />

44


tradução. Portanto, não há base para a suposição <strong>de</strong> que a tradução original das LXX<br />

não tenha envolvido o Antigo Testamento inteiro.<br />

A partir do século I d.C., as evidências nesse sentido naturalmente são abundantes.<br />

Assim, Filo(30-40 d.C. ) cita a maioria dos livros do cânon do Antigo Testamento,<br />

excetuando apenas Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes e Cantares <strong>de</strong> Salomão, além<br />

<strong>de</strong> um ou dois os Profetas Menores.<br />

Conforme Filo testificou, a LXX foi recebida no Egito com a mesma reverencia dada ao<br />

texto original hebraico. Provavelmente, somente na Palestina, a LXX não tenha sido<br />

aceita prontamente, pois ali, Se<strong>de</strong> da Ortodoxia Judaica, a preferência recaía sobre o<br />

texto hebraico original do Antigo Testamento.Houve outras versões gregas do Antigo<br />

Testamento, posteriormente preparadas. Mas nenhuma <strong>de</strong>las mereceu tanto apoio e<br />

respeito, por parte dos ju<strong>de</strong>us em geral, como essa.<br />

No mundo cristão, essa versão só foi suplantada bem mais tar<strong>de</strong>, pela tradução latina<br />

feita por Jerônimo, chamada Vulgata Latina. Isso suce<strong>de</strong>u porque o latim começara a<br />

substituir o grego no império romano do Oci<strong>de</strong>nte.Sabe-se que, durante a Ida<strong>de</strong> Média<br />

(séculos V a XV D.C.), o conhecimento do grego tornou-se to raro quanto o<br />

conhecimento do hebraico, no Oci<strong>de</strong>nte.<br />

Foi somente durante a Renascença , com o reavivamento da cultura grega, incluindo o<br />

idioma grego, que a LXX passou um milênio <strong>de</strong> obscurantismo. Devido às buscas,<br />

foram encontrados inúmeros manuscritos gregos da LXX, <strong>de</strong>vidamente guardados nas<br />

bibliotecas dos mosteiros. E, novamente, a Septuaginta tornou-se disponível ao<br />

conhecimento dos estudiosos.<br />

No império romano do Oriente, on<strong>de</strong> o grego sempre foi o idioma principal, a LXX teve<br />

uma história bem mais longa. Mas, visto que todo o idioma vivo passa por diversas<br />

fases, também chegou o tempo em que a LXX tornou-se obsoleta como veículo<br />

apropriado para conhecimento do Antigo Testamento, é outras versões gregas (e<br />

também em outros idiomas) se tornaram necessárias.<br />

Hoje em dia, os cristãos gregos não usam mais nem a LXX e nem o original grego do<br />

Novo Testamento. Há versões em grego mo<strong>de</strong>rno que são usadas por aqueles<br />

capazes <strong>de</strong> se utilizarem do grego mo<strong>de</strong>rno como meio <strong>de</strong> comunicação. Mas a<br />

Septuaginta <strong>de</strong>sempenhou um digno papel durante muitos séculos.Os próprios<br />

escritores sagrados do Novo Testamento utilizaram-se <strong>de</strong>la, chegando a citá-la ao pé<br />

da letra, em alguns trechos do Novo Testamento, conforme veremos abaixo.<br />

Avaliação da Septuaginta<br />

As várias porções da LXX exibem consi<strong>de</strong>rável varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilo e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. As<br />

mãos <strong>de</strong> diferentes tradutores po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectadas, embora o dogmatismo quanto à<br />

questão seja altamente perigoso.<br />

O Pentateuco é a porção traduzida com maior cuidado. Os <strong>de</strong>mais livros são <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> bastante inferior, e II Reis é o pior <strong>de</strong> todos. O primeiro livro dos Reis mostra<br />

uma tradução estragada por interpolações pias, paráfrases que refletem pressa,<br />

ignorância, <strong>de</strong>scuido e, ocasionalmente, até todas as três nódoas. Os textos <strong>de</strong><br />

Qumran, <strong>de</strong>scobertos na década <strong>de</strong> 1940, servem para confirmar essa posição <strong>de</strong><br />

crítica.Os Salmos representam uma tradução regular do texto massorético, embora a<br />

extensão <strong>de</strong> uma revisão e correção em um livro usado principalmente para<br />

finalida<strong>de</strong>s litúrgicas, não possa ser <strong>de</strong>terminada com facilida<strong>de</strong>.<br />

Os livros <strong>de</strong> Provérbios e Jó expõem um grego <strong>de</strong> bom padrão, embora com algumas<br />

estranhas variações no texto. Em outras passagens <strong>de</strong> Jó há uma incrível liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

manuseio, e o texto sagrado é ampliado sem qualquer razão.Em vista do exposto,<br />

parece que se o Pentateuco foi abordado com a tradicional reverência pelo texto<br />

sagrado, os tradutores parecem ter-se aproximado dos livros proféticos com menor<br />

senso <strong>de</strong> respeito e responsabilida<strong>de</strong>, enquanto que livros como Jó, Ester e Daniel<br />

parecem ter sido tratados como se fossem parte <strong>de</strong> outra literatura qualquer, <strong>de</strong><br />

natureza secular, e não sagrada.<br />

45


A tradução pesadamente hebraicizada do livro <strong>de</strong> Eclesiastes era quase inútil para<br />

quem soubesse falar somente o grego. O livro <strong>de</strong> Ezequiel <strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar,<br />

enquanto que a tradução do livro <strong>de</strong> Jeremias entra em choque, por muitas vezes,<br />

com o texto tradicional, o que também po<strong>de</strong> ser dito acerca do livro <strong>de</strong> Isaías,<br />

embora em menor grau.<br />

Em suma, a LXX, além <strong>de</strong> manifestar faltas graves como <strong>de</strong>scuido e ignorância, falhas<br />

essas bastante comuns entre os tradutores das Escrituras, em todas as línguas,<br />

também exibe a tendência <strong>de</strong> tentar corrigir um texto equivocadamente consi<strong>de</strong>rado<br />

errôneo, ou <strong>de</strong> distorcer propositalmente o relato sagrado, sem falarmos nas muitas<br />

interpolações, improvisações e modificações. Embora tão irregular essa tradução é um<br />

monumento literário e histórico uma contribuição social, e no apenas religiosa, à<br />

história da humanida<strong>de</strong>.<br />

O Grego da Septuaginta<br />

Também não nos <strong>de</strong>vemos esquecer aqui <strong>de</strong> comentar sobre o grego da LXX.<br />

Naturalmente, nessa versão não há aquele fenômeno <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilo e <strong>de</strong><br />

linguagem que se vê, por exemplo, nas traduções mais recentes da Bíblia para<br />

idiomas vernáculos, como nas traduções inglesas ou portuguesas.<br />

Na LXX, transparecem variegados graus <strong>de</strong> erudição quanto ao hebraico, e quanto à<br />

sensibilida<strong>de</strong> ao estilo. Isso po<strong>de</strong> ser comparado com o que suce<strong>de</strong>u ao grego do<br />

Novo Testamento. Este também foi escrito por vários autores, alguns <strong>de</strong>les ju<strong>de</strong>us<br />

palestinos (Mateus. Marcos, João, Pedro, Tiago e Judas); por um dos mais bemeducados<br />

homens <strong>de</strong> sua época, um ju<strong>de</strong>u helenista da dispersão na Ásia, Paulo; por<br />

um ilustre gentio <strong>de</strong> Antioquia ou Filipos, Lucas; e por alguém que, mui provavelmente,<br />

era um ju<strong>de</strong>u alexandrino (o escritor da epístola aos Hebreus, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconhecida).<br />

A linguagem <strong>de</strong>les vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o simples grego coloquial, afetado pelo hebraico ou pelo<br />

aramaico, até o melhor grego do século 1 D.C. (Lucas e Paulo; o primeiro ainda<br />

melhor que o segundo). Essas observações sobre o grego do Novo Testamento são<br />

feitas aqui porque a LXX manifesta características similares.<br />

Um sumário sobre esse confronto po<strong>de</strong>ria ser: a linguagem da LXX assemelha-se<br />

muito à do Novo Testamento, embora não sirva <strong>de</strong> bom exemplo do dialeto grego<br />

comum da época. Além disso, é mais intensamente afetada por hebraísmos do que<br />

qualquer porção do Novo Testamento. Por isso, tanto Josefo como Filo, ao citarem a<br />

LXX, o que fizeram com bastante freqüência, sentiram-se na obrigação <strong>de</strong> suavizar e<br />

adaptar sua linguagem.<br />

O Novo Testamento, pois, ganha muito em qualida<strong>de</strong>, em relação à LXX. Talvez<br />

porque o Novo Testamento não é uma tradução, mas uma obra originalmente escrita<br />

em grego. E, contrariamente, à opinião popular, os discípulos <strong>de</strong> Jesus não eram uns<br />

ignorantes. Indivíduos ignorantes e <strong>de</strong> pouca capacida<strong>de</strong> intelectual jamais teriam<br />

expressado as idéias que exprimiram.<br />

A Septuaginta no Noto Testamento<br />

Com base na avaliação acima, e com base na comparação com o Novo Testamento,<br />

po<strong>de</strong>-se dizer que a LXX po<strong>de</strong> ser caracterizada como um fracasso. Ela não penetrou<br />

no mundo literário gentílico. No entanto, como marco histórico, a LXX não po<strong>de</strong> ser<br />

subestimada.Ela serve <strong>de</strong> elemento indispensável na preservação da continuida<strong>de</strong> da<br />

adoração das sinagogas judaicas. Visto que ela era a Bíblia dos ju<strong>de</strong>us dispersos,<br />

tornou-se o Antigo Testamento. Isso se evi<strong>de</strong>ncia quando examinamos as abundantes<br />

citações do Antigo Testamento, feitas no Novo Testamento.<br />

O Novo Testamento Grego <strong>de</strong> Westcott e Hort oferece-nos uma Lista exaustiva<br />

<strong>de</strong>ssas citações: Mateus, 122 citações; Marcos, 71 citações; Lucas, 110 citações;<br />

João, 27 citações; Atos, 128 citações; Tiago, 26 citações; 1 Pedro, 35 citações; lI<br />

Pedro, 5 citações; Judas. 6 citações; Romanos, 87 citações; 1 Coríntios, 31 Citações;<br />

II Coríntios, 29 citações; Gálatas, 19 citações; Efésios, 27 citações; Filipenses, 7<br />

46


citações; Colossenses. 5 citações; 1 Tessalonicenses, 9 citações; 11 Tessalonicenses,<br />

13 citações; Hebreus, 100 citações; 1 Timóteo, 2 citações; II Timóteo, 5 citações; Tito,<br />

3 citações; Apocalipse, 501 citações.<br />

Isso dá um total <strong>de</strong> mil, trezentas e setenta e oito citações <strong>de</strong> trechos gerais do Antigo<br />

Testamento, das quais quarenta e seis são extraídas da Septuaginta.Portanto, como<br />

vemos, quase todas as citações concordam com o Antigo Testamento, conforme o<br />

conhecemos atualmente.Mas outras citam a LXX quase palavra por palavra, embora<br />

também haja paráfrases, fusões ou traduções livres, feitas pelos próprios autores<br />

sagrados.Mas, mesmo inteiramente à parte das citações, a Septuaginta exerceu<br />

profunda influência.<br />

Palavras, frases e reverberações verbais abundam no texto do Novo Testamento,<br />

refletindo a Septuaginta.Algumas das gran<strong>de</strong>s palavras teológicas da era apostólica<br />

parecem ter sido preparadas <strong>de</strong> antemão, para seu sentido caracteristicamente<br />

cristão, pelo uso que elas tiveram na Septuaginta. Citando Swete, conhecido por suas<br />

pesquisas diligentes.<br />

Não somente o Antigo Testamento, mas até mesmo a versão alexandrina do Antigo<br />

Testamento, <strong>de</strong>ixaram suas marcas sobre cada página do Novo Testamento, mesmo<br />

nos capítulos e livros on<strong>de</strong> não é distintamente citada.<br />

Não é exagero dizer-se, quanto à sua forma literária e expressão, o Novo Testamento,<br />

teria sido inteiramente diferente se tivesse sido escrito por autores que conhecessem<br />

somente o original hebraico do Antigo Testamento, ou que o conhecessem em uma<br />

tradução diferente da Septuaginta.<br />

Prognóstico<br />

Na ausência <strong>de</strong> outras gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas literárias , no futuro, coisa alguma po<strong>de</strong>rá<br />

ser acrescentada ao estudo material básico sobre a Septuaginta. Muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />

das conjecturas, embora muitos discernimentos, novos arranjos <strong>de</strong> informes, e mais<br />

análises <strong>de</strong>talhadas possam ser expostas como teorias.<br />

A única contribuição que ainda po<strong>de</strong>rá ser feita ao nosso conhecimento a respeito<br />

envolve o esclarecimento <strong>de</strong> certos pontos <strong>de</strong> gramática e do estilo do grego usado na<br />

Septuaginta. Há várias traduções inglesas da Septuaginta, a mais recente das quais<br />

<strong>de</strong> 1844, embora também exista uma republicação <strong>de</strong> outra, mais antiga, que foi dada<br />

a público em 1954. Em português não há coisa alguma nesse campo <strong>de</strong> conhecimento<br />

bíblico.<br />

A Septuaginta e os Manuscritos do Mar Morto<br />

È significante notar que em alguns lugares, os textos hebraicos dos manuscritos do<br />

Mar Morto, (<strong>de</strong> livros do Antigo Testamento), concordam com a LXX contra o texto<br />

hebraico comum do A.T., isto é, o MT.<br />

Isso comprova que a Septuaginta tem valor no campo da crítica <strong>de</strong> texto do A.T.,<br />

sendo que o MT texto nem sempre representa as leituras originais da Bíblia hebraica.<br />

O Hebraico<br />

O hebraico é uma antiga língua semítica, que pertence ao ramo norte-oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>ssa<br />

família <strong>de</strong> línguas. Era uma língua que se escrevia com um alfabeto não-pictográfico<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, embora fosse um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outras formas escritas<br />

semíticas. O hebraico antigo, quanto a sua escrita, foi transformado e usado na<br />

literatura rabínica; e foi revivido pelo movimento sionista, já nos tempos mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Caracterizava-se pela estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus fonemas consonantais.<br />

Consiste em uma raiz <strong>de</strong> três fonemas consonantais, que forma a base da construção<br />

da língua. O vocabulário, como um todo, alicerça-se sobre raízes com três fonemas,<br />

com o auxílio <strong>de</strong> vogais interpoladas, com a adição <strong>de</strong> prefixos e sufixos, e a<br />

duplicação <strong>de</strong> raízes consonantais, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com regras bem regulares.O<br />

hebraico é bastante diferente, em sua estrutura, em relação às línguas indo-européias.<br />

47


Tem menos tempos verbais, não tem formas separadas para indicar os modos<br />

condicional, subjuntivo e optativo. Contudo, mediante vários modos, o hebraico evolui<br />

um elaborado sistema <strong>de</strong> vozes.<br />

Há três vozes ativas, três vozes passivas e uma voz reflexiva, todas com a mesmas<br />

formações <strong>de</strong> tempos verbais básicos. A sintaxe do hebraico é extremamente simples.<br />

Caracteriza-se por uma maneira <strong>de</strong> expressão não abstrata, concisa e incisiva, que<br />

servia <strong>de</strong> excelente instrumento para a poesia-épica e lírica. O hebraico usado no<br />

Antigo Testamento envolve um pequeno vocabulário, pobre em adjetivos <strong>de</strong>scritivos e<br />

em substantivos abstratos.<br />

Tanto na antiguida<strong>de</strong> quanto hodiernamente, o hebraico era escrito da direita para a<br />

esquerda, o oposto da nossa maneira <strong>de</strong> escrever, que é da esquerda para a direita.<br />

Origem das Palavras Semíticas e Hebraicas<br />

A palavra semítico <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> Sem, o filho mais velho <strong>de</strong> Noé. O hebraico estava<br />

intimamente ligado ao idioma antigo <strong>de</strong> Ugarite, capital <strong>de</strong> um pequeno reino da<br />

costa norte da Síria, atualmente chamada Ras Shamra; e também estava vinculado ao<br />

idioma dos fenícios e dos moabitas. Nas páginas do Antigo Testamento, o hebraico é<br />

chamado <strong>de</strong> “língua <strong>de</strong> Canaã”(ver Isa. 19:18 e Nee. 13:24). Portanto, embora os<br />

hebreus sejam um povo semita, seu idioma é tipicamente cananeu.<br />

Ao que parece, vários povos semitas absorveram línguas cananéias(e, portanto,<br />

camitas), talvez por miscigenação. Isso se vê facilmente entre os hebreus. O termo<br />

hebraico foi usado pela primeira vez para <strong>de</strong>signar esse idioma, nos escritos <strong>de</strong> Ben-<br />

Sisaque, em cerca <strong>de</strong> 130 a. C.<br />

O Alfabeto Hebraico<br />

O hebraico tem duas letras consoantes, embora, posteriormente, a letra “s” tivesse<br />

adquirido duas formas; pelo que se po<strong>de</strong>ria dizer que contava com vinte e três letras<br />

consoantes. Essas letras, tal como se dava com as letras gregas, também<br />

representavam números.<br />

Uso do Hebraico na Palestina<br />

O hebraico foi adaptado pelos israelitas que falavam o aramaico(após o cativeiro<br />

babilônico), com pesadas misturas com o aramaico, além <strong>de</strong> outras línguas indígenas<br />

da Palestina. Palavras <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> outros idiomas, como dialetos aramaicos, o<br />

acádico, o árabe, o persa e o grego também foram acrescentadas, tudo o que serviu<br />

para enriquecer o anterior pequeno vocabulário hebraico. Tal como suce<strong>de</strong> a todos os<br />

idiomas, o hebraico foi-se modificando <strong>de</strong> um período histórico para outro.<br />

O hebraico bíblico(clássico) difere do hebraico empregado na Mishnah; e é muito<br />

diferente do hebraico mo<strong>de</strong>rno. Já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> bem antes da época <strong>de</strong> Jesus(século II a.C.),<br />

o hebraico bíblico <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ser falado pelo povo ju<strong>de</strong>u.<br />

E uma língua irmã, o aramaico, havia se tomado o lugar do hebraico. As referências<br />

neotestamentárias ao hebraico não alu<strong>de</strong>m ao hebraico clássico, e sim, ao aramaico.<br />

João 5:2; 19:13, 17, 20; Atos 21:40; 22:2 etc. Ocorrem algumas palavras e mesmo<br />

frases em aramaico, no Novo Testamento grego, como talitha cumi(Mar. 5:41), Eloi,<br />

Eloi, lama sabachtani(Mar.15:34) e maranata(I Cor. 16:22).<br />

O hebraico clássico continuou sendo usado na liturgia das sinagogas, da mesma<br />

forma que a Igreja cristã oci<strong>de</strong>ntal reteve o latim, com propósitos litúrgicos. Algumas<br />

poucas cartas foram encontradas entre os materiais encontrados nos manuscritos do<br />

Mar Morto, escritas em hebraico, o que significa que o idioma hebraico não morrera<br />

inteiramente.Três fragmentos <strong>de</strong> orações <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento foram encontrados em<br />

Dura-Europus(com data <strong>de</strong> meados do século II d.C.), o que <strong>de</strong>monstra que alguns<br />

cristãos hebreus continuaram a usar, embora <strong>de</strong> forma limitada, o hebraico clássico,<br />

em sua adoração.<br />

48


Maneira <strong>de</strong> Escrever<br />

O idioma hebraico era escrito somente com consoantes, sem vogais.<br />

Mas, por volta do século V a.C., começaram a aparecer ajudas para a leitura, que<br />

vários eruditos atualmente chamam <strong>de</strong> matres lectionis.Três letras semi-vocálicas<br />

eram ocasionalmente inseridas, indicando os fonemas “a”, “e” ou “i”, ou então “o” ou<br />

“u”. Porém, um completo sistema <strong>de</strong> vocalização, empregando sinais para indicar as<br />

vogais, só apareceu no século VI d.C.<br />

Três sistemas diferentes <strong>de</strong>senvolveram-se. Na Babilônia e na Palestina, sinais<br />

vocálicos eram postos acima das consoantes(as vogais supralineares).<br />

No sistema tiberiano, os sinais vocálicos eram postos por baixo das consoantes(as<br />

vogais infralineares).<br />

Esses sinais vocálicos têm a aparência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> pontos ou traços. Esse modo<br />

infralinear foi adotado para o hebraico impresso. Pontuação e entonação extraalfabéticas<br />

também vieram a ser adotadas. Mo<strong>de</strong>rnamente, a pronúncia que se ensina<br />

aos alunos <strong>de</strong> hebraico é a pronúncia sefaradita(ju<strong>de</strong>us espanhóis).<br />

Cuidados na Escrita<br />

Os piedosos escribas ju<strong>de</strong>us tinham o maior cuidado quando copiavam manuscritos,<br />

preservando as letras consoantes do hebraico. Faziam-no tão meticulosamente, que<br />

até os erros <strong>de</strong> cópia foram sendo preservados. Os manuscritos do Mar Morto têm<br />

provado que importantes variantes têm ocorrido, e que, em alguns trechos, a<br />

Septuaginta tem preservado um texto mais antigo que aquele que transparece no<br />

chamado texto massorético.Porém, é óbvio que os manuscritos hebraicos eram<br />

copiados com muito maior cuidado do que o foram os manuscritos gregos do Novo<br />

Testamento.<br />

Os escribas anotavam variantes e correções à margem dos manuscritos, e também<br />

explicavam ou substituíam vocábulos obsoletos.Também faziam a tentativa para<br />

i<strong>de</strong>ntificar erros no texto, com notas à margem; mas <strong>de</strong>ixavam intacto ao próprio texto.<br />

O texto sagrado é chamado ketib(o escrito), ao paso que as notas marginais eram o<br />

gere(o que <strong>de</strong>ve ser lido).<br />

Sumário dos Fatos Históricos<br />

As origens absolutas dos idiomas do mundo estão inteiramente perdidas para nós.<br />

Alguns teólogos supõem que os idiomas sejam um dom <strong>de</strong> Deus, e não o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento gradual <strong>de</strong> um longo período <strong>de</strong> tempo.Os evolucionistas opinam que<br />

os povos selvagens precisaram <strong>de</strong> milênios para <strong>de</strong>senvolver a linguagem. Porém, é<br />

muito difícil imaginar que meros selvagens pu<strong>de</strong>ssem ter <strong>de</strong>senvolvido as gran<strong>de</strong>s<br />

complexida<strong>de</strong>s dos idiomas antigos, meramente dando nomes aos objetos, para em<br />

seguida dar nomes às ações.<br />

Na verda<strong>de</strong>, o que sabemos a respeito do mistério das origens dos idiomas é zero.<br />

Quando Abraão entrou na Palestina, ele trouxe consigo um idioma semítico; mas esse<br />

não era o mesmo que o hebraico bíblico posterior. Se Abraão e Moisés pu<strong>de</strong>ssem terse<br />

encontrado, só po<strong>de</strong>riam ter conseguido comunicar-se com imensa dificulda<strong>de</strong>.<br />

Quando Moisés e os filhos <strong>de</strong> Israel entraram na Palestina, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem vivido no<br />

Egito, trouxeram consigo um idioma semítico; mas esse era muito diferente, em várias<br />

coisas, do idioma que, finalmente, foi usado para ser escrito o Antigo Testamento.<br />

Todavia, eruditos conservadores têm procurado <strong>de</strong>senterrar evidências arqueológicas,<br />

na tentativa <strong>de</strong> mostrar que a língua falada por Moisés era essencialmente aquela do<br />

Pentateuco bíblico.<br />

Porém, estudiosos mais liberais crêem que há provas <strong>de</strong> que o hebraico da Bíblia foi<br />

um idioma adotado pelos hebreus.Em outras palavras, Israel adotou o idioma <strong>de</strong><br />

Canaã, que já se falava ali, antes <strong>de</strong>les chegarem à região.Estudos comparativos<br />

mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> lingüística têm <strong>de</strong>monstrado que o hebraico faz parte do grupo noroeste<br />

<strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> línguas semíticas.<br />

49


Falado na terra <strong>de</strong> Canaã, foi adotado pelos hebreus, quando <strong>de</strong> estabeleceram na<br />

região.<br />

Provavelmente, se aceitarmos um meio-termo nessa controvérsia, chegaremos mais<br />

perto ainda da verda<strong>de</strong> dos fatos.<br />

Nenhum povo simplesmente abandona a sua própria língua para adotar outra, embora<br />

falada na região para on<strong>de</strong> aquele povo se mudou. Os hebreus trouxeram consigo um<br />

idioma semítico,encontraram o idioma semito-cananeu;e,gradualmente, amalgamaram<br />

os dois. Assim sendo, em um certo sentido, po<strong>de</strong>mos falar sobre a adoção <strong>de</strong> uma<br />

língua , nesse caso, visto que o idioma <strong>de</strong> Canaã foi uma fonte e uma influência<br />

importante. A mistura <strong>de</strong> dois idiomas parecidos produziu um terceiro, e esse terceiro<br />

é justamente o hebraico bíblico.<br />

Uma ilustração mais recente: tribos germânicas invadiram as ilhas britânicas, no<br />

século V d.C. Ali elas encontraram uma língua celta. Elas não adotaram o celta; mas<br />

não <strong>de</strong>morou muito para que o anglo-saxão que essas tribos trouxeram se tornasse no<br />

inglês; e isso em um período comparativamente curto. Ora, o inglês é bastante<br />

diferente do alemão, embora seja ainda mais distante do celta das primitivas tribos que<br />

ali residiam.<br />

Por semelhante modo, a língua semítica que o povo <strong>de</strong> Israel trouxe consigo do Egito,<br />

misturou-se com o idioma que já era falado na Palestina, do que resultou um idioma<br />

distinto. Nos casos em que as pessoas essencialmente analfabetas, e on<strong>de</strong> a literatura<br />

não é generalizada, as mudanças que ocorrem em um idioma qualquer são muito<br />

rápidas.Seja como for, o fato é que o idioma resultante, o hebraico bíblico, estava bem<br />

relacionado aos idiomas da antiga Ugarite, dos fenícios e dos moabitas. Sua versão<br />

escrita <strong>de</strong>scendia do semítico do norte, ou escrita fenícia.<br />

Com as únicas exceções dos capítulos dois a sexto <strong>de</strong> Daniel e dos capítulos quarto a<br />

sétimo <strong>de</strong> Esdras, o Antigo Testamento inteiro foi escrito em hebraico clássico.<br />

Naturalmente, po<strong>de</strong>mos encontrar naqueles trinta e nove livros vários níveis <strong>de</strong><br />

expressão histórica do mesmo idioma.O primeiro capítulo <strong>de</strong> Gênesis, por exemplo,<br />

reflete uma versão antiqüíssima do hebraico, mas já no segundo capítulo do mesmo<br />

livro temos uma versão bem mais recente da mesma língua. Isso quer dizer que o<br />

primeiro capítulo <strong>de</strong> Gênesis preserva registros escritos bem antigos.<br />

As narrativas do Antigo Testamento que <strong>de</strong>screvem os contatos entre os hebreus e<br />

outros povos que habitavam em Canaã, <strong>de</strong>monstram que eles se comunicavam uns<br />

com os outros com facilida<strong>de</strong>. Isso significa que os vários ramos <strong>de</strong>ssa língua <strong>de</strong>viam<br />

estar bem espalhados, e que eram bem relacionados entre si, mais ou menos como no<br />

caso do espanhol e do português.<br />

O Grego<br />

O grego como idioma universal. A história do idioma grego remonta para além <strong>de</strong> 200<br />

a.C., chegando mesmo aos tempos pré-históricos, às tribos primitivas da família<br />

ariana.<br />

È muito provável que as tribos originais que falavam o grego mais primitivo habitassem<br />

nas praias do mar Negro. Alguns sábios acreditam que certos dialetos se<br />

<strong>de</strong>senvolveram formando o idioma grego, antes mesmo das tribos terem penetrado na<br />

área da Grécia atual.Os mais antigos dialetos parecem ter sido o dórico, o aeólico e<br />

o jônico.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses dialetos teria ocorrido entre 1600 e 2000 a.C., tendo<br />

aparecido com quatros distintos: aeólico(lésbio, tessalônico e boécio), ático-jônico,<br />

arcádio-cipriota, e grego oci<strong>de</strong>ntal(noroeste da Aetólia, Locris, Elis e outros lugares; e<br />

dórico na Corcira, em Creta, em Ro<strong>de</strong>s e em outros lugares).A primeira migração <strong>de</strong><br />

povos gregos para a Europa continental <strong>de</strong>ve ter tido lugar antes <strong>de</strong> 1900 a.C.<br />

Provavelmente esse êxodo teve lugar através da Ásia Menor, segundo a erudição<br />

mo<strong>de</strong>rna, com o auxílio da arqueologia, tem <strong>de</strong>monstrado.<br />

Essa data é anterior por diversos séculos da data que previamente se calculava.<br />

50


O período clássico grego é situado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Homero(900 a.C.) até às conquistas <strong>de</strong><br />

Alexandre(330 a.C). Posto que o dialeto ático era proeminente na literatura grega<br />

antiga e na ativida<strong>de</strong> filosófica, esse dialeto gradualmente foi sobrepujando os <strong>de</strong>mais,<br />

exercendo uma influência mais vasta que os outros. O dialeto ático, que era falado<br />

inclusive em Atenas, tornou-se a força amoldadora no <strong>de</strong>senvolvimento da língua<br />

grega.<br />

Filipe da Macedônia(meados do século IV a.C.) efetuou a unificação política da Grécia,<br />

e assim foi <strong>de</strong>scontinuado o isolamento em que viviam as cida<strong>de</strong>s-estados dos gregos.<br />

Os dialetos começaram a <strong>de</strong>saparecer. O filho <strong>de</strong> Filipe, Alexandre o Gran<strong>de</strong>,<br />

mediante suas conquistas <strong>de</strong> âmbito mundial, espalhou a cultura e a língua graças por<br />

toda a parte. O resultado disso, no que respeito ao idioma, foi o <strong>de</strong> dissipar mais ainda<br />

as diferenças dialéticas, emergindo assim uma única forma essencial do idioma grego,<br />

o koiné. Desse modo, o grego se tornou um idioma universal.<br />

As datas do período do koiné vão <strong>de</strong> 300 a.C a 330 d.C., aproximadamente.Os<br />

historiadores dizem-nos que esse grego era francamente falado em Roma, em<br />

Alexandria, em Jerusalém e em outros centros urbanos, tanto quanto era falado em<br />

Atenas.Olhando <strong>de</strong> volta pelos corredores da história, vemos que os principais fatores,<br />

que fizeram surgir esse grego comum, a linguagem universal <strong>de</strong> então, foram quatro:<br />

a. extensa colonização pelos gregos, espalhando assim a cultura, o idioma e o po<strong>de</strong>rio<br />

gregos no mundo antigo.<br />

b. a íntima filiação política e comercial dos povos gregos separados, o que provocou a<br />

fusão <strong>de</strong> todos os dialetos.<br />

c. os entrelaçamentos religiosos, que tiveram o mesmo efeito. As gran<strong>de</strong>s festivida<strong>de</strong>s<br />

nacionais em centros religiosos como Olímpia, Delos e Delfos, proveram o solo fértil<br />

para esse fator.<br />

d. as conquistas <strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong>, foram o fator que <strong>de</strong>u maior impulso à<br />

universalização do idioma grego.<br />

O grego koiné é essencialmente ático, mas contém elementos que dos outros dialetos,<br />

especialmente no que toca à forma e soletração <strong>de</strong> algumas palavras. Deve-se notar<br />

também que uma simplificação geral do ático clássico teve lugar na formação do<br />

koiné, tanto gramaticalmente como em suas expressões, como qualquer estudante,<br />

tanto do grego koiné como do grego clássico po<strong>de</strong> averiguar.Assim sendo, o grego<br />

koiné po<strong>de</strong> ser muito mais facilmente traduzido pelo estudante mo<strong>de</strong>rno do que os<br />

escritos clássicos.<br />

O Grego do Novo Testamento<br />

Muita controvérsia tem girado em torno da discussão obre o caráter exato do grego do<br />

Novo Testamento.<br />

Os dois campos opostos, no princípio, foram os chamados puristas e hebraístas.<br />

1-Os primeiros criam que a revelação <strong>de</strong> Deus, no Novo Testamento, não po<strong>de</strong>ria ser<br />

dada senão na mais excelente linguagem - e para eles isso significava o grego ático<br />

clássico. Muitas eruditos primitivos trabalharam diligentemente para recomendar essa<br />

tese, mas sem o menor resultado, porquanto o Novo Testamento claramente não cabe<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse mol<strong>de</strong>.Em primeiro lugar, conta com várias centenas <strong>de</strong> palavras<br />

distintas, palavras <strong>de</strong> forma alguma usadas no grego ático clássico, além <strong>de</strong> muitos<br />

termos revestidos <strong>de</strong> sentido diferente daquele que possuíam no período clássico.<br />

Em segundo lugar, é obvio que outros dialetos gregos, além do ático, podiam ser<br />

vistos, <strong>de</strong> alguma maneira, nas palavras e na gramática exibidas pelo Novo<br />

Testamento. A impossibilida<strong>de</strong> óbvia dos puristas <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrarem na prática a sua<br />

causa, <strong>de</strong>u aos hebraístas uma vitória temporária.<br />

2-Estes últimos afirmavam que o Novo Testamento contém uma forma especial <strong>de</strong><br />

grego, um grego hebraico, varieda<strong>de</strong> distinta conhecida apenas na Bíblia – na<br />

Septuaginta e no Novo Testamento. Essa era a opinião prevalecente até o início do<br />

século XX.<br />

51


Porém, no começo <strong>de</strong>ste século, o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> numerosos documentos em<br />

papiro, alguns fragmentários, e outras porções bastante extensas, começou a<br />

revolucionar todo o método <strong>de</strong> estudo da filologia – neotestámentaria.Tornou-se óbvio<br />

que tanto os puristas como os hebraístas estavam fundamentalmente equivocados.<br />

Os sábios começaram a ver que o Novo Testamento havia sido escrito na língua<br />

comum do povo, a língua franca do mundo greco-romano. Muitíssimos papiros bíblicos<br />

e não bíblicos foram encontrados.<br />

Entre eles, as <strong>de</strong>clarações não bíblicas <strong>de</strong> Jesus, manuscritos autênticos do Novo<br />

Testamento, escritos completos não bíblicos, como cartas particulares, petições,<br />

pesquisas <strong>de</strong> terras, testamentos, contas, contratos e outros tipos <strong>de</strong> correspondência<br />

diária, além <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> literatura cristã primitiva.Tudo isso <strong>de</strong>monstrou que o<br />

Novo Testamento, quanto à linguagem comum daquela época. A vasta maioria das<br />

palavras do Novo Testamento, <strong>de</strong>sconhecida no grego clássico, tem sido encontrada<br />

nesses documentos. Naturalmente, o grego do Novo Testamento ainda assim ocupa<br />

lugar à parte, no sentido <strong>de</strong> que qualquer obra mais extensa é dona <strong>de</strong> seu próprio<br />

lugar.<br />

Em certas porções, tem seu próprio uso distintivo <strong>de</strong> alguns termos e mediante seus<br />

vários autores, tem seu estilo todo próprio.Parte do Novo Testamento foi escrito em<br />

bom grego Literário koiné (nome esse que significa comum), um termo que <strong>de</strong>signa o<br />

grego helênico ali empregado, o que tem em vista o linguajar ‘comum’ do povo, o<br />

grego padronizado da época, em contraste com a linguagem dos autores clássicos.<br />

Lucas e Paulo usaram uma boa forma <strong>de</strong> koiné literário, em contraste com a<br />

linguagem mais coloquial do homem <strong>de</strong> rua, sem gran<strong>de</strong> educação.<br />

Por outro lado, Marcos e o livro do Apocalipse, revelam um koiné, menos educado,<br />

contendo erros gramaticais como geralmente o povo comum comete.Os escritos <strong>de</strong><br />

Lucas (Lucas, Atos) e a epístola aos Hebreus, refletem um idioma mais clássico que o<br />

<strong>de</strong> Paulo; e Lucas chega a ocasionalmente usar um termo em seu sentido clássico, e<br />

não próprio do koiné.Todavia, todos os livros, como um todo, po<strong>de</strong>m ser seguramente<br />

catalogados na corrente da linguagem comum do século I <strong>de</strong> nossa era, a <strong>de</strong>speito do<br />

jato <strong>de</strong> que representam aspectos vários da corrente.<br />

Mas tudo isso precisa ser dito sem que se <strong>de</strong>spreze certos livros, e os evangelhos em<br />

particular, que mostram influências do hebraico e do aramaico, visto que a língua<br />

materna <strong>de</strong> Cristo e seus apóstolos era o aramaico. Apenas alguns poucos eruditos<br />

se têm recusado a conce<strong>de</strong>r a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certas fontes aramaicas para esses<br />

livros.<br />

A atual tendência do estudo a respeito parece indicar que a “influência aramaica; tem<br />

sido provada como parte legitima do grego koiné. E assim, apesar <strong>de</strong> continuar-se a<br />

admitir a influência aramaica”, todos admitem que a linguagem essencial do Novo<br />

Testamento é o grego koiné, largamente usado na época por todo o mundo grecoromano.<br />

Os Papiros<br />

Calcula-se que cerca <strong>de</strong> 25 mil papiros, têm sido <strong>de</strong>scobertos, os quais confirmam a<br />

natureza do grego do Novo Testamento, segundo se <strong>de</strong>screve acima.<br />

A maioria <strong>de</strong>sses papiros, naturalmente, consiste <strong>de</strong> matéria não bíblica, como cartas<br />

particulares, notas, contratos, etc.Entre as mais importantes <strong>de</strong>scobertas, no tocante<br />

aos papiros, temos: Das ruínas <strong>de</strong> Herculano, na Itália, chegou às nossas mãos o<br />

remanescente <strong>de</strong> uma biblioteca filosófica, que constituiu a primeira <strong>de</strong>scoberta<br />

substancial <strong>de</strong> papiros.<br />

Em Behnesa, antigo Oxyrynchus, no Egito, foram <strong>de</strong>senterrados papiros contendo<br />

<strong>de</strong>clarações extrabíblicas atribuidas a Jesus.Foram publicadas em 1897 sob o título<br />

<strong>de</strong> “Logia”. No sul <strong>de</strong> Fayum, Egito, sendo utilizados como envoltórios e estofos <strong>de</strong><br />

crocodilos mumificados (por serem divinizados pelos antigos) foram <strong>de</strong>scobertos<br />

muitíssimos papiros, contendo contratos, cartas particulares, pesquisas <strong>de</strong> terras e<br />

gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros documentos. Esses papiros foram <strong>de</strong>scobertos por<br />

52


aci<strong>de</strong>nte, quando um operário irado (indignado por nada haver achado <strong>de</strong> mais valor<br />

do que crocodilos mumificados) jogou um <strong>de</strong>les contra uma rocha. O crocodilo partiuse<br />

pelo meio, e os olhos admirados do operário viram esses documentos. Muitos<br />

outros crocodilos mumificados produziram mais papiros.<br />

As <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> papiros contendo literatura cristã primitiva, mas não parte do Novo<br />

Testamento também têm ajudado a iluminar a linguagem do Novo Testamento. Entre<br />

essas há uma cópia do Pastor <strong>de</strong> Hermas, uma conclusão diferente <strong>de</strong> Atos, onze<br />

páginas mais longa, um sermão <strong>de</strong> Melito <strong>de</strong> Sar<strong>de</strong>s, obre a Paixão, além <strong>de</strong> partes<br />

das obras <strong>de</strong> um certo número dos pais da Igreja, como Irineu, Aristi<strong>de</strong>s, Clemente e<br />

alguns livros apócrifos, além <strong>de</strong> hinos, cristãos, orações, cartas, etc.<br />

Muitas inscrições têm sido encontradas que ilustram em parte a linguagem do Novo<br />

Testamento, mas usualmente uma inscrição é feita em linguagem um tanto formal e<br />

artificial, pelo que seu valor, com essa finalida<strong>de</strong>, é limitado.<br />

As Ostracas<br />

Outra evidência arqueológica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o estudo do grego do Novo<br />

Testamento é a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> ostraca.<br />

Muitas Milhares <strong>de</strong> Ostracas têm sido achadas em montes <strong>de</strong> lixo, túmulos, sepulturas<br />

e outros tipos <strong>de</strong> lugares explorados pela arqueologia.As ostracas são pedaços<br />

quebrados <strong>de</strong> argila ou vasos, usados pelas classes mais pobres como material <strong>de</strong><br />

escrita. Preservam registros <strong>de</strong> muitas espécies, incluindo recibos <strong>de</strong> impostos, cartas<br />

pessoais, etc.<br />

Dos muitos milhares <strong>de</strong>sses pedaços <strong>de</strong> ostraca apenas 20 contêm alguma porção do<br />

Novo Testamento. Desses, <strong>de</strong>z registram a extensa passagem <strong>de</strong> Lucas 22:40-71.<br />

Outros trazem Mat. 27:31,32, Mar. 5:40,41; 9:17,18,12:13-16; João 1:1-9; 1:1-14-17;<br />

18:19-25 e 19:15-17.<br />

Embora pouquíssimas passagens bíblicas tivessem sido assim preservadas, e essas<br />

pertençam acerca do século VII, não sendo por isso mesmo especialmente antigas, as<br />

ostracas não bíblicas têm <strong>de</strong>sempenhado papel importante, lançando luz sobre muitos<br />

<strong>de</strong>talhes das características lingüísticas do Novo Testamento.<br />

As ostracas escritas não em grego, mas especialmente em cóptico, ainda que nada<br />

ilustrem sobre a linguagem do Novo Testamento, revestem-se <strong>de</strong> importância no<br />

tocante à história do cristianismo, algumas contêm cartas, hinos e outros escritos<br />

cristãos semelhantes.<br />

Os Papiros do Novo Testamento<br />

Nas últimas décadas têm sido <strong>de</strong>scobertos muitos papiros, manuscritos do Novo<br />

Testamento. Variam quanto à data do século II ao século VII, e assim fornecem-nos<br />

um texto muito mais antigo que qualquer outro conhecido antes do século XX.<br />

Quando Erasmo (no século XVI) compilou o que atualmente se conhece como Textus<br />

Receptus (do que maioria das primeiras traduções foi feita) o manuscrito mais antigo<br />

que se dispunha era o Có<strong>de</strong>x 1, um manuscrito do século X. Po<strong>de</strong>-se ver facilmente,<br />

portanto que os tradutores mo<strong>de</strong>rnos têm a vantagem contar com manuscritos muito<br />

mais antigos.<br />

Toda informação provida pelos antigos manuscritos <strong>de</strong>scobertos tem sido incorporada<br />

em textos gregos mo<strong>de</strong>rnos como o texto <strong>de</strong> Nestle, que já passou por do que 25<br />

edições, apresentando sempre novas <strong>de</strong>scobertas. Agora possuímos 76 papiros do<br />

Novo Testamento Grego, alguns fragmentários, mas outros contendo largas porções<br />

do mesmo. Cerca <strong>de</strong> 79% do N.T está coberto pelos papiros, e certas porções disso<br />

por mais <strong>de</strong> um manuscrito.<br />

Os papiros mais completos são o P(45) (largas porções dos evangelhos) P(4)(a maior<br />

4,arte das epístolas paulinas); o P(47) (porções <strong>de</strong> Atos, Tiago, 1 e II Pedro, 1,11 e III<br />

João), o P(75) (muito <strong>de</strong> Lucas e João) e o P(72) (Judas, 1 e II Pedro).<br />

As Influências Lingüísticas e Históricas que têm <strong>de</strong>terminado o caráter do Novo<br />

Testamento são diversas:<br />

53


Embora algo do que foi exposto anteriormente procure mostrar que a influência<br />

exercida pelos idiomas hebraico e aramaico tenha sido exagerada, seria um sério<br />

engano subenten<strong>de</strong>r, com que o Novo Testamento não exibe muita influência<br />

lingüística estilística <strong>de</strong> muitas obras literárias anteriores, que lhe afetou até mesmo a<br />

gramática.<br />

O tipo <strong>de</strong> linguagem usado no N.T., tanto no tocante ao estilo como no tocante à<br />

gramática, é um <strong>de</strong>sdobramento — pois começou muito antes, nos escritos dos<br />

autores clássicos. Por exemplo, já no século IV A.C., nos escritos, dos autores das<br />

comédias gregas, po<strong>de</strong>-se ver uma influência, não nos seus temas, mas no fato <strong>de</strong><br />

que esses autores começaram a empregar a linguagem do povo comum, em contraste<br />

com uma linguagem literária elevada, O N.T. foi escrito quase inteiramente nesse tipo<br />

<strong>de</strong> linguagem.<br />

Os historiadores gregos, tais como Xenofonte, Heródoto e Tucídi<strong>de</strong>s, criaram uma<br />

prosa (em contraste com a poesia, que durante muito tempo fora a única forma <strong>de</strong><br />

expressão literária) que contribuiu para o tipo <strong>de</strong> prosa que finalmente foi usado no<br />

N.T. No século II A.C., Polibio escreveu em um grego não muito diferente do <strong>de</strong> Lucas,<br />

no livro <strong>de</strong> Atos. Foi o grego ático koiné, e esse <strong>de</strong>senvolvimento pavimentou o<br />

caminho para o idioma universal que serviu <strong>de</strong> veículo dos escritos do N.T. Através <strong>de</strong><br />

tudo isso temos o processo da simplificação e da universalização, e ambos esses<br />

aspectos foram necessários para que o N.T. fosse largamente divulgado e tivesse<br />

larga esfera <strong>de</strong> influência:<br />

Antigos oradores gregos, tais como Diodoro e Dionísio, também participaram na<br />

preparação do caminho para o tipo <strong>de</strong> linguagem e estilo que se encontra no N.T.,<br />

especialmente segundo se nota em alguns escritos <strong>de</strong> Paulo, principalmente a sua<br />

epístola aos Romanos.De modo geral, po<strong>de</strong>-se distinguir quatro correntes distintas <strong>de</strong><br />

tradição lingüística:<br />

Septuaginta (ou LXX) — (tradução da Bíblia hebraica para o grego), <strong>de</strong>ntre todas as<br />

obras literárias da antiguida<strong>de</strong>, é a que tem exercido influência mais po<strong>de</strong>rosa sobre o<br />

conteúdo e o caráter do N.T. Muitas citações (<strong>de</strong> fato, a maioria <strong>de</strong>las), no N.T., foram<br />

extraídas diretamente <strong>de</strong>ssa obra, e não do A.T. em hebraico, e por isso sua<br />

linguagem e estilo transparecem com proeminência nas páginas do N.T. A LXX reflete<br />

o grego koiné, o que também ocorre com o N.T.<br />

O pensamento oriental dá colorido à parte <strong>de</strong> sua linguagem, mas talvez a maior<br />

influência, fora do grego “koiné” típico, seja encontrada nos sentidos dos vocábulos.<br />

Posto que a LXX foi uma tradução do hebraico, é natural que os sentidos das<br />

palavras, ocasionalmente, se baseiem em idéias hebraicas, e não em qualquer<br />

elemento distintamente grego.<br />

Por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> termos como justiça, “justificação”, “fé”, “verda<strong>de</strong>”, “conhecimento”,<br />

“graça” e muitos outros semelhantes, precisamos esperar a influência das i<strong>de</strong>ias<br />

hebraicas, havendo necessida<strong>de</strong>, pois, <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> muitos vocábulos<br />

gregos para que se adaptem ao conteúdo religioso do cristianismo histórico, o qual,<br />

afinal <strong>de</strong> contas, foi altamente influenciado pelos conceitos hebraicos já existentes,<br />

Portanto, se por um lado as estruturas gramaticais <strong>de</strong> qualquer dada passagem<br />

possam ser bom grego koiné, com influências ocasionais <strong>de</strong> uma sentença ou <strong>de</strong> uma<br />

palavra tipicamente hebraica, ou mesmo <strong>de</strong> um uso gramatical do hebraico, contudo,<br />

as idéias expressas po<strong>de</strong>m ser, essencialmente, mais um <strong>de</strong>sdobramento ou extensão<br />

do que já era pensado na Bíblia hebraica e expresso no idioma hebraico.<br />

Muitas interpretações equivocadas se têm originado da falta <strong>de</strong> apreciação <strong>de</strong>sse<br />

fator. Note-se, por exemplo, o uso do termo “santificado”, em I Cor 7:14, on<strong>de</strong> se lê:<br />

“Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa e a esposa incrédula é<br />

santificada no convívio do marido crente’.Alguns intérpretes têm insistido em uma idéia<br />

totalmente cristã, neste caso, como se a santificação fosse uma forma <strong>de</strong> salvação ou<br />

pelo menos, uma gran<strong>de</strong> tendência para a salvação ou mesmo uma espécie <strong>de</strong><br />

“graça”. conferida através do cônjuge crente.<br />

54


John Gill, o gran<strong>de</strong> erudito bíblico do hebraico em seu comentário,salientou a possível<br />

interpretação verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ssa passagem, ao <strong>de</strong>monstrar, à base <strong>de</strong> conceitos e da<br />

literatura hebraica, que tudo quanto esta em vista aqui é que o casamento <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rado um matrimônio legal.Ordinariamente,um ju<strong>de</strong>u não aceitaria um<br />

casamento misto (crente com incrédulo) como um casamento legitimo.<br />

Paulo,pois, quis dizer que o casamento <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado legal em tais casos,<br />

porquanto os filhos são legítimos.<br />

E isso que se <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r aqui por santificado, sendo uma modalida<strong>de</strong> diferente <strong>de</strong><br />

santificação daquilo que se encontra geralmente como conceito neotestamentário <strong>de</strong><br />

“santificação”.Esse é um exemplo da influência <strong>de</strong> idéias hebraicas, ou, pelo menos,<br />

do fato <strong>de</strong> que conceitos hebraicos po<strong>de</strong>m, com freqüência, <strong>de</strong>terminar o sentido da<br />

passagem. E em questões assim que se po<strong>de</strong> ver a influência mais profunda da<br />

cultura e do idioma hebraicos no N.T.<br />

A LXX trouxe para o N.T. gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssa influência, embora disfarçada pelo uso<br />

da linguagem grega.Para os hebreus, a palavra psyche significava apenas vida, e não<br />

se referia diretamente à alma imortal.O trecho <strong>de</strong> Mat. 10:39 evi<strong>de</strong>ntemente reflete<br />

esse uso.Não obstante, nos autores gregos como Platão, essa palavra geralmente<br />

significa a parte imaterial do homem, a alma imortal, e provavelmente isso é o que<br />

está em vista, nos vs. 28 <strong>de</strong>sse mesmo capítulo (Mat. 10:28).<br />

Assim sendo, no mesmo capítulo, temos as duas idéias, que se originaram em<br />

culturas diferentes. Naturalmente, nos dias <strong>de</strong> Jesus, muitos ju<strong>de</strong>us aceitavam a<br />

doutrina da imortalida<strong>de</strong> da alma (certamente essa era crença <strong>de</strong> Paulo; ver II Cor. 5),<br />

pelo que o idioma hebraico (realmente era o aramaico, nos dias <strong>de</strong> Jesus, pois o<br />

verda<strong>de</strong>iro hebraico não era mais falado pelo povo comum) incorporou outras idéias<br />

na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> suas palavras.<br />

Primeira gran<strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> Influência hebraica é gran<strong>de</strong> no N.T., embora se<br />

expresse mais na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> palavras, <strong>de</strong> conceitos, etc., do que no uso<br />

gramatical (embora este último fator também seja verda<strong>de</strong>iro, especialmente no<br />

tocante a <strong>de</strong>terminados autores, como, por exemplo, no caso do Apocalipse, que<br />

evi<strong>de</strong>ncia que a língua nativa <strong>de</strong> seu autor era o aramaico. O seu grego pobre e imita<br />

as estruturas sintáticas comuns ao aramaico).<br />

55


BILIOLOGIA<br />

L 2<br />

1- Quais são as edições da Bíblia nas quais os textos originais em diversas traduções<br />

aparecem em colunas paralelas?<br />

A-A Bíblia Poliglota<br />

B-A Bíblia Romana<br />

2- Quais eram os nomes dos escribas e mestres cujo piedoso intuito era o <strong>de</strong><br />

preservar inalterado o texto da Bíblia hebraica?<br />

A-Os Escribas<br />

B-Os Massoretas<br />

3- O que os massoreitas criaram?<br />

A-O texto com sem os pontos vocálicos<br />

B-O texto com os pontos vocálicos<br />

4- Quando os massoretas começaram a trabalhar?<br />

A-Cerca <strong>de</strong> 500 d.C.<br />

B-cerca <strong>de</strong> 800 d.C.<br />

5- Como começava, há algumas décadas atrás, a educação, em nosso mundo<br />

oci<strong>de</strong>ntal?<br />

A-Pela Bíblia<br />

B-Pelo Corão<br />

6- Quantos foram os autores que escreveram a Bíblia?<br />

A-50 autores diferentes<br />

B-40 autores diferentes<br />

7- Qual o único autor <strong>de</strong> parte da Bíblia que não era ju<strong>de</strong>u?<br />

A-Tiago<br />

B-Lucas<br />

8- O que experimenta Deus: o coração ou a razão?<br />

A-É a razão<br />

B-É o coração<br />

9- De quem é esta <strong>de</strong>claração: “Deus <strong>de</strong>u-nos a razão a fim <strong>de</strong> que pudéssemos<br />

conhecê-lo racionalmente.”?<br />

A-Pascal<br />

B-Freud<br />

10- Em quantos anos antes <strong>de</strong> Cristo a história Bíblica já tinha um elevadíssimo grau<br />

<strong>de</strong> exatidão?<br />

A-1000 anos<br />

B-900 anos<br />

11- O que também envolvem sermões, instruções didáticas e parábolas?<br />

A-Os Evangelhos<br />

B-Os Profetas<br />

56


12- Qual a ciência que prevê um testemunho secundário e confirmatório a toda a<br />

história bíblica?<br />

A-A Sociologia<br />

B-A Arqueologia<br />

13- Qual era o nome da pedra que criou uma boa sensação entre os eruditos<br />

bíblicos?<br />

A-Pedra Moabita<br />

B-Pedra <strong>de</strong> Roseta<br />

14- Em que ano foi encontrado o código <strong>de</strong> Hamurabi?<br />

A-Em 1802<br />

B-Em 1901<br />

15- Em que ano foram encontrados os papiros <strong>de</strong> Elefantina?<br />

A-Em 1850<br />

B-Em 1903<br />

16- Em que ano foi encontrado o túmulo <strong>de</strong> Tutancamon?<br />

A-Em 1922<br />

B-Em 1830<br />

17- Em que ano foi encontardo o sarcófago <strong>de</strong> Airão <strong>de</strong> Biblos?<br />

A-Em 1890<br />

B-Em 1923<br />

18- Em que ano foi encontrado a literatura religiosa <strong>de</strong> rãs Shamra?<br />

A-Em 1929 a 1937<br />

B-Em 1956 a 1987<br />

19- Quais são as divisões do Antigo Testamento?<br />

A-Os Evangelhos e Atos<br />

B-Históricos, poéticos e proféticos<br />

20- Quais são as divisões do Novo Testamento?<br />

A-Profetas e poéticos<br />

B-Evangelhos, Atos, Epístolas e Apocalipse<br />

21- Qual era o nome do bibliotecário <strong>de</strong> Alexandria?<br />

A-Demétrio Falério<br />

B-Filo<br />

22- Qual foi o tempo que durou a trancrição da LXX?<br />

A-72 dias<br />

B-84 dias<br />

23- Que textos foram <strong>de</strong>scobertos na década <strong>de</strong> 1940?<br />

A-Os textos <strong>de</strong> Qumran<br />

B-Os textos massoréticos<br />

24- A tradução da LXX do livro <strong>de</strong> Jeremias entra em choque muitas vezes com que<br />

texto?<br />

A-O texto mo<strong>de</strong>rno<br />

B-O texto tradicional<br />

57


25- Quem citou a LXX com bastante freqüência?<br />

A-Josefo e Heródoto<br />

B-Josefo e Filo<br />

26- Visto que ela era a Bíblia dos ju<strong>de</strong>us dispersos, tornou-se o Antigo Testamento<br />

da:<br />

A-A Igreja primitiva<br />

B-A Igreja mo<strong>de</strong>rna<br />

27- Cite uma antiga língua semítica.<br />

A-O inglês<br />

B-O hebraico<br />

28- O que pertence ao ramo norte-oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>ssa família <strong>de</strong> língua?<br />

A-O aramaico<br />

B-O hebraico<br />

29- O que foi revivido pelo movimento sionista, já nos tempos mo<strong>de</strong>rnos?<br />

A-O hebraico<br />

B-Persa<br />

30- O hebraico é escrito da:<br />

A-Da esquerda para direita<br />

B-Da direita para esquerda<br />

31- De on<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva-se a palavra semítica?<br />

A-De Sem<br />

B-De Jafé<br />

32- O hebraico estava intimamente ligado a que idioma?<br />

A-Ao Grego<br />

B-Antigo Ugarite<br />

33- Qual era a capital <strong>de</strong> um pequeno reino da costa norte da Síria, atualmente<br />

chamada Rãs Shamra?<br />

A-Ugarite<br />

B-Síria<br />

34- Em que ano o termo hebraico foi usado pela primeira vez para <strong>de</strong>signar esse<br />

idioma, nos escritos <strong>de</strong> Bem-Sisaque?<br />

A-Cerca <strong>de</strong> 130 a.C.<br />

B-Cerca <strong>de</strong> 120 a.C.<br />

35- Que tipo <strong>de</strong> hebraico foi usado na Bíblia?<br />

A-O hebraico bíblico clássico<br />

B-O hebraico mo<strong>de</strong>rno<br />

36- O texto sagrado é chamado <strong>de</strong>:<br />

A-Ketib (o escrito)<br />

B-Escrito dos profetas<br />

37-) On<strong>de</strong> habitavam as tribos originais que falavam o grego mais primitivo?<br />

A-Nas praias do mar Negro<br />

B-No mar Morto<br />

58


38- Quais os mais antigos dialetos?<br />

A-Parecem ter sido o dórico, o aeólico e o jônico<br />

B-Aramaico e grego<br />

39- Quando surgem os Uniciais mais antigos?<br />

A-Entre 1600 a 2000 a.C.<br />

B-Entre 1200 a 1400 a.C.<br />

40- Que dialeto, que era falado inclusive em Atenas, tornou-se a força amoldadora no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da língua grega?<br />

A-O dialeto romano<br />

B-O dialeto ático<br />

41- Que fator <strong>de</strong>u maior impulso à universalização do idioma grego?<br />

A-As conquistas <strong>de</strong> Ciro<br />

B-As conquistas <strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong><br />

42- Qual é o maior monumento do idioma grego?<br />

A-Novo Testamento<br />

B-As histórias <strong>de</strong> Heródoto<br />

43- Qual era a língua materna <strong>de</strong> Jesus Cristo e dos apóstolos?<br />

A-O hebraico<br />

B-O aramaico<br />

44- Que língua era usada na época do Novo Testamento em todo o mundo grecoromano?<br />

A-O Grego Koiné<br />

B-O Grego Clássico<br />

45- Clacula-se que cerca <strong>de</strong> 25 mil papiros têm sido <strong>de</strong>scobertos, os quais<br />

confirmaram a:<br />

A-Natureza do grego do Novo Testamento<br />

B-Natureza do grego <strong>de</strong> Heródoto<br />

46- Foram <strong>de</strong>senterrados papiros contendo as <strong>de</strong>clarações extrabíblicas atribuídas a:<br />

A-A Jesus<br />

B-A José<br />

47- Qual o nome dos pedaços quebrados <strong>de</strong> argila ou vasos, usados pelas classes<br />

mais pobres como material <strong>de</strong> escrita?<br />

A-As Ostracas<br />

B-As xícaras<br />

48- As ostracas são escritas não em grego, mas especialmente em:<br />

A-Hebraico<br />

B-Cóptico<br />

49- Qual é o número que agora possuímos <strong>de</strong> papiros do Novo Testamento grego?<br />

A-50 papiros<br />

B-76 papiros<br />

50-) Qual o nome do gran<strong>de</strong> erudito bíblico do hebraico?<br />

A-John Gill<br />

B-John Wesley<br />

59


LIÇÃO 3<br />

A segunda gran<strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> influência, na linguagem e estilo do N.T., é a tradição<br />

histórica dos autores gregos, o uso da prosa que começou com Heródoto, foi<br />

continuado com Tucídi<strong>de</strong>s e foi modificado e simplificado para se transformar no grego<br />

koiné por Xenofonte, que finalmente foi expresso em bom grego koiné tessencialmente<br />

o dialeto ático, embora também um idioma universal) por Políbio. Esse tipo <strong>de</strong> grego é<br />

<strong>de</strong>monstrado principalmente na narrativa do N.T., a saber, nos evangelhos e no livro<br />

<strong>de</strong> Atos.<br />

Pelo tempo <strong>de</strong> Políbio, maior parte das modificações gramaticais já haviam tido lugar,<br />

ficando formado assim o grego koiné, e é no N.T. que vemos aquela linguagem<br />

gran<strong>de</strong>mente simplificada que se tornou universal, a qual, para Platão, teria parecido<br />

estranha, e para os antigo gramáticos teria parecido ofensiva.Por exemplo, o modo<br />

optativo é quase inexistente, pois o subjuntivo absorveu a maioria <strong>de</strong> seus sentidos.<br />

Paulo e Lucas lançaram mão do optativo, mas mesmo em seus escritos sua<br />

ocorrência não é gran<strong>de</strong>.No grego koiné há um uso mais simplificado, uma varieda<strong>de</strong><br />

maior, mais liberda<strong>de</strong> no emprego das formas.<br />

A gramática, geralmente, não se caracteriza por gran<strong>de</strong> exatidão, havendo falta <strong>de</strong><br />

concordância entre os pronomes e seus antece<strong>de</strong>ntes. Os verbos nem sempre<br />

concordam em número com seus sujeitos. O sistema <strong>de</strong> verbos é simplificado, pois o<br />

aoristo e o imperfeito eram usados quase que um em substituição ao outro, sem<br />

gran<strong>de</strong> diferença no tipo <strong>de</strong> ação expressa.As preposições passaram a ser usadas<br />

com mais liberda<strong>de</strong> e com sentidos novos. O tempo perfeito passou a ser usado sem<br />

expressar, necessariamente, a ação completa com resultados contínuos.<br />

Uma terceira corrente <strong>de</strong> influência po<strong>de</strong> ser vista na filosofia grega. A filosofia grega<br />

<strong>de</strong>senvolveu idioma grego como veículo <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> pensamentos abstratos. Por<br />

exemplo, arche, causa primária (em Platão), certamente é o sentido tencionado em<br />

passagens tais como Apo. 3:14, on<strong>de</strong> Cristo é referido como o princípio da criação <strong>de</strong><br />

Deus. Cristo não foi a primeira coisa criada, mas antes, a causa primária da criação.<br />

A palavra “morphe”, que tem o sentido <strong>de</strong>forma, é usada no conceito paulino <strong>de</strong> que<br />

Cristo é a forma <strong>de</strong> Deus, em Fil. 2:6, que significa que ele concentra em si mesmo as<br />

proprieda<strong>de</strong>s essenciais do Pai. Ao expressar-se assim, Paulo se utilizou <strong>de</strong> uma<br />

forma filosófica <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong>senvolveu termos que expressam pensamentos<br />

abstratos.<br />

Por muitas vezes os termos adquirem significações diferentes, mas o uso é O mesmo,<br />

isto é, os termos assumem sentidos técnicos, e isso é um <strong>de</strong>senvolvimento especial<br />

dos filósofos gregos.<br />

Naturalmente tal <strong>de</strong>senvolvimento era universal, pelo que não po<strong>de</strong>mos dizer que essa<br />

corrente <strong>de</strong> influência (ou tipo <strong>de</strong> influência) teve origem exclusivamente grega. Não<br />

obstante, encontramos o fato <strong>de</strong> que os primeiros pais da igreja, tais como Orígenes e<br />

Clemente <strong>de</strong> Alexandria, além <strong>de</strong> muitos outros, <strong>de</strong>senvolveram a teologia cristã<br />

empregando a terminologia dos filósofos gregos. Esses homens geralmente foram<br />

influenciados pelo neoplatonismo, um tipo <strong>de</strong> aplicação religiosa das idéias <strong>de</strong> Platão<br />

e alguns <strong>de</strong>les foram francamente neoplatonistas.<br />

A quarta gran<strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> influência no N.T., justamente a <strong>de</strong>scrita com mais<br />

evidência nas páginas anteriores, pelo que não necessita <strong>de</strong> ser ainda mais enfatizada<br />

aqui, foi a linguagem do povo comum, o grego koiné, que se transformara em idioma<br />

universal.Sabemos que, ao tempo <strong>de</strong> Jesus, em todas as cida<strong>de</strong>s principais do mundo<br />

antigo se falava o grego koiné, incluindo a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jerusalém. O N.T., portanto, em<br />

sua essência, é um documento <strong>de</strong>sse idioma.<br />

Características Individuais dos Autores do Novo Testamento<br />

A qualida<strong>de</strong> do grego koiné, apresentada nos diversos livros do Novo Testamento, <strong>de</strong><br />

forma alguma é idêntica da primeira à última página.<br />

60


Eis uma breve caracterização <strong>de</strong>ssas várias qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grego koiné:Po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que, <strong>de</strong> forma geral, a qualida<strong>de</strong> do grego koiné, apresentado no N.T., esta mais<br />

afastada do grego usado em Atenas, em seu período <strong>de</strong> glória, do que do grego koiné<br />

dos autores contemporâneos não ju<strong>de</strong>us.Quase todos os livros do N.T. foram escritos<br />

por ju<strong>de</strong>us, pelo que não se po<strong>de</strong> esperar o mesmo tipo <strong>de</strong> grego que se po<strong>de</strong>ria<br />

esperar <strong>de</strong> escritores não judaicos.Em menor ou maior extensão, quase todos os livros<br />

do N.T. exibem alguma influência semita no vocabulário, na sintaxe ou no estilo.<br />

Parte <strong>de</strong>ssa influência po<strong>de</strong> ser atribuída diretamente ao A.T., e parte ao fato <strong>de</strong> que o<br />

aramaico era falado na Palestina ao tempo em que foi escrito o N.T., e que seus<br />

autores também falavam esse idioma. Vemos que até mesmo Lucas, que não era<br />

ju<strong>de</strong>u, por causa <strong>de</strong> seu gran<strong>de</strong> conhecimento e uso da versão da LXX, ou A.T. vertido<br />

para o grego, ocasionalmente duplica a fraseologia característica <strong>de</strong>ssa tradução<br />

grega do A.T.<br />

Por semelhante modo, a LXX <strong>de</strong>u colorido ao estilo e à expressão dos autores do N.T.<br />

O idioma <strong>de</strong>les, portanto, apesar <strong>de</strong> continuar sendo <strong>de</strong>finitivamente o grego koiné,<br />

não é inteiramente idêntico ao grego koiné <strong>de</strong> autores não ju<strong>de</strong>us.Comecemos por<br />

aqueles livros que <strong>de</strong>monstram um grego koiné da mais alta qualida<strong>de</strong>:Epístola aos<br />

Hebreus: O primeiro lugar <strong>de</strong>ve ser dado a esse livro, cujo autor certamente não po<strong>de</strong><br />

ter sido Paulo.<br />

Isso é abundantemente <strong>de</strong>monstrado pela qualida<strong>de</strong> e pelo estilo do grego em que foi<br />

lavrado, muito superior ao <strong>de</strong> Paulo, e certamente diferente tanto quanto ao<br />

vocabulário como quanto à expressão literária em geral. Praticamente nenhum erudito<br />

do grego po<strong>de</strong> ver o mesmo autor por <strong>de</strong>trás das epístolas <strong>de</strong> Paulo e por <strong>de</strong>trás da<br />

epístola aos Hebreus.<br />

Essa é a obra literária do N.T. que exibe a mais fraca influência hebraica, a <strong>de</strong>speito<br />

do fato <strong>de</strong> que foi dirigida aos hebreus. Suas citações, todavia, invariavelmente foram<br />

extraídas da LXX. O seu autor empregou um rico vocabulário grego, empregando-o<br />

com gran<strong>de</strong> aptidão.<br />

Esse livro fornece todas as indicações <strong>de</strong> haver sido escrito por alguém que não só<br />

falava o grego como língua nativa, mas que também apren<strong>de</strong>u a usá-la com eficiência.<br />

O seu estilo é característica <strong>de</strong> um erudito com gran<strong>de</strong> prática. Distingue-se por sua<br />

cadência rítmica, tão cultivada pelos “bons” autores gregos.<br />

Algumas vezes o seu autor escolheu as suas palavras a fim <strong>de</strong> produzir aliteração. Por<br />

exemplo, no primeiro versículo <strong>de</strong>sse tratado, há cinco palavras que começam com a<br />

sílaba “pol”, ou “pro”, e em Heb. 9:27, <strong>de</strong>ntre cinco palavras consecutivas, quatro<br />

começam com “a”. Tal como os bons autores clássicos, o autor procura evitar juntar<br />

duas palavras quando uma termina com urna vogal e a outra começa com uma vogal<br />

(o que se chama “hiato”).<br />

O autor <strong>de</strong>monstra o conhecimento e a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar os truques <strong>de</strong> estilo dos<br />

retóricos. Diferentemente <strong>de</strong> Paulo, ele jamais permitiu que as suas emoções o<br />

dominassem e afetassem a sintaxe <strong>de</strong> suas construções gramaticais. As emoções <strong>de</strong><br />

Paulo algumas vezes produziram expressões <strong>de</strong> alto naipe, embora vertidas em uma<br />

sintaxe grega estranha.<br />

Isso se faz totalmente ausente na epístola aos Hebreus.Em geral, po<strong>de</strong>-se dizer que o<br />

autor <strong>de</strong>sta epístola <strong>de</strong>monstra a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um notável escritor no idioma grego,<br />

pelo que a sua obra se <strong>de</strong>staca muito acima <strong>de</strong> toda outra produção literária do N.T.,.<br />

se ajuizarmos tão somente por suas características lingüísticas.Em minha opinião o<br />

escritor foi Apolo.<br />

Epistola <strong>de</strong> Tiago: Esta breve epístola conta com muitas características mencionadas<br />

acerca da epístola aos Hebreus. A linguagem é <strong>de</strong> um grego excelente, e tem um<br />

estilo notavelmente elevado e pitoresco, que se assemelha ao dos profetas<br />

hebreus.Porém, embora o tom e a mensagem geral sejam distintamente judaicos,<br />

talvez mais do que qualquer outro dos livros do N.T., contudo a linguagem contém<br />

poucos hebraismos.<br />

61


O autor observa certas questões técnicas da gramática grega, tal como o uso das<br />

duas negativas gregas, “ou” e “me”. Exibe farto vocabulário grego, escolhendo<br />

palavras que são relativamente raras, sendo quase certo que seu autor falava o grego<br />

como idioma nativo. Tal como o autor da epístola aos Hebreus, ele se dá ao luxo <strong>de</strong><br />

empregar a arte da aliteração.Por exemplo, três palavras proeminentes em 1:21 <strong>de</strong>ssa<br />

epístola começam com a letra “d ”. Por muitas vezes ele termina duas ou mais<br />

palavras em, íntima justaposição com a mesma sílaba ou sílabas, como em 1:7,14;<br />

2:16,19 e 5:5,6. O seu estilo se caracteriza por certa concisão epigramática.<br />

Evangelho <strong>de</strong> Lucas e livro <strong>de</strong> Atos: Lucas, o médico amado (Col. 4:14),<br />

<strong>de</strong>monstrou consi<strong>de</strong>rável aptidão como escritor na língua grega. Suas peças literárias<br />

exibem maior versatilida<strong>de</strong> do que qualquer outra obra do N.T.Seu prefácio<br />

elaboradamente redigido para o seu evangelho (Luc. 1:1-4) po<strong>de</strong> ser comparado<br />

favoravelmente com os prefácios <strong>de</strong> famosos historiadores gregos, como Heródoto<br />

e Tucídi<strong>de</strong>s. Lucas <strong>de</strong>monstra possuir sólida cultura ao usar um gran<strong>de</strong> e bem<br />

escolhido vocabulário.<br />

Seus dois livros contém cerca <strong>de</strong> setecentos e cinqüenta vocábulos que não se<br />

encontram em nenhuma outra porção do N.T., e isso é uma gran<strong>de</strong> proporção,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se que o vocabulário total do N.T. é <strong>de</strong> apenas cerca <strong>de</strong> cinco mil<br />

palavras.O pensamento freqüentemente repetido <strong>de</strong> que o seu vocabulário exibe um<br />

vocabulário médico especial não tem sido bem recebido pela maioria dos eruditos<br />

mo<strong>de</strong>rnos, mas pelo menos essas palavras indicam uma boa educação e uma sólida<br />

cultura.<br />

Todavia, é <strong>de</strong>finidamente verda<strong>de</strong>iro, que a sua posição como médico e que os seus<br />

conhecimentos <strong>de</strong> medicina, <strong>de</strong>ixaram traços que se <strong>de</strong>stacam no evangelho <strong>de</strong> Lucas<br />

e no livro <strong>de</strong> Atos. (Ver Luc. 4:38, em comparação com Mat. 8:14 e Mar. 1:30, on<strong>de</strong><br />

Lucas dá uma <strong>de</strong>scrição mais exata sobre a “febre alta”, outro tanto se verifica com<br />

respeito a Luc. 5:12, em contraste com Mt. 8:2 e Mar. 1:40, on<strong>de</strong> Lucas diz que o<br />

homem estava “coberto <strong>de</strong> lepra”).Lucas emprega o modo optativo por vinte e oito<br />

vezes, embora esse modo já estivesse quase <strong>de</strong>saparecido no grego koiné <strong>de</strong> seus<br />

dias e não figure nos escritos <strong>de</strong> Mateus, João, Tiago e no livro <strong>de</strong> Apocalipse.<br />

Seu emprego do idioma grego não é muito diferente do grego <strong>de</strong> Políbio, Dioscóri<strong>de</strong>s<br />

e Josefo. Os autores dotados <strong>de</strong> boa cultura não apreciavam palavras estrangeiras <strong>de</strong><br />

som estranho, e Lucas exibiu essa aversão. Assim é que ele omite palavras tais como<br />

Boanerges, conforme se vê no evangelho <strong>de</strong> Marcos, além <strong>de</strong> muitas palavras<br />

distintamente aramaicas como hosana, Getsêmani, abba, Gólgota. e Eloi, Eloi, lama<br />

sabachthani.<br />

Em lugar do vocábulo aramaico “rabi ”, que aparece por <strong>de</strong>zesseis vezes nos <strong>de</strong>mais<br />

evangelhos, ele usa a palavra distintamente grega, mestre. Não obstante, Lucas não<br />

reescreveu completamente as narrativas <strong>de</strong> Marcos e <strong>de</strong> outras fontes menos literárias<br />

que usou, e nessas seções encontramos influências <strong>de</strong> expressões aramaicas, bem<br />

como outros elementos in<strong>de</strong>sejáveis do ponto <strong>de</strong> vista literário.Por conseguinte,<br />

po<strong>de</strong>m ser vistos dois níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Por, exemplo, no livro <strong>de</strong> Atos, a primeira porção do livro, que diz respeito a situações<br />

e testemunhos palestinianos, po<strong>de</strong>-se observar um grego menos culto, que algumas<br />

vezes contém semitismos bem <strong>de</strong>finidos.A última parte do livro, porém, que foi escrita<br />

acerca <strong>de</strong> situações totalmente gentílicas, foi vazada em um grego koiné muito mais<br />

elegante.<br />

Primeira epístola <strong>de</strong> Pedro: Para o leitor médio, talvez seja surpreen<strong>de</strong>nte saber que<br />

o grego <strong>de</strong>ssa epístola é mais próximo aos padrões do grego clássico do que do grego<br />

koiné vernáculo. Seu autor empregou a LXX nas citações, <strong>de</strong>monstrando ter perfeito<br />

conhecimento daquela obra: porém, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>ixou os sinais <strong>de</strong> seu próprio<br />

estilo, até mesmo nas citações feitas.<br />

Usou o artigo <strong>de</strong>finido grego com mais aptidão do que qualquer outro dos autores do<br />

N.T. Usou o termo grego (ômega sigma) com habilida<strong>de</strong>, que é igualado em Hebreus;<br />

seu vocabulário é vasto e bem selecionado, o grego <strong>de</strong>ssa epístola é totalmente<br />

62


diverso do que seria falado por um pescador da Galiléia, cujo idioma nativo fosse o<br />

aramaico, pelo que se tem sugerido com freqüência que o estilo e o idioma <strong>de</strong>ssa<br />

epístola se <strong>de</strong>vem ao amanuense <strong>de</strong> Pedro, Silvano.(Ver 1 Ped. 5:12).Po<strong>de</strong>-se afirmar<br />

que todos os autores acima usaram um bom grego “koiné” literário, embora não se<br />

possa dizer outro tanto das obras que vêm em seguida.<br />

Evangelho <strong>de</strong> Marcos: A falta <strong>de</strong> polimento do grego <strong>de</strong> Marcos é obscurecida pela<br />

tradução, posto que poucos tradutores imitariam propositadamente os erros<br />

gramaticais somente para serem mais fiéis ao original.<br />

Não obstante, até mesmo as traduções refletem os elementos mais pobres, como o<br />

uso freqüente da palavra copulativa “eu”. Por exemplo, dos quarenta e cinco<br />

versículos do primeiro capítulo, nada menos <strong>de</strong> trinta e cinco começam com “e”. Doze<br />

dos <strong>de</strong>zesseis capítulos começam com apalavra “e”. E <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> oitenta e oito<br />

seções e subseções, <strong>de</strong>sse evangelho, oitenta começam com “e”.<br />

Marcos usa um vocabulário <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1270 palavras, das quais apenas oitenta lhe<br />

são peculiares. Isso mostra que ele empregou um vocabulário extremamente comum.<br />

Todavia, o que falta a Marcos em estilo e em graça, é contrabalançado em novida<strong>de</strong> e<br />

vigor.Em algumas seções, Marcos é o mais emocional e comovente dos escritores<br />

evangélicos. O seu idioma se caracteriza pela simplicida<strong>de</strong>, mas mesmo assim ele<br />

consegue certa gran<strong>de</strong>za.<br />

Embora o grego “koiné” <strong>de</strong> Marcos possa ser classificado entre os exemplos mais<br />

<strong>de</strong>ficientes do N.T., e que sem dúvida ele se sentia mais à vonta<strong>de</strong> com o aramaico do<br />

que com o grego (o seu evangelho é o que contém o maior número <strong>de</strong> aramaico),<br />

contudo ele <strong>de</strong>monstra que dominava bem o grego koiné, coloquial.A seu crédito<br />

também po<strong>de</strong>ríamos dizer que ele <strong>de</strong>ve ser relembrado um tanto como inovador<br />

literário e gênio artístico, porquanto inventou uma nova modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> literatura.<br />

Ninguém jamais escrevera qualquer coisa parecida com o seu evangelho, antes <strong>de</strong>le.<br />

O livro <strong>de</strong> Apocalipse: Dionisio <strong>de</strong> Alexandria (século III D.C., <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com<br />

a História Eclesiástica VII. 25.26, <strong>de</strong> Eusébio), chamou o grego em que foi escrito este<br />

livro <strong>de</strong> “bárbaro” e não “gramatical”.Seu texto <strong>de</strong>monstra freqüentes violações da<br />

sintaxe grega, falta <strong>de</strong> harmonia e concordância entre verbos e sujeitos ou entre<br />

pronomes e antece<strong>de</strong>ntes. Com freqüência o autor cai em expressões não gregas,<br />

imitando o uso semita.<br />

De acordo com o uso semita, ele usa construções pleonásticas.Por exemplo, diz ele:<br />

“Aquele que vencer, a ele darei....” (2:7). Ou po<strong>de</strong>ríamos traduzir literalmente outra<br />

frase: “Tenho posto diante <strong>de</strong> ti uma porta aberta, a qual ninguém a po<strong>de</strong> fechar” (3:8).<br />

Esse tipo <strong>de</strong> construção é estranho mas é explicável à base da gramática hebraica<br />

(coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> uma partícula com um verbo finito).O autor regularmente<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra os gêneros (exemplos:1:10; 4:1,8, 11:4 e 19:20, além <strong>de</strong> muitos outros<br />

vasos).<br />

Alguns <strong>de</strong>sses casos <strong>de</strong>vem ao fato que o autor pensava segundo padrões semitas,<br />

enquanto outros casos talvez se <strong>de</strong>vam, simplesmente, ao <strong>de</strong>scuido, porquanto em<br />

muitas outras oportunida<strong>de</strong>s o autor observou os gêneros.A <strong>de</strong>speito da falta <strong>de</strong><br />

adornos literários e gramaticais, não há falta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za e po<strong>de</strong>r no livro.Certas<br />

passagens solenes e sonoras são quase poeticamente rítmicas, e entre elas se<br />

encontram algumas das maiores passagens literárias conhecidas pelo homem (ver<br />

4:11; 5:9,10; 7:15-17; 11:17,18;15:3,4; 18:2-8; 19:24).<br />

Evangelho <strong>de</strong> Mateus: Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do grego koiné, este<br />

evangelho fica a meio termo entre Marcos e Lucas, isto é, inferior a Lucas mas<br />

superior a Marcos.O estilo <strong>de</strong> Mateus é menos individualista que o <strong>de</strong>les;é mais suave<br />

que o <strong>de</strong> Marcos, porém mais monótono que o <strong>de</strong> Lucas. O vocabulário <strong>de</strong> Mateus é<br />

mais rico que o <strong>de</strong> Marcos, mas menos variado que o <strong>de</strong> Lucas.<br />

Mateus usa cerca <strong>de</strong> 95 palavras que lhe são características, enquanto que Marcos<br />

usa 41 e Lucas usa 151 <strong>de</strong>ssas palavras; Mateus corrige alguns dos erros estilísticos<br />

mais crassos <strong>de</strong> Marcos, como em Mt. 12:14 “tomaram conselho”, em lugar <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ram<br />

conselho”, <strong>de</strong> Marcos (alguns mss dizem “formaram conselho”, Mar. 3:6).<br />

63


Em muitos lugares, Mateus elimina o uso freqüente presente histórico, o autor gostava<br />

<strong>de</strong> seguir o arranjo rabínico, como o <strong>de</strong> enfileirar coisas <strong>de</strong> três em três: três divisões<br />

na genealogia (Mat. 1:1-17), três tentações (4:1-11), três ilustrações sobre a retidão<br />

(6:1-18), três mandamentos (7:7), três milagres <strong>de</strong> cura (8:1-15), três milagres que<br />

<strong>de</strong>monstram po<strong>de</strong>r (8:23-9:8), e um bom número <strong>de</strong> outros arranjos semelhantes.<br />

Isso também po<strong>de</strong> ser visto em relação número sete: sete cláusulas na oração do Pai<br />

Nosso (Mt. 6:9-13), sete cestos (15:37), sete irmãos (22:15) e sete ais (cap. 3).<br />

De modo geral, po<strong>de</strong>-se observar que o grego koiné <strong>de</strong>sse evangelho nem é muito<br />

<strong>de</strong>ficiente nem muito polido e literário. Não obstante, o documento produzido foi um<br />

dos maiores livros jamais escritos, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos antigos tem sido favorito <strong>de</strong><br />

muitos.<br />

Evangelho e epístolas <strong>de</strong> João: O evangelho <strong>de</strong> João se caracteriza por sua<br />

extrema simplicida<strong>de</strong>. Certamente, qualquer menino <strong>de</strong> escola daqueles tempos<br />

po<strong>de</strong>ria ler o grego ali apresentado, mas essa simplicida<strong>de</strong> faz parte <strong>de</strong> sua<br />

grandiosida<strong>de</strong>, no que não encontra rival em qualquer livro no N.T.<br />

João emprega um vocabulário ainda menor que Marcos. Usa pouquíssimos verbos<br />

compostos e poucos adjetivos. Fala <strong>de</strong> modo simples, porém eloqüente, <strong>de</strong> “verda<strong>de</strong>”,<br />

“amor”, “luz”, “testemunho”, “mundo”, “pecado”, “julgamento” e “vida”.<br />

Sua construção sintática é tão simples que quase chega a ser infantil;ele empregou<br />

muitas construções que envolvem o vocábulo “e” (partaxe) quando outra partícula<br />

copulativa teria produzido algo estilisticamente mais aceitável.<br />

Por exemplo: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são<br />

elas mesmas que testificam <strong>de</strong> mim. Contudo não quereis vir a mim para ter<strong>de</strong>s vida<br />

João 5:39,40; no grego, a palavra aqui traduzida por contudo também é kai, ou seja e).<br />

Algumas vezes João eliminou até mesmo a cópula e, e simplesmente ligou as idéias<br />

sem palavras conectivas (o que se chama assin<strong>de</strong>ton, na gramática). Por exemplo, os<br />

primeiros vinte versículos do décimo quinto capítulo seguem-se uns aos outros sem<br />

qualquer conjunção.<br />

O grego <strong>de</strong> João é relativamente puro, tanto nas palavras como na gramática, mas<br />

encontram-se ali algumas expressões que são tipicamente semitas, e não gregas.<br />

João escreveu com sentenças curtas, mas cheias <strong>de</strong> significado. Usou <strong>de</strong> maneira<br />

excessiva o tempo perfeito, três vezes mais que Marcos e Lucas, com o que mui<br />

provavelmente <strong>de</strong>sejava salientar as conseqüências permanentes e a significação<br />

eterna das palavras e da obra do Filho unigênito <strong>de</strong> Deus.Apesar <strong>de</strong> suas falhas<br />

literárias, o evangelho <strong>de</strong> João <strong>de</strong>staca-se numa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za sem-par<br />

nos escritos do N.T.<br />

Epístolas <strong>de</strong> Paulo: Sabemos muito mais acerca <strong>de</strong> Paulo do que com respeito a<br />

qualquer outro autor do N.T. Sabemos que ele era ju<strong>de</strong>u, mas que nasceu e foi criado<br />

em um centro intelectual gentílico, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tarso.Por conseguinte, era um ju<strong>de</strong>u<br />

helenista.Evi<strong>de</strong>ntemente falava tanto o aramaico (o hebraico mencionado em Atos<br />

21:40, pois o verda<strong>de</strong>iro hebraico não era falado na Palestina durante o primeiro<br />

século da era cristã) como o grego.<br />

Seu treinamento, aos pés <strong>de</strong> Gamaliel (Atos 22:3), certamente lhe garantiu um perfeito<br />

conhecimento do idioma e da cultura hebraica do A.T. Não há qualquer evidência<br />

direta <strong>de</strong> que Paulo era versado nos escritores clássicos, quer poetas, quer filósofos;<br />

mas transparece, em suas alusões, que ele <strong>de</strong>ve ter estudado consi<strong>de</strong>ravelmente a<br />

filosofia, especialmente o estoicismo.<br />

Sabemos que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tarso era um centro da versão romanizada do estoicismo, e<br />

aqueles que lêem Sêneca (contemporâneo <strong>de</strong> Paulo) e as epístolas paulinas po<strong>de</strong>m<br />

notar a gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas expressões e ilustrações empregadas por<br />

ambos, como, por exemplo, a conquista <strong>de</strong> uma coroa, a figura <strong>de</strong> um atleta, etc.<br />

Entretanto, <strong>de</strong> maneira geral, o vocabulário <strong>de</strong> Paulo não se <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> fontes literárias<br />

gregas, mas antes, do tesouro comum do grego comumente falado.<br />

É muito provável que o fato <strong>de</strong> que ele ditava as suas cartas tivesse exercido<br />

influência no tipo <strong>de</strong> grego coloquial que se encontra nelas.<br />

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Paulo se utilizou, freqüentemente, da LXX, embora algumas vezes tenha preferido<br />

citar diretamente do A.T. em hebraico. Somente a epístola aos Efésios contém muitos<br />

semitismos, porquanto o resto <strong>de</strong> sua correspondência se notabiliza pela ausência<br />

<strong>de</strong>ssa influência.O material exposto por Paulo é, freqüentemente arranjado em diálogo<br />

retórico <strong>de</strong> perguntas e respostas.<br />

Ele também usava o diatribe, que po<strong>de</strong> ser encontrado nos filósofos estóicos;no<br />

entanto, sabemos que os rabinos costumavam usar também esse tipo <strong>de</strong> ensino, e<br />

po<strong>de</strong> ser que essa influência, no caso <strong>de</strong> Paulo, fosse tão real coma o estoicismo<br />

romano.<br />

Paulo se <strong>de</strong>ixava levar por emoções ar<strong>de</strong>ntes e intensas, e por causa disso o seu<br />

grego comumente coloquial, algumas vezes se tornava elevado e dinâmico. Essa<br />

atitu<strong>de</strong> produziu grandiosas passagens como Rom. 8 e 1 Cor. 13 acerca das quais<br />

alguns têm dito que sua dicção “se eleva às alturas <strong>de</strong> Platão, no Faedroi”.<br />

O fervor emotivo <strong>de</strong> Paulo embaralhou a sua sintaxe, pois ele, às vezes, começava<br />

uma sentença mas jamais a terminava, ou em outros casos, muito mais adiante<br />

voltava ao pensamento inicialmente começado.Assim sendo, ele criava interrupções<br />

em sua gramática que se chamam anacolutos, o que significa que duas frases não<br />

têm seqüência lógica, seguindo corretamente uma à outra (ver Rom. 5:12, 13).<br />

A linguagem <strong>de</strong> Paulo se assemelha ao próprio homem, isto é, variegado, dinâmico,<br />

mas algumas vezes interrompido.Foi dito por um renomado dos clássicos: O grego <strong>de</strong><br />

Paulo nada tem a ver com qualquer escola ou mo<strong>de</strong>lo, mas se origina <strong>de</strong>sabridamente<br />

e com borbulhante efeito, <strong>de</strong> seu próprio coração, mas é grego verda<strong>de</strong>iro”É verda<strong>de</strong><br />

que suas epístolas pastorais exibem um estilo diferente, talvez <strong>de</strong>vido ao estilo<br />

variegado do próprio escritor, que era um autor criativo; ou talvez se <strong>de</strong>va, pelo menos<br />

em parte, ao fato <strong>de</strong> que ele empregou diversos amanuenses para escrever as suas<br />

epístolas.Os diferentes temas <strong>de</strong>ssas epistolas, certamente, também afetaram o estilo<br />

e o vocabulário das mesmas.<br />

Segunda epistola <strong>de</strong> Pedro: O grego <strong>de</strong>ssa epístola dá a impressão <strong>de</strong> que o autor<br />

não falava grego como sua língua nativa, ou mesmo como sua segunda língua falada,<br />

e, sim, que a apren<strong>de</strong>ra em livros.O autor se esforça, um tanto artificialmente, por<br />

produzir uma elegante peça <strong>de</strong> literatura, mas a construção <strong>de</strong> suas sentenças,<br />

algumas vezes arrastada e <strong>de</strong>sajeitada, arruinara esse propósito.<br />

A gran<strong>de</strong> divergência <strong>de</strong> estilo, <strong>de</strong> vocabulário e <strong>de</strong> linguagem, entre I e II Pedro tem<br />

levantado, na mente <strong>de</strong> muitos eruditos, dúvidas. Jerônimo e outros explicaram o<br />

fenômeno à base <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> diferentes amanuenses, mas muitas outras autorida<strong>de</strong>s,<br />

antigas e mo<strong>de</strong>rnas (como Lutero), têm negado que Pedro tenha escrito a epístola<br />

chamada <strong>de</strong> II Pedro. Calvino sugeriu que um dos discípulos <strong>de</strong> Pedro escreveu essa<br />

epístola no nome e no espírito <strong>de</strong> seu mestre.<br />

A maioria dos intérpretes mo<strong>de</strong>rnos acredita que II Ped., por conseguinte, é uma<br />

pseu<strong>de</strong>pigrafe escrita no princípio do segundo século <strong>de</strong> nossa era, quando os gostos<br />

literários artificiais chegaram ao seu clímax.Lutero cria que II Pedro era uma espécie<br />

<strong>de</strong> rearranjo da epístola <strong>de</strong> Judas.<br />

Epístola <strong>de</strong> Judas: O autor <strong>de</strong>sta epístola dominava o grego koiné muito melhor que<br />

o autor <strong>de</strong> II Pedro. Selecionou os seus vocábulos com gosto literário, empregando-os<br />

<strong>de</strong>vidamente.Dentro <strong>de</strong> vinte e cinco versículos, o optativo aparece por duas vezes.Tal<br />

como Mateus, este autor apreciava as tria<strong>de</strong>s (ver os vss. 2:5-7,8,11,12,19,22.23,25).A<br />

epístola <strong>de</strong> Judas é <strong>de</strong> um grego koiné idiomático <strong>de</strong> estilo mo<strong>de</strong>radamente e bom.<br />

Linguagem usada por Jesus<br />

Jesus falava o aramaico comum, que era um dialeto do siríaco. Essa era a linguagem<br />

falada pelo povo comum da Palestina, no primeiro século da era cristã, posto que o<br />

hebraico clássico há muito <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ser uma língua viva, como ocorre hoje ao grego<br />

e ao latim.<br />

65


Os eruditos estudavam o hebraico para que pu<strong>de</strong>ssem examinar o A.T.;mas o povo<br />

comum certamente pouco compreendia <strong>de</strong>sta língua do ponto <strong>de</strong> vista erudito. A maior<br />

parte das instruções dadas por Jesus, se não mesmo todas, foram originalmente<br />

entregues no idioma aramaico.<br />

Marcos <strong>de</strong>ixou transparecer isso, ao suprir palavras e expressões aramaicas, lado a<br />

lado a seus equivalentes gregos. Por exemplo, Talitha cumi (Mar. 5:41), ephatha 7:34),<br />

abba (14:36), Eloi, Eioi, lama sabachthani(15:34).Algumas das <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Jesus<br />

envolvem algum jogo <strong>de</strong> palavras que se per<strong>de</strong>m na versão grega. Pela história, ficase<br />

sabendo que os hebreus gostavam <strong>de</strong> charadas, e Jesus, evi<strong>de</strong>ntemente, as<br />

empregava.<br />

Em sua <strong>de</strong>claração: “Guias cegos! que coais o mosquito e engolis o camelo”(Mat.<br />

23:24), provavelmente envolvia um jogo <strong>de</strong> palavras que envolvia dois vocábulos,<br />

galma(mosquito) e gamia (camelo). No aramaico, as palavras “cometer” e “escravo”<br />

são similares e, em João 8:34, parece que uma palavra sugere a outra, por ali lemos: “<br />

Todo o que comete pecado é escravo do pecado”. Um <strong>de</strong>sses jogos <strong>de</strong> palavras tem<br />

<strong>de</strong>ixado os intérpretes caírem nos abismos da confusão e do mal-entendido.<br />

Em Mat. 16:18, Jesus disse a Pedro: “Também eu digo que tu és kepha, e sobre esta<br />

kepha(a mesma palavra, sempre com sentido <strong>de</strong> rocha) edificarei a minha igreja... ” As<br />

exigências da gramática grega fazem essas duas ocorrências da palavra aramaica<br />

serem vertidas <strong>de</strong> modo um tanto diferente, e por esse motivo muitos intérpretes têm<br />

suposto que Jesus não tencionava falar sobre Pedro ao referir a Pedra.<br />

Jesus também conhecia o hebraico, pois da forma que ele falava aos saduseus,<br />

farizeus, escribas e intérpretes da lei, um homem só usaria tais expressões toradicas<br />

se conhecesse a lei em sua língua original.<br />

Sabemos que o grego koiné era falado em quase todas as capitais do mundo antigo,<br />

ao tempo <strong>de</strong> Jesus, e isso incluía até mesmo Jerusalém. Também sabemos que o uso<br />

do grego era largamente distribuído por toda a Galiléia, especialmente por causa do<br />

intenso comércio com nações que ali havia, além do fato <strong>de</strong> que se tratava <strong>de</strong> uma<br />

população mista que habitava naqueles territórios.<br />

Jesus, portanto, provavelmente, também falava o grego. Não é provável, todavia, que<br />

suas <strong>de</strong>clarações doutrinárias e outras tivessem sido originalmente feitas nesse<br />

idioma, embora seja quase certo que os originais dos evangelhos <strong>de</strong> Mateus, Marcos,<br />

Lucas e João foram escritos na língua grega.<br />

Os Escribas<br />

Dizem que os escribas, ao copiarem as Escrituras, lavavam as mãos. Quando iam<br />

escrever o nome <strong>de</strong> Jesus, limpavam a pena. Três erros na escrita <strong>de</strong> um livro o<br />

comprometia a ponto <strong>de</strong> iniciarem todo o trabalho novamente, e eles jejuavam na<br />

realização do mesmo.<br />

A Torá, lida em Sinagoga, é escrita em pele <strong>de</strong> carneiro, sem manchas e sem <strong>de</strong>feitos.<br />

No Antigo Israel, a arte <strong>de</strong> escrivão confinava-se quase inteiramente a certos clãs, os<br />

quais, sem dúvida, preservaram essa arte como uma profissão <strong>de</strong> família, passando<br />

esse conhecimento essecial <strong>de</strong> pai para filho.<br />

Entre os queneus, havia as famílias dos tiratitas, dos simeatitas e dos sucatitas, que<br />

eram “famílias dos escribas” e que habitabvam em Jabez(I. Crô. 2:55). A conexão<br />

entre o sogro <strong>de</strong> Moisés, que era sacerdote <strong>de</strong> Midiã(Exô.3:1), e os queneus(Juí. 1:16;<br />

4:11), serve <strong>de</strong> indicação <strong>de</strong> que a arte <strong>de</strong> escrever nunca esteve muito distante do<br />

sacerdócio.<br />

Durante a monarquia unificada <strong>de</strong> Israel, e durante a posterior monarquia judaica, um<br />

número substancial <strong>de</strong> escribas vinha <strong>de</strong>ntre os levitas. O ponto <strong>de</strong> contato entre as<br />

funções rituais e escribas <strong>de</strong>riva-se das exigências da organização fiscal das<br />

operações do templo <strong>de</strong> Jerusalém(por exemplo, na Mesopotâmia e no Egito quase<br />

todas as primeiras porções escritas estão ligadas aos registros dos templos).<br />

66


Um levita registrou as obrigações sacerdotais(I.Crô.24:6), e um escriba real ajudou a<br />

contar os fundos públicos, coletados a fim <strong>de</strong> fazer reparos no templo <strong>de</strong> Jerusalém(II.<br />

Reis 12:10; Crô. 14:11). Visto que o fornecimento <strong>de</strong> cópias escritas da lei era uma<br />

responsabilida<strong>de</strong> levítica(escribal) (Deu. 17:18), as reformas <strong>de</strong> Josafá(cf. II Crô. 17)<br />

não po<strong>de</strong>m ser dissociadas da função escribal.<br />

Embora a extensão da alfabetização, <strong>de</strong>ntre a antiga socieda<strong>de</strong> israelita, seja para<br />

nós, uma questão complexa, pelo menos um dos profetas escritores achou ser<br />

conveniente, se não mesmo necessário, empregar um amanuense (Jer. 36:26:32), o<br />

que nos sugere fortemente que outros <strong>de</strong>sses profetas escritores fizeram o mesmo.<br />

A função escribal <strong>de</strong> compor documentos legais particulares é largamente confirmada<br />

na Mesopotâmia e no Egito <strong>de</strong>s<strong>de</strong>, durante e após o período bíblico. Embora não<br />

tenha sido <strong>de</strong>clarado que algum escriba compôs o texto <strong>de</strong> um documento a venda,<br />

em Jer.32:10-12, isso po<strong>de</strong> ficar subentendido, visto que o documento foi confiado a<br />

Baruque, diante <strong>de</strong> testemunhas.<br />

Os escribas mais importantes eram aqueles que serviam no governo. Esses servião<br />

<strong>de</strong> conselheiros(por exemplo, I Crô. 27:32), ou po<strong>de</strong>m ter sido a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

convocar o exército(II Reis 25:19). O escriba governamental da mais alta importância<br />

era o escriba rei.<br />

É difícil julgarmos agora a sua posição no gabinete, visto que as listas ministeriais<br />

po<strong>de</strong>m não ter siso dadas segundo a seqüencia hierárquica. Porém, se o gabinete <strong>de</strong><br />

Davi alistava os nomes na seqüencia hierárquica(II Sam. 8:16-18; cf. I Crô. 18:15-17),<br />

então o escriba real só ficava abaixo do comandante militar, do “cronista” e do sumo<br />

sacerdote, embora acima dos “sacerdotes do palácio”, sem importar se estes eram<br />

“filhos <strong>de</strong> Davi”(II. Sam. 8:18), ou eram outras pessoas(II Sam.20:25; notar uma or<strong>de</strong>m<br />

diferente em II Sam. 20:23-26).<br />

A lista dos oficias <strong>de</strong> Salomão bem po<strong>de</strong> ter sido preparada segundo uma or<strong>de</strong>m<br />

ascen<strong>de</strong>ntes(I Reis 4:2-6). Azarias, muito provavelmente, era o “sacerdote do palácio”,<br />

visto que ele não figura em nenhuma outra lista. Em seguida aparecem dois escribas,<br />

filhos do escriba <strong>de</strong> Davi, Sisa(ou Seva, pois trata-se <strong>de</strong> duas formas diferentes do<br />

mesmo nome semítico); e em seguida aparecem o “o cronista” e o novo comandante<br />

do exército, juntamente com os dois sumos sacerdotes que serviam conjuntamente.<br />

Um novo oficial, “o mordomo” aparece acima do escriba.<br />

Durante a monarquia unificada, pelo menos, portanto, o escriba ficava acima do<br />

“cronista”. Talvez isso não mais ocorresse na época da monarquia dividida, visto que o<br />

escriba por duas vezes é alistado entre o “cronista” e o “mordomo”(II Reis 18:18, 37;<br />

cf. Isa. 36:3,22).<br />

Nesse caso, o escriba serviu como um dos três ministros nomeados para negociar<br />

com Senaqueribe, o qual exigira a rendição <strong>de</strong> Jerusalém. Outrossim, durante o<br />

governo <strong>de</strong> Josias, o escriba atendia ao cronista(bem como ao “governador da<br />

cida<strong>de</strong>”; II Reis 22:3-13; II Crô. 34:8-21), o que nos sugere que a relação entre o<br />

“escriba” e o “cronista” tinha sofrido uma reversão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a era <strong>de</strong> Davi.<br />

A elevada posição da família <strong>de</strong>sse escriba, Safã, é evi<strong>de</strong>nte com base nas carreiras<br />

<strong>de</strong> seu filho, Aicão, e <strong>de</strong> seus netos, Gedalias e Micaías, filho <strong>de</strong> Gemarias.Gedalias<br />

era o “encarregado do palácio” e, posteriormente, foi nomeado governador <strong>de</strong> Judá, na<br />

época da dominação babilônica. Micaías serviu aos ministros principais <strong>de</strong> estado, sob<br />

Jeoaquim(Jer. 36:11).<br />

Esses escribas reais tinham escritórios(36:12), evi<strong>de</strong>ntemente localizados no<br />

complexo <strong>de</strong> edifícios do palácio real da Judéia, o que serve para ilustrar a elevada<br />

posição do escriba do rei, <strong>de</strong>ntro do governo judaico. Os profetas também tinham<br />

consciência <strong>de</strong> uma contraparte acádica do escriba real, igualmente investido em<br />

elevada posição(cf. Naum 3:17) e responsável por funções militares(cf. Jer.52:25).<br />

O caráter multilíngüe e pluralista do período persa, por semelhante modo, requeria o<br />

uso <strong>de</strong> especialistas administrativos(Est. 3:12; 8:9), e os comandantes das províncias<br />

dispunham igualmente <strong>de</strong> escribas, como segundos homens no comando(Esd. 4:8, 9,<br />

17, 23).<br />

67


Esdras e o Período Intertestamentário. Esdras assinalou a linha divisória entre a<br />

antiga e a nova compreensão sobre o que era um “escriba”. De fato, a transição é<br />

sugerida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o livro <strong>de</strong> Esdras, pois, no <strong>de</strong>creto real(Esd. 7:12-26), a palavra<br />

“escriba” é usada em sentido administrativo, e na narrativa geral(Esd. 7:6, 11), o termo<br />

refere-se a Esdras, o qual, em razão <strong>de</strong> sua erudição, fora capaz <strong>de</strong> interpretar a lei<br />

para povo comum.<br />

Outrossim, <strong>de</strong>vido à sua linhagem sacerdortal(Esd. 7:6), ele simbolizava a íntima<br />

conexão entre o sacerdócio e a interpretação oficial da lei, o que continuou sendo uma<br />

ativida<strong>de</strong> até o século II a.C., com toda a probabilida<strong>de</strong>.Essa conexão parece ser a<br />

continuação da associação entre as funções escribais e as funções religiosas dos dias<br />

anteriores.De acordo com o <strong>de</strong>creto persa a lei <strong>de</strong> Moisés tornou-se civilmente<br />

obrigatória para os ju<strong>de</strong>us que viviam “dalém do Eufrates”, isto é, a oeste <strong>de</strong>sse<br />

rio(Esd. 7:25 ss).<br />

A tarefa essencial dos santos intérpretes da lei <strong>de</strong> Moisés lhes foi conferida<br />

oficialmente, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa nova capacida<strong>de</strong> civil, aos sacerdotes(Esdras) e aos<br />

levitas(cf. Nee. 8:6-9).As fontes informativas acerca das questões, durante os séculos<br />

seguintes, são quase exclusivamente rabínicas, em sua literatura religiosa. Entretanto,<br />

a hegemonia sacerdotal sobre a correta interpretação da lei dificilmente po<strong>de</strong> ser posta<br />

em dúvida.<br />

Durante o período persa, e quase todo o período <strong>de</strong> monarcas Ptolomeus, o sumo<br />

sacerdote era o oficial local mais importante do governo, sendo membro categorizado<br />

da aristocracia local.Ele era afigura preferida para receber gran<strong>de</strong>s figuras, como<br />

Alexandre, o Gran<strong>de</strong>, sendo escoltado por nobres, <strong>de</strong> quem também se esperava que<br />

operasse como oficial local superior sob o governo dos Ptolomeus.<br />

Tão gran<strong>de</strong> quanto o reinado <strong>de</strong> Antíoco II na Palestina, o sumo sacerdote era o oficial<br />

local principal, ao passo que os sacerdotes e levitas dominavam os papéis <strong>de</strong><br />

funcionários especialmente privilegiados na carta <strong>de</strong> isenções <strong>de</strong> Antíoco.Muito<br />

significativamente, “escribas do templo” foram incluídos entre os dispensados do<br />

pagamento <strong>de</strong> certas taxas.O papel exato dos “escribas” continua um tanto obscuro,<br />

por falta <strong>de</strong> material informativo.<br />

De acordo com certa tradição rabínica, a lei oral(também dada a Moisés, no Sinai, <strong>de</strong><br />

acordo com a teologia rabínica) foi medida dos profetas para a geração <strong>de</strong> Simeão, “o<br />

Justo”(sua i<strong>de</strong>ntificação é disputada; ou o sumo sacerdote, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 300 a.C., ou o<br />

seu neto <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 210 a.C.), pela gran<strong>de</strong> assembléia.<br />

Quando essa tradição é confrontada com as regras citadas na literatura rabínica, que<br />

teriam sido produzidas pelos escribas, parece bem provável que os escribas dos<br />

períodos persa e ptolemaico eram idênticos(ou, pelo menos, participantes) a esse<br />

grupo <strong>de</strong> formuladores da lei oral.As regras e práticas estabelecidas pelos escribas<br />

adquiriram uma autorida<strong>de</strong> obrigatória, particularmente entre os ortodoxos <strong>de</strong> tempos<br />

posteriores, ou seja, já na época do Novo Testamento.<br />

Certa tradição atribui maior autorida<strong>de</strong> aos ensinos <strong>de</strong>les do que à própria lei escrita.<br />

Dos prosélitos requeria-se que eles obe<strong>de</strong>cessem às tradições orais dos escribas,<br />

tanto quanto às leis escritas( Lev. 19:34). Os escribas eram, essencialmente ,<br />

intérpretes bíblicos, porquanto regras escribais ocasionais, não alicerçadas sobre as<br />

Escrituras, fizeram os rabinos posteriores sentirem-se consternados.<br />

Essa situação ajusta-se bem aos <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong> um grupo ou classe <strong>de</strong> intérpretes, que<br />

operaram duranre os períodos persa e ptolemaico.<br />

A partir do século II a.C., dispomos <strong>de</strong> duas fontes <strong>de</strong> informação adicionais sobre os<br />

escribas. No livro <strong>de</strong> Bem Siraque(Eclesiático), cujo autor reputava-se claramente<br />

<strong>de</strong>ntro da tradição escribal, há uma “o<strong>de</strong>” ao “escriba perfeito”(Eclesiático 38.24-<br />

39.11). Essa o<strong>de</strong> confirma o quadro <strong>de</strong> um escriba bem instruído na lei e na sabedoria<br />

religiosa capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as implicações tanto da lei oral quanto da lei escrita. Em<br />

resultado <strong>de</strong>ssa erudição, os escribas <strong>de</strong>sfrutavam <strong>de</strong> posição proeminente nas<br />

assembléias públicas, sendo entendidos sobre a justiça, e aplicando-a entre o povo.<br />

68


Outrossim, os escribas eram consi<strong>de</strong>rados elementos particularmente piedosos, em<br />

virtu<strong>de</strong> do conhecimento que tinham da verda<strong>de</strong> revelada <strong>de</strong> Deus.<br />

Se o livro <strong>de</strong> Eclesiático tem origem saducéia(ou, mais apropriadamente, potosaducéia),<br />

então há nisso um ponto <strong>de</strong> conexão entre o sacerdócio estabelecido e a<br />

classe dos escribas.Além disso, durante a revolta dos Macabeus, um grupo <strong>de</strong><br />

escribas “buscou justiça” da parte do sumo sacerdote Alcino, nomeado como tal<br />

pelo monarca Selêucida, na confiança <strong>de</strong> que ele era “o sacerdote da linhagem <strong>de</strong><br />

Arão”(I Macabeus 7.12 ss), e nada tinham a temer.<br />

Embora a confiança <strong>de</strong>les tivesse pouca duração, o fato reflete uma permanente<br />

cooperação entre os escribas e o sacerdócio oficialmente estabelecido. Entretanto, a<br />

cooperação entre os “piedosos” (chasidim) e os escribas, dá a enten<strong>de</strong>r um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento posterior, quando os saduceus sacerdotais opunham-se àqueles que<br />

<strong>de</strong>scendiam <strong>de</strong> escribas: os rabinos e os fariseus.<br />

Por ocasião da revolta dos Macabeus, porém, as “divisões partidárias”, com toda a<br />

probabilida<strong>de</strong>, ainda não haviam surgido.É nas páginas do Novo Testamento que<br />

encontramos o testemunho final sobre o emprego da palavra “escriba”, indicando<br />

alguém que era um erudito e autorida<strong>de</strong> na lei mosaica.Os escribas são aliado e<br />

ligados ao partido sacerdotal (os saduceus, por exemplo: Mat.2:4, 21:15), e também<br />

ao partido dos fariseus(ef. Mat.23).<br />

Os eruditos <strong>de</strong>ste último partido eram os lí<strong>de</strong>res que, mais tar<strong>de</strong>, haveriam <strong>de</strong> tornarse<br />

o judaísmo rabínico, mas que, posteriormente, passaram a ser conhecidos como<br />

“sábios”, e mais tar<strong>de</strong> ainda, como “rabinos”. Porém, os escribas (ou eruditos) <strong>de</strong><br />

ambos os partidos <strong>de</strong>safiaram Jesus, principalmente <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que ele não<br />

observava as práticas tradicionais ditadas pela lei oral.<br />

Para exemplificar: comer com as mãos sem lavá-las, o que era uma quebra <strong>de</strong><br />

tradição oral. – Mat. 15:2; Mar, 7:51; ou comer com os que não observavam essas<br />

tradições – Mar. 2:16. Em Mateus 23 – paralelo em Lucas 11 – temos a con<strong>de</strong>nação<br />

clássica da aboradagem escribal quanto à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.Os eruditos <strong>de</strong> ambos os<br />

partidos, sem dúvida alguma, participaram <strong>de</strong> todos os procedimentos legais<br />

efetuados contra Jesus, na semana <strong>de</strong> sua paixão. Mas as mui complexas questões<br />

da legalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo(levado a efeito sob domínio romano), tornam muito<br />

tênues as nossas conclusões a respeito.<br />

Paulo interpretava os escribas como mestres da dialética(I. Cor.1:20-25), aplicada à lei<br />

escrita e às tradições orais.<br />

Mas essa dialética, do ponto <strong>de</strong> vista Paulino, não passava <strong>de</strong> insensatez, diante da<br />

obra salvatícia <strong>de</strong> Deus, na pessoa <strong>de</strong> Cristo. Entretanto, pelo menos em certos<br />

segmentos da Igreja primitiva, a função dos escribas, como eruditos e instrutores<br />

cristãos da responsabilida<strong>de</strong> legal, foi preservada(Mat. 8:19; mas, especialmente, Mat.<br />

13:52 e 23:24), <strong>de</strong> tal modo que ali interpretava-se que a lei mosaica não havia sido<br />

abolida e, sim, reaplicada às necessida<strong>de</strong>s da Igreja cristã, mais espirituais do que no<br />

caso da congregação judaica.<br />

A única menção aos “escribas”, no evangelho <strong>de</strong> João, acha-se na passagem<br />

consi<strong>de</strong>rada não autêntica, sobre bases textuais e lingüísticas, a saber, João 7:53 –<br />

8:11.Após o período do Novo Testamento, a palavra “escriba” passou a <strong>de</strong>screver um<br />

mestre <strong>de</strong> crianças e compositor <strong>de</strong> documentos legais; e os títulos “sábio”, e então,<br />

“rabino”, substituíram o termo “escriba”.<br />

Portanto, os atuais rabinos correspon<strong>de</strong>m aos antigos escribas; Jesus acusou os<br />

escribas em termos que não dão margem a dúvidas: “Negligenciando o mandamento<br />

<strong>de</strong> Deus, guardais a tradição dos homens...invalidando a palavra <strong>de</strong> Deus (escrita)<br />

pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras<br />

cousas semelhantes” (Mar. 7:1-23)<br />

69


Os Escrivõess das Cida<strong>de</strong>s<br />

No grego grammateús, palavra usada por sessenta e uma vezes, apenas por quatro<br />

vezes no livro <strong>de</strong> Atos, por uma vez em João, por uma vez em I Coríntios, e por<br />

cinqüenta e cinco vezes nos evangelhos sinóticos.Essa palavra usualmente é<br />

traduzida por “escriba”.Mas, em Atos 19:35, lemos: “O escrivão da cida<strong>de</strong>, tendo<br />

apaziguado o povo, disse...” Na linguagem secular, um grammateús era um escrivão,<br />

que registrava e guardava os documentos e arquivos <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>.Seu ofício incluía<br />

a redação <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretos oficiais, para então lê-los nas assembléias públicas.<br />

Foi o escrivão da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Éfeso, nessa passagem do livro <strong>de</strong> Atos, que tentou e<br />

conseguiu apaziguar a multidão agitada, quando Demétrio provocou um gran<strong>de</strong><br />

distúrbio popular.Na Ásia Menor, sob o governo romano, os escrivães tinham o direito<br />

<strong>de</strong> presidir às reuniões públicas e <strong>de</strong> submeter as questões <strong>de</strong>batidas à solução pelo<br />

voto. Inscrições <strong>de</strong>scobertas pelos arqueólogos ilustram bem essas questões.<br />

Um escrivão era uma espécie <strong>de</strong> secretário <strong>de</strong> estado;pois os nomes <strong>de</strong> alguns<br />

<strong>de</strong>sses oficiais aparecem em moedas e inscrições, o que <strong>de</strong>monstra que alguns <strong>de</strong>les<br />

foram figuras <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável influência. Alguns <strong>de</strong>les também estavam encarregados<br />

do tesouro da cida<strong>de</strong>. Com base em evidências arqueológicas, algumas <strong>de</strong>las<br />

provenientes <strong>de</strong> inscrições <strong>de</strong>scobertas em Éfeso, sabemos que esse oficial também<br />

atuava como uma espécie <strong>de</strong> prefeito, embora se ocupasse <strong>de</strong> funções que, hoje em<br />

dia, são entregues a outros oficiais. Como é óbvio, os <strong>de</strong>veres dos escrivães variavam<br />

<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> para cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com os costumes locais.<br />

70


3<br />

O Período Intertestamentário e o Mundo Greco-Romano<br />

As condições gerias <strong>de</strong>sse período po<strong>de</strong>m ser relembradas sabendo-se que houve<br />

quatro períodos distintos em que esses quatrocentos anos po<strong>de</strong>m ser divididos:<br />

a. o período persa, 430-322 a.C.<br />

b. o período grego, 321-167 a.C.<br />

c. o período da in<strong>de</strong>pendência, 167-63 a.C.<br />

d. o período romano, 63 a.C. até Jesus Cristo.<br />

Pérsia<br />

Israel caiu sob o controle persa.<br />

A Pérsia foi a gran<strong>de</strong> potência mundial durante cerca <strong>de</strong> duzentos anos, e foi mais ou<br />

menos na meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse período que Israel seguiu para o cativeiro. Nomes como<br />

Artaxerxes I, Xerxes II, Dario III e Artaxerxes II, são nomes familiares entre nós, como<br />

reis persas que governaram durante esse tempo.Noemias reconstruiu Jerusalém<br />

durante o governo <strong>de</strong> Artaxerxes I; e usualmente os persas eram clementes, e tanto a<br />

autorida<strong>de</strong> civil como a autorida<strong>de</strong> religiosa foram restabelecidas em Israel durante<br />

esse período. O império persa caiu sob Dario III, em cerca <strong>de</strong> 331a.C.<br />

Os Ptolomeus e os Selêucidas<br />

Com a queda da Pérsia, o equilíbrio do po<strong>de</strong>r mundial passou da Ásia para o<br />

Oci<strong>de</strong>nte, para a potência crescente dos gregos.<br />

Quase todos estão bem familiarizados com o nome Alexandre o Gran<strong>de</strong> que, com a<br />

ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinte anos, assumiu o comando do exército macedônio e, em um período<br />

extremamente breve, reduziu aos seus pés todas as <strong>de</strong>mais potências, tendo varrido o<br />

Egito, a Assíria, a Babilônia e a Pérsia.Alexandre conquistou a Palestina em cerca <strong>de</strong><br />

332 a.C., poupou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jerusalém e disseminou a língua e a cultura gregas por<br />

toda a parte. Marchas forçadas e bebidas imo<strong>de</strong>radas arrebataram-lhe a vida quando<br />

contava apenas trinta e três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, estando ele na Babilônia, no ano <strong>de</strong> 323<br />

a.C.<br />

Quando <strong>de</strong> seu falecimento, morreu também a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um governo universal e, em<br />

cumprimento da profecia <strong>de</strong> Daniel(Dan. 11:4,5), o seu reino foi dividido. O império foi<br />

repartido entre os quatro generais <strong>de</strong> Alexandre.As duas porções orientais ficaram<br />

com generais separados, a Síria ficou com Seleuco, e o Egito, com Ptolomeu.<br />

Dessa maneira vieram à existência os ptolomeus(reis gregos do Egito) e os selêucidas<br />

(reis gregos da Síria). Outros domínios foram estabelecidos em resultado da morte <strong>de</strong><br />

Alexandre; mas só esses dois têm alguma significação na história bíblica, em relação<br />

ao período entre os Testamentos. A princípio, a Palestina ficou <strong>de</strong>baixo do controle<br />

sírio, mas não muito <strong>de</strong>pois passou para o controle egípcio. Assim permaneceram as<br />

coisas durante cerca <strong>de</strong> cem anos, até 198 a.C.<br />

Durante esse período os ju<strong>de</strong>us estiveram disperso, e Alexandria serviu <strong>de</strong> importante<br />

centro político e cultural, o que propiciou meios do V.T, ser traduzido para o grego,<br />

tradução essa que tomou o nome <strong>de</strong> Septuaginta, representada também pelo símbolo<br />

LXX(que significa “70” em latim), por causa da tradição que foi completada por setenta<br />

e dois tradutores ju<strong>de</strong>us da Palestina.<br />

Sob os “ptolomeus”, os ju<strong>de</strong>us prosperaram, e até construirão importantes centro<br />

religiosos em Alexandria.<br />

71


Entretanto, em 198 a.C., Antíoco o Gran<strong>de</strong> reconquistou a Palestina, e esta voltou ao<br />

controle dos “Selêucidas”.<br />

Em 175-164 a.C., os ju<strong>de</strong>us foram severamente perseguidos por Antíoco Epifânio, que<br />

estava resolvido a extreminá-los, juntamente com sua religião.<br />

Esse é o “pequeno chifre” <strong>de</strong> Daniel 7:9, <strong>de</strong>scrito nessa passagem profética. No ano<br />

<strong>de</strong> 168 a.C. Antíoco Epifânio profanou o templo <strong>de</strong> Jerusalém, oferecendo uma porca<br />

sobre o altar.<br />

Tornou-se o tipo vivido do ainda futuro anticristo, que, semelhantemente, atacará e<br />

procurará <strong>de</strong>struir qualquer verda<strong>de</strong>iro testemunho <strong>de</strong> Deus. Antíoco Epifânio cometeu<br />

muitas outras atrocida<strong>de</strong>s contra os ju<strong>de</strong>us, incluindo a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir todos os<br />

manuscritos das escrituras.Seus excessos é que provocaram a revolta dos<br />

Macabeus, o que resultou, finalmente , num período <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência dos israelitas.<br />

Os Macabeus e a In<strong>de</strong>pendência<br />

O período <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pedência israelita também é conhecido como período macabeu, ou<br />

hasmoneano.(O nome <strong>de</strong> família dos Macabeus era “Hasmon”).Matatias, um<br />

sacerdote, tinha cinco filhos, <strong>de</strong> nome Judas, Jônatas, Simão, João e Eleazar. Judas<br />

foi guerreiro <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> extraordinária, tendo reunido as forças necessárias para a<br />

libertação dos ju<strong>de</strong>us.<br />

Em 165 a.C., Judas purificou e reconsagrou o templo, e esse acontecimento passou a<br />

ser comemorado pela festa da Dedicação.Um período <strong>de</strong> cem anos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

seguiu-se a partir daí; porém, essa liberda<strong>de</strong> terminou em 63 a.C., quando os romanos<br />

conquistaram a Palestina.<br />

Intromissão Romana<br />

Em 63 a.C., os romanos comandados por Pompeu, tomaram a Palestina.<br />

Antípatre, um idumeu(isto é, edomita, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Esaú), foi nomeado governador<br />

da Judéia.<br />

Esta incluía as regiões da Galiléia, Samaria, Judéia,Traconite e Peréia(algumas vezes<br />

intituladas, coletivamente,<strong>de</strong> “Judéia”).Essas divisões haviam sido estabelecidas ainda<br />

durante o período sírio, mas permaneceram durante a maior parte do tempo do<br />

período romano, que o seguiu.Com Antípatre é que começou o governo dos Hero<strong>de</strong>s,<br />

tão bem conhecidos nos evangelhos;Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> era filho <strong>de</strong> Antípatre.Os<br />

herodianos eram o partido político que favorecia a linhagem dos Hero<strong>de</strong>s, como<br />

artifício para evitar o governo romano direto.Muitos consi<strong>de</strong>ravam a sucessão dos<br />

Hero<strong>de</strong>s como o “Mesias”.<br />

No tempo do governo <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> é que nasceu Jesus;e foi no tempo do<br />

governo do tetrarca Hero<strong>de</strong>s(tembém chamado Ântipas, um dos filhos mais novos <strong>de</strong><br />

Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>, Luc. 3:19) .<br />

Descobrimentos Arqueológicos que Ilustram esses Anos<br />

As <strong>de</strong>scobertas arqueológicas têm servido para adicionar informações ao nosso<br />

cabedal <strong>de</strong> conhecimentos sobre aqueles tempo, além das informações que temos<br />

podido recolher escritas. Muitos têm dito, e com freqüência, que o livro <strong>de</strong> Daniel está<br />

em conflito com a História, ao afirmar que Belsazar era o rei da Babilônia ao tempo da<br />

queda <strong>de</strong>ssa cida<strong>de</strong>. Existem documentos históricos que indicam que Nabonido foi o<br />

último rei da Babilônia, e que não foi morto pelos conquistadores, e, sim, que lhe foi<br />

dada uma pensão para viver.<br />

Porém, pelos meados do século XIX foram <strong>de</strong>scobertos alguns tabletes <strong>de</strong> argila, na<br />

região da antiga Babilônia. Evi<strong>de</strong>ntemente, Nabonido passava gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seu<br />

tempo na Arábia, tendo nomeado Belsazar à posição <strong>de</strong> monarca reinante, por causa<br />

<strong>de</strong> sua ausência habitual.<br />

72


Outras <strong>de</strong>scobertas, como a dos papiros <strong>de</strong> Elefantina(assim chamados <strong>de</strong>vido a uma<br />

ilha <strong>de</strong>sse nome, localizada no rio Nilo, acerca <strong>de</strong> 940 quilômetros ao sul do Cairo),<br />

confirmaram certo número <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes contidos nos livros <strong>de</strong> Esdras e Neemias, tais<br />

como a menção <strong>de</strong> Sambalate e o governo <strong>de</strong> Artaxerxes I, coinci<strong>de</strong>ntes com certos<br />

acontecimentos <strong>de</strong>scritos em livros bíblicos, mormente à volta <strong>de</strong> Neemias para<br />

reedificar Jerusalém.<br />

Provas arqueológicas também foram <strong>de</strong>scobertas quanto à família <strong>de</strong> Tobias. Perto da<br />

atual Amã,foram <strong>de</strong>scobertos túmulos <strong>de</strong>ssa família.Com os sucessores <strong>de</strong> Artaxerxes<br />

I(465-423 a.C.) é que se iniciou o período intertestamentário.A Palestina se tornou<br />

parte da quinta satrapia(ou província) persa, cuja capital era Damasco ou Samaria.<br />

Existem abundantes achados arqueológicos que ilustram as conquistas <strong>de</strong> Alexandre.<br />

Foi <strong>de</strong>scoberto um mosaico que ilustra a <strong>de</strong>struição dos exércitos <strong>de</strong> Dario III, por<br />

Alexandre o Gran<strong>de</strong>.Tal mosaico foi encontrado nas escavações em Pompéia,<br />

efetuadas em 1831.<br />

O cerco <strong>de</strong> Tiro, pelas tropas <strong>de</strong> Alexandre, cumpriu nos mínimos <strong>de</strong>talhes, as<br />

profecias <strong>de</strong> Ezequiel(capítulo vigésimo sexto). As pedras e a ma<strong>de</strong>ira da cida<strong>de</strong><br />

foram realmente lançadas à beira-mar, quando Alexandre as usou para formar um<br />

molhe que atingisse a ilha on<strong>de</strong> estava edificada a cida<strong>de</strong>, cerca <strong>de</strong> oitocentos metros<br />

distante da praia, e que os habitantes da cida<strong>de</strong> continental tinham construído, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> terem fugido daquela cida<strong>de</strong>.<br />

Josefo relata-nos que Alexandre visitou Jerusalém; mas essa informação só é<br />

consubstanciada pelo Talmu<strong>de</strong> dos ju<strong>de</strong>us, nada se sabendo quanto à autenticida<strong>de</strong><br />

histórica.Muitas moedas e vasos <strong>de</strong> barro, <strong>de</strong>senterrados, têm fornecido evidências<br />

sobre o governo dos - Ptolomeus do Egito – sobre a Palestina.Túmulos belamente<br />

pintados, com inscrições gregas, foram <strong>de</strong>scobertos em Marissa, ao norte <strong>de</strong> Beth<br />

Gubrin(Eleuterópolis), na estrada <strong>de</strong> Gaza, pertencentes à segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

III a.C.<br />

Numerosas moedas dos reis Selêucidas, incluindo Antíoco Epifânio(175-164 a.C.), têm<br />

sido <strong>de</strong>scobertas em diversas cida<strong>de</strong>s da Síria e da Palestina.Durante o tempo das<br />

lutas <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência dos macabeus, os dois gran<strong>de</strong>s partidos do judaísmo - os<br />

fariseus e os saduceus – vieram à existência.Os fariseus apoiavam ardosamente o<br />

movimento <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência,e tiveram início admirável, exaltando a lei <strong>de</strong> Deus,<br />

aguardando o Messias e esperando a ressureição.<br />

Os saduceus por outro lado, acolhiam a cultura helênica, interessando-se mais pelas<br />

vantagens materiais.Sem dúvida não eram ortodoxos nas questões religiosas, e por<br />

isso mesmo eram <strong>de</strong>sprezados pelos fariseus.O ódio que surgiu entre esses dois<br />

grupos terminou por afundar o reino hasmoneano.<br />

Os essênios também se <strong>de</strong>senvolveram como um grupo distinto entre os ju<strong>de</strong>us,<br />

nesse período.Os manuscritos do Mar Morto dão muita informação valiosa sobre eles.<br />

Foi <strong>de</strong>senterrada uma das fortalezas <strong>de</strong> Simão Macabeu.Muitos outros remanescentes<br />

foram encontrados, tais como moedas, cerâmicas, e, no caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marissa,<br />

uma gravura helenística típica, ilustrando a vida e a cultura da Palestina durante esse<br />

período. Foram encontradas moedas que trazem o título <strong>de</strong> “rei”, estampado tanto em<br />

grego como em hebraico, referentes aos reis hasmoneanos.<br />

Também há abundantes achados arqueológicos que ilustram o governo da linhagem<br />

dos Hero<strong>de</strong>s, durante o qual Cristo viveu e morreu. Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>stacado<br />

edificador, e algumas <strong>de</strong> suas estruturas têm sido <strong>de</strong>senterradas.Cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />

quilômetros ao sul <strong>de</strong> Belém foi i<strong>de</strong>ntificado o “herodium”.Era uma espécie <strong>de</strong> castelo<br />

forte, uma magnificiente estrutura, evi<strong>de</strong>ntemente com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir <strong>de</strong><br />

memorial perpétuo dos Hero<strong>de</strong>s.<br />

Porém, Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> é mais bem lembrado <strong>de</strong>vido à matança dos inocentes,<br />

sendo o seu mais apropriado memorial.Hero<strong>de</strong>s também erigiu o templo <strong>de</strong> Jerusalém,<br />

posteriormente <strong>de</strong>struído pelos romanos. Esse templo foi iniciado em cerca <strong>de</strong> 19 a.C.<br />

e chegava aos estágios finais durante o ministério <strong>de</strong> Jesus.Restos <strong>de</strong> um templo<br />

construído por Hero<strong>de</strong>s, em Samaria, também po<strong>de</strong>m ser vistos até hoje.<br />

73


A Palestina no Tempo <strong>de</strong> Jesus<br />

Os excessos <strong>de</strong> “Antíoco Epifânio” em sua tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a religião judaica,<br />

conduziram à oposição unida por parte <strong>de</strong> todo o Israel.<br />

Os Macabeus(assim chamados por causa da alcunha <strong>de</strong> Judas, embora o nome da<br />

família fosse “hasmon”), foram os lí<strong>de</strong>res do momento que os israelitas precisavam.<br />

Judas Macabeu centralizou todas as ativida<strong>de</strong>s judaicas ao redor da capital,<br />

Jerusalém, dando assim algum terreno comum ao povo, embora gran<strong>de</strong>s seções do<br />

país, especialmente na Galiléia e na Peréia, permanecessem essencialmente sob<br />

controle estrangeiro.<br />

Essas áreas tinham culturas não-judaicas que datavam dos séculos, e as populações<br />

judaicas que ali havia eram esparsas.Os hasmoneanos obtiveram domínio quase total<br />

<strong>de</strong>pois da revolta contra Antíoco Epifânio, e Hircano, Aristóbulo e Alexandre Janeuo<br />

ficaram como sumos sacerdotes ungidos, sempre <strong>de</strong> armas ao alcance da mão, para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem sua in<strong>de</strong>pendência e domínio há pouco conquistados.Mas esses tempos<br />

bons não po<strong>de</strong>riam durar muito, e, como sempre começaram a multiplicar-se os<br />

abusos nos círculos políticos. Gradualmente, uma oposição profunda se foi formando<br />

entre o povo, contra a casa real. Isso começou a aparecer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> João<br />

Hircano.<br />

A história revela-nos que Alexandre janeu foi um governante sanguinário;durante esse<br />

tempo, rebentou uma guerra civil que encharcou Jerusalém em sangue durante cinco<br />

anos. Após o falecimento <strong>de</strong> Janeu, sua viúva Alexandra, mediante gran<strong>de</strong> astúcia,<br />

evitou ainda maior <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue, e isso ela fez conce<strong>de</strong>ndo maior<br />

autorida<strong>de</strong> aos súditos não-reais e aumentando o po<strong>de</strong>r do concílio <strong>de</strong> Jerusalém,<br />

além <strong>de</strong> ter introduzido nesse concílio os “escribas”, os quais os olhos do povo, eram<br />

consi<strong>de</strong>rados lí<strong>de</strong>res mais dignos que os membros da linhagem real, cujos sacerdotes,<br />

em geral, eram menos educados e menos cultos.<br />

A morte <strong>de</strong> Alexandra, entretanto, foi o sinal para novas lutas pelo po<strong>de</strong>r no seio da<br />

dinastia dos hasmoneanos.Seus dois filhos, Aristóbulo e Hircano se opunham<br />

amargamente um ao outro. Aristóbulo era uma cópia fiel <strong>de</strong> seu pai, amante da guerra,<br />

e embora Hircano hesitasse em combater e fosse incopetente, contava com o apoio<br />

do astuto Antípatre(pai <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>).Antípatre fora antes conselheiro <strong>de</strong><br />

Alexandre Janeu.<br />

Finalmente Hircano, auxiliado por um bando <strong>de</strong> árabes nabateus, assediou o seu<br />

irmão em Jerusalém .Roma já criara uma província forte na Síria(dos remanescentes<br />

do reino salêucida), mas jamais interferira muito em Jerusalém. Porém, intensificandose<br />

a guerra civil ali, finalmente Roma resolveu intervir, e com essa intervenção<br />

dissipou-se a in<strong>de</strong>pendência israelita uma vez mais.<br />

Pompeu, o general romano, entrou em Jerusalém no ano <strong>de</strong> 63 a.C. Israel per<strong>de</strong>u<br />

seus territórios extrajudaicos; as cida<strong>de</strong>s gregas da costa marítima e ao longo do vale<br />

Jordão foram libertadas das mãos dos odiados ju<strong>de</strong>us. A Samaria e a Galiléia foram<br />

reunidas à recém-formada província da Síria.<br />

Muitos saudaram essa intervenção romana como ótima medida, posto que muitos já<br />

estavam exaustos com a luta pelo po<strong>de</strong>r no seio da dinastia hasmoneana. Flávio<br />

Josefo apresenta a lista <strong>de</strong> muitas “cida<strong>de</strong>s libertadas”, tais como Gaza, Azoto, Jope,<br />

Jamnia, A Torre <strong>de</strong> Estrato, Dora(todas na costa marítima).<br />

No interior havia Samaria, Citópolis, Hipos, Gadara, Pela, Dion e, sem dúvida alguma,<br />

muitas outras. Novas cida<strong>de</strong>s do outro lado do Jordão se uniram a Citópolis como uma<br />

espécie <strong>de</strong> aliança comercial, a “aliança <strong>de</strong> <strong>de</strong>z cida<strong>de</strong>s”, e que popularmente veio a<br />

ser conhecida como Decápolis.Dessa maneira, o minúsculo estado ju<strong>de</strong>u retornou à<br />

posição política em que estivera cem anos antes, <strong>de</strong>snudo <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong> sua<br />

in<strong>de</strong>pendência.<br />

De maneira geral, todavia, Pompeu modificou as formas <strong>de</strong> governo local, e os seus<br />

sucessores seguiram essa orientação.E por isso, sob muitos aspectos, a vida sob os<br />

romanos, era melhor que, a vida sob os hasmoneanos.Alguns chegaram a aclamar<br />

74


esses acontecimentos com a aurora da in<strong>de</strong>pendência, mas os ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong> maneira<br />

geral, não compartilhavam <strong>de</strong>sse entusiasmo.<br />

João Hircano, que fora <strong>de</strong>ixado temporariamente no po<strong>de</strong>r, finalmente per<strong>de</strong>u o que<br />

lhe restava, e seus antigos territórios tornaram-se parte da província da Síria.<br />

A Linhagem Herodiana<br />

Antípatre<br />

As condições não <strong>de</strong>morariam a alterar-se.<br />

Durante o espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos(63-53 a.C.), enquanto os acontecimentos acima<br />

<strong>de</strong>scritos estavam ocorrendo, Antípatre, ex-conselheiro <strong>de</strong> Alexandre Janeu, e mais<br />

tar<strong>de</strong> campeão <strong>de</strong> Janeu, preferia ficar em segundo plano, ao mesmo tempo que<br />

cultivava o favor dos romanos.Por algum tempo, João Hircano ocupou a posição <strong>de</strong><br />

“etnarca”, principalmente por causa da influência favorável <strong>de</strong> Antípatre ante os<br />

romanos.<br />

Mais ou menos por esse tempo, a própria Roma experimentou terrível guerra civil, que<br />

começou quando César atravessou o Rubicon e terminou finalmente com a vitória <strong>de</strong><br />

Otávio(mais tar<strong>de</strong> intitulado Augusto),em Ácio.Todos esses acontecimentos, que<br />

tiveram lugar entre 49 e 31 a.C., tiveram seus reflexos na Palestina.Antípatre,<br />

mediante seus cálculos inteligentes, sempre conseguiu ficar ao lado vitorioso na luta<br />

pelo po<strong>de</strong>r entre os romanos. Transferia sua lealda<strong>de</strong> à medida que as condições o<br />

exigiam, <strong>de</strong> Pompeu para César, então para Filipe, daí para Antônio; e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Àcio, para Otávio.<br />

Tudo isso foi largamente recompensado pelos romanos ; César aboliu a quíntupla<br />

divisão em que a Palestina fora dividida.Hircano ficou com uma seção unida(etnarca)<br />

que consistia da Judéia unida, tendo recebido posição sentorial conferida por Roma.<br />

Antípatre, por seus vários serviços, recebera a cidadania romana tão cobiçada e,<br />

temporariamente, tornou-se ministro <strong>de</strong> João Hircano.As reivindicações <strong>de</strong> Aristóbulo<br />

e <strong>de</strong> Antígono, seu pai, haviam sido totalmente ignoradas e Jerusalém, tornou-se, uma<br />

vez mais, a capital nominal da região.<br />

Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong><br />

Hero<strong>de</strong>s, o hábil e astuto filho <strong>de</strong> Antípatre, durante esse período, mostrou ser um<br />

valioso aliado dos oficiais romanos no Oriente.Foi nomeado governador militar <strong>de</strong> toda<br />

a fronteira do sul da Síria, pelo governador romano <strong>de</strong>ssa província.A morte <strong>de</strong><br />

Antípatre permitiu que Hero<strong>de</strong>s obtivesse a ascendência sobre Jerusalém, e o<br />

pequeno estado ju<strong>de</strong>u que circundava a cida<strong>de</strong> ficou em suas mãos. Imediatamente<br />

Hero<strong>de</strong>s sofreu a oposição da linhagem dos hasmoneanos, que, naturalmente, viam<br />

nele o seu maior obstáculo à possível restauração da liberda<strong>de</strong>.<br />

Antígono encabeçava essa oposição, e, ao intensificar-se a mesma, os romanos<br />

resolveram intervir, a fim <strong>de</strong> preservar a consolidar os seus interesses na Palestina.<br />

Para tanto, Hero<strong>de</strong>s foi nomeado “rei dos ju<strong>de</strong>us”.A princípio o título parecia vazio,<br />

mas não <strong>de</strong>morou a Hero<strong>de</strong>s torná-lo válido.No espaço <strong>de</strong> três anos já obtivera<br />

completo controle, e Antígono foi executado. Hero<strong>de</strong>s foi monarca autêntico, mas<br />

jamais se esqueceu <strong>de</strong> que usava a coroa por permissão dos romanos.<br />

Nesse ínterim, a vitória <strong>de</strong> Otávio sobre Antônio e Cleópatra trouxe um período <strong>de</strong> paz<br />

e tranqüilida<strong>de</strong> relativas.Augusto(Otávio), através <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> medidas sábias,<br />

obteve autorida<strong>de</strong> completa sobre o império romano, que assim, ainda mais<br />

completamente do que antes, se modificou <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia para uma monarquia.<br />

Foram nomeados governadores diretamente responsáveis a ele,mas por toda a parte,<br />

conforme era a norma romana, esses governadores tinham a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir <strong>de</strong><br />

conformida<strong>de</strong> com as circunstâncias.Augusto preferia nomear lí<strong>de</strong>res locais do que<br />

enviar governadores romanos para governarem as províncias.<br />

Ora, Hero<strong>de</strong>s era um <strong>de</strong>sses homens, aos olhos <strong>de</strong> Otávio.<br />

75


Durante o reinado <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, que se prolongou por quarenta anos, distrito após<br />

distrito das áreas ao redor,foi sendo adicionado ao seu reino.Sob o governo <strong>de</strong><br />

Hero<strong>de</strong>s, “Israel” recuperou as fronteiras aproximadas que Alexandre Janeu<br />

conquistara e consolidara, em resultado <strong>de</strong> sua revolta contra os Selêucidas.Esse<br />

período consi<strong>de</strong>rado em linhas gerais, se caracterizou pela prosperida<strong>de</strong> astronômica,<br />

a <strong>de</strong>speito da tirania geralmente intensa, criada pelos diversos governantes.<br />

Augusto encontrou Roma construída <strong>de</strong> tijolos e a <strong>de</strong>ixou erigida <strong>de</strong> mármore.<br />

Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> foi gran<strong>de</strong> edificador, e, entre outras coisas, construiu o templo,<br />

ginásios, anfiteatros, aquedutos e novas cida<strong>de</strong>s, incluindo Samaria, que há muito<br />

tempo jazia em ruínas. A fim <strong>de</strong> prover um porto para a costa tão inóspita, Hero<strong>de</strong>s<br />

construiu Cesaréia Estatones, que foi erigida no antigo sítio da Torre <strong>de</strong> Estrato.Não<br />

<strong>de</strong>morou para essa cida<strong>de</strong> tornar-se uma das principais da Palestina.<br />

Hero<strong>de</strong>s tornou-se motivo <strong>de</strong> refrão: “Quem ainda não viu o templo <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, ainda<br />

não viu o que é belo”.<br />

Em certos pontos, mostrou ser uma miniatura <strong>de</strong> Augusto.A terra sob seu governo<br />

<strong>de</strong>sfrutou <strong>de</strong> paz, ainda que temporariamente apenas, e ele muito se esforçou por<br />

eliminar o bandidismo. Em períodos <strong>de</strong> escassez era provido trigo gratuitamente, além<br />

<strong>de</strong> vestes para os pobres.Os impostos, entretanto, eram altíssimos, trinta e três por<br />

cento em 20 a.C., e vinte e cinco por cento seis anos mais tar<strong>de</strong>.<br />

O governo <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, apesar <strong>de</strong> ter alguns pontos favoráveis, foi assinalado por<br />

muitas atrocida<strong>de</strong>s, violências e homicídios, e ele nunca gozou <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> entre<br />

as massas, a <strong>de</strong>speito dos esforços do partido político <strong>de</strong>nominado “os herodianos”,<br />

que dava preferência a ele, e não ao governo direto <strong>de</strong> Roma.<br />

O falecimento <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s(4a.C.), provocou gran<strong>de</strong>s e duradouras modificações nos<br />

acontecimentos políticos <strong>de</strong> Israel.Seu reino foi dividido em três porções<br />

administrativas por três <strong>de</strong> seus muitos filhos. Filipe ficou com os distritos ao<br />

norte e a leste da Galiléia. A Galiléia e a Peréia ficaram com Ântipas. Arquelau<br />

recebeu a seção sul do reino anterior <strong>de</strong> seu pai, isto é, a Judéia, a Samaria e a<br />

Iduméia.<br />

Ântipas e Filipe governaram durante muitos anos, tendo permanecido no po<strong>de</strong>r até<br />

bem <strong>de</strong>pois da crucificação <strong>de</strong> Jesus. Assim, pois, enquanto Jesus permaneceu na<br />

Galiléia ou viajava pelas terras do sul, além do Jordão, percorria os domínios <strong>de</strong><br />

Ântipas.Quando Jesus viajou à Cesaréia <strong>de</strong> Filipe(conforme está registrado nos<br />

evangelhos <strong>de</strong> Mateus e Marcos);entrou no território e na capital <strong>de</strong> Filipe.<br />

È óbvio que o povo o favorecia, porquanto continuou no po<strong>de</strong>r até seu falecimento em<br />

34 d.C. Ântipas ainda governou por mais tempo(cinco anos mais), mas caiu no<br />

<strong>de</strong>sagrado, mediante as manipulações <strong>de</strong> seu sobrinho, Agripa; e por ter caído no<br />

<strong>de</strong>sagrado do imperador(Gaio), foi finalmente banido.Esse Hero<strong>de</strong>s é mais bem<br />

lembrado como o assassino <strong>de</strong> João Batista.<br />

Arquelau não se saiu tão bem quanto os outros;não <strong>de</strong>morou a surgirem distúrbios em<br />

seus territórios. Era homem violento, tal como fora seu pai, “Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>”, pelo<br />

que logo caiu no <strong>de</strong>sagrado do povo em geral. Em 6 d.C., foi acusado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgoverno,<br />

e foi convocado a Roma por Augusto. O resultado que foi retirado do governo e<br />

banido.Sua província, daí por diante, ficou sob o controle direto <strong>de</strong> Roma, por<br />

intermédio <strong>de</strong> “procuradores”, isto é, governadores nomeados pelo governo central do<br />

império. Copônio foi o primeiro <strong>de</strong>sses procuradores.<br />

Os Vários Hero<strong>de</strong>s do Novo Testamento<br />

Os Hero<strong>de</strong>s do N.T. são aqui <strong>de</strong>scritos com mais amplos pormenores.<br />

Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>: governante dos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> 40 a 4 a.C. Nasceu por volta <strong>de</strong> 73 a.C.<br />

Era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> idumeus, povo conquistado e trazido parta o judaísmo por João<br />

Hircano, por volta <strong>de</strong> 130 a.C. Assim sendo, os Hero<strong>de</strong>s, ainda que não fossem ju<strong>de</strong>us<br />

por nascimento, eram-no pelo menos por religião.Mas essa religião eles usavam como<br />

veículo para fomento <strong>de</strong> seu governo secular, isto é, visavam tão somente aos seus<br />

próprios interesses.<br />

76


Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong>, foi nomeado procurador da Judéia em cerca <strong>de</strong> 47 a.C. Pouco<br />

<strong>de</strong>pois a Galiléia também ficou sob o controle;e após o assassinato <strong>de</strong> César,<br />

<strong>de</strong>sfrutou ele da boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Antônio.O título <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong>, “Rei dos<br />

Ju<strong>de</strong>us”, foi-lhe conferido por Antônio e Otávio.Faziam-lhe oposição os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

dos Macabeus(cujo verda<strong>de</strong>iro nome da família era Hasmom, pelo que eram<br />

chamados <strong>de</strong> hasmoneanos).<br />

Essa família controlava Israel antes do domínio romano e ressentia-se muito do<br />

governo exercido por Hero<strong>de</strong>s. Todavia, ele se casou com Mariane, membro <strong>de</strong>ssa<br />

família hasmoneana, por ser neta <strong>de</strong> um ex-sumo sacerdote, Hircano II. Mas essa<br />

medida não eliminou as suspeitas dos principais sobreviventes dos hasmonearos.Por<br />

isso mesmo, Hero<strong>de</strong>s foi assassinado um por um <strong>de</strong>les, incluindo a própria Mariamne,<br />

bem como dois filhos que tivera com ela. Essa foi apenas uma <strong>de</strong>ntre as muitas<br />

matanças efetuadas por Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>.<br />

Foi esse mesmo Hero<strong>de</strong>s que matou as criancinhas inocentes <strong>de</strong> Belém(ver Mat. 2).<br />

Pouco antes <strong>de</strong> sua morte or<strong>de</strong>nou a execução <strong>de</strong> seu filho. Antípatre, e provi<strong>de</strong>nciou<br />

para que após a sua morte todos os seus nobres fossem mortos, a fim <strong>de</strong> que não<br />

houvesse falta <strong>de</strong> lamentadores ao ensejo <strong>de</strong> seu falecimento.Ele morreu <strong>de</strong> uma<br />

enfermida<strong>de</strong> fatal do estômago e dos intestinos.<br />

Por toda a parte o seu nome se tornou conhecido por suas copiosas ativida<strong>de</strong>s como<br />

construtor. Essas ativida<strong>de</strong>s foram realizadas não só <strong>de</strong>ntro dos seus domínios, mas<br />

até mesmo em cida<strong>de</strong>s estrangeiras(por exemplo, Atenas).Em seus próprios territórios<br />

ele reconstruiu a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Samaria(dando-lhe o nome <strong>de</strong> Sebaste, em honra ao<br />

imperador). Reedificou a torre <strong>de</strong> Estrato, na costa do mar Mediterrâneo, e construiu<br />

ali um porto artificial, chamando-o <strong>de</strong> Cesaréia.<br />

Mas o seu maior empreendimento como edificador foi a ereção do magnificante templo<br />

<strong>de</strong> Jerusalém, que foi construído para ultrapassar o <strong>de</strong> Salomão, o que conseguiu em<br />

diversas particularida<strong>de</strong>s.Esse templo sibstituiu o templo que fora construído após o<br />

cativeiro babilônico, embora os ju<strong>de</strong>us consi<strong>de</strong>rassem-nos idênticos. Somos<br />

informados, nas páginas da história, <strong>de</strong> que essa construção teve o intuito <strong>de</strong> pacificar<br />

os ju<strong>de</strong>us, indignados ante as suas traições e o assassínio <strong>de</strong> muitos lí<strong>de</strong>res, incluindo<br />

sacerdotes.<br />

Entretanto, os ju<strong>de</strong>us jamais pu<strong>de</strong>ram esquecer o <strong>de</strong>saparecimento criminoso da<br />

família hasmoneana, às mãos <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>.Arquelau, chamado “Hero<strong>de</strong>s o<br />

Etnarca”, em suas moedas.Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong>, doou o seu reino a três <strong>de</strong> seus filhos<br />

– a Judéia e a Samaria a Arquelau(Mat. 2:22); a Galiléia e a Peréia e Ântipas; e os<br />

territórios do nor<strong>de</strong>ste a Filipe(Luc. 3:1).<br />

Augusto ratificou essas doações; e Arquelau era o filho mais velho <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s por sua<br />

esposa samaritana, Maltace. O programa <strong>de</strong> construções iniciado por Hero<strong>de</strong>s o<br />

Gran<strong>de</strong> foi continuado por Arquelau, mas parece que a gran<strong>de</strong> ambição <strong>de</strong> Arquelau<br />

era ultrapassar a seu pai em cruelda<strong>de</strong> e iniqüida<strong>de</strong>.<br />

Seu governo, finalmente, tornou-se intolerável, e uma embaixada enviada da Judéia e<br />

<strong>de</strong> Samaria obteve a remoção <strong>de</strong> Arquelau do governo. Foi nessa altura dos<br />

acontecimentos que a Judéia se tornou uma província romana, passando a ser<br />

governada por procuradores nomeados pelo imperador.Hero<strong>de</strong>s, O Tetrarca(ver Luc.<br />

3:19 e 9:7); e também era chamado Ântipas . Era um dos filhos mais novos <strong>de</strong><br />

Hero<strong>de</strong>s, por Maltrace. Os distritos da Galiléia e da Peréia eram o seu território.<br />

É lembrado, nos evangelhos, como aquele que pren<strong>de</strong>u, encarcerou e executou a<br />

João Batista, e também como aquele que teve breve encontro com Jesus, quando do<br />

julgamento <strong>de</strong>ste(Luc. 23:7).Também foi gran<strong>de</strong> construtor;edificou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Tibério.Divorciou-se <strong>de</strong> sua esposa(filha do rei nabateu, Aretas IV), a fim <strong>de</strong> se casar<br />

com Herodias, esposa <strong>de</strong> seu meio-irmão, Hero<strong>de</strong>s Filipe, e foi por causa disso que<br />

João Batista o acusou.<br />

Essa ação, finalmente, foi a causa <strong>de</strong> sua queda, porquanto Aretas usou <strong>de</strong>sse<br />

argumento como <strong>de</strong>sculpa(provavelmente válida aos seus próprios olhos) para fazer<br />

guerra contra Hero<strong>de</strong>s, o Tetrarca, tendo-o vencido <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>cisiva.Hero<strong>de</strong>s<br />

77


Agripa, chamado <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, o rei, em (Atos 12:1);era filho <strong>de</strong> Aristóbulo, neto <strong>de</strong><br />

Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>.<br />

Era sobrinho <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Tetrarca e irmão <strong>de</strong> Herodias;e após a execução <strong>de</strong> seu<br />

pai em 7 a.C., foi levado a Roma. Deixou aquela cida<strong>de</strong> por ter incorrido em gran<strong>de</strong>s<br />

dívidas, e subseqüentemente foi favorecido por Ântipas. Por ter ofendido o imperador<br />

Tibério, ganhou novamente a liberda<strong>de</strong>.<br />

Posteriormente recebeu os territórios ao nor<strong>de</strong>ste da Palestina, como governante; e<br />

quando Ântipas(seu tio) foi banido, também ficou encarregado da Galiléia e da Peréia.<br />

O imperador Cláudio aumentou mais ainda os seus territórios, acrescentando a Judéia<br />

e a Samaria, pelo que Agripa governou, finalmente, um território que era quase<br />

idêntico ao que fora controlado por seu avô, Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong>.Procurou obter o favor<br />

dos ju<strong>de</strong>us, e aparentemente conseguiu mutio êxito nessa tentativa.<br />

Assediou os apóstolos, provavelmente por essa mesma razão; Matou Tiago, o irmão<br />

<strong>de</strong> João. (Ver Atos 12:2). A sua morte, súbita e horrível, é registrada por Lucas em<br />

(Atos 12:23), sendo atribuída a um julgamento divino.Seu filho único, também<br />

chamado Agripa, veio a governar todos os territórios dominados por seu pai. Suas<br />

duas filhas,Berenice(Atos 25:13)e Drusila(Atos 24:24),foram outras duas sobreviventes<br />

<strong>de</strong>ssa família.<br />

Agripa, filho <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s Agripa. Ainda era jovem <strong>de</strong>mais para assumir o governo<br />

quando do falecimento <strong>de</strong> seu pai.Mais tar<strong>de</strong> recebeu o título <strong>de</strong> rei, conferido pelo<br />

imperador Cláudio, e passou a governar as porções norte e nor<strong>de</strong>ste da Palestina.<br />

Tempos <strong>de</strong>pois, Nero aumentou os seus territórios. De 48 a 66 d.C. foi-lhe outorgada a<br />

autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomear os sumos sacerdotes dos ju<strong>de</strong>us.<br />

Procurou diligentemente evitar a guerra entre os ju<strong>de</strong>us e os romanos, mas falhou(66<br />

d.C). mas permaneceu leal a Roma. É conhecido, nas páginas do N.T., por causa <strong>de</strong><br />

seu encontro com a apóstolo Paulo, encontro esse registrado em (Atos 25:13 – 26:32).<br />

O trecho <strong>de</strong> (Atos26:28) diz que Agripa proferiu estas palavras:”Por pouco me<br />

persua<strong>de</strong>s a me fazer cristão”. Mas , embora alguns preferiam a tradução mais ou<br />

menos como: “Com pouca persuasão tentas fazer-me um cristão!”; ou: “Estás muito<br />

apressado em persuadir-me a tornar-me um cristão!”Morreu sem filhos, em cerca <strong>de</strong><br />

100 d.C.<br />

Os herodianos eram o parido político que favorecia a família dos Hero<strong>de</strong>s, preferindo o<br />

seu governo ao domínio romano direto.<br />

O Nacionalismo Judaico<br />

As alterações políticas e econômicas resultantes do governo mais direto, causaram<br />

uma oposição ainda mais intensa por parte dos ju<strong>de</strong>us, o que levou à revolta<br />

encabeçada por Judas o Galileu(ver Atos 5:37).A Galiléia, sua terra não foi<br />

diretamente envolvida nessa revolta;o próprio Judas foi morto no processo da revolta.<br />

Também parece que ele estivera envolvido em uma revolta sem êxito efetuada cerca<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos antes. Após essa experiência, Roma apertou ainda mais o seu domínio<br />

sobre Israel.<br />

Essa revolta, embora tivesse sido facilmente <strong>de</strong>rrotada pelas tropas romanas, teve<br />

importante efeito nos <strong>de</strong>senvolvimentos históricos posteriores.Alguns acreditam que o<br />

partido político radical chamado <strong>de</strong> “os zelotes”, se originou nessa ocasião; mas a<br />

história mostra que tal movimento é anterior a essa revolta. Não obstante, a revolta<br />

serviu para consolidar a oposição a Roma.O lema da organização dos zelotes passou<br />

a ser: “A espada, sem nada poupar; e não há rei senão Yahweh”.<br />

Outra figura, chamada Hezequias, também li<strong>de</strong>rou uma revolução abortiva, e foi<br />

<strong>de</strong>struída por Hero<strong>de</strong>s Ântipas. Além <strong>de</strong>ssas revoltas, houve outros levantes <strong>de</strong> menor<br />

monta, dirigidos por essa organização política extremista. Josefo jamais usa o termo<br />

“zelote” para <strong>de</strong>signar esse grupo, pelo que também não se tem certeza <strong>de</strong> que esse<br />

tenha sido o seu verda<strong>de</strong>iro nome, embora alguns eruditos continuem a retê-lo.<br />

78


Nos anos que seguiram, <strong>de</strong> maneira geral, os partidos nacionalistas <strong>de</strong> Israel não<br />

tiveram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sacudir a nação em uma revolta <strong>de</strong> escala geral pelo menos<br />

enquanto as condições permaneceram suportáveis pelo povo em geral.<br />

As condições se agravaram na Palestina quando Gaio(neto-sobrinho <strong>de</strong> Tibério)<br />

passou a governar em Roma, após o falecimento <strong>de</strong> Tibério(37 d.C.). Gaio resolveu<br />

colocar a sua própria estátua no templo <strong>de</strong> Jerusalém.Ao governador da Síria é que<br />

<strong>de</strong>veria ter sido atribuído o crédito <strong>de</strong> impedir tal coisa, porque a tentativa <strong>de</strong> Gaio<br />

causou uma indignação geral, e esta teria sido muito mais generalizada se tivesse sido<br />

realida<strong>de</strong>.Mas o povo <strong>de</strong>u crédito a Agripa(neto <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong>).<br />

Agripa fora nomeado chefe da tetrarquia <strong>de</strong> Filipe, em 34 d.C., após a morte <strong>de</strong>ste. Ao<br />

seu território foi acrescentada uma consi<strong>de</strong>rável porção <strong>de</strong> outras áreas(incluindo da<br />

Judéia), e uma vez mais Israel teve uma semelhança <strong>de</strong> rei. Agripa também tinha<br />

sangue ju<strong>de</strong>u, porque sua avó era a princesa hasmoneana Mariamne.Por conseguinte,<br />

durante um período <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> vinte anos, aproximadamente, as tensões foram<br />

aumentando. Durante esse tempo, os missionários cristãos evangelizavam por toda<br />

parte, enfrentando a oposição tanto dos ju<strong>de</strong>us como dos romanos.<br />

O <strong>de</strong>sastre como que pairava no ar e a profecia <strong>de</strong> Jesus, sobre a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

Jerusalém, <strong>de</strong>ve ter sido o tópico das conversas entre as famílias cristãs. De fato,<br />

qualquer um que quisesse interpretar os acontecimentos, por essa altura po<strong>de</strong>ria ver<br />

quão facilmente a predição feita por Jesus se cumpriria.<br />

A revolta e <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Jerusalém<br />

Finalmente, em 66 d.C., a tempesta<strong>de</strong> que se vinha concentrando e que ameaçava<br />

por tanto tempo, irrompeu <strong>de</strong> súbito. Por cem anos os romanos haviam dominado a<br />

Palestina, mas a mão <strong>de</strong> ferro usara uma luva <strong>de</strong> veludo. Em 66 d.C., entretanto, os<br />

romanos tiraram a luva <strong>de</strong> veludo.A rebelião cada vez mais intensa provou, aos olhos<br />

<strong>de</strong> Roma, que sua política <strong>de</strong> relativa tolerância na Palestina fora um equívoco.<br />

Durante quatro anos a ira <strong>de</strong> Roma se fez sentir; Jerusalém caiu finalmente, e vastas<br />

áreas, por toda a Palestina, foram <strong>de</strong>struídas.<br />

E essa <strong>de</strong>struição foi tão completa que a arqueologia não tem sido capaz <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar, sem qualquer sombra <strong>de</strong> dúvida, nenhuma das sinagogas que havia em<br />

Israel no século I <strong>de</strong> nossa era. Gran<strong>de</strong>s números <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us foram crucificados em<br />

Jerusalém , até não po<strong>de</strong>r mais se encontrar ma<strong>de</strong>ira para continuar fabricando<br />

cruzes.<br />

O belo templo construído por Hero<strong>de</strong>s foi arrasado pedra por pedra, cumprindo assim<br />

a predição <strong>de</strong> Jesus, que reverberou a clara e altissonante: “em verda<strong>de</strong> vos digo que<br />

não ficará aqui pedra sobre pedra, que não seja <strong>de</strong>rrubada”(Mat. 24:2).<br />

Os cristãos, lembrando-se da advertência <strong>de</strong> Jesus.<br />

79


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L 3<br />

1- Quais foram os primeiros pais da Igreja que <strong>de</strong>senvolveram a teologia cristã<br />

empregando a terminologia dos filósofos gregos?<br />

A-Origenes e Clemente <strong>de</strong> Alexandria<br />

B-Irineu e Origenes<br />

2- Esses homens geralmente foram influenciados pelo:<br />

A-Platonismo<br />

B-Neoplatonismo<br />

3- Com quem po<strong>de</strong>mos comparar favoravelmente os prefácios <strong>de</strong> Lucas?<br />

A-Heródotos e Josefo<br />

B-Historiadores gregos, como Heródoto e Tucídi<strong>de</strong>s<br />

4- Lucas, em seus dois livros, contém cerca <strong>de</strong> quantos vocábulos que não se<br />

encontram em nenhuma outra porção do N.T?<br />

A-750 vocábulos<br />

B-800 vocábulos<br />

5- Qual o tipo <strong>de</strong> grego empregado na epístola <strong>de</strong> Pedro?<br />

A-O grego <strong>de</strong>sta epístola é o mais próximo aos padrões do grego clássico<br />

B-O grego koiné<br />

6- Qual foi o mais emocional e comovente dos eruditos evangélicos?<br />

A-Lucas<br />

B-Marcos<br />

7- Que grego “koiné” dos evangélicos po<strong>de</strong> ser classificado entre os exemplos mais<br />

<strong>de</strong>ficientes do N.T?<br />

A-De Lucas<br />

B-De Marcos<br />

8- Qual a pessoa que chamou o grego que foi escrito o livro <strong>de</strong> Apocalipse <strong>de</strong> bárbaro<br />

e não gramatical?<br />

A-Aristóteles<br />

B-Dionísio <strong>de</strong> Alexandria<br />

9- Qual o evangelho e epístola, que fala <strong>de</strong> modo simples, porém tão eloqüente?<br />

A-Evangelho e Espístola <strong>de</strong> João<br />

B-Evangelho <strong>de</strong> Tiago<br />

10- Quem era o escritor famoso que foi contemporâneo <strong>de</strong> Paulo?<br />

A-Sêmita<br />

B-Teófilo<br />

11- O que Paulo usava em suas cartas que também po<strong>de</strong> ser encontrado nos<br />

filósofos estoícos?<br />

A-Usava o diatribe<br />

B-Usava didática grega<br />

12- Paulo criava interrupções em sua gramática que se chamam:<br />

A-Parafrase<br />

B-Anacolutos<br />

80


13- Qual era o nome dado quando duas frases não tem seqüência lógica, seguindo<br />

correramente uma à outra?<br />

A-Anacolutos<br />

B-Metáfora<br />

14- O que os escribas faziam antes <strong>de</strong> copiarem as escrituras?<br />

A-Lavam os lerés<br />

B-Lavam as mãos<br />

15- O que os escribas faziam antes <strong>de</strong> escrever o nome <strong>de</strong> Jesus?<br />

A-Limpavam o pé<br />

B-Limpavam a pena<br />

16- Quantos erros na escritura <strong>de</strong> um livro e o comprometia a ponto <strong>de</strong> iniciarem todo<br />

o trabalho novamente?<br />

A-Três<br />

B-Quatro<br />

17- De que material a Torá, lida em Sinagoga, é escrita?<br />

A-Em pele <strong>de</strong> boi<br />

B-Em pele <strong>de</strong> carneiro, sem manchas e sem <strong>de</strong>feito<br />

18- Quais eram os escirbas mais importantes?<br />

A-Eram aqueles que serviam o governo<br />

B-Eram os mensageiros<br />

19- Quem assinalou a linha divisória entre a antiga divisória e entre a antiga e a nova<br />

compreensão sobre o que era um “escriba”?<br />

A-Bartolomeu<br />

B-Esdras<br />

20- De quem requer-se que eles obe<strong>de</strong>cessem às tradições orais dos escribas, tanto<br />

quanto às leis escritas?<br />

A-Os romanos<br />

B-Os prosélitos<br />

21- Além <strong>de</strong> escrever, os escribas eram, essencialmente:<br />

A-Intérpretes bíblicos<br />

B-Interpretes do corão<br />

22- O que confirma o quadro <strong>de</strong> um escriba bem instruído na lei?<br />

A-Uma o<strong>de</strong><br />

B-Um bom conhecimento<br />

23- O que buscou, durante a revolta dos Macabeus, um grupo <strong>de</strong> escribas?<br />

A-Buscou justiça<br />

B-Buscou injustiça<br />

24- Um escrivão era uma espécie <strong>de</strong>:<br />

A-Um escritor<br />

B-Secretária do estado<br />

25- O período intertestamentário se divi<strong>de</strong> em quantos períodos?<br />

A-Cinco períodos distintos<br />

B-Quatro períodos distintos<br />

81


26- Qual o tempo <strong>de</strong> período intertestamentário?<br />

A-400 anos<br />

B-200 anos<br />

27- De que ano a que ano foi o período persa?<br />

A-251 a 112 a.C.<br />

B-430 a 322 a.C.<br />

28- De que ano a que ano foi o período grego?<br />

A-400 a 200 a.C.<br />

B-321 a 167 a.C.<br />

29- Que ano foi o período da in<strong>de</strong>pendência?<br />

A-167 a 63 a.C.<br />

B-500 a 142 a.C.<br />

30- Que ano foi o período romano?<br />

A-De 200 a 122 a.C.<br />

B-De 63 a.C. até Cristo<br />

31- Em que governo Neemias reconstruiu Jerusalém?<br />

A-Artaxerxes I<br />

B-Ciro III<br />

32- Em que ano Antioco Epifânio profanou o templo <strong>de</strong> Jerusalém?<br />

A-No ano <strong>de</strong> 200 a.C.<br />

B-No ano <strong>de</strong> 168 a.C.<br />

33- Em que ano Antioco o Gran<strong>de</strong> reconquistou a Palestina?<br />

A-No ano <strong>de</strong> 168 a.C.<br />

B-No ano <strong>de</strong> 200 a.C.<br />

34- O que Antioco Epifânio levou sobre o altar do templo <strong>de</strong> Jerusalém?<br />

A-Um porca sobre o altar<br />

B-Um cor<strong>de</strong>iro<br />

35- Antioco Epifânio cometeu muitas atrocida<strong>de</strong>s contra os ju<strong>de</strong>us, incluindo a<br />

tentativa <strong>de</strong>:<br />

A-Destruir todos os manuscritos das escrituras<br />

B-Destruir o Corão<br />

36- Quais os nomes dos filhos do sacerdote Metias?<br />

A-Judas, Jonatas, Simão, João e Eleasar<br />

B-João, Pedro e Tiago<br />

37- Quem purificou e reconsagrou o templo?<br />

A-Judas<br />

B-Simão<br />

38- Quantos anos durou o período da in<strong>de</strong>pendência?<br />

A-100 anos<br />

B-90 anos<br />

82


39- Quem é que começou o governo <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s?<br />

A-Antípatre<br />

B-Hircano<br />

40- O que surgiu entre os fariseus e os saduceus, que terminou em afundar o reino no<br />

mesmo ano?<br />

A-O amor<br />

B-O ódio<br />

41- Quem também se <strong>de</strong>senvolveu como um grupo distinto entre os ju<strong>de</strong>us?<br />

A-Os saduceus<br />

B-Os essenios<br />

42- Qual a data <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s erigiu o templo <strong>de</strong> Jerusalém?<br />

A-19 a.C.<br />

B-20 a.C.<br />

43- Quanto tempo durou a guerra civil que encharcou Jerualém <strong>de</strong> sangue?<br />

A-7 anos<br />

B-5 anos<br />

44- Quem evotou ainda maior <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue, conce<strong>de</strong>ndo maior<br />

autorida<strong>de</strong> aos súditos não-reais e argumentando o po<strong>de</strong>r do Concílio <strong>de</strong> Jerusalém?<br />

A-Alessandra<br />

B-Julieta<br />

45- Qual o general romano que entrou em Jerusalém no ano <strong>de</strong> 63 a.C.?<br />

A-Pompeu<br />

B-Alexandre<br />

46- Quem construiu o templo, ginásios, anfiteatros e arquedutos?<br />

A-Hero<strong>de</strong>s, o Gran<strong>de</strong><br />

B-Hero<strong>de</strong>s Agripa<br />

47- Após a morte <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>, em quantas porções se divi<strong>de</strong> o reino?<br />

A-Em 3 porções administraticas<br />

B-Em 4 porções administrativas<br />

48- Quais foram as porções da divisão do reino <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong>?<br />

A-Arquelau ficou com os distritos ao norte e leste da Galiléia. Galiléia e Apiréia<br />

ficaram com Antipas e Filipe recebeu a seção sul do anterior <strong>de</strong> seu pai<br />

B-Filipe ficou com os distritos ao norte e leste da Galiléia. Galiléia e Apiréia<br />

ficaram com Antipas e Arquelau recebeu a seção sul do anterior <strong>de</strong> seu pai<br />

49- Qual era o outro nome <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s, o tetraca?<br />

A-Filipe<br />

B-Antipas<br />

50- Qual o lema da organização dos zelotes?<br />

A-A Espada, sem nada a poupar e não há rei não Yahweh<br />

B-Lutar para sobreviver<br />

83


LIÇÃO 4<br />

Os terríveis clamores dos ju<strong>de</strong>us que haviam crucificado a Jesus, exclamando: “Cáia<br />

sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!” (Mat. 27:25); e: “Não temos rei, senão<br />

César”(João 19:15), <strong>de</strong>vem ter ressoado aos ouvidos <strong>de</strong> muitos, durante aqueles dias<br />

horrendos. Jerusalém caiu, o sinédrio foi extinto, e Roma passou a governar suprema<br />

sobre a terra <strong>de</strong> Israel.<br />

Acerca dos anos seguintes(antes do imperador Adriano) que temos escassas<br />

informações; mas não há que duvidar que, durante esse tempo, as chamas da revolta<br />

se foram novamente ativando gradualmente. Como que para fazer as chamas ar<strong>de</strong>rem<br />

ainda com mais intensida<strong>de</strong>, Adriano(imperador romano <strong>de</strong> 117 a 138 d.C.) resolveu<br />

erigir um novo templo <strong>de</strong>dicado a “Zeus Capitolino”, no antigo local do templo <strong>de</strong><br />

Jerusalém.<br />

Os romanos tornaram a questão ainda pior quando também <strong>de</strong>scontinuaram a<br />

circuncisão,o que, entretanto,a realida<strong>de</strong> era apenas parte <strong>de</strong> uma proibição geral (por<br />

<strong>de</strong>creto imperial) contra a ,mutilação física,que visava especialmente a prática da<br />

castração, prática <strong>de</strong> diversos cultos orientais. Foi nessa época que surgiu um gran<strong>de</strong><br />

patriota, <strong>de</strong> nome Bar Cocheba, que chagou a fazer reivindicações messiânicas. De<br />

maneira quase incrível, essa reivindicação foi largamente aceita até mesmo pelos<br />

eruditos rabinos ju<strong>de</strong>us, como Akiba.<br />

Ele patrocinou a causa do novo messias, e realmente fez campanhas em seu favor,<br />

em viagens por toda a Palestina.<br />

Nos dias dos Macabeus, os hasmoneanos(ou “piedoso”) já haviam reunido forças<br />

suficientes para consolidarem plenos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência; e uma vez mais houve<br />

esperamças <strong>de</strong> uma Palestina libertada.As multidões julgavam que as coisas divinas<br />

estavam em jogo, e é sabido que não existe zelo mais profundo do que o zelo<br />

religioso, nem violência como a violência religiosa.Naturalmente, a revolta fracassou.<br />

E <strong>de</strong>ssa vez os romanos realmente per<strong>de</strong>ram a paciência. No local on<strong>de</strong> ficava<br />

Jerusalém, foi construída uma cida<strong>de</strong> romana, <strong>de</strong> nome Aelia Capitolina, e os ju<strong>de</strong>us<br />

foram proibidos <strong>de</strong> ao menos entrarem na cida<strong>de</strong>. Alguns anos mais tar<strong>de</strong>, essa<br />

severida<strong>de</strong> foi relaxada, permitindo que entrassem na cida<strong>de</strong> uma vez por ano, a fim<br />

<strong>de</strong> que chorassem ante o chamado muro das lamentações.<br />

Estava reservado a Constantino(imperador romano em 310 d.C., e que se tornou<br />

cristão) restaurar Jerusalém aos religiosos, como lugar <strong>de</strong> adoração. Ele também<br />

restaurou o antigo nome <strong>de</strong> “Jerusalém” à cida<strong>de</strong>.<br />

O Mundo Greco-Romano<br />

A fim <strong>de</strong> caracterizar as condições do mundo greco-romano, ao tempo <strong>de</strong> Jesus<br />

Cristo, observaremos <strong>de</strong> passagem os seguintes pontos: moralida<strong>de</strong>, filosofia e<br />

religião. Todos esses fatores formam importantes consi<strong>de</strong>rações acerca do estudo do<br />

levantamento e <strong>de</strong>senvolvimento do cristianismo.<br />

O cristianismo não se originou e nem se <strong>de</strong>senvolveu num vazio, e o estudo das<br />

condições e circunstâncias então reinantes sempre servirá <strong>de</strong> ajuda na compreensão<br />

dos elementos <strong>de</strong> qualquer instituição, movimento social ou socieda<strong>de</strong> religiosa.<br />

As páginas anteriores, nesta seção, oferecem breves <strong>de</strong>scrições acerca das condições<br />

políticas e sociais dos diversos períodos <strong>de</strong> tempo que antece<strong>de</strong>ram o ministério <strong>de</strong><br />

Jesus tais como o domínio persa(430-332 a.C.), o período grego(331-167 a.C), o<br />

período <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência sob os Macabeus(167-63 a.C.), a interferencia dos romanos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 63 a.C. até a <strong>de</strong>struição final <strong>de</strong> Jeruselém, ao tempo <strong>de</strong> imperador Adriano(132<br />

d.C.).<br />

O período que antece<strong>de</strong>u <strong>de</strong> perto ao surgimento do cristianismo é freqüentemente<br />

intitulado <strong>de</strong> era helenística, porque os gregos(helenos, no idioma grego), mediante as<br />

conquistas <strong>de</strong> Alexandre, “helenizaram” o mundo então conhecido e fizeram o mundo<br />

<strong>de</strong>ssa época ser caracterizado pelo pensamento helênico, especialmente nas áreas da<br />

filosofia e da cultura literária. Sabemos que, naqueles dias, até mesmo muitos autores<br />

84


omanos escreveram no idioma grego e, a <strong>de</strong>speito da perda do po<strong>de</strong>r político, a<br />

cultura grega continuava muito apreciada e buscada, e muitas famílias romanas das<br />

classes mais abastadas tinham professores gregos, filósofos e eruditos na literatura<br />

grega, especialmente quanto aos escritos <strong>de</strong> Homero.<br />

Os romanos não foram inovadores em quase coisa alguma, especialmente no tocante<br />

aos aspectos culturais dos estudos e empreendimentos humanos , pelo que também<br />

os elementos da cultura grega eram tomados <strong>de</strong> empréstimo e cultivados entre os<br />

romanos.O período helenístico é ordinariamente consi<strong>de</strong>rado como o tempo que vai<br />

da morte <strong>de</strong> Alexandre, o Gran<strong>de</strong>, até a fundação do império romano por Augusto(323-<br />

20 a.C.). Nos séculos anteriores, a cultura da Grécia esteve em <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

atingiu notável grau <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>.<br />

Os acontecimentos políticos e militares, especialmente aqueles provocados por<br />

Alexandre, fizeram essa cultura expandir-se para muito além das fronteiras gregas,<br />

atingindo, realmente, todo o mundo civilizado então conhecido. O “idioma grego”<br />

tornou-se universal e pelos estudos da arqueologia, sabe-se que era falado em todas<br />

as capitais do mundo, incluindo a própria Jerusalém.Politicamente falando, essa era foi<br />

assinalada pelo <strong>de</strong>clínio dos estados mais antigos e anteriormente pelo <strong>de</strong>clínio dos<br />

estados mais antigos e anteriormente po<strong>de</strong>rosos, e pelas culturas da antiguida<strong>de</strong>.<br />

As civilizações da Mesopotâmia e do Egito já tinham tido a sua oportunida<strong>de</strong> e há<br />

muito que estavam no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio e <strong>de</strong>cadência. Po<strong>de</strong>ríamos dizer a mesma<br />

coisa quanto à própria Palestina, e até mesmo a Grécia. Os dias <strong>de</strong> Davi e Salomão<br />

jamais retornaram, e a história <strong>de</strong> Israel passou a ser caracterizada pelo domínio<br />

estrangeiro e pelas revoltas contra essa dominação.<br />

Os estados gregos primeiramente <strong>de</strong>sfrutaram <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência aos<br />

seus conquistadores, e então penetraram em sua longa noite <strong>de</strong> obscurida<strong>de</strong>. Ao<br />

<strong>de</strong>smembrar-se o mundo antigo, somente o iato po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Roma <strong>de</strong>u ao mesmo certa<br />

aparência <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>.<br />

Esse po<strong>de</strong>r em realida<strong>de</strong> fundia e dividia elementos em uma nova síntese. Alguns<br />

acreditam que o império romano foi a culminação da evolução política da antiguida<strong>de</strong>,<br />

foi o mais forte e iluminado governo do mundo antigo. Pelo menos po<strong>de</strong>-se observar<br />

que a cultura helenística ensinara ao mundo algo acerca da importância do indivíduo,<br />

a <strong>de</strong>speito do fato <strong>de</strong> que a escravidão e outras formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação social, ainda<br />

prevaleciam por toda a parte.<br />

Estava reservado a Jesus Cristo ensinar realmente ao mundo essa lição; mas é uma<br />

lição que a humanida<strong>de</strong> continua se esforçando por apren<strong>de</strong>r como convém. A filosofia<br />

ensinara aos homens que se interessassem pelos seus <strong>de</strong>stinos pessoais, pelo po<strong>de</strong>r<br />

do pensamento e pela dignida<strong>de</strong> do conhecimento.<br />

Alexandre foi capaz <strong>de</strong> realizar seus prodígios militares parcialmente porque os gregos<br />

já haviam colonizado muitas áreas além-fronteiras. Ocuparam Creta, a maior parte <strong>de</strong><br />

Chipre, as ilhas do mar Egeu, as praias da Ásia Menor até consi<strong>de</strong>rável profundida<strong>de</strong>,<br />

além <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas ao longo das margens do mar Negro, as costas da Líbia e da<br />

Cirenaica, na África. Além <strong>de</strong> suas colônias, os gregos mantinham postos comerciais<br />

avançados até lugares tão distantes como o <strong>de</strong>lta do rio Nilo.<br />

No Oci<strong>de</strong>nte haviam penetrado no sul da Itália e haviam adquirido uma porção<br />

substancial da Sicília, da Sar<strong>de</strong>nha, da Córsega, e haviam estabelecido colônias até<br />

mesmo no sul da Gália e na Espanha. Todas essas áreas jamais se tornaram alvo <strong>de</strong><br />

qualquer sistema político unificado, mas a propagação da cultura e da influencia<br />

gregas se tornou possível por meio <strong>de</strong>ssas áreas colonizadas. A erudição grega se<br />

tornou uma espécie <strong>de</strong> laço comum entre todas elas.<br />

Peregrinos vinham à Grécia, provenientes <strong>de</strong> muitas partes do mundo, a fim <strong>de</strong><br />

adimirarem a arte e a arquitetura gregas, e a fim <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rem mais da língua e do<br />

espírito dos gregos.Por conseguinte, o mundo estava pronto para Alexandre, pois o<br />

que ele fez essencialmente, foi propagar o po<strong>de</strong>r político e militar dos gregos, on<strong>de</strong><br />

cultura grega já havia preparado o caminho. Alexandre primeiramente firmou-se em<br />

sua própria terra, e então penetrou rapidamente em muitas outras áreas, <strong>de</strong>rrotando<br />

85


Dario III em Isso, nas planícies da Cilícia, em 333 a.C.. Então dirigiu-se para o sul,<br />

tendo penetrado na Síria e <strong>de</strong>struído a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tiro, aliada da Pérsia.<br />

Dessa forma ele exterminou a supremacia marítima dos fenícios que, durante muitos<br />

séculos, haviam sido os comerciantes e os marinheiros do Oriente Próximo, sendo os<br />

únicos verda<strong>de</strong>iros rivais dos gregos nos mares daquela época. Quando os habitantes,<br />

<strong>de</strong> Jerusalém receberam a notícia da sorte <strong>de</strong> Tiro, imediatamente entraram em<br />

entendimentos com Alexandre. Alexandre aceitou a lealda<strong>de</strong> dos ju<strong>de</strong>us, e <strong>de</strong>ixou a<br />

cida<strong>de</strong> essencialmente intocável.<br />

Em seguida, Alexandre conquistou o Egito.<br />

Mas isso foi feito sem luta, porque os egípcios regozijaram-se em ser liberados da<br />

influência e do controle dos persas. Pouco tempo mais tar<strong>de</strong>, Alexandre estabeleceu<br />

a cida<strong>de</strong> que traz seu nome até o dia <strong>de</strong> hoje, perto da boca do Nilo chamada Roseta.<br />

Após ter <strong>de</strong>sfechado o golpe final contra o império persa já extremamente combalido,<br />

em Arbela, no norte da Mesopotâmia, em 331 A.C., Alexandre invadiu a Índia. Ali<br />

obteve vitórias militares, mas foi fisicamente exaurido. Voltou à Babilônia somente<br />

para morrer ali subitamente em 321 A.C.<br />

Um dos sonhos <strong>de</strong> Alexandre era o <strong>de</strong> estabelecer um governo e um povo universais.<br />

Ele mesmo e <strong>de</strong>z mil <strong>de</strong> seus soldados casaram-se com mulheres asiáticas, lançando,<br />

com isso, os símbolos do universalismo. De certa maneira, Alexandre criou realmente<br />

certo universalismo, que consistia na cultura grega, incluindo suas influências nas<br />

áreas da “filosofia”, das “artes” e da “língua”.Ele esperara que mundo unido pu<strong>de</strong>sse<br />

levar avante os i<strong>de</strong>ais gregos.E foi assim que, com Alexandre o Gran<strong>de</strong>, o po<strong>de</strong>r do<br />

mundo mudou da Ásia para a Europa.<br />

Chegara o fim supremacia asiática.<br />

Sem ter consciência disso, Alexandre preparou o caminho para acontecimentos ainda<br />

<strong>de</strong> maior envergadura, a saber, o levantamento da religião verda<strong>de</strong>iramente universal,<br />

o cristianismo.O idioma grego tornou-se o veículo da propagação universal do<br />

cristianismo, e os i<strong>de</strong>ais gregos ajudaram no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma fraternida<strong>de</strong><br />

universal, on<strong>de</strong>, todos quantos se acham “em Cristo”, não conhecem distinções entre<br />

“ju<strong>de</strong>us e gregos”.A morte <strong>de</strong> Alexandre, todavia, interrompeu suas visões e ambições,<br />

e as lutas pelo mando, que se seguiram entre os seus generais e outros oficiais,<br />

tiveram início.<br />

O reino <strong>de</strong> Alexandre foi dividido entre seus generais.<br />

Mais ou menos por esse tempo, o po<strong>de</strong>r romano começou a ser sentido em áreas<br />

diversas, largamente separadas entre si. As legiões romanas combateram contra os<br />

macedônios e os <strong>de</strong>rrotaram em Cinoscéfale, e os gregos receberam as legiões<br />

romanas com entusiasmo.As relações entre os gregos e os romanos, porém, nem<br />

sempre foram muito boas, porque <strong>de</strong>scobrimos que cinqüenta anos mais tar<strong>de</strong> (em<br />

146 A.C.), os romanos <strong>de</strong>struíram a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corinto e ven<strong>de</strong>ram gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong><br />

sua população à escravidão. No entanto, essa cida<strong>de</strong> foi reedificada por Júlio César, e<br />

mais uma vez prosperou.<br />

Na porção oriental, a área pertencente aos Selêucidas, Roma foi obtendo controle<br />

gradual, até que Pompeu, o Gran<strong>de</strong>, conquistou a região e a anexou ao império<br />

romano, em 64 A.C. No ano <strong>de</strong> 63 A.C., Pompeu conquistou a Palestina, a fim <strong>de</strong><br />

estabelecer a or<strong>de</strong>m, porquanto rebentara a guerra civil por causa das ambições <strong>de</strong><br />

dois irmãos hasmoneanos, Hircano e Aristóbulo.Pelo tempo em que os romanos<br />

conquistaram a Palestina, já haviam consolidado o seu po<strong>de</strong>r na Síria e em outros<br />

lugares.<br />

Foi preciso longo tempo para que Roma chegasse à maturida<strong>de</strong>. Quando a Grécia já<br />

chegara ao seu zênite, os romanos ainda levavam uma existência tribal.A monarquia<br />

primitiva do povo romano foi <strong>de</strong>rrubada em cerca <strong>de</strong> 500 A.C., tendo sido substituída<br />

por uma república vigorosa, que perdurou até 30 A.C. Foi então que Augusto formou<br />

o império romano.<br />

Durante o tempo <strong>de</strong> Alexandre, os romanos unificaram a Itália, unificação essa que se<br />

completou por volta <strong>de</strong> 264 A.C. (ao tempo da primeira guerra Púnica). Se Alexandre<br />

86


tivesse continuado vivo, provavelmente teria invadido essas áreas, mas o seu<br />

falecimento permitiu a continuação <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>senvolvimentos.<br />

Quando Roma conseguiu subjugar completamente Cartago, 146 A.C., já era senhora<br />

suprema do Oci<strong>de</strong>nte. Então começou o processo da conquista <strong>de</strong> áreas ao norte e ao<br />

oriente. Gran<strong>de</strong> parte das terras continentais da Grécia caiu nas mãos dos romanos,<br />

bem como passaram a controlar porções da Ásia Menor.Dessa forma, os rivais mais<br />

próximos estavam tão distantes como o Egito e a Síria. Nos séculos que se seguiram,<br />

esses territórios foram gradualmente tornando-se parte do império romano em<br />

expansão. Conforme já explicamos, em 63 A.C., a Síria e a Palestina haviam sido<br />

subjugadas.<br />

A conquista da Gália, por Júlio César, completou-se em cerca <strong>de</strong> 49 A.C. Júlio César<br />

tornou-se um herói, e o único rival sério <strong>de</strong> Pompeu. Mas eis que assassinos o<br />

prostraram na câmara do senado, em março <strong>de</strong> 44 A.C. Os seus homicidas temiam o<br />

fim da república e o princípio da ditadura; e esses temores eram justificados. Mas a<br />

morte <strong>de</strong> Júlio César praticamente não alterou o rumo dos acontecimentos.César<br />

havia nomeado seu her<strong>de</strong>iro Otávio, que tinha então <strong>de</strong>zoito anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e era neto<br />

da irmã <strong>de</strong> César.<br />

Marco Antônio, que estivera associado a César, nas cruzadas militares na Gália,<br />

procurou ignorar esse testamento e procurou obter, pessoalmente, o po<strong>de</strong>r. Mas<br />

Otávio já era muito astuto, apesar da juventu<strong>de</strong> e mediante habilidosas manipulações,<br />

fizera-se nomear general; e subseqüentemente, com seu exército, entrou em Roma e<br />

forçou o senado a nomeá-lo cônsul.<br />

Desenvolveram-se rivalida<strong>de</strong>s por toda a parte e a fim <strong>de</strong> enfrentar a crise, Otávio<br />

(posteriormente intitulado Augusto) formou um “triunvirato” com seus rivais, Antônio e<br />

Lépido, <strong>de</strong> cujo auxílio precisava a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotar a Bruto e Cássio, os dois lí<strong>de</strong>res<br />

do assassinato <strong>de</strong> Júlio César. Na batalha que houve em Filipos, em 42 A.C.. as<br />

forças <strong>de</strong> Bruto e Cássio, que representavam a causa republicana, foram<br />

<strong>de</strong>rrotadas; Bruto e Cássio se suicidaram.<br />

Então os vencedores dividiram os <strong>de</strong>spojos.<br />

Antônio recebeu a Gália e as províncias orientais; a África ficou com Lépido; e a Itália<br />

e a Espanha ficaram em mãos <strong>de</strong> Otávio.Mas Lépido em breve se retirou, entregando<br />

a África a Otávio;e a Gália também não <strong>de</strong>morou a ficar em suas mãos.<br />

Entrementes, Antônio separou-se <strong>de</strong> sua esposa, que, infelizmente para ele, era irmã<br />

<strong>de</strong> Otávio, por se ter apaixonado por Cleópatra. Também se lançou em grandiosas<br />

movimentações <strong>de</strong> tropas e campanhas militares, pelo Oriente, exigindo maior número<br />

<strong>de</strong> soldados por parte <strong>de</strong> Otávio.Isso Otávio recusou-se a fazer, e em breve se<br />

reacen<strong>de</strong>ram as antigas rivalida<strong>de</strong>s.<br />

Os dois rivais se enfrentaram armados em Acio, em 31 A.C. Antônio contava com o<br />

apoio <strong>de</strong> sua amada rainha egípcia, e da gran<strong>de</strong> flotilha <strong>de</strong> navios egípcios; mas<br />

pouco <strong>de</strong>pois do inicio da batalha, ela fugiu;e Antônio se suicidou.Por mais estranho<br />

que isso pareça, Cleópatra procurou atrair Otávio com seus encantos. Mas, tendo<br />

falhado na tentativa, também cometeu suicídio.<br />

Em seguida, Otávio anexou o Egito e o transformou em província imperial.<br />

A república estava <strong>de</strong>finitivamente morta (por volta <strong>de</strong> 30 A.C.). Mas, sendo<br />

oficialmente apenas um cônsul, Otávio não pôs a coroa na cabeça. Manteve as<br />

formas externas da <strong>de</strong>mocracia, mas foi esmagando lentamente a sua essência,<br />

<strong>de</strong>ntro das engrenagens do governo.<br />

Tornou-se o pai da pátria e “príncipe”, mas não era oficialmente intitulado rei ou<br />

imperador. O seu reino, entretanto, era perfeitamente real, e foi caracterizado pela paz<br />

e pela prosperida<strong>de</strong> material.O seu governo só terminou em 14 D.C., com sua morte.<br />

Encontrou Roma construída <strong>de</strong> tijolos, e a <strong>de</strong>ixou construída <strong>de</strong> mármore. Muitos<br />

sentiam gratidão genuína pelo que ele fizera, porquanto lembravam-se ou sabiam da<br />

era <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue que antece<strong>de</strong>ra à sua subida ao po<strong>de</strong>r.<br />

87


A Moralida<strong>de</strong><br />

As Escrituras, tanto do Antigo como do Novo Testamentos, em termos latos, fazem<br />

referência à moralida<strong>de</strong> do mundo antigo como corrupta.<br />

Qualquer socieda<strong>de</strong> caracterizada pela idolatria, dificilmente po<strong>de</strong>ria ser aquilatada <strong>de</strong><br />

outro modo pelos escritores sagrados.Passagens como o primeiro capítulo da epístola<br />

aos Romanos <strong>de</strong>screvem, com pormenores, alguns aspectos da <strong>de</strong>cadência moral dos<br />

antigos.<br />

Nas Escrituras, a base da verda<strong>de</strong>ira moralida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada como a verda<strong>de</strong>ira<br />

lealda<strong>de</strong> a Deus.Faltando esta, profetas e apóstolos jamais se <strong>de</strong>ixariam impressionar<br />

por <strong>de</strong>monstrações externas <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong>,sem importar tais manifestações.<br />

Os museus mo<strong>de</strong>rnos atestam quão generalizada era a idolatria.Do Egito têm vindo<br />

pássaros, cães, touros, crocodilos, abelhas e outras coisas mumificadas, que eram<br />

objetos <strong>de</strong> adoração.Com a possível exceção do zoroastrismo da Pérsia, todas as<br />

culturas antigas se caracterizavam por tais conceitos <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>.Paulo consi<strong>de</strong>ra a<br />

<strong>de</strong>pravação sexual como resultado dos conceitos errôneos sobre Deus e também<br />

como resultado da rejeição da revelação que é dada a todos, a da natureza da pessoa<br />

<strong>de</strong> Deus nas maravilhas da natureza.<br />

O livro <strong>de</strong> Apocalipse concorda com a melancólica <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Paulo e com os<br />

escritores da igreja primitiva, tais como Inácio, Justino, Irineu, Tertuliano, Clemente <strong>de</strong><br />

Alexandria e Orígenes, que não falam com gran<strong>de</strong> variação acerca <strong>de</strong>ssa questão. Os<br />

escritores cristãos, a começar por Paulo, ficavam especialmente chocados ante a<br />

<strong>de</strong>pravação homossexual que era chamada “pai<strong>de</strong>rastia” (literalmente, “amor aos<br />

meninos”).<br />

Platão, em seu diálogo intitulado “Symposium”., indica que esse vicio era bem<br />

conhecido em seus dias, e que não era consi<strong>de</strong>rado pervertido pela maioria das<br />

pessoas. Por essa razão é que tal pecado é geralmente conhecido por pecado grego.<br />

Alguns escritos antigos parecem idolatrar o amor entre pessoas do mesmo sexo,<br />

como, por exemplo, Sapho, a antiga e bem conhecida poetisa grega; e alguns chegam<br />

a pensar que Platão também se entregava a tais práticas. Porém, aquele que conhece<br />

as raízes da filosofia platônica, com sua ênfase sobre a supressão dos prazeres<br />

“carnais” e sua elevação dos aspectos mentais e espirituais dos homens, dificilmente<br />

po<strong>de</strong>rá aceitar tal suposição.<br />

Há muitos indícios, nos escritos antigos, que então prevalecia a lassidão sexual, o que<br />

é <strong>de</strong>monstrado pelo fato <strong>de</strong> que as experiências sexuais antes do casamento não<br />

eram ordinariamente consi<strong>de</strong>radas más, por muitos filósofos gregos e romanos.O<br />

adultério, todavia, era fortemente combatido, especialmente por filósofos como Platão<br />

e Aristóteles e, evi<strong>de</strong>ntemente, por Sócrates, conforme este é exposto nos escritos <strong>de</strong><br />

Platão, posto que o próprio Sócrates nada <strong>de</strong>ixou escrito.Sabe-se que, nas cida<strong>de</strong>s<br />

antigas, nos cultos pagãos, o sexo <strong>de</strong>sempenhava papel prepon<strong>de</strong>rante, e que muitas<br />

sacerdotisas eram pouco mais que prostitutas templárias.Os po<strong>de</strong>res da procriação<br />

eram, <strong>de</strong>ssa maneira, adorados através <strong>de</strong> meios simbólicos,e o sexo se tornou o<br />

gran<strong>de</strong> símbolo <strong>de</strong>ssa adoração.<br />

É importante observar, nessa conexão, que os pagãos tinham <strong>de</strong>uses cujos<br />

adoradores consi<strong>de</strong>ravam-nos sexualmente <strong>de</strong>sviados, o que transparece até mesmo<br />

nas tradições gerais estampadas na literatura antiga.Seria muito difícil que os<br />

adoradores <strong>de</strong> tais <strong>de</strong>uses tivessem a convicção <strong>de</strong> que era necessário viver vidas<br />

mais morais que esses <strong>de</strong>uses.A prostituição era uma instituição e uma profissão<br />

perfeitamente reconhecida nas culturas antigas, e o V.T. indica que isso suce<strong>de</strong>u até<br />

mesmo entre os antigos ju<strong>de</strong>us. Nosso vocábulo, “fornicação”, se <strong>de</strong>riva da palavra<br />

latina “fornix”, que significa “arco” ou “cúpula”.<br />

Na Roma antiga, os lupanares funcionavam em lugares subterrâneos.Daí também,<br />

patrocinar um lupanar era “fornicar” (“fornicare”). As jovens escravas é que eram<br />

vítimas <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>boche.<br />

88


Lê-se que muitas famílias antigas vendiam meninas não-<strong>de</strong>sejadas a esse tipo <strong>de</strong><br />

escravidão. Justino, em sua Primeira Apologia ataca <strong>de</strong>cididamente essa prática; e por<br />

seus escritos ficamos sabendo que a prostituição masculina também era tão<br />

prevalente quanto a feminina, e que meninos e meninas eram vendidos, ainda na<br />

infância ou meninice, a fim <strong>de</strong> serem criados <strong>de</strong>sse modo.Tal como nas socieda<strong>de</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>rnas, isso conduziu a muitos acontecimentos brutais e horrendos, porquanto os<br />

escravos não eram senhores <strong>de</strong> seus próprios corpos, e muitos eram torturados e<br />

mortos por sadistas.<br />

Os ritos <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>, ligados às prostitutas do templo, ou separadas das mesmas,<br />

sancionavam com sua autorida<strong>de</strong> religiosa, as perversões da sensualida<strong>de</strong>. Lemos<br />

que essas práticas continuam perfeitamente vivas no culto <strong>de</strong> Siva, até os nossos<br />

próprios tempos.Estrabão conta-nos que o templo <strong>de</strong> Afrodite, em Corinto, tinha mil<br />

escravas sagradas ou prostitutas templárias. Essa prática era também comercial, e<br />

Corinto era um centro popular <strong>de</strong> turismo e comércio, parcialmente por causa <strong>de</strong>ssa<br />

instituição.<br />

A escravidão também era uma tremenda mácula no código moral dos antigos. Era<br />

prática comum con<strong>de</strong>nar prisioneiros <strong>de</strong> guerra ou povos conquistados à escravidão.<br />

Assim, foi possível, em uma única venda, entregar nada menos <strong>de</strong> cinqüenta mil<br />

pessoas à servidão.Flávio Josefo nos diz que Tito, após ter conquistado Jerusalém,<br />

em 70 D.C., escravizou a noventa e sete mil ju<strong>de</strong>us.<br />

Além <strong>de</strong>ssas práticas, havia negociantes profissionais <strong>de</strong> escravos, De fato, tudo isso<br />

perfazia um gigantesco comércio. Os escravos eram freqüentemente mais cultos que<br />

os seus captores, pois <strong>de</strong>scobrimos que alguns eram médicos, filósofos, mestres e<br />

artistas.O bem conhecido filósofo estóico, Epiteto, antes fora escravo. Seu proprietário<br />

chegou a reconhecer suas habilida<strong>de</strong>s, libertou-o e educou-o; mas poucos eram tão<br />

afortunados quanto ele.<br />

Mas lê-se, como nos escritos <strong>de</strong> Sêneca, sobre um senhor qualquer que,<br />

ocasionalmente, dava liberda<strong>de</strong> aos seus escravos, voluntariamente. Infelizmente, o<br />

cristianismo não atacou frontalmente essa instituição, e as epístolas <strong>de</strong> Paulo refletem<br />

a presença <strong>de</strong> escravos nas casas cristãs.Paulo admoestou os escravos crentes a<br />

obe<strong>de</strong>cerem aos seus senhores, como um <strong>de</strong>ver cristão; mas também exigiu<br />

tratamento humano aos escravos, por parte dos senhores crentes, frisando que, “em<br />

Cristo”, não há “escravo nem livre”. (Ver Gál. 3:28).<br />

Outrossim, ele e outros escritores do N.T. enfatizaram o amor, como principie<br />

orientador em todas as coisas, e foi essa ênfase que gradualmente esmigalhou a<br />

instituição da escravatura.Alguns tradutores consi<strong>de</strong>ram que a passagem <strong>de</strong> 1 Tim.<br />

1:10 é um ataque contra a servidão, especialmente contra os negociantes <strong>de</strong><br />

escravos; e, se isso é verda<strong>de</strong>, então pelo menos temos esse ensino direto contra tal<br />

prática. A tradução <strong>de</strong> Wiliiams (em inglês) alista, entre as coisas con<strong>de</strong>nadas pelo<br />

apóstolo Paulo, “homens que fazem <strong>de</strong> outros homens seus escravos”.<br />

Isso é uma referência <strong>de</strong>finida à escravidão; mas o sentido da palavra não é aceito por<br />

todos os tradutores.A tradução <strong>de</strong> Almeida Atualizada, tem “raptores <strong>de</strong> homens”. A<br />

tradução da Imprensa Batista tem “roubadores <strong>de</strong> homens”, e a Almeida, edição<br />

revista, também tem essa tradução.Houve vários escritores antigos que con<strong>de</strong>naram a<br />

cruelda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa prática.<br />

Epiteto, dizia que o homem e seu escravo são irmãos, filhos do mesmo Deus.<br />

Cícero e Plinio, o Jovem, eram conhecidos pelo tratamento humano que davam aos<br />

seus escravos.<br />

O imperador Adriano procurou eliminar parte da cruelda<strong>de</strong> e proibiu a morte <strong>de</strong><br />

qualquer escravo sem a permissão <strong>de</strong> um magistrado. Não foi senão em 428 D.C.,<br />

entretanto, que foram baixadas leis que proibiam a prostituição <strong>de</strong> escravos.Os<br />

escravos também eram vítimas freqüentes da crucificação, e esse tipo <strong>de</strong> execução, a<br />

princípio, se limitava exclusivamente a eles. Gradualmente, entretanto, passou a ser<br />

usado contra os criminosos políticos e os tipos vis <strong>de</strong> rebel<strong>de</strong>s, na socieda<strong>de</strong>.<br />

89


Talvez a crucificação seja uma boa medida para indicar a extensão da cruelda<strong>de</strong> que<br />

persistia no mundo antigo. Lemos que durante o cerco <strong>de</strong> Jerusalém, no ano <strong>de</strong> 66 —<br />

70 D.C., Tito crucificou nada menos <strong>de</strong> quinhentos ju<strong>de</strong>us diariamente, do lado <strong>de</strong><br />

ora dos muros da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os cadáveres podiam ser vistos. Estava <strong>de</strong>stinado a<br />

Constantino, o imperador romano nominalmente cristão (<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 300 D.C.), abolir<br />

essa prática.<br />

Outras formas <strong>de</strong> violência organizada e oficial maculavam a imagem <strong>de</strong> Roma.<br />

Criminosos em gran<strong>de</strong> número eram postos a se combaterem entre si como<br />

gladiadores nas arenas, e isso servia <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> diversão pública.Josefo conta que<br />

tal esporte era apreciado por comunida<strong>de</strong>s na Palestina e na Síria, e não somente em<br />

Roma.<br />

Outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> violência pública, empregadas como esportes, consistiam em<br />

lançar pessoas aos animais ferozes ou em fazer os cativos <strong>de</strong> guerra se digladiarem<br />

entre si.Em um <strong>de</strong>sses espetáculos preparado por Tito no dia do aniversário <strong>de</strong><br />

Domiciano, dois mil e quinhentos cativos foram mortos assim. Outros esportes<br />

públicos favoritos eram os combates forçados entre animais ferozes, ou a matança <strong>de</strong><br />

animais. E nessas matanças, as vítimas preferidas pareciam ser os elefantes.<br />

Os cristãos eram perseguidos e mortos das maneiras mencionadas acima.<br />

Ser queimado na fogueira tornou-se um método <strong>de</strong> execução, mas provavelmente<br />

após o tempo em que foi escrito o N.T.<br />

Tácito, famoso historiador romano, diz nos que durante o reinado <strong>de</strong> Nero, os cristãos<br />

eram mortos vestindo-os em peles <strong>de</strong> animais e lançando cães ferozes contra eles.<br />

Muitos outros foram crucificados, muitos combateram contra animais ferozes. Nero<br />

usava os seus próprios jardins particulares para esses espetáculos.As cartas <strong>de</strong><br />

Inácio, bispo <strong>de</strong> Antioquia (115 D.C.) revelam que ele esperava tal tipo <strong>de</strong> morte a<br />

caminho <strong>de</strong> Roma, a fim <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às acusações feitas contra ele. Policarpo, bispo<br />

<strong>de</strong> Esmirna, morreu queimado na fogueira, em cerca <strong>de</strong> 155 D.C.<br />

A socieda<strong>de</strong> do mundo antigo, naturalmente, tinha também seu lado melhor,<br />

especialmente nas realizações da arte, da literatura, da filosofia e nas instituições da<br />

lei romana.Os gregos foram os pioneiros <strong>de</strong> alguma arte dramática e em formas<br />

literárias, tendo-as aperfeiçoado a um grau que não foi igualado nem mesmo pelas<br />

noções mo<strong>de</strong>rnas. A filosofia do mundo oci<strong>de</strong>ntal ainda repousa em cheio sobre os<br />

alicerces gregos.Às leis <strong>de</strong> muitas nações ainda repousam sobre os fundamentos<br />

lançados pelos romanos. O estoicismo <strong>de</strong>senvolveu a idéia da fraternida<strong>de</strong> universal e<br />

da doutrina da dignida<strong>de</strong> do homem.<br />

O cristianismo, isto é, os escritos fundamentais do cristianismo, <strong>de</strong>senvolveram e<br />

expandiram esses temas.<br />

A Filosofia<br />

Caracterizar a filosofia antiga, juntamente com as adaptações e modificações sofridas<br />

na socieda<strong>de</strong> romana, não é tarefa fácil muito mais fácil observar quais as influências<br />

filosóficas sobre o cristianismo do que oferecer um esboço lato da filosofia em geral.<br />

Portanto, esta pequena seção procura mencionar apenas a maioria das questões<br />

básicas.<br />

Os gran<strong>de</strong>s filósofos sistemáticos foram Platão e Aristóteles, e <strong>de</strong>les é que vêm as<br />

idéias metafísicas básicas da filosofia antiga.Sócrates foi o mestre <strong>de</strong> Platão, e Platão<br />

foi o mestre <strong>de</strong> Aristóteles. Aristóteles era mestre particular <strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong>.<br />

Platão <strong>de</strong>senvolveu aquilo que se chama <strong>de</strong> dualismo;ele estabeleceu gran<strong>de</strong><br />

diferença entre a durabilida<strong>de</strong> e a importância da natureza essencial do mundo<br />

superior das formas ou idéias e o mundo inferior das particularida<strong>de</strong>s (<strong>de</strong> que o nosso<br />

mundo consiste).<br />

O nosso mundo seria meramente uma imitação daquele mundo superior, e o <strong>de</strong>miurgo<br />

criou o nosso mundo usando como mo<strong>de</strong>lo o mundo superior <strong>de</strong> existência eterna.<br />

90


O cristianismo ensina a mesma espécie <strong>de</strong> dualismo, e em termos que não diferem<br />

gran<strong>de</strong>mente daqueles que foram usados por Platão (embora o sentido tencionado<br />

possa ser diferente). Isto não <strong>de</strong>ve nos surpreen<strong>de</strong>r, sendo que alguns dos primitivos<br />

pais da igreja, que formularam a terminologia e a expressão da teologia cristã foram<br />

filósofos neoplatônicos, a saber, Justino, Origenes, Clemente <strong>de</strong> Alexandria, e outros.<br />

O “platonismo” assumiu uma forma religiosa intitulada neoplatonismo, e os pais da<br />

igreja foram influenciados por esse <strong>de</strong>senvolvimento. Para Platão, o conhecimento é<br />

aquele conhecimento daquele mundo superior <strong>de</strong> formas, tal como o conhecimento,<br />

para os cristãos, <strong>de</strong>ve ser essencialmente o conhecimento <strong>de</strong> Deus e da alma.<br />

Na busca pelo conhecimento, Platão frisou a razão, a intuição e o misticismo, e não a<br />

experiência dos sentidos (isto é, a percepção dos sentidos), e o cristianismo concorda<br />

plenamente com essa avaliação.Platão não tentou formular uma teologia, mas é óbvio<br />

que ele rejeitou as noções antropomórficas e politeístas <strong>de</strong> seus contemporâneos.<br />

Ensinou algumas proposições fortemente teológicas, como, por exemplo, a<br />

imortalida<strong>de</strong> da alma, em favor do que ele formulou argumentos baseados na razão e<br />

na intuição, que jamais pu<strong>de</strong>ram ser melhorados pelos pensadores mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Platão ensinava uma tripartida personalida<strong>de</strong> humana: corpo (vegetal), mente (ânimo),<br />

com o que entendia, essencialmente, a parte emotiva do homem, e alma (que seria a<br />

parte mais elevada e eterna do homem).A boa conduta se caracterizaria pelo domínio<br />

da alma através da razão, que resulta na subjugação do corpo e suas paixões.Dessa<br />

maneira, Platão enfatizava a alma acima do corpo e ensinava a eternida<strong>de</strong> da mesma,<br />

a qual, segundo a sua doutrina, tem uma afinida<strong>de</strong> especial com o mundo superior das<br />

idéias.<br />

Outros sistemas éticos antigos tinham outras idéias, entretanto:<br />

1-O epicurismo ensinava que o prazer é o alvo da vida, mas enfatizava sempre os<br />

prazeres mentais.<br />

2-O hedonismo também salientava os prazeres, mas os prazeres físicos, carnais.<br />

3-O estoicismo pensava que todas as emoções eram más, e por isso <strong>de</strong>stacava a<br />

necessida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sprendimento, isto é, a apatia.<br />

Sócrates ensinava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento para que houvesse a correta<br />

conduta ética, crendo, talvez ingenuamente, que o homem que sabe o que é<br />

realmente melhor para ele não agirá contrariamente aos seus melhores interesses.<br />

O cinismo ensinava que não existem valores éticos ou humanos reais, e que a<br />

in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ve ser o alvo do homem, isto é, in<strong>de</strong>pendência da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

todos os seus julgamentos <strong>de</strong> valores.Os romanos nada criaram <strong>de</strong> novo na filosofia,<br />

incluindo os princípios éticos.A única filosofia original, escrita em latim, foi a <strong>de</strong><br />

Agostinho, no seu tratado sobre o tempo.<br />

O restante da filosofia romana é a mera reestruturação da filosofia grega, com pontos<br />

<strong>de</strong> vista especialmente ecléticos.<br />

Quanto à ética, os filósofos romanos geralmente combinavam o que consi<strong>de</strong>ram ser o<br />

melhor em todos os sistemas, mas especialmente elementos epicúreos e estóicos.<br />

É possível que o estoicismo modificado fosse a idéia mais dominante, estando ligado a<br />

nomes como Sêneca, Cícero, Epiteto e Marco Aurélio.<br />

O estoicismo romano abandonou a “apatia” como o alvo da vida e ensinava a<br />

“disciplina”, a “mo<strong>de</strong>ração”, o “autocontrole”, a “obediência”. Essa forma <strong>de</strong> estoicismo<br />

(que não era realmente estoicismo, segundo as <strong>de</strong>finições dos gregos) se adaptou<br />

muito melhor ao robusto espírito romano do que a varieda<strong>de</strong> mais antiga.É justamente<br />

essa forma <strong>de</strong> estoicismo que transparece ocasionalmente em Paulo, especialmente<br />

em seus escritos éticos e sobre a conduta do crente.Aristóteles exerceu pequena<br />

influência entre os primitivos cristãos e os pais da Igreja cristã. Porém, a sua doutrina<br />

<strong>de</strong> “substância” e <strong>de</strong> “causa primária” tornou-se um importante fator na formação da<br />

filosofia medieval <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino.<br />

Essa filosofia veio a tornar-se o alicerce do pensamento filosófico da igreja Católica<br />

Romana. De conformida<strong>de</strong> com o pensamento aristotélico, cada objeto se compõe <strong>de</strong><br />

substância e atributos. Um dos aspectos <strong>de</strong> seu ensino sobre a substância indica que<br />

91


esta é metafísica e esta fora do alcance dos sentidos, e que os atributos (coisas <strong>de</strong><br />

natureza não - essencial a um objeto) po<strong>de</strong>m alterar-se em que se altere a essência<br />

<strong>de</strong> qualquer coisa.<br />

A doutrina da transubstanciação tem sua base nesse pensamento, pois acredita-se<br />

que o pão e o vinho po<strong>de</strong>m ser alterados quanto à sua substância, isto é, <strong>de</strong> pão e<br />

vinho no corpo e no sangue <strong>de</strong> Jesus, sem que haja qualquer modificação nos seus<br />

atributos.Assim sendo, os testes científicos po<strong>de</strong>m não <strong>de</strong>terminar qualquer<br />

transformação no vinho e no pão, embora a sua substância. se tenha modificado; e a<br />

substância não está sujeita a testes científicos.Aristóteles ensinava que tudo se<br />

compõe <strong>de</strong> matéria em movimento, e que o movimento é causado pela causa<br />

primárias, que é o único que permanece imóvel, mas que move tudo ao seu redor ao<br />

ser amado.<br />

Tomás <strong>de</strong> Aquino <strong>de</strong>senvolveu essa idéia como prova da existência <strong>de</strong> Deus,<br />

salientando que todos os movimentos <strong>de</strong>vem ter uma causa, e mostrando ainda que<br />

somente Deus po<strong>de</strong> ser essa causa.Além das influências do pensamento filosófico<br />

antigo sobre o cristianismo, conforme são mencionadas nos parágrafos anteriores,<br />

po<strong>de</strong>mos alistar <strong>de</strong> passagem, algumas outras: formas <strong>de</strong> educação, a prática e os<br />

métodos exegético, formas retóricas, etc. Os discursos públicos tiveram seus<br />

paralelos, nas comunida<strong>de</strong>s cristãs, nos cultos públicos, especialmente no estilo do<br />

sermão, nas primeiras assembléias cristãs.<br />

As escolas filosóficas tiveram influência na formação da teologia sistemática cristã,<br />

especialmente após 150 D.C., através <strong>de</strong> ministros filósofos teólogos como Justino,<br />

Origenes e Clemente <strong>de</strong> Alexandria, os quais sistematizaram a teologia e<br />

freqüentemente se utilizaram da terminologia filosófica nesse processo. Esse tipo <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> aumentou e floresceu nos tempos medievais, no chamado “escolasticismo”,<br />

quando a filosofia e a teologia tornaram-se, na pratica, uma só disciplina.<br />

A Religião<br />

Zeus e outros <strong>de</strong>uses: È necessário que uma literatura tão estilisticamente elevada<br />

como a Ilíada <strong>de</strong> Homero tivesse se baseado em diversos séculos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, antes que tão elevada grandiosida<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse ser conseguida.<br />

Homero (século IX A.C.) ao escrever sua bela composição (sem dúvida tirando<br />

proveito <strong>de</strong> muitas fontes literárias; e é provável que uma parte da Ilíada não tenha<br />

sido escrita por ele, mas tenha sido adicionada posteriormente) preservou para nós<br />

uma gran<strong>de</strong> herança <strong>de</strong> pensamento.<br />

Poucos ou mesmo nenhum escritor se tem igualado ao estilo simples, mas elevado e<br />

estranhamente belo <strong>de</strong> Homero. As suas obras são a “Bíblia” da Grécia antiga. A<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua beleza literária, que é um fato indisputável, o conceito <strong>de</strong> um <strong>de</strong>us ou<br />

<strong>de</strong>uses, que ali aparece, nos <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>solados.Cronos, pai <strong>de</strong> Zeus, furtara o seu po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> Urano, seu pai, e <strong>de</strong> Rea;era um canibal vitorioso, que <strong>de</strong>vorava os seus filhos<br />

assim que nasciam.<br />

Mas Zeus foi escondido por sua mãe, e uma pedra foi provida em lugar <strong>de</strong> Zeus, para<br />

que Cronos a engolisse, embrulhada em panos, como disfarce. Zeus foi muito astuto,<br />

e, ao chegar à maturida<strong>de</strong>, foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotar seu vingativo pai, torNando-se um rei<br />

universal e todo-po<strong>de</strong>roso, que mantinha o seu governo mediante o uso <strong>de</strong><br />

relâmpagos, e não mediante a influência da bonda<strong>de</strong> e sua aplicação.Zeus teria<br />

amado pelo menos seis esposas, duas <strong>de</strong>las foram suas irmãs, e não resistia a uma<br />

viagem ocasional à terra para caçar alguma mulher especialmente bela, ainda que<br />

terrena.<br />

Essas i<strong>de</strong>ias, relacionadas aos <strong>de</strong>uses antigos, não eram incomuns; cria-se mesmo<br />

que muitos homens eram filhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses e <strong>de</strong> mulheres humanas ou vice-versa. Tais<br />

filhos eram ocasionalmente chamados heróis, sendo usualmente homens capazes <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s feitos.Zeus, originalmente, senhor único do universo, dividiu o seu governo<br />

com dois irmãos seus, Poseidon, que tomou conta dos oceanos, e Ha<strong>de</strong>s, que se<br />

apossou do submundo.<br />

92


Zeus permaneceu nos céus, por isso passou a ser especialmente associado às<br />

tempesta<strong>de</strong>s, às trovoadas e a outras manifestações atmosféricas que tanto<br />

aterrorizavam os antigos.A organização real dos muitos <strong>de</strong>uses gregos não era<br />

diferente das <strong>de</strong>mais da socieda<strong>de</strong> feudal.Algumas vezes os súditos <strong>de</strong> Zeus, por<br />

também serem divinos, tornavam-se extremamente rebel<strong>de</strong>s, e então era mister todo o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Zeus para acalmar a tempesta<strong>de</strong>, e às vezes só o po<strong>de</strong>roso relâmpago era<br />

capaz disso. O seu po<strong>de</strong>r sempre estava sujeito à revisão e a possíveis modificações,<br />

porquanto Cronos, Urano e Rea, antes <strong>de</strong>le, tinham caído.<br />

Em torno do âmago central dos ensinos acerca dos <strong>de</strong>uses, <strong>de</strong>senvolveram-se<br />

diversos cultos <strong>de</strong> natureza especializada. Na Acrópole (principal colina <strong>de</strong> Atenas) foi<br />

construído o gran<strong>de</strong> Partenon, em honra a Atena, que veio a ser a principal <strong>de</strong>ida<strong>de</strong><br />

daquela cida<strong>de</strong>.Isso tornou-se símbolo da unida<strong>de</strong> e do po<strong>de</strong>rio da cida<strong>de</strong>.O <strong>de</strong>us<br />

Ha<strong>de</strong>s era gran<strong>de</strong>mente estimado (sendo irmão <strong>de</strong> Zeus), e templos foram edificados<br />

em sua honra; porém esse culto nunca se tornou influência po<strong>de</strong>rosa na Grécia.<br />

De conformida<strong>de</strong> com a mitologia grega, quando da morte, a “alma” ou “sombra” da<br />

pessoa era levada por Hermes para o submundo, on<strong>de</strong> Ha<strong>de</strong>s exercia seu domínio.<br />

Carom, o barqueiro, fazia as almas atravessarem o rio Estix, mas somente quando<br />

elas pagavam <strong>de</strong>terminada quantia com uma moeda.<br />

Muitos gregos eram sepultados com uma moeda na boca, para cuidar <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>spesa.<br />

No submundo (posteriormente chamado ha<strong>de</strong>s por causa do <strong>de</strong>us <strong>de</strong>sse nome) as<br />

almas levariam uma espécie <strong>de</strong> existência sombria, sem consciência verda<strong>de</strong>ira, mas<br />

nebulosa.Essa i<strong>de</strong>ia foi-se alterando paulatinamente, entretanto, para a <strong>de</strong> uma<br />

existência real, se não mesmo feliz.<br />

Os mistérios eleuslanos (ritos <strong>de</strong> natureza religiosa praticados em Elêusis, na costa do<br />

sul da Ática) estavam vinculados ao <strong>de</strong>us Ha<strong>de</strong>s, e esse culto se tornou extremamente<br />

popular. Baseava-se no ciclo das estações, com ênfase especial sobre os ciclos<br />

alternados <strong>de</strong> morte e vida, <strong>de</strong> primavera e inverno.Demétria era uma das <strong>de</strong>usas<br />

especiais <strong>de</strong>sse culto, e a ela era atribuída a guarda dos campos férteis.Core ou<br />

Persefone, sua filha, seria o espírito protetor da vegetação, enquanto que Plutão ou<br />

Ha<strong>de</strong>s era o <strong>de</strong>us dos mortos, que a cada Outono trazia morte a todas as coisas vivas.<br />

Muitos santuários foram edificados em honra a Demétria, e Ha<strong>de</strong>s era ao mesmo<br />

tempo temido e odiado, talvez por muitos. Os a<strong>de</strong>rentes <strong>de</strong>sse culto, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

esperavam que, através da ação benéfica <strong>de</strong> Demétria, pu<strong>de</strong>ssem ter uma vida futura,<br />

após a morte, caracterizada pela felicida<strong>de</strong> e pela prosperida<strong>de</strong>.<br />

O ensinamento central dizia respeito à história <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>usa que morrera e<br />

ressuscitara do mortos, e os iniciados nesse culto criam que, mediante i<strong>de</strong>ntificação<br />

com essa <strong>de</strong>usa, também pu<strong>de</strong>ssem conquistar a morte e o submundo, rompendo<br />

assim as ca<strong>de</strong>ias escravizadoras da imortalida<strong>de</strong>.E óbvia a similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa idéia<br />

com a morte e a ressurreição <strong>de</strong> Cristo; mas todas as tentativas que têm procurado<br />

<strong>de</strong>monstrar que a doutrina cristã da ressurreição se tenha originado, pelo menos<br />

parcialmente, nesse culto, têm falhado têm sido rejeitadas pela gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

eruditos mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Certamente, o pensamento hebreu, ao tempo <strong>de</strong> Jesus, não era menos orientado na<br />

direção da ressurreição do que esses cultos, e se o cristianismo porventura tivesse <strong>de</strong><br />

tomar <strong>de</strong> empréstimo alguma idéia, não teria <strong>de</strong> fazê-lo dos mistérios eleusianos. Não<br />

obstante, a verda<strong>de</strong> ilustrada é importantíssima, sem importar on<strong>de</strong> ela se encontre.<br />

O culto <strong>de</strong> Dioniso também era chamado Baco; Baco era, primariamente, o <strong>de</strong>us do<br />

vinho. Dionísio, tal como Persefone, morreu e ressuscitou, e estava associado aos<br />

festivais do inverno e da primavera.<br />

Os seus cultistas criam que beber vinho ao ponto <strong>de</strong> chegar a certo êxtase, provocado<br />

pelo ingestão do vinho e pela dança, fazia com que o seu espírito entrasse neles.<br />

Gradualmente essas práticas se transformaram em orgias sexuais. O culto <strong>de</strong> Dionísio<br />

passou a ser i<strong>de</strong>ntificado com esse tipo <strong>de</strong> moral <strong>de</strong>gradada.Apoio era o <strong>de</strong>us que<br />

punia, e as suas flechas tiravam a vida <strong>de</strong> muitos homens. Entretanto, teria funções<br />

93


muito mais amplas, porquanto era reputado o ajudador da humanida<strong>de</strong>, o pai da<br />

medicina, o inspirador dos poetas, dos vi<strong>de</strong>ntes, e dos adivinhos.<br />

Assim é que muitos monumentos, templos e santuários lhe foram construídos, e as<br />

multidões criam que sua influência profética po<strong>de</strong>ria ser experimentada, e muitos<br />

profetizavam em seu nome. Um <strong>de</strong> seus oráculos famosos era o <strong>de</strong> Delfos, e muitas<br />

ações eram <strong>de</strong>terminadas por <strong>de</strong>clarações proferidas dali.<br />

Asclépio, filho <strong>de</strong> Apolo, era consi<strong>de</strong>rado o médico divino.<br />

Asclépio teria gerado dois filhos, que eram pintados como curadores, nos tempos <strong>de</strong><br />

Homero. E também teria gerado uma filha, Higéia, <strong>de</strong>usa da saú<strong>de</strong>. Havia um<br />

santuário <strong>de</strong>dicado a Asclépio, em Atenas, entre o teatro e a Acrópole, e que Paulo<br />

<strong>de</strong>ve ter visto ao visitar essa cida<strong>de</strong>.<br />

Em realida<strong>de</strong>, os santuários a ele consagrados eram numerosos por toda a Grécia. Os<br />

santuários <strong>de</strong>dicados a Asclépio eram, para os gregos, o que os hospitais são para<br />

nós; mas também não eram muito diferentes dos santuários mo<strong>de</strong>rnos da Igreja<br />

Católica Romana, e muitas curas milagrosas eram efetuadas ali, segundo se noticiava.<br />

De modo geral, no mundo pagão antigo, po<strong>de</strong>-se observar que cada terra, pais e<br />

território, tinha seus próprios cultos e seus <strong>de</strong>uses nacionais.<br />

Entretanto, <strong>de</strong>vido à helenização produzida pela cultura grega, e porque a cultura<br />

grega predominara sobre as <strong>de</strong>mais, o mundo antigo, quanto às suas crenças<br />

religiosas, usava as idéias gregas como elemento sintetizador.<br />

Os <strong>de</strong>uses antigos tinham seus nomes alterados para as <strong>de</strong>signações gregas.Nesse<br />

processo, novas dimensões eram acrescentadas aos conceitos gregos antigos.Os<br />

elementos se misturavam, e não era <strong>de</strong>sconhecido o fato <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>votos <strong>de</strong> um<br />

culto, geralmente, também eram <strong>de</strong>votos <strong>de</strong> outros.A Ásia Menor tinha um culto similar<br />

ao <strong>de</strong> Elêusis, centralizado em torno <strong>de</strong> Cibele, a terra-mãe, e <strong>de</strong> Atis, seu amante, o<br />

espírito da vegetação que morria anualmente no outono, e que se levantava dos<br />

mortos na primavera.<br />

Lê-se que muitos ritos bárbaros acompanhavam esse culto, e que os sacerdotes<br />

realmente <strong>de</strong>cepavam os seus órgãos genitais e os lançavam no altar <strong>de</strong> Cibele,<br />

enquanto rodopiavam em uma dança frenética. Em outro rito, um <strong>de</strong>voto se <strong>de</strong>itava<br />

por <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um touro, que era morto, julgando-se que o sangue do touro limparia<br />

os pecados do <strong>de</strong>voto, e que assim este renasceria para a eternida<strong>de</strong>.<br />

Mitra era o <strong>de</strong>us dos soldados. Esse <strong>de</strong>us foi adorado a princípio pelos antigos<br />

arianos, que, subseqüentemente, levaram seu culto à Índia. Dali o culto chegou à Ásia<br />

Menor. Após o ano <strong>de</strong> 67 A.C., <strong>de</strong>pois que os piratas das costas da Cilícia foram<br />

<strong>de</strong>rrotados, Pompeu levou alguns dos cativos a Roma, e eles espalharam o culto <strong>de</strong><br />

Mitra ali também, pois alguns <strong>de</strong>sses cativos eram a<strong>de</strong>rentes <strong>de</strong>sse culto.A adoração<br />

a esse <strong>de</strong>us se propagou entre as tropas romanas.<br />

No mundo romano, Mitra era i<strong>de</strong>ntificado com o <strong>de</strong>us-sol. O rito central consistia no<br />

abate <strong>de</strong> um touro e da ingestão <strong>de</strong> seu sangue. Dizia-se, igualmente, que Mitra<br />

morria no inverno e ressuscitava na primavera. Os seguidores do culto <strong>de</strong> Mitra<br />

observavam o nascimento <strong>de</strong> Mitra a 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.<br />

Quando o cristianismo foi obtendo a ascendência sobre esse rival (que durante algum<br />

tempo foi o principal rival do cristianismo, em Roma), o antigo costume e ritos foram<br />

sendo modificados em celebração do nascimento <strong>de</strong> Cristo, e é justamente nesse dia<br />

que o chamado Natal continua sendo celebrado na maioria da cristanda<strong>de</strong>, até hoje.<br />

O culto <strong>de</strong> Isis. Era um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma religião egípcia, a qual, partindo <strong>de</strong><br />

sua fortaleza no Egito, se foi espalhando por todo o mundo mediterrâneo.<br />

Sua teologia, tal como no caso <strong>de</strong> alguns outros que já foram mencionados, se<br />

baseava na mudança das estações do ano. Isis e seu filho, Horos, eram a original<br />

madona e seu filho do mundo helenístico.<br />

Isis era a terra-mãe; Osíris era seu marido irmão, e era cultuado como espírito protetor<br />

da vegetação.Osíris tinha um irmão, Sete, que era reputado como <strong>de</strong>us mau, e que<br />

por isso mesmo representava o espírito do mal no mundo. Sete matou Osíris e ocultou<br />

o seu corpo.<br />

94


Mas Isis, auxiliada por outras divinda<strong>de</strong>s, encontrou o corpo <strong>de</strong> Osíris e o fez reviver.<br />

Portanto, esse culto também girava em torno <strong>de</strong> um símbolo <strong>de</strong> morte e ressurreição,<br />

que a princípio provavelmente estava relacionado aos ciclos das estações, mas que<br />

gradualmente se tomou questão <strong>de</strong> convicção religiosa pessoal, fomentando a<br />

esperança da imortalida<strong>de</strong> pessoal.Os Ptolomeus, uma dinastia grega que governou o<br />

Egito após o falecimento <strong>de</strong> Alexandre, o Gran<strong>de</strong>, parecem ter propagado esse culto<br />

em volta do mundo mediterrâneo.<br />

Osíris foi absorvido pelo conceito do <strong>de</strong>us grego Serápis (palavra formada <strong>de</strong> Osíris e<br />

Ápis). Uma inscrição <strong>de</strong>dicada a Serápis ainda po<strong>de</strong> ser vista entalhada no pilar direito<br />

da porta <strong>de</strong> Sião, no muro sul <strong>de</strong> Jerusalém.Foi posto ali por um porta-estandarte da<br />

terceira legião <strong>de</strong> Cirene, em cerca <strong>de</strong> 115 D.C. Muitas moedas cunhadas após o<br />

começo do segundo século também trazem a imagem <strong>de</strong> Serápis, o Osíris helenizado.<br />

Religião romana<br />

Po<strong>de</strong>-se caracterizar a religião romana mais ou menos nos mesmos termos com que<br />

falamos sobre a filosofia romana.Em Roma e nas áreas ao redor, houve um período<br />

paralelo às crenças politeístas dos gregos, e praticamente as mesmas idéias se<br />

<strong>de</strong>senvolveram.Em fase da propagação da cultura grega, <strong>de</strong>signações romanas foram<br />

i<strong>de</strong>ntificadas com <strong>de</strong>uses gregos, até o ponto <strong>de</strong> ser difícil encontrar qualquer<br />

diferença.<br />

Assim sendo, Zeus e Júpiter tornaram-se nomes intercambiáveis para o mesmo <strong>de</strong>us.<br />

Afrodite e Vênus foram i<strong>de</strong>ntificadas, como também Poseidon e Netuno, Hefaisto e<br />

Vulcano, Demétria e Ceres, além <strong>de</strong> muitos outros.Roma tinha crenças religiosas<br />

separadas, e também festivida<strong>de</strong>s religiosas distintas, e atribuía aos seus imperadores<br />

certa forma <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>.Dai a religião passou a ser i<strong>de</strong>ntificada com o patriotismo, e o<br />

culto do imperador foi, principalmente, a tentativa <strong>de</strong> preservar o patriotismo. Por<br />

causa disso se originaram as perseguições movidas por alguns imperadores, como<br />

Nero e Domiciano, que se adoravam como <strong>de</strong>uses e que exigiam essa adoração por<br />

parte dos outros.<br />

Israel Datas<br />

538 Zorobabel Sheshbazaar; alguns voltaram a Jerusalém.<br />

537 O começo da reconstrução do templo; a interrupção da construção do templo<br />

520 A construção recomeçada<br />

516 O templo é completado (3 <strong>de</strong> Adar, 10 <strong>de</strong> março)<br />

458 Ezra vai a Jerusalém<br />

445<br />

433 O Templo <strong>de</strong> Neemias em Jerusalém<br />

324 Isarel sob o domínio da Síria<br />

282 Ptolomeu I Soter<br />

320 A Judéia torna-se parte do império <strong>de</strong> Ptolomeu, anexada por Ptolomeu I<br />

198 A Palestina torna-se por parte do império Sírio permanecendo até os Macabeus<br />

167<br />

40 Os Macabeus.A libertação <strong>de</strong> Israel Matatias, o pai, inspirou a revolta<br />

166<br />

161 Judas Macabeu<br />

160<br />

143 Jonatan Macabeu<br />

143<br />

135 Simão Macabeu<br />

104 João Hircano I<br />

104<br />

103 Aristóbolo I<br />

103<br />

76 Alexandre Jananeus<br />

95


76<br />

67 Rainha Salomé Alexandra e Hircano II<br />

40 Hiracno II e Aristóbolo II<br />

63 Pompeu estabelece o protetorado romano; Israel é dominado<br />

40 Hero<strong>de</strong>s o Gran<strong>de</strong> apontado como rei dos ju<strong>de</strong>us<br />

37 4 Governo <strong>de</strong> Hero<strong>de</strong>s<br />

Império Pérsa<br />

540-539 Ciro<br />

530-522 Cambises<br />

522-486 Dario I<br />

486-423 Xerxes I(Assuero)<br />

423-404 Dario II Nothus<br />

404-359 Artaxerxes II Menmon<br />

359-337 Artaxerxes III Ochus<br />

338-335 Arses<br />

336-331 Dario III Codomanus<br />

331-323 Alexandre da Macedônia<br />

Egito<br />

323 Ptolomeu I Soter<br />

285-246 Ptolomeu II Phila<strong>de</strong>lphus<br />

246-222 Ptolomeu III, Euergetes<br />

222-205 Ptolomeu IV, Philopater<br />

204-180 Ptolomeu V, Epiphanes<br />

Síria<br />

312-281 Seleuro, I Nicator<br />

281-261 Antíoco, I Soter<br />

261-246 Antíoco, II Theos<br />

246-225 Seleuco II<br />

225-223 Seleuco III Soter<br />

223-187 Antíoco III, O Gran<strong>de</strong><br />

187-175 Seleuco IV<br />

175-163 Antíoco IV Epiphanes<br />

163-162 Antíoco V<br />

162-150 Demétrio I<br />

96


4<br />

Revelação e Inspiração<br />

Os modos básicos <strong>de</strong> tomarmos conhecimento das coisas são:<br />

1. A percepção dos sentidos (empirismo).<br />

2. a razão (capacida<strong>de</strong> inata, alicerçada sobre os po<strong>de</strong>res mentais), que transcen<strong>de</strong> à<br />

percepção dos sentidos.<br />

3. a intuição, com base nas idéias inatas e nos po<strong>de</strong>res espirituais do homem, capaz<br />

<strong>de</strong> ficar sabendo <strong>de</strong> coisas acima da percepção dos sentidos e da razão.<br />

4. as experiências místicas, que envolvem o conhecimento através <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res<br />

espirituais: ou internos (como a alma) ou externos (como Deus, Cristo, o Espírito<br />

Santo, outros espíritos, etc.).<br />

A revelação é uma subcategoria das experiências místicas.<br />

Em primeiro lugar, temos as visões dos profetas; em segundo lugar, a concretização<br />

<strong>de</strong>ssas visões em forma escrita, <strong>de</strong>pois esses escritos tornam-se livros sagrados por<br />

via da canonização, então aparece alguma igreja ou outra organização religiosa para<br />

proteger e propagar a revelação, ou seja, o conteúdo dos livros sagrados.<br />

A fé religiosa tira proveito <strong>de</strong> todos os modos <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> conhecimento, embora,<br />

para ela, o principal meio seja a revelação.É uma infeliz tendência <strong>de</strong> muitas pessoas<br />

religiosas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradarem outros meios do conhecimento.<br />

Paralelamente a isso, elas costumam dizer que o conhecimento que é dado através da<br />

revelação não contém qualquer tipo <strong>de</strong> erro, embora Paulo tenha afirmado que<br />

sabemos apenas em parte, que somos dotados <strong>de</strong> um conhecimento meramente<br />

fragmentar, e assim, até o conhecimento obtido através da revelação tem seu ponto<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> é incompleto.<br />

Portanto, é um dogma, e não um fato, que o conhecimento obtido através da<br />

revelação é <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> erro, e a luta para manutenção <strong>de</strong>ssa posição é a <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> um dogma, e não uma real <strong>de</strong>fesa da verda<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte que a revelação divina não<br />

po<strong>de</strong> chegar até o homem sem estar maculada por problemas, <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s e erros por<br />

omissão, mesmo porque o ser humano não compreen<strong>de</strong>ria uma revelação completa,<br />

conforme Deus a enten<strong>de</strong>.<br />

Mas também é verda<strong>de</strong> que o conhecimento que nos é dado por intermédio da<br />

revelação é válido, tendo-nos conduzido ao mais profundo e importante conhecimento<br />

espiritual <strong>de</strong> que dispomos. O que importa enten<strong>de</strong>r, em toda essa questão, é que o<br />

conhecimento dado por meio da revelação nos é suficiente como roteiro da alma e<br />

para obtenção da felicida<strong>de</strong> eterna e para escaparmos da merecida punição a que<br />

nossos pecados fazem jus.“falamos a sabedoria <strong>de</strong> Deus em mistério, outrora oculta, a<br />

qual Deus preor<strong>de</strong>nou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a eternida<strong>de</strong>, para a nossa glória... Mas Deus no-lo<br />

revelou pelo Espírito...” (1 Cor. 2:7,10).<br />

Limitando a Revelação<br />

Um outro dogma envolvido nessa questão é o que diz que não po<strong>de</strong> haver revelação<br />

fora da Bíblia.O trecho <strong>de</strong> Apo. 22:18 é erroneamente usado como texto <strong>de</strong> prova a<br />

esse respeito, embora aquela recomendação aplique-se somente ao conteúdo do livro<br />

<strong>de</strong> Apocalipse.Deus está na plena liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> revelar-nos outras coisas, e até <strong>de</strong><br />

fornecer material para outros livros sagrados, e é bem provável que venha a fazê-lo,<br />

quando começarem os gran<strong>de</strong>s sinais para a abertura <strong>de</strong> uma nova dispensação,<br />

inaugurada pela parousia .<br />

A segunda vinda <strong>de</strong> Cristo quase certamente produzirá outra gran<strong>de</strong> revelação, da<br />

mesma maneira que ocorreu por ocasião <strong>de</strong> seu primeiro advento. Naturalmente,<br />

97


quaisquer propostas <strong>de</strong> novas revelações terão <strong>de</strong> ser testadas quanto à sua valida<strong>de</strong>,<br />

mediante meios empíricos, históricos e espirituais, e jamais mediante o dogma, o qual<br />

sempre arrasta após si a estagnação. E até as alegadas mo<strong>de</strong>rnas revelações <strong>de</strong>vem<br />

ser submetidas à prova da universalida<strong>de</strong>, bem como <strong>de</strong> outros critérios que<br />

combinem com a espiritualida<strong>de</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Bíblicas<br />

Revelação é o <strong>de</strong>svendamento que, Deus faz <strong>de</strong> si mesmo, girando em torno da<br />

pessoa <strong>de</strong> Jesus Cristo, através da criação, da história, da consciência humana e das<br />

Escrituras. Ela é dada através <strong>de</strong> acontecimentos e <strong>de</strong> palavras. Não há um termo<br />

técnico para exprimir a i<strong>de</strong>ia nas Escrituras, a mesma é expressa <strong>de</strong> vários modos.<br />

Duas palavras gregas são mais comumente usadas: apocalúptein e farenoün. Entre as<br />

duas há sutis sombras <strong>de</strong> significado.<br />

A primeira significa “<strong>de</strong>svendamento”, ao passo que a segunda aponta mais para o<br />

conceito <strong>de</strong> manifestação daquilo que fora <strong>de</strong>svendado. Portanto, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> revelação<br />

envolve o que antes era misterioso, oculto e <strong>de</strong>sconhecido.<br />

O pecado embotou a mente humana no tocante às realida<strong>de</strong>s divinas. A revelação<br />

divina, em Cristo, vai <strong>de</strong>volvendo gradualmente essa percepção, para que o homem<br />

conheça o plano <strong>de</strong> Deus, que gira em torno <strong>de</strong> Cristo. O último livro da Bíblia chamase<br />

Apocalipse, “revelação”, porque ali temos a fase final da revelação escrita, on<strong>de</strong><br />

Deus mostra que o seu plano é reverter todos os efeitos do pecado e levar os remidos<br />

à glória <strong>de</strong> Deus, assentando-se com Cristo em seu trono.<br />

O duplo aspecto. Os teólogos geralmente <strong>de</strong>screvem a revelação divina em termos <strong>de</strong><br />

revelação geral (ou natural) e <strong>de</strong> revelação especial. O primeiro consiste no<br />

testemunho que Deus dá <strong>de</strong> si mesmo através da criação, da história e da consciência<br />

humana. Aparece em trechos como Sal. 19; Atos 14:8-18; 17:16-34; Rom. 1:18-32;<br />

2:12,16, etc.<br />

Quanto à revelação geral, católicos e protestantes concordam.<br />

A revelação geral proveria a base para a construção <strong>de</strong> uma teologia natural.<br />

(<strong>Teologia</strong> natural o esforço <strong>de</strong> erigir uma doutrina <strong>de</strong> Deus, em que sua existência é<br />

estabelecida sem o apelo à fé ou à revelação especial, mas apenas através da<br />

natureza da razão e da experiência).<br />

A teologia teria dois níveis. O inferior é o da teologia natural, que inclui provas da<br />

existência <strong>de</strong> Deus e da imortalida<strong>de</strong> da alma. E insuficiente para a salvação da alma,<br />

embora importante para quem queira subir ao segundo nível da revelação. A maioria<br />

dos homens nem chega ao primeiro nível.<br />

No segundo nível, temos os blocos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s revelados na revelação especial<br />

(como nas Escrituras), cimentados uns aos outros pela argamassa da fé. Essa<br />

teologia revelada inclui todas as crenças distintivas da fé cristã, a Santa Trinda<strong>de</strong>, etc.<br />

Só nesse nível o individuo é levado ao encontro remidor com Deus, na pessoa <strong>de</strong><br />

Cristo. Essa é a idéia exposta pela maioria dos cristãos.<br />

Calvino dizia que a revelação geral só po<strong>de</strong> ser corretamente entendida através das<br />

lentes da revelação especial. Isso porque, apesar <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> uma revelação geral,<br />

com base na natureza das coisas ao seu redor, segundo Paulo mostra no primeiro<br />

capítulo <strong>de</strong> Romanos, o homem caído procura sempre suprimir a verda<strong>de</strong>,<br />

substituindo-a por suas fantasias, segundo o apóstolo nos mostra em Rom. 1:20. Até<br />

mesmo os chamados “salmos naturais” foram escritos por homens que viam a<br />

natureza através da perspectiva da revelação especial.<br />

Se o primeiro ponto <strong>de</strong> vista levou a uma apologética racionalista, o <strong>de</strong> Calvino levou a<br />

uma apologética revelacional. Essa é a posição da fé reformada.<br />

A revelação especial é o <strong>de</strong>svendamento que Deus faz <strong>de</strong> si mesmo, <strong>de</strong>ntro da<br />

história da salvação (revelação na realida<strong>de</strong>), e na palavra interpretativa das Escrituras<br />

(revelação na Palavra). Quantativamente, portanto, essa revelação encerra mais do<br />

que aquilo que temos registrado nas Escrituras.Muitos lances da vida <strong>de</strong> Cristo não<br />

foram registrados (ver João 21:25).<br />

98


Mas nas Escrituras, temos o sumário interpretativo <strong>de</strong> seus atos reveladores.<br />

A importância <strong>de</strong>sse sumário foi estabelecida pelo próprio Cristo:“As Escrituras não<br />

po<strong>de</strong>m falhar!”, disse Ele. A revelação bíblica, porém, só po<strong>de</strong> ser entendida pela<br />

iluminação do Espírito.Sem essa iluminação, os discípulos teriam aproveitado apenas<br />

parte do que Cristo lhes ensinara (ver João 14:26).<br />

Características do Conceito Bíblico <strong>de</strong> Revelação<br />

O objetivo final da revelação divina é nos conduzir a Deus. Isso é o que caracteriza<br />

as revelações divinas, e não meras formulações doutrinárias.<br />

O conceito bíblico da verda<strong>de</strong> não é mera reflexão crítica, mas um envolvimento<br />

subjetivo e apaixonado com o próprio Deus da verda<strong>de</strong>, na pessoa <strong>de</strong> Cristo.<br />

A revelação divina provê a resposta para o duplo dilema humano:<br />

1- sua ignorância <strong>de</strong> Deus, e, portanto, <strong>de</strong> si mesmo.<br />

2- sua culpa diante <strong>de</strong> Deus.<br />

Portanto, isso envolve-conhecimento e santida<strong>de</strong>.<br />

A revelação se dá através dos atos da história;não há fé em Cristo sem o Jesus<br />

histórico. A história bíblica é a seleção <strong>de</strong> eventos que tem a ver com essa revelação.<br />

E como se lê em Miquéias 6:5: “Povo meu. lembra-te... do que aconteceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Sitim<br />

até Gilgal; para que conheças os atos da justiça do Senhor”.<br />

A revelação bíblica culmina em Jesus Cristo. A encarnação, e tudo quanto está<br />

envolvido na mesma, o supremo ato revelador <strong>de</strong> Deus. Cristo é o centro do<br />

evangelho (ver Rom. 1:3,16; 1 Cor. 15:1-4; Gál. 4:4; Heb. 1:1,2, etc.).<br />

O Antigo Testamento revelava Cristo antecipadamente, o Novo reflete a pessoa <strong>de</strong><br />

Cristo. .A revelação bíblica também é interpretação divina do sentido da revelação, ou<br />

seja, a Bíblia é sua própria interpretação. Em 1 Coríntios 15:3,4, Paulo vincula a morte,<br />

o sepultamento e a ressurreição <strong>de</strong> Cristo às Escrituras do Antigo Testamento<br />

“segundo as Escrituras”. E que ele via a continuida<strong>de</strong> da revelação do Antigo no Novo<br />

Testamento. O kerygma do Noto Testamento é o fim <strong>de</strong> um processo iniciado no<br />

Antigo Testamento.<br />

Todos os eventos revelatórios se concentram na crucificação e ressuireção <strong>de</strong> Cristo.<br />

E tudo olha para futura e final revelação <strong>de</strong> Cristo, <strong>de</strong> tal modo que passado e<br />

presente só po<strong>de</strong>m ser entendidos da perspectiva escatológica revelada. Disso<br />

conclui-se que a Bíblia não apenas contém a revelação, mas é a própria revelação<br />

autoritária <strong>de</strong> Deus.<br />

A revelação <strong>de</strong>ve ser entendida em termos <strong>de</strong> três fatores:<br />

1- o revelador: que é o próprio Deus.<br />

2. os instrumentos da revelação: visões, sonhos, Urim e Tumim, sortes, teofanias,<br />

anjos, a voz divina, tudo o que produziu a Bíblia. Esses dois primeiros aspectos vêem<br />

lado objetivo da revelação.<br />

3- O recebedor: aqueles que correspon<strong>de</strong>m com fé em Cristo. Esse é o aspecto<br />

subjetivo da revelação.Um ponto <strong>de</strong> vista a<strong>de</strong>quado da revelação também reconhece<br />

que a Bíblia precisa ser corretamente interpretada.<br />

A hermenêutica está sendo reestudada com interesse em nossos dias.<br />

A verda<strong>de</strong>ira filosofia da interpretação bíblica é a interpretação histórica gramatical,<br />

com se manuseio responsável e sério do texto das Escrituras.O alvo da interpretação<br />

é <strong>de</strong>terminar o que o Espírito <strong>de</strong> Deus, que falava através dos diversos escritores<br />

humanos, queria dizer em qualquer porção da Bíblia, <strong>de</strong>ntro do contexto da revelação<br />

inteira.<br />

Vale dizer, a interpretação <strong>de</strong>ve levar em conta todos os fatos revelados, sem <strong>de</strong>stacar<br />

qualquer um <strong>de</strong>les do total. A exegese, por sua vez, interpreta a mensagem bíblica em<br />

sua aplicação às necessida<strong>de</strong>s espirituais do homem mo<strong>de</strong>rno. E a iluminação é o<br />

apto do Espírito, mediante o qual o leitor da Bíblia é capacitado a compreen<strong>de</strong>r seu<br />

registro do ponto <strong>de</strong> vista do Espírito(ver I Cor. 23:13, 14).<br />

Portanto, se a revelação tem a ver com o <strong>de</strong>svendamento objetivo, a iluminação tem a<br />

ver com a apreensão subjetiva. Esses três conceitos formam os passos essenciais da<br />

99


comunicação divina ao homem. A revelação diz respeito ao quê foi comunicado; a<br />

inspiração ao como a mensagem foi comunicada.<br />

Valores Relativos dos Modos <strong>de</strong> Conhecer<br />

Tertulianismo é o nome que se dá à doutrina que diz que a revelação é auto-suficiente<br />

e não precisa da ajuda <strong>de</strong> outros métodos para que a verda<strong>de</strong> chegue ao<br />

conhecimento dos homens.<br />

Naturalmente, essa verda<strong>de</strong> é aquela <strong>de</strong> natureza espiritual, visto que Tertualiano não<br />

se referia à ciência.Contudo, ele <strong>de</strong>sprezou a filosofia (utilizando-se <strong>de</strong> argumentos<br />

filosóficos!),e não via qualquer lugar para o uso da razão. Em seu antiintelectualismo<br />

radical, conforme ele mesmo <strong>de</strong>clarou, ele “cria por ser absurdo”!<br />

O averroísmo (uma noção do filósofo Averróis) salienta a supremacia da razão.<br />

Ele acreditava que a revelação é uma espécie <strong>de</strong> concessão às massas ignorantes,<br />

incapazes <strong>de</strong> empregar o po<strong>de</strong>r do raciocínio filosófico, pelo que seria útil para os<br />

ignorantes. Pare ele, o raciocínio filosófico seria um instrumento muito mais po<strong>de</strong>roso<br />

e eficaz para que o homem chegue a conhecer as coisas, ultrapassando assim, em<br />

grau <strong>de</strong> importância, à revelação, com suas <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s inerentes<br />

O tomismo(com base em idéias do filósofo e teólogo Tomás <strong>de</strong> Aquino) valoriza a<br />

razão, como um po<strong>de</strong>r capaz <strong>de</strong> obter algumas verda<strong>de</strong>s religiosas, embora<br />

reconhecendo que não é capaz <strong>de</strong> atingir as verda<strong>de</strong>s mais altas, como a doutrina da<br />

Trinda<strong>de</strong>. Para tanto, precisamos da revelação mediante o concurso da fé, e isso<br />

porque não enten<strong>de</strong>mos muitas elevadas doutrinas, nem lhes po<strong>de</strong>mos emprestar<br />

uma roupagem racional. Não obstante, para o tomismo, a razão po<strong>de</strong> atuar como meio<br />

<strong>de</strong> preparação para a nossa aceitação da verda<strong>de</strong> divinamente revelada.<br />

O agostinianismo(com base nas idéias <strong>de</strong> Agostinho, um dos pais da Igreja) assevera<br />

que a razão é uma capacida<strong>de</strong> humana divinamente outorgada, mas que precisa ser<br />

submetida à fé. “Creio a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r”.Dessa maneira, a fé aparece como<br />

primária, e a fé seria a aceitação da revelação divina.<br />

O intuicionismo aforma que a “verda<strong>de</strong> é imediata”, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>rivar-se das i<strong>de</strong>ias<br />

inatas contidas na alma, ou, então, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>rivar-se <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res superiores.<br />

A<strong>de</strong>mais, haveria intuições provindas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong>sconhecidas.Essa maneira <strong>de</strong><br />

pensar, quando se torna exclusivista, <strong>de</strong>spreza a revelação divina(ou po<strong>de</strong> ser um<br />

aspecto <strong>de</strong>ssa revelação).<br />

Mas seja como for, costuma subestimar tanto a percepção dos sentidos quanto a<br />

razão, como instrumentos fracos na obtenção <strong>de</strong> conhecimentos.<br />

O empirismo dá preeminência à percepção dos sentidos, e apenas admite,<br />

secundariamente, os outros modos <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> conhecimentos. O empirismo<br />

radical, entretanto, nega qualquer valor a esses outros meios, embora reconheça que<br />

a razão é útil para organizar informes.No empirismo, o misticismo em geral, e a<br />

revelação em particular, são ignorados ou mesmo repudiados.<br />

Revelação<br />

A revelação não é aquela <strong>de</strong> “escrituras” ou documentos escritos.<br />

Se realizar uma terceira revelação, será, sem dúvida acompanhada por um movimento<br />

principal, histórico e espiritual, como a Segunda Vinda <strong>de</strong> Cristo. As “novas escrituras”<br />

<strong>de</strong> seitas que ganham, durante algumas gerações, poucos milhões <strong>de</strong> convertidos,<br />

não têm uma autorida<strong>de</strong> convincente. Qualquer nova revelação ganhará a aceitação<br />

da igreja universal, não meramente <strong>de</strong> um fragmento.A revelação é uma iluminação<br />

especial <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s espirituais, através do po<strong>de</strong>r e influência interior do Espírito<br />

Santo.<br />

Po<strong>de</strong> incluir a expressão dos dons espirituais, tais como aqueles <strong>de</strong> sabedoria e<br />

conhecimento.Mas <strong>de</strong>ve incluir a iluminação sutil e gradual, em todos os crentes,<br />

através do Espírito. Mas a revelação transcen<strong>de</strong>rá a isto, sem dúvida.O alvo <strong>de</strong>sta<br />

revelação é um conhecimento pleno e profundo da pessoa e das obras <strong>de</strong> Deus.<br />

100


Precisamos <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro contato com o Espírito Santo, para obter a iluminação<br />

que ele nos oferece.O conhecimento e a compreensão <strong>de</strong> Deus não serão<br />

principalmente racionais. Serão elementos intuitivos que transformam a vida. Ver (II<br />

Ped. 1:4).<br />

Esta revelação nos dá conhecimento dos mistérios <strong>de</strong> Deus. Ver (João 16:14,15, ll<br />

Cor. 3:13-18). Todo o conhecimento tem como alvo formar a imagem <strong>de</strong> Cristo em<br />

nós, como a última referência <strong>de</strong>monstra.<br />

Como é que chegamos a saber das coisas?<br />

Chegamos a conhecer as coisas em primeiro lugar, pelos cinco sentidos, isto é,<br />

mediante os sentidos comuns da percepção.<br />

Entretanto, essa forma <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> conhecimentos é imensamente limitada, <strong>de</strong>vido<br />

à <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> dos nossos sentidos (menores que os <strong>de</strong> quase todos os animais), e com<br />

freqüência, por isso mesmo, esses sentidos são enganadores.Também chegamos a<br />

conhecer as coisas por meio da “razão”, porquanto a mente humana foi criada <strong>de</strong> tal<br />

modo que é capaz <strong>de</strong> conhecer coisas sem o concurso da percepção dos sentidos,<br />

mas antes, mediante a pura reflexão. Os valores morais, por exemplo, só po<strong>de</strong>m ser<br />

atingidos <strong>de</strong>ssa maneira.<br />

Também chegamos a conhecer por “intuição”.<br />

No homem existe algo que comunga com o que é universal, e que ultrapassa tanto a<br />

percepção dos sentidos como a intuição. Trata-se <strong>de</strong> um “conhecimento imediato” das<br />

coisas. Opera no nível da alma, não estando limitado às experiências passadas pelo<br />

corpo. Até mesmo os sonhos po<strong>de</strong>m ser intuitivos.<br />

Mas a forma mais elevada <strong>de</strong> conhecimento, aquela necessária para atingirmos a<br />

compreensão sobre as realida<strong>de</strong>s divinas, é a revelação. Essa po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> caráter<br />

“oficial”, como através <strong>de</strong> algum “profeta” enviado por Deus (cujas revelações po<strong>de</strong>m<br />

ser, posteriormente, concretizadas em “Escrituras”), mas também estão franqueadas a<br />

todos os crentes, contanto que an<strong>de</strong>m em um nível espiritual suficientemente<br />

elevado.“...no pleno conhecimento <strong>de</strong>le... A tradução ..pleno conhecimento...” é<br />

justificada porque, o original grego, apresenta a forma intensificada, com um prefixo<br />

preposicional.<br />

Natureza <strong>de</strong>sse Conhecimento<br />

Esse conhecimento, sempre será mediado por intermédio <strong>de</strong> Cristo, pois ele é o<br />

Logos, a revelação e revelador <strong>de</strong> Deus (ver João 1:18, Ver também 1Cor. 1:30).Tratase<br />

do conhecimento sobre o Pai, e assim inclui aquilo que ele faz por nós, na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso Pai.<br />

Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> filhos que estão sendo conduzidos à glória , chegaremos a <strong>de</strong>sfrutar<br />

<strong>de</strong> íntima associação com o Pai, por meio do Filho; e, quando sua natureza e glória<br />

nos forem infundidas (ver Efé. 3:19), então nós mesmos seremos <strong>de</strong>monstrações<br />

vivas do que Deus é e do que ele faz.<br />

Veremos Deus espelhado em nós mesmos.<br />

O processo da re<strong>de</strong>nção dá inicio a esse tipo <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esta vida<br />

terrena, mas aqui temos apenas uma manifestação inferior daquilo que, finalmente,<br />

florescerá na glória eterna.<br />

Todo <strong>de</strong>senvolvimento espiritual será aquilatado pela extensão em que chegarmos<br />

a conhecer a Deus. Conhecemo-lo eticamente (chegamos a compartilhar <strong>de</strong> sua<br />

perfeita natureza moral; ver Mat. 5:48), e conhecemo-lo metafisicamente (sendo<br />

transformados segundo a imagem <strong>de</strong> seu Filho).Esse conhecimento, nos lugares<br />

celestiais, terá sua fruição na forma <strong>de</strong> visão beatifica, o que consistirá não meramente<br />

da contemplação <strong>de</strong> Deus, mas também, <strong>de</strong> serem os remidos iluminados a fim <strong>de</strong><br />

participarem <strong>de</strong> sua natureza e <strong>de</strong> seus atributos(ver as notas em Efé. 3:19 ). Isso será<br />

mediado por meio do Filho (ver Col. 2:10).<br />

Trata-se <strong>de</strong> experiência mística: Quão muito mais profundo é isso do que a máxima<br />

corriqueira que diz Estuda a tua Bíblia e oral. Precisamos <strong>de</strong> contacto real com o<br />

101


Espírito divino, e é disso que consiste o misticismo. Sem esse contato, os meios <strong>de</strong><br />

estudo, a contemplação e a erudição intelectual são pobres e fracos <strong>de</strong>mais para<br />

converter e santificar a uma alma.A nós são multiplicadas “...graça e paz...” no pleno<br />

conhecimento <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> Jesus, nosso Senhor (II Ped. 1:2).<br />

Revelação Geral e Especial<br />

O humanismo negativo, o positivismo, o naturalismo, o materialismo, o comunismo, e,<br />

com freqüência, até a ciência, têm negado a valida<strong>de</strong> da revelação, geral ou<br />

especial. Essa negação origina-se, pelo menos em parte, da falta <strong>de</strong> conhecimento e<br />

da ausência <strong>de</strong> experiências com os po<strong>de</strong>res espirituais quanto a uma pessoa <strong>de</strong><br />

nossos dias em quem os po<strong>de</strong>res espirituais atuam <strong>de</strong> maneira que <strong>de</strong>ixa atônitos os<br />

céticos. Os estudos feitos no campo da Parapsicologia têm surtido o efeito <strong>de</strong> mostrar<br />

que existem po<strong>de</strong>res imensos no ser humano.<br />

Revelação Geral<br />

O Logos (encarnado como Jesus Cristo) é o Revelador geral, tanto <strong>de</strong>ntro quanto fora<br />

<strong>de</strong> livros sagrados. Sua revelação não se limita às Escrituras hebreu-cristãs, embora<br />

inclua as mesmas. Ele é “... a verda<strong>de</strong>ira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo<br />

homem”. (João 1:9).<br />

Cristo também nos revela Deus na natureza, através da razão, da intuição, da história,<br />

das experiências místicas individuais, alcançando todas as pessoas, quer sejam<br />

religiosas ou não, conferindo a cada qual algum grau <strong>de</strong> iluminação.“...o que <strong>de</strong> Deus<br />

se po<strong>de</strong> conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou”(Rom. 1:19).<br />

Cristo nos revelou Deus, e continua a fazê-lo (ver João 1:18). Deus é revelado até<br />

mesmo na porção mais excelente da filosofia grega (e <strong>de</strong> outras filosofias também).<br />

Deus é revelado na natureza e em todas as facetas da ciência.<br />

Deus <strong>de</strong>sconhece limitação, e seus caminhos estão completamente fora do escopo <strong>de</strong><br />

qualquer sistema estreito e exclusivista. Deus revela-se mediante a verda<strong>de</strong> instilada<br />

na consciência humana. Seus caminhos são múltiplos, abrangentes, não-sectaristas.<br />

A revelação geral é um termo todo-abrangente, que alu<strong>de</strong> a qualquer modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

revelação, incluindo variegada atuação do Logos, mas que também abrange toda<br />

outra forma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> iluminadora possível. Consi<strong>de</strong>rada por esse prisma, a<br />

revelação e extremamente ampla.<br />

O mistério do Espírito Santo está envolvido nessa revelação geral, segundo o trecho<br />

(João 16:8) e seu contexto permite-nos <strong>de</strong>duzir. Assim, a revelação geral inclui o<br />

ministério do Espírito, que guia e influencia a racionalização do homem a respeito da<br />

natureza, das i<strong>de</strong>ias e do <strong>de</strong>sígnio que há nas coisas.<br />

No entanto, essa revelação geral po<strong>de</strong> atuar somente por meio da razão, porquanto<br />

essa é uma gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> dada homens por Deus, a qual po<strong>de</strong> operar com<br />

eficácia, sem qualquer influência mais direta do Espírito.<br />

Revelação Especial<br />

Essa é a revelação que nos chegou por meio da tradição religiosa hebreu-cristã,<br />

apresentando a esperança messiânica e culminando no ministério do Logos<br />

encarnado (ver Heb. 1:2). Dentro <strong>de</strong>ssa revelação especial, o po<strong>de</strong>r remidor <strong>de</strong> Cristo<br />

mostra-se atuante através <strong>de</strong> sua missão tridimensional: na terra, no ha<strong>de</strong>s e nos<br />

céus.<br />

Os remidos serão levados a participar da natureza humana (ver II Ped. 1:4), mediante<br />

a transformação segundo a imagem do Filho (ver Rom. 8:29 e II Cor. 3:18), <strong>de</strong> acordo<br />

com o que <strong>de</strong>sfrutarão <strong>de</strong> plena participação na plenitu<strong>de</strong> divina (ver Efé. 3:19). Mas<br />

também há a provisão <strong>de</strong> uma restauração universal, que afetará a todos os nãoeleitos<br />

(ver Efé. 1:9,10). Quanto a isso estamos também tratando <strong>de</strong> um aspecto<br />

distintivo da revelação cristã, por ser algo especial. Essa revelação especial cristã<br />

caracteriza-se por sua <strong>de</strong>cisiva ênfase sobre a idéia da re<strong>de</strong>nção dos eleitos.<br />

102


A Unida<strong>de</strong> da Revelação<br />

É abundantemente claro que a revelação geral e a revelação especial não estão em<br />

competição uma contra a outra. Assim, o que foi revelado a Platão, por meio da<br />

revelação geral, não milita em nada contra a fruição da revelação através do Logos<br />

encarnado. A filosofia e a ciência nos apresentam, algumas vezes, <strong>de</strong> negativo, não<br />

consegue, realmente, anular a verda<strong>de</strong>, pois através <strong>de</strong>ssas disciplinas a verda<strong>de</strong> vai<br />

sendo paulatinamente <strong>de</strong>scoberta.<br />

Alguma revelação geral é obtida através da razão iluminada; outras revelações nos<br />

são propiciadas pelo método empírico, utilizado pela ciência. E essas coisas não<br />

militam contra o caráter místico, das visões conferidas aos profetas. E nem há<br />

qualquer coisa <strong>de</strong> contraditório entre a revelação natural (através da natureza; ver o<br />

primeiro capítulo <strong>de</strong> Romanos) e a revelação sobrenatural.<br />

103


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L 4<br />

1- Qual é o período do imperador romano Adriano?<br />

A-117 a 138 d.C.<br />

B-102 a 110 a.C.<br />

2- Qual é o local que Adriano resolveu erigir um novo templo <strong>de</strong>dicado a “Zeus<br />

Capitolino”?<br />

A-Templo antigo em Belém<br />

B-Antigo local no Templo <strong>de</strong> Jerusalém<br />

3- Quem foi Akiba?<br />

A-Um sábio filósofo<br />

B-Erudito rabino ju<strong>de</strong>u<br />

4- Em que ano se <strong>de</strong>u a <strong>de</strong>struição final <strong>de</strong> Jerusalém por Adriano?<br />

A-132 d.C.<br />

B-158 a.C.<br />

5- Qual o tempo consi<strong>de</strong>rado helenístico?<br />

A-323 a 20 a.C.<br />

B-225 a 112 a.C.<br />

6- On<strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotou Dario III em 333 a.C?<br />

A-Na Macedônia<br />

B-Nas planícies da Cecília<br />

7- Quem estabeleceu a cida<strong>de</strong> que traz seu nome até os dias <strong>de</strong> hoje e, perto da<br />

boca do Nilo chamada Roseta?<br />

A-Xerxes<br />

B-Alexandre<br />

8- O que tornou-se o vínculo da propagação universal do cristianismo?<br />

A-O idioma latin<br />

B-O idioma grego<br />

9- On<strong>de</strong> as legiões romanas combateram contra os macedônios e os <strong>de</strong>rrotaram?<br />

A-Em Cinoscéfale<br />

B-Em Roma<br />

10- Que época a monarquia primitiva do povo romano foi <strong>de</strong>rrubada?<br />

A-500 a.C.<br />

B-600 a.C.<br />

11- A que época a república vigorou e perdurou em Roma?<br />

A-Pendurou até 30 a.C.<br />

B-Pendurou até 12 a.C.<br />

12- A conquista da Gália, por Júlio César, completou-se:<br />

A-35 d.C.<br />

B-49 a.C.<br />

104


13- Quais foram os dois lí<strong>de</strong>res do assassinato <strong>de</strong> Júlio César?<br />

A-Bruto e Cássio<br />

B-Imperador Nero<br />

14- O que representavam a força <strong>de</strong> Bruto e Cássio na batalha que houve em Filipos,<br />

em 42 a.C?<br />

A-Representavam a monarquia<br />

B-Representavam a causa republicana<br />

15- Que imperador encontrou Roma construída <strong>de</strong> tijolos, e a <strong>de</strong>ixou construída <strong>de</strong><br />

mármore?<br />

A-Júlio Cesar<br />

B-Otávio<br />

16- Qual foi o filósofo que antes fora escravo?<br />

A-Epicteto<br />

B-Sócrates<br />

17- Em que ano que foram baixadas leis que proibiam a prostituição <strong>de</strong> escravos?<br />

A-784 a.C.<br />

B-428 d.C.<br />

18- No cerco <strong>de</strong> Jerusalém <strong>de</strong> 66-70 d.C; quantas pessoas Tito crucificou<br />

diariamente?<br />

A-500 ju<strong>de</strong>us diariamente<br />

B-600 ju<strong>de</strong>us diariamente<br />

19- Que ano foi escrito as cartas <strong>de</strong> Inásio, bispo <strong>de</strong> Antioquia?<br />

A-120 d.C.<br />

B-115 d.C.<br />

20- Em que ano Policarpo, bispo <strong>de</strong> Esmira, morreu queimado na fogueira?<br />

A-110 a.C.<br />

B-155 d.C.<br />

21- Qual o filósofo que sua doutrina <strong>de</strong> “substância” e <strong>de</strong> “causa primária” tornou-se<br />

um importante fator na formação da filosofia medieval <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino?<br />

A-Aristóteles<br />

B-Sócrates<br />

22- Qual a filosofia veio a tornar-se o alicerce do pensamento filosófico da Igreja<br />

católica romana?<br />

A-A Filosofia medieval <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino<br />

B-A Filosofia <strong>de</strong> Platão<br />

23- Qual é o nome da doutrina que acredita-se que o pão e vinho po<strong>de</strong> ser alterados<br />

quanto a sua substância?<br />

A-Transubstanciação<br />

B-Transformação<br />

24- O <strong>de</strong>us Ha<strong>de</strong>s é irmaão <strong>de</strong>:<br />

A-Apolo<br />

B-Zeus<br />

105


25- Qual o outro significado <strong>de</strong> “Alma”?<br />

A-Espírito<br />

B-Sombra<br />

26- Qual era o nome do barqueiro que fazia almas atravessarem o rio Estix?<br />

A-Carom<br />

B-Ha<strong>de</strong>s<br />

27- Mitra era i<strong>de</strong>ntificado como o:<br />

A-Deus-Lua<br />

B-Deus-Sol<br />

28- Que dia se observava o nascimento <strong>de</strong> Mitra?<br />

A-12 <strong>de</strong> outubro<br />

B-25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

29- Quais os dois imperadores que exigiam adoração?<br />

A-Nero e Dominicano<br />

B-Calígulas e César<br />

30- Em que ano o templo <strong>de</strong> Jerusalém é completado?<br />

A-520 a.C.<br />

B-516 a.C.<br />

31- Em que ano inicia o império Persa e por quem?<br />

A-540 a 539 por Ciro<br />

B-540 a 529 por Nero<br />

32- Qual foi o último imperador Persa?<br />

A-337 a 312 - Dario<br />

B-336 a 331 - Dario III<br />

33- Quais os modos básicos <strong>de</strong> conhecer as coisas?<br />

A-1) Percepção, 2) Razão, 3) Intuição, 4) Experiência Mística<br />

B-1) Percepção, 2) Emoção, 3) Criação, 4) Fé<br />

34- O que é uma subcategoria das experiências místicas?<br />

A-A revelação<br />

B-A encarnação<br />

35- O que é um dogma, e não um fato, que o conhecimento obtido através da:<br />

A-Revelação é <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> erro<br />

B-Revelação contém erros<br />

36- O que é o <strong>de</strong>svendamento que, Deus faz <strong>de</strong> si mesmo?<br />

A-Revelação<br />

B-Profecia<br />

37- Não há um termo técnico para exprimir a idéia nas:<br />

A-Escrituras<br />

B-Obras do Velho Testamento<br />

38- O que po<strong>de</strong>ria a base para a construção <strong>de</strong> uma <strong>Teologia</strong> Natural?<br />

A-Revelação Geral<br />

B-Revelação Parcial<br />

106


39- O que dá o esforço <strong>de</strong> erigir uma doutrina <strong>de</strong> Deus, em sua existência é<br />

estabelecida sem o apelo, a fé ou à revelação especial, mas apenas através da<br />

natureza, da razão e da experiência:<br />

A-<strong>Teologia</strong> Natural<br />

B-<strong>Teologia</strong> Sistemática<br />

40- Quem dizia que a revelação geral só po<strong>de</strong> ser corretamente entendida através<br />

das lentes da revelação especial?<br />

A-Maquiavel<br />

B-Calvino<br />

41- Qual é objetivo final da revelação divina?<br />

A-É trazer a salvação<br />

B-É nos conduzir a Deus<br />

42- Paulo vincula a morte, o sepultamento e a ressureição <strong>de</strong> Cristo às:<br />

A-Antigo Testamento<br />

B-Novo Testamento<br />

43- Um ponto <strong>de</strong> vista a<strong>de</strong>quado da revelação também reconhece que a Bíblia<br />

precisa ser:<br />

A-Interpretada errôneamente<br />

B-Corretamente interpretada<br />

44- O que é uma iluminação especial <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s espirituais através do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

influência interior do Espírito Santo?<br />

A-A revelação<br />

B-A clarividência<br />

45- O que será aniquilado pela extensão em que chegarmos a conhecer Deus?<br />

A-Todo <strong>de</strong>senvolvimento espiritual<br />

B-Todo <strong>de</strong>senvolvimento mental<br />

46- Qual é o contato que precisamos ter para converter e santificar uma alma?<br />

A-Precisamos <strong>de</strong> contato real com o espírito santo<br />

B-Precisamos <strong>de</strong> contato com Deus<br />

47- O humanismo negativismo, o positivismo, o naturalismo, o materialismo, o<br />

comunismo e, com freqüência, até a ciência, têm negado a:<br />

A-Valida<strong>de</strong> da revelação, geral ou parcial<br />

B-Comprovação da revelação<br />

48- Deus é revelado até mesmo na porção mais excelente da:<br />

A-Filosofia romana<br />

B-Filosofia grega<br />

49- Qual é a revelação que nos chegou por meio da tradição religiosa hebreu-cristã?<br />

A-Revelação divina<br />

B-Revelação especial<br />

50- Qual a revelação cristã que caracterizava-se por sua <strong>de</strong>cisiva ênfase sobre a idéia<br />

da re<strong>de</strong>nção dos eleitos?<br />

A-Revelação especial cristã<br />

B-Revelação muçulmana<br />

107


LIÇÃO 5<br />

Revelação Natural<br />

Talvez possamos tachar <strong>de</strong> revelação natural a toda revelação geral.<br />

Usualmente, porém, essa expressão “revelação natural”, limita-se às revelações<br />

dadas por meio da natureza. Observando as obras criativas <strong>de</strong> Deus, quedamo-nos<br />

impressionados diante <strong>de</strong>las. É assim que os homens chegam a compreen<strong>de</strong>r algo da<br />

glória, do po<strong>de</strong>r, da majesta<strong>de</strong> e da inteligência <strong>de</strong> Deus.<br />

Paulo refere-se a esse tipo <strong>de</strong> revelação no primeiro capítulo da epístola aos<br />

Romanos, dando a enten<strong>de</strong>r que a revelação por meio da natureza é suficiente para<br />

<strong>de</strong>ixar os pagãos sem qualquer <strong>de</strong>sculpa. Ver Rom. 1:19 ss. Paulo diz, naquele<br />

capítulo, enfaticamente, que os pagãos tomam “conhecimento” <strong>de</strong> Deus (vs. 21). É<br />

possível que ele estivesse incluindo, em seu pensamento, embora não o tivesse<br />

<strong>de</strong>clarado abertamente, o ministério do Espírito Santo, o qual leva os homens a<br />

refletirem acerca do que observam, po<strong>de</strong>ndo tirar daí as conclusões certas.<br />

Há alguns daqueles que falam em revelação natural que crêem que o Espírito <strong>de</strong> Deus<br />

atua sobre as mentes dos homens, <strong>de</strong> tal modo que aquilo que chegam a saber não<br />

se dá meramente através <strong>de</strong> racionalizações daquilo que observam. Antes, o Espírito<br />

<strong>de</strong> Deus ensinaria a eles o que <strong>de</strong>veriam pensar no que concerne à imensida<strong>de</strong>,<br />

complexida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sígnio da natureza. Outros, porém, acreditam que a razão humana,<br />

mesmo sem qualquer ajuda divina, é a<strong>de</strong>quada para raciocinar corretamente diante<br />

das maravilhas da natureza que po<strong>de</strong>m observar.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser esperado que a revelação sobrenatural possa dar um conhecimento<br />

mais completo e exato acerca <strong>de</strong> muitas coisas, em nenhum sentido <strong>de</strong>ve ser<br />

concebida como se entrasse em choque com a revelação natural. Ambos os tipos <strong>de</strong><br />

revelação proce<strong>de</strong>m do mesmo Deus, tendo em vista os mesmos propósitos.<br />

Esses tipos <strong>de</strong> revelação formam uma unida<strong>de</strong>, visando ao bem do ser humano.<br />

Revelação Sobrenatural<br />

A revelação sobrenatural é aquela outorgada por Deus ou por algum elevado po<strong>de</strong>r<br />

espiritual, como o Espírito <strong>de</strong> Deus e o Logos (isto é, po<strong>de</strong>res sobre-humanos,<br />

infinitamente maiores que o homem). Os livros sagrados da maioria das fés religiosas<br />

teriam essa proveniência sobrenatural.A revelação sobrenatural subenten<strong>de</strong> a<br />

intervenção divina na história humana, e não algo que foi <strong>de</strong>senvolvido através do<br />

esforço humano <strong>de</strong>sajudado, quer seja mediante a razão quer seja mediante a<br />

investigação empírica.<br />

Os cristãos acreditam que suas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são<br />

resultantes da revelação sobrenatural e especial. Escreveu Paulo:“Toda Escritura é<br />

inspira por Deus...” (11 Tim. 3:16). E Pedro arremata: “...nunca jamais qualquer<br />

profecia foi dada por vonta<strong>de</strong> humana, entretanto homens falaram da parte <strong>de</strong> Deus,<br />

movidos pelo Espírito Santo” (II Ped. 1:21).<br />

A Inspiração e as Escrituras<br />

No tocante a este profundo assunto, inspiração das escrituras existem. Níveis e Tipos<br />

<strong>de</strong> Inspiração. Muitos teólogos têm asseverado que essa palavra só po<strong>de</strong> ser<br />

aplicada ao próprio Deus. Pois nada mais é infalível, além <strong>de</strong> Deus; e as <strong>de</strong>clarações<br />

em contrário terminam em alguma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> idolatria, porquanto atribui um atributo<br />

divino exclusivo a alguém ou a alguma coisa.<br />

A Inspiração e o Misticismo<br />

Misticismo é o termo usado quando indicamos que po<strong>de</strong>res externos e superiores a<br />

nós po<strong>de</strong>m entrar em contato conosco, comunicando-se conosco.<br />

A isso se dá o nome <strong>de</strong> misticismo objetivo, a forma mais comum <strong>de</strong> misticismo no<br />

Oci<strong>de</strong>nte. Se Deus quer revelar algo e um profeta recebe essa comunicação em um<br />

transe, por inspiração, em qualquer <strong>de</strong> suas formas, mediante a apreensão intuitiva,<br />

então o profeta terá recebido uma experiência mística.<br />

108


Já o misticismo subjetivo, comum no Oriente, é o ensino que diz que a alma é um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> conhecimentos e <strong>de</strong> sabedoria, e que esse <strong>de</strong>pósito po<strong>de</strong> ser<br />

sondado pela visão interior, que nos é conferida através da meditação e dos estados<br />

<strong>de</strong> consciência alterados que ela produz. quanto a uma completa explanação a<br />

respeito.<br />

A Revelação e a Inspiração<br />

E verda<strong>de</strong> que essas duas palavras po<strong>de</strong>m ser usadas como sinônimos. Porém, a<br />

revelação po<strong>de</strong> indicar o ato <strong>de</strong> Deus por meio do qual ele revela importantes<br />

verda<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser ou não incorporadas, mais tar<strong>de</strong>, em um livro ou em uma<br />

coleção <strong>de</strong> livros sagrados.Em contraste, a inspiração po<strong>de</strong> aludir a uma revelação<br />

menos formal, mais <strong>de</strong> cunho pessoal, com vistas a guiar ou instruir o individuo.Isso<br />

po<strong>de</strong> fazer parte do seu aprendizado, por intermédio do que tal indivíduo torna-se<br />

habilitado para cumprir a sua missão.<br />

Em um sentido inferior, a inspiração consiste na infusão ou implantação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia,<br />

como uma espécie <strong>de</strong> influência espiritual, que opera sobre a pessoa e a<br />

transforma.Alguns grupos cristãos, como a Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Amigos, ou quacers, têm<br />

dado muito valor à inspiração pessoal com o propósito <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r Escrituras,<br />

quando o individuo recebe ensinamentos diretos que po<strong>de</strong>m ser sugeridos ou não<br />

pelas Sagradas Escrituras.<br />

Isso faz parte do ministério do Espírito Santo, sendo o toque místico na vida, e muito<br />

importante para o <strong>de</strong>senvolvimento espiritual. Quando isso é exagerado além das<br />

medidas, já teremos chegado a novas escrituras, que ten<strong>de</strong>m por suplantar a Bíblia<br />

Sagrada.<br />

Inspiração, um Fator Comum e Vital à Experiência Humana<br />

Dentro do campo religioso, po<strong>de</strong>mos falar em iluminação Temos aí a obra iluminadora<br />

do Espírito sobre a mente humana, para que esta entenda melhor o que seja a<br />

espiritualida<strong>de</strong> e seus requisitos. Faz parte do crescimento espiritual, da compreensão<br />

<strong>de</strong> tudo quanto está envolvido na inquirição espiritual: o conhecimento <strong>de</strong> Deus, do<br />

Filho, das obras do Espírito e do que essas coisas significam para nós. Ver (Efé. 1:18<br />

e 1 Cor, 2:6-16). É possível termos abertos os olhos da alma.<br />

Em outros campos. A inspiração opera na ciência, bem como em todas as linhas da<br />

experiência e do empreendimento humano. Trata-se <strong>de</strong> uma experiência universal,<br />

aliada à intuição e não se po<strong>de</strong> duvidar <strong>de</strong> que a mente humana po<strong>de</strong> sondar uma<br />

inteligência e um conhecimento além <strong>de</strong> sua própria experiência e da capacida<strong>de</strong><br />

cerebral do homem.<br />

Coisas que dizem respeito à vida e à morte estão inscritas na consciência humana, <strong>de</strong><br />

várias maneiras, e não somente da maneira individual. Edison e outros cientistas, e o<br />

próprio Albert Einstein, têm atribuído algumas <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias e invenções a forças<br />

maiores que suas realizações cerebrais. A inspiração opera sobre as artes, a música,<br />

a poesia, etc., e até sobre a filosofia.<br />

A Inspiração e a Autorida<strong>de</strong><br />

Em qualquer campo, religioso ou não, se algo foi inspirado, então, mui naturalmente,<br />

terá mais autorida<strong>de</strong> do que aquilo que não é inspirado, pelo menos quanto a certas<br />

questões. Todavia, é inútil falarmos em perfeição, quando estamos tratando <strong>de</strong>ssas<br />

coisas.<br />

Nada existe <strong>de</strong> perfeito e <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> erro, excetuando o próprio Deus; e a<br />

inspiração, por mais valiosa que seja, não é capaz <strong>de</strong> dar-nos um conhecimento<br />

perfeito, porquanto sempre será algo incompleto. É o que disse o próprio Paulo, em<br />

certo trecho: “...porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos...”(I Cor. 13:9).<br />

A Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental e alguns grupos anglicanos<br />

supõem que os concílios ecumênicos da Igreja cristã foram inspirados, e que a seus<br />

109


pronunciamentos <strong>de</strong>veríamos conferir a mesma autorida<strong>de</strong> que os católicos romanos<br />

dão ao papa, nó tocante às suas <strong>de</strong>clarações ex cathedra.<br />

Fontes <strong>de</strong> Inspiração<br />

As mesmas fontes que nos dariam experiências místicas também são as fontes<br />

inspiradoras.<br />

Na inspiração objetiva, temos Deus, o Espírito Santo, Cristo e os espíritos angelicais.<br />

Na inspiração subjetiva, como já dissemos, a própria alma humana é o armazém <strong>de</strong><br />

conhecimento e <strong>de</strong> sabedoria, o qual po<strong>de</strong> ser explorado mediante certos métodos.<br />

Sócrates tinha gran<strong>de</strong> fé nas capacida<strong>de</strong>s da alma humana. Ele acreditava em uma<br />

mente cósmica universal como fonte inspiradora; e isso seria outro modo <strong>de</strong> inspiração<br />

que requer o nosso respeito. A alma humana teria acesso à alma cósmica; e a mente<br />

humana teria acesso à mente cósmica.<br />

Critérios para Julgamento <strong>de</strong> Inspiração Verda<strong>de</strong>ira e Falsa<br />

Muitos <strong>de</strong>sses critérios são os mesmos que aqueles usados para <strong>de</strong>terminar a<br />

autorida<strong>de</strong> do cânon das Escrituras, quando estamos tratando com documentos<br />

sagrados.<br />

Abaixo algumas sugestões gerais:<br />

1- A autorida<strong>de</strong> da Igreja, através <strong>de</strong> seus concílios, ministros, etc.<br />

2-A coerência da mensagem dada, em comparação com outras mensagens reputadas<br />

válidas.<br />

3-A universalida<strong>de</strong> da mensagem. Seitas e grupos locais dificilmente po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>rados autoritários quanto a questões religiosas, se é que a massa total da<br />

Igreja permanece na ignorância <strong>de</strong> fatos supostamente revelados e inspirados.<br />

4-Coerência interna: moralida<strong>de</strong> e razão. Nenhuma inspiração verda<strong>de</strong>ira haverá <strong>de</strong><br />

nos encorajar a praticar atos imorais, ilegítimos ou dúbios. Esse é o gran<strong>de</strong> teste<br />

moral, uma questão importantíssima.<br />

Não <strong>de</strong>veríamos abdicar <strong>de</strong> nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocinar, só porque algum grupo<br />

ou indivíduo diz que recebeu uma inspiração reveladora. A razão é que nos po<strong>de</strong><br />

resguardar <strong>de</strong> abusos e fanatismos. É justo supormos que a razão nos foi outorgada<br />

como salvaguarda, e nós não <strong>de</strong>veríamos sacrificá-la, embora também não lhe<br />

possamos conferir uma importância exagerada. O misticismo po<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>r à<br />

razão, mas, usualmente não <strong>de</strong>veria contrariar a razão.<br />

5-Atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinteressada. Algumas pessoas dizem recebido inspiração reveladora<br />

somente para promoverem seus próprios sistemas, em prejuízo <strong>de</strong> outros. Em uma<br />

verda<strong>de</strong>ira experiência mística, o “eu” e seus múltiplos interesses <strong>de</strong>saparecem, e o<br />

Espírito universal se manifesta.<br />

6-Inteligibilida<strong>de</strong>. Visto que a inspiração visa a comunicar alguma mensagem,<br />

po<strong>de</strong>ríamos aplicar esse critério. Precisamos apren<strong>de</strong>r algo que serve <strong>de</strong> ajuda à<br />

maneira pela qual pensamos e agimos. Devemos repelir os excessos, os abusos, os<br />

absurdos.<br />

7-Praticida<strong>de</strong>. Aquilo que nos for dado pela inspiração revelada precisa revestir-se <strong>de</strong><br />

senso prático, para nossas próprias pessoas, para nossas próprias vidas.<br />

Esses vários critérios não são absolutos. São meras sugestões sobre o que<br />

<strong>de</strong>veríamos pensar sobre a inspiração.<br />

110


5<br />

O Cânon do Antigo e Novo Testamento<br />

Cânon do Antigo Testamento<br />

É impressionante a forma do processo <strong>de</strong> canonização da Bíblia Sagrada, pois foi um<br />

processo histórico que precisou <strong>de</strong> séculos para ser completado. As evidências em<br />

favor disso são esmagadoras e irrefutáveis. Contudo, po<strong>de</strong>mos assumir vários pontos<br />

<strong>de</strong> vista sobre a natureza <strong>de</strong>sse processo.<br />

Alguns liberais supõem que a canonização é apenas uma ativida<strong>de</strong> humana, e que o<br />

resultado é apenas uma espécie <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> livros. O extremo oposto <strong>de</strong>ssa<br />

suposição é a posição dos estudiosos extremamente conservadores, os quais pensam<br />

que o cânon histórico foi tão perfeito e exatamente guiado e inspirado pelo Espírito<br />

Santo que os livros que, finalmente, foram canonizados, foram precisamente aqueles<br />

que o Espírito <strong>de</strong> Deus queria que fizessem parte do cânon, e que os livros rejeitados<br />

foram repelidos não somente pelos homens, mas também pelo Espírito Santo.<br />

Em outras palavras, estes últimos não admitem qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erro ou <strong>de</strong><br />

inferiorida<strong>de</strong> na seleção. Entre essas duas opiniões extremas, temos a posição dos<br />

muitos eruditos conservadores que supõem que o processo <strong>de</strong> canonização foi<br />

divinamente guiado, embora também tenha havido o concurso <strong>de</strong>cisivo do elemento<br />

humano. Para exemplificar, temos o caso da inclusão da epístola <strong>de</strong> Tiago, um livro<br />

especificamente escrito com o propósito <strong>de</strong> atacar a i<strong>de</strong>ia paulina da justificação pela<br />

fé, refletindo, historicamente, o legalismo cristão. Que esse legalismo foi uma<br />

realida<strong>de</strong>, vê-se obviamente no décimo quinto capítulo do livro <strong>de</strong> Atos.<br />

Diversos dos pais da Igreja e dos reformadores protestantes rejeitaram a epístola <strong>de</strong><br />

Tiago, julgando que a mesma não merecia lugar no cânon neotestamentário,<br />

exatamente por essa razão.Alguns também rejeitaram a epístola <strong>de</strong> Judas, por citar<br />

uma obra pseu<strong>de</strong>pígrafa do Antigo Testamento.Houve oito livros disputados que só<br />

foram aceitos no cânon já no século IV d.C., mas, em algumas porções da Igreja, nem<br />

mesmo então. Precisamos reconhecer esses fatos, percebendo que o processo <strong>de</strong><br />

canonização envolveu gran<strong>de</strong>mente a história e as opiniões humanas sobre o valor<br />

dos livros.<br />

O Espírito Santo não impulsionou os corações dos homens, <strong>de</strong> modo a concordarem<br />

completamente , e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, sobre quais livros <strong>de</strong>veriam ser incluídos no cânon<br />

do Novo Testamento.No caso do Antigo Testamento, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar o problema<br />

inteiro dos livros apócrifos, os quais, a começar pelos ju<strong>de</strong>us da dispersão, foram<br />

aceitos ou rejeitados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo, essencialmente, apenas <strong>de</strong> questões geográficas.<br />

Essa disputa prolongou-se até aos dias neotestamentários, tendo sido resolvido<br />

somente na época da Reforma Protestante(embora <strong>de</strong> diferentes maneiras).<br />

O Espírito Santo nunca reuniu os homens a fim <strong>de</strong> informá-los acerca do que <strong>de</strong>veriam<br />

fazer com os livros apócrifos. Homens tomaram <strong>de</strong>cisões racionais a respeito <strong>de</strong>les, e<br />

diferentes segmentos da Igreja chegaram a diferentes <strong>de</strong>cisões. Que os livros<br />

apócrifos revestem-se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor, especialmente do ponto <strong>de</strong> vista histórico, é<br />

inegável. Mas, seriam suficientemente valiosos e dignos <strong>de</strong> serem incluídos no cânon?<br />

Os católicos romanos dizem “sim”; os protestantes dizem “não”; e os anglicanos<br />

hesitaram, antes <strong>de</strong> chegarem a qualquer <strong>de</strong>cisão.<br />

O Salto <strong>de</strong> Fé<br />

Os livros apócrifos <strong>de</strong>vem ser incluídos no cânon do Antigo Testamento?<br />

Indagações como essa não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>cididas apenas sobre bases dogamáticas já<br />

há preferências doutrinárias a serem levadas em conta. Ninguém po<strong>de</strong> dizer: “Este ou<br />

111


aquele livro é canônico, pois concorda com minha interpretação <strong>de</strong> quais doutrinas<br />

<strong>de</strong>veriam ser ensinadas”. Se alguém fizer isso, já estará partindo <strong>de</strong> um pressuposto.<br />

Em outras palavras, já sabe <strong>de</strong> antemão on<strong>de</strong> quer chegar, dirigindo seus argumentos<br />

para esse ponto, <strong>de</strong>srespeitando qualquer argumentação em contrário.Por isso, o que<br />

alguém disser sobre o cânon, terá <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r, parcialmente, <strong>de</strong> um salto <strong>de</strong> fé.<br />

Os estudiosos extremamente conservadores dão seu salto <strong>de</strong> fé na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

sua convicção <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong> ter havido erro ou inferiorida<strong>de</strong> envolvidos na seleção<br />

canônica final. Esses acreditam que o resultado final do processo foi pre<strong>de</strong>stinado <strong>de</strong><br />

modo absoluto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, apesar do fato <strong>de</strong> que foram necessários séculos<br />

para que o resultado fosse obtido.<br />

Por sua vez, os intérpretes liberais em extremo partem, em seu salto <strong>de</strong> fé, da i<strong>de</strong>ia<br />

que o Espírito(se é que o Espírito existe, conforme eles pensam) não estava<br />

interessado em tal resultado, e que foram homens, usando todo o bom sendo <strong>de</strong> que<br />

eram capazes, que fizeram uma seleção razoável <strong>de</strong> material, provendo-nos <strong>de</strong> uma<br />

visão respeitável das origens judaico-cristãs <strong>de</strong> nossas crenças. Não obstante, esses<br />

extremamente liberais lamentam o que po<strong>de</strong> ser diso <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado, pensando que o<br />

material rejeitado po<strong>de</strong>ria fornecer-nos também uma compreensão útil sobre essas<br />

questões.<br />

Então os extremamente conservadores voltam à carga,rejeitando em seu princípio <strong>de</strong><br />

canonização a noção <strong>de</strong> que os livros,tão exatamente selecionados, não po<strong>de</strong>m<br />

envolver qualquer erro, sendo absolutamente autoritários, ou mesmo autorida<strong>de</strong>s<br />

absolutas, conforme dizem alguns <strong>de</strong>les.Mas os extremamente liberais pensam que<br />

isso não passa <strong>de</strong> uma racionalização dogmática, partindo do pressuposto que a<br />

seleção feita, apesar <strong>de</strong> útil, tem seus pontos positivos e negativos, suas verda<strong>de</strong>s e<br />

erros, e que, em nenhum sentido po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada absoluta ou exclusivamente<br />

autoritária.<br />

Em parte alguma das próprias Escrituras encontramos qualquer <strong>de</strong>claração acerca <strong>de</strong><br />

qualquer seleção canônica final. Os próprios autores sagrados não tinham consciência<br />

<strong>de</strong> que os livros que estavam produzindo algum dia seriam parte <strong>de</strong> uma coletânea<br />

reverenciada como sagrada e canônica. Isso não significa que eles não tinham<br />

consciência da inspiração divina <strong>de</strong> suas obras. Mas isso já é coisa bem diferente da<br />

formação <strong>de</strong> uma coleção <strong>de</strong> livros divinamente inspirados.<br />

Somente o autor do Apocalipse, em todo o Novo Testamento, antecipou uma espécie<br />

<strong>de</strong> uso canônico <strong>de</strong> seu livro(ver Apo. 22:18, 19). Mas, ironicamente, foi exatamente<br />

esse o livro que exigiu mais tempo para ser aprovado como canônico pela Igreja<br />

universal. É uma interpretação <strong>de</strong>scabida aquela que faz o trecho <strong>de</strong> Apocalipse<br />

22:18, 19 aplicar-se-á à inteireza do Novo Testamento, e não somente àquele livro<br />

profético, pois trata-se <strong>de</strong> uma referência específica ao próprio livro <strong>de</strong> Apocalipse, e<br />

não à coletânea inteira que, quando essa <strong>de</strong>claração joanina foi escrita, nem existia<br />

ainda.<br />

Portanto, voltamos a dizer que qualquer afirmação a respeito da natureza do cânon é<br />

um dogma humano, e não uma afirmação feita pela própria Bíblia Sagrada.No entanto,<br />

os homens fazem <strong>de</strong> seus dogmas uma parte necessária da ortodoxia, procurando<br />

assustar aos que consi<strong>de</strong>ram-se hereges, por não concordarem com eles, acusandoos<br />

<strong>de</strong> manipularema Palavra <strong>de</strong> Deus.<br />

Naturalmente, o ponto <strong>de</strong> vista dos liberais também constitui o seu dogma, havendo<br />

certos fatores da verda<strong>de</strong> que eles per<strong>de</strong>m <strong>de</strong> vista, em seu salto <strong>de</strong> fé.<br />

Buscando uma Posição Intermediária<br />

Usualmente, a verda<strong>de</strong> sobre as questões <strong>de</strong>batidas jaz em algum ponto entre suas<br />

interpretações exageradas.<br />

Portanto,faço aqui uma obs:Contra os liberais extremados.<br />

Quero salientar que o curso do liberalismo está calçado sobre o ceticismo.<br />

Quem é liberal aborda todos os problemas com certa falta <strong>de</strong> fé.<br />

112


Também sente-se muito insatisfeito com os muitos dogmas que estão mesclados a<br />

tantas questões religiosas. Ele se sente como um cruzado; mas o idêntico sentimento<br />

é compartilhado pelos extremamente conservadores.<br />

Assim, há um inevitável choque <strong>de</strong> radicais, o extremamente liberal observa que o<br />

processo <strong>de</strong> canonização precisou <strong>de</strong> séculos para completar-se; percebe-se como<br />

vários foram disputados; nota como vários segmentos da Igreja chegaram a<br />

conclusões diferentes; toma consciência <strong>de</strong> que algum bom material não chegou a<br />

fazer parte do cânon; e também sabe que certas obras <strong>de</strong> Paulo se per<strong>de</strong>ram, e que<br />

ele supõe que eram tão boas como aquelas que foram preservadas; e, finalmente,<br />

especula que, provavelmente, havia muitos livros úteis, nos dias do Novo Testamento,<br />

que <strong>de</strong>veriam ter sido incluídos no cânon.<br />

Ele po<strong>de</strong> usar o prólogo do evangelho <strong>de</strong> Lucas, baseando-se num argumento em prol<br />

<strong>de</strong> suas suposições e usando esse prólogo como texto <strong>de</strong> prova. Ele reúne todos<br />

esses fatores e conclui que o que suce<strong>de</strong>u foi apenas um processo humano <strong>de</strong><br />

seleção, e que o fator divino estivesse envolvido na questão, não teria havido tanta<br />

contorção.<br />

Como um toque final, o extremamente liberal salienta que certos livros que finalmente<br />

entraram no cânon(como a epístola <strong>de</strong> Tiago), <strong>de</strong>ixaram insatisfeitos alguns dos<br />

estudiosos mais conservadores(como Lutero).Segundo ele, o cânon foi produzido pela<br />

ativida<strong>de</strong> humana, e a própria natureza <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> obtém sucessos e sofre<br />

<strong>de</strong>rrotas. Isso não significa que ele não veja valor naquilo que foi produzido. Ali há<br />

grandiosas i<strong>de</strong>ias; ali há espiritualida<strong>de</strong> e instrução; ali há contribuições valiosas à<br />

literatura e à história. Deus talvez se mova em meio a tudo aquilo, e isso contribui para<br />

o bem.<br />

Analiso que os estudiosos extremamente liberais, apesar <strong>de</strong> toda a boa intenção que<br />

possam ter, nos oferecem pouco <strong>de</strong>mais.<br />

Em primeiro lugar, po<strong>de</strong>mos criar um bom argumento sobre como a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus<br />

opera no e através do processo histórico. Que um processo qualquer precise <strong>de</strong> muito<br />

tempo em nada <strong>de</strong>trata da orientação divina, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse processo. De fato, a própria<br />

inquirição espiritual está intimamente envolvida no processo histórico, sem importar se<br />

da Igreja, como uma organização(com base, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, na evolução espiritual<br />

judaica), ou se <strong>de</strong> indivíduos isolados.Todas as coisas <strong>de</strong> valor precisam <strong>de</strong> tempo<br />

para concretizar-se.<br />

Em segundo lugar, no tocante aos valores espirituais, não precisamos <strong>de</strong> perfeição. É<br />

como alguém já disse: “Não se joga fora o bebê, juntamente com a água <strong>de</strong> seu<br />

banho”.Os liberais, em seu intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdogamtizar as coisas, po<strong>de</strong>m jogar fora o<br />

bebê espiritual, juntamente com a água das manipulações humanas. Eles po<strong>de</strong>m<br />

aplicar um exagerado ceticismo, <strong>de</strong>ixando-nos ao léu, naquele mar on<strong>de</strong> o Espírito <strong>de</strong><br />

Deus não se move.<br />

Em terceiro lugar, é razoável supormos que visto que a literatura é a maneira mais<br />

eficaz <strong>de</strong> comunicação , Deus, ao querer comunicar-se com os homens, po<strong>de</strong>ria ter<br />

usado esse método, entre outros.De fato, temos essa coleção <strong>de</strong> trinta e nove livros<br />

do Antigo Testamento e vinte e sete livros do Novo Testamento. E, se alguns<br />

segmentos da Igreja querem um maior número <strong>de</strong> livros, que os obtenham.Neles,<br />

po<strong>de</strong>rão buscar a comunicação divina; não havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem livros<br />

perfeitos, hermeticamente selados, para transmitirem esse recado.<br />

Em quarto lugar, o fato <strong>de</strong> que outras socieda<strong>de</strong>s têm suas coletâneas sagradas, nada<br />

diz contra a coletânea judaico-cristã. Por enquanto, que outros <strong>de</strong>cidam quanto ao<br />

valor que nelas encontram, porque, agora, estamos preocupados somente com o<br />

cânon da Bíblia Sagrada.<br />

Contra os Conservadores Extremados<br />

Em primeiro lugar, eles ignoram o elemento humano que, inevitavelmente, <strong>de</strong>ve atuar<br />

sobre a formação <strong>de</strong> qualquer coletânea <strong>de</strong> livros sagrados.<br />

113


Em segundo lugar, sempre precisam aplicar sua fé <strong>de</strong> modo que não po<strong>de</strong> haver<br />

qualquer erro, quer na coletânea como um todo, quer em qualquer livro isolado <strong>de</strong>ssa<br />

coletânea. Tudo isso faz parte <strong>de</strong> seu salto <strong>de</strong> fé, tornando-se um dogma duro como o<br />

diamante um dogma, porque as Escrituras não contem tal ensino.<br />

Em terceiro lugar, mediante um raciocínio a priori, eles ignoram quaisquer problemas<br />

que encontrem no caminho, porquanto partem <strong>de</strong> um pressuposto.<br />

Em quarto lugar, eles equiparam o que chamam <strong>de</strong> ortodoxia à verda<strong>de</strong>. Mas as duas<br />

coisas nem sempre são a mesma coisa. A<strong>de</strong>mais, eles preferem sua ortodoxia<br />

particular à verda<strong>de</strong>, mesmo quando as evidências lhes são esmagadoramente<br />

contrárias, Isso é brincar com a verda<strong>de</strong>, e não inquirir pela mesma.<br />

Em quinto lugar, eles <strong>de</strong>monstram gran<strong>de</strong> dose <strong>de</strong> imaturida<strong>de</strong> em sua maneira <strong>de</strong><br />

pensar, porquanto não po<strong>de</strong>m tratar das questões espirituais exceto com base em<br />

livros presumivelmente perfeitos em todos os aspectos. Lamento ter <strong>de</strong> usar aqui uma<br />

antiga ilustração liberal, mas é que nela há uma certa verda<strong>de</strong>.Os extremamente<br />

conservadores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m uma teoria que se assemelha a um balão. Se alguém<br />

perfurar o balão em qualquer lugar, todo o ar ali contido escapará inevitavelmente.A<br />

verda<strong>de</strong>, porém, não se assemelha a um balão, que qualquer indivíduo ou sistema<br />

possa perfurar. A verda<strong>de</strong> nunca sofre coisas <strong>de</strong>sse conceito.<br />

Em sexto lugar, embora professando-se reverenciadores do Livro Sacro, eles criam<br />

um dogma a respeito do mesmo que chega a ter aspectos irracionais. Finalmente, tal<br />

como o ceticismo é a maldição do liberalismo, assim também o espírito contencioso é<br />

a maldição do conservadorismo extremado. Este promove campanhas em favor <strong>de</strong><br />

dogmas sobre as Escrituras, <strong>de</strong> uma maneira quase belicosa, utilizando-se da palavra<br />

herege. <strong>de</strong> modo ridículo e contra quem não a merece.<br />

O Meio-Termo<br />

Até esse ponto <strong>de</strong> minha exposição, tenho falado sobre as filosofias que circundam o<br />

problema do cânon.Portanto, quais bases filosóficas sãs <strong>de</strong>vemos utilizar em nosso<br />

estudo sobre o cânon?<br />

Alisto algumas bases filosóficas óbvias:<br />

1-De modo geral, evitemos os dois extremos que acabamos <strong>de</strong> discutir.<br />

2-Tenhamos a confiança <strong>de</strong> que Deus falou através da literatura, e que os nossos<br />

Antigo e Novo Testamentos representam essa comunicação.<br />

3-Não façamos uma parte necessária da nossa fé que o cânon tem <strong>de</strong> incluir<br />

exatamente aqueles livros que possuímos na Bíblia, e que não po<strong>de</strong> incluir outros.<br />

Estou convicto <strong>de</strong> que a epístola a Tiago foi escrita para combater i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Paulo.<br />

Portanto, encontramos esse por menor na epístola <strong>de</strong> Tiago,mas, eu não preciso<br />

encontrar uma perfeita harmonia entre todos os livros da Bíblia, para encontrar neles<br />

coisas boas e úteis.<br />

Breve Declaração do Processo Histórico do Cânon do Antigo Testamento<br />

A Lei. A pieda<strong>de</strong> judaica supunha que Moisés era autor dos livros da lei, com a<br />

exceção única <strong>de</strong> algumas poucas passagens.<br />

Várias opiniões sobre datas do cânon do Velho Testamento:<br />

1-Alguns consi<strong>de</strong>ram a canonização da lei logo no inicio das primeiras palavras ditas<br />

por Deus a Moisés, isto é, cerca <strong>de</strong> 1500 A.C.<br />

2-Os eruditos liberais pensam que não houve qualquer processo real <strong>de</strong> canonização<br />

senão quando foi reencontrado o Livro <strong>de</strong> Deuteronômio no templo <strong>de</strong> Jerusalém, que<br />

aconteceu durante a reforma encabeçada por Josias, em 621 A.C. Esse livro ter-se-ia<br />

tornado o texto base das reformas, e, subseqüentemente, o núcleo da lei judaica, <strong>de</strong><br />

Gênesis a Deuteronômio, que atingiu seu total <strong>de</strong>senvolvimento no começo do século<br />

IV A.C. Foi por essa altura que essa coletânea consi<strong>de</strong>rada a plena expressão da<br />

vonta<strong>de</strong> divina.<br />

Quando examinamos os livros do Pentateuco, no tocante à sua autoria, observamos<br />

que o livro <strong>de</strong> Gênesis, que aborda ocorrências anteriores a Moisés, não traz qualquer<br />

114


informação sobre seu autor.Mas os inci<strong>de</strong>ntes historiados em Gênesis exibem um<br />

conhecimento <strong>de</strong> causa muito gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo estar baseado em documentos<br />

escritos e cuidadosamente preparados. Portanto, embora esse livro possa ter sido<br />

escrito por Moisés, po<strong>de</strong> ter sido muito mais uma compilação <strong>de</strong> obras escritas<br />

anteriormente.<br />

Os <strong>de</strong>mais livros do Pentateuco também não mostram qualquer indicação quanto ao<br />

seu autor, mas a principal personagem e autorida<strong>de</strong> é Moisés.Por mais <strong>de</strong> setenta e<br />

cinco vezes, somente no livro <strong>de</strong> Êxodo, é dito que “disse-me o Senhor a Moisés, o<br />

que mostra a consciência <strong>de</strong> que esses documentos estão alicerçados sobre a<br />

vonta<strong>de</strong> revelada <strong>de</strong> Deus, sem importar quem tenha registrado em forma escrita as<br />

suas palavras.<br />

Além disso, foi Deus quem revelou essa vonta<strong>de</strong> a Moisés.E o mesmo modo <strong>de</strong><br />

expressão prossegue nos <strong>de</strong>mais livros do Pentateuco. Po<strong>de</strong>ríamos perguntar, com<br />

toda a razão, se foi Moisés quem escreveu diretamente esses livros, por qual motivo<br />

não se lê ali: .disse-me o Senhor.”em vez <strong>de</strong> “disse o Senhor a Moisés”?Certamente<br />

os profetas escreveram na primeira pessoa do singular.<br />

Não obstante, duas coisas <strong>de</strong>vem ser ditas por esta altura:<br />

1-A canonicida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do autor envolvido; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quão digno <strong>de</strong><br />

confiança é o registro e o propósito espirituais.<br />

2-Mesmo que Moisés não tenha escrito esses livros, na forma como eles se acham,<br />

eles se parecem com narrativas <strong>de</strong> alguma testemunha ocular da vida e da época <strong>de</strong><br />

Moisés. Se esses livros refletem uma revelação espiritual genuína, sobre os tempos<br />

<strong>de</strong> Moisés, é totalmente imaterial se Moisés agiu como autor, compilador ou recebedor<br />

da mensagem, ou se isso foi feito por algum outro autor. A questão da autoria, com os<br />

<strong>de</strong>vidos <strong>de</strong>talhes, é abordada nos artigos sobre cada livro em particular; é ali que o<br />

leitor po<strong>de</strong>rá encontrar os argumentos acerca da questão.<br />

O resto do Antigo Testamento, bem como o Novo Testamento, consi<strong>de</strong>ram que o<br />

Pentateuco teve Moisés como autor, Moisés é mencionado por cinqüenta e seis vezes<br />

no livro <strong>de</strong> Josué, e sua lei escrita e ali referida por quatro vezes, segundo se vê em<br />

(Jos. 1:7; 8:31,32 e 23:6). Essas alusões quase certamente garantem que o próprio<br />

Moisés escreveu ao menos o núcleo do que se encontra no Pentateuco, e que, pelo<br />

menos, ele foi o compilador <strong>de</strong> certas porções, e escritor original <strong>de</strong> outras porções.<br />

Expressões similares encontram-se em ) Juí. 3:4; 1 Reis 2:3; 8:9: 11 Reis 18:6).<br />

Naturalmente, em livros posteriores, como os <strong>de</strong> Crônicas, Esdras e Neemias, é<br />

simplesmente <strong>de</strong>clarado que Moisés escreveu a lei. Ver( Nee. 9:14; Esd. 7:6,14), etc.<br />

O trecho <strong>de</strong> (João 5:46) registra que Jesus meramente <strong>de</strong>clarou que Moisés escreveu<br />

a Seu respeito, e isso reflete a comum tradição, da época <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong> que Moisés foi<br />

o autor do Pentateuco.<br />

A questão da autoria mosaica do Pentateuco é importante por ter sido ele uma gran<strong>de</strong><br />

e bem reconhecida figura espiritual, pelo que, o que ele escreveu, <strong>de</strong>ve ser<br />

respeitado como divinamente inspirado.É nesse ponto que encontramos a primeira<br />

comprovação <strong>de</strong> canonicida<strong>de</strong>.Porém, essa verda<strong>de</strong> em nada se alteraria, ainda que<br />

alguma outra pessoa ou pessoas tivessem escrito o material, incorporando as<br />

experiências e revelações feitas a Moisés.<br />

Os Profetas, os Anteriores e os Posteriores. As evidências históricas <strong>de</strong>monstram<br />

que os profetas anteriores, como Josué, Juizes, Samuel e Reis, bem como os profetas<br />

posteriores, como Isaias, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores, eram<br />

consi<strong>de</strong>rados Escritores Sagrados pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 250 a 175 A.C.Naturalmente, os<br />

eruditos conservadores supõem que os escritos dos profetas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> perto da data <strong>de</strong><br />

escrita <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les, foram reconhecidos como mensagens espirituais, como se<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quase imediatamente tivessem recebido uma posição canônica.<br />

O raciocínio a priori, por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssa suposição, é que um profeta distinguia-se <strong>de</strong> tal<br />

modo que os seus escritos não <strong>de</strong>moravam a assumir uma função autoritária.Os<br />

Escritos. Essa é a terceira porção do cânon hebraico, constituída por certa varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> livros.<br />

115


Esses livros são os Salmos, Provérbios, Jó e os cinco rolos: Cântico dos Cânticos,<br />

Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester, cada um dos quais era lido em uma das cinco<br />

gran<strong>de</strong>s festas, da páscoa à festa <strong>de</strong> Purim.Além <strong>de</strong>sses, há os livros <strong>de</strong> Daniel,<br />

Esdras, Neenisas, Crônicas e Eclesiastes. Dentre esses livros todos, o Cântico dos<br />

Cânticos e o Eclesiastes foram os últimos a serem aceites como canônicos.<br />

As datas marcadas pelos estudiosos liberais ficam entre 160 e105 A.C.<br />

Também havia livros disputados do Antigo Testamento, o que é discutido, com a ajuda<br />

<strong>de</strong> um gráfico, no quinto ponto.Os liberais argumentam que nenhum passo consciente<br />

foi dado com vistas à formação <strong>de</strong> uma terceira divisão, até que se encerrou a<br />

segunda divisão (os profetas). Uma vez fechado o cânon, as pessoas relutariam em<br />

reabrir suas mentes à possibilida<strong>de</strong> do aparecimento <strong>de</strong> outras Escrituras.<br />

A or<strong>de</strong>m dos livros em questão é salientada como prova disso.<br />

Esdras, Neemias e Crônicas, se tivessem sido aceitos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, conforme<br />

prossegue esse raciocínio, teriam sido colocados juntamente com outros livros<br />

históricos. Antes, ficaram juntos, e isso mostra que, como uma espécie <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>,<br />

eles apareceram posteriormente.<br />

Entretanto, não sabemos as razões da or<strong>de</strong>m dos livros do Antigo Testamento, uma<br />

vez que a cronologia histórica foi perturbada por eles, a menos que o prestígio pessoal<br />

dos autores tenha exercido algum efeito sobre esse arranjo. Alguns eruditos têm<br />

argumentado que a tradução <strong>de</strong>sses livros, do hebraico para o grego, uma tradução<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior à tradução dos livros anteriores, mostra-nos que eles eram<br />

consi<strong>de</strong>rados menos dignos <strong>de</strong> respeito.<br />

Porém, é possível que esses livros apenas tenham sido entregues a tradutores menos<br />

habilidosos.A maneira vaga como esse grupo <strong>de</strong> livros é referido no livro <strong>de</strong><br />

Eclesiástico, “o resto dos livros”, presumivelmente diz-nos que eles tinham menor<br />

prestígio. Contudo, isso não é mais vago do que as referências gerais que dizem “a lei<br />

e os profetas”, por exemplo. É possível que Josefo tenha refletido uma antiga opinião,<br />

ao informar-nos que o cânon foi essencialmente fechado nos dias <strong>de</strong> Artaxerxes (465-<br />

425 A.C.), e que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquele tempo, nenhuma alma aventurou-se a alterar uma<br />

sílaba.<br />

No mesmo contexto, Josefo menciona que alguns livros merecem menos confiança do<br />

que outros, e que a sucessão dos profetas não foi fixada com exatidão. Isso permitenos<br />

ver que havia dúvidas e livros disputados, embora o sentido exato <strong>de</strong>ssa citação<br />

seja incerto.<br />

Os Livros Disputados. Evidências Colhidas nos Catálogos Cristão<br />

A citação extraída acima, dos escritos <strong>de</strong> Josefo, mostra que, no tempo <strong>de</strong> Artaxerxes<br />

(465-425 A.C.), na época <strong>de</strong> Esdras, havia livros disputados do Antigo Testamento, e<br />

as pessoas não sabiam on<strong>de</strong> traçar a linha divisória no tocante à tradição profética<br />

autêntica.<br />

Com a tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, e com a inclusão dos<br />

livros apócrifos naquela obra (285-246 A.C), outros livros duvidosos foram<br />

acrescentados à lista. Os livros que eram respeitados, embora não reputados tão<br />

valiosos quanto outros, eram Lamentações, Baruque, Ester, Eclesiástico, Sabedoria,<br />

Tobias, Judite e l e II Macabeus. Naturalmente, as dúvidas incluiam outros livros, em<br />

menor grau, e a outros livros apóci ifos, em grau maior. Se excluirmos os livros<br />

apócrifos, os livros <strong>de</strong> Cantares e Eclesiastes foram os que permaneceram na dúvida<br />

por mais tempo. Mesmo após o sínodo <strong>de</strong> Jamnia,no ano 90 D.C., alguns rabinos não<br />

queriam aceitar o livro <strong>de</strong> Ester como parte das Escrituras Sagradas, talvez porque<br />

ali não é mencionado o nome <strong>de</strong> Deus nem uma vez sequer.<br />

Os Livros Apócrifos<br />

O cânon palestino e o cânon alexandrino.<br />

Existiam, realmente, estes dois cânones do A.T. nos tempos helenistas?<br />

116


Alguns eruditos negam, absolutamente, que isto seja a verda<strong>de</strong>.<br />

A argumentação <strong>de</strong>les se baseia essencialmente sobre a falta <strong>de</strong> qualquer indicação<br />

clara sobre dois cânones diferentes, em citações <strong>de</strong> pessoas daquele tempo, ou<br />

<strong>de</strong>pois. Contra isto, <strong>de</strong>vemos observar que a própria existência da Septuaginta, com<br />

seus livros extras, é prova absoluta <strong>de</strong> um cânon além daquele da Bíblia hebraica da<br />

Palestina.<br />

Conclusão<br />

Josefo, diz que os profetas escreveram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dias <strong>de</strong> Moisés até Artaxerxes,<br />

também diz, e verda<strong>de</strong> que a nossa história tem sido escrita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Artaxerxes, não foi<br />

tão estimada como autoritativa como a anterior dos nossos pais, porque não houve<br />

uma sucessão <strong>de</strong> profetas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época.O Talmu<strong>de</strong>, fala assim: "Depois dos<br />

últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo <strong>de</strong>ixou Israel".Não<br />

constam no texto dos massoretas (copistas ju<strong>de</strong>us da maior fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>) entregar tudo o<br />

que consi<strong>de</strong>ravam canônico nas Escrituras do Velho Testamento.<br />

Nem tão pouco parece ter havido "Targuns" (paráfrases ou comentários judaicos da<br />

antigüida<strong>de</strong>) ligado a eles.Para os ju<strong>de</strong>us, os livros consi<strong>de</strong>rados "inspirados" são os<br />

39 que hoje conhecemos como Velho Testamento. Eles os possuem numa or<strong>de</strong>m<br />

diferente da nossa por causa da forma pela qual divi<strong>de</strong>m os livros.O preço <strong>de</strong> material<br />

para escrever po<strong>de</strong> influir também. Não era tão fácil calcular o espaço necessário para<br />

fazer um livro.<br />

Que fariam se cortassem o couro e <strong>de</strong>scobrissem 30 ou 40 páginas <strong>de</strong> couro sobrando<br />

no livro?<br />

Naturalmente encheria com conteúdo <strong>de</strong>vocional.<br />

A tendência seria <strong>de</strong> misturar livros bons com os canônicos até o ponto que os não<br />

canônicos fossem aceitos como canônicos.Os livros não canônicos não foram<br />

recebidos durante os primeiros quatro séculos.Melito, o bispo <strong>de</strong> Sardis em 170 D.C.,<br />

visitou a Judéia para verificar o número certo <strong>de</strong> livros do Velho Testamento. A lista<br />

que ele fornece, inclui os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester (porque<br />

não reconheceu entre os apócrifos) e não incluiu os apócrifos.<br />

ORÍGENES, o erudito do Egito,possuía uma gran<strong>de</strong> biblioteca, incluiu os 39 livros do<br />

Velho Testamento.Então po<strong>de</strong>mos dizer que <strong>de</strong> Moisés à Esdras foi o periodo <strong>de</strong><br />

canonização <strong>de</strong> Antigo Testamento.<br />

Mas seu Cânon oficial <strong>de</strong> <strong>de</strong>u na tradução da: SEPTUAGINTA.<br />

Nos dias <strong>de</strong> Orígenes os pais da igreja possuíam o: CÂNON DO ANTIOGO<br />

TESTAMENTO.<br />

O Cânon do Novo Testamento<br />

As muitas citações do Antigo Testamento no Novo mostram a estatura canônica<br />

daquela coletânea, nas mentes daqueles que escreveram o Novo Testamento.<br />

Vários livros do antigo pacto, a saber, Ester, Eclesiastes, Cantares <strong>de</strong> Salomão,<br />

Esdras, Neemias, Obadias, Naum e Sofonias não são citados diretamente no Novo<br />

Testamento; mas é provável que isso apenas ilustre a questão da seleção <strong>de</strong><br />

passagens a serem usadas, nada significando contra a posição canônica dos livros<br />

assim omitidos.<br />

A palavra Escrituras é freqüentemente usado no Novo Testamento, apontando para o<br />

Antigo Testamento. Ver (Mat. 26:54; João 5:39); (Atos 17:2). Além disso, temos (II<br />

Tim. 3.16) que reivindica inspiração divina para esses livros; e também (II Ped. 1:21)<br />

reflete isso.<br />

Jesus referiu-se à lei e ao fato <strong>de</strong> que Moisés escreveu a Seu respeito. Aludiu aos<br />

profetas, como quem escrevera acerca <strong>de</strong>le. De fato, começando por Moises, passou<br />

por todos, profetas, encontrando referencias que prediziam o seu ministério (Luc.<br />

25:27). O trecho <strong>de</strong> (Lucas 24:44) conta que quando os discípulos relataram o diálogo<br />

que tinham tido com Jesus, a caminho da al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Emaús, eles incluíram Moisés, os<br />

117


Salmos e os Profetas como aquelas porções bíblicas que Jesus usara para mostrarlhes<br />

o que fora previsto sobre sua pessoa.<br />

Havia três cânones nos dias <strong>de</strong> Jesus<br />

1. O cânon dos ju<strong>de</strong>us palestinos, <strong>de</strong> tendências farisaicas, seguidos pelas massas<br />

populares: os tradicionais trinta e nove livros do Antigo Testamento hebraico.<br />

2. O cânon da Septuaginta (chamado alexandrino.), que incluía os livros apócrifos,<br />

aceito pelos ju<strong>de</strong>us da dispersão, isto é, ju<strong>de</strong>us que falavam o grego.<br />

3. O cânon abreviado dos saduceus (a cujo partido pertenciam muitas autorida<strong>de</strong>s<br />

judaicas, que dominavam a política da nação), que incluía somente o Pentateuco, com<br />

exclusão <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais livros do Antigo Testamento.<br />

Levanta-se, portanto, a indagação: os cristãos primitivos aceitavam o cânon ampliado<br />

da Septuaginta?<br />

Citações dos Livros Apócrifos do Antigo Testamento pelos País da Igreja<br />

Também tem sido erroneamente afirmado que os primeiros pais da Igreja não citaram<br />

os livros apócrifos como Escritura. Porém, as evidências relatem essa afirmação.<br />

Como é óbvio, a questão era <strong>de</strong>batida, e o prestígio <strong>de</strong>sses livros variava <strong>de</strong> pessoa<br />

para pessoa.<br />

Alguns (como Jerônimo) rejeitavam-nos abertamente; mas outros os aceitavam.<br />

Alguns estudiosos recentes negam que houve um cânon alexandrino (dos ju<strong>de</strong>us da<br />

dispersão), presumindo que até mesmo os ju<strong>de</strong>us que viviam fora da Palestina<br />

aceitavam o cânon palestino em hebraico.Mas, as citações existentes no Novo<br />

Testamento e nos escritos dos pais da Igreja, refletindo a Septuaginta, mostram que<br />

tal assertiva não concorda com os fatos.<br />

O dogma mostra-se tão renitente, quanto a essa questão que, a fim dos homens<br />

livrarem-se dos livros apócrifos, alguns chegam a afirmar que a Septuaginta, em seu<br />

estado primitivo, não continha esses livros, que só mais tar<strong>de</strong> teriam sido adicionados.<br />

Mas, mesmo que isso fosse verda<strong>de</strong>, finalmente a Septuaginta chegou a incluir os<br />

livros apócrifos, e, na época <strong>de</strong> Jesus, eles se encontravam ali, sendo aceitos como<br />

parte integrante das Escrituras, o que é <strong>de</strong>monstrado pelo fato <strong>de</strong> que os escritores do<br />

Novo Testamento não titubearam em citá-los.<br />

Naturalmente,po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar facilmente que vários pais da Igreja <strong>de</strong>sprezaram<br />

ou mesmo rejeitaram os livros apócrifos.Além <strong>de</strong> Jerônimo, po<strong>de</strong>mos mencionar<br />

Tertuliano e Orígenes. Até mesmo os conservadores mais radicais admitem que esses<br />

pais citaram esses livros <strong>de</strong> vez em quando, e que a questão inteira está eivada <strong>de</strong><br />

dúvidas, <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> evidências mais sólidas e <strong>de</strong>finitivas.<br />

Quando imperam tais condições, os homens sempre procuram distorcer as evidências<br />

em apoio àquilo em que querem acreditar, ignorando as evidências em contrário. Uma<br />

vez mais, cumpre-me afirmar que a questão do cânon po<strong>de</strong> ser melhor examinada sob<br />

o ponto <strong>de</strong> vista do valor intrínseco <strong>de</strong> cada livro, e, apenas secundariamente, com<br />

base em datas e aceitação histórica.<br />

Seguindo-se o correto padrão, penso que é evi<strong>de</strong>nte que os livros apócrifos (como um<br />

todo), não merecem a mesma aceitação que os tradicionais trinta e nove livros<br />

canônicos do Antigo Testamento hebraico têm alcançado.É possível que a Igreja<br />

Anglicana tenha tomado a posição correta sobre a questão, ao afirmar que esses<br />

livros não canônicos são bons para servir <strong>de</strong> exemplo à vida e para instruir sobre as<br />

maneiras, mas não servem <strong>de</strong> base para nossas doutrinas.<br />

Cronologia <strong>de</strong> Literatura<br />

A palavra é uma forma latina da palavra kanon, que, no grego, significa cana.<br />

Tratava-se <strong>de</strong> uma planta usada <strong>de</strong> várias maneiras para medir e pautar.<br />

118


Assim sendo, o termo passou a significar “regra” ou “pauta”, e, mais tar<strong>de</strong>, uma lista <strong>de</strong><br />

coisas ou itens escritos em uma coluna. O vocábulo “kanon”, por extensão, passou a<br />

significar regra ou padrão.<br />

Quando falamos sobre o cânon das Escrituras (e, neste caso o N.T.) referimo-nos à<br />

lista <strong>de</strong> livros aceitos pela igreja em geral como livros que foram escritos sob a<br />

inspiração divina, os quais, por isso mesmo, são usados como regra <strong>de</strong> fé e da<br />

experiência prática da religião cristã. Numa análise do cânon do N.T. é mister<br />

examinarmos o <strong>de</strong>senvolvimento da autorida<strong>de</strong> e da aceitação dos vinte e sete livros<br />

que hoje em dia são reputados canônicos, e também precisamos examinar a história a<br />

autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses vinte e sete livros.<br />

Influência na Formação do Cânon<br />

a. O Velho Testamento, que forneceu o impulso criador <strong>de</strong> um Novo Testamento.<br />

b. A Vida e as Palavras <strong>de</strong> Jesus Cristo e, em conseqüência, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar<br />

uma autorida<strong>de</strong> além da autorida<strong>de</strong> do V.T.<br />

c. A Nova Religião Cristã, que criou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais Escrituras além das<br />

Escrituras judaicas, para formar a base da nova revelação.<br />

d. Os Apóstolos, primeiros gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res da Nova Religião revelada, os quais, com<br />

seus livros e epístolas, forneceram a base das novas Escrituras.<br />

e. Os Pais Apostólicos, que criaram os cânones primitivos e uma nova autorida<strong>de</strong> na<br />

igreja cristã primitiva.<br />

f. Os Concílios da igreja primitiva e medieval.<br />

g. A posição mo<strong>de</strong>rna<br />

Os Itens Consi<strong>de</strong>rados Detalhadamente<br />

Influência do V.T. A história do cânon do V.T. é longa e complexa, e não é tema <strong>de</strong>ste<br />

estudo. importante notar aqui apenas que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns séculos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, o cânon do V.T. foi finalmente estabelecido antes do fim do século I<br />

A.C.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da congregação judaica aceitava diversos livros apócrifos, pelo que não<br />

havia opinião unânime sobre o assunto. Seja como for, com ou sem esses livros<br />

apócrifos, nossa investigação sobre o cânon do N.T. em nada se modifica. A verda<strong>de</strong><br />

é que então já existia o fato <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s religiosas que compilavam listas <strong>de</strong> livros<br />

dotados <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> religiosa.Aqueles que estudam a história e a literatura dos<br />

povos antigos notam que todos esses povos contaram com sua Literatura Sagrada.<br />

Os romanos contavam com os escritos sibilinos; os gregos tinham os escritos <strong>de</strong><br />

Homero, <strong>de</strong> Masaio e <strong>de</strong> Orfeu.Os egípcios colecionaram os quarenta e dois livros <strong>de</strong><br />

Hermes, o Lavro dos Mortos e outros mais. Por semelhante modo, a nova religião<br />

cristã sentiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar com uma fonte escrita <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, que<br />

servisse <strong>de</strong> base à fé e à prática cristãs.<br />

Assim é que a Igreja primitiva aceitava os livros ao V.T. como dotados <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong><br />

religiosa e <strong>de</strong> inspiração divina.Estes livros formaram o cânon mais primitivo da igreja<br />

cristã, embora seja evi<strong>de</strong>nte que nesses livros estavam ausentes <strong>de</strong>terminados<br />

ensinos—os ensinos distintos do cristianismo, emanados <strong>de</strong> Cristo ou dos apóstolos.<br />

Portanto, os livros que continham as palavras <strong>de</strong> Jesus e dos apóstolos facilmente<br />

foram aceitos como parte do cânon das Escrituras.<br />

Houve um processo longo e complexo antes que todos os livros que hoje temos no<br />

N.T. constituissem, individual ou coletivamente, o N.T. Neste encontramos gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> citações e alusões tomadas por empréstimo do V.T. Também vemos que<br />

os autores do N.T. aceitaram a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que Jesus era o Cristo prometido no V.T., pelo<br />

que, os profetas do V.T. são, ao mesmo tempo, os profetas antigos da fé cristã.<br />

O cristianismo, ao usar tanto o V.T. como o N.T., para formar a Bíblia, fez uma ligação<br />

entre as antigas e as novas revelações divinas. Dessa maneira é que se estabeleceu a<br />

base histórica do cristianismo.<br />

119


Contudo, essa base não foi unicamente histórica, porquanto é claro que muitas das<br />

idéias, especialmente éticas, do N.T., foram <strong>de</strong>rivadas do V.T. Po<strong>de</strong>-se dizer, por<br />

conseguinte, que o V.T. foi no somente o prece<strong>de</strong>nte que exerceu influência na<br />

formação <strong>de</strong> um “novo” Testamento (documento escrito), mas também que exerceu<br />

notável influência no caráter e nas idéias <strong>de</strong>ssa nova coleção <strong>de</strong> livros sagrados.<br />

Influência da vida e dai palavras <strong>de</strong> Jesus Cristo. Nunca homem algum falou como<br />

Jesus. Ninguém jamais viveu como ele. Consi<strong>de</strong>rando sua vida e suas palavras,<br />

achamos não somente uma explicação para a existência do N.T., mas também<br />

enten<strong>de</strong>mos que seria impossível que, <strong>de</strong>pois da vida <strong>de</strong> um homem assim, não<br />

tivessem sido escritos muitos livros acerca <strong>de</strong>le.O sentido e a ilustração <strong>de</strong>sse fato<br />

po<strong>de</strong> ser observado pelo leitor na existência não só do N.T., mas também na<br />

existência dos livros apócrifos do N.T., porquanto muitos “evangelhos”, “atos” e<br />

“epístolas” foram escritos por diversos indivíduos, <strong>de</strong>screvendo as vidas dos doze<br />

apóstolos ou <strong>de</strong> outros cristãos antigos.<br />

A referência que se acha em (Luc. 1:1-3) mostra que muitos escreveram livros sobre<br />

Cristo e suas palavras, e que o próprio Lucas usou partes <strong>de</strong>sses livros como base do<br />

evangelho que escreveu. Dizendo isto, porém, não queremos afirmar que Lucas usou<br />

livros “apócrifos”, porquanto não se sabe da existência <strong>de</strong> qualquer livro apócrifo<br />

escrito antes <strong>de</strong> Lucas.<br />

Influência da nova religião cristã, e a conseqüente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas escrituras.<br />

O cristianismo teve por berço o judaísmo, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seus primórdios, os novos<br />

elementos dos ensinos <strong>de</strong> Cristo e dos apóstolos exerceram gran<strong>de</strong> influência sobre<br />

os cristãos.<br />

Mui dificilmente um ju<strong>de</strong>u estrito aceitaria os ensinamentos <strong>de</strong> Cristo sobre a lei das<br />

cerimônias, sobre o divórcio, etc., mas o mais intragável seria aceitar as <strong>de</strong>clarações<br />

<strong>de</strong> Cristo sobre sua própria pessoa, ou seja, a sua divinda<strong>de</strong>. Jesus mesmo disse: “. .<br />

.edificarei a minha igreja...” Jesus, tal como Lutero, foi separado da organização<br />

religiosa, que estava nas mãos das autorida<strong>de</strong>s religiosas da época, e, tal como o<br />

mesmo reformador, logo contou com uma igreja estabelecida em seu nome.Nota-se,<br />

igualmente, que nas epístolas dos apóstolos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio penetraram elementos<br />

não-judaicos.<br />

Apesar do fato que,a princípio,o povo cristão tivesse permanecido no seio das<br />

sinagogas judaicas quando Cristo ressuscitou <strong>de</strong>ntre os mortos havia notáveis<br />

controvérsias entre os israelitas e os cristãos.A principal diferença era feita pelo<br />

próprio Cristo.Ele foi mais do que um reformador. Ele é o Deus-Homem, e com a sua<br />

ressurreição provou ser o primeiro homem imortal, tomando-se, <strong>de</strong>ssa maneira o<br />

padrão da vida e do <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> todos os cristãos.<br />

Essas explicações encontramos nas palavras <strong>de</strong> Jesus e dos apóstolos;é natural, pois,<br />

que a nova religião cristã tivesse adotado os livros e as epístolas que continham essas<br />

diferenças como suas escrituras sagradas. Po<strong>de</strong>-se dizer, também, que bastava a<br />

existência da nova religião para que também se impusesse a existência <strong>de</strong> novas<br />

escrituras, que servissem <strong>de</strong> base à nova religião revelada.Influência dos apóstolos.<br />

Não há que duvidar que as epistolas <strong>de</strong> Paulo, como também as dos <strong>de</strong>mais<br />

escritores sagrados, apresentam matéria que eles reputavam ser <strong>de</strong> inspiração divina.<br />

O parecer <strong>de</strong> E.J. Goodspeed, <strong>de</strong> que foi feita uma coletânea <strong>de</strong> epístolas, mediante<br />

um ato excepcional (em 80-85 D.C.). parece mais razoável que a opinião <strong>de</strong> Harnack e<br />

outros, que pensam que o corpus dos escritos sagrados foi crescendo<br />

gradativamente.A evidência é que muitos elementos influentes da igreja cristã<br />

aceitaram pelo menos <strong>de</strong>terminadas epístolas <strong>de</strong> Paulo,bem como,mui provavelmente,<br />

outros livros do N.T., como escritura inspirada durante o tempo dos apóstolos.<br />

Após o falecimento dos apóstolos, sua influência aumentou, em vez <strong>de</strong> diminuir, pelo<br />

que foi natural que muitos livros tivessem sido escritos em nome <strong>de</strong>les, e também que<br />

seus escritos autênticos tivessem sido recebidos pela igreja como escrituras<br />

inspiradas, dotadas <strong>de</strong> não menor autorida<strong>de</strong> que o V.T.<br />

120


Outros argumentos que mostram que no tempo dos apóstolos as suas epístolas já<br />

exerciam gran<strong>de</strong> influência e eram extensamente usadas, são os seguintes: Paulo<br />

solicitava que as igrejas trocassem <strong>de</strong> epístolas (ver Col. 4:16).Certas epístolas<br />

mostram gran<strong>de</strong> cuidado em sua preparação, como as epístolas aos Romanos e aos<br />

Hebreus. É impossível que os autores <strong>de</strong>ssas epístolas pensassem que suas obras<br />

seriam lançadas no lixo pelos seus <strong>de</strong>stinatários.O autor do livro <strong>de</strong> Apocalipse mostra<br />

claramente que ele queria que a igreja lesse, cresse e usasse o seu livro. (Ver Apo.<br />

22:18,19).<br />

Influência dos pais apostólicos, que criaram os cânones primitivos.<br />

Marciano, perto do fim do século ll D.C., pregou uma doutrina <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>uses: o Deus<br />

do V.T., que seria um Deus <strong>de</strong> juízo, e o Deus do N.T., que seria um Deus bondoso e<br />

misericordioso, e mais exaltado que o primeiro.Marciano rejeitava o V.T. como<br />

escritura autêntica para a igreja, e expôs doutrinas que não podiam ser aceitas pela<br />

igreja em geral. Pensava ele que os apóstolos (com exceção <strong>de</strong> Paulo) tinham<br />

pervertido o evangelho que haviam recebido <strong>de</strong> Jesus.<br />

Por esse motivo, Marciano aceitava somente o evangelho <strong>de</strong> Lucas (que ele modificou<br />

on<strong>de</strong> bem quis) e <strong>de</strong>z das epístolas <strong>de</strong> Pauto (ficando omissas Hebreus, l e ll Timóteo,<br />

Tito e Filemom). Po<strong>de</strong>-se dizer que esse foi o primeiro cânon do N.T., ainda que não<br />

tenha sido aceito pela igreja <strong>de</strong> modo geral.Outrossim, esse cânon <strong>de</strong> Marciano foi<br />

usado como base para aqueles que se seguiram, a <strong>de</strong>speito do fato que os pais<br />

apostólicos escreveram violentamente contra Marciano. Antes <strong>de</strong>ssa data é certo que<br />

algumas das epístolas <strong>de</strong> Paulo e dos evangelhos eram usadas e reputadas como<br />

escritura sagrada., mas até então ninguém se pronunciara a respeito à semelhança <strong>de</strong><br />

Marciano.<br />

Corno exemplo disso temos provas <strong>de</strong> que Clemente conhecia os evangelhos e até<br />

mesmo os empregou em suas epístolas (90 D.C.). A epístola <strong>de</strong> II Clemente e a<br />

epístola <strong>de</strong> Barnabé usam porções das epístolas <strong>de</strong> Paulo(13O D.C:).Provavelmente<br />

já re tinham fixado opiniões diversas, entre os pais apostólicos, no tocante a<br />

<strong>de</strong>terminadas porções do N.T., como escritura mas foi preciso esperar que Marciano<br />

fizesse uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>finida e compreensível a respeito.Assim sendo, Marciano é<br />

quem forçou os pais da igreja a se pronunciarem.<br />

Irineu <strong>de</strong> Leão (185 D.C.), em seu livro “Sabedoria, Jalsamense hamada”, que refutava<br />

o gnosticismo e às vezes é intitulado <strong>de</strong> “Contra Heresias”, mostra que os quatro<br />

evangelhos eram recebidos corno “escritura”, com a autorida<strong>de</strong> do V.T. Irineu também<br />

cita o livro <strong>de</strong> Atos dos Apóstolos como escritura.Isso indica que ele também aceitava<br />

as epístolas <strong>de</strong> Paulo, o Apocalipse e algumas das epístolas universais como escritura<br />

sagrada.. Contudo, rejeitava a epístola aos Hebreus, por não ter sido escrita por<br />

Paulo.<br />

Em contraste com a maioria dos pais apostólicos, Irineu citou o Pastor <strong>de</strong> Hermas<br />

como parte das “escrituras” (provavelmente 200 D.C.). O cânon <strong>de</strong>le se compunha <strong>de</strong><br />

vinte e dois livros.Hipólito <strong>de</strong> Roma (234 D.C.) citou a maior parte do N.T. como<br />

escritura e também falou <strong>de</strong> dois “testamentos”, o Velho e o Novo. Também aludiu aos<br />

“quatro evangelhos”. Alguns acham que ele é quem fez a lista <strong>de</strong> livros canônicos<br />

encontrada no Fragmento Muratoriano, ainda que não haja provas <strong>de</strong>ssa afirmação.<br />

O Cânon Muratoriano (170-210 D.C.). O nome <strong>de</strong>sse fragmento provém do primeiro<br />

editor do manuscrito, Ludovico Muratori.<br />

Uma lista <strong>de</strong> livros consi<strong>de</strong>rados canônicos foi encontrada em um manuscrito em latim,<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Milão. Essa lista inclui as epístolas <strong>de</strong> Paulo, duas epístolas <strong>de</strong> João e<br />

uma <strong>de</strong> Judas, mas não menciona nenhuma das epístolas <strong>de</strong> Pedro ou a <strong>de</strong> Tiago.<br />

Outros livros aceitos pelo cânon Muratoriano, mas que não temos no cânon atual, são<br />

a Sabedoria <strong>de</strong> Salomão e o Pastor <strong>de</strong> Hermas, os quais, todavia, não eram<br />

recomendados para ser lidos publicamente na igreja.<br />

O Fragmento Muratoriano reveste-se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância porque mostra diversas<br />

coisas:<br />

1-O <strong>de</strong>senvolvimento do cânon foi gran<strong>de</strong> antes <strong>de</strong>ssa data.<br />

121


2-A maior parte dos livros que temos em nosso N.T. já era aceita naquela época.<br />

3-O processo do estabelecimento do cânon ainda estava em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

4-Havia muitos livros que eram aceitos por alguns, mas não pela igreja em geral.<br />

Tertuliano <strong>de</strong> Cartago (200 D.C.). Cartago foi o primeiro centro do cristianismo latino<br />

que teve um cânon quase igual ao <strong>de</strong> Irineu.<br />

Ambos aceitavam os quatro evangelhos e treze epístolas <strong>de</strong> Paulo.Em contraste com<br />

Irineu, porém, Tertuliano rejeitava o Pastor <strong>de</strong> Hermas como livro pertencente à<br />

coleção sagrada. Po<strong>de</strong>-se ver, pelos fatos mencionados, que os cânones do N.T., até<br />

o fim do século III D.C. — seja, o <strong>de</strong> Roma, o <strong>de</strong> Leão e o <strong>de</strong> Cartago— parecem ter<br />

variado um pouco entre si.<br />

Orígenes <strong>de</strong> Alexandria (254 D.C.).Ele dividia os livros religiosos em duas categorias:<br />

1-os reconhecidos.<br />

2-os discutidos.<br />

Ele mesmo aceitava a todos, mas admitia que nem todos concordavam com a sua<br />

opinião.Os livros reconhecidos eram: os quatro evangelhos, catorze epístolas <strong>de</strong> Paulo<br />

(incluindo a epístola aos Hebreus), o livro <strong>de</strong> Atos, duas epístolas universais, l Pedro, l<br />

João e o Apocalipse <strong>de</strong> João- ao todo, vinte e dois livros.<br />

Os livros discutidos eram: a epístola <strong>de</strong> Tiago; e é notável que nenhum escritor antigo<br />

tenha incluído essa epístola em seu “cânon” e do N.T., o que se prolongou até o<br />

tempo da reforma, porquanto o próprio Lutero chamou-a <strong>de</strong> epístola <strong>de</strong> palha, II e III<br />

João, II Pedro, Judas, epístola <strong>de</strong> Barnabé e o Pastor <strong>de</strong> Hermas.<br />

O Co<strong>de</strong>x Claromontano, do século VI DC., é um manuscrito grego e latino do N.T.<br />

que tem uma lista <strong>de</strong> livros canônicos que não contêm a epístola aos Hebreus, e, sim,<br />

o Pastor <strong>de</strong> Hermas, os Atos <strong>de</strong> Paulo e o Apocalipse <strong>de</strong> Pedro.As divergências nos<br />

cânones muitas vezes <strong>de</strong>pendiam da geografia.Por exemplo, a igreja siríaca aceitava<br />

o livro chamado <strong>de</strong> Evangelho segundo os Hebreus, e também uma outra<br />

pseudoepístola <strong>de</strong> Paulo, III Coríntios; mas o Apocalipse <strong>de</strong> João só foi aceito ali bem<br />

mais tar<strong>de</strong>.<br />

A opinião da igreja cristã <strong>de</strong> Alexandria parece ter sido idêntica à <strong>de</strong> Orígenes.<br />

A igreja <strong>de</strong> Roma e <strong>de</strong> outras regiões oci<strong>de</strong>ntais provavelmente consi<strong>de</strong>ravam que o<br />

cânon do N.T. incluía os livros que apareciam na tradução latina.Assim sendo,<br />

figuravam ali os quatro evangelhos, treze epístolas <strong>de</strong> Paulo, as três epístolas<br />

universais <strong>de</strong> João, l Pedro, Judas e o Apocalipse <strong>de</strong> João.Mais tar<strong>de</strong> a epístola aos<br />

Hebreus também veio fazer parte do “cânon”, mas na antiga versão latina faltavam II<br />

Pedro e Tiago.<br />

A versão etíope contava com todos os vinte e sete livros do N.T. que temos hoje em<br />

dia, além <strong>de</strong> mais outros sete, que eram as epístolas <strong>de</strong> Clemente e outros livros que<br />

coletivamente eram chamados Sínodo, e que incluem o Apocalipse <strong>de</strong> Pedro.Além<br />

<strong>de</strong>sses, algumas pessoas, ainda que não toda a igreja cristã, aceitavam mais oito<br />

livros, intitulados “Constituições Apostólicas”, publicados em nome <strong>de</strong> Clemente, os<br />

quais continham diversas leis eclesiásticas.Eusébio. As opiniões mantidas pela igreja<br />

em geral, até o século IV D.C., se refletem no resumo preparado por Eusébio, o pai da<br />

histeria eclesiástica, cuja história foi terminada em 326 D.C.<br />

Ele dividiu a lista em três porções:<br />

1-Livros reconhecidos (homologoumena).<br />

2-Livros discutidos (antilegomena).<br />

3-Livros espúrios (notha).<br />

Os “reconhecidos” eram os quatro evangelhos, Atos dos Apóstolos, catorze epístolas<br />

<strong>de</strong> Paulo, I Pedro, I João, e <strong>de</strong> acordo com alguns,o Apocalipse <strong>de</strong> João.<br />

Os “discutidos” eram Tiago, Judas, II Pedro e II e III João.<br />

Os “espúrios” eram- Atos <strong>de</strong> Paulo, Pastor <strong>de</strong> Hermas, Apocalipse <strong>de</strong> Pedro, a<br />

epístola <strong>de</strong> Barnabé, o Didache, o evangelho segundo os Hebreus, e <strong>de</strong> acordo com<br />

alguns, o Apocalipse <strong>de</strong> João.Eusébio fez uma lista <strong>de</strong> livros que consi<strong>de</strong>rava terem<br />

sido produzidos só a interesse das opiniões hereges, que por isso mesmo não<br />

figuravam nem entre os livros espúrios. Essa última lista incluía o evangelho <strong>de</strong> Tomé,<br />

122


o evangelho <strong>de</strong> Pedro, o evangelho <strong>de</strong> Matias, os Atos <strong>de</strong> André e João e outros livros<br />

apócrifos.<br />

Fixação do Cânon. Foi no século IV D.C. que o cânon se fixou <strong>de</strong> forma quase<br />

universal, com Atanásio <strong>de</strong> Alexandria (325 D.C.). Naquele tempo, o cânon passou a<br />

incluir os vinte e sete livros que temos hoje em nosso N.T. Um dos proeminentes<br />

personagens do cristianismo egípcio foi Atanásio bispo <strong>de</strong> Alexandria <strong>de</strong>pois do<br />

concilio <strong>de</strong> Nicéia 325 D.C.. Ele ocupou essa posição por quase cinqüenta anos.<br />

Era costume seu enviar cartas às igrejas <strong>de</strong> sua diocese, por ocasião da Páscoa.<br />

No ano <strong>de</strong> 367 D.C. ele enviou uma carta (Carta Pascal 39) estabelecendo a lista <strong>de</strong><br />

livros sagrados que <strong>de</strong>veriam ser usados nas igrejas. Essa lista era exatamente a<br />

mesma que contém os atuais vinte e sete livros do N.T. Além <strong>de</strong>sses livros, Atanásio<br />

“recomendava” a leitura <strong>de</strong> Ensino (Didache) dos Apóstolos e do Pastor <strong>de</strong><br />

Hermas, mas como literatura benéfica, e não como livros inspirados divinamente<br />

como os <strong>de</strong>mais.<br />

Quatros livros que ele reputava como proveitosos, como literatura, foram a Sabedoria<br />

<strong>de</strong> Salomão, a Sabedoria <strong>de</strong> Siraque, Ester (com as adições gregas), Judite e Tobias<br />

(livros apócrifos do V.T.). E assim ficou firmado o “cânon” nas igrejas cristãs do<br />

Oriente.No Oci<strong>de</strong>nte e em outros lugares a fixação do “cânon” foi feita por <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

concílios, em Cartago, em 397 D.C., quando uma lista, idêntica a <strong>de</strong> Atanásio, foi<br />

aprovada.<br />

Ao mesmo tempo, autores latinos mostraram interes pelo problema e fixaram os<br />

limites do cânon como já haviam feito Atanásio e o concílio <strong>de</strong> Cartago. Esses autores<br />

latinos foram Priscilino, na Espanha, Rufino <strong>de</strong> Aquiléia, na Gália e Agostinho, na<br />

África do Norte, cujas opiniões exerceram foi-te influência na <strong>de</strong>cisão a que se chegou<br />

em Cartago.<br />

A versão <strong>de</strong> Jerônimo, a Vulgata Latina, tornou-se a Bíblia padrão da Europa<br />

oci<strong>de</strong>ntal. Essa versão continha os mesmos vinte e sete livros que hoje temos no N.T.<br />

Influência dos concílios da igreja primitiva e medieval. Os concílios também<br />

exerceram influência na formação do cânon do N.T. Po<strong>de</strong>-se dizer que os concílios<br />

não formaram o cânon, mas tão-somente tiveram a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar a opinião geral<br />

das igrejas, em diversas partes do mundo, servindo, por isso mesmo, para<br />

consolidarem e oficializarem essas opiniões<br />

O concílio <strong>de</strong> Laodicéia, 363 D.C., proibiu c usa dos livros não canônicos, pelo que é<br />

provável que uma lista <strong>de</strong>terminada, como aquela que conhecemos atualmente, tenha<br />

sida aprovada. (Foram aceitos todos os nossos vinte e sete livros, com exceção do<br />

Apocalipse).<br />

O concílio <strong>de</strong> Hipona, na África, 393 D.C., aceitou todos os vinte e sete livros que<br />

temos hoje em dia.<br />

O concílio <strong>de</strong> Cartago, em 397 D.C., aprovou esses vinte e sete livros.<br />

O concílio <strong>de</strong> Cartago, em 419 D.C. confirmou essa posição, mas separou a epístola<br />

aos Hebreus dos escritos <strong>de</strong> Paulo, não aceitando a idéia que Paulo foi quem a<br />

escrevera. Agostinho foi um dos principais personagens <strong>de</strong>sses dois concílios.<br />

O concílio <strong>de</strong> Nicéia, 325 D.C., aceitou o cânon <strong>de</strong> Atanásio (todos os atuais vinte e<br />

sete livros do N.T.).<br />

Eusébio. Bispo <strong>de</strong> Cesaréia, na Palestina, aceitou essa <strong>de</strong>cisão do concílio <strong>de</strong> Nicéia,<br />

mas não sem fazer algumas restrições.<br />

Crisóstomo, patriarca <strong>de</strong> Constantinopla, autor <strong>de</strong> muitos comentários, e que foi a<br />

principal força influenciadora na igreja do Oriente ao seu tempo (398 D.C.), aceitava os<br />

quatro evangelhos, o livro <strong>de</strong> Atos, catorze epístolas <strong>de</strong> Paulo, três epístolas<br />

universais (mas não II Pedro, l e II João. Tiago e Judas ou o Apocalipse). Esse é o<br />

chamado “cânon” Peshitto (versão siríaca), que reflete a tradição <strong>de</strong> Antioquia.Esse<br />

era o cânon daquela parte do mundo, a <strong>de</strong>speito da falta <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>cisão oficial,<br />

tomada em concílio.<br />

123


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L 5<br />

1- O que limita-se às relações dadas por meio da natureza?<br />

A-Revelação natural<br />

B-Revelação real<br />

2- O que Paulo diz em Rom. 1:19?<br />

A-Que os pagãos temam a Deus<br />

B-Que os pagãos tomem conhecimento <strong>de</strong> Deus<br />

3- O que é outorgado por Deus ou pro algum elevado po<strong>de</strong>r espiritual, como o Espírito<br />

<strong>de</strong> Deus?<br />

A-A revelação mística<br />

B-A revelação sobrenatural<br />

4- Os cristãos acreditam que suas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são<br />

resultantes da:<br />

A-Revelação sobrenatural especial<br />

B-Revelação sobrenatural<br />

5- No tocante a este profundo assunto, inspiração das Escrituras existem:<br />

A-Níveis e tipos <strong>de</strong> inspiração<br />

B-Níveis e formas distintas <strong>de</strong> inspiração<br />

6- Misticismo é o termo usado quando indicamos que po<strong>de</strong>res externos e superiores a<br />

nós po<strong>de</strong>m entrar em:<br />

A-Contato <strong>de</strong> uma foma especial<br />

B-Contato conosco, comunicando-se conosco<br />

7- Se Deus quer revelar algo e um profeta recebe essa comunicação em um transe,<br />

por inspiração, em qualquer <strong>de</strong>ssas formas, mediante a apreensão intuitiva, então o<br />

profeta terá recebido:<br />

A-Um experiência sobrenatural<br />

B-Uma experiência mística<br />

8- Já o misticismo subjetivo, comum do Oriente, é o ensino que diz que a alma é um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> conhecimentos e <strong>de</strong> sabedoria, e que esse <strong>de</strong>pósito po<strong>de</strong> ser<br />

sondado pela visão interior, que nos é conferida através da:<br />

A-Meditação e dos estados <strong>de</strong> subconsciência alterados que ela produz<br />

B-Meditação e dos estados <strong>de</strong> consciência alterados que ela produz<br />

9- A inspiração opera na ciência, bem como em todas as linhas da:<br />

A-Experiência e do empreendimento humano<br />

B-Inteligência humana<br />

10- Quem atribuiu algumas <strong>de</strong> suas idéias e invenções a forças maiores suas<br />

realizações cerebrais?<br />

A-Albert Einstein<br />

B-Flemming<br />

11- Quem disse em certo trecho, porque, em parte conhecemos, e em parte<br />

profetizamos?<br />

A-Paulo<br />

B-Pedro<br />

124


12- Que tipo <strong>de</strong> inspiração temos Deus, o Espírito Santo, Cristo, os santos e os<br />

espíritos angelicais?<br />

A-Inspiração subjetiva<br />

B-Inspiração objetiva<br />

13- Que tipo <strong>de</strong> inspiração a própria alma é o armazém <strong>de</strong> conhecimento e sabedoria?<br />

A-Ativida<strong>de</strong> humana<br />

B-Ativida<strong>de</strong> sobrenatural<br />

14- Alguns liberais supõem que a canonização é apenas uma:<br />

A-Ativida<strong>de</strong> sobrenatural<br />

B-Ativida<strong>de</strong> humana<br />

15- O extremo oposto <strong>de</strong>ssa suposição é a posição dos estudiosos extremamente<br />

conservadores, os quais pensam que o cânon histórico foi tão perfeito e extremamente<br />

guiado e:<br />

A-Inspirado por Deus<br />

B-Inspirado pelo espírito santo<br />

16- Somente o autor do Apocalipse, em todo o Novo Testamento, antecipou uma<br />

espécie <strong>de</strong>:<br />

A-Uso canônico e do seu livro<br />

B-Uso canônico e do seu livro como base para o fim dos tempos<br />

17-Quem ignora o elemento humano que, inevitavelmente, <strong>de</strong>ve atuar sobre a<br />

formação <strong>de</strong> qualquer coletânea <strong>de</strong> livros sagrados?<br />

A-Extremistas<br />

B-Os conservadores extremos<br />

18- A pieda<strong>de</strong> judaica supunha que Moisés era:<br />

A-Autor dos livros <strong>de</strong>le<br />

B-Autor <strong>de</strong> toda bíblica<br />

19- Que ano aconteceu a reforma do Templo <strong>de</strong> Jerusalém encabeçada por Josias?<br />

A-Em 625 a.C.<br />

B-Em 621 a.C.<br />

20- O que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do autor envolvido, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quão digno <strong>de</strong> confiança é o<br />

registro e o propósito espiritual?<br />

A-Veracida<strong>de</strong><br />

B-Canonicida<strong>de</strong><br />

21- Quem meramente <strong>de</strong>clarou que Moisés escreveu a seu respeito?<br />

A-Jesus<br />

B-Pedro<br />

22- A questão da autoria mosaica do Pentateuco é importante por ter sido ele uma<br />

gran<strong>de</strong> e bem:<br />

A-Reconhecida figura espiritual<br />

B-Reconhecida figura histórica<br />

23- Os eruditos liberais, por sua parte, supõem que os livros dos profetas não foram<br />

aceitos prontamente por causa da:<br />

A-Mensagem geralmente negativa<br />

B-Mensagem sempre positiva<br />

125


24- Qual foi a terceira porção do cânon hebraico?<br />

A-Os escribas<br />

B-Os escritos<br />

25- Uma vez fechado o cânon, as pessoas relutariam em reabrir suas mentes à<br />

possibilida<strong>de</strong> do aparecimento:<br />

A-De nenhuma outra escritura<br />

B-De outras escrituras<br />

26- Mesmo após o sínodo <strong>de</strong> Jamnia, no ano 90 d.C, alguns rabinos não queriam<br />

aceitar o livro <strong>de</strong> Ester como parte das:<br />

A-Escrituras sagradas<br />

B-Bíblia Sagrada<br />

27- Que termo é freqüentemente usado no Novo Testamento, apontado para o Antigo<br />

Testamento?<br />

A-Textos bíblicos<br />

B-Escrituras<br />

28- Quantos cânones havia nos dias <strong>de</strong> Jesus?<br />

A-Quatro<br />

B-Três<br />

29- Quais eram os três cânones nos dias <strong>de</strong> Jesus?<br />

A-Cânon dos ju<strong>de</strong>us palestinos, cânon da septuaginta e o cânon abreviado dos<br />

saduceus<br />

B-Cânon dos ju<strong>de</strong>us palestinos<br />

30- Também tem sido erroneamente afirmado que os primeiros pais da igreja não<br />

citaram os livros apócrifos como:<br />

A-Textos bíblicos<br />

B-Escritura<br />

31- È possível que a Igreja Anglicana tenha tomado a posição correta sobre a questão,<br />

ao afirmar que esses livros não canônicos são bons para servir <strong>de</strong> exemplo à vida e<br />

para instruir sobre as maneiras, mas não servem <strong>de</strong>:<br />

A-Base para nossas doutrinas<br />

B-Base para todas as doutrinas<br />

32- A palavra cânon; essa palavra é uma forma latina da palavra:<br />

A-Cano<br />

B-Kanon<br />

33- O que significa a palavra cânon no grego?<br />

A-Significa cana<br />

B-Significa cama<br />

34- O Velho Testamento, que forneceu o impulso criador <strong>de</strong> um:<br />

A-Novo Testamento<br />

B-Outro testamento<br />

126


35- A vida e as palavras <strong>de</strong> Jesus Cristo e, em conseqüência, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar<br />

uma autorida<strong>de</strong> além da:<br />

A-Autorida<strong>de</strong> do VT<br />

B-Autorida<strong>de</strong> do NT<br />

36- O que formou a base da nova revelação?<br />

A-A nova religião cristã<br />

B-A nova religião muçulmana<br />

37- Aqueles que estudam a história e a literatura dos povos antigos notam que todos<br />

esses povos contaram com sua:<br />

A-Literatura sagrada<br />

B-Fé e religião<br />

38- Bem cedo muitos <strong>de</strong>nominaram as epístolas <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong>:<br />

A-Escritura<br />

B-Textos<br />

39- Harnack e outros que pensam que o corpus dos escritos sagrados foi:<br />

A-Crescendo gradativamente<br />

B-Crescendo exageradamente<br />

40- O autor do livro <strong>de</strong> Apocalipse mostra claramente que ele queria que:<br />

A-A Igreja temesse o fim dos tempos<br />

B-A Igreja lesse, cresse e usasse o seu livro<br />

41- Qual a pessoa que conhecia os evangelhos e até mesmo empregou em suas<br />

epístolas em 90 d.C?<br />

A-Irineu<br />

B-Clemente<br />

42- Irineu <strong>de</strong> Leão, 185 d.C, em seu livro “Sabedoria. Jalsamense hamada”, que<br />

refutava o gnosticismo e as vezes é intitulado <strong>de</strong>:<br />

A-Contra Heresias<br />

B-Contra Gnosticismo<br />

43- Que ano foi escrito o cânon muratoriano?<br />

A-170 a 220 d.C.<br />

B-170 a 210 d.C.<br />

44- Fixação do Cânon foi no século IV d.C que o cânon se fixou <strong>de</strong> forma quase<br />

universal, com:<br />

A-Atanásio <strong>de</strong> Alexandria<br />

B-Kant<br />

45- Que outros livros além dos 27 canonizados do Novo Testamento, Atanásio<br />

recomendava?<br />

A-Didache dos Apóstolos e do Professor <strong>de</strong> Hermas<br />

B-Pedro e Tiago<br />

46- Que ano se <strong>de</strong>u o concílio <strong>de</strong> Laudicéia?<br />

A-363 d.C.<br />

B-370 d.C.<br />

127


47- Que ano se <strong>de</strong>u o concílio <strong>de</strong> Hipona, na África?<br />

A-393 d.C.<br />

B-400 d.C.<br />

48- Que ano <strong>de</strong> <strong>de</strong>u o concílio <strong>de</strong> Cartago?<br />

A-395 d.C.<br />

B-397 d.C.<br />

49- Que ano se <strong>de</strong>u o 2º concílio <strong>de</strong> Cartago?<br />

A-420 d.C.<br />

B-419 d.C.<br />

50- Que ano se <strong>de</strong>u o concílio <strong>de</strong> Nicéia?<br />

A-325 d.C.<br />

B-312 d.C.<br />

128


LIÇÃO 6<br />

O concílio <strong>de</strong> Trento, da igreja Romana(1546) aceitou a Bíblia tal como a temos hoje<br />

em dia, mas, no V.T. incluiu vários livros apócrifos.<br />

Os cristãos protestantes, principalmente sob a influência <strong>de</strong> Lutero e <strong>de</strong> sua tradução<br />

da Bíblia para alemão, aceitavam a Bíblia tal como a encontramos hoje sem os livros<br />

apócrifos do V.T. A Igreja Anglicana (1562) rejeitou oficialmente esses livros<br />

apócrifos, e aceitou todos os outros sem levantar dúvidas.<br />

É fato bem conhecido que fora dos concílios, muitos indivíduos, em particular,<br />

incluindo entre eles até mesmo muitos lí<strong>de</strong>res da igreja, durante a Ida<strong>de</strong> Média e até o<br />

tempo da Reforma, não aceitavam certos livros, ou pelo menos não lhes davam o<br />

mesmo valor que emprestavam a outros.Por exemplo: Lutero rejeitou as epístolas <strong>de</strong><br />

Tiago e <strong>de</strong> Judas (consi<strong>de</strong>rando esta última uma cópia inexata <strong>de</strong> II Pedro), e<br />

consi<strong>de</strong>rou que a epístola aos Hebreus não era <strong>de</strong> origem apostólica. Até mesmo<br />

entre as epístolas <strong>de</strong> Paulo ele estabeleceu categorias <strong>de</strong> valores, consi<strong>de</strong>rando mais<br />

as epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Efésios. O evangelho <strong>de</strong> João era o que<br />

merecia sua maior consi<strong>de</strong>ração,Carlstadt,contemporâneo <strong>de</strong> Lutero e lí<strong>de</strong>r<br />

protestante, dividiu os livros sagrados do N.T., em três categorias diversas.<br />

Zwinglio, lí<strong>de</strong>r do protestantismo suíço, rejeitou o livro <strong>de</strong> Apocalipse mas aceitou a<br />

epístolas <strong>de</strong> Tiago e aos Hebreus.Calvino rejeitou II e III João e o Apocalipse, e<br />

reservava certas dúvidas quanto a II Pedro. Aceitou as epístolas <strong>de</strong> Judas e Tiago,<br />

mas aludiu ao fato que muitos nutriam dúvidas a respeito <strong>de</strong>las.<br />

A posição mo<strong>de</strong>rna. Os grupos conservadores, tanto <strong>de</strong>ntre os protestantes como<br />

<strong>de</strong>ntre os católicos, aceitam o “cânon” do N.T. conforme foi estabelecido pelos antigos.<br />

Os representantes da teologia liberal, por sua vez, não estão tentando criar um novo<br />

cânon, a <strong>de</strong>speito do fato que provavelmente nutrem dúvidas sobre a valida<strong>de</strong> do<br />

cânon atual.Realmente, há toda forma <strong>de</strong> idéias sobre o “cânon” como sempre<br />

aconteceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio <strong>de</strong> sua formação.<br />

Certos indivíduos conservadores em todos os outros pontos <strong>de</strong> vista, não aceitam<br />

<strong>de</strong>terminados livros da N.T., usualmente um ou mais dos mesmos livros discutidos<br />

pelos antigos, a saber: Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreus, Judas e Apocalipse.<br />

Muitos estudiosos, principalmente liberais, acreditam que certos livros aceitos nos<br />

tempos antigos e na Ida<strong>de</strong> Média como apostólicos, em realida<strong>de</strong> não o são, como II<br />

Pedro, Hebreus, Apocalipse e Tiago.<br />

A maior parte dos conservadores aceita a epístola aos Hebreus como canônica, mas<br />

rejeita a idéia <strong>de</strong> que foi Paulo quem a escreveu.Todas as idéias mo<strong>de</strong>rnas em<br />

realida<strong>de</strong> são muito antigas, pois toda essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões surgiu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

princípio da formação do “cânon”. Porém, quando se fala <strong>de</strong> grupos religiosos ou<br />

<strong>de</strong>nominações, então a fixação do cânon do século XVI permanece até o dia <strong>de</strong> hoje.<br />

Resumo da História do Cânon<br />

Durante o tempo dos apóstolos, algumas das epístolas <strong>de</strong> Paulo e um ou mais<br />

evangelhos já eram aceitos como Escritura.<br />

Já no começo do século II D.C., <strong>de</strong> modo geral, ainda não universal, treze epístolas <strong>de</strong><br />

Paulo eram recebidas como Escrituras, como também os quatro evangelhos, as<br />

epístolas <strong>de</strong> 1 João e 1 Pedro, e também o livro <strong>de</strong> Apocalipse, totalizando vinte livros<br />

ou mais.Irineu aceitava vinte e dois livros (185 d.C). Alguns livros não aceitos hoje<br />

em dia foram aceitos por certos elementos dos primeiros séculos, especialmente a<br />

epístola <strong>de</strong> Barnabé, as epístolas <strong>de</strong> Clemente e o Pastor <strong>de</strong> Hermas.<br />

Durante o século III D.C., eram aceitos quase universalmente todos os vinte e sete<br />

livros do N.T., com a exceção da epístola <strong>de</strong> Tiago. Contudo, alguns aceitavam essa<br />

epístola também.Orígenes foi o primeiro dos pais da igreja a aceitar a epístola <strong>de</strong><br />

Tiago (254 D.C.), mas também aceitava a epístola <strong>de</strong> Barnabé e o Pastor <strong>de</strong> Hermas,<br />

pelo que o seu N.T. constava <strong>de</strong> vinte e nove livros.<br />

129


No século IV D.C., chegou-se à fixação quase universal do cânon do N. T., tal como<br />

existe hoje em dia.Os concílios, tanto os antigos como os da Ida<strong>de</strong> Média, em geral<br />

aprovaram o cânon <strong>de</strong> vinte e sete livros, tal como os conhecemos na atualida<strong>de</strong>.<br />

Indivíduos da antiguida<strong>de</strong>, da Ida<strong>de</strong> Média e dos tempos mo<strong>de</strong>rnos retiveram e retém<br />

diversas opiniões, especialmente com relação aos livros discutidos: Tiago, II Pedro, II<br />

e III João, Hebreus, Judas e Apocalipse — ao todo, sete livros.<br />

Princípios que Formaram o Cânon<br />

Alguns livros jamais foram aceitos por falta <strong>de</strong> circulação, enquanto outros foram<br />

aceitos temporariamente por falta <strong>de</strong> circulação na igreja universal, pois circulavam<br />

somente em certos setores da igreja.Dentre os apóstolos temos as epístolas <strong>de</strong> Paulo<br />

e Pedro, e o evangelho <strong>de</strong> João. Dentre os discípulos temos os evangelho <strong>de</strong> Lucas, o<br />

livro <strong>de</strong> Atos, a epístola aos Hebreus, etc.Livros segundo a tradição e a doutrina dos<br />

Apóstolos: Lucas, Atos, Hebreus, Apocalipse e II Pedro.<br />

Houve rejeição <strong>de</strong> livros escritos mais tar<strong>de</strong>, após o tempo dos apóstolos. Isso explica<br />

a rejeição final das epístolas <strong>de</strong> Clemente, etc.Também foram rejeitados os escritos<br />

ridículos ou fabulosos. Entre esses po<strong>de</strong>mos enumerar a maior parte dos livros<br />

apócrifos, o evangelho <strong>de</strong> André, os Atos <strong>de</strong> Paulo, o Apocalipse <strong>de</strong> Pedro, etc.Houve<br />

rejeição <strong>de</strong> literatura escrita que visava a propagar heresias, como o evangelho <strong>de</strong><br />

Tomé, diversos outros evangelhos, epístolas falsas e apócrifas.<br />

Alguns livros aceitos apenas por <strong>de</strong>terminados setores da igreja, ou somente por<br />

alguns indivíduos. Finalmente, os vinte e sete livros atuais do N.T. foram aceitos e<br />

passaram a ser universalmente usados na igreja cristã.<br />

O Problema da Autorida<strong>de</strong> quanto à Determinação da Verda<strong>de</strong><br />

A questão que envolve o cânon obviamente este envolvida no problema geral que<br />

investiga as autorida<strong>de</strong>s nas quais alicerçamos a verda<strong>de</strong> e a busca pela mesma.Na<br />

Igreja cristã inteira, as Sagradas Escrituras ocupam o lugar primordial na hierarquia <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s que apóiam a verda<strong>de</strong>;em alguns segmentos da Igreja cristã(protestantes<br />

e evangélicos), ocupam o único lugar.<br />

Mesmo assim, é mister qualificar essa afirmativa.<br />

130


6<br />

Autorida<strong>de</strong> da Bíblia<br />

O termo “autorida<strong>de</strong>” vem do latim, auctoritas, <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> auctor, “causa”,<br />

“patrocinador”, “fiador”.Auctoritas era o termo legal romano para indicar a fiança em<br />

uma transação, a responsabilida<strong>de</strong> por um menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ou o peso <strong>de</strong> uma opinião.<br />

O senado tinha uma autorida<strong>de</strong> que não podia ser ignorada.A autorida<strong>de</strong> pessoal<br />

<strong>de</strong>riva-se do conhecimento <strong>de</strong> que alguém sabe e tem realizações em um campo<br />

específico. Autorida<strong>de</strong> oficial é aquela dada a uma pessoa em razão <strong>de</strong> uma função ou<br />

po<strong>de</strong>r que lhe tenha sido conferido por outros, <strong>de</strong> acordo com a lei, com os costumes<br />

ou com outras convenções sociais.<br />

Os objetos(como um livro) po<strong>de</strong>m tornar-se autoritários pelo concenso <strong>de</strong> muitos. Ou<br />

po<strong>de</strong>mos usar os termos autorida<strong>de</strong> externa ou autorida<strong>de</strong> interna. A externa é aquela<br />

conferida a uma pessoa que se tornou oficial, nomeada por outros, como um<br />

governador, um policial, um professor, etc. A interna é aquela resi<strong>de</strong>nte em um<br />

argumento convincente ou em um importante exemplo ou em uma experiência<br />

moral ou espiritual.<br />

Autorida<strong>de</strong> da Bíblia<br />

Sua autorida<strong>de</strong> é reconhecidamente interna. A Bíblia autentica-se a si mesma;mas, na<br />

medida em que contém provas históricas, incluindo os milagres que comprovavam a<br />

intervenção divina, ela é externamente autenticada. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seus ensinamentos<br />

envolve uma autorida<strong>de</strong> interna. As realida<strong>de</strong>s históricas sobre as quais ela se<br />

alicerça(como a vida <strong>de</strong> Cristo, as Suas palavras, ressurreição etc.) lhe conferem uma<br />

autorida<strong>de</strong> externa ou oficial.<br />

O consenso dos crentes, através dos séculos, em favor da autorida<strong>de</strong> da Bíblia,<br />

tornou-se outro fator <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> externa. As <strong>de</strong>clarações dos pais da Igreja e dos<br />

concílios, que resultaram na canonização formal da Bíblia, formam uma autorida<strong>de</strong><br />

oficial externa.<br />

Sinais <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> no Novo Testamento: Cristo tinha autorida<strong>de</strong> para perdoar<br />

pecados(Luc. 5:24), para expelir <strong>de</strong>mônios(Mar. 6:7), para conferir a filiação<br />

divina(João 1:12), e suas obras eram autoritárias(Mat. 7:29). A origem da autorida<strong>de</strong> é<br />

Deus, que enviou o Filho(João 3:17, 4:34, 5:23, 6:29, etc.).Para os primitivos<br />

discípulos, a ressurreição <strong>de</strong> Jesus foi a mais potente autenticação daquilo que Jesus<br />

dissera e fizera, e por conseguinte, do que estava escrito acerca <strong>de</strong>le, quanto à sua<br />

pessoa e autorida<strong>de</strong> sobre os homens.<br />

Os Apóstolos possuíram extraordinária autorida<strong>de</strong>, conforme transparece, claramente,<br />

no livro <strong>de</strong> Atos(Atos 5:1 ss. quanto a um notável exemplo disso; ver (Atos 15), o<br />

primeiro concilio da Igreja, que envolveu os apóstolos). Os trechos <strong>de</strong> João 20:21, 22 e<br />

(Mat. 16:17) provêem-nos textos que provam a autorida<strong>de</strong> dos apóstolos . A<strong>de</strong>mais, o<br />

próprio Novo Testamento é essencialmente um produto dos apóstolos e seus<br />

discípulos imediatos, servindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração autoritária sobre quem era Jesus e qual o<br />

significado <strong>de</strong> sua vida para nós outros.<br />

Autorida<strong>de</strong> pós-apostólica: A organização da Igreja, com seus anciãos ou bispos e<br />

diáconos, foi uma tentativa <strong>de</strong> preencher o lugar <strong>de</strong>ixado vago pelo <strong>de</strong>saparecimento<br />

das testemunhas oculares. Como essa vaga <strong>de</strong>ve ser preenchida, tem sido uma<br />

questão crítica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros tempos.A autorida<strong>de</strong> da Bíblia tem sido reputada<br />

válida para a maioria dos cristãos, mas os oficiais eclesiásticos tornaram-se novas<br />

autorida<strong>de</strong>s oficiais.<br />

131


Por volta do século IV D.C., os escritores cristãos já falavam sobre os “pais” da Igreja,<br />

cuja autorida<strong>de</strong> era respeitada, após, à dos apóstolos.<br />

Também havia os concílios eclesiásticos, que exprimiam as opiniões da hierarquia<br />

religiosa; e esses pronunciamentos tornaram-se uma outra autorida<strong>de</strong>; a autorida<strong>de</strong> da<br />

comunida<strong>de</strong> cristã. Com o advento <strong>de</strong> Constantino (300 D.C. e <strong>de</strong>pois), o bispo <strong>de</strong><br />

Roma adquiriu maior prestígio que os <strong>de</strong>mais bispos, e assim surgiu o ofício papal.<br />

Sua autorida<strong>de</strong> tornou-se suprema, visto que foi criada a doutrina que o papa é o<br />

vigário ou substituto <strong>de</strong> Cristo. Desenvolveu-se então a elaborada lei canônica, <strong>de</strong> tal<br />

modo que, pelos fins da Ida<strong>de</strong> Média, a Igreja contava com o apoio <strong>de</strong> um vasto e<br />

variegado sistema <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s externas.<br />

A doutrina da sucessão apostólica tornou-se um aspecto importante da autorida<strong>de</strong>,<br />

segundo encarada por muitos grupos cristãos, tanto do Oriente quanto do Oci<strong>de</strong>nte.<br />

Estalaram controvérsias sobre até que ponto o Novo Testamento dá apoio a essa<br />

doutrina.Mas, segundo o ponto <strong>de</strong> vista das igrejas latina e oriental, é perfeitamente<br />

legítimo haver outras autorida<strong>de</strong>s (que evoluíram na Igreja), em adição às Escrituras,<br />

pois a doutrina <strong>de</strong> que só as Escrituras são autoritativas repousa sobre um dogma que<br />

precisou <strong>de</strong> longo tempo para <strong>de</strong>senvolver-se.<br />

Por essa altura, a ênfase foi transferida para o indivíduo e sua responsabilida<strong>de</strong><br />

pessoal perante Deus, paralelamente à observação <strong>de</strong> que a Igreja havia acumulado<br />

muitíssima bagagem sobre o que o Novo Testamento nada diz.<br />

E parte <strong>de</strong>ssa bagagem é <strong>de</strong>cididamente contrária aos princípios neotestamentários.<br />

Os pronunciamentos dos pais, concílios e papas, apesar <strong>de</strong> respeitados por certos<br />

grupos protestantes, seriam apenas históricos e sugestivos, mas não obrigatórios; e<br />

algumas vezes laboram mesmo em erro grave. Se há uma autorida<strong>de</strong> interna, essa<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da consciência do indivíduo, governada e dirigida por consi<strong>de</strong>rações<br />

escriturísticas.Naturalmente, isso levou à divisão na Igreja, pois as interpretações da<br />

Bíblia variam, não tendo ainda surgido uma <strong>de</strong>nominação que siga por inteiro o Novo<br />

Testamento.E ainda que aparecesse um grupo cristão que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse a inteira<br />

verda<strong>de</strong> bíblica, nem por isso seria uma igreja perfeita.<br />

Problemas quanto à autorida<strong>de</strong> da Bíblia: Não solucionamos todos os problemas<br />

meramente dizendo “às Escrituras somente”.<br />

Em primeiro lugar, porque, <strong>de</strong> fato, o que é autoritário nesse caso é a “interpretação<br />

bíblica da minha igreja”. Há muitas <strong>de</strong>nominações protestantes que dizem a mesma<br />

coisa, mas têm doutrinas bastante dispares. As <strong>de</strong>nominações, em sua arrogância,<br />

negam essa <strong>de</strong>claração, mas sua veracida<strong>de</strong> transparece <strong>de</strong> qualquer modo. O Verbo<br />

(ou voz) <strong>de</strong> Deus é algo maior do que os livros que vieram a ser conhecidos como a<br />

Bíblia. A Bíblia é um registro escrito <strong>de</strong> certos aspectos da Palavra <strong>de</strong> Deus. Se não<br />

fosse assim, teríamos <strong>de</strong> afirmar que tudo quanto Deus sabe, toda a Sua verda<strong>de</strong>,<br />

está contida em um livro, o que é manifestamente absurdo.<br />

A Bíblia é a regra da verda<strong>de</strong> revelada, o padrão contra o qual toda verda<strong>de</strong> precisa<br />

ser cotejada. Assim, apesar <strong>de</strong> “não haver autorida<strong>de</strong> senão a que proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus” (<br />

Rom. 13:1), fica em aberto o <strong>de</strong>bate acerca <strong>de</strong> on<strong>de</strong> e <strong>de</strong> quais maneiras, e através <strong>de</strong><br />

quais agentes, Ele distribui essa autorida<strong>de</strong>.<br />

Os pais gregos tinham a certeza que uma melhor filosofia grega, como a <strong>de</strong> Platão,<br />

servia <strong>de</strong> mestre escola para conduzir os pagãos a Cristo, mais ou menos como o A.T<br />

fazia para com os ju<strong>de</strong>us. Se essa afirmativa encerra uma verda<strong>de</strong>, se Deus atuou <strong>de</strong><br />

outros modos para atingir outros povos, então acaba <strong>de</strong> ser adicionada uma outra<br />

autorida<strong>de</strong>, reconhecida por alguns importantes indivíduos e movimentos até mesmo<br />

<strong>de</strong>ntro da Igreja antiga.<br />

Alguns teólogos acreditam que a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus manifesta-se mormente na<br />

pessoa e missão do Logos, e que Ele influencia religiões não-cristãs, além <strong>de</strong> atuar na<br />

religião cristã. Nesse caso, o Logos não se limitaria somente às Escrituras, ou à Igreja<br />

cristã, ou à autorida<strong>de</strong> dos papas e dos bispos. Naturalmente, todos esses pontos <strong>de</strong><br />

vista são intensamente <strong>de</strong>batidos.<br />

132


A verda<strong>de</strong> só emerge quando nos dispomos a ouvir o <strong>de</strong>bate para verificarmos se<br />

alguém não está exprimindo idéias mais <strong>de</strong> acordo com a verda<strong>de</strong>, mesmo que isso<br />

não represente a minha teologia sistemática.A Igreja oriental aceitava as Escrituras, os<br />

pais da Igreja e os concílios como autorida<strong>de</strong>s essenciais.A Igreja oci<strong>de</strong>ntal<br />

acrescentou a autorida<strong>de</strong> do papa, guindando-a à posição <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> suprema.<br />

Além disso, há a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras disciplinas, <strong>de</strong> natureza não-religiosa, como a<br />

autorida<strong>de</strong> científica.<br />

Imaginemos, por exemplo, que a ciência finalmente possa <strong>de</strong>monstrar, por meios<br />

empíricos, a existência da alma. Assim, apesar <strong>de</strong>sse acréscimo nunca servir <strong>de</strong> base<br />

central para a fé, verda<strong>de</strong>s vitais seriam adicionadas, não obstante, por autorida<strong>de</strong>s<br />

secundárias.<br />

Conceito básico emergente <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>: Neste artigo, temos consi<strong>de</strong>rado a<br />

autorida<strong>de</strong> vinculada à fé e à prática religiosas. Como é óbvio, há muitos outros tipos<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>.Não creio que Deus revela a si mesmo apenas <strong>de</strong> uma maneira, em um<br />

único lugar, em apenas uma <strong>de</strong>nominação, ou em qualquer filosofia ou religião<br />

isolada. Penso que <strong>de</strong>ve haver uma hierarquia <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, maiores e menores,<br />

cada qual contribuindo com algo para mim.<br />

Por exemplo, em porção alguma da Bíblia é <strong>de</strong>clarado que as Escrituras são a única<br />

voz (ou Palavra) <strong>de</strong> Deus. Portanto, se eu ignorar a filosofia que se estriba somente<br />

em uma fonte <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, estarei apenas ignorando um dogma-humano, e não<br />

qualquer princípio divino. Posso ter gran<strong>de</strong> respeito por qualquer autorida<strong>de</strong>, sem<br />

transformá-la em um ídolo que substitua a Palavra (ou voz) <strong>de</strong> Deus, no sentido mais<br />

lato, do que o sentido literário é um aspecto.<br />

Hierarquia <strong>de</strong> Autorida<strong>de</strong>s<br />

As Escrituras, quando honestamente interpretadas, com mente aberta e sem servidão<br />

aos dogmas <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>nominação. E quando busco a verda<strong>de</strong>, e não um lugar<br />

seguro e confortável, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguma organização religiosa. E disponho-me a tomar<br />

por empréstimo i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>nominações, quando essas i<strong>de</strong>ias me parecem<br />

razoáveis dotadas <strong>de</strong> uma condição saudável a minha vida espiritual, e tenha<br />

fundamento na Bíblia,POSSO ENCONTRAR A VERDADE.<br />

Usualmente é a isso que a Bíblia é reduzida; pois as Escrituras são vistas através dos<br />

olhos do sistema doutrinário <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>nominação ou sistema teológico. O sistema<br />

termina sendo mais respeitado que a própria Bíblia, e esta, por sua vez, sempre<br />

encerra conceitos e ensinos que entram em choque com os sistemas teológicos,<br />

incompletos e preconceituosos como são.<br />

As <strong>de</strong>nominações negam isso, mas a verda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> ser escondida.<br />

As interpretações dos pais e dos concílios, o corpo <strong>de</strong> doutrinas que nos foi legado.<br />

Embora haja muitas contradições nesse material, disponho-me a selecionar e pensar<br />

por mim mesmo, para ver quais interpretações são aproveitáveis.As interpretações<br />

das várias <strong>de</strong>nominações, que vieram a ser o que são por terem seguido alguma<br />

filosofia da fé. Queremos po<strong>de</strong>r encontrar subsídios valiosos em todas as<br />

<strong>de</strong>nominações, escapando assim da arrogância do <strong>de</strong>nominacionalismo, não a<strong>de</strong>rindo<br />

rigidamente a qualquer grupo isolado.<br />

Reconheço que o Logos po<strong>de</strong> manifestar-se realmente o faz através <strong>de</strong> homens<br />

antigos e mo<strong>de</strong>rnos, e que <strong>de</strong>les posso apren<strong>de</strong>r lições valiosas, mesmo que não os<br />

consi<strong>de</strong>re minha principal fonte <strong>de</strong> conhecimento. As sementes do Logos foram<br />

plantadas em filosofias e religiões fora da fé cristã. O Logos é “.. .a luz verda<strong>de</strong>ira, que<br />

ilumina a todo o homem que vem ao mundo” (João 1:9). Elas po<strong>de</strong>m contribuir com<br />

algo <strong>de</strong> valioso, capaz <strong>de</strong> fazer-me avançar na inquirição espiritual.Reconheço que<br />

outras disciplinas, como a ciência, em seus diversos segmentos, também po<strong>de</strong>m<br />

contribuir para minha inquirição.<br />

Só há uma verda<strong>de</strong>, a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.O Universo físico, a natureza investigada pela<br />

ciência, são vestígios <strong>de</strong> Deus.Na pesquisa científica, os homens pensam os<br />

133


pensamentos <strong>de</strong> Deus após Ele. Apren<strong>de</strong>mos sobre Deus por meio da natureza,<br />

segundo somos informados em (Rom. 1.)<br />

Nota:Também eu reconheço que não há salvação se não for através <strong>de</strong> JESUS<br />

CRISTO;po<strong>de</strong>mos conhecer em outros meios, “mas não ser salvos por outros meios”.<br />

Autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus no Novo Testamento<br />

Atos 4:7; ...pondo-os no meio <strong>de</strong>les, perguntaram:<br />

Com que po<strong>de</strong>r ou em nome <strong>de</strong> quem fizestes vós isto?<br />

As palavras fizestes isto dizem respeito a toda a conduta recente dos apóstolos, em<br />

que o coxo <strong>de</strong> nascença foi curado e o nome <strong>de</strong> Jesus, o Cristo, foi anunciado, o que<br />

provocou não pequena comoção popular no pórtico <strong>de</strong> Salomão, <strong>de</strong>ntro dos recintos<br />

do templo <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Durante os julgamentos, entre os ju<strong>de</strong>us, os acusados e as testemunhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e<br />

<strong>de</strong> acusação se mantinham <strong>de</strong> pé, enquanto os juízes se assentavam em volta <strong>de</strong>les,<br />

formando um semicírculo.Apresente suas cre<strong>de</strong>nciais dizem eles. Têm suas escolas e<br />

seus métodos <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciamento. Você já foi aprovado por eles? Em caso contrário,<br />

você não po<strong>de</strong>rá ser aprovado por Deus.Mas o argumento só parece convincente para<br />

eles mesmos.<br />

O cre<strong>de</strong>nciamento dado pelo Espírito é o único que nos <strong>de</strong>veria importar. João Batista<br />

era um ministro aprovado por Deus. Sua vida <strong>de</strong>monstrou isso, embora não<br />

estivessem os seus padrões em consonância com os padrões das autorida<strong>de</strong>s<br />

religiosas <strong>de</strong> seus dias.Jesus teve a vida mais po<strong>de</strong>rosa que alguém já viveu, e, no<br />

entanto, as autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus dias não aceitaram nem a ele mesmo e nem a<br />

seu ministério.<br />

As igrejas oficiais não reconhecem as cre<strong>de</strong>nciais das outras <strong>de</strong>nominações ou<br />

indivíduos, e consi<strong>de</strong>ram que seus próprios ministros são os únicos que têm<br />

autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> batizar, distribuir a comunhão, etc. Mas tudo não passa <strong>de</strong> frutos<br />

amargos do orgulho humano.Com que po<strong>de</strong>r, ou em nome <strong>de</strong> quem? É como se<br />

tivessem perguntado: Pelo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus, ou pelo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Satanás? pela medicina,<br />

ou pelas artes mágicas?<br />

As autorida<strong>de</strong>s religiosas já sabiam que isso tinha sido feito em nome <strong>de</strong> Jesus; mas<br />

essa pergunta feita como introdução formal ao processo. O concílio estava convicto <strong>de</strong><br />

que o coxo fora miraculosamente curado; porém, é muito provável que acreditassem<br />

que o feito resultara das artes mágicas; e também por associação com os espíritos<br />

familiares (espirituismo), por meio <strong>de</strong> encantamentos e outras coisas ilegais.<br />

Sabemos, alicerçados na história daquela época, que falsos profetas, feiticeiras<br />

famosas, bruxos e outros elementos <strong>de</strong>letérios da socieda<strong>de</strong> eram conduzidos à<br />

presença do sinédrio para tais julgamentos como o <strong>de</strong>ste episódio, os quais eram<br />

<strong>de</strong>clarados culpados ou inocentes, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com as evidências.<br />

Provavelmente as autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas dos ju<strong>de</strong>us tinham a esperança <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nar os apóstolos <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com as regulamentações exaradas em (Deut.<br />

13:1-10), que impunha a pena <strong>de</strong> morte por apedrejamento a todos quantos<br />

exercessem a prática das artes ocultas, não apelando para o po<strong>de</strong>r do único Deus <strong>de</strong><br />

Israel.<br />

O Problema da Continuação da Autorida<strong>de</strong><br />

Após a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Jerusalém, e a autorida<strong>de</strong> por ela representada, no sinédrio<br />

judaico, foi necessário que a igreja cristã estabelecesse uma nova autorida<strong>de</strong>. Não<br />

houve uma só resposta imediata para essa necessida<strong>de</strong>, e, sim, uma espécie <strong>de</strong><br />

crescimento da solução.Pedro exercia gran<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> em alguns círculos.Porém, a<br />

autorida<strong>de</strong> conferida a Pedro mais tar<strong>de</strong> passou a ser compartilhada pelos <strong>de</strong>mais<br />

apóstolos, segundo se vê em (João 20:19-23).<br />

134


Entretanto, a autorida<strong>de</strong> entra em vigor com mais po<strong>de</strong>r quando se alicerça sobre uma<br />

larga base; portanto, a Igreja, por si mesma (mediante o voto <strong>de</strong>mocrático), tornou-se<br />

uma autorida<strong>de</strong>, substituindo os sinédrios locais.<br />

135


7<br />

Os Manuscritos<br />

Essa palavra portuguesa vem do latim, manus, “mão”, e scriptus, “escrita”, a saber,<br />

um documento escrito à mão, em contraste com um livro impresso. Antes da invenção<br />

da imprensa, todos os livros eram manuscritos. Eram feitos <strong>de</strong> muitos materiais<br />

diferentes, como tabletes <strong>de</strong> argila, placas <strong>de</strong> metal, tabletes <strong>de</strong> cera, couro,<br />

pedaços <strong>de</strong> cerâmica, vários tipos <strong>de</strong> pano, papiro, casca <strong>de</strong> árvores, etc. Os<br />

ju<strong>de</strong>us apreciavam muito rolos <strong>de</strong> pergaminho como material <strong>de</strong> escrita. Devido ao<br />

fato <strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong>sses rolos era difícil quanto ao manuseio, acabaram sendo<br />

usados os códices, com folhas, mais ou menos como os nossos livros.<br />

O termo latino co<strong>de</strong>x (codicis) refere-se primariamente ao tronco <strong>de</strong> uma árvore,<br />

então, a ‘tabletes <strong>de</strong> escrever, feitos <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> árvore, recobertos <strong>de</strong> cera, a fim <strong>de</strong><br />

facilitar a escrita, feita por meio <strong>de</strong> um estilete. E, finalmente, essa mesma palavra<br />

acabou tendo o sentido <strong>de</strong> livro. A raiz <strong>de</strong>ssa palavra era co<strong>de</strong>x, o tronco <strong>de</strong> uma<br />

árvore.O códices entraram em uso, substituindo os rolos, em cerca do século IV D.C.<br />

O papiro era usado como material para fazer tanto rolos quanto cálices, mas o<br />

pergaminho, finalmente, tornou-se o material preferido <strong>de</strong> escrita, em face <strong>de</strong> sua<br />

durabilida<strong>de</strong>.<br />

O papel, que por sua vez, foi inventado na China e introduzido no mundo oci<strong>de</strong>ntal<br />

através da agencia dos árabes. O papel começou a substituir o pergaminho em cerca<br />

do século XII D.C.De todos os documentos do mundo antigo, o Novo Testamento é<br />

aquele que conta com o maior número <strong>de</strong> manuscritos, confirmando-o, embora os<br />

manuscritos realmente antigos, do século III D.C. em diante, não sejam assim tão<br />

abundantes. Não obstante, o texto antigo mais bem confirmado do mundo é<br />

justamente o do Novo Testamento.<br />

Os eruditos dos clássicos lamentam a relativa escassez <strong>de</strong> manuscritos que<br />

confirmam as obras clássicas em grego e latim. Isso não suce<strong>de</strong> no caso do Novo<br />

Testamento, que também conta com a vantagem <strong>de</strong> ter sido traduzido para muitos<br />

idiomas antigos.Antigo Testamento não era bem confirmado por manuscritos<br />

realmente antigos. De fato, os manuscritos mais antigos do Antigo Testamento que até<br />

então eram do século IX D.C. Mas, com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>sses papiros, vieram à tona<br />

uma outra realida<strong>de</strong> sobre os manuscritos do Antigo Testamento<br />

Importância dos Manuscritos do Mar Morto<br />

O número <strong>de</strong> manuscritos que confirmam o Novo Testamento é apreciável, e muitos<br />

papiros datam <strong>de</strong> apenas duzentos anos dos originais.O caso do Antigo Testamento,<br />

porém, é radicalmente diferente;até que se <strong>de</strong>scobriram os manuscritos do mar Morto.<br />

Antes <strong>de</strong>sse achado, o mais antigo manuscrito hebraico era datado do século IX D.C.,<br />

o que <strong>de</strong>ixava um hiato <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois mil anos entre essa data e o reinado <strong>de</strong> Davi<br />

sobre Israel. Para nada dizermos sobre o hiato entre o século IX D.C. e a época <strong>de</strong><br />

Moisés.<br />

A <strong>de</strong>speito disso, muitos críticos textuais continuam a acreditar que o texto<br />

massorético é digno <strong>de</strong> confiança, apesar do tempo que se passou entre os originais e<br />

as cópias massoréticas. Sabe-se que os massoretas fizeram o seu trabalho entre 500<br />

e 1000 D.C., pelo que nada havia <strong>de</strong> realmente antigo quanto aos textos que eles<br />

copiaram.Mas, com certo alívio, os eruditos que examinaram os manuscritos do mar<br />

Morto verificaram que a confiança <strong>de</strong>les no texto massorético estava justificada,<br />

embora não <strong>de</strong> maneira absoluta.<br />

136


Apesar <strong>de</strong> haver algumas significativas variações no texto <strong>de</strong> alguns dos livros do<br />

Antigo Testamento, po<strong>de</strong>-se asseverar que os manuscritos do mar Morto confirmaram<br />

a exatidão dos manuscritos hebraicos que existiam <strong>de</strong>pois disso, apesar <strong>de</strong> suas datas<br />

comparativamente recentes. Por outro lado, os manuscritos do mar Morto também<br />

revelaram que, algumas vezes, as versões, particularmente a Septuaginta, estão mais<br />

próximas dos mais antigos manuscritos hebraicos do que o texto massorético.<br />

Algumas versões do Antigo Testamento remontam ao século II D.C., e assim<br />

<strong>de</strong>paramo-nos com a paradoxal circunstância <strong>de</strong> que as versões do Antigo<br />

Testamento <strong>de</strong> que dispomos são mais antigas que os manuscritos hebraicos <strong>de</strong>sse<br />

mesmo documento.<br />

Naturalmente, sabemos que os escribas ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong>vido ao seu notável respeito pelas<br />

Sagradas Escrituras, produziam manuscritos com extremo cuidado, muito mais do que<br />

no caso dos copistas do Novo Testamento. Entretanto, isso não significa que os<br />

manuscritos dos escribas ju<strong>de</strong>us nunca continham erros.<br />

Em face do exposto, temos a surpreen<strong>de</strong>nte situação em que, no tocante ao Antigo<br />

Testamento, somente nos últimos sessenta anos dispomos <strong>de</strong> manuscritos<br />

verda<strong>de</strong>iramente antigos daquele documento sagrado. Mas, naturalmente, também e<br />

verda<strong>de</strong> que o trabalho dos críticos textuais do Antigo Testamento não exibe um<br />

número tão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> variantes como no caso dos manuscritos do Novo Testamento.<br />

Isso tanto é verda<strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>m ser distinguidos vários tipos <strong>de</strong> texto, segundo é<br />

possível fazer no caso do Novo Testamento.<br />

Portanto, a história do texto hebraico permanece conjectural, sabendo-se apenas que<br />

os massoretas ocupam praticamente tudo quanto se tem que estudar ali.As variações<br />

das versões <strong>de</strong>ixavam inseguros a muitos eruditos do Antigo Testamento, e essa<br />

insegurança, em certa medida, foi confirmada pela <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar<br />

Morto.<br />

Agora sabe-se, <strong>de</strong> maneira bem <strong>de</strong>finida, que houve um texto pré-massorético; e que<br />

o texto massorético, na realida<strong>de</strong>, é uma harmonização <strong>de</strong> manuscritos antes<br />

existentes. Isso significa que, a grosso modo, isso foi também o que suce<strong>de</strong>u ao texto<br />

neotestamentário do grego koiné , ou bizantino, que harmonizava tipos <strong>de</strong> texto mais<br />

antigos, estabelecendo assim um texto padronizado.<br />

Todavia, a padronização do Antigo Testamento não foi tão radicalmente distinguida<br />

dos originais como se <strong>de</strong>u no caso do Novo Testamento, o texto bizantino do Novo<br />

Testamento varia em cerca <strong>de</strong> quinze por cento <strong>de</strong> seu material, em comparação com<br />

o suposto texto original restaurado. As evidências que cercam os manuscritos do mar<br />

Morto mostram que o texto massorético está longe <strong>de</strong> variação em alta proporção com<br />

relação aos textos hebraicos mais antigos.<br />

Contudo, precisamos relembrar que aqueles manuscritos ainda assim estão muitos<br />

séculos distantes dos primeiros livros do Antigo Testamento, não po<strong>de</strong>ndo compararse<br />

com os, papiros do Novo Testamento como antigos representantes da transmissão<br />

dos textos sagrados.Para exemplificar, (os salmos <strong>de</strong> Davi só dispõem <strong>de</strong>)<br />

confirmação hebraica a partir <strong>de</strong> oitocentos anos <strong>de</strong>pois que foram compostos, apesar<br />

da <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar Morto!<br />

Por outro lado, gran<strong>de</strong> porção das epístolas paulinas é confirmada a partir do século III<br />

D.C., cerca <strong>de</strong> duzentos anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem sido escritos os autógrafos<br />

originais!Quase todos os manuscritos do Antigo Testamento <strong>de</strong> que dispomos foram<br />

escritos <strong>de</strong>pois do ano 1000 D.C. Alguns poucos pertencem ligeiramente a antes<br />

disso, mas nenhum <strong>de</strong>les pertencentes a antes <strong>de</strong> 900 D.C.<br />

Quase duzentos mil fragmentos <strong>de</strong> manuscritos escritos em hebraico e aramaico, <strong>de</strong><br />

muitas espécies, têm sido levados <strong>de</strong> Genizah no Cairo, para museus e bibliotecas do<br />

Oci<strong>de</strong>nte.E alguns <strong>de</strong>talhes importantes têm emergido daí;mas os estudos apenas<br />

começaram a ser feitos nesse campo. Além disso temos códices do Antigo<br />

Testamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muitos séculos guardados como tesouros nas sinagogas<br />

sefaraditas <strong>de</strong> Aleppo, na Espanha.<br />

137


Esse texto talvez nos proveja um testemunho ainda mais antigo que aquele que foi<br />

conhecido pelos massoretas, talvez escritos pelo famoso massoreta ju<strong>de</strong>u, Aaron Ben<br />

Asher.<br />

Esboço Histórico do Texto Hebraico<br />

Dispomos agora <strong>de</strong> um pequeno fragmento do trecho <strong>de</strong> Números 6:24-26, que diz: O<br />

Senhor te abençoe e te guar<strong>de</strong>; o Senhor ilumine o seu rosto sobre si, e tenha<br />

compaixão <strong>de</strong> ti; o Senhor te revele a sua face e te dê a paz (segundo traduções<br />

mo<strong>de</strong>rnas).<br />

Esse fragmento foi datado como pertencente ao século VI A.C. Essa <strong>de</strong>scoberta<br />

ocorreu quando o arqueólogo Gabriel Garkai, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel-Aviv, em Israel,<br />

vasculhava um túmulo <strong>de</strong> uma família da época do primeiro templo (ente cerca <strong>de</strong> 950<br />

e 587 A.C.), situado no vale <strong>de</strong> Hinom, junto às muralhas meridionais da cida<strong>de</strong> antiga<br />

<strong>de</strong> Jerusalém. A primeira tomada <strong>de</strong> contato com esse documento <strong>de</strong>u-se em 1979,<br />

mas sua <strong>de</strong>cifração só foi feita três anos <strong>de</strong>pois, em virtu<strong>de</strong> da fragilida<strong>de</strong> dos rolos<br />

arqueológicos.<br />

A <strong>de</strong>scoberta fez recuar em quatro séculos a história do texto sagrado, pois, até 1982,<br />

só se conheciam manuscritos até o século III A.C., encontrados a nor<strong>de</strong>ste do mar<br />

Morto, na região <strong>de</strong> Qumran. O primeiro vocábulo i<strong>de</strong>ntificado foi o nome Yahweh,<br />

Senhor, um dos nomes <strong>de</strong> Deus no Antigo Testamento. O resto do texto ainda resiste<br />

aos esforços <strong>de</strong> leitura dos estudiosos.Talvez mais estudos consigam dar-nos alguma<br />

informação significante quanto à transição pela qual passou o texto do Antigo<br />

Testamento.<br />

O período Entre a Escrita dos Livros do Antigo Testamento e o ano 70 D. C.<br />

Até à <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar Morto, havia um gran<strong>de</strong> hiato quanto a<br />

evidências acerca <strong>de</strong>sse período.<br />

Alguma evidência podia ser respigada do Pentateuco samaritano e da versão da<br />

Septuaginta.Po<strong>de</strong>ríamos frisar aqui, novamente, o extremo cuidado com que os ju<strong>de</strong>us<br />

preparavam e preservavam os seus manuscritos, o que nos permite supor que os<br />

manuscritos, mesmo quando relativamente recentes, ainda assim são bastante exatos.<br />

Os manuscritos do mar Morto vieram confirmar essa confiança, mas também<br />

<strong>de</strong>monstraram a existência <strong>de</strong> um texto protomassorético, bem como o fato <strong>de</strong> que as<br />

versões antigas algumas vezes preservaram melhor os textos do que as cópias dos<br />

textos em hebraico que chegaram até nós.<br />

O fato <strong>de</strong> que nas cavernas do mar Morto foi encontrado um escritório especial, usado<br />

para a duplicação <strong>de</strong> manuscritos, mostra-nos que muitas outras cópias <strong>de</strong>vem ter-se<br />

perdido. Que tão poucos e tão tardios manuscritos hebraicos chegaram até nós é uma<br />

<strong>de</strong>ssas estranhas circunstâncias da história.Sabe-se que os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>struíam as<br />

cópias velhas e <strong>de</strong>sgastadas <strong>de</strong> suas Sagradas Escrituras, e isso explica a escassez<br />

<strong>de</strong> cópias antigas. E que erros foram cometidos é algo que fica claro mediante a<br />

comparação entre os manuscritos existentes. Porém, provavelmente é um erro falar<br />

sobre tipos <strong>de</strong> texto ou famílias <strong>de</strong> manuscritos, no caso do Antigo Testamento,<br />

porquanto não parece ter havido muita varieda<strong>de</strong>.<br />

Ao que tudo indica, textos locais não se <strong>de</strong>senvolveram como no caso do Novo<br />

Testamento, on<strong>de</strong> encontramos os tipos <strong>de</strong> texto Cesareano, Alexandrino, Bizantino e<br />

Oci<strong>de</strong>ntal, sendo que o tipo <strong>de</strong> Cesaréia é o melhor preservado, e o oci<strong>de</strong>ntal é o<br />

menos bem preservado.<br />

De 70 a 900 D.C.<br />

O templo <strong>de</strong> Jerusalém foi <strong>de</strong>struído; e isso fez aumentar em muito a importância das<br />

sinagogas.<br />

138


Existiam manuscritos do Antigo Testamento, mas a história da preservação <strong>de</strong>sses<br />

manuscritos não é favorável. A situação complicou-se pela perda da capital,<br />

Jerusalém. Outras capitais surgiram, como novos centros do judaísmo, mas, <strong>de</strong> uma<br />

maneira incrível, isso não conseguiu garantir a sobrevivência <strong>de</strong> qualquer gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> manuscritos do Antigo Testamento.<br />

Entretanto, várias gran<strong>de</strong>s figuras trabalharam sobre o idioma hebraico e sobre os<br />

textos bíblicos. Assim, Akiba , um importante rabino ju<strong>de</strong>u, salientou a importância do<br />

uso da tradição como uma “cerca em redor da lei”, a fim <strong>de</strong> proteger a integrida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta. Os escribas atiraram-se a tarefas fantásticas, como a contagem das letras, o<br />

número <strong>de</strong> palavras e o número <strong>de</strong> versículos dos livros do Antigo Testamento;<br />

também marcavam a letra do meio <strong>de</strong> cada palavra e a palavra do meio <strong>de</strong> cada<br />

seção; anotavam formas e fatos peculiares acerca do texto sagrado.Essas anotações<br />

dos escribas posteriormente foram incorporadas no trabalho dos massoretas).<br />

Desenvolveu-se a mais autêntica bibliolatria, mas, pelo menos, po<strong>de</strong>mos ter certeza<br />

<strong>de</strong> que essa imensa preocupação com o Antigo Testamento muito contribuiu para<br />

preservar sua exata transmissão, ainda que, incrivelmente, não tenha feito muito para<br />

preservar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> manuscritos.<br />

De 900 a 1400 d.C - Massora, Texto Massorético<br />

Po<strong>de</strong>mos ter a certeza <strong>de</strong> que esses escribas e tradicionalistas manuseavam com<br />

extremo cuidado os manuscritos.Eles se sentiam capazes até <strong>de</strong> perceber significados<br />

misteriosos em letras isoladas do texto, quanto mais na mensagem em geral!<br />

Os Importantes Manuscritos Massoréticos e Edições Impressas<br />

1. Co<strong>de</strong>x Cairo, dos Profetas (<strong>de</strong>signado C). Ano <strong>de</strong> 95 D.C. Esse manuscrito foi<br />

pontuado (com sinais vocálicos).Ele foi o penúltimo manuscrito da famosa família<br />

<strong>de</strong> Ben Asher.Pertencia à comunida<strong>de</strong> caraíta <strong>de</strong> Jerusalém.Foi tomado pelos<br />

cruzados; então foi <strong>de</strong>volvido aos ju<strong>de</strong>us, e terminou como proprieda<strong>de</strong> da<br />

comunida<strong>de</strong> caraíta, no Cairo.<br />

2. Leningrado Ms Heb. 83 (chamado P, por causa <strong>de</strong> Petrogrado). Ano <strong>de</strong> 916 DC.<br />

Contém os profetas posteriores. Por muito tempo foi consi<strong>de</strong>rado o mais antigo<br />

manuscrito hebraico do Antigo Testamento.<br />

3. Aleppo Ms (<strong>de</strong>signado A). Cerca <strong>de</strong> 940 D.C. Foi encontrado em Jerusalém.Dali foi<br />

para o Cairo, e terminou em Aleppo, o que explica o seu nome.Maimoni<strong>de</strong>s dizia que<br />

era o mais fi<strong>de</strong>digno manuscrito que ele conhecia. Originalmente continha o Antigo<br />

Testamento inteiro, mas atualmente contém apenas três quartas partes do Antigo<br />

Testamento, pois a outra parte foi <strong>de</strong>struída em 1948, quando a sinagoga sefardita <strong>de</strong><br />

Aleppo foi invadida por uma turba local. Atualmente se encontra na Universida<strong>de</strong><br />

Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

4. British Museum Or. 4445. Século X D.C. Contém Gên. 39:20—Deu. 1:33.<br />

5. Leningrado Ms B 19A (<strong>de</strong>signado L). Ano <strong>de</strong> 1008 D.C. Aparentemente foi copiado<br />

<strong>de</strong> um manuscrito preparado por Aaron ben Moseh ben Asher. Contém o Antigo<br />

Testamento inteiro. Esse foi o manuscrito usado para produzir a Bíblia Hebraica<br />

3, uma versão impressa da Bíblia em hebraico.<br />

6. Catorze manuscritos encontrados em Leningrado, na União Soviética, por Kahle,<br />

quase todos preservados na Segunda Coleção Firkovitch, datados entre 929 e 1121<br />

D.C., todos com o texto <strong>de</strong> Ben Asher.<br />

7. Depois <strong>de</strong> 1100 D.C., muitos manuscritos foram preservados, mas em nada<br />

contribuíram para adicionar qualquer coisa ao valor da crítica textual, sendo meras<br />

reproduções <strong>de</strong> textos já existentes, pertencentes somente ao tipo <strong>de</strong> texto<br />

massorético.<br />

139


As Edições Impressas<br />

Antes <strong>de</strong> 1500 D.C., muitos Livros foram publicados em hebraico, incluindo certo<br />

numero <strong>de</strong> livros bíblicos.<br />

1. Daniel Bomberg, <strong>de</strong> Antuérpia. Ele publicou sua primeira edição <strong>de</strong> uma Bíblia<br />

rabínica, em 1516—1517. Continha o texto bíblico, com comentários.<br />

2. Uma segunda Bíblia <strong>de</strong> Bomberg foi editada por Jacob ben Chayini, <strong>de</strong> Túnis, em<br />

1525. Nela foram incluídas muitas anotações dos massoretas. O texto <strong>de</strong>ssa edição<br />

tornou-se a Bíblia hebraica padrão para o mundo oci<strong>de</strong>ntal, até 1937. Houve também<br />

outras publicações, <strong>de</strong> menor importância.<br />

3. 1776—1780. Benjamin Kennicott publicou uma Bíblia Hebraica, em Oxford, na<br />

Inglaterra. Alistava variantes <strong>de</strong> seiscentos manuscritos hebraicos.<br />

4. A isso, J.B. <strong>de</strong> Rossi adicionou mais informações sobre variantes textuais, e uma<br />

nova Bíblia Hebraica foi publicada. Todavia, as fontes informativas <strong>de</strong> Kennicott e<br />

Rossi eram relativamente recentes.<br />

5. 1869. S. Baer imprimiu alguns livros em hebraico, com um aparato crítico melhor<br />

organizado.No entanto, sua obra nunca se completou, e foi muito criticada.<br />

6. 1908—1926. Christian D. Ginsburg produziu:Uma outra Bíblia Hebraica com um<br />

elaborado aparato crítico <strong>de</strong> variantes, mas apenas seguiu os labores <strong>de</strong> outros, pelo<br />

que não produziu coisa alguma <strong>de</strong> especialmente novo.<br />

7. 1906. Rudolph Kittle publicou sua Bíblia Hebraica. Seguiu-se outra edição, em 1912.<br />

Foram incluídas muitas emendas conjecturais. A Septuaginta foi a fonte informativa<br />

principal por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssas emendas, mas muitas <strong>de</strong>ssas emendas foram recolhidas<br />

<strong>de</strong>ntre os escritos dos comentadores, e não <strong>de</strong> manuscritos da Septuaginta, e isso<br />

reduziu muito o valor da obra. Foi usado, essencialmente, o texto <strong>de</strong> Ben Chayim.<br />

8. 1937. Buscou-se usar o manuscrito <strong>de</strong> Aleppo como base da terceira edição da<br />

Bíblia Hebraica, mas as autorida<strong>de</strong>s da sinagoga envolvida não permitiram que se<br />

fotografasse aquele manuscrito. Por isso, foi usado o texto Leningrado Ms B-19A.<br />

Paul Kahle preparou o texto e a massora para ser incluída, e assim foi produzida a<br />

Bíblia Hebraica 3. Essa Bíblia hebraica tornou-se o texto padrão entre os eruditos<br />

oci<strong>de</strong>ntais. Os tradutores da Bíblia ten<strong>de</strong>ram por seguir essa edição, com suas notas<br />

<strong>de</strong> rodapé (retidas na segunda edição) <strong>de</strong> modo bastante servil. E isso criou uma<br />

autorida<strong>de</strong> não muito recomendável, embora talvez a melhor que podia ser produzida,<br />

em face da escassez <strong>de</strong> manuscritos hebraicos.<br />

9. 1958. As Socieda<strong>de</strong>s Bíblicas Britânica e Estrangeira publicaram uma Bíblia<br />

Hebraica preparada por Norman H. Snaith. Estava alicerçada sobre as notas críticas<br />

<strong>de</strong> um manuscrito espanhol, preparado pelo rabino Solomon Norzi, em 1926.Seu texto<br />

é muito semelhante àquele que Kahle encontrou em Leningrado.Em seguida houve o<br />

<strong>de</strong>scobrimento dos manuscritos do mar Morto, em 1948, que promete modificar alguns<br />

textos das Bíblias hebraicas impressas, embora a porcentagem <strong>de</strong> alterações não<br />

venha a ser muito gran<strong>de</strong>. No caso do Novo Testamento, a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> manuscritos<br />

mais antigos, especialmente em papiro, anulou completamente o Textus Receptus .<br />

Nenhuma <strong>de</strong>scoberta até hoje, entretanto, tem feito muito para diminuir a autorida<strong>de</strong><br />

do texto massorético.<br />

No Egito a Genizah do Cairo<br />

Esses manuscritos foram <strong>de</strong>scobertos a partir <strong>de</strong> 1890, na genizah (<strong>de</strong>pósito) da<br />

antiga sinagoga do Cairo. Uma genizah é um <strong>de</strong>pósito para guardar manuscritos<br />

que foram tirados <strong>de</strong> circulação em face <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sgaste.<br />

Esses manuscritos eram irregulares quanto à sua vocalização. Alguns tinham sinais<br />

vocálicos supralineares. Também incluíam material extraído dos targuns e da literatura<br />

rabínica. Alguns <strong>de</strong>sses manuscritos são anteriores ao século IX D,C., mas as<br />

diferenças porventura achadas não são suficientes para lançar qualquer dúvida quanto<br />

ao texto massorético comum.A questão da genizah é interessante. Os hebreus<br />

usualmente sepultavam os antigos manuscritos juntamente com os eruditos. Cópias<br />

cuidadosas eram feitas, e antigos manuscritos <strong>de</strong>sgastados eram consi<strong>de</strong>rados<br />

140


indignos <strong>de</strong> serem guardados. No entanto, os estudiosos oci<strong>de</strong>ntais lamentam tais<br />

costumes.<br />

Os antigos manuscritos da Bíblia tem consi<strong>de</strong>rável valor, tanto como peças valiosas<br />

quanto à erudição que eles contam.Assim, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cambridge negociou e<br />

adquiriu gran<strong>de</strong> parte do material encontrado no Cairo.No total, cerca <strong>de</strong> duzentos mil<br />

fragmentos <strong>de</strong>sse material escrito foram adquiridos. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sses fragmentos,<br />

porém, não tem vínculos com a Bíblia, mas consiste em documentos comerciais ou <strong>de</strong><br />

questões relacionadas à cultura e à fé religiosa dos ju<strong>de</strong>us.<br />

Além <strong>de</strong> revestir-se <strong>de</strong> valor quanto ao texto bíblico, esse material lança luz sobre<br />

questões da cultura e da religião dos ju<strong>de</strong>us. Centenas <strong>de</strong> manuscritos bíblicos<br />

<strong>de</strong>rivam-se <strong>de</strong> tal origem, e o seu estudo está sendo efetuado com atento escrutínio.<br />

Paul Kahle apresentou a teoria <strong>de</strong> que os manuscritos <strong>de</strong>monstram ter havido dois<br />

grupos diferentes <strong>de</strong> massoretas, um na Babilônia e outro em Israel. Nosso<br />

conhecimento sobre a transmissão do texto hebraico vai aumentando, mas uma coisa<br />

po<strong>de</strong>mos afiançar, é que coisa alguma tem abalado a exatidão geral do texto<br />

massorético; o mais provável é que isso jamais será abalado.<br />

O Manuscrito <strong>de</strong> Aleppo<br />

No passado, muitos estudiosos acreditavam que esse manuscrito hebraico era o mais<br />

antigo <strong>de</strong> que se podia dispor, razão do gran<strong>de</strong> interesse que o mesmo <strong>de</strong>spertava.<br />

Paul Kahle procurou obter fotografias do mesmo para servir <strong>de</strong> base <strong>de</strong> sua Bíblia<br />

Hebraica.Mas sua solicitação foi-lhe negada, e o manuscrito não foi posto à disposição<br />

dos eruditos, a fim <strong>de</strong> estudarem-no em qualquer profundida<strong>de</strong>. Em 1948,a sinagoga<br />

sefardita <strong>de</strong> Aleppo foi atacada por uma multidão, e o manuscrito <strong>de</strong>sapareceu. Ao<br />

que tudo indica, oficiais da própria sinagoga tinham ocultado o manuscrito. Por isso, foi<br />

“<strong>de</strong>scoberto”, e, finalmente, foi levado a Jerusalém, para ser guardado em segurança.<br />

Atualmente acha-se na Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.Cerca <strong>de</strong> uma quarta<br />

parte do manuscrito foi queimada pelo fogo provocado pela turba invasora.<br />

Infelizmente, cerca <strong>de</strong> nove décimos do Pentateuco estavam irremediavelmente<br />

perdidos. Antes <strong>de</strong> 1948, porém, era uma Bíblia hebraica completa.O erudito inglês,<br />

Wiiliam Wickês, foi o primeiro a fotografar uma porção da mesma (uma página,<br />

contendo Gên. 26:17—27:30). O rev. J. Segail também fotografou algumas poucas<br />

páginas (Deu. 4:38—6:3). Essa parte pertencia à porção queimada, revestindo-se<br />

assim <strong>de</strong> especial valor.<br />

Tipos <strong>de</strong> Erros Comum nos Manuscritos<br />

Os manuscritos bíblicos, do Antigo e do Novo Testamentos, não encerram diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> erros (ou modificações escribais), senão aqueles comuns aos livros<br />

manuscritos, se excetuarmos os erros que envolvem alterações propositais sobre<br />

bases dogmáticas em seu primeiro ponto.<br />

Os textos envolvidos e o <strong>de</strong> (Juí. 18:30), que fala sobre um certo Moisés, que esteve<br />

envolvido com um santuário idólatra. Mas os escribas do texto massorético alteraram<br />

Moisés para Manassés, porquanto não suportavam a idéia que o reverenciado nome<br />

<strong>de</strong> Moisés se encontrasse em tal contexto, embora seja perfeitamente claro que um<br />

diferente Moisés estava envolvido no caso.E foi assim que muitas traduções, para<br />

outros idiomas, retiveram o texto falso, Manassés.<br />

Outros tipos <strong>de</strong> erro são comuns a todos os documentas manuscritos, como<br />

repetições, omissões (ditografias e haplografias), equívocos que envolvem letras ou<br />

vocábulos similares, variações na ortografia erros <strong>de</strong>vidos à audição (quando um<br />

manuscrito era ditado por outra pessoa).Sabe-se que, com freqüência, manuscritos<br />

eram produzidos <strong>de</strong>sse modo, o que também acontecia com os clássicos gregos e<br />

romanos. Nos livros <strong>de</strong> Reis e <strong>de</strong> Crônicas muitos nomes foram grafados <strong>de</strong> forma<br />

errada, <strong>de</strong>vido à similarida<strong>de</strong> entre certas letras hebraicas, equivalentes às nossas<br />

letras d e r. Mas, a restauração <strong>de</strong> nomes próprios tem sido, feita com sucesso, pelo<br />

141


menos em alguns casos, mediante o confronto com o texto da Septuaginta. Além<br />

disso, há omissões <strong>de</strong>vidas ao que se chama <strong>de</strong> homoeoteuton, isto é, terminações<br />

similares <strong>de</strong> palavras.<br />

O olho <strong>de</strong> um escriba saltava algumas linhas, porque sua vista pousava sobre alguma<br />

terminação similar no texto, <strong>de</strong>ixando omisso o que ficava entre uma palavra e a outra.<br />

Ernst Wuerthwein <strong>de</strong>monstrou todos esses tipos <strong>de</strong> erros em seu livro Text of the Old<br />

Testament, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra que todos esses tipos <strong>de</strong> erros aparecem no rolo do<br />

profeta Isaías, encontrado em Qumran.Todavia, tais erros não <strong>de</strong>vem ter sua<br />

importância exagerada, visto que a porcentagem <strong>de</strong> equívocos não é muito elevada, e<br />

só raramente o sentido <strong>de</strong> alguma passagem é alterada <strong>de</strong>ssa maneira.<br />

A Importância das Versões do Antigo Testamento<br />

Po<strong>de</strong>mos afirmar que, no tocante ao Antigo Testamento, essas traduções são as<br />

seguintes:<br />

A Septuaginta (ou LXX);essa tradução foi iniciada em cerca <strong>de</strong> 230 A.C.<br />

A Siríaca Peshitta, <strong>de</strong> cerca do século V D.C., embora com algumas porções<br />

traduzidas antes disso.A Vulgata Latina, feita em cerca <strong>de</strong> 400 D.C.<br />

Os Targuns Aramaicos, pertencentes a diversas datas.<br />

Antes da <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar Morto, havia a estranha circunstância <strong>de</strong><br />

que os manuscritos <strong>de</strong> algumas versões eram mais antigos que qualquer manuscrito<br />

hebraico disponível. Exemplos conspícuos disso eram os textos veterotestamentários<br />

chamados manuscritos Alexandrinus, Vaticanus e Sinaiticus.<br />

Havia eruditos que tendiam por superestimar a Septuaginta e subestimar o texto<br />

massorético. Mas os manuscritos do mar Morto têm mostrado o valor da Septuaginta<br />

(algumas vezes, mostra-se melhor e mais antigo do que o texto massorético), embora,<br />

em sentido geral, essa <strong>de</strong>scoberta tenha elevado a opinião dos estudiosos em geral<br />

(incluindo os eruditos liberais) quanto à qualida<strong>de</strong> cio texto massorético.<br />

Contudo, visto que as versões obviamente incluem muitas palavras e passagens que<br />

procuram traduzir (e lembremos que se trata da tradução <strong>de</strong> um idioma semita para<br />

várias línguas indo-européias, o que dificulta o trabalho <strong>de</strong> tradução) o hebraico, mas<br />

que hão dizem, literalmente, o que diz o hebraico, por isso mesmo fazendo per<strong>de</strong>r o<br />

valor <strong>de</strong>ssas passagens, quando se trata agora <strong>de</strong> averiguar o que dizia o Antigo<br />

Testamento.Por outra parte, os textos dos livros <strong>de</strong> Samuel, em hebraico, estão<br />

bastante corrompidos, e, nessa porção do Antigo Testamento, a Septuaginta revestese<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor ,para estabelecer os textos originais.<br />

Lamentavelmente, porém, muitos manuscritos da Septuaginta e <strong>de</strong> outras versões<br />

também envolvem muitos erros, e, por causa disso, algumas vezes a versões<br />

aumentam a confusão, em vez <strong>de</strong> solucionarem problemas.A Septuaginta alterou<br />

muitos nomes próprios, <strong>de</strong> uma maneira irreconhecível.O manuscrito Vaticanus da<br />

Septuaginta é um dos melhores <strong>de</strong> que dispomos, mas encerra um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

variantes textuais (sui generis), especialmente no que se refere a nomes próprios.<br />

Algumas vezes, a Septuaginta segue uma tradição radicalmente diferente, e é nesse<br />

ponto que ela lança dúvidas sobre os textos massoréticos existentes. Isso, em<br />

adição, <strong>de</strong>ixa entendido que havia textos locais do Antigo Testamento, tal como veio a<br />

suce<strong>de</strong>r no caso, do Novo Testamento, embora não tenhamos evidências suficientes<br />

para estabelecer qualquer teoria fi<strong>de</strong>digna acerca da questão, no caso do Antigo<br />

Testamento.<br />

Parte <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ver-se a manuscritos hebraicos <strong>de</strong>feituosos, que,<br />

então, foram usados para <strong>de</strong>les se tirarem cópias, embora dificilmente possamos<br />

atribuir todos os erros a essa, única circunstância.Outras vezes, a Septuaginta aclara<br />

alguma confusão resultante da similarida<strong>de</strong> entre letras hebraicas, como o daleth e o<br />

resh, o que <strong>de</strong>u origem a variantes.<br />

Um <strong>de</strong>sses casos é o<strong>de</strong> Amós 9:12. Ali diz o texto massorético: “...para que possuam<br />

o restante <strong>de</strong> Edom...” Mas a Septuaginta lê: “...o remanescente da humanida<strong>de</strong><br />

142


uscará ao Senhor...”A diferença po<strong>de</strong> ser explicada pela diferença na vocalização em<br />

uma palavra e um resh em outra palavra, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria haver um, daleth.<br />

Nossa versão portuguesa tentou emendar e criou um texto novo, pois diz: “... para que<br />

possuam o restante <strong>de</strong> Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu<br />

nome...”, misturando as variantes.<br />

O trecho <strong>de</strong> Atos 15:17 segue a forma que se acha na Septuaginta, o que era<br />

importante quanto às <strong>de</strong>cisões tomadas pelo concílio <strong>de</strong> Jerusalém. Lemos (em nossa<br />

versão portuguesa): “Par que os <strong>de</strong>mais homens busquem o Senhor, e todos os<br />

gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome”. Se os cristãos presentes<br />

conhecessem um texto diferente (conforme se vê em textos massoréticos posteriores),<br />

então o mais provável é que eles teriam objetado o uso que Tiago <strong>de</strong>ssa passagem <strong>de</strong><br />

Arnós. O fato <strong>de</strong> que não o fizeram mostra-nos que, quanto a esse particular, a<br />

Septuaginta preservou o texto original, ao passo que o texto massorético o per<strong>de</strong>u.<br />

A Septuaginta influenciou tremendamente outras versões, pelo que elas não se<br />

revestem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor como testemunhos isolados.<br />

A maioria dos eruditos, pelas razões expostas, muito têm <strong>de</strong>pendido da Septuaginta,<br />

quando se trata <strong>de</strong> fazer emendas sobre o texto massorético do Antigo Testamento.<br />

A Crítica Textual do Antigo Testamento<br />

1. Bem po<strong>de</strong>mos suspeitar que o texto do Antigo Testamento também era<br />

representado por tipos <strong>de</strong> texto (textos locais), tal como suce<strong>de</strong>u aos manuscritos do<br />

Novo Testamento.<br />

Mas, não há provas suficientes para fazermos disso um instrumento prático.<br />

Até on<strong>de</strong> vão as evidências, houve um texto protomassorético, ainda que não se<br />

possa <strong>de</strong>scobrir a existência <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> texto entre esses manuscritos. E nem po<strong>de</strong><br />

um texto protomassorético ser estabelecido, exceto mediante alguns exemplos<br />

dispersos.<br />

Permanece <strong>de</strong> pé o fato <strong>de</strong> que o texto massorético é plenamente digno <strong>de</strong><br />

confiança. Esse é o único tipo <strong>de</strong> texto hebraico do Antigo Testamento. Não obstante,<br />

o texto massorético po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser emendado em certos lugares, e isso constitui,<br />

essencialmente, o trabalho dos críticos textuais, no tocante aos manuscritos do Antigo<br />

Testamento.<br />

2. A <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar Morto tem <strong>de</strong>monstrado que, <strong>de</strong> modo geral,<br />

po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do texto massorético, embora também tenha mostrado que,<br />

aqui ou acolá, a Septuaginta preserva melhor o original do que o texto massorético,<br />

conforme o mesmo é representado nos manuscritos, copiados a partir do século IX<br />

D.C. em diante.Ou, então, os manuscritos do mar Morto simplesmente afastam-se do<br />

texto massorético, não contando, igualmente, com qualquer apoio por parte da<br />

Septuaginta.<br />

Exemplo: O rolo completo do livro <strong>de</strong> Isaias, conhecido como IQisa, é um dos mais<br />

antigos e melhores <strong>de</strong>ntre os manuscritos pré-massoréticos. Usualmente concorda<br />

com o texto massorético, mas, em alguns trechos, afasta-se do mesmo.Para<br />

exemplificar,o texto massorético diz, em (Isa. 3:24):“Será que em lugar <strong>de</strong> perfume<br />

haverá podridão, e por cinta, corda,em lugar <strong>de</strong> encrespadura <strong>de</strong> cabelos, calvície,e<br />

em lugar <strong>de</strong> veste suntuosa, cilício,e marca <strong>de</strong> fogo em lugar <strong>de</strong> formosura..<br />

Na última linha é que se encontram as variantes.<br />

Ali aparecem duas dificulda<strong>de</strong>s: há a reversão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> palavras em relação às<br />

quatro linhas anteriores, e confere à palavra hebraica ki, que é bastante comum, um<br />

sentido que não aparece em todo o resto da Bíblia, ou seja, marca <strong>de</strong> fogo. Mas o<br />

manuscrito IQisa tem uma palavra adicional no fim da quinta linha, produzindo o<br />

seguinte resultado:“...e em lugar <strong>de</strong> formosura (haverá) vergonha. Essa parece ser a<br />

forma original do texto.<br />

3. Alterações propositais, por razões dogmáticas, algumas vezes tornam-se evi<strong>de</strong>ntes.<br />

Em II Samuel, certos nomes não hebraicos, que incorporam o nome Baal, com<br />

143


freqüência tiveram esse nome alterado para bosheth, vergonha. Porém, nos livros <strong>de</strong><br />

Crônicas, esses nomes foram <strong>de</strong>ixados intocados.Por isso, o nome <strong>de</strong> um dos filhos<br />

<strong>de</strong> Saul, em (II Sam. 2:8), é Is-Bosete, ao passo que em (I Crô 8:33), esse mesmo<br />

homem é chamado mais corretamente (<strong>de</strong> acordo com o texto original) <strong>de</strong> Esbaal. A<br />

explicação disso é que certos escribas do texto massorético não queriam admitir que<br />

israelitas tivessem dado nomes tipicamente pagãos a seus filhos.<br />

4. Emendas Feitas no Texto Massorético.Veja abaixo princípios básicos que se<br />

aplicam a essa questão:a. A preferência é conferida ao texto das versões, mormente<br />

no caso da Septuaginta, ou quando as versões em geral concordam entre si contra o<br />

texto massorético, em alguns casos em que isso parece mais apropriado ao sentido do<br />

contexto.<br />

b. A preferência é dada às variantes que substituem corrupções óbvias do texto<br />

massorético, conforme se nas ilustrações acima.<br />

c. Quando os manuscritos do texto massorético não concordam entre si, então são<br />

feitas comparações entre aqueles documentos, com um cotejo adicional com as<br />

versões, a fim <strong>de</strong> se verificar qual forma é apojada por elas.<br />

d. Algumas vezes, variantes conjecturadas substituem o que se julga terem sido<br />

equívocos dos escribas, mesmo nos casos em que as versões em nada ajudam.<br />

e. As conjecturas po<strong>de</strong>m combinar-se com algumas evidências, embora não com a<br />

esmagadora maioria <strong>de</strong>las.<br />

f. Quando as versões contam com um texto que parece <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> textos que os<br />

atuais manuscritos massoréticos per<strong>de</strong>ram, então po<strong>de</strong> haver tentativas <strong>de</strong><br />

restauração.<br />

g. Usualmente, a variante mais breve é preferível, visto que os escribas tendiam muito<br />

mais por expandir do que por con<strong>de</strong>nsar os textos.<br />

h. Regras comuns da crítica textual são as seguintes: as ditografias e haplografias<br />

<strong>de</strong>vem ser observadas e corrigidas; as modificações dogmáticas <strong>de</strong>vem ser rejeitadas;<br />

os comentários explicativos <strong>de</strong>vem ser omitidos; os equívocos escribais óbvios <strong>de</strong>vem<br />

ser corrigidos.<br />

Algumas Ilustrações<br />

1-Salmos 49:11. Temos aqui um texto sem sentido,texto niassorético:<br />

“O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas...” A palavra hebraica<br />

aqui traduzida por “pensamento hebraico” parecia ser qirbram. Os tradutores lutaram<br />

com esse termo, mas com pouco sucesso.Mas, se nos voltarmos para as versões<br />

(Septuaginta, Peshitta e os Targuns), então a questão fica facilmente resolvida:<br />

“Seus sepulcros (no hebraico qibram) são suas casas perpétuas...” O erro consistiu na<br />

transposição da inscrição entre um b e um r, <strong>de</strong> tal modo que qibram, “sepulcro”,<br />

tornou-se qirbam, “pensamento íntimo”.<br />

2-Isaías 49:24. O texto massorético diz:<br />

“A presa po<strong>de</strong> ser tirada ao po<strong>de</strong>roso, ou po<strong>de</strong>m ser salvos os cativos <strong>de</strong> um homem<br />

justo?” Naturalmente, “homem justo”, nessa passagem, parece inteiramente fora <strong>de</strong><br />

lugar. Mas a Septuaginta, a Siríaca Peshitta e a Vulgata tem a tradução “tirano”, o que<br />

dá um sentido muito melhor.O rolo <strong>de</strong> Isaias, encontrado perto do mar Morto, também<br />

diz “tirano”. O erro originou-se da similarida<strong>de</strong> entre as palavras hebraicas para justo e<br />

para tirano.Nossa versão portuguesa diz, corretamente, “tirano”.N.B.<br />

Os números, após as fontes informativas, indicam a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>ssas<br />

fontes.Apesar do texto massorético padrão ser a gran<strong>de</strong> fonte informativa isolada, pelo<br />

que <strong>de</strong>veria receber o grau <strong>de</strong> primeira importância, tenho oferecido essa classificação<br />

aos manuscritos pré-massoréticos (como os manuscritos do mar Morto), quando esses<br />

manuscritos são disponíveis no tocante à passagem ou livro do Antigo Testamento<br />

on<strong>de</strong> as variantes se encontram.<br />

144


Os Manuscritos Antigos Do Novo Testamento<br />

Discutimos a natureza e importância dos manuscritos gregos (papiros, unciais e<br />

minúsculos); o testemunho das traduções antigas (versões), sobretudo o latim e o<br />

siríaco; as citações feitas pelos antigos pais do texto do Novo Testamento e <strong>de</strong> que<br />

modo elas se comparam aos manuscritos e ao que agora possuímos na forma <strong>de</strong><br />

textos gregos impressos; os princípios por meio dos quais são escolhidas as formas<br />

corretas quando há variantes.<br />

Manuscritos Gregos<br />

1-Os papiros. Entre os séculos I e VII, os manuscritos antigos eram escritos em<br />

papiro, ainda que, por volta do século IV, na maior parte do mundo, o pergaminho<br />

tivesse substituído o papiro. Possuímos 76 papiros, que contêm mais <strong>de</strong> três quartas<br />

partes do texto do Novo Testamento, com alguma justaposição.<br />

2-Os manuscritos unciais, em pergaminho. Há 252 manuscritos <strong>de</strong>ssa natureza,<br />

pertencentes aos séculos IV a IX. Esses manuscritos foram escritos no que equivale<br />

mais ou menos às nossas letras maiúsculas..<br />

3-Os manuscritos minúculos, em pergaminho. Há 2.646 manuscritos <strong>de</strong>ssa<br />

natureza, datados a partir do século IX até à invenção da imprensa, no século XV. Os<br />

manuscritos minúsculos foram escritos no que equivale mais ou menos às nossas<br />

letras “minúsculas”, os mais recentes são virtuais «manuscritos, em contraste com<br />

material .impresso.<br />

4-Os lecionários, em pergaminho.Esses manuscritos foram preparados a fim <strong>de</strong><br />

serem lidos nas igrejas, e trazem o texto do Novo Testamento dividido em<br />

passagens selecionadas, com esse propósito. Há alguma adaptação no começo e no<br />

fim <strong>de</strong>sses manuscritos, mas <strong>de</strong> modo geral, trazem o texto corrente normal do Novo<br />

Testamento.<br />

Existem 1.997 <strong>de</strong>sses manuscritos.<br />

Foram produzidos paralelamente aos manuscritos unciais e minúsculos, mencionados<br />

acima, e têm as mesmas datas.Po<strong>de</strong>-se ver, pois, que há mais <strong>de</strong> 5.000 Manuscritos<br />

Gregos do Novo Testamento, que datam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século II até à invenção da<br />

imprensa. É óbvio que o Novo Testamento é o documento mais confirmado dos<br />

tempos antigos. Admira-nos quão escassa é a evidência em forma <strong>de</strong> manuscritos que<br />

há em favor dos gran<strong>de</strong>s clássicos não-bíblicos.<br />

Alguns <strong>de</strong>les <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> alguns poucos manuscritos medievais. A obra antiga não<br />

bíblica melhor confirmada é a Ilíada, <strong>de</strong> Homero, que era a bíblia dos gregos. Está<br />

preservada em 457 papiros, dois manuscritos e 188 minúsculos, e nenhum <strong>de</strong>les é<br />

comparativamente tão antigo, em confronto com a data da luada original, conforme se<br />

dá no caso dos manuscritos do Novo Testamento, em comparação a seu original.<br />

Entre as tragédias, os testemunhos em prol <strong>de</strong> Eurípe<strong>de</strong>s são os mais abundantes,<br />

mas há apenas 54 papiros e 276 pergaminhos com suas obras, e a maioria pertence à<br />

Ida<strong>de</strong> Média.<br />

A volumosa história <strong>de</strong> Roma, <strong>de</strong> Valleius Paterculus, sobreviveu até os tempos<br />

mo<strong>de</strong>rnos em um único e incompleto manuscrito, que se per<strong>de</strong>u no século XVII. Os<br />

Anais do famoso historiador romano, Tácito, como sua confirmação mais antiga <strong>de</strong><br />

seus seis primeiros livros, contam apenas com um só manuscrito, datado do século IX.<br />

As obras <strong>de</strong> muitos autores famosos da antiguida<strong>de</strong> foram preservadas para nós<br />

somente em manuscritos compostos na Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Em contraste com isso, o Novo Testamento conta com 5.000 manuscritos gregos,<br />

alguns dos quais datam <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um século após a composição dos originais, além<br />

<strong>de</strong> muitas traduções verda<strong>de</strong>iramente antigas.<br />

145


As Ostracas<br />

São pedaços quebrados <strong>de</strong> cerâmica, que contém alguns trechos citados do Novo<br />

Testamento. Os mais pobres, algumas vezes, usavam argila como material <strong>de</strong> escrita.<br />

Apesar das ostracas serem importante fonte arqueológica <strong>de</strong> informação, trata-se <strong>de</strong><br />

uma fonte informativa curiosa mas sem importância para o texto do Novo Testamento.<br />

Há apenas 25 <strong>de</strong>las que contêm porções breves <strong>de</strong> seis livros do Novo Testamento.<br />

Seus textos são Mat. 27:31,32; Mar. 5:40,41; 9:17,18,22; 16:21; Lue. 12:13-16; 22:40-<br />

71; João 1:1-9; 1:14-17; 18:19-2.5 e 19:15-17.<br />

146


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L 6<br />

1- Que ano ocorreu o concílio <strong>de</strong> Trento, da igreja romana?<br />

A-1546<br />

B-1545<br />

2- Os cristãos protestantes, principalmente sob influência <strong>de</strong> Lutero e <strong>de</strong> sua tradução<br />

da Bíblia para o alemão, aceitaram a Bíblia tal como a encontramos hoje sem os:<br />

A-Livros Apócrifos do Novo Testamento<br />

B-Livros Apócrifos do Velho Testamento<br />

3- A igreja Anglicana(1562) rejeitou oficialmente esses:<br />

A-Livros Bíblicos<br />

B-Livros Apócrifos<br />

4- Luteri rejeitou as epístolas <strong>de</strong>:<br />

A-Tiago e Judas<br />

B-Lucas e Tiago<br />

5- Zwinglio, lí<strong>de</strong>r do protestantismo suíço, rejeitou o livro <strong>de</strong>:<br />

A-Apocalipse<br />

B-Ester<br />

6- Que livro Calvino rejeitou?<br />

A-Tiago e Apocalipse<br />

B-II e III João e Apocalipse<br />

7- Quantos livros Irineu aceitava?<br />

A-Vinte e cinco livros<br />

B-Vinte e dois livros<br />

8- Alguns livros não aceitos hoje em dia foram aceitos por certos elementos dos<br />

primeiros séculos, especialmente a:<br />

A-Epístola <strong>de</strong> Tiago e Judas<br />

B-Epístola <strong>de</strong> Barnabé, epístolas <strong>de</strong> Clemente e o pastor Hermes<br />

9- Qual foi o primeiro dos pais da igreja a aceitar a epístola <strong>de</strong> Tiago?<br />

A-Origenes<br />

B-Irineu<br />

10- Houve rejeição <strong>de</strong> literatura escrita que visava a propagar heresias, como o:<br />

A-Evangelho <strong>de</strong> Tomé<br />

B-Evangelho <strong>de</strong> Tiago<br />

11- O termo “autorida<strong>de</strong>” vem do latim, auctoritas, <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> auctor:<br />

A-Causa, patrocinador, fiador<br />

B-Causa, patrocinador<br />

12-) A autorida<strong>de</strong> externa é aquela conferida a uma pessoa que se tornou oficial,<br />

nomeado por outro, como um:<br />

A-Professor, um filósofo, um médico<br />

B-Governador, um policial, um professor<br />

147


13- A autorida<strong>de</strong> interna é aquela resi<strong>de</strong>nte em um argumento convincente ou em um<br />

importante:<br />

A-Exemplo ou em uma experiência moral ou espiritual<br />

B-Exemplo ou em uma experiência qualquer<br />

14- No advento <strong>de</strong> Constantino(300 d.C.) que bispo adquiriu maior prestígio que os<br />

<strong>de</strong>mais bispos?<br />

A-O bispo <strong>de</strong> Constantinopla<br />

B-O bispo <strong>de</strong> Roma<br />

15- Jesus teve a vida mais po<strong>de</strong>rosa que alguém já viveu, e no entanto, as:<br />

A-Autorida<strong>de</strong>s fizeram <strong>de</strong>le um governante<br />

B-Autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus dias não aceitaram nem a ele mesmo nem a seu<br />

ministério<br />

16- As igrejas oficiais não reconhecem as cre<strong>de</strong>nciais das outras <strong>de</strong>nominações ou<br />

indivíduos, e consi<strong>de</strong>ram que seus próprios ministros são os únicos que têm<br />

autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<br />

A-Batizar, distribuir a comunhão<br />

B-Batizar<br />

17- Essa palavra portuguesa vem do latim:<br />

A-Manus, irmão e scriptus, escritura<br />

B-Manus, mão e scriptus, escrita<br />

18- Antes da invenção da imprensa, todos os livros:<br />

A-Eram manuscritos<br />

B-Eram impressos<br />

19- Eram feitos <strong>de</strong> muitos materiais diferentes, como:<br />

A-Tabletes <strong>de</strong> argila, ferro e pêlos<br />

B-Tabletes <strong>de</strong> argila, placas <strong>de</strong> metal, tabletes <strong>de</strong> cera, couro, pedaços <strong>de</strong><br />

cerâmica,vários tipos <strong>de</strong> pano, papiro, casca <strong>de</strong> árvores, etc.<br />

20- On<strong>de</strong> foi inventado o papel?<br />

A-Foi inventado na China<br />

B-Foi inventado no Japão<br />

21- Que século o papel começou a substituir o pergaminho?<br />

A-Cerca do século XII d.C.<br />

B-Cerca do século XIII d.C.<br />

22- Qual é o texto antigo mais bem confirmado do mundo?<br />

A-É justamente o NT<br />

B-É o VT<br />

23- Quase duzentos mil fragmentos <strong>de</strong> manuscritos escritos em:<br />

A-Hebraico e aramaico<br />

B-Grego e latin<br />

148


24- Que século foi datada a expressão: “Senhor te abençoe e te guar<strong>de</strong>; o<br />

Senhorilumine o seu rosto sobre si, e tenha compaixão <strong>de</strong> ti; o Senhor te revele a<br />

suaface te dê a paz.” Num. 6:24-26?<br />

A-Século V a.C.<br />

B-Século VI a.C.<br />

25- A primeira tomada <strong>de</strong> contato com esse documento <strong>de</strong>u-se:<br />

A-1978<br />

B-1979<br />

26- On<strong>de</strong> fica localizado a região <strong>de</strong> Qumran?<br />

A-Noroeste do Mar Morto<br />

B-Oeste do Mar Morto<br />

27- Assim, Akiba, um importante rabino ju<strong>de</strong>u, salientou a importância do uso da<br />

tradição como uma “cerca em redor da lei”, a fim <strong>de</strong>:<br />

A-Fortalecer sua religião<br />

B-Proteger a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

28- Quem atiram-se a tarefas fantásticas, como contagem <strong>de</strong> letras?<br />

A-Os filósofos<br />

B-Os escribas<br />

29- Co<strong>de</strong>x Cairo, dos profetas(<strong>de</strong>signado C). Ano <strong>de</strong> 95 d. C. Esse manuscrito foi:<br />

A-Com sinais vocálicos<br />

B-Sem sinais vocálicos<br />

30- Ele foi o penúltimo manuscrito da famosa família <strong>de</strong> Ben Asher que pertencia à<br />

comunida<strong>de</strong>:<br />

A-Platônica<br />

B-Ben Asher<br />

31- Que ano Daniel Bomberg publicou sua primeira edição <strong>de</strong> uma Bíblia rabínica?<br />

A-1516-1517<br />

B-1549-1612<br />

32- Que ano Benjamim Kennicott publicou uma Bíblia Hebraica, em Oxford?<br />

A-1775-1781<br />

B-1776-1780<br />

33- A Genizah do Cairo, no Egito: Esses manuscritos foram <strong>de</strong>scobertos a partir <strong>de</strong>:<br />

A-1890, na genizah (<strong>de</strong>pósito da antiga sinagoga do Cairo)<br />

B-1891<br />

34- O que é uma genizah?<br />

A-Depósito para guardar manuscritos que foram tirados <strong>de</strong> circulação em face<br />

<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sgaste<br />

B-Depósito para guardar mantimentos<br />

35- O manuscrito Vaticanus da Septuaginta é um dos melhores <strong>de</strong> que dispomos,<br />

mas encerra um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variantes textuais:<br />

A-Especialmente no que se refere a nomes próprios<br />

B-Especialmente no que se refere a nomes bíblicos<br />

149


36- Algumas vezes, a Septuaginta segue uma tradição radicalmente diferente, e é<br />

nesse ponto que ela lança dúvidas sobre os textos:<br />

A-Textos massoréticos existentes<br />

B-Bíblicos existentes<br />

37- Permanece <strong>de</strong> pé o fato <strong>de</strong> que o texto massorético é plenamente:<br />

A-Digno <strong>de</strong> confiança<br />

B-Sujeito a dúvidas<br />

38- A <strong>de</strong>scoberta dos manuscritos do mar Morto tem <strong>de</strong>monstrado que:<br />

A-De modo geral, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do texto massorético<br />

B-Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do texto massorético<br />

39- A Seprtuaginta preserva melhor o original do que o:<br />

A-Massorético<br />

B-Bíblico<br />

40- Os manuscritos do mar Morto simplesmente afastam-se do:<br />

A-Bíblico<br />

B-Massorético<br />

41- Quando os manuscritos do texto massorético não concordam entre si, então feitas<br />

comparações entre aqueles documentos, com um cortejo adicional com as versões a<br />

fim <strong>de</strong> se:<br />

A-Verificar a autenticida<strong>de</strong> dos mesmos<br />

B-Verificar qual forma é apojada por elas<br />

42- Os papiros. Entre os:<br />

A-Séculos I e VII<br />

B-Séculos I e X<br />

43- Qual e o número <strong>de</strong> papiros que possuímos que contêm mais <strong>de</strong> três quartas<br />

partes do texto do Novo Testamento?<br />

A-78 papiros<br />

B-76 papiros<br />

44- Os manuscritos uncais, em:<br />

A-Pergaminho<br />

B-Papel<br />

45- Os manuscritos minúsculos, em:<br />

A-Pergaminho<br />

B-Papel<br />

46- Os lecionários, em:<br />

A-Pergaminho<br />

B-Papel<br />

47- Esses manuscritos foram preparados a fim <strong>de</strong>:<br />

A-Serem lidos nas igrejas<br />

B-Serem lidos em casa<br />

150


48- Po<strong>de</strong> se ver, pois, que há mais 5000 manuscritos gregos do:<br />

A-Velho Testamento<br />

B-Novo Testamento<br />

49- A obra antiga não bíblica melhor confirmada é a:<br />

A-Odisséia<br />

B-Ilíada, <strong>de</strong> Homero, que era a bíblia dos gregos<br />

50- Há apenas 25 <strong>de</strong>las que contêm porções breves <strong>de</strong>:<br />

A-Seis livros do Novo Testamento<br />

B-Cinco livros do Novo Testamento<br />

151


LIÇÃO 7<br />

Os Amuletos<br />

Há amuletos ou talismãs <strong>de</strong> boa sorte que contêm citações <strong>de</strong> versículos do Novo<br />

Testamento.<br />

Abrangem o período dos séculos IV a XIII, em pergaminho, papiro, louça <strong>de</strong> barro e<br />

ma<strong>de</strong>ira. Sem dúvida eram usados, pelo menos em alguns casos, para afastar os<br />

maus espíritos e a má sorte, ou tinham algum outro uso supersticioso.<br />

Em muitos <strong>de</strong>les há a oração do Pai Nosso, mas versículos variegados do Novo<br />

Testamento também estão incluídos. Tal como as ostracas, não perfazem um<br />

testamento importante em favor do Novo Testamento. Durante a historia da igreja, o<br />

uso <strong>de</strong> talismãs tem sido tão abundante que foram necessárias advertências e<br />

proibições baixadas pelos <strong>de</strong>cretos eclesiásticos ou por importantes personagens da<br />

igreja. Tais reprimendas se acham nos escritos <strong>de</strong> Eusébio e Agostinho, bem corno<br />

nos <strong>de</strong>cretos do Sínodo <strong>de</strong> Laodicéia.<br />

A proibição baixada por aquele concílio até mesmo ameaçava <strong>de</strong> exclusão nessa<br />

advertência: “...e aqueles que usam tais coisas, or<strong>de</strong>namos que sejam expulsos da<br />

igreja”<br />

As Versões<br />

Há importantes traduções do original grego do Novo Testamento para <strong>de</strong>z idiomas<br />

antigos, conforme a <strong>de</strong>scrição abaixo:<br />

Latim. A tradição latina começou em cerca <strong>de</strong> 150 D.C. O Latim Antigo (anterior à<br />

Vulgata) conta com cerca <strong>de</strong> 1000 manuscritos.<br />

Após o século IV, a versão latina foi padronizada na Vulgata. Há cerca <strong>de</strong> 8000<br />

traduções latinas do tipo Vulgata, pelo que a tradição latina conta com cerca <strong>de</strong> 10.000<br />

manuscritos conhecidos, ou seja, mais ou menos o dobro dos manuscritos em grego.<br />

Siríaco. Quanto ao siríaco antigo há apenas dois manuscritos, mas revestem-se <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> importância. Datam dos séculos IV e V. A tradição siríaca foi padronizada no<br />

Peshitto, do qual há mais <strong>de</strong> 350 manuscritos do século V em diante.<br />

Coptica. Esse é o Novo Testamento do Egito.<br />

Há duas variações <strong>de</strong>sse texto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localização geográfica.<br />

O saídico veio do sul do Egito, contando com manuscritos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IV.<br />

O boárico veio do norte do Egito, contando com um manuscrito do século IV, mas os<br />

<strong>de</strong>mais são <strong>de</strong> origem bem posterior.<br />

Após o século IV, os manuscritos captas foram bastante multiplicados, pelo que há<br />

inúmeras cópias pertencentes a essa tradição. Formam um grupo valioso, pois são <strong>de</strong><br />

caráter alexandrino, concordando com os manuscritos gregos mais antigos e dignos<br />

<strong>de</strong> confiança.<br />

Armênio. Essa tradição começou no século V. Com a exceção do latim, há mais<br />

manuscritos <strong>de</strong>ssa tradição do que <strong>de</strong> qualquer outra. Já foram catalogados 2.000<br />

<strong>de</strong>les. Entre estes manuscritos há alguns do texto cesareano, mas a maioria pertence<br />

à classe bizantina.<br />

Geórgico. Os georgianos eram um povo da Geórgia caucásica, um agreste distrito<br />

montanhoso entre os mares Negro e Cáspio, que receberam o evangelho durante a<br />

primeira parte do século IV. Supomos que a tradição geórgica <strong>de</strong> manuscritos<br />

começou não muito <strong>de</strong>pois, mas não há quaisquer manuscritos anteriores ao ano 897.<br />

O seu “tipo <strong>de</strong> texto” é cesareano.<br />

Etíope. Essa tradição conta com manuscritos datados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIII. Há cerca<br />

<strong>de</strong> 1.000 <strong>de</strong>sses manuscritos, essencialmente do tipo <strong>de</strong> texto bizantino.<br />

Gótico. Algum tempo <strong>de</strong>pois dos meados do século IV, Ulfilas, chamado o apóstolo<br />

dos godos, traduziu a Bíblia do grego para o gótico, uma antiga língua germânica.<br />

Agora há apenas fragmentos, do século V em diante.São essencialmente do tipo <strong>de</strong><br />

texto bizantino, com alguma mistura <strong>de</strong> formas oci<strong>de</strong>ntais.<br />

152


O texto bizantino, entretanto, é <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> anterior à daquela que finalmente<br />

veio a fazer parte<br />

do Textus Receptus.<br />

Eslavônico. O Novo Testamento foi traduzido para o búlgaro antigo, usualmente<br />

<strong>de</strong>nominado eslavônico antigo, pouco <strong>de</strong>pois dos meados do século IX. Há poucos<br />

manuscritos, que datam <strong>de</strong>sse tempo em diante.<br />

Fazem parte do tipo <strong>de</strong> texto bizantino.<br />

Arabe e Persa. Alguns poucos manuscritos têm sido preservados nesses idiomas,<br />

mas são <strong>de</strong> pouca importância no campo da crítica textual. Quanto à versão árabe, os<br />

problemas <strong>de</strong> seu estudo são complexos e continuam sem solução, pelo que é<br />

possível que ela seja mais importante do que se tem suposto até hoje.<br />

Citações dos Pais da Igreja<br />

São tão extremamente numerosas as citações feitas pelos antigos pais da igreja, <strong>de</strong><br />

trechos do Novo Testamento, em seus escritos, que bastaria essa fonte para quase<br />

po<strong>de</strong>rmos reconstituí-lo em sua inteireza. Somente nas obras <strong>de</strong> Orígenes (254<br />

D.C.)temos quase todo o Novo Testamento em forma <strong>de</strong>claração.<br />

Os críticos textuais usam as citações <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 diferentes pais antigos, ao<br />

compilarem <strong>de</strong>las o que se conhece do Novo Testamento. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa fonte é<br />

que muitas das citações foram feitas <strong>de</strong> memória, pelo que são <strong>de</strong> pouco valor na<br />

<strong>de</strong>terminação da natureza exata dos manuscritos que eles usaram.Contudo, <strong>de</strong>ve-se<br />

atribuir um valor imenso a essa fonte informativa.<br />

Fontes Informativas e a Restauração do Novo Testamento<br />

On<strong>de</strong> ajunto também a teoria geral da critica <strong>de</strong> texto do Novo Testamento.<br />

Obviamente,a primeira consi<strong>de</strong>ração, em qualquer restauração do texto, é as fontes<br />

<strong>de</strong> informações disponíveis para fazer as <strong>de</strong>vidas comparações.Sendo que existem<br />

cinco, o crítico não é limitado somente aos manuscritos gregos.<br />

Ele tem ricas fontes <strong>de</strong> informações nas versões <strong>de</strong> diversas linguagens e também<br />

uma quantida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> citações dos pais da Igreja que usaram e citaram<br />

manuscritos realmente antigos.A tradição latina começou no segundo século D.C., e,<br />

necessariamente, usava manuscritos extremamente antigos.Portanto, uma leitura da<br />

versão latina po<strong>de</strong> nos ajudar a avaliar os manuscritos gregos. Por exemplo, eu quero<br />

saber se o texto do Co<strong>de</strong>x Vaticanus é melhor do que os manuscritos que Erasmo<br />

usou para compilar o Textos Receptus.<br />

Se o latim antigo concorda com o Co<strong>de</strong>x Vaticanus contra o Textus Receptus, então,<br />

certamente, o Vaticanus é um representante melhor do original do que o outro. E, <strong>de</strong><br />

fato, <strong>de</strong> modo geral, a versão latina concorda com o Vaticanus, on<strong>de</strong> há variantes, e<br />

não com o Textus Receptus.Também é verda<strong>de</strong> que as citações dos pais <strong>de</strong>monstram<br />

a superiorida<strong>de</strong> do texto do Vaticanus, Aleph, e outros manuscritos antigos, sobre o<br />

Textus Receptus.<br />

A Abundância das Evidências Que Atestam O Novo Testamento<br />

As gran<strong>de</strong>s correntes <strong>de</strong> evidências que ajudam a estabelecer um texto digno <strong>de</strong><br />

confiança do Novo Testamento são:<br />

1-Os manuscritos gregos<br />

2-As citações dos pais da igreja<br />

Os Mais Importantes Códices Bíblicos, em Manuscritos Unciais:<br />

Có<strong>de</strong>x Alexandrinus<br />

Esse é um manuscrito em grego que contém a Bíblia inteira sua data é o século<br />

V D.C.<br />

153


Encontra-se agora no Museu Britânico, mas, por longo tempo foi conservado na<br />

Biblioteca do Patriarcado Grego <strong>de</strong> Alexandria.Foi presenteado por Cirilo Lucaris,<br />

patriarca <strong>de</strong> Alexandria, ao rei Carlos I, em 1627. Seu nome <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> sua<br />

associação com a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria.<br />

Atanásio III, no século XIV, trouxe o manuscrito <strong>de</strong> Constantinopla para Alexandria.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um manuscrito muito bem preservado, contudo, tem algumas lacunas nos<br />

livros <strong>de</strong> Gênesis, l Reis (l Samuel), Salmos, Mateus, João e l Coríntios. Além dos<br />

livros canônicos, também preserva cópias <strong>de</strong> I e II Clemente v .Os Salmos <strong>de</strong><br />

Salomão, antigamente, faziam parte <strong>de</strong>sse texto, mas acabaram per<strong>de</strong>ndo-se. O<br />

manuscrito é escrito com gran<strong>de</strong> beleza, notando-se que dois escribas estiveram<br />

envolvidos no trabalho <strong>de</strong> cópia.<br />

Quanto ao Antigo Testamento, a versão é a Septuaginta, com variações do tipo <strong>de</strong><br />

texto.Quanto ao Novo Testamento, nos evangelhos é seguido o texto bizantino, mas,<br />

fora dos evangelhos, o texto é essencialmente alexandrino, paralelo a B e a P(46).<br />

Trata-se <strong>de</strong> um dos melhores textos, se não mesmo o melhor que possuímos do<br />

Apocalipse, on<strong>de</strong> também é refletido um tipo <strong>de</strong> texto bizantino.E mesmo nos<br />

evangelhos, com seu texto bizantino, aparece um estágio inicial <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> texto, e<br />

não aquela forma posterior que originou o Textus Receptus.<br />

Nos evangelhos estão retidas variantes alexandrinas em gran<strong>de</strong> número, que são prébizantinas,<br />

e que os manuscritos posteriores per<strong>de</strong>ram.<br />

Có<strong>de</strong>x Vaticanus<br />

Esse manuscrito cobre a Bíblia inteira e encontra-se na Biblioteca do Vaticano, em<br />

Roma, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1475.Há algumas lacunas, como seja, os primeiros quarenta e cinco<br />

capítulos <strong>de</strong> Gênesis, uma porção <strong>de</strong> II Reis (II Samuel), alguns dos Salmos, o final da<br />

epístola aos Hebreus e o Apocalipse inteiro.<br />

Data do século IV D.C.<br />

Quanto ao Antigo Testamento, o tipo <strong>de</strong> texto é a Septuaginta.<br />

Quanto ao Novo Testamento, é alexandrino do princípio ao fim, concordando <strong>de</strong> perto<br />

com as mais antigas citações dos pais da Igreja, incluindo Atanásio. Está intimamente<br />

associado às versões do Egito, o que talvez sugira uma origem egípcia. É um<br />

manuscrito gêmeo <strong>de</strong> Aleph, embora superior ao mesmo, em seu conjunto total.<br />

Paleógrafos competentes asseguram-nos que um <strong>de</strong> seus escribas também esteve<br />

envolvido na produção do manuscrito Aleph.<br />

A gran<strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong> do texto do manuscrito Vaticano é <strong>de</strong>monstrada pelo fato <strong>de</strong> que<br />

concorda com nossos mais antigos manuscritos em papiro.Antes da <strong>de</strong>scoberta dos<br />

papiros, esse manuscrito e o Aleph mantinham-se quase solitários quanto ao tipo <strong>de</strong><br />

texto, excetuando os reflexos alexandrinos fora dos evangelhos, e as citações dos pais<br />

da Igreja.<br />

Por essa razão, alguns eruditos falavam erroneamente sobre a maioria dos textos,<br />

como se a simples contagem dos manuscritos pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>terminar quais são os<br />

melhores textos. Mas está historicamente <strong>de</strong>monstrado que a única razão pela qual os<br />

manuscritos bizantinos são mais numerosos é que esse tipo <strong>de</strong> texto é mais recente,<br />

mesclado e padronizado mediante o processo <strong>de</strong> cópias repetidas, visto que um tipo<br />

<strong>de</strong> texto mais antigo não era disponível para os copistas.<br />

A <strong>de</strong>scoberta dos papiros,maioria dos quais próximos do manuscrito Vaticano e seu<br />

texto tipo alexandrino, <strong>de</strong>moliu a teoria da autorida<strong>de</strong> dos chamados maioria dos<br />

textos. Acresça-se que os mais antigos manuscritos das versões, como a latina, a<br />

siríaca e a cóptica, confirmam a superiorida<strong>de</strong> do texto do manuscrito Vaticanus, em<br />

contraste com o Textus Receptus.É evi<strong>de</strong>nte que o Textus Receptus apareceu no fim<br />

<strong>de</strong> uma longa história <strong>de</strong> evolução textual, contendo cerca <strong>de</strong> quinze por cento <strong>de</strong><br />

bagagem, que se <strong>de</strong>svia dos manuscritos verda<strong>de</strong>iramente antigos.<br />

Segundo certo ponto <strong>de</strong> vista, a crítica textual tem visado, principalmente, à eliminação<br />

<strong>de</strong>ssa bagagem.Se examinarmos os manuscritos unciais em papiro mais antigos, bem<br />

154


como as citações dos mais antigos pais da Igreja, <strong>de</strong>scobriremos a ausência <strong>de</strong>sses<br />

quinze por cento <strong>de</strong> bagagem.<br />

Isso seria impossível se o Textus Receptus representasse o original.Nesse caso,<br />

teríamos <strong>de</strong> perguntar:Por qual razão os escribas dos mais antigos manuscritos<br />

unciais e dos manuscritos em papiros, bem como os primeiros pais da Igreja, não<br />

tiveram acesso a esses quinze por cento?Como essas variantes ter-se-iam perdido em<br />

uma área geográfica tão vasta?Além disso, como essas variantes apareceram<br />

subitamente, tornando-se parte do Textus Receptus?<br />

Pois, quando estudamos o problema, po<strong>de</strong>mos provar, <strong>de</strong> modo absoluto, que esses<br />

quinze por cento não apareceram <strong>de</strong> súbito. Em vez <strong>de</strong> terem surgido da noite para o<br />

dia, essas variantes foram-se acumulando através dos séculos, tornando-se uma<br />

espécie <strong>de</strong> bagagem textual, <strong>de</strong>positada no Textus Receptus.<br />

Esses fatos são bem conhecidos, especialmente para os estudiosos, embora<br />

<strong>de</strong>sconhecidos para os que se aferram às varias versões em línguas vernáculas, os<br />

quais temem per<strong>de</strong>r certo número <strong>de</strong> textos favoritos, que não faziam parte do original<br />

grego.Seja como for, embora o manuscrito Vaticanus antes fosse consi<strong>de</strong>rado um<br />

caso isolado, tendo apenas a companhia do manuscrito Aleph, agora é reputado como<br />

paralelo a muitos manuscritos, incluindo muitos papiros, as versões mais antigas e as<br />

citações dos primeiros pais da Igreja.<br />

O Novo Testamento original é melhor representado por esses.<br />

Co<strong>de</strong>x Ephraemi Siry Rescriptus<br />

Esse manuscrito está atualmente guardado na Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Paris, na<br />

França.<br />

E um manuscrito da Bíblia inteira, pertencente ao século V D.C.Aproximadamente no<br />

século XII, suas páginas foram usadas para anotar as obras <strong>de</strong> Efraem, o sírio. O texto<br />

bíblico original foi removido, da melhor maneira que o escriba foi capaz, e então o<br />

material <strong>de</strong> escrita foi reusado, com esse outro propósito. Cerca <strong>de</strong> 208 páginas foram<br />

assim utilizadas.<br />

E essas são as páginas que sobreviveram até nós.Métodos mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> recuperação<br />

têm restaurado quase perfeitamente o texto bíblico subjacente, pelo menos do ponto<br />

<strong>de</strong> vista prático. Qualquer manuscrito que tenha sido usado assim (para anotar dois ou<br />

mais textos diferentes), é chamado <strong>de</strong> palimpsesto e, literalmente, significa “apagado<br />

<strong>de</strong> novo”, porquanto essa é uma palavra <strong>de</strong> origem grega.<br />

Está em vista a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ter sido removido um texto escrito, para que sobre o mesmo<br />

se escreva um outro texto. No entanto, segundo o uso mo<strong>de</strong>rno, palimpsesto significa<br />

“reescrito”. Essa circunstancia e que tem dado a esse manuscrito o seu nome<br />

completo.Suas duzentas e oito páginas restantes contêm porções dos livros <strong>de</strong> Jó,<br />

Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria <strong>de</strong> Salomão, Eclesiástico, Cantares e o Novo<br />

Testamento, com a exceção única <strong>de</strong> II Tessalonicenses e II João. Sua condição não<br />

nos permite <strong>de</strong>duzir o número exato <strong>de</strong> escribas originais e <strong>de</strong> corretores que<br />

estiveram envolvidos na obra.<br />

O có<strong>de</strong>x C é uma espécie <strong>de</strong> irmão mais jovem e inferior dos manuscritos Vaticanus e<br />

Aleph; quanto ao seu tipo <strong>de</strong> texto, é essencialmente alexandrino, embora com mistura<br />

<strong>de</strong> outros tipos.Essas variantes fazem parte do começo do gran<strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong><br />

bagagem que, finalmente, veio a ser <strong>de</strong>positado no Textus Receptus.<br />

Porém, no tocante ao livro <strong>de</strong> Apocalipse, exibe um excelente texto alexandrino,<br />

estando bem próximo do manuscrito Alexandrinus. Curiosamente, porém, em<br />

Apocalipse 13:18, o número da besta aparece como “seiscentos e <strong>de</strong>zesseis”, em<br />

harmonia com as versões armênias, com as citações <strong>de</strong> Irineu e Ticônio, mas em<br />

contraste com o manuscrito A, quanto a essa particularida<strong>de</strong>.<br />

Co<strong>de</strong>x D ou <strong>de</strong> Bezae<br />

O nome <strong>de</strong>sse manuscrito <strong>de</strong>riva-se do fato <strong>de</strong> que antes pertencia a Teodoro Beza,<br />

coopeador <strong>de</strong> João Calvino e seu sucessor em Genebra, a Suíça.<br />

155


Ele obteve o manuscrito durante as guerras religiosas, em ,Lyons, na França, o qual,<br />

finalmente, doou à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cambridge, na Inglaterra, on<strong>de</strong> se encontra hoje<br />

em dia.Trata-se <strong>de</strong> um manuscrito bilíngüe com o texto grego à esquerda, e o texto<br />

latino à direita, em páginas opostas. Contém os quatro evangelhos e o livro <strong>de</strong> Atos,<br />

com uma pequena porção <strong>de</strong> I João.<br />

Há muitas lacunas no livro <strong>de</strong> Atos. Muitas correções e anotações foram feitas nesse<br />

manuscrito, havendo ali emendas e adições Litúrgicas. Provavelmente, esse<br />

manuscrito foi produzido em alguma região do Oci<strong>de</strong>nte, como a Gália, a Sar<strong>de</strong>nha ou<br />

o sul da Itália, talvez a Sicília.Porém, visto que manuscritos bilíngües eram usados em<br />

Jerusalém e em Alexandria, é possível que tivesse vindo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s.<br />

O manuscrito D é, atualmente, um dos principais representantes do tipo <strong>de</strong> texto<br />

Oci<strong>de</strong>ntal, que exibe uma versão um tanto mais longa do livro <strong>de</strong> Atos. As adições, na<br />

vasta maioria dos casos, sem dúvida não passam <strong>de</strong> adições.<br />

Mas, por longo tempo, era comum alguns críticos textuais suporem que certo número<br />

<strong>de</strong> variantes textuais eram legítimas, em contraste com o tipo <strong>de</strong> texto alexandrino.<br />

Uma opinião melhor analisada, porém, especialmente em vinculação com o<br />

testemunho prestado pelos papiros, tem convencido a maior parte dos estudiosos <strong>de</strong><br />

que o texto Oci<strong>de</strong>ntal, mais longo, na realida<strong>de</strong> representa adições ao original.<br />

Esse texto caracteriza-se por um manuseio livre por parte dos escribas, mostrando-se<br />

claramente secundário, quanto ao seu valor. As bibliotecas européias dispõem <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> manuscritos latinos que representam bem o texto tipo oci<strong>de</strong>ntal.<br />

O có<strong>de</strong>x D data dos séculos V ou VI D.C., sendo o mais antigo manuscrito grego <strong>de</strong><br />

qualquer dimensão, excetuando o manuscrito W, a dar testemunho sobre esse tipo <strong>de</strong><br />

texto oci<strong>de</strong>ntal, embora a tradição latina conte com exemplares mais antigos.<br />

Co<strong>de</strong>x Washingtonianus II<br />

Esse manuscrito data do século VII D.C., e atualmente encontra-se na Coleção<br />

Freer do Instituto Smithsoniano <strong>de</strong> Washington, DC., nos Estados Unidos da América.<br />

Contém porções das epístolas paulinas, e a epístola aos Hebreus após II<br />

Tessalonicenses.Trata-se <strong>de</strong> um texto tipo alexandrino, mais freqüentemente em<br />

harmonia com Aleph do que com B, quando não concordam entre si.<br />

Có<strong>de</strong>x Regius I<br />

Esse manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Paris, na França.<br />

Embora pertencente ao século VIII D.C., reflete um texto muito antigo, similar ao texto<br />

do manuscrito B. Juntamente com este, e com outras testemunhas, no evangelho <strong>de</strong><br />

Marcos termina no final <strong>de</strong> 16:9.Mas, em seguida, apresenta dois términos alternativos<br />

<strong>de</strong>sse evangelho.<br />

Co<strong>de</strong>x Washingtonianus I<br />

Esse manuscrito também pertence à Coleção Freer do Instituto Srnithsoniano, em<br />

Washington DC, nos Estados Unidos da América. Foi produzido nos séculos IV ou<br />

V D.C. Contém os quatro evangelhos, segundo a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apresentação oci<strong>de</strong>ntal:<br />

Mateus, João, Lucas e Marcos.<br />

Representa vários tipos textuais:Marcos 1-5, oci<strong>de</strong>ntal; o resto <strong>de</strong> Marcos, cesareano;<br />

Mateus e João 1: 1-5: 12, alexandrino; Lucas 8:13 até o fim, bizantino. Esse<br />

manuscrito exibe um final alternativo para o evangelho <strong>de</strong> Marcos, juntamente com o<br />

final longo, regular.O fato <strong>de</strong> que reflete diversos tipos <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>monstra que foi<br />

copiado <strong>de</strong> diversos manuscritos.<br />

Aleph: Có<strong>de</strong>x Sinalticus<br />

Esse é um antiqüíssimo manuscrito grego, que originalmente continha a Bíblia inteira.<br />

Foi encontrado na península do Sinai, mais exatamente no mosteiro <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina, por Constantino Tischendorf, em 1844.<br />

156


Enquanto trabalhava na biblioteca do mosteiro, ele notou urna cesta gran<strong>de</strong>, com<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> páginas soltas <strong>de</strong> manuscritos.Ficou perplexo quando seu olho<br />

treinado disse-lhe que acabara <strong>de</strong> encontrar as páginas do mais antigo manuscrito da<br />

Bíblia grega sobre as quais já pusera a vista. Ele tirou dali quarenta e três páginas,<br />

que lhe foram dadas gratuitamente, a seu pedido.<br />

Um bibliotecário casualmente observou que já haviam sido consumidas as páginas<br />

que enchiam duas cestas similares, na fornalha do mosteiro, para aquecer os monges.<br />

Ao investigar, ele <strong>de</strong>scobriu que cerca <strong>de</strong> mais oitenta páginas do Antigo Testamento<br />

ainda existiam. Porém, o seu entusiasmo provocou a suspeita dos monges, tornandose<br />

difícil para ele conseguir maior cooperação.Por algum tempo, ele teve <strong>de</strong> contentarse<br />

em rogar dos monges que procurassem fazer fogueiras com algo menos precioso.<br />

Quanta <strong>de</strong>struição é causada pela ignorância!Tischendorf retornou à Europa com suas<br />

preciosas quarenta e três páginas. Em 1854, ele retornou ao Sinai, mas os monges<br />

não queriam falar sobre as páginas restantes do manuscrito que ele havia <strong>de</strong>scoberto.<br />

Em 1859, ele visitou novamente o mosteiro, sob o patrocínio do Czar Alexandre II,<br />

patrono da Igreja Grega.<br />

Contudo, nenhum dos monges estava interessado em conversar com ele. Porém, um<br />

<strong>de</strong>les, mui inocentemente, falou sobre a cópia da Septuaginta que possuía, e que<br />

gostaria <strong>de</strong> mostrar-lhe. Para total admiração <strong>de</strong> Tischendorf, esse manuscrito era<br />

exatamente o mesmo manuscrito do qual ele tinha as quarenta e três páginas.<br />

Continha parte do Antigo Testamento, e o Novo Testamento completo.<br />

Tischendorf procurou convencer o monge que o czar da Rússia ficaria muito satisfeito<br />

se o manuscrito lhe fosse presenteado. Isso foi finalmente negociado, quando o czar<br />

ofereceu um presente seu ao mosteiro, conforme os costumes orientais.<br />

Em 1933, esse gran<strong>de</strong> manuscrito foi adquirido pelo Museu Britânico, on<strong>de</strong> se<br />

encontra atualmente. Tal como se dá com todos os manuscritos importantes do Novo<br />

Testamento, têm sido preparados fac-símiles fotográficos para os eruditos que<br />

<strong>de</strong>sejam comprá-los.O manuscrito contém porções dos livros <strong>de</strong> Gênesis, Números, 1<br />

Crônicas, II Esdras, os livros poéticos, Ester, Tobias, Judite e os livros proféticos,<br />

excetuando Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel e Daniel. Também estão incluídos 1 e<br />

IV Macabeus.<br />

Quanto ao Novo Testamento, este está completo, havendo também acréscimo das<br />

epístolas <strong>de</strong> Barnabé e uma boa porção do Pastor <strong>de</strong> Hermas. O texto do Novo<br />

Testamento assemelha-se muito ao tipo <strong>de</strong> texto Vaticanus e Alexandrinus, embora<br />

um tanto inferior. Quanto ao evangelho <strong>de</strong> João, há algumas variantes que concordam<br />

com o Có<strong>de</strong>x D.É um paralelo dos papiros <strong>de</strong> Chester Beatty com citações <strong>de</strong><br />

Orígenes, no livro <strong>de</strong> Apocalipse.<br />

Theta: Có<strong>de</strong>x Kori<strong>de</strong>thianus<br />

Esse é um manuscrito <strong>de</strong> importância mo<strong>de</strong>rada do século IX D.C. Pertence ao<br />

tipo comum <strong>de</strong> texto bizantino, excetuando o evangelho <strong>de</strong> Marcos, on<strong>de</strong> reflete o<br />

tipo <strong>de</strong> texto cesareano, bem próximo dos manuscritos 1, 117, 131, 209 e 13, 69, 124<br />

e 246, que pertencem ao mesmo tipo.<br />

Pi: Co<strong>de</strong>x Petropolitanus<br />

Esse manuscrito é o membro mais antigo e principal da maior família <strong>de</strong> manuscritos<br />

que existe.Uma família é um grupo <strong>de</strong> manuscritos que <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um arquétipo<br />

comum, o qual po<strong>de</strong> ser restaurado mediante estudo comparativo cuidadoso. Esse<br />

grupo foi submetido a cuidadoso estudo pela Sra. Silva Lake, no que concerne ao<br />

evangelho <strong>de</strong> Marcos, por Jacob Geerlings, no tocante a Lucas e João, e por , Rassel<br />

Champlin, no que concerne a Mateus.<br />

Foram capazes <strong>de</strong> restaurar o arquétipo, que data <strong>de</strong> cerca do século V D.C,, embora<br />

o próprio manuscrito Pi, que é o mais antigo <strong>de</strong>ssa família, tenha sido copiado no<br />

século IX D.C. Um subproduto <strong>de</strong>sse estudo foi que conseguimos acompanhar o<br />

157


<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma importante linha do texto tipo bizantino, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século V até<br />

o século XIII D.C.<br />

Esse estudo ilustra amplamente o fato <strong>de</strong> que o texto que finalmente chegou a ser<br />

usado pelo Textus Receptus é uma mescla <strong>de</strong> textos, Incorporando bagagem que foi<br />

sendo acrescentada aos manuscritos, através dos séculos. É fácil <strong>de</strong>monstrar que a<br />

princípio havia um texto com algumas variantes que caracterizam o tipo bizantino <strong>de</strong><br />

texto, e que, em seguida, houve a adição <strong>de</strong> novas variantes, a cada século<br />

contribuindo com algumas mais, mediante as variações, harmonizações, correções,<br />

anotações, etc., feitas pelos escribas.<br />

Assim sendo, quando, finalmente, chegamos ao Textus Receptus, já havia um<br />

acúmulo <strong>de</strong> quinze por cento do material total.<br />

A Importância dos Papiros<br />

Cerca <strong>de</strong> três quartas partes do Novo Testamento são cobertas pelos manuscritos em<br />

papiro, Apesar <strong>de</strong> que nesses manuscritos há alguma variação quanto ao tipo <strong>de</strong> texto<br />

(quanto à porcentagem, o primeiro lugar cabe ao tipo alexandrino, o segundo lugar ao<br />

tipo oci<strong>de</strong>ntal, e o terceiro lugar ao tipo cesareano), como um grupo, eles são prébizantinos,<br />

o que mostra que esses manuscritos são posteriores.<br />

Os papiros fazem-nos retroce<strong>de</strong>r ao século II D.C., no que concerne à antiguida<strong>de</strong> do<br />

texto do Novo Testamento, pelo menos quanto a alguns casos, embora as datas reais<br />

dos manuscritos mais antigos pertençam ao século III D.C.Embora existam cerca <strong>de</strong><br />

cinco mil manuscritos gregos do Novo Testamento (representando seções, e não a<br />

totalida<strong>de</strong> do cânon neotestamentário), é fácil nos afastarmos da massa dos<br />

manuscritos, até encontrarmos o texto verda<strong>de</strong>iramente antigo. Isso po<strong>de</strong> ser feito, em<br />

primeiro lugar, no caso dos papiros.<br />

O leitor po<strong>de</strong>rá verificar pessoalmente, com a ajuda <strong>de</strong> minhas listas <strong>de</strong>sses<br />

manuscritos, exatamente como eles representam os vários tipos <strong>de</strong> texto, e também<br />

como, <strong>de</strong> forma predominante, os manuscritos realmente antigos põem-se lado a lado<br />

com o tipo <strong>de</strong> texto alexandrino.As citações dos primeiros pais da Igreja também<br />

correspon<strong>de</strong>m, predominantemente, aos tipos <strong>de</strong> texto alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Os escritos <strong>de</strong>sses pais e os manuscritos em papiro ilustram claramente um texto tipo<br />

bizantino.<br />

Somente já no século IV D.C, encontramos um número razoável <strong>de</strong> variantes tipo<br />

bizantino, o texto que começa a ser visto nos escritos <strong>de</strong> Luciano. Porém, mesmo<br />

assim, só encontramos o texto tipo protobizantino, e não aquele tipo <strong>de</strong> texto bizantino<br />

posterior, que veio a ser refletido pelo Textos Receptus <strong>de</strong> Erasmo <strong>de</strong> Roterdã.<br />

Os papiros <strong>de</strong> Chester Beatty. Esse grupo inclui os papiros P(45), P(46) e P(47), <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong> e importância.Também em um artigo separado, discuto sobre os<br />

Papiros Bodmer, que incluem os seguintes: P(66), P(72) e P(75). Esses manuscritos<br />

nos oferecem um testemunho mais antigo quanto a certas porções do Novo<br />

Testamento.<br />

O papiro P(52) é o nosso mais antigo representante, pois data do século II DC. No<br />

entanto, contém apenas um minúsculo fragmento do evangelho <strong>de</strong> João. Contém<br />

porções <strong>de</strong> João 18:31-33,37,38. Sua mais importante função consiste em <strong>de</strong>monstrar<br />

a data relativamente antiga do evangelho <strong>de</strong> João, porquanto alguns eruditos liberais<br />

haviam argumentado que esse evangelho datava <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 160 D.C., com base na<br />

consi<strong>de</strong>ração sobre idéias ali contidas.<br />

Naturalmente, eles estavam equivocados.<br />

Os Mais Importantes Manuscritos Minúsculos<br />

Os manuscritos gregos m letras “minúsculas” ou “cursivas”, são bastante numerosos.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da escrita em letras minúsculas antece<strong>de</strong> ao século IX D.C., mas<br />

158


foi somente a partir <strong>de</strong> então que essa forma <strong>de</strong> letra começou a ser usada nos<br />

manuscritos do Novo Testamento.<br />

Os primeiros manuscritos minúsculos, naturalmente, conservaram características dos<br />

manuscritos unciais que os posteriores eliminaram, chegando a “arredondar as letras”,<br />

afastando-se a aparência <strong>de</strong> “impressão” para o aspecto <strong>de</strong> escrita “à mão”. O termo<br />

“minúsculo” vem do latim, “minúsculus”, palavra que significa “pequeno”.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> escrita foi resultado natural da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escrever mais ligeiro é com maior facilida<strong>de</strong>.Após alguns séculos, <strong>de</strong>senvolveu-se a<br />

mo<strong>de</strong>rna “caligrafia à mão”, como resultado direto do estilo dos manuscritos<br />

minúsculos que se sabe que os escribas começaram a usar a escrita em letras<br />

minúsculas no século IX, <strong>de</strong> imediato po<strong>de</strong>-se datar todos os manuscritos do Novo<br />

Testamento que tem esse estilo <strong>de</strong> escrita como pertencentes ao século IX em diante.<br />

É verda<strong>de</strong>, obviamente, que alguns escribas continuaram a usar letras “unciais”, pelo<br />

que alguns manuscritos unciais datam dos fins do século XI; por exemplo, o có<strong>de</strong>x<br />

Cyprius (K).<br />

Esse manuscrito parece bem mais antigo do que realmente é.<br />

Alguns estudiosos têm; tentado datá-lo tão cedo quanto o século VII, mas estudos<br />

feitos acerca <strong>de</strong> Família Pi, da qual ele é membro, têm mostrado que ele não po<strong>de</strong> ser<br />

datado <strong>de</strong> muito antes do século XI, pois reflete o <strong>de</strong>senvolvimento textual daquela<br />

época. Devemos nos lembrar, que cada manuscrito reflete uma “ida<strong>de</strong> do texto”, e não<br />

apenas uma antiguida<strong>de</strong> calculada pelo estilo <strong>de</strong>, escrita utilizada.<br />

Portanto, é fácil julgar se um manuscrito qualquer é tardio ou não, ou se pertence a<br />

uma época posterior, mas copiado <strong>de</strong> um manuscrito mais antigo. Cada manuscrito<br />

traz consigo a imagem do <strong>de</strong>senvolvimento histórico do texto.<br />

Assim sendo, há níveis <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> textual <strong>de</strong>ntro das tradições textuais.<br />

Luciano se utilizou <strong>de</strong> um “antigo” texto bizantino, e foi o primeiro dos pais da<br />

igreja a usar esse tipo <strong>de</strong> texto (século IV D.Cj. Porém, <strong>de</strong>ntro da tradição do texto<br />

bizantino há certo <strong>de</strong>senvolvimento, com um número sempre acrescentei <strong>de</strong><br />

variantes, adicionadas por escribas medievais. Pela; época em que se chega ao<br />

Textus Receptus, há um texto “bizantino posterior”, com muitas formas que Luciano<br />

jamais conheceu.Datando <strong>de</strong> antes do século, IV D.C., temos o tipo <strong>de</strong> texto<br />

“Cesareano”, que na realida<strong>de</strong> é um texto mesclado <strong>de</strong> uma época anterior, pois<br />

combina formas alexandrinas e oci<strong>de</strong>ntais, cuja, mistura produziu um “tipo <strong>de</strong> texto”<br />

distintivo.<br />

Orígenes usou esse tipo <strong>de</strong> texto em cerca <strong>de</strong> 250 d.C.Antes do Cesareano, houve o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do tipo <strong>de</strong> texto com variantes notáveis, algumas das quais, talvez,<br />

historicamente autênticas. Em outras palavras, algumas poucas <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Jesus<br />

foram, adicionadas, as quais quiçá sejam autênticas, embora não figurem nos<br />

evangelhos originais.Outro tanto se dá quanto ao livro <strong>de</strong> Atos.Detalhes históricos e<br />

geográficos se encontram na versão oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> Atos, que não estão contidos nos<br />

originais, mas que refletem genuinamente condições da época dos apóstolos.<br />

Antes do <strong>de</strong>senvolvimento do texto “oci<strong>de</strong>ntal”, houve o texto“Alexandrino”, que é<br />

quase puro como cópia do original, mas que encerra certa proporção <strong>de</strong> modificações<br />

gramaticais e <strong>de</strong> estilo, feitas por escribas educados, que queriam melhorar o às vezes<br />

“áspero koiné” dos autores do Novo Testamento. Também há certo número <strong>de</strong><br />

“interpolações” no texto alexandrino, que o texto oci<strong>de</strong>ntal omitiu.<br />

Portanto, os manuscritos mais antigos (os papiros e os antigos manuscritos unciais)<br />

são quase todos da varieda<strong>de</strong> alexandrina.Alguns poucos dos mais antigos pais da<br />

igreja citam manuscritos que contêm esse tipo <strong>de</strong> texto.Alguns poucos papiros e<br />

alguns dos manuscritos unciais mais antigos exibem o tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Quanto mais antigo for um manuscrito latino, tanto mais próximo do tipo, <strong>de</strong> texto<br />

alexandrino; mas a maioria dos manuscritos latinos trazem um texto oci<strong>de</strong>ntal. Então<br />

vem o texto Cesareano mesclado, com alguns poucos papiros e alguns poucos<br />

escritos <strong>de</strong> pais da igreja.<br />

159


O tipo <strong>de</strong> texto bizantino, ainda mais mesclado, não conta com qualquer testemunho,<br />

na forma <strong>de</strong> manuscrito ou <strong>de</strong> escrito patrístico, senão a partir do século IV D.C., e,<br />

finalmente, quando recebe confirmação, assume uma forma anterior <strong>de</strong>ssa tradição, à<br />

qual falta um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> formas que, afinal, como um grupo, vieram a<br />

representar esse tipo <strong>de</strong> texto, o qual foi para sempre solidificado no Textus Receptus.<br />

Tudo quanto foi dito aqui foi exposto a fim <strong>de</strong> mostrar que não é difícil datar um<br />

manuscrito <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> texto do mesmo.Sabemos quando a vasta maioria<br />

das variantes penetrou no texto.Não há nisso qualquer mistério, pois o texto tem sido<br />

estudado do ponto <strong>de</strong> vista do seu <strong>de</strong>senvolvimento histórico.<br />

Os Manuscritos Minúsculos<br />

Começando, a partir do século IX, são muito menos importantes como grupo do que<br />

os manuscritos unciais.<br />

Alguns poucos <strong>de</strong>les preservam o antigo tipo <strong>de</strong> texto Alexandrino, além <strong>de</strong> alguns<br />

poucos preservarem o tipo Oci<strong>de</strong>ntal ou Cesareano; mas a vasta maioria (conforme se<br />

po<strong>de</strong>ria esperar com base em suas datas comparativamente recentes), representa o<br />

texto bizantino em seus vários níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento histórico.<br />

Há 2.646 códices minúsculos dos mais importantes dos quais passamos agora a<br />

<strong>de</strong>screver:<br />

Família 1: Uma família é uni grupo <strong>de</strong> manuscritos cujo arquétipo ou ancestral po<strong>de</strong><br />

ser reconstituído mediante a comparação entre seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

Em outras palavras, tais manuscritos estão relacionados e têm um arquétipo comum.<br />

A família 1 consiste dos manuscritos 1, 118, 131 e 209, pertencentes aos séculos XII a<br />

XIV D.C.O texto <strong>de</strong>sse grupo freqüentemente conforma-se ao texto do manuscrito<br />

uncial Theta (Có<strong>de</strong>x Kari<strong>de</strong>thi).<br />

Todos esses manuscritos representam o grupo Cesareano, que traz esse nome<br />

porque se pensa que esse texto mesclado teve seu <strong>de</strong>senvolvimento histórico em<br />

Cesaréia, começando pelo século III D.C. O có<strong>de</strong>x 1 foi usado por Erasmo como um<br />

dos quatro utilizados na compilação do Textus Receptus, mas ele não se utilizou<br />

gran<strong>de</strong>mente do mesmo porque com gran<strong>de</strong> freqüência diferia dos manuscritos<br />

bizantinos (como o có<strong>de</strong>x 2) que ele empregava.<br />

Erasmo chamou a esse texto <strong>de</strong> errático, porquanto não sabia que seu texto é muito<br />

superior ao do grupo <strong>de</strong> manuscritos bizantinos.Tudo isso se <strong>de</strong>veu à ignorância geral<br />

sobre os valores comparativos dos manuscritos do Novo Testamento, nos dias <strong>de</strong><br />

Erasmo, como também se <strong>de</strong>veu à falta <strong>de</strong> manuscritos verda<strong>de</strong>iramente antigos que<br />

pu<strong>de</strong>ssem ser utilizados.Erasmo não contava com nenhum manuscrito uncial sequer,<br />

nem um único papiro, para fazer compilação <strong>de</strong> um texto impresso.<br />

Família 13: Esse grupo <strong>de</strong> mss. relacionados entre si se chama Ferrar, em honra ao<br />

professor William ,Hugh Ferrar, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dublim, na Irlanda, o qual, em<br />

1868, <strong>de</strong>scobriu que os manuscritos 13, 69, 124 e 346 estão intimamente ligados, pelo<br />

que <strong>de</strong>vem ter <strong>de</strong>scendido <strong>de</strong> um único arquétipo.Sabemos hoje em dia que essa<br />

família é muito maior do que Ferrar pensava, pois além dos manuscritos mencionados,<br />

também há os <strong>de</strong> Núm. 230, 543, 788, 826, 828, 983, 1698 e 1709. Tanto a Família 13<br />

quanto a Família 1, representam o tipo <strong>de</strong> Texto Cesareano. Mais adiante, em nossa<br />

discussão neste artigo, notaremos os tipos <strong>de</strong> texto em seus aspectos distintivos.<br />

Os manuscritos da Família 13 datam dos séculos XI a XV D.C. A característica mais<br />

notável <strong>de</strong>ssa família é que registra a história da mulher apanhada em adultério <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> Luc. 1:38, não em João 7:53—8:11.Talvez esse inci<strong>de</strong>nte fosse uma tradição<br />

flutuante sobre as ativida<strong>de</strong>s da vida <strong>de</strong>’ Jesus, que achou caminho aos evangelhos<br />

em diferentes lugares, mas que não fazia parte dos escritos originais.<br />

Entretanto, foi um inci<strong>de</strong>nte mui provavelmente genuíno da vida <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong> modo<br />

que escribas subseqüentes sentiram que não <strong>de</strong>veria faltar esse episódio à narrativa<br />

do evangelho, explica sua adição.<br />

160


Os manuscritos mais antigos omitem a narrativa, e nos manuscritos que a contêm,<br />

po<strong>de</strong> ser encontrada em João 7:53 ss, no fim do evangelho <strong>de</strong> João ou em Luc. 21:38<br />

ss.<br />

Família P1. Esse é o grupo mais numeroso <strong>de</strong> manuscritos relacionados entre si,<br />

para o que se conseguiu reconstituir um arquétipo comum.<br />

A família Pi conta com cerca <strong>de</strong> 100 membros, o mais importante <strong>de</strong>les é Pi, Có<strong>de</strong>x<br />

Petropolitanus, que data do século IX D.C. O arquétipo <strong>de</strong>ssa família, porém, e do qual<br />

Pi é uma cópia boa e exata, pertencia ao século IV D.C., e era representante do antigo<br />

texto bizantino, com mistura com o tipo cesareano.<br />

O có<strong>de</strong>x A (Alexandrinus), também bizantino nos evangelhos, conta com um texto<br />

similar, mas sua mistura inclui alta porcentagem <strong>de</strong> formas alexandrinas. E possível<br />

que a família Pi represente o texto <strong>de</strong> Luciano, pai da igreja (século IV D.C.) mas é<br />

mais provável que esse texto seja mais próximo <strong>de</strong> A do.que <strong>de</strong> Pi.<br />

Seja como for, ambos esses códices representam aspectos diferentes do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do texto bizantino, em sua forma mais primitiva.<br />

Aos mss P e A faltam muitas formas que figuram no Textus Receptus, pois aquele<br />

texto representa um <strong>de</strong>senvolvimento posterior do texto bizantino, tendo incluído<br />

anotações e mesclas <strong>de</strong> muitos escribas medievais.É provável que A e Pi tiveram uma<br />

origem comum, embora remota.<br />

Os manuscritos mais importantes da Familia Pi são: Pi, K, Y (unciais); e os minúsculos<br />

112, 1079, 1219, 1500, 1346, 1816, 178, 489, 652, 1313, 389 e 72, alistados segundo<br />

a qualida<strong>de</strong> do texto em comparação ao arquétipo restaurado.O termo tipo <strong>de</strong> texto<br />

subenten<strong>de</strong> a similarida<strong>de</strong> do texto originalmente <strong>de</strong>vida à reprodução repetida em<br />

uma área geográfica comum.<br />

Família subenten<strong>de</strong> uma relação bem mais íntima; por estudo, o arquétipo <strong>de</strong> tais<br />

manuscritos po<strong>de</strong> ser reconstituído, assim reduzindo os muitos membros da família a<br />

um manuscrito, que representa o estado do texto antes da transição para tempos<br />

posteriores, através <strong>de</strong> cópias sucessivas.<br />

Apesar <strong>de</strong> que A e Pi representam ambos uma forma antiga do tipo <strong>de</strong> texto bizantino,<br />

quando diferem um do outro.A tem variantes características dos manuscritos C,L e 33<br />

(tipo <strong>de</strong> texto alexandrino posterior), ao passo que Pi se caracteriza por variantes<br />

comuns às famílias 1 e 13 (texto cesareano).<br />

Outros Manuscritos Minisculos que Merecem Atenção são os Seguintes:<br />

Ms 28. Pertence ao século Xl, e tem variantes notáveis, seguindo principalmente as<br />

diferenças cesareanas, sobretudo no evangelho <strong>de</strong> Marcos. (Conteúdo: os<br />

evangelhos).<br />

Ms 33. E chamado rei dos manuscritos minúsculos, pois tem bom tipo <strong>de</strong> texto<br />

alexandrino, que é o mais antigo texto que há. Mais adiante neste artigo, damos<br />

explicações sobre as naturezas dos tipos <strong>de</strong> texto e listas <strong>de</strong> manuscritos referentes a<br />

cada grupo.<br />

A ms 33 pertence ao século IX, mas contém uma antiguida<strong>de</strong> textual bem maior. É<br />

provável que o escriba tenha copiado um ms uncial antiqülssirno, algo raro no caso<br />

dos manuscritos minusculos, mas que ocasionalmente sucedia. (Conteúdo: todo o<br />

Novo Testamento).<br />

Ms 61. Não se reveste <strong>de</strong> importância especial, mas é mencionado por ter sido o<br />

primeiro manuscrito grego a ser achado que incluía a passagem <strong>de</strong> 1 João 5:7,8 a<br />

<strong>de</strong>claração trinitária. Data do século XV ou XVI, e po<strong>de</strong> ter sido produzido com o fim<br />

precípuo <strong>de</strong> levar Erasmo a imprimir os versículos mencionados. Certamente esses<br />

versículos não faziam parte do original grego, mas se originaram como explicações<br />

escribais em certas versões latinas.<br />

Do latim, as palavras foram finalmente transferidas para o grego, mas entraram na<br />

tradição grega bem mais tar<strong>de</strong>.<br />

Quanto às notas completas sobre a questão, o leitor <strong>de</strong>veria consultar as evidências<br />

dadas em 1 João 5:7. (Conteúdo: todo o Novo Testamento).<br />

161


Ms 81. Data <strong>de</strong> 1044 D.C. É um dos melhores manuscritos minúsculos, bom<br />

representante do texto alexandrino <strong>de</strong> Atos, concordando com os melhores<br />

manuscritos minúsculos e papiros. (Conteúdo: Atos).<br />

Ms 157. Data do século XII e representa o tipo <strong>de</strong> texto cesareano. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

cópia feita para o imperador João Comeno (1118-1143). Muito se parece ao ms 33,<br />

porém mais ainda às Famílias 1 e 13 e Theta. Um colofão, achado no fim <strong>de</strong> cada<br />

evangelho, afirma que foi copiado e corrigido <strong>de</strong> antigos manuscritos, em Jerusalém.<br />

Vários outros manuscritos contêm esse mesmo colofão, a saber, o uncial Lambda e os<br />

minúsculos 20,164,215,262,300,376, 428,565,686,718 e 1071. (Conteúdo: os<br />

evangelhos).<br />

Ms 383. Vem do século XIII e representa o tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal. Esse tjpo <strong>de</strong> texto<br />

tem várias subdivisões, já que se <strong>de</strong>senvolveu em áreas geográficas da Europa, Norte<br />

da África e Roma. (Conteúdo: Atos, Epístolas Paulinas e Epístolas Católicas).<br />

Ms 565. Data do século XIII, mas evi<strong>de</strong>ntemente foi copiado <strong>de</strong> um manuscrito uncial<br />

muito mais antigo. Concordando com freqüência com o texto <strong>de</strong> Theta, é classificado<br />

como cesareano, embora também contenha muitas formas alexandrinas. É um dos<br />

mais belos entre todos os manuscritos do Novo Testamento, tendo sido escrito em<br />

letras douradas sobre pergaminho púrpuro.<br />

Contém o colofão mencionado na <strong>de</strong>scrição do manuscrito 157. (Conteúdo: os<br />

evangelhos).<br />

Ms 579. Pertence ao século XIII, mas preserva texto muito mais antigo, tendo o texto<br />

alexandrino em Marcos, Lucas e João, embora seja bizantino em Mateus. Tem dois<br />

términos para o evangelho <strong>de</strong> Marcos.<br />

Ms 614. E do século XIII, mas tem bom texto representativo do tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal<br />

(Conteúdo:Atos, Epístolas Católicas e Epístolas Paulinas).<br />

Ms 700. Do século XI ou XII, difere do Textus Receptus em 2724 particularida<strong>de</strong>s, 270<br />

<strong>de</strong>las completamente singulares em si mesmas. Seu texto é essencialmente<br />

cesareano, aliando-se com freqüência aos mss 565 e Theta, quando há variantes. Na<br />

versão lucana da oração do Pai Nosso, em lugar das palavras “Venha o teu reino”, lêse<br />

Venha sobre nós o Espírito Santo e nos purifique, conforme os textos conhecidos<br />

por Mároion e Gregório <strong>de</strong> Nissa, (Conteúdo: os evangelhos).<br />

Ms 892. Embora date do século IX ou X, <strong>de</strong>ve ter sido copiado <strong>de</strong> antigo manuscrito<br />

uncial, pois representa uma boa forma do texto alexandrino. O escriba preservou as<br />

divisões em páginas e linhas do manuscrito uncial <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se fez a cópia. (Conteúdo:.<br />

os evangelhos).<br />

Ms 1241. Vem do século XII ou XIII e apresenta o texto alexandrino, concordando<br />

freqüentemente. com C,L, Deita e 33, quando há variantes no texto. (Conteúdo: todo o<br />

Novo Testamento, exceto o livro <strong>de</strong> Apocalipse).<br />

Ms 1424 e Família 1424. Estes manuscritos apresentam o texto cesareano.<br />

O ms 1424 é o mais antigo do grupo, datando do século IX.<br />

Tem todo o Novo Testamento, na seguinte or<strong>de</strong>m: Evangelhos, Atos, Epístolas<br />

Católicas, Apocalipse, Epístolas Paulinas, com um comentário acerca <strong>de</strong> todos os<br />

livros, excetuando o Apocalipse, comentário esse escrito à margem.<br />

Outros manuscritos do mesmo grupo são M, 7,27,71,115 (Mat. e Marc.), 160 (Mat. e<br />

Marcos), 179 (Mateus e Marcos), 185 (I.ucas e João), 267,349,517,692 (Mateus e<br />

Marcos), 827 (Mateus e Marcos), 945, 954, 990 (Mateus e Marcos), 1010, 1082<br />

(Mateus e Marcos), 1188 (Lucas e João), 1194, 1207, 1223, 1293, 1391, 1402 (Mateus<br />

e Marcos), 1606, 1675 e 2191 (Mateus e Marcos).<br />

Ms 1739. Pertence ao séc. X. A importância <strong>de</strong>sse manuscrito não está em seu texto,<br />

mas em suas notas marginais, que foram compiladas dos escritos <strong>de</strong> Irineu, Clemente<br />

<strong>de</strong> Alexandria, Orígenes, Eusébio e Basílio. (Conteúdo do próprio manuscrito: Atos e<br />

Epístolas). O texto é alexandrino.<br />

Ms 2053. Data do século XIII, contendo o texto <strong>de</strong> Apocalipse com o comentário <strong>de</strong><br />

Ecumênio. Alguns eruditos consi<strong>de</strong>ram seu texto superior ao <strong>de</strong> P(47) e Aleph, quanto<br />

ao Apocalipse, comparando-o com o có<strong>de</strong>x A, no tocante a esse mesmo livro.<br />

162


Descricões das Versões e Escritos dos Pais da Igreja<br />

Abaixo apresentamos informações sobre as versões (traduções) feitas com base no<br />

grego, juntamente com a i<strong>de</strong>ntificação quanto ao tipo <strong>de</strong> texto.<br />

A Versão Latina: Há mais traduções latinas do Novo Testamento do que manuscritos<br />

gregos. Crê-se que as primeiras versões latinas vieram à luz em 150 D.C. Alguns<br />

estudiosos subdivi<strong>de</strong>m as versões latinas em três subcategorias: Africana;<br />

Européia; Italiana, que seria uma revisão das outras duas.<br />

As citações <strong>de</strong> Cipriano (258 D.C.) representam a forma africana; as citações <strong>de</strong><br />

Irineu, a forma européia; e as citações <strong>de</strong> Agostinho (350 D.C.), a forma italiana.<br />

Alguns eruditos disputam essa tríplice divisão, argumentando que o suposto ramo<br />

italiano é apenas uma forma da Vulgata.<br />

Seja como for, os manuscritos que trazem a versão latina em diversas apresentações,<br />

antes do advento da Vulgata (a qual foi uma tentativa para harmonizar e consolidar a<br />

tradição latina—382 D.C. em diante), são <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> Latim Antigo.<br />

Em cerca <strong>de</strong> 382 DC., o papa confiou a Jerônimo a tarefa <strong>de</strong> produzir uma versão<br />

latina autorizada, com o propósito <strong>de</strong> eliminar a confusão que surgiram naquele idioma<br />

com respeito aos manuscritos do Novo Testamento. Jerônimo queixou-se ante o papa<br />

<strong>de</strong> que havia quase tantas versões quanto havia <strong>de</strong> mss;Ilustrando a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

<strong>de</strong>claração, po<strong>de</strong>-se frisar que Lucas 24:4-5 tem pelo menos vinte e sete formas<br />

variantes nos mss em Latim Antigo que conhecemos, e isso é típico do que suce<strong>de</strong>u<br />

àqueles manuscritos.<br />

Assim é que Jerônimo, utilizando vários antigos manuscritos gregos e latinos,<br />

incumbiu-se <strong>de</strong> por em or<strong>de</strong>m a versão latina. Utilizou-se <strong>de</strong> manuscritos gregos<br />

essencialmente do tipo <strong>de</strong> texto alexandrino, bem como <strong>de</strong> manuscritos latinos que<br />

tinham uma antiqüíssima forma do texto oci<strong>de</strong>ntal.<br />

O resultado <strong>de</strong> seus labores foi uma boa versão, oci<strong>de</strong>ntal em seu caráter, porém mais<br />

próxima do tipo <strong>de</strong> texto alexandrino que as cópias posteriores da Vulgata. O seu<br />

texto, porém, não era tão bom quanto certos manuscritos em Latim Antigo.Essa<br />

tradução (ou compilação) recebeu o título <strong>de</strong> Vulgata, que. significa comum» (em<br />

latim, .vulgare significa tornar comum).<br />

A Vulgata, por conseguinte, tornou-se a Bíblia dos povos latinos.<br />

Manuscritos do Latim Antigo, Grupo Africano<br />

Co<strong>de</strong>x Palatinus, <strong>de</strong>signado pela letra “e” .<br />

As versões latinas são comumente i<strong>de</strong>ntificadas por letras minúsculas, ao passo que<br />

as letras maiúsculas representam os manuscritos gregos unciais. O có<strong>de</strong>x data do<br />

século V, contendo porções dos evangelhos. Apesar do có<strong>de</strong>x Palatinus ser<br />

essencialmente africano, foi modificado ao estilo europeu, e é similar ao texto usado<br />

por Agostinho.<br />

Co<strong>de</strong>x Fleurv, <strong>de</strong>signado “h”, é um palimpsesto do século VI, ou seja, manuscrito<br />

escrito por cima <strong>de</strong> um manuscrito em pergaminho, que fora usado para algum outro<br />

fim, mas que <strong>de</strong>pois fora apagado. Isso algumas vezes era feito porque o pergaminho<br />

era material escasso e <strong>de</strong> difícil preparo. O manuscrito contém cerca <strong>de</strong> 1/4 do livro <strong>de</strong><br />

Atos, juntamente com porções das Epístolas Católicas e o livro <strong>de</strong>’ Apocalipse.<br />

A tradução é bastante livre e há muitos r equívocos escribais.<br />

Co<strong>de</strong>x Bobbiensis, <strong>de</strong>signado “k”, data do começo do século V, e é o membro mais<br />

importante grupo africano.<br />

Contém apenas cerca da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mateus e Marcos. Há sinais paleográficos que<br />

indicam que esse manuscrito foi copiado <strong>de</strong> um papiro do século II.<br />

Contém o fim “mais breve” do evangelho <strong>de</strong> Marcos.<br />

163


Manuscritos do Latim Antigo, Grupo Europeu<br />

Co<strong>de</strong>x Verceilensis, <strong>de</strong>signado “a”, foi escrito por Eusébio, bispo <strong>de</strong> Vercélli, que foi<br />

martirizado em 370 ou 371. Depois <strong>de</strong> “k” é a mais importante <strong>de</strong> todas as versões do<br />

Latim Antigo. Contém somente os evangelhos.<br />

Co<strong>de</strong>x Veronensis, <strong>de</strong>signado “b”, data do século V, com um texto parecidíssimo ao da<br />

Vulgata que Jerônimo produzira. Contém os evangelhos quase completos, mas na<br />

seguinte or<strong>de</strong>m: Mateus, João, Lucas e Marcos.<br />

Co<strong>de</strong>x Colbertinus, <strong>de</strong>signado “e”, data do século. XII e contém os quatro evangelhos.<br />

E essencialmente europeus em sua natureza, mas com mistura <strong>de</strong> “formas africanas”.<br />

Co<strong>de</strong>x Bezae, <strong>de</strong>signado “d”, data do século V. É a porção latina do có<strong>de</strong>x D (Bezae),<br />

em grego. O latim, não parece ser tradução do grego do mesmo,<br />

manuscrito, mas preserva um texto latino que representa o século III D.C. Concorda<br />

ocasionalmente com k e as, quando todas as <strong>de</strong>mais, autorida<strong>de</strong>s diferem. Tem os<br />

evangelhos e o livro <strong>de</strong> Atos.<br />

Co<strong>de</strong>x Corbiensis, <strong>de</strong>signado “ff 2” data do, século V ou VI, contendo os quatro<br />

evangelhos, com um texto similar a “a” e “b”.<br />

Co<strong>de</strong>x Gigas, <strong>de</strong>signado “gig”, data do século XIII. mas contém um texto que<br />

representa o século IV em Atos e Apocalipse. Nesses livros, o texto é próximo das<br />

citações bíblicas <strong>de</strong> Lúcifer <strong>de</strong> Cagliari (na Sar<strong>de</strong>nha). Em um texto <strong>de</strong> menor valor, o<br />

manuscrito tem a Bíblia inteira em latim. E chamado Gigas por ser um gigante entre os<br />

manuscritos, pois cada página me<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 51 cm x 92 cm.<br />

Além do texto bíblico, contém as Etimologias <strong>de</strong> Isidoro <strong>de</strong> Sevilha, uma enciclopédia<br />

geral em 20 volumes. Alguns têm-no chamado <strong>de</strong> Bíblia do Diabos, <strong>de</strong>vido a lenda <strong>de</strong><br />

que foi produzida com a ajuda do diabo.<br />

Presumivelmente, o escriba que o produziu, recebeu essa tarefa por causa <strong>de</strong> alguma<br />

infração contra a disciplina no mosteiro. Esse escriba, porém, não queria fazer<br />

penitência, pelo que em uma única noite, com o auxílio do diabo, a quem conclamara,<br />

terminou o manuscrito.<br />

Assim diz a lenda.<br />

Os Mais Importantes Manuscritos da Vulgata Latina<br />

Co<strong>de</strong>x Amiatinus, 700 D.C., contém toda a Bíblia latina. Muitos críticos reputam-no o<br />

melhor manuscrito <strong>de</strong> todas as versões da Vulgata. E <strong>de</strong>signado A.<br />

Co<strong>de</strong>x cavensis, <strong>de</strong>signado “C”, data do século IX e contém a Bíblia toda.<br />

Co<strong>de</strong>x Dublinensis, também chamado Livro <strong>de</strong> Armagh, data do século VIII ou IX e<br />

contém todo o Novo Testamento, juntamente com a apócrifa Epístola <strong>de</strong> Paulo aos<br />

Laodicenses. Representa o que chama-se irlan<strong>de</strong>sa., que se caracteriza por pequenas<br />

adições e assertivas, mas aqui e ali evi<strong>de</strong>ntemente sofreu algumas modificações com<br />

base em mss gregos cesareanos. Esse manuscrito é <strong>de</strong>signado “D”.<br />

Co<strong>de</strong>x Ful<strong>de</strong>nsis, <strong>de</strong>signado “F”, data entre 541 e 546 D.C. Contém todo o Novo<br />

Testamento, juntamente com a apócrifa Epístola <strong>de</strong> Paulo aos Laodicenses. O seu<br />

texto é ótimo, similar ao <strong>de</strong> “A”. Os evangelhos, nesse manuscrito, são arranjados em<br />

uma única e contínua narrativa, evi<strong>de</strong>ntemente imitando o “Diatessaron” <strong>de</strong> Taciano,<br />

uma antiga .harmonia dos evangelhos (cerca <strong>de</strong> 170 D.C.).<br />

Co<strong>de</strong>x Mediolanensis, <strong>de</strong>signado “M”, data do, começo do século VI e contém os<br />

evangelhos. Tem um texto que se equipara em qualida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong> A e F, pelo que é um<br />

dos melhores manuscritos da Vulgata.<br />

Co<strong>de</strong>x Lindisfarne, <strong>de</strong>signado “Y”, data <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 700 e contém os evangelhos. É<br />

um texto similar ao <strong>de</strong> “A”, sendo acompanhado por um interlinear anglo-saxão, a<br />

mais antiga forma dos evangelhos no ancestral da Bíblia inglesa.<br />

Co<strong>de</strong>x Harleianus, <strong>de</strong>signado “Z”, contém os evangelhos e data do século VI ou VII.<br />

164


Co<strong>de</strong>x Sangailensis, <strong>de</strong>signado “N, data do século V, quando talvez Jerônimo ainda<br />

vivesse; contém os evangelhos, sendo a mais antiga versão da Vulgata daquela seção<br />

do Novo Testamento.<br />

Co<strong>de</strong>x P, data do século X. Contém os evangelhos, escritos em pergaminho púrpura<br />

com letras douradas.<br />

Edições da Vulgata<br />

O concílio <strong>de</strong> Trento (1546) or<strong>de</strong>nou a preparação <strong>de</strong> urna edição autêntica da Bíblia<br />

Latina, e essa foi executada por or<strong>de</strong>m do papa Sixtus V, que autorizou sua<br />

publicação em 1590.<br />

Uma bula papal ameaçava excomungar aqueles que modificassem seu texto, ou<br />

imprimissem o mesmo com listas <strong>de</strong> variantes.<br />

O papa Clemente VIII, em 1592, publicou outra edição autorizada, que diferia da<br />

anterior em quatro mil e novecentos casos.<br />

A bula ameaçadora, que acabamos <strong>de</strong> mencionar, não foi tomada muito a sério, e<br />

mais tar<strong>de</strong> se <strong>de</strong>clarou não ter sido <strong>de</strong>vida e canonicamente promulgada.<br />

Eruditos beneditinos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1907, têm feito um trabalho <strong>de</strong> revisão da<br />

Vulgata Latina; Antigo Testamento já foi publicado, mas prossegue o trabalho no caso<br />

do Novo Testamento.<br />

Em Oxford, um grupo <strong>de</strong> eruditos anglicanos produziu uma edição com aparato crítico<br />

<strong>de</strong> variantes. Isso foi iniciado por John Wordsworth e H.J. White. que no começo<br />

publicaram somente os evangelhos.<br />

O último volume, que contém o Apocalipse, foi completado por H.F.D. Sparks, em<br />

1954.<br />

Manuscritos da Vulgata são extremamente abundantes nas bibliotecas, museus e<br />

mosteiros da Europa, e é por essa circunstância que existem cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil versões<br />

latinas. A versão latina (sobretudo o Latim Antigo) nos dá nosso testemunho mais<br />

importante sobre o texto do Novo Testamento, excetuando os manuscritos gregos<br />

unciais e em papiro.<br />

Certamente o Latim Antigo contém melhor representação dos documentos originais do<br />

que os manuscritos minúsculos em grego.Nos manuscritos gregos, o texto oci<strong>de</strong>ntal<br />

está bem representado, especialmente pelo Có<strong>de</strong>x D. A discussão sobre os<br />

manuscritos gregos, unciais e minúsculos, <strong>de</strong>monstrou isso amplamente.<br />

O texto oci<strong>de</strong>ntal se caracteriza por paráfrases, adições, correções, omissões e<br />

algumas vezes, transmissão ou mudança <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m do material.<br />

No livro <strong>de</strong> Atos, o texto oci<strong>de</strong>ntal é tão diferente que constitui urna outra edição<br />

daquele livro. Ali, muito material foi adicionado que é provavelmente autêntico quanto<br />

às informações prestadas, mas não representa isso o texto original <strong>de</strong> Atos.<br />

A Versão Siríaca<br />

Se o Siríaco Antigo é normalmente i<strong>de</strong>ntificado com o tipo <strong>de</strong> texto «oci<strong>de</strong>ntal, seu<br />

texto não é completo ou coerentemente tal coisa, pois contém mistura <strong>de</strong> formas<br />

puramente alexandrinas e, algumas vezes, um texto todo seu.<br />

Apesar <strong>de</strong> admitirem sua gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> ao texto oci<strong>de</strong>ntal, alguns eruditos<br />

preferem chamar o Siríaco <strong>de</strong> texto Oriental, em distinção ao texto Oci<strong>de</strong>ntal. Porém,<br />

os mais recentes manuscritos siríacos têm um tipo comum <strong>de</strong> texto bizantino, como se<br />

esperaria com base no <strong>de</strong>senvolvimento histórico <strong>de</strong> seu texto, paralelo ao dos<br />

manuscritos do Novo Testamento em geral.<br />

As primeiras traduções siríacas provavelmente surgiram em cerca <strong>de</strong> 250 D.C., uni<br />

século <strong>de</strong>pois das traduções latinas.<br />

O Siríaco, apesar <strong>de</strong> nos fornecer antiqüíssimo e importante testemunho sobre o texto<br />

do Novo Testamento, não é tão importante quanto a versão latina.<br />

165


Os eruditos têm distinguido na tradição siríaca cinco níveis diferentes ou versões<br />

distintas, a saber:<br />

a-O Siríaco Antigo<br />

b-O Peshitto, ou Vulgata Siríaca<br />

c-O Fioxeniano<br />

d-O Hercleano<br />

e-O Palestjno<br />

Os manuscritos importantes <strong>de</strong>sse grupo, alistados, segundo as divisões acima, são<br />

os seguintes:<br />

A. O Siríaco Antigo: preserva somente os evangelhos, e é representado apenas por<br />

dois manuscritos:<br />

Co<strong>de</strong>x Sinaiticus, <strong>de</strong>signado Si(s), data do século IV ou V, e é o mais importante da<br />

tradição siríaca. Tem afinida<strong>de</strong>s com o tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal e alexandrino, embora<br />

tenha bom número <strong>de</strong> variantes que são distintamente suas, <strong>de</strong> tal modo que se diz<br />

que representa o texto Oriental.<br />

Co<strong>de</strong>x Curetoniano, <strong>de</strong>signado Si(c), data do século V. Exibe texto um tanto mais<br />

recente e inferior do que o Sinaiticus, mas ocasionalmente lhe é superior. Seja como<br />

for, os dois manuscritos representam, <strong>de</strong> modo geral, a mesma tradição textual.<br />

Fora dos evangelhos, o Siríaco antigo não sobreviveu com os manuscritos existentes.<br />

Sabemos algo <strong>de</strong> sua natureza — mediante citações do Novo Testamento por parte<br />

dos pais orientais da igreja.<br />

Porções do comentário <strong>de</strong> Efraem, contido em cópias gregas e armênias, provém<br />

informações sobre o caráter Oriental <strong>de</strong>sse texto.<br />

B. O Peshiito. Essa versão surgiu pelos fins do século IV, provavelmente a fim. <strong>de</strong><br />

suplantar as versões divergentes e em luta do Siríaco Antigo, mais ou menos como a<br />

Vulgata Latina suplantara o Latim Antigo.<br />

O cânon do Peshitto contém apenas 22 livros, já que II Pedro, II e III João, Judas e<br />

Apocalipse não eram aceitos como livros autorizados na igreja oriental <strong>de</strong> alguns<br />

lugares, senão já em data posterior.<br />

Até que a erudição recente mostrou outra coisa, geralmente se supunha que o<br />

Jerônimo da Versão Siríaca fosse Rábula, bispo <strong>de</strong> E<strong>de</strong>ssa (411-431 D.C.), porém,<br />

agora se pensa que sua versão foi a pré-Peshitto, que assinalou a transição do Siríaco<br />

Antigo para o Peshitto posterior.<br />

O Peshitto é representado por 350 manuscritos existentes, alguns dos quais recuam<br />

até o século V ou VI. Os mais antigos manuscritos do Peshitto têm muito das formas<br />

oci<strong>de</strong>ntal e alexandria, e até mesmo os posteriores são essencialmente oci<strong>de</strong>ntais fora<br />

do evangelho.<br />

Os evangelhos, entretanto, na maioria dos manuscritos posteriores ao Peshitto,<br />

evi<strong>de</strong>nciam o tipo <strong>de</strong> texto bizantino.<br />

C e D.As VersôesFiloxeniana e/ou Harcleana<br />

Os críticos textuais têm visto ser quase impossível <strong>de</strong>slindar os problemas textuais<br />

que envolvem essas versões.<br />

Os dois textos são <strong>de</strong>signados Si(ph) e Si(h).<br />

Mediante colofãos dos próprios manuscritos, alguns têm pensado que a versão teve<br />

sua origem com Filoxeno, bispo <strong>de</strong> Mabugue, em 508, e que ela foi reeditada em 616<br />

por Tomás <strong>de</strong> Harkel (Heraclea), bispo <strong>de</strong> Mabugue, o qual, supostamente, teria<br />

adicionado algumas notas marginais baseadas em alguns poucos antigos manuscritos<br />

gregos.<br />

Outros afirmam que Tomás <strong>de</strong> Harkel fez uma revisão completa, produzindo uma<br />

versão distinta. Se houve ou não duas versões, foi nesse tempo (durante o século VI)<br />

que as Epístolas Católicas menores e o Apocalipse (que até então eram rejeitados),<br />

foram adicionados ao cânon das igrejas sírias.<br />

166


No livro <strong>de</strong> Atos, o texto Harcleano é distintamente oci<strong>de</strong>ntal, e um dos mais<br />

importantes testemunhos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> texto, mas fora <strong>de</strong> Atos, o texto bizantino se<br />

impôs.<br />

Há cerca <strong>de</strong> 50 manuscritos que representam essa versão, ou versões. O melhor<br />

manuscrito <strong>de</strong>sse grupo data <strong>de</strong> 1170, mas um dos manuscritos existentes data; do<br />

século VII, e outro é do século VIII, dois são do século X, e o restante é posterior.<br />

E. O Siríaco Palestino. Essa tradição é <strong>de</strong>signada Si(pal), data do século V. Somente<br />

três manuscritos restantes representam essa versão, além <strong>de</strong> alguns fragmentos.<br />

Os manuscritos têm um dialeto siríaco diferente dos <strong>de</strong>mais manuscritos siríacos<br />

conhecidos, dialeto esse que po<strong>de</strong> ser com exatidão apodado <strong>de</strong> Aramaico Oci<strong>de</strong>ntal<br />

ou dudaico. Parece que Antioquia foi seu ponto <strong>de</strong> origem, e esse texto evi<strong>de</strong>ntemente<br />

era usado só na Palestina.<br />

O tipo <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>ssa versão é misto, embora alguns o chamam <strong>de</strong> Cesareano.<br />

F. A Versão Copta. O copta era a forma mais recente da antiga língua egípcia, que<br />

até os tempos cristãos era escrita em hieróglifos, mas que afinal adotou as letras<br />

maiúsculas gregas como símbolos.<br />

No tocante aos manuscritos do Novo Testamento há duas variações (dialetos) em seu<br />

texto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localização geográfica: o Saídico, do sul do Egito, que tem<br />

manuscritos que datam do século IV; e o Boárico, do norte do Egito, que tem um<br />

manuscrito do século IV, e o testo <strong>de</strong> origem posterior.<br />

Após o século IV, esses manuscritos se multiplicaram gran<strong>de</strong>mente, e o resultado é<br />

que há muitas cópias atualmente.<br />

Crê-se que a origem do Saídico é do século III, mas que o Boárico é um tanto mais<br />

tardio. Ambas as versões concordam essencialmente com o tipo <strong>de</strong> texto alexandrino,<br />

embora o Saidico, nos evangelhos e no livro <strong>de</strong> Atos, tenha mescla oci<strong>de</strong>ntal.<br />

G. O Armênio. Essa tradição teve seu começo no século V.<br />

Já foram catalogados 2.000 manuscritos.<br />

Alguns são do tipo <strong>de</strong> texto cesareano, mas outros são bizantinos., o que se po<strong>de</strong>ria<br />

esperar da data tardia em que essa tradição começou.<br />

Alguns eruditos apontam para Mesrope (falecido em 439 D.C.), um soldado que se<br />

tornou missionário cristão, como originador da versão armênia, presumivelmente<br />

traduzida do grego.<br />

Outros dizem que quem criou a versão, traduzindo-a do siríaco, foi o católico Sisaque<br />

(Isaue, o Gran<strong>de</strong>, 390-349), segundo diz Moisés <strong>de</strong> Carion, sobrinho e discípulo <strong>de</strong><br />

Mesrope. Alguns dizem que Mesrope a criou, com a ajuda <strong>de</strong> Sisaque.<br />

H. A Versão Geórgica. O povo da Geórgia caucásica, um distrito montanhoso<br />

agreste, entre os mares Negro e Cáspio, recebeu o evangelho durante a primeira parte<br />

do século IV. Supomos que a tradição geórgica <strong>de</strong> manuscritos não começou muito<br />

<strong>de</strong>pois disso, mas não possuímos quaisquer manuscritos <strong>de</strong> tempo anterior a 897. Seu<br />

tipo <strong>de</strong> texto é cesareano.<br />

Nos evangelhos temos o có<strong>de</strong>x Adysh (897) e o có<strong>de</strong>x Opiza (913), e suas<br />

<strong>de</strong>signações são Geó (1) e Geó (2).<br />

I. A Versão Etíope. Essa tradição conta com manuscritos do século XIII e mais tar<strong>de</strong>.<br />

Há cerca <strong>de</strong> mil manuscritos ao todo, representantes <strong>de</strong>ssa versão. Pertencem ao tipo<br />

<strong>de</strong> texto bizantino, o que é natural, levando em conta o início tardio <strong>de</strong>ssa tradução,<br />

em uma época em que o texto bizantino era dominante.<br />

J. A Versão Gótica. Algum tempo <strong>de</strong>pois dos meados do século IV, Ulfilas, apelidado<br />

Apóstolo dos Godos, traduziu a Bíblia do grego para o gótico, um antigo idioma<br />

germânico. Agora temos apenas alguns poucos fragmentos do século V em diante.<br />

São do tipo <strong>de</strong> texto essencialmente bizantino, com mistura <strong>de</strong> formas oci<strong>de</strong>ntais.<br />

O texto bizantino representado nessa versão, porém, é <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> anterior àquela<br />

que veio a ser solidificada no Textus Receptus.<br />

L. A Versão Eslavônica. O Novo Testamento foi traduzido para o Búlgaro Antigo,<br />

usualmente chamado Eslavônico Antigo, logo após os meados do século IX. Restam<br />

apenas alguns poucos manuscritos que datam do século IX em diante.<br />

167


Essa tradição tem um tipo <strong>de</strong> texto bizantino.<br />

M. As Versões Árabes e Peras. Alguns poucos manuscritos tem sido preservados<br />

nesses idiomas; mas a maioria dos eruditos crê que têm pouca importância para a<br />

crítica textual do Novo Testamento. No tocante ao árabe, os problemas estudados são<br />

complexos e continuam sem solução, pelo que é possível que essa versão seja mais<br />

importante do que se supõe. Todavia, não há qualquer manuscrito árabe anterior ao<br />

século VII, e não é provável que qualquer coisa <strong>de</strong> monta resulte <strong>de</strong> manuscritos cuja<br />

data é tão posterior.<br />

Os Pais da Igreja<br />

As citações dos antigos pais da igreja, dos séculos I a VI, nos têm provido rica fonte <strong>de</strong><br />

informações sobre o texto do Novo Testamento. Essas citações são numerosíssimas<br />

<strong>de</strong> tal modo que o Novo Testamento inteiro po<strong>de</strong>ria ser reconstituído através <strong>de</strong>las,<br />

mesmo sem a ajuda dos manuscritos gregos e das versões.<br />

As citações somente <strong>de</strong> Orígenes (254 D.C.) contêm quase todo o Novo Testamento,<br />

O problema das citações, como é óbvio, é que muitas <strong>de</strong>las eram feitas <strong>de</strong> memória,<br />

pelo que são inexatas, sobretudo as mais breves, que raramente eram copiadas.<br />

Apesar disso, tais citações são <strong>de</strong> valiosa ajuda, e é fácil <strong>de</strong>terminar o tipo <strong>de</strong> texto <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> os pais as citaram. O <strong>de</strong>senvolvimento histórico do texto do Novo Testamento<br />

po<strong>de</strong> ser percebido pelas citações dos pais, e não meramente pelos próprios<br />

manuscritos. Os mais antigos pais citam os tipos <strong>de</strong> texto alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal,<br />

alguns poucos são cesareanos, e somente na época <strong>de</strong> Luciano, no século IV, é que<br />

surge um tipo <strong>de</strong> texto bizantino, e mesmo assim trata-se <strong>de</strong> uma forma anterior <strong>de</strong>sse<br />

texto, e não do texto posterior e mesclado que transparece no Textus Receptus.<br />

Os Pais da Igreja e suas Datas<br />

Atos <strong>de</strong> Paulo e Tecla, II D.C.<br />

Africano, Júlio, III<br />

Ambrósio, 379<br />

Ambrosiastro, IV<br />

Apolinário, IV<br />

Atanásio, 373<br />

Agostinho, 430<br />

Barsalibi, 1171<br />

Beda, 735<br />

Crisóstomo 407<br />

Clemente Alexandrino, 212<br />

Pseudo-Clemente, Homilias, II e IV<br />

Clemente Romano, 1<br />

Cipriano, 250<br />

Cirilo, 444<br />

Diálogo <strong>de</strong> Timóteo e Áquila, V<br />

Didache, 130<br />

DionIsio, III<br />

Doroteu, VI<br />

Efraem (sírio), 378<br />

Epifânio, 402<br />

Eusébio, 340<br />

Eutálio, V<br />

Evangelium Patri, II<br />

Evangelium Hebraeos, II<br />

Fulgêncio, 533<br />

Gregório (Nazianzeno), 389<br />

168


Gregório (<strong>de</strong> Nissa), IV<br />

Irineu, II<br />

Isidoro Pelus, V<br />

Jerônimo, 420<br />

Justino, II<br />

Lúcifer, 371<br />

Márcion. II<br />

Nono, IV<br />

Orígenes, 254<br />

Papias. II<br />

Pelágio, IV/V<br />

Policarpo, 155<br />

Porfírio, III<br />

Primásio, VI<br />

Prisciliano, 385<br />

Pseudo-Inácio, V<br />

Pseudo-Vergilio, V<br />

Rufino, 410<br />

Teodoro, IV/V<br />

Tertuliano, 11/111<br />

Ticânio, IV<br />

Vergílio V<br />

Fontes <strong>de</strong> Variantes nos Manuscritos<br />

Conforme é bem sabido, não temos qualquer documento original <strong>de</strong> qualquer obra dos<br />

tempos antigos, e isso inclui os próprios documentos bíblicos.<br />

Portanto, qualquer restauração do texto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cópias.<br />

Também é verda<strong>de</strong> que, embora haja 5.000 manuscritos gregos e milhares <strong>de</strong><br />

traduções em vários idiomas, não existem dois documentos que sejam exatamente<br />

iguais. Até mesmo quando um manuscrito era copiado <strong>de</strong> outro, surgiam diferenças<br />

entre os dois. Sabemos, por exemplo, que o manuscrito <strong>de</strong>signado.<br />

E, é cópia do manuscrito D2, e que o manuscrito 489 é cópia do 1219, embora, na<br />

cópia, diversas variantes textuais tenham aparecido nesses manuscritos. Um escriba<br />

cuidadoso, do evangelho <strong>de</strong> Mateus, que realmente procurasse evitar variantes,<br />

produziria talvez 20 variantes por aci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>scuido, transposição <strong>de</strong> palavras,<br />

homoeoteleuton e homoeoarcteton, sinônimos, haplografia, etc.<br />

Um escriba <strong>de</strong>scuidado, que copiasse um livro do tamanho do evangelho <strong>de</strong> Mateus,<br />

facilmente produziria várias centenas <strong>de</strong> variantes. Alguns escribas modificavam<br />

propositalmente passagens que se adaptassem às suas doutrinas preconcebidas,<br />

e muitos <strong>de</strong>les harmonizavam passagens, especialmente entre os evangelhos e entre<br />

Colossenses e Efésios.<br />

O i<strong>de</strong>al dos críticos textuais é restaurar o texto do Novo Testamento até sua forma<br />

perfeitamente original.Apesar <strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al, talvez nunca po<strong>de</strong>r se efetivar antes do<br />

<strong>de</strong>scobrimento dos próprios originais ou autógrafos, todos aqueles que estão<br />

enfronhados nesse mister sabem que esse i<strong>de</strong>al, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> não ter atingido seu<br />

alvo absoluto, tem obtido uma aproximação notável.<br />

O Novo Testamento é o melhor confirmado <strong>de</strong> todos os documentos da história antiga,<br />

e a abundância <strong>de</strong> evidências, na forma <strong>de</strong> manuscritos gregos, traduções e citações<br />

dos primeiros pais da igreja, tem tornado possível a restauração <strong>de</strong> seu texto a um<br />

grau realmente admirável.<br />

Apresentamos abaixo os motivas dos erros e das variantes, nos manuscritos antigos<br />

do Novo Testamento:<br />

169


Variantes não Intencionais<br />

A erros mecânicos, equívocos da pena;na transposição <strong>de</strong> letras ou palavras<br />

substituição <strong>de</strong> sons similares ou <strong>de</strong> letrar e palavras similares confusão <strong>de</strong> letras e<br />

palavras, com outras <strong>de</strong> forma. e sentido diverso omissão simples, não intencional<br />

omissão por homoeotekuton (saltar <strong>de</strong> uma palavra para outra, <strong>de</strong>vido a términos<br />

semelhantes, ou saltar uma sentença ou parágrafo para outro, <strong>de</strong>vido a terminos<br />

semelhantes em ambos, com a omissão das palavras intermediárias).<br />

Os manuscritos antigos não traziam espaços entre as palavras.<br />

Ocasionalmente, divisões diferentes <strong>de</strong> palavras resultam em uma compreensão<br />

diferente das sentenças variantes ortográficas. As palavras do grego antigo, <strong>de</strong>vido à<br />

falta <strong>de</strong> padronização em dicionários escritos, e <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> vários dialetos,<br />

tinham muitas formas diversas na soletração.<br />

Ocasionalmente, uma soletração diferente po<strong>de</strong> envolver-se em um modo gramatical<br />

diferente, ou mesmo em dois vocábulos diversos, <strong>de</strong> significado totalmente diferente.<br />

Além disso, certas vogais ou ditongos que têm o mesmo som, podiam ser confundidos<br />

e um ser substituído por outro.<br />

Assim, com freqüência, se dava entre “umon”. e “emon”., estabelecendo diferença<br />

entre o pronome da segunda e da primeira pessoa.<br />

O ditongo ‘.ai’. veio a ser pronunciado do mesmo modo que a vogal “e”, com o<br />

resultado que o imperativo plural, na segunda pessoa, veio a ser pronunciado (em seu<br />

final) como o infinitivo passivo e médio, com modificação natural na significação.<br />

Essas formas <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>sastres’. ortográficos são numerosas no grego posterior erros em<br />

manuscritos ditados.<br />

Alguns manuscritos eram ditados <strong>de</strong> um escriba para outro, e o fato <strong>de</strong>ste último não<br />

ouvir corretamente provocava muitas variantes no texto. As variantes e erros <strong>de</strong>vido à<br />

restauração <strong>de</strong> certos manuscritos mutilados, que eram usados como exemplares na<br />

cópia, ou que eram simplesmente restaurados a fim <strong>de</strong> serem<br />

Variantes Intencionais<br />

A harmonia proposital <strong>de</strong> uma passagem com outra, máxima nos livros que têm<br />

passagens similares em outros livros. Isso suce<strong>de</strong>u com freqüência nos evangelhos, e<br />

em Colossenses em confronto com Efésios.Os melhoramentos gramaticais ou <strong>de</strong><br />

estilo.<br />

Livros como Marcos e Apocalipse, que, com freqüência tinham um grego <strong>de</strong>ficiente no<br />

original, foram aprimorados por escribas eruditos.<br />

As variantes litúrgicas: para fazer uma passagem melhor adaptada ao uso litúrgico,<br />

alguns escribas faziam modificações, omissões e adições.<br />

As variantes suplementares ou restaurativas. Alguns escribas se arrogavam o direito<br />

<strong>de</strong> adicionar narrativas ou comentários aos originais, a fim <strong>de</strong> darem melhores<br />

informações ou explicações. Ocasionalmente, tais adições contêm material histórico e<br />

geograficamente autêntico.<br />

Simplificação <strong>de</strong> frases difíceis. A tentativa <strong>de</strong> melhor entendimento levou alguns<br />

escribas a modificarem os originais. On<strong>de</strong> o grego é difícil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>-se<br />

esperar simplificações e modificações.<br />

As adições, a fim <strong>de</strong> injetar doutrinas em urna passagem, on<strong>de</strong> elas não figuram no<br />

original. 1 João 5:7, a “<strong>de</strong>claração trinitária”, é um claro exemplo disso: Também havia<br />

modificação para evitar alguma doutrina difícil. Assim, em João 1:18, as palavras<br />

Deus, o único gerado’., foram modificadas para Filho único gerado’. ou Filho<br />

unigênito’., como simplificação que busca evitar a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicar o que<br />

significaria o conceito <strong>de</strong> um Deus gerado.<br />

Os escribas não perceberam que uma pausa solucionaria o problema, a saber: único<br />

gerado, o próprio Deus’., <strong>de</strong> tal modo que ‘.único gerado’. ou ‘.unigênito’. se refere ao<br />

‘.Filho’., ao passo que o vocábulo Deus’. alu<strong>de</strong> à sua natureza essencial.<br />

Dessas e <strong>de</strong> outras maneiras, milhares <strong>de</strong> variantes entraram nos antigos manuscritos<br />

do Novo Testamento, e o trabalho <strong>de</strong> muitos críticos textuais tem sido o <strong>de</strong> restaurá-lo.<br />

170


Princípios da Restauração do Texto<br />

Tem sido mister examinar, comparar e selecionar laboriosamente os manuscritos do<br />

Novo Testamento a fim <strong>de</strong> se saber quais são melhores, não somente quanto à data,<br />

mas também quanto à data do texto.<br />

Esse estudo tem levado não só a um melhor conhecimento dos manuscritos,<br />

individualmente consi<strong>de</strong>rados, mas ao entendimento que, a grosso modo, pelo menos,<br />

eles se divi<strong>de</strong>m em vários grupos ou tipos <strong>de</strong> texto, usualmente seguindo áreas<br />

geográficas específicas on<strong>de</strong> foram produzidos.<br />

Os críticos textuais não mais apenas computam o numero <strong>de</strong> manuscritos <strong>de</strong> que<br />

favorecem certa variante, pois sabem que foram os manuscritos posteriores e<br />

inferiores, e não os melhores e mais antigos, que foram gran<strong>de</strong>mente multiplicados.<br />

Portanto, quase sempre, a variante errônea é a que conta com o maior número <strong>de</strong><br />

manuscritos a seu favor, pois foi durante a Ida<strong>de</strong> Média que se multiplicou o maior<br />

número <strong>de</strong> manuscritos, e então já se <strong>de</strong>senvolvera um texto mesclado, que continha<br />

muitas notas, harmonias, comentários e modificações feitas por escribas medievais.<br />

A luta por manter o Textus Receptus no trono, por pessoas honestas mas<br />

equivocadas, que usualmente lêem <strong>de</strong>ficientemente o grego e pouco ou nada<br />

conhecem no campo da crítica textual, é essencialmente a luta por reter a bagagem’.<br />

que o texto foi adquirindo através <strong>de</strong> séculos <strong>de</strong> transição.<br />

Tais pessoas ignoram o fato <strong>de</strong> que o texto bizantino (uma sua forma posterior se<br />

acha no Textus Receptus) nem ao menos existia senão já no século IV. Nenhum<br />

manuscrito grego ou versão traz essa forma antes disso, e nem se acha nos escritos<br />

<strong>de</strong> qualquer dos pais da igreja.<br />

Aqueles que consi<strong>de</strong>ram o Novo Testamento um documento inspirado não <strong>de</strong>veriam<br />

ansiar por reter as notas feitas por escribas medievais, negligenciando ignorantemente<br />

os papiros, os primeiros manuscritos unciais e os escritos dos primeiros pais da igreja,<br />

os quais usavam um Novo Testamento mais puro do que qualquer coisa do texto<br />

bizantino. Tudo isso é questão <strong>de</strong> registro histórico.<br />

Ao tratar com a massa <strong>de</strong> 5.000 manuscritos gregos, 10.000 versões latinas, vários<br />

milhares <strong>de</strong> manuscritos em outras versões e intermináveis citações do Novo<br />

Testamento, feitas pelos primeiros pais da igreja, foi sendo <strong>de</strong>scoberto, mui<br />

gradualmente, que a grosso modo os manuscritos, versões e citações po<strong>de</strong>m ser<br />

reduzidos a tipos <strong>de</strong> textos representativos.<br />

O primeiro passo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio para fora dos originais foi o texto alexandrino. Escribas<br />

eruditos aprimoraram a gramática e o estilo dos autores originais e intercalaram<br />

algumas interpolações. Contudo, o texto alexandrino é quase puro, talvez com a<br />

porcentagem <strong>de</strong> 2% ou 3% <strong>de</strong> erro.<br />

O primeiro passo radical para longe do texto original ou neutro (neutro, por não ter<br />

modificações, por ter permanecido puro segundo era originalmente) foi dado na Igreja<br />

oci<strong>de</strong>ntal. Muitas omissões e adições (algumas vezes <strong>de</strong> material historicamente<br />

autêntico, mas que no fazia parte dos originais) tiveram lugar.<br />

Escribas oci<strong>de</strong>ntais algumas vezes faziam paráfrases e transpunham material.<br />

Contudo, na contagem numérica real, as modificações do texto oci<strong>de</strong>ntal, quando<br />

confrontadas aos originais, não são muitas. Algumas vezes o texto oci<strong>de</strong>ntal repele<br />

interpolações. alexandrinas, e, nesses casos, está correto em comparação a todos os<br />

<strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> texto, pois as interpolações quase sempre foram retidas pelos textos<br />

cesareano e bizantino.<br />

Em seguida (cerca do século III) houve a mescla <strong>de</strong> manuscritos oci<strong>de</strong>ntais, e<br />

alexandrinos, sendo produzido o tipo <strong>de</strong> texto cesareano. Maior mescla ainda,<br />

juntamente com variegadas modificações, produziu o texto bizantino. Todas as fontes<br />

<strong>de</strong> variantes ventiladas sob o ponto V <strong>de</strong>ste artigo, operavam antes dos meados do<br />

século IV, e o texto bizantino (também chamado sírio ou koré), resultou disso.<br />

Mais adiante notaremos ainda mais particulamente os tipos <strong>de</strong> texto.<br />

171


Notemos agora a teoria da <strong>de</strong>scendência textual, que é aceita pela maioria dos<br />

eruditos mo<strong>de</strong>rnos, pelo menos <strong>de</strong> modo geral:<br />

Os originais do Novo Testamento foram completados nos fins do primeiro século, ou<br />

talvez, no caso <strong>de</strong> alguns livros, no começo do segundo século. A proporção que iam<br />

sendo enviados para as várias principais áreas geográficas do mundo, o palco foi-se<br />

armando para os tipos <strong>de</strong> texto, que representam tanto <strong>de</strong>senvolvimentos históricos do<br />

texto, como modificações nos originais que vieram a ser associadas a <strong>de</strong>terminadas<br />

áreas geográficas e centros cristãos.<br />

Em Alexandria, um centro <strong>de</strong> erudição, cópias dos originais, contemporâneas dos<br />

próprios originais, receberam certas modificações gramaticais e <strong>de</strong> estilo, além <strong>de</strong><br />

pequena dose <strong>de</strong> interpolações escribais, modificando-as na proporção <strong>de</strong> 2% ou,<br />

talvez, até 3% do texto. Através <strong>de</strong> vários séculos, os manuscritos que se originaram<br />

nessa área, talvez receberam tanto quanto 5% <strong>de</strong> modificação.<br />

Entrementes, em Roma e áreas circundantes, antes <strong>de</strong> 150 D.C., estava tendo lugar<br />

uma modificação mais radical do texto, o que nos <strong>de</strong>u o tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal, além<br />

do alexandrino.<br />

O texto oci<strong>de</strong>ntal foi submetido a adições <strong>de</strong> algum material autêntico, nos evangelhos<br />

e no livro <strong>de</strong> Atos, que não estava contido nos originais, isto é, algumas poucas<br />

<strong>de</strong>clarações e inci<strong>de</strong>ntes da vida <strong>de</strong> Jesus e dos apóstolos, além <strong>de</strong> informações<br />

topográficas.<br />

Mas muitas excisões e adições foram feitas meramente com base nas predileções dos<br />

escribas.<br />

A tradição latina, que começou em cerca <strong>de</strong> 150 D.C., naturalmente, refletia o texto<br />

grego das regiões on<strong>de</strong> o texto oci<strong>de</strong>ntal era produzido. Márcion usou esse tipo <strong>de</strong><br />

texto, tal como o fez (provavelmente) Taciano e, mais tar<strong>de</strong>, Irineu, Tertuliano e<br />

Cipriano, e com base nisso temos informações pelo menos bastante exatas sobre<br />

quando se <strong>de</strong>senvolveu esse tipo <strong>de</strong> texto.<br />

Pelos meados do segundo século, já estava bem <strong>de</strong>senvolvido, embora manuscritos<br />

posteriores <strong>de</strong>ssem mostras <strong>de</strong> níveis variados um pouco mais remotos dos<br />

autógrafos do Novo Testamento.<br />

No tocante ao texto Cesareano, alguns supõem que teve origem no Egito, tendo sido<br />

levado a Cesaréia por Orígenes, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi trazido a Jerusalém.<br />

Vários testemunhos cesareanos têm o chamado colofão <strong>de</strong> Jerusalém , e isso dá a<br />

enten<strong>de</strong>r que pelo menos alguns manuscritos cesareanos foram produzidos naquela<br />

localida<strong>de</strong>.<br />

Tal como no caso dos <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> texto, há níveis no tipo <strong>de</strong> texto cesareano, que<br />

refletem séculos anteriores ou posteriores. Os manuscritos que Orígenes trouxe do<br />

Egito, refletidos em P(45), W(Mar. 5:31—16:20), Fam. 1:13 e varios lecionários<br />

gregos, pertenciam a uma forma anterior <strong>de</strong>sse texto.<br />

No <strong>de</strong>senvolvimento subseqüente, encontramos um texto mais remoto dos autógrafos<br />

do Novo Testamento, preservado em Theta, 565, 700, em algumas citações <strong>de</strong><br />

Orígenes e Eusébio, na versão Armênia Antiga, e em alguns manuscritos do Siriaco<br />

Antigo.<br />

O texto cesareano parece ter-se <strong>de</strong>senvolvido original- mente por combinação dos<br />

textos alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal e teve seu surgimento nos fins do séc. II, que é o<br />

recuo máximo, porém, mais provavelmente, <strong>de</strong>senvolveu-se essencialmente no século<br />

III.<br />

Com a passagem do tempo, esse texto assumiu certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

incomum tanto ao texto alexandrino quanto ao texto oci<strong>de</strong>ntal, pelo que não e mera<br />

mescla daqueles dois. Assim sendo, tornou-se menos homogêneo <strong>de</strong>ntre os grupos<br />

<strong>de</strong> texto.<br />

Historicamente falando, isso foi apenas outro estágio no <strong>de</strong>senvolvimento na direção<br />

do texto bizantino.<br />

O primeiro pai da igreja a citar o texto bizantino foi Luciano, dos primórdios do século<br />

IV. Alguns supunham que o próprio Luciano ou algum associado ou associados, é<br />

172


quem preparou um texto mesclado, que tentava harmonizar cópias variantes que<br />

tinham chegado à atenção <strong>de</strong>les.<br />

Se houve ou não uma revisão proposital do texto, o certo é que, pela época <strong>de</strong><br />

Luciano, veio à existência um texto mesclado, que agora chamamos <strong>de</strong> bizantino,<br />

antioqueano ou koiné, e virtualmente não existe erudito que não reconheça esse texto<br />

como secundário.<br />

173


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L7<br />

1- Que período as pessoas usavam os amuletos ou talismãs?<br />

A-Séculos IV a XIII<br />

Séculos V a X<br />

2- Sem dúvida, eram usados, pelo menos em alguns casos, para afastar:<br />

A-Bons espíritos e boa sorte<br />

B-Maus espíritos e má sorte<br />

3- Quais foram os pais da igreja que escreveram contra os talismãs?<br />

A-Irineu e Orígenes<br />

B-Eusébio e Agostinho<br />

4- Há importantes traduções do original grego do Novo Testamento para:<br />

A-Dez idiomas antigos<br />

B-Onze idiomas antigos<br />

5- Quais eram os <strong>de</strong>z idiomas antigos?<br />

A-Latin, Siríaco, Coptia, Armênio, Geórgico, Etíope, ótico, Eslavônico, Árabe e<br />

Persa<br />

B-Inglês, Francês, Alemão, Árabe, Português, Espanhol, Eslavônico, Russo,<br />

Armênio,<br />

Persa<br />

6- As gran<strong>de</strong>s correntes <strong>de</strong> evidências que ajudam a estabelecer um texto digno <strong>de</strong><br />

confiança do Novo Testamento são:<br />

A-Os manuscritos do VT, as citações dos pais da Igreja<br />

B-Os manuscritos do NT, as citações dos pais da Igreja<br />

7- O que é có<strong>de</strong>x Alexandrinus?<br />

A-Um manuscrito em latin que contém a bíblia inteira<br />

B-Um manuscrito em grego que contém a bíblia inteira<br />

8- Qual é a data do Có<strong>de</strong>x Alexandrinus?<br />

A-Século VI d.C.<br />

B-Século V d.C.<br />

9- Atanásio III, no século XIV, trouxe o manuscrito <strong>de</strong>:<br />

A-Contantinopla para Alexandria<br />

B-Alexandria para Constantinopla<br />

10- Que manuscrito sobre a Bíblia inteira e encontra-se na Biblioteca do Vaticano, em<br />

Roma, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1475?<br />

A-Codéx Vaticanus<br />

B-Có<strong>de</strong>x Alexandrinus<br />

11- Que manuscrito está atualmente guardado na Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Paris,<br />

pertencente ao século V d.C?<br />

A-Có<strong>de</strong>x Ephraemi Siry Rescriptus<br />

B-Có<strong>de</strong>x Vaticanus<br />

174


12- Que manuscrito que pertencia a Teodoro Beza?<br />

A-Có<strong>de</strong>x Alexandrinus<br />

B-Có<strong>de</strong>x D ou <strong>de</strong> Bezae<br />

13- Qual a data do Có<strong>de</strong>x Washingtonianus II?<br />

A-Século VII d.C.<br />

B-Século V d.C.<br />

14- Có<strong>de</strong>x Regius I:<br />

A-Esse manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Londres<br />

B-Esse manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Paris<br />

15- Qual a data do Có<strong>de</strong>x Washingtonianus I?<br />

A-Foi produzido nos séculos V ou VI d.C.<br />

B-Foi produzido nos séculos IV ou V d.C.<br />

16- On<strong>de</strong> foi encontrado o Aleph: Có<strong>de</strong>x Sinalticus?<br />

A-Na peníncula <strong>de</strong> Sinal, mais exatamente no mosteiro <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

B-Na península <strong>de</strong> Sinai<br />

17- O que é Theta: Có<strong>de</strong>x Kori<strong>de</strong>thianus?<br />

A-É um manuscrito <strong>de</strong> importância mo<strong>de</strong>rna do século X d.C. pertence ao tipo<br />

comum <strong>de</strong> texto cesareano.<br />

B-É um manuscrito <strong>de</strong> importância mo<strong>de</strong>rna do século IX d.C. pertence ao tipo<br />

comum <strong>de</strong> texto bizantino.<br />

18- Luciano se utilizou <strong>de</strong> um:<br />

A-Antigo texto bizantino, e foi o primeiro dos pais da Igreja a usar este tipo <strong>de</strong><br />

texto<br />

B-Antigo texto cesareano, e foi um dos pais da Igreja<br />

19- Cite os três textos mais usados:<br />

A-Có<strong>de</strong>x D, Có<strong>de</strong>x Alexandrinus e Có<strong>de</strong>x Vaticanus<br />

B-O texto Bizantino, o texto Receptus e o texto Cesareano<br />

20- Antes do <strong>de</strong>senvolvimento do texto oci<strong>de</strong>ntal, houve o texto:<br />

A-Latino<br />

B-Alexandrino<br />

21- Quais os números dos manuscritos mais importantes?<br />

A-Há 2646 códices<br />

B-Há 2654 códices<br />

22- Todos esses manuscritos representam o grupo Cesareano, que traz esse nome<br />

porque se pensa que esse texto mesclado teve seu:<br />

A-Desenvolvimento histórico em Cesaréia<br />

B-Desenvolvimento histórico em Roma<br />

23- Tanto a Família I3 quanto a Família 1, representam o tipo <strong>de</strong>:<br />

A-Texto Cesareano<br />

B-Texto Bizantino<br />

24- O que é família P1?<br />

A-É o grupo mais numeroso <strong>de</strong> artigos relacionados entre si<br />

B-É o grupo mais numeroso <strong>de</strong> manuscritos relacionados entre si<br />

175


25- Quantos membros a família do P1?<br />

A-Conta com cerca <strong>de</strong> 200 membros<br />

B-Conta com cerca <strong>de</strong> 100 membros<br />

26- Que manuscrito pertence ao século XI?<br />

A-Ms 28<br />

B-Ms 25<br />

27- Que manuscrito é chamado “rei dos manuscritos minúsculos”?<br />

A-Ms 30<br />

B-Ms 33<br />

28- Que manuscrito se reveste <strong>de</strong> importância especial?<br />

A-Ms 59<br />

B-Ms 61<br />

29- Que manuscrito data do século XII e representa o tipo <strong>de</strong> texto cesareano?<br />

A-Ms 157<br />

B-Ms 158<br />

30- Que manuscrito do século XI ou XII , difere do Textus Receptus em 2724<br />

particularida<strong>de</strong>s?<br />

A-Ms 800<br />

B-Ms 700<br />

31- Crê-se que as primeiras versões latinas vieram à Luz em:<br />

A-150 d.C.<br />

B-130 d.C.<br />

32- Alguns estudiosos sibdivi<strong>de</strong>m as versões latinas em três subacategorias:<br />

A-Francesa, Inglesa e Africana<br />

B-Africana, Européia e Italiana<br />

33- As citações <strong>de</strong> Cipriano, 258 d.C, representam a forma:<br />

A-Africana<br />

B-Européia<br />

34- As citações <strong>de</strong> Irineu, a forma:<br />

A-Européia<br />

B-Americana<br />

35- As citações <strong>de</strong> Agostinho, 350 d.C., a forma:<br />

A-Italiana<br />

B-Francesa<br />

36- Que ano o papa confiou a Jerônimo a tarefa <strong>de</strong> produzir uma versão latina<br />

autorizada?<br />

A-382 d.C.<br />

B-381 d.C.<br />

37- A Vulgata, por conseguinte, tornou-se a:<br />

A-Bíblia dos Povos Latinos<br />

B-Bíblia dos Povos Saxônicos<br />

176


38- Um escriba cuidadoso, do evangelho <strong>de</strong> Mateus, que realmente procurasse evitar<br />

variantes, produzia talvez:<br />

A-20 variantes por aci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>scuido, transposição <strong>de</strong> palavras<br />

B-30 variantes por aci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>scuido, transposição <strong>de</strong> palavras<br />

39- Alguns escribas modificavam propositalmente pssagens que se:<br />

A-Adaptassem às suas doutrinas preconcebidas<br />

B-Adaptassem às suas culturas<br />

40- O i<strong>de</strong>al dos críticos modificavam propositalmente passagens que se:<br />

A-Texto do Velho Testamento até sua forma perfeitamente original<br />

B-Texto do Novo Testamento até sua forma perfeitamente original<br />

41- A tentativa <strong>de</strong> melhor entendimento levou alguns escribas a:<br />

A-Modificarem as cópias<br />

B-Modificarem os originais<br />

42- On<strong>de</strong> o grego é difícil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>-se esperar:<br />

A-Simplificações e modificações<br />

B-Alterações<br />

43- O primeiro passo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio para fora dos originais:<br />

A-Foi o texto bizantino<br />

B-Foi o texto alexandrino<br />

44- Contudo, o texto alexandrino é quase puro, talvez com a porcentagem <strong>de</strong>:<br />

A-2 ou 3% <strong>de</strong> erro<br />

B-3 ou 4% <strong>de</strong> erro<br />

45- Em seguida(cerca do século III) houve mescla dos manuscritos oci<strong>de</strong>ntais, e<br />

alexandrinos, sendo produzido o tipo <strong>de</strong>:<br />

A-Texto Cesareano<br />

B-Texto Bizantino<br />

46- Maior mescla ainda, juntamente com variegadas modificações, produziu o texto:<br />

A-Texto Bizantino<br />

B-Texto Cesareano<br />

47- No tocante ao texto Cesareano, alguns supõem que teve origem no Egito, tendo<br />

sido levado a:<br />

A-Cesaréia por Origenes<br />

B-Cesaréia por Irineu<br />

48- Quais os dois que em algumas citações mensionam a<br />

versão Armênia Antiga?<br />

A-Kant e Eusébio<br />

B-Orígenes e Eusébio<br />

49- O texto cesareano parece ter-se <strong>de</strong>senvolvido originalmente por combinação dos<br />

textos:<br />

A-Alexandrino e Oriental<br />

B-Alexandrino e Oci<strong>de</strong>ntal<br />

177


50- Qual foi o pai da igreja a citar o texto bizantino?<br />

A-Luciano<br />

B-Origenes<br />

178


LIÇÃO 8<br />

O fato <strong>de</strong> que nenhum ms grego e nenhuma versão contém o texto bizantino senão a<br />

partir do século V serve <strong>de</strong> prova absoluta <strong>de</strong> seu surgimento tardio; e <strong>de</strong>vemos nos<br />

lembrar que nenhum dos pais da igreja o citou, embora as citações feitas pelos pais<br />

dos três primeiros séculos sejam numerosíssimas, <strong>de</strong> muitos lugares do mundo, até o<br />

século IV.<br />

Se o texto bizantino existisse antes dos fins do século III ou dos primórdios do século<br />

IV, seria impossível que tantos pais da igreja, antes <strong>de</strong>sse tempo, e espalhados por<br />

todos os centros do cristianismo, tivessem evitado citá-lo.<br />

Deve-se notar também que as citações <strong>de</strong>sse texto, feitas por Luciano, e o texto do<br />

có<strong>de</strong>x A, nos evangelhos (século V — nosso mais antigo testemunho em seu favor)<br />

são <strong>de</strong> um remoto texto bizantino, e não daquele que transparece no Textus Receptus,<br />

que representa um tempo quando muitas outras formas e modificações já tinham sido<br />

incorporadas no texto, acerca do que Luciano nada sabia.<br />

A discussão acima indica algo tanto do <strong>de</strong>senvolvimento dos tipos <strong>de</strong> texto como suas<br />

importâncias relativas.<br />

Os princípios abaixo, relacionados à restauração do texto, no que se aplica aos tipos<br />

<strong>de</strong> texto, <strong>de</strong>correm <strong>de</strong>sses fatos:<br />

1. O Texto Bizantino, isoladamente, está sempre errado. Em outras palavras, se em<br />

favor <strong>de</strong> alguma forma, temos somente manuscritos bizantinos, é quase impossível<br />

que isso represente a forma original.<br />

2. O Texto Oci<strong>de</strong>ntal, isoladamente, raramente representa o original. A exceção a<br />

isso é quando o texto oci<strong>de</strong>ntal é mais breve que o alexandrino, sobretudo quando<br />

manuscritos cesareanos e bizantinos também são mais breves. Nesse caso, escribas<br />

oci<strong>de</strong>ntais evi<strong>de</strong>ntemente não copiaram certas interpolações do texto alexandrino.<br />

Essas formas são <strong>de</strong>nominadas por certos eruditos <strong>de</strong> não interpolações oci<strong>de</strong>ntais.<br />

Algumas vezes, <strong>de</strong>sse modo,escribas oci<strong>de</strong>ntais retiveram o original,em contraposição<br />

a todos os outros tipos <strong>de</strong> texto.<br />

3. O Texto Alexandrino, embora isolado, com freqüência retém a forma original, em<br />

contraposição a modificações posteriores que figuram nos <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> texto. Isso<br />

é verda<strong>de</strong> porque, quanto à data real, o texto alexandrino é mais antigo, faltando-lhe<br />

aquela bagagem posterior que se foi acumulando na transição do texto. Portanto, se<br />

tivermos um papiro, que juntamente com Aleph e Vaticanus, favorece alguma forma,<br />

contra todos os <strong>de</strong>mais testemunhos, apesar do vasto número <strong>de</strong> manuscritos que<br />

algumas vezes dizem o contrário, esses poucos manuscritos ainda assim preservam a<br />

forma do autógrafo.<br />

4. O Texto Alexandrino, quando concorda com o oci<strong>de</strong>ntal, quase sempre representa<br />

o original. As exceções são raríssimas.<br />

5. O Texto Cesareano, isoladamente, raramente ou nunca representa o original.<br />

A forma em Mat. 27:16, Jesus Barrabás (quanto ao nome daquele homem), em vez do<br />

simples Barrabás, talvez seja exceção a isso.Nesse caso, somente <strong>de</strong>terminados<br />

escribas da parte oci<strong>de</strong>ntal do mundo, permitiram que Barrabás se chamasse Jesus,<br />

embora fosse esse um nome comum naqueles dias.<br />

Portanto, a maioria dos escribas apagou o termo Jesus... Mas essa forma, que faz o<br />

texto cesareano ser corrigido em relação a todos os <strong>de</strong>mais, na realida<strong>de</strong> é apenas um<br />

aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> transmissão textual, e não um <strong>de</strong>senvolvimento natural e esperado disso.<br />

Em favor da forma aqui aludida temos Theta, Fam. 1 e o Si. Essa forma era conhecida<br />

<strong>de</strong> Orígenes, embora ele a tenha rejeitado,por ser algo textualmente impossível, mas<br />

porque cria que o nome <strong>de</strong> Jesus não <strong>de</strong>ve ser usado quanto a malfeitores .<br />

Outros Princípios Utilizados na Determinação do Texto Original<br />

O Novo Testamento, juntamente com notas sobre a evidência acerca dos tipos <strong>de</strong><br />

texto:<br />

1. É impossível chegar-se ao texto original meramente com a contagem do número <strong>de</strong><br />

manuscritos concordam com as variantes.<br />

179


Foram os manuscritos mais recentes e inferiores que foram gran<strong>de</strong>mente<br />

multiplicados, durante a Ida<strong>de</strong> Média. Isso é ABC no estudo do texto, sujeito a gran<strong>de</strong><br />

comprovação dos fatos, com base na consi<strong>de</strong>ração das versões e citações dos pais<br />

da igreja, bem à parte dos próprios manuscritos gregos.<br />

Procurando <strong>de</strong>terminar a forma original, mediante a escolha da variante que conta<br />

com o maior número <strong>de</strong> manuscritos, quase sempre somos levados à <strong>de</strong>cisão errônea.<br />

2. A contagem dos manuscritos mais antigos, por exemplo, os unciais dos primeiros<br />

seis séculos, é que mais freqüentemente nos fornecerá a forma original, e não o<br />

método acima mencionado, mas isso também é maneira incerta <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a forma<br />

original. Um ou dois manuscritos unciais, apoiados por um papiro, mais provavelmente<br />

terão a forma original do que aquela variante apoiada por uma dúzia <strong>de</strong> manuscritos<br />

do século V ou VI.<br />

Devemos nos lembrar que os estudos textuais têm podido reconstituir a história do<br />

texto, sabendo-se quando as variantes penetraram no texto. Portanto, supor, apenas<br />

por força do argumento ou <strong>de</strong> preconceito, que alguns dos manuscritos posteriores<br />

foram copiados <strong>de</strong> manuscritos mais antigos, do que alguns dos manuscritos<br />

verda<strong>de</strong>iramente antigos, é um exercício <strong>de</strong> futilida<strong>de</strong>.Um manuscrito po<strong>de</strong> ser datado,<br />

não meramente segundo o tempo <strong>de</strong> produção, mas também <strong>de</strong> ir acordo com a data<br />

do texto representada.<br />

As citações dos pais da igreja e o <strong>de</strong>senvolvimento das versões, possibilitam-nos<br />

<strong>de</strong>terminar as datas do texto dos manuscritos com bastante exatidão.Há alguns<br />

poucos manuscritos posteriores que encerram datas do texto remotas, e sabe-se quais<br />

são esses manuscritos.Não há adivinhação nesse tipo <strong>de</strong> pesquisa, pois há material<br />

abundante com que trabalhar, e <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> muitos séculos.<br />

Quando um manuscrito posterior tem uma data <strong>de</strong> texto antigo, geralmente se afasta<br />

do texto bizantino, aproximando- se dos textos alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal, ou, em alguns<br />

casos menos radicais, aproximando-se do texto bizantino antigo, afastando-se <strong>de</strong> um<br />

período bizantino posterior.<br />

3. Além <strong>de</strong> notarmos o tipo do texto geral <strong>de</strong> cada manuscrito que presta a sua<br />

evidência a uma forma particular, é mister <strong>de</strong>terminar que nível daquele tipo <strong>de</strong> texto é<br />

representado pelo manuscrito em pauta, remoto ou posterior.Todos os membros <strong>de</strong><br />

cada tipo diferem entre si. Seguindo o que é sugerido aqui, a data do texto do<br />

manuscrito em questão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada, e não meramente a data real <strong>de</strong> sua<br />

produção. A data do texto <strong>de</strong> um manuscrito é mais importante que a mera data <strong>de</strong><br />

sua produção.<br />

4. Deve-se dar preferência às formas mais breves, já que era natural que os escribas<br />

armassem o texto, tornando-o mais longo, em vez <strong>de</strong> abreviarem o mesmo.<br />

Uma exceção a isso ocorre quando os escribas encurtam a fim <strong>de</strong> simplificar. Formas<br />

mais longas do que os autógrafos, entretanto, são muito comuns no Novo Testamento,<br />

sobretudo <strong>de</strong>vido à ativida<strong>de</strong> harmonizadora, particularmente nos evangelhos e em<br />

outros lugares on<strong>de</strong> um livro é similar a outro, como no caso das epístolas aos Efésios<br />

e aos Colossenses.<br />

5. As formas difíceis, usualmente, representam o original, já que foram sujeitas à<br />

simplificação ou aclaramento, ativida<strong>de</strong> essa que produziu variantes.O trecho <strong>de</strong> João<br />

1:18 é um bom exemplo disso. A fim <strong>de</strong> evitar a doutrina aparentemente difícil do Deus<br />

unigênito, escribas modificaram o texto para o familiar Filho unigênito.Gramática<br />

<strong>de</strong>ficiente também foi corrigida, sobretudo quando o erro gramatical torna difícil a<br />

compreensão.<br />

6. Deve-se notar qual das variantes sob consi<strong>de</strong>ração mais provavelmente foi a causa<br />

da mudança no texto.<br />

A variante que parece ser a causa da modificação representa o texto original. Heb.<br />

10:34 é um excelente exemplo disso: há três formas <strong>de</strong>sse versículo.<br />

UMa <strong>de</strong>las diz: “Tivestes compaixão <strong>de</strong> mim em minhas ca<strong>de</strong>ias”.<br />

Outra <strong>de</strong>clara: “Tivestes compaixão <strong>de</strong> minhas ca<strong>de</strong>ias”.<br />

E a terceira afirma: “Tivestes compaixão dos prisioneiros”.<br />

180


Na forma traduzida, no tocante a esse caso em particular, é impossível <strong>de</strong>terminar<br />

qual <strong>de</strong>ssas três variantes provocou as outras duas. Mas, no grego, a tarefa torna-se<br />

fácil. A forma original era prisioneiros (confirmada em A D(1) H e nas versões latinas e<br />

siriacas em geral). Trata-se do termo grego <strong>de</strong>smiois.<br />

Aci<strong>de</strong>ntalmente, um “jota” foi retirado do vocábulo, produzindo <strong>de</strong>smois ou “ca<strong>de</strong>ias”<br />

(confirmado em P(46) Psi 81 e citado <strong>de</strong>sse modo por Orígenes). Porém, asseverar:<br />

“Tivestes compaixão <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias” não perfaz um bom sentido.<br />

Por isso os escribas adicionaram a palavra minhas, o que resultou em: “Tivestes<br />

compaixão <strong>de</strong> minhas ca<strong>de</strong>ias”, conforme Aleph e a tradição “koiné” em geral dizem.<br />

7. Se todos esses métodos expostos falharem, e a forma continuar em dúvida (o que<br />

raramente suce<strong>de</strong>), então será mister julgar pelo estilo e pelos hábitos do autor<br />

original.Consi<strong>de</strong>rando aquilo que certamente é autêntico no livro, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar,<br />

em muitos casos, que palavra ou expressão o autor original mais provavelmente teria<br />

utilizado.Consi<strong>de</strong>rando sua posição doutrinária normal, po<strong>de</strong>mos julgar algumas<br />

variantes que têm importância doutrinária.<br />

Talvez seja necessário consi<strong>de</strong>rar igualmente os hábitos dos escribas dos<br />

manuscritos, especialmente na escolha dos sinônimos e na soletração dos vocábulos.<br />

Um escriba podia introduzir em um manuscrito muitas variantes <strong>de</strong>sse tipo, levandoo<br />

a tornar-se ainda mais afastado do autógrafo do que o manuscrito que era copiado.<br />

Os Tipos <strong>de</strong> Texto e os Testemunhos que lhes Dizem Respeito<br />

O que expomos abaixo <strong>de</strong>ve tornar bem evi<strong>de</strong>nte quais tipos <strong>de</strong> texto são mais antigos<br />

e valiosos. Deve-se observar que quase todos os papiros ficam sob os tipos <strong>de</strong> texto<br />

alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal, o que também se dá no caso das citações dos pais da igreja.<br />

Deve-se notar que os tipos <strong>de</strong> texto cesareano e bizantino não contam com a<br />

confirmação <strong>de</strong> testemunhos senão já no século III e mais tar<strong>de</strong>.<br />

Tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal e seus testemunhos<br />

Papiros: papiros <strong>de</strong> números 5, 8 (parte), 19,25,27, 29,35 (parte), 38,41 e 48.<br />

Unciais: D,W (nos evangelhos), D EF e G (nas epístolas).<br />

Versões: Latina, Siríaca (parte) e Etiope.<br />

Pais: O grupo inteiro dos pais latinos ou oci<strong>de</strong>ntais, pais sírios até cerca <strong>de</strong> 450 D.C.<br />

Alguns pais gregos, pelo menos em parte: Irineu, Taciano, Clemente <strong>de</strong> Alexandrina,<br />

Eusébio,Orígenes (parte), Márcion, Hipólito, Tertuliano, Cipriano, Ambrósio, Agostinho,<br />

Jerônimo e Pelágio.<br />

Tipo <strong>de</strong> texto oriental ou cesareano e seus testemunhos:<br />

Papiros: papiros <strong>de</strong> números 37 e 45 (parte).<br />

Unciais: Theta, W(em Marcos), H(3), N e O.<br />

Minúsculos: Fam 1, Fam 13, Fam 1424, 565 e 700.<br />

Versões: Geórgica, Armênia e alguma Siríaca.<br />

Tipo <strong>de</strong> texto bizantino e seus testemunhos:<br />

Papiros. P, 42, 68. Que o tipo <strong>de</strong> texto bizantino tenha dois papiros representantes<br />

po<strong>de</strong> parecer significativo no princípio, para aqueles que preferem o Textus Receptus<br />

como bom representante do Novo Testamento original.<br />

Mas toda essa aparente significação <strong>de</strong>saparece quando consi<strong>de</strong>ramos duas coisas:<br />

primeira, esse texto é representado por dois papiros que incorporam somente 18<br />

versículos (Luc. 1:54-55; 2:29-32; 1 Cor. 4:12-17, 19—21; 5:1-3); segunda, esses mss<br />

datam dos séc. VII e VIII, bem <strong>de</strong>ntro do tempo em que o texto bizantino não só já se<br />

<strong>de</strong>senvolvera, mas também fora padronizado em mss unciais.<br />

Portanto, que esses mss foram escritos no material <strong>de</strong> nome papiro; foi apenas um<br />

aci<strong>de</strong>nte histórico, não indicando antiguida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira ou excelência <strong>de</strong> texto.<br />

Unciais. O número maior <strong>de</strong> manuscritos unciais, após o século V, pertence ao tipo <strong>de</strong><br />

texto bizantino.<br />

181


Nada há nisso <strong>de</strong> estranho, pois o texto bizantino antigo ja estava <strong>de</strong>senvolvido na<br />

primeira porção do século IV. Provavelmente, a revisão <strong>de</strong> Luciano (começo do século<br />

IV), que produziu uma espécie <strong>de</strong> padronização e texto mesclado, foi questão <strong>de</strong><br />

primeira importância ao fazer escribas posteriores copiarem e multiplicarem o tipo <strong>de</strong><br />

texto bizantino.<br />

Portanto, temos E,F,G,H,R,P,S,U,V,w (em Marcos e porções <strong>de</strong> Lucas), Pi, Psi,<br />

Ômega (todos nos evangelhos).<br />

O có<strong>de</strong>x A tem forma antiqüíssima do texto bizantino nos evangelhos, e talvez<br />

represente a revisão <strong>de</strong> Luciano.<br />

Fora dos evangelhos, esse manuscrito é alexandrino, e nos próprios evangelhos retém<br />

muitas formas alexandrinas que o Textus Receptus per<strong>de</strong>u.Data do século V, pelo que<br />

já seria <strong>de</strong> se esperar que tivesse esse tipo <strong>de</strong> texto, pois o texto alexandrino e os<br />

<strong>de</strong>mais, mais próximos dos autógrafos originais, já haviam sido mesclados no<br />

bizantino antigo.<br />

O resto dos manuscritos alistados, exceto W, é do século VI e <strong>de</strong>pois. No livro <strong>de</strong> Atos,<br />

o texto bizantino é representado por H,L,P e S; no Apocalipse, por 046,051 e 052.<br />

Minúsculos. a maior parte <strong>de</strong> todos os manuscritos minúsculos, que data do século IX<br />

e <strong>de</strong>pois, porquanto esse estilo <strong>de</strong> escrita à mão não era usado antes <strong>de</strong>sse tempo,<br />

encerra o tipo <strong>de</strong> texto bizantino.Isso é natural, consi<strong>de</strong>rando-se suas datas tardias,<br />

bem como o fato <strong>de</strong> que bem antes do século IX o texto já fora padronizado e<br />

mesclado e que esse texto mesclado subseqüentemente foi multiplicado muitas vezes.<br />

Versões. Esse texto é representado pelo Peshitto e pelo Eslavônico.<br />

O Siríaco Antigo, porém, é oci<strong>de</strong>ntal, com alguma mistura <strong>de</strong> cesareano e alexandrino.<br />

Pois Luciano (310 D.C.) exibiu o texto bizantino em seus primeiros estágios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento; pais da igreja comparativamente tardios, como Crisóstomo (407<br />

D.C.), Gregório <strong>de</strong> Nissa (395 D.C.) e Gregório Nissense (389 D.C.) usaram o texto<br />

bizantino em estágios diversos <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Como as Formas Corretas são Escolhidas; Quando há Variantes no Texto<br />

Mat. 14:47:<br />

Então alguém lhe disse: “Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora, <strong>de</strong>sejando falar<br />

contigo”.<br />

Os manuscritos que contêm esse versículo são C,D,Z,Theta, a tradição bizantina em<br />

geral e os manuscritos latinos a,b,c,e,f,g,h.<br />

Os manuscritos que omitem o versículo são Aleph, B,L, Gamma, os manuscritos<br />

latinos ff e k, e a tradição siríaca em geral.<br />

Em primeiro lugar, <strong>de</strong>ve-se notar que os mais antigos manuscritos omitem esse<br />

versículo.<br />

Nenhum manuscrito antes do século V o exibe.<br />

Notemos que os manuscritos da tradição alexandrina também o - omitem.<br />

Embora a vasta maioria <strong>de</strong> manuscritos o exiba, não são eles manuscritos importantes<br />

e fi<strong>de</strong>dignos, para nada dizermos <strong>de</strong> sua origem comparativamente recente.<br />

Examinando a evidência, parece que o versículo foi adicionado pela primeira vez na<br />

igreja oci<strong>de</strong>ntal, on<strong>de</strong> os escribas manuseavam o texto mui livremente.<br />

Dali o versículo também passou para o grupo cesareano, que foi antiga mescla dos<br />

textos alexandrino e oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Naturalmente, essa tradição foi transportada para a tradição bizantina, ou seja, para a<br />

gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> manuscritos, pois esse texto raramente omite qualquer “bagagem”<br />

acumulada no texto.<br />

A adição parece ter sido, originalmente, uma glosa escribal supérflua, baseada em<br />

informações claramente implícitas no vs. 46, que o antece<strong>de</strong>.<br />

A evidência esmagadora, porém, favorece a omissão.<br />

Mar. 3:32:<br />

182


“Eis que tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão <strong>de</strong> fora, perguntando por ti”.<br />

Retem tuas irmãs.<br />

Em contraste com a ilustração dada acima, aqui a <strong>de</strong>cisão é difícil.<br />

As palavras “e tuas irmãs; são omitidas na tradição alexandrina cm geral e no tipo <strong>de</strong><br />

texto cesareano em geral.<br />

São retidas nas tradições oci<strong>de</strong>ntal e bizantina “koiné”.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista dos tipos <strong>de</strong> texto, a <strong>de</strong>cisão pareceria fácil, pois a omissão é bem<br />

mais provável.Mas po<strong>de</strong>r-se-ia argumentar que a forma mais difícil, é a adição, já que,<br />

historicamente falando, é altamente improvável que as irmãs <strong>de</strong> Jesus<br />

acompanhassem sua mãe e seus irmãos em busca <strong>de</strong>le.Os costumes orientais<br />

dificilmente permitiriam tal coisa.Todavia, contra a i<strong>de</strong>ia que isso faria a adição sobre<br />

as irmãs tornar-se a forma mais difícil, é perfeitamente possível que escribas<br />

posteriores, com suas mentes bem afastadas dos costumes orientais, mecanicamente<br />

tenham expandido a lista a fim <strong>de</strong> incluir as irmãs.Não é provável que as palavras<br />

tivessem sido omitidas <strong>de</strong>liberadamente (se fossem autênticas), meramente por não<br />

serem sugeridas nos vss. 31 e 34, on<strong>de</strong> são mencionados os parentes <strong>de</strong> Jesus.<br />

Mas é possível que porque o próprio Jesus mencionou o termo irmãs, em 10:20, que<br />

alguns escribas tenham transportado esse vocábulo para o texto, no vs. 32, embora<br />

seja provável que Jesus não tenha feito qualquer alusão direta às suas próprias irmãs,<br />

em cap. 10.Parece altamente provável, pois, que a omissão é a forma correta, e<br />

certamente a evidência textuais positiva e objetiva assim o indica.<br />

Luc. 11:13:<br />

Se vós, pois, sendo maus, sabeis como dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais<br />

vosso Pai celestial vos dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?<br />

Os manuscritos que contêm as palavras Espírito Santo são P(45) Aleph, A B C R L, a<br />

Vulgata Latina, os pais da igreja Márcion e Tertuliano, bem como a tradição bizantina<br />

em geral.Em lugar <strong>de</strong> Espírito Santo., o manuscrito D e as versões latinas em geral<br />

dizem boa dádiva.O manuscrito cesareano Theta traz o plural, boas dádivas.<br />

Em prol dos termos Espírito Santo, <strong>de</strong>ve-se notar que a totalida<strong>de</strong> das tradições<br />

textuais, excetuando-se a oci<strong>de</strong>ntal, retém essa forma, que também é citada por<br />

alguns dos pais oci<strong>de</strong>ntais da igreja, pelo que nem mesmo a tradição oci<strong>de</strong>ntal<br />

favorece solidamente a modificação.<br />

E provável que boa dádiva; (ou boas dádivas.) tenha tido origem em um mero<br />

equívoco da pena <strong>de</strong> um escriba, em momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scuido, <strong>de</strong>vido à influência das<br />

palavras anteriores, boas dádivas, já genuinamente contidas no versículo.<br />

Esse equívoco subseqüentemente foi multiplicado, por ter sido copiado em outros<br />

manuscritos do tipo <strong>de</strong> texto oci<strong>de</strong>ntal, além <strong>de</strong> alguns poucos manuscritos do grupo<br />

cesareano.<br />

Heb. 10:34:<br />

“.. .tivestes compaixão <strong>de</strong> mim em minhas ca<strong>de</strong>ias....”<br />

Este versículo, conforme se diz mais acima, figi.ira em Aleph, Clemente e na tradição<br />

bizantina em geral.A forma ... .tivestes compaixão dos prisioneiros. figura em A,D,H,33<br />

e na maioria das versões latinas e siríacas.“tivestes compaixão <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias....” é a<br />

forma <strong>de</strong> P(46), Psi, 81, e das citações <strong>de</strong> Orígenes.<br />

Já que há manuscritos alexandrinos em favor <strong>de</strong> todas as três formas, a <strong>de</strong>cisão não<br />

po<strong>de</strong> ser tomada estritamente segundo as evidências dos tipos <strong>de</strong> texto.Há espécies<br />

<strong>de</strong> variantes dificílimas, pois <strong>de</strong>vemos abordar outras consi<strong>de</strong>rações além das <strong>de</strong><br />

caráter textual objetivo.A evidência textual objetiva parece favorecer a segunda ou a<br />

terceira <strong>de</strong>ssas formas. Mas a solução se <strong>de</strong>riva da observação <strong>de</strong> qual das três<br />

formas provavelmente provocou as outras duas.<br />

A forma das variantes, na tradução, apenas nos diria que a terceira não é provável, já<br />

que faz pouco sentido; mas quando examinamos os termos gregos envolvidos, a<br />

solução torna-se fácil.<br />

183


O original, sem dúvida, era: “...tivestes compaixão dos prisioneiros”, que traria o<br />

vocábulo grego <strong>de</strong>smiois, (prisioneiros).<br />

Por aci<strong>de</strong>nte, em algumas cópias, foi omitida a primeira letra jota, produzindo o termo<br />

<strong>de</strong>mois, que significa “ca<strong>de</strong>ias”, fazendo o texto dizer: “...tivestes compaixão <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>ias...” Mas isso não tinha sentido, pelo que outros escribas adicionaram o termo<br />

“minhas” (mou), fazendo com que o texto dissesse:“...tivestes compaixão <strong>de</strong> minhas<br />

ca<strong>de</strong>ias”. Essa forma, entretanto, conforme se po<strong>de</strong> perceber, surgiu como correção<br />

<strong>de</strong> um equívoco, pelo que dificilmente representa o original.<br />

O que fizemos acima, no caso <strong>de</strong> quatro variantes, é apenas minúsculo exemplo <strong>de</strong><br />

como as formas corretas são escolhidas quando há variantes no texto.Estas notas<br />

ventilam um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variantes do Novo Testamento, estabelecendo os<br />

princípios mediante os quais as formas corretas <strong>de</strong>vem ser selecionadas.A leitura<br />

daquele comentário dará aos interessados uma prática abundante na escolha das<br />

formas corretas.<br />

O Esboço Histórico da Crítica Textual do Novo Testamento<br />

Alguns dos primeiros pais da igreja, sobretudo Orígenes e Jerônimo, observaram as<br />

muitas variantes que tinham entrado no texto, criando confusão, e se preocuparam<br />

com isso, e ocasionalmente tentaram opinar sobre o assunto, distinguindo as formas<br />

melhores.<br />

Porém, foi somente após a invenção da imprensa que se fez qualquer coisa <strong>de</strong><br />

coerente e significativo no campo da crítica textual do Novo Testamento. Mesmo<br />

<strong>de</strong>pois da invenção da imprensa, o Novo Testamento Grego já surgiu tardiamente na<br />

cena dos textos impressos.<br />

O primeiro gran<strong>de</strong> produto da imprensa <strong>de</strong> Gutenberg foi uma magnificente edição da<br />

Bíblia, mas essa era a Bíblia <strong>de</strong> Jerônimo, a Vulgata Latina, publicada em Mains, entre<br />

1450 e 1456. Pelo menos cem edições da Bíblia latina se seguiram, <strong>de</strong>ntro dos<br />

próximos cinqüenta anos.<br />

Em 1488, uma edição da Bíblia hebraica completa foi impressa em Soncino na<br />

Lombardia, e antes do ano 1500 já tinham sido publicadas Bíblias em várias línguas<br />

vernáculas da Europa oci<strong>de</strong>ntal, a saber, em tcheco (boêmio), francês, alemão e<br />

italiano. Parte da <strong>de</strong>mora na produção do Novo Testamento grego se <strong>de</strong>veu à<br />

preparação <strong>de</strong> um caráter tipográfico aceitável para a igreja.<br />

De modo geral, foi reproduzida a aparência geral da forma manuscrita grega<br />

minúscula, mas os impressores, a princípio, incorreram no erro <strong>de</strong> tentar duplicar os<br />

muitos tipos variegados <strong>de</strong> letras, combinações <strong>de</strong> letras, etc., que se achavam nos<br />

manuscritos, pelo que tinham uma fonte <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 200 caracteres diferentes, em vez<br />

dos 24 necessários.<br />

Finalmente, toda essa variação foi abandonada, excetuando-se o sigma que se<br />

escreve no fim ou no meio das palavras, que diferem entre si.<br />

1. O car<strong>de</strong>al Ximenes, em 1502, começou a compilar um manuscrito grego para ser<br />

impresso. Mas o mesmo não veio à luz senão já em 1522.<br />

2. Erasmo (1516) foi o primeiro a compilar e imprimir o Novo Testamento Grego. Antes<br />

<strong>de</strong> 1535, esse texto já passara por quatro edições.<br />

O terceiro <strong>de</strong>sses tinha o texto que posteriormente recebeu o nome <strong>de</strong> Textus<br />

Receptus. Esse nome, a princípio, foi apenas um artifício <strong>de</strong> propaganda, um louvor<br />

exagerado do impressor <strong>de</strong> uma edição do tipo <strong>de</strong> texto que Erasmo usou.<br />

O termo não veio à existência senão em 1624, quando os irmãos Bonaventure e<br />

Abrahan Elzevir, impressores em Lei<strong>de</strong>n, fizeram a jactância <strong>de</strong> elogiarem sua própria<br />

publicação: “(o leitor tem) o texto que é agora recebido por todos, no qual nada damos<br />

<strong>de</strong> modificado ou corrompido”.<br />

Contudo, esse texto foi uma forma posterior -do texto bizantino, que a erudição<br />

mo<strong>de</strong>rna tem mostrado não ser evi<strong>de</strong>nciado por qualquer tipo <strong>de</strong> testemunho, como<br />

manuscritos gregos, versões ou citações dos pais, senão a partir do século IV.<br />

184


E mesmo quando surge um testemunho em prol <strong>de</strong>sse texto mesclado, é <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />

antiqüíssima do mesmo, bem mais próximo ao original do Novo Testamento do que é<br />

o Textus Receptus, que reflete um estágio do <strong>de</strong>senvolvimento do texto grego quando<br />

já se acumulara volumosa bagagem através dos séculos.<br />

O po<strong>de</strong>r que o Textus Receptus obteve se <strong>de</strong>veu ao fato <strong>de</strong> que não teve<br />

competidores na forma <strong>de</strong> textos impressos por longo tempo, e, por causa disso,<br />

aqueles que usavam o Novo Testamento Grego impresso, como base <strong>de</strong> suas<br />

traduções, naturalmente produziam o Novo Testamento nos idiomas vernáculos que<br />

retinham as formas que o Textus Receptus solidificara, mas que não faziam parte do<br />

Novo Testamento original. O povo se acostumara com essas formas, e suspeitavam<br />

<strong>de</strong> quem ousasse pronunciar-se contra elas.<br />

A <strong>de</strong>fesa ao Textus Receptus, na realida<strong>de</strong>, é uma <strong>de</strong>fesa às várias traduções feitas<br />

do mesmo com as quais os povos se tinham familiarizado.Aquilo que nos é familiar, ao<br />

que já <strong>de</strong>mos certa lealda<strong>de</strong>, e que é aceito por nós, <strong>de</strong>vido à familiarida<strong>de</strong>,<br />

estabelece no cérebro certa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> reações, e tudo quanto ouvimos ou lemos que<br />

não se adapta a essa ca<strong>de</strong>ia, nos faz sentir impacientes. Essa impaciência é tomada<br />

como se fosse uma reação espiritual contra algo, quando tudo não passa <strong>de</strong> uma<br />

reação cerebral à familiarida<strong>de</strong> ou não familiarida<strong>de</strong>.<br />

Devido a essa reação cerebral, que aceita o familiar e repele o não familiar, muitas<br />

formas, que constituem cerca <strong>de</strong> 15% do texto do Novo Testamento, mas que não<br />

po<strong>de</strong>m ser achadas em qualquer dos manuscritos gregos antes do século IV, e nem<br />

em qualquer outro testemunho, a maior parte do que só penetrou no texto em cerca do<br />

século VI, quando o texto bizantino veio a ser padronizado, continuam aferradas ao<br />

texto sagrado.<br />

Poucos entre aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m essas formas ao menos conhecem a sua história,<br />

e nem ao menos sabem que os manuscritos que serviram <strong>de</strong> base para sua<br />

compilação eram posteriores e inferiores em qualida<strong>de</strong>.<br />

Manuscritos Usados na Compilação do Textus Receptus (TR)<br />

Ms 1, datado do século X D.C. Esse manuscrito pertence ao tipo <strong>de</strong> texto cesareano.<br />

Ms 2, datado do século XII, o principal manuscrito usado por Erasmo, representa o<br />

estágio mais corrompido do tipo <strong>de</strong> texto bizantino (nos evangelhos).<br />

Ms 2 (Atos e Paulo), data do século XIII e representa o texto bizantino posterior.<br />

Ms 1 (Apocalipse), data do século XII, e vem do texto bizantino posterior.<br />

Além dos manuscritos gregos, Erasmo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u da Vulgata Latina quanto a algumas<br />

formas, especialmente no caso dos versículos finais do Apocalipse, para os quais ele<br />

não dispunha <strong>de</strong> qualquer manuscrito grego.Deve-se notar que ele não contava com<br />

qualquer manuscrito em papiro, que agora testifica sobre mais <strong>de</strong> 3/4 do Novo<br />

Testamento, fazendo-nos retroce<strong>de</strong>r ao século II. Também não tinha qualquer<br />

manuscrito grego uncial, dos quais agora possuímos cerca <strong>de</strong> 250, datados dos<br />

séculos IV ao IX.<br />

Infelizmente, Erasmo não fez melhor utilização nem mesmo dos manuscritos que<br />

tinha, porquanto o ms 1, do grupo cesareano, é muito superior aos <strong>de</strong>mais, que ele<br />

mais usou.Ele evitou esse texto por causa <strong>de</strong> sua suposta natureza errática. Mas tudo<br />

fez ele na ignorância, não tendo qualquer noção dos princípios da crítica textual, pois<br />

naquilo em que o texto do citado manuscrito era errático, era porque lhe faltavam as<br />

anotações, modificações e harmonizações, além <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong> erros feitos<br />

pelos escribas medievais, que tinham produzido um texto imensamente mesclado e<br />

expandido.<br />

A história da critica textual é, essencialmente a eliminação dos 15% <strong>de</strong> bagagem<br />

que os manuscritos gregos do Novo Testamento tiveram <strong>de</strong> sobrecarregar durante os<br />

séculos da transmissão do texto por meio <strong>de</strong> cópias à mão.<br />

185


Essa sobrecarga veio a ser solidificada rio Textus Receptus. Naturalmente, a maior<br />

parte <strong>de</strong>sses 15% não se reveste <strong>de</strong> qualqueer importância, pois envolve soletração<br />

<strong>de</strong> palavras, or<strong>de</strong>m diferente <strong>de</strong> palavras, sinônimos, etc.<br />

A <strong>de</strong>speito disso, porém, há variantes importantes que envolvem questões<br />

doutrinárias, e que justificam tudo quanto se tem feito na área da crítica textual. No<br />

entanto, o Textus Receptus e os papiros apresentam a mesma mensagem.O acúmulo<br />

inteiro <strong>de</strong> variantes não conseguiu modificar a mensagem, nem mesmo nas minúcias.<br />

No entanto, há certa dose <strong>de</strong> rearranjo <strong>de</strong> versículos que ensinam qualquer dada<br />

doutrina, pois o estudo tem eliminado alguns textos <strong>de</strong> provas e tem adicionado<br />

outros.<br />

Por exemplo, a divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo é ensinada em João 1:18 nos mss alexandrinos,<br />

mas não nos mss bizantinos.Em 1 Tim. 3:16, os mss bizantinos tem este ensino, mas<br />

os mss alexandrinos não.As diversas outras passagens centrais que ensinam a sua<br />

divinda<strong>de</strong> não trazem variantes críticas, pelo que a doutrina transparece com igual<br />

clareza no texto alexandrino ou bizantino.Se cremos ou não na divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo,<br />

isso não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da crítica textual ou — crítica baixa, e, sim, da “alta crítica”, isto é,<br />

daquela espécie <strong>de</strong> investigação ou raciocínio que vai além do que o texto diz, levando<br />

em conta muitos outros fatores, certos ou errôneos.<br />

Até mesmo os estudiosos mais liberais tem <strong>de</strong> admitir que o Novo Testamento ensina<br />

a divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo, mas muitos <strong>de</strong>les repelem esse ensinamento por outros<br />

motivos, históricos ou teológicos.<br />

E aqueles que se apegam à i<strong>de</strong>ia da inspiração verbal, <strong>de</strong>veriam ser os mais ansiosos<br />

por restaurarem o texto e eliminarem a bagagem <strong>de</strong> 15%, ainda que <strong>de</strong> modo geral,<br />

nenhuma questão doutrinária importante esteja envolvida.Muitas edições, <strong>de</strong> vários<br />

impressores, compiladas por diversos eruditos, mas que retinham o texto do Textus<br />

Receptus, foram impressas após a época <strong>de</strong> Erasmo. De 1546 em diante, Estéfano<br />

imprimiu várias edições do texto grego, que eram essencialmente parecidas ao Textus<br />

Receptus.<br />

Beza, amigo e sucessor <strong>de</strong> Calvino em Genebra, publicou nada menos <strong>de</strong> nove<br />

edições do Novo Testamento grego, entre 1565 e 1604, e uma décima edição foi<br />

publicada postumamente, em 1611.Quatro <strong>de</strong>las eram edições in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (as <strong>de</strong><br />

1565, 1582, 1588 e 1598), ao passo que as <strong>de</strong>mais eram reimpressões em pequeno<br />

número.<br />

Embora Beza possuísse o có<strong>de</strong>x D, <strong>de</strong>signado Bezae, em honra a seu possuidor,<br />

sendo esse o principal representante do texto oci<strong>de</strong>ntal (bem superior ao bizantino,<br />

embora contendo suas próprias falhas), seu Novo Testamento Grego não se <strong>de</strong>sviou<br />

muito do Textus Receptus. Suas edições ten<strong>de</strong>ram por popularizar e estereotipar o<br />

Textus Receptus.<br />

Os tradutores do King James Version (Bíblia Inglesa Autorizada), muito se valeram<br />

das edições <strong>de</strong> Beza, <strong>de</strong> 1588-1589 e 1598.<br />

Os irmãos Elzevir, Bonaventure e Abrahan, impressores em Lei<strong>de</strong>n, publicaram sete<br />

edições do Novo Testamento grego, seguindo bem <strong>de</strong> perto o Textus Receptus.<br />

Suas edições vieram a ser intensamente usadas nos Estados Unidos da América, tal<br />

como as <strong>de</strong> Estéfano foram usadas intensamente na Inglaterra.<br />

De 1516 a 1750, o Textus Receptus reinou sozinho, <strong>de</strong>vido à ausência da competição,<br />

para reconhecer o valor comparativo dos manuscritos.<br />

Em 1707 foi dado um gran<strong>de</strong> passo avante, porém, quando John Mill preparou um<br />

aparato crítico, utilizando-se dos manuscritos ABCD(2) E E(2) e K, paralelamente a<br />

vários manuscritos minúsculos, incluindo a rainha dos minúsculos, o ms33.<br />

Isso forneceu aos eruditos os meios para a compilação <strong>de</strong> um texto melhor; mas o<br />

próprio MilI não e aventurou a imprimir um texto diferente, mas antes, reteve o Textus<br />

Receptus. Mill compilou variantes entre 3040 dos quase 8.000 versículos do Novo<br />

Testamento, tendo usado 100 manuscritos ao todo; e também discutiu sobre as<br />

evidências patrísticas.<br />

186


Antes <strong>de</strong>sse tempo(1575), o Dr. John FelI, <strong>de</strong>ão da igreja <strong>de</strong> Cristo, e <strong>de</strong>pois bispo <strong>de</strong><br />

Oxford, fizera algo similar, e até usou o có<strong>de</strong>x B (Vaticanus), e evi<strong>de</strong>ncias extraídas<br />

das versões gótica e boárica; mas seu erro consistiu em não separar numa lista as<br />

evi<strong>de</strong>ncias dos manuscritos, tendo meramente indicado por números quantos<br />

manuscritos concordavam com cada variante, o que é quase inútil como base para a<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões em prol ou contra as formas.Por conseguinte, a obra <strong>de</strong> Mill foi<br />

muito mais significativa em termos <strong>de</strong> avanço da critica textual.<br />

J. Bengel (1734), um erudito luterano, <strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> passo à frente quando começou<br />

a classificar as formas como:<br />

a-excelentes (supostas como originais).<br />

b-melhores que as formas tradicionalmente impressas nos textos gregos (da<br />

varieda<strong>de</strong> do Textus Receptus).<br />

c-tão boas quanto às formas dos textos impressos conhecidos.<br />

d-inferiores formas que <strong>de</strong>vem ser rejeitadas.<br />

Ele usou o aparato e as confrontações <strong>de</strong> Mill, e adicionou algo <strong>de</strong> sua própria lavra.<br />

Bengel também iniciou a divisão das formas em categorias <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> texto, aludindo<br />

a texto asiáticos e africanos. Abandonou o método <strong>de</strong> meramente contar o números <strong>de</strong><br />

manuscritos quanto a qualquer variante, pois o mero número em favor <strong>de</strong> qualquer<br />

forma não indica autenticida<strong>de</strong>.<br />

Embora Bengel fosse homem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> pessoal, tendo feito avanços<br />

significativos em favor da restauração do Novo Testamento grego original, foi<br />

perseguido e chamado inimigo das Santas Escrituras.<br />

Jacó Wettstein (1693-1754), nativo <strong>de</strong> Basle, melhorou o texto e foi o primeiro que<br />

usou letras maiúsculas para os manuscritos gregos unciais, e letras minúsculas<br />

para os manuscritos gregos minúsculos.<br />

Por haver mexido no texto, foi <strong>de</strong>posto <strong>de</strong> seu pastorado e exilado. Mais tar<strong>de</strong>, porém,<br />

obteve a posição <strong>de</strong> professor <strong>de</strong> filosofia e hebraico na faculda<strong>de</strong> arminiana <strong>de</strong><br />

Amsterdã, e reiniciou seus estudos textuais.<br />

Em adição ao material textual, provou um léxico <strong>de</strong> citações <strong>de</strong> autores gregos, latinos<br />

e rabínicos, que continua sendo valioso tesouro da coletânea clássica, patrística e<br />

rabínica.Pessoalmente, não publicou ele qualquer novo texto do Novo Testamento<br />

grego, mas provou muitos novos confrontos e melhorou os antigos, que se tornaram<br />

valiosos para os eruditos posteriores.Continuou a usar o Textus Receptus em suas<br />

publicações, e Lançou as bases para o final afastamento daquele texto.<br />

Johan Salomo Semier melhorou o conhecimento das classificações dos<br />

manuscritos do Novo Testamento, distinguindo três revisões, a saber:<br />

a-alexandrina, <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> Orígenes, <strong>de</strong> manuscritos siríacos e das versões boárica e<br />

etíope.<br />

b-oriental, com os textos antioqueano e constantinopolitano (manuscritos usados pelas<br />

igrejas daquelas áreas).<br />

c-oci<strong>de</strong>ntal, com as versões e os pais latinos.<br />

Embora seus dois primeiros tipos <strong>de</strong> texto estivessem bastante confusos <strong>de</strong>vido a<br />

elementos heterogêneos, pelo menos ele viu que tais classificações podiam ser úteis<br />

no estudo textual.<br />

Antes do tempo que po<strong>de</strong>ria ser chamado <strong>de</strong> periodo da critica mo<strong>de</strong>rna’, outros<br />

seguiram a Semier.<br />

William Bowyer(1699-1777) usou e melhorou a obra <strong>de</strong> Wettstein, afastando-a mais<br />

ainda do texto do Textus Receptus.<br />

Compilou quase 2000 páginas <strong>de</strong> emendas conjecturais, que diziam respeito ao texto<br />

e à pontuação do Novo Testamento grego.<br />

Bowyer foi um dos mais eruditos impressores ingleses e <strong>de</strong> quem ha qualquer registro.<br />

Eduardo Harwood(1729-1794), um ministro não conformista, inglês, <strong>de</strong> Londres, em<br />

1776, publicou uma edição em dois volumes do texto do Novo Testamento, que se<br />

afastou do Textus Receptus em mais <strong>de</strong> 70% das variantes ventiladas.<br />

187


Quanto aos evangelhos e ao livro <strong>de</strong> Atos, ele usou o có<strong>de</strong>x Bezae, quanto às<br />

epístolas paulinas usou D(2), o Claromontanus, ou seja, utilizou-se <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> texto<br />

oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Entretanto, consultou outros manuscritos e incluiu anotações sobre particularida<strong>de</strong>s<br />

especiais.<br />

Johan Jakob Griesbach (1745-1812) marca o início da mo<strong>de</strong>rna crítica textual.<br />

Ele alistou os manuscritos em três grupos:<br />

a-Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

b-Alexandrino.<br />

c-Bizantino.<br />

Foi por esse tempo que o Textus Receptus, nos círculos da erudição em geral,<br />

começou a per<strong>de</strong>r terreno. Evidência esmagadora estava sendo montada para<br />

comprovar sua inferiorida<strong>de</strong>, para todos quantos quisessem <strong>de</strong>dicar tempo a essas<br />

consi<strong>de</strong>rações.Os textos <strong>de</strong> Griesbach, tal como os <strong>de</strong> Bengel e Semier, incluíam<br />

elementos heterogêneos.Por exemplo, ao grupo alexandrino ele atribuiu os escritos <strong>de</strong><br />

Orígenes, os manuscritos C,L e K, e as versões boárica, armênia, etíope e siríaca<br />

harcleana. Isso está longe <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> texto viável, mas combina o que agora se<br />

sabe pertencer aos tipos <strong>de</strong> texto alexandrino, cesareano e bizantino.<br />

Contudo, sua i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> manuscritos bizantinos’ posteriores (on<strong>de</strong> fez muitas<br />

i<strong>de</strong>ntificações corretas) como inferiores, foi um gran<strong>de</strong> avanço para o texto do Novo<br />

Testamento, afastando-o do texto mesclado que estava preservado no Textus<br />

Receptus. Além <strong>de</strong> seu trabalho com os tipos <strong>de</strong> texto, Griesbach estabeleceu muitas<br />

regras valiosas para os críticos textuais.Por exemplo, ele preferiu as formas mais<br />

breves, exceto quando estivessem envolvidos homoeoteleuton, homoeoarcteton, ou<br />

outros fatores. Além <strong>de</strong>sse cânon <strong>de</strong> formas mr breves, ele tinha catorze outras regras<br />

básicas para os críticos textuais.<br />

Karl Lachrnann (1793-1851), preferindo os manuscritos A,B,C e partes dos<br />

manuscritos H e fez voltar o texto ao século IV. Ele se afastou totalmente do Textus<br />

Receptus, e publicou um Novo Testamento baseado em seu aparato.Foi o primeiro<br />

erudito a romper claramente com o Textus Receptus, tanto no aparato quanto nas<br />

notas, bem como no uso <strong>de</strong> um texto grego totalmente diferente. Lachmann foi<br />

amargamente perseguido pelo que fizera, por homens que <strong>de</strong>veriam ser melhores<br />

conhecedores dos fatos, consi<strong>de</strong>rando o estágio a que a crítica textual chegara por<br />

esse tempo.<br />

Alguns queixavam-se <strong>de</strong> que ele se firmou sobre alguns poucos códices; e em muitos<br />

lugares isso expressa uma verda<strong>de</strong>.Não obstante, eram manuscritos verda<strong>de</strong>iramente<br />

antigos e fi<strong>de</strong>dignos, e o <strong>de</strong>scobrimento dos papiros provou que Lachmann tinha razão<br />

na maioria <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>cisões.Na Inglaterra, nos meados do século XIX, foi Samuel P.<br />

Tregeiles (1813-1875) quem teve maior sucesso em fazer os eruditos ingleses<br />

perceberem a falácia do apoio ao Textus Receptus. Ele continuou e melhorou a obra<br />

<strong>de</strong> Lachmann, retornando o texto cio Novo Testamento <strong>de</strong> volta aos séculos 11 e III<br />

D.C.<br />

Lobegott Friedrich (1815-1874), é aquele a quem <strong>de</strong>vemos maior agra<strong>de</strong>cimento,<br />

<strong>de</strong>vido à sua contribuição a estudo do texto do Novo Testamento.Escreveu mais <strong>de</strong><br />

150 livros e artigos, a maior parte dos quais diretamente ligados à crítica bíblica.<br />

Entre 1841 e 1872, preparou oito edições do seu justamente famoso Testarnen Grego,<br />

que contém gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> evidência, grega, patrística e das versões .<br />

É lamentável que ele não tenha tido qualquer acesso aos papiros, pois nesse caso sua<br />

obra até hoje se situaria entre as melhores e mais completas.Foi ele quem <strong>de</strong>scobriu,<br />

pessoalmente, o Có<strong>de</strong>x Sinaiticus e, por causa disso, sua preterência exagerada por<br />

suas formas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scontada, Deu preferência, quase sempre a qualquer forma<br />

que tivesse em seu favor tanto a Aleph (Sinaíticus) quanto a B (Vaticanus); e ao fazer<br />

assim, naturalmente, ele quase sempre tomou a <strong>de</strong>cisão correta. Sua preferência<br />

exagerada por Aleph, e o fato <strong>de</strong> que lhe faltava a evidência prestada pelos papiros,<br />

tornava impossível para ele fazer o texto voltar para o século I <strong>de</strong> nossa era; mas<br />

188


po<strong>de</strong>mos estar certos <strong>de</strong> que esse tipo <strong>de</strong> texto representa um <strong>de</strong>senvolvimento não<br />

posterior ao século II, com pequeníssima porcentagem <strong>de</strong> erro. Seu texto é<br />

essencialmente alexandrino, <strong>de</strong> tipo bem remoto. Tischendorf fazia seu trabalho como<br />

uma tarefa divinamente <strong>de</strong>terminada.Escreveu à sua noiva: Estou diante <strong>de</strong> uma<br />

incumbência sagrada, a luta para recuperar a forma original do Novo Testamento.<br />

Caspar René Gregory preparou para o texto <strong>de</strong> Tischendorf uma valiosa Prolegamena,<br />

e a publicou em três partes (Leipzig, 1884, 1890 e 1894).<br />

Esse volume foi publicado mais tar<strong>de</strong> na Alemanha em três volumes, sob o título<br />

Textkrítik <strong>de</strong>s Neuen Testamentes (Leipzig, 1900-1909).O sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar os<br />

manuscritos unciais mediante letras maiúsculas, e os manuscritos minúsculos por<br />

números, as versões latinas por letras minúsculas, e os papiros pela letra bem como a<br />

<strong>de</strong>signação dos manuscritos gregos unciais por O”, e mais um número (sendo que<br />

todas as letras gregas e latinas já haviam sido usadas), foi o sistema usado por<br />

Gregório, em parte tomado por empréstimo e em parte inventado, e esse é o sistema<br />

que até hoje se usa.<br />

Henry Alford (1810-1871) é melhor lembrado <strong>de</strong>vido a seu comentário sobre o Novo<br />

Testamento Grego, mas também merece ser mencionado por sua <strong>de</strong>fesa vigorosa<br />

dos princípios textuais que vários dos eruditos mencionados acima tinham formulado.<br />

De acordo com suas próprias palavras, ele trabalhava visando à <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> uma<br />

reverência indigna e pedante em favor do texto recebido, que se interpunha no<br />

caminho <strong>de</strong> toda a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a genuína Palavra <strong>de</strong> Deus .<br />

Em 1881, Brooke Foss Westcott (1825-1901) e Fentan John Anthony Hort (1828-1892)<br />

publicaram a edição crítica mais digna <strong>de</strong> nota do Novo Testamento Grego que já<br />

aparecera até seus dias.Foi publicada em dois volumes, um com o texto, e o outro<br />

com uma introdução e apêndice, no qual se exibiam os princípios críticos sobre os<br />

quais se fundamentava o texto <strong>de</strong>les, juntamente com a discussão <strong>de</strong> várias<br />

passagens problemáticas.<br />

Esses homens refinaram os princípios exarados por Griesbach, Lachmann e outros, e<br />

distinguiram quatro tipos <strong>de</strong> texto:<br />

a-Neutro, o grupo <strong>de</strong> manuscritos que atualmente chamamos <strong>de</strong> “Alexandrino remoto”,<br />

b-Alexandrino, que hoje em dia chamamos <strong>de</strong> “Alexandrino posterior”, compostos dos<br />

mss C,L, có<strong>de</strong>x 33, das versões coptas e das citações dos pais da igreja Clemente,<br />

Orígenes, Dionísio, Dídimo e Cirilo.<br />

Esses manuscritos foram por eles contrastados com o tipo neutro (ou o que julgavam<br />

ser o puro texto original, com modificações <strong>de</strong>sprezivelmente pequenas), que era<br />

representado pelos mss Aleph e B.<br />

É que no contavam com os papiros, a maioria dos quais também teria sido situada no<br />

grupo dos manuscritos neutros, se tivessem tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> examiná-los.<br />

c-Oci<strong>de</strong>ntal, composto do ms D e das versões latinas, D(p) e das citações <strong>de</strong> Márcion,<br />

Taciano, Justino, lrineu, Hipólito, Tertuliano e Cipriano.<br />

d-Siríaco, ou aquilo que atualmente <strong>de</strong>nominaríamos Bizantino, composto <strong>de</strong><br />

manuscritos posteriores, nenhum mais antigo que o século V, e a maioria posterior ao<br />

século VI, dos quais o Textus Receptus era a forma mais recente.<br />

A erudição mais recente tem confirmado, <strong>de</strong> modo geral, os princípios textuais <strong>de</strong><br />

Westcott e Hort, embora o “Neutro” seja atualmente reconhecido como texto não<br />

verda<strong>de</strong>iramente neutro, mas representante <strong>de</strong> texto antiqüíssimo, que incluía<br />

pouquíssimas interpolações e correções gramaticais feitas por escribas eruditos, que<br />

tentaram eliminar a natureza <strong>de</strong>sajeitada e a gramática <strong>de</strong>ficiente dos autores originais<br />

do Novo Testamento.<br />

Westcott e Hort é que cunharam a expressão não interpolações oci<strong>de</strong>ntais, em alusão<br />

aos lugares do texto oci<strong>de</strong>ntal on<strong>de</strong> haviam sido omitidas as interpolações «neutras’,<br />

ou simplesmente não eram conhecidas nas localida<strong>de</strong>s geográficas on<strong>de</strong> os<br />

manuscritos <strong>de</strong> cunho oci<strong>de</strong>ntal eram produzidos.Portanto, ficamos sabendo através<br />

disso que eles reconheciam que o seu texto “Neutro” não era 100% puro e, por<br />

conseguinte, não era 100% neutro.<br />

189


Bernhard Weiss (1827-1918), professor <strong>de</strong> exegese neotestamentária em Kiel e<br />

Berlim, produziu um texto do Novo Testamento grego em três volumes, em Leipzig,<br />

1894-1900. Embora operando sobre princípios diferentes, na escolha das variantes, o<br />

texto <strong>de</strong> Weiss se mostrou notavelmente similar ao <strong>de</strong> Westcott e Hort.<br />

Ele classificou os tipos <strong>de</strong> erros e, quando os achava, eliminava-os do texto.<br />

Esses erros são:<br />

a-harmonizações, sobretudo nos evangelhos.<br />

b-intercâmbio <strong>de</strong> palavras; c. omissões e adições.<br />

d-alterações da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> palavras, e variações ortográficas.<br />

Ele observou quais formas seriam mais apropriadas ao estilo e à teologia <strong>de</strong> cada<br />

autor sagrado, e escolheu as variantes que pareciam melhor harmonizar-se com o<br />

intuito geral do texto.<br />

Portanto, seu método foi essencialmente subjetivo; mas, mesmo assim, ele veio a<br />

encarar o co<strong>de</strong>x B (Vaticanus) como o melhor manuscrito isolado, coincidindo assim<br />

com a opinião <strong>de</strong> Westcott e Hort.<br />

Foi natural, pois, que Weiss, não menos que vários eruditos antes <strong>de</strong>le, se tenha<br />

.fastado tanto do texto do Textus Receptus.<br />

Hermann Freiherr Von So<strong>de</strong>n (1852-1913) publicou uma maciça e monumental edição<br />

do Novo Testamento.<br />

Seus princípios textuais, porém, representaram um retrocesso ao ponto <strong>de</strong> alguns<br />

terem chamado sua obra <strong>de</strong> fracasso magnificente.Porém, ele realizou uma gran<strong>de</strong><br />

obra no texto bizantino, conferindo-nos muitas classificações válidas quanto aos níveis<br />

<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento; e é <strong>de</strong>vido a isso que ele é relembrado, até on<strong>de</strong> vai a sua<br />

contribuição para os estudos textuais.Ele dividiu os manuscritos em três tipos <strong>de</strong> texto,<br />

cada qual representando uma área geográfica on<strong>de</strong> esses supostos textos se<br />

<strong>de</strong>senvolveram.<br />

Assim sendo teríamos: 1, para Jerusalém, K, para koiné, o nosso bizantino; e H, para<br />

o pai da igreja Hesíquio, que equivalia mais ou menos ao texto Neutro <strong>de</strong> Westcott e<br />

Hort, já que aquele pai usou uma varieda<strong>de</strong> bem remota do texto alexandrino.<br />

Von So<strong>de</strong>n situou nesses três grupos, tipos <strong>de</strong> manuscritos bem diversos, <strong>de</strong>tal modo<br />

que somente a classificação koiné po<strong>de</strong> mostrar-se autêntica.<br />

Além disso, ele preferia o grupo “I” como o mais próximo do original, e assim preferiu<br />

usualmente formas que hoje em dia chamaríamos <strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntais, ainda que seu grupo l<br />

sob hipótese alguma fosse um texto oci<strong>de</strong>ntal coerente.Situou ele nesse grupo os<br />

manuscritos D e Theta, um oci<strong>de</strong>ntal e outro cesareano, e tão diversificado era esse<br />

suposto texto I que lhe foi mister imaginar <strong>de</strong>zessete subgrupos.<br />

Equivocadamente, von So<strong>de</strong>n normalmente escolhia aquelas variantes que tinham os<br />

dois simples votos dos três grupos, embora se <strong>de</strong>va admitir que ele também tenha<br />

lançado mão <strong>de</strong> alguns outros princípios gerais.Não obstante, o texto que ele produziu<br />

era muito inferior ao <strong>de</strong> Westcott e Hort e <strong>de</strong> seus antecessores imediatos.<br />

Eberhard Nestie (1851-1913) preparou uma edição do Novo Testamento Grego para<br />

a Wurtembergische Bibelanstalt, Stuttgart, 1898, que atualmente já passou por 26<br />

edições, tornando-se a edição mais usada e famosa <strong>de</strong> todos os Novos Testamentos<br />

Gregos.Seu texto se baseia essencialmente sobre uma comparação dos textos<br />

editados por Tischendorf, Wescott e Hort e Berhard Weiss (todos já <strong>de</strong>scritos neste<br />

artigo), <strong>de</strong> tal modo que on<strong>de</strong> dois dos três concordam, isso é reputado como a forma<br />

original. Deve-se dizer, porém, que a 26a edição não segue essa regra<br />

inflexivelmente, porquanto são extraídas novas evidências dos lecionários e <strong>de</strong> outros<br />

manuscritos que antes não eram incluídos.<br />

O Novo Testamento Grego das Socieda<strong>de</strong>s Bíblicas Unidas: (três edições, a terceira,<br />

1975).O texto grego <strong>de</strong>ste Novo Testamento é igual ao texto <strong>de</strong> Nestle, mas as notas<br />

críticas (sobre variantes textuais) foram preparadas especificamente para tradutores.<br />

Um número menor <strong>de</strong> variantes é tratado, mas as explicações são mais <strong>de</strong>talhadas.<br />

Como companheiro do texto (3ª edição), as Socieda<strong>de</strong>s Bíblicas publicaram um<br />

Comentário Textual que discute as principais 2.000 variantes, oferecendo motivos para<br />

190


as escolhas feitas.Vários Eruditos Mo<strong>de</strong>rnos têm preparado estudos que melhoram<br />

nosso conhecimento nas diversas áreas da crítica do Novo Testamento; mas são por<br />

<strong>de</strong>mais numerosos para serem alistados e <strong>de</strong>scritos individualmente.<br />

Deve-se notar, porém, que os princípios gerais estabelecidos por Westcott e Hort,<br />

embora tenham sofrido algumas leves modificações, <strong>de</strong> modo geral, têm se<br />

comprovado válidos como meios <strong>de</strong> restauração do texto do Novo Testamento à sua<br />

forma original. Nenhum erudito mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> renome, no campo da crítica textual, que<br />

tem contribuído com publicações para esse terreno, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o Textus Receptus em<br />

qualquer forma, como o texto mais próximo do Novo Testamento original.<br />

Até as mais, conservadoras escolas que têm cursos <strong>de</strong> crítica textual, têm<br />

abandonado essa <strong>de</strong>fesa inútil a esse texto posterior e mesclado. Devemos um voto<br />

<strong>de</strong> agraiento, portanto, àqueles que, contra tão gran<strong>de</strong> oposição, tomaram a sério a<br />

sua tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>volver ao mundo um texto essencialmente puro do. Novo Testamento,<br />

e porquanto perceberam a serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu empreendimento, realizaram-na com zelo<br />

e <strong>de</strong>dicação.<br />

Os Manuscritos(Rolos) do Mar Morto<br />

O título Manuscritos do Mar Morto aplica-se a uma coleção <strong>de</strong> manuscritos antigos<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável importância para o estudo da Bíblia, especialmente quanto ao Antigo<br />

Testamento original.<br />

A data exata das primeiras <strong>de</strong>scobertas é incerta, embora saibamos que foi em cerca<br />

<strong>de</strong> 1947.Muitos manuscritos antigos, <strong>de</strong> natureza bíblica ou não, foram retirados <strong>de</strong><br />

uma série <strong>de</strong> cavernas da margem oci<strong>de</strong>ntal do mar Morto (o que explica o nome dado<br />

a esses manuscritos), bem como da área contígua, da Jordânia. A maior parte <strong>de</strong>sses<br />

manuscritos é <strong>de</strong> natureza bíblica, mas também h textos religiosos e seculares.<br />

Os idiomas envolvidos são o hebraico, o aramaico e o grego.<br />

Esses manuscritos não refletem um único período ou uma única condição. Antes,<br />

representam <strong>de</strong>pósitos feitos em diferentes ocasiões, ao longo <strong>de</strong> bastante tempo,<br />

entre os séculos I e VIII D.C., embora as datas da produção <strong>de</strong> alguns daqueles<br />

manuscritos recuem até antes da época <strong>de</strong> Cristo.Há alguns rolos bastante gran<strong>de</strong>s,<br />

mas a maioria do material chegou até nós sob a forma <strong>de</strong> meros fragmentos. Essa<br />

coleção tem fornecido nossas mais antigas cópias do Antigo Testamento, bem como<br />

cópias <strong>de</strong> várias obras apócrifas e pseu<strong>de</strong>pigrafas, como os livros <strong>de</strong> Enoque,<br />

Jubileus, o Testamento dos Doze Patriarcas, etc.Também há obras sectárias que<br />

iluminam o meio ambiente religioso da época, conferindo-nos material <strong>de</strong> pano <strong>de</strong><br />

fundo sobre João Batista e o cristianismo primitivo. No meio <strong>de</strong>sse material há antigas<br />

cópias da versão da Septuaginta, do Antigo Testamento.<br />

Além do valor histórico e religioso <strong>de</strong>sses manuscritos, veio à tona muita evidência a<br />

respeito da crítica textual do Antigo Testamento. Consi<strong>de</strong>rando tudo, po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar que essa foi a maior <strong>de</strong>scoberta isolada <strong>de</strong> manuscritos que abordam o Antigo<br />

Testamento, e que tem lançado uma gran<strong>de</strong> luz sobre a história da religião. Essa<br />

coleção também inclui alguns textos <strong>de</strong> natureza secular, como <strong>de</strong>spachos militares e<br />

documentos legais.Esse material nos tem ajudado a compreen<strong>de</strong>r a segunda revolta<br />

dos ju<strong>de</strong>us contra Roma, que se <strong>de</strong>u em 132 D.C.<br />

As primeiras <strong>de</strong>scobertas, que mostraram ser as mais importantes, vieram <strong>de</strong> onze<br />

cavernas das colinas <strong>de</strong> Qumran, cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis quilômetros a oeste <strong>de</strong><br />

Jerusalém.<br />

Um criador árabe da tribo Taamiré, aparentemente em 1947, ao procurar por uma<br />

cabra que se per<strong>de</strong>ra, entrou em uma das cavernas (atualmente chamada caverna<br />

Um), e ali <strong>de</strong>scobriu certo número <strong>de</strong> jarras, com cerca <strong>de</strong> 60 cm <strong>de</strong> altura.<br />

Dentro das mesmas encontrou rolos envoltos em pano <strong>de</strong> linho.Algumas <strong>de</strong>ssas jarras<br />

foram vendidas, através <strong>de</strong> um negociante,ao metropolita jacobita sírio,em<br />

Jerusalém.Outras Jarras foram adquiridas por E.L. Sukenik, professor da Universida<strong>de</strong><br />

191


Hebraica. Antes <strong>de</strong>le tê-las adquirido, outros eruditos haviam rejeitado os manuscritos-<br />

corno forjados, mas o Dr. Sukenik sabia que não era assim.<br />

Aqueles que o metropolita comprou foram i<strong>de</strong>ntificados por eruditos da American<br />

School of Oriental Research como antiguida<strong>de</strong>s genuínas, e foram publicados sob os<br />

auspícios da mesma. Por causa das condições políticas incertas e <strong>de</strong>vido à proibição<br />

da posse ilegal <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>s, o metropolita levou seus rolos para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova<br />

Iorque, tendo-os colocado à venda.Finalmente tornam comprados pelo governo<br />

israelense, por duzentos e cinqüenta mil dólares.<br />

Então foram guardados, como um tesouro nacional, em um edifico especialmente<br />

edificado para os mesmos, o Santuário do livro em Jerusalém.A American School of<br />

Oiiental Research, cujo diretor era J.C. Trever, reconheceu o valor dos manuscritos<br />

que para ali foram levados, e os fotografou. Algumas fotografias foram enviadas ao<br />

arqueólogo bíblico W.F. Albright, o qual ajuntou o seu parecer favorável, afirmando<br />

que os manuscritos do mar Morto haviam sido a mais importante <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> todos<br />

os tempos, envolvendo manuscritos do Antigo Testamento.<br />

Pesquisas subseqüentes <strong>de</strong>monstraram quão certo estava ele, nessa avaliação.<br />

A excitação da <strong>de</strong>scoberta original logo pôs os arqueólogos a trabalhar.Ruínas nas<br />

proximida<strong>de</strong>s foram escavadas sob a direção do padre Roland Vaux, da École Biblique<br />

<strong>de</strong> Jerusalém. Foi <strong>de</strong>monstrado que ali havia uma numerosa colônia.<br />

Dentro do complexo, foi encontrado um escritório que po<strong>de</strong> ter sido o lugar on<strong>de</strong> os<br />

rolos foram originalmente compostos e/ou copiados.Supôs-se que os manuscritos<br />

achados nas cavernas tinham sido feitos pela colônia, ou pelo menos, alguns daqueles<br />

manuscritos. possível que as cavernas tenham sido usadas como <strong>de</strong>pósitos, quando<br />

as tropas romanas avançavam em direção ao lugar. Essa hipótese é fortalecida pelo<br />

fato <strong>de</strong> que as jarras, testadas <strong>de</strong> acordo com a localização, apontam para um tempo<br />

entre 160 A.C. a 68 D.C. como a época da habitação.<br />

De acordo com Josefo, foi em cerca <strong>de</strong> 68 D.C. que a décima legião romana marchou<br />

até à área, a fim <strong>de</strong> suprimir a primeira rebelião judaica, o que levou à <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

Jerusalém, em 70 D.C. Esse foi outro gran<strong>de</strong> triunfo arqueológico.Os arqueólogos, em<br />

seguida, passaram a fazer uma exploração sistemática <strong>de</strong> todas as cavernas e <strong>de</strong><br />

outros lugares da área em redor.Des<strong>de</strong> 1951, onze cavernas foram exploradas, e as<br />

<strong>de</strong>scobertas mais importantes po<strong>de</strong>m ser sumariadas como segue:<br />

Duas cavernas no wadi Murabba’at, a quase <strong>de</strong>zoito quilômetros ao sul do local da<br />

primeira <strong>de</strong>scoberta, em Qumran: diversos manuscritos bíblicos do tipo massorético;<br />

um rolo dos profetas menores; cacos <strong>de</strong> barro inscritos em hebraico e em grego;<br />

papiros literários gregos, em fragmentos; moedas do tempo da segunda revolta dos<br />

ju<strong>de</strong>us (132-135 D.C.).Ruínas <strong>de</strong> um mosteiro, cerca <strong>de</strong> treze quilômetros a nor<strong>de</strong>ste<br />

<strong>de</strong> Belém, atualmente chamadas Khirbet Mird; manuscritos dos séculos V e IX D.C.;<br />

um manuscrito bíblico <strong>de</strong> origem cristã; e um manuscrito em grego e siríaco palestino.<br />

Esse material não está diretamente relacionado aos manuscritos do mar Morto.<br />

Caverna dois (2Q), na área <strong>de</strong> Qumran, que já havia sido saqueada pelos beduínos<br />

Ta’amireh, pelo que apenas alguns fragmentos <strong>de</strong> manuscritos foram ali encontrados.<br />

Caverna três (3Q). Ali foram encontrados 274 fragmentos <strong>de</strong> manuscritos escritos em<br />

hebraico e aramaico, além <strong>de</strong> alguns rolos <strong>de</strong> cobre, muito oxidados e dificílimos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cifrar. Quando foram <strong>de</strong>cifrados, <strong>de</strong>scobriu-se que continham informações sobre<br />

tesouros, o que levou alguns a pensar que seriam forjados, para adicionar excitação<br />

aos negócios <strong>de</strong> Qumran. Ou então, seriam escritos fictícios, românticos, antigos, mas<br />

inúteis.<br />

Caverna quatro (4Q). Fica a oeste <strong>de</strong> Khirbet Qumran. Foi <strong>de</strong>scoberta em 1952, on<strong>de</strong><br />

foram achados muitos manuscritos, com quase todos os livros do Antigo Testamento,<br />

juntamente com escritos apócrifos conhecidos e <strong>de</strong>sconhecidos, textos litúrgicos e<br />

outros livros. O rolo <strong>de</strong> Samuel é bastante parecido com o da versão da Septuaginta.<br />

As cavernas <strong>de</strong> números cinco a <strong>de</strong>z não produziram qualquer coisa <strong>de</strong> especialmente<br />

valiosa.<br />

192


Entretanto, a caverna onze, <strong>de</strong>scoberta em 1956, produziu alguns rolos significativos.<br />

O Estado <strong>de</strong> Israel adquiriu os manuscritos do mar Morto, os quais estão agora<br />

abrigados, juntamente com outros antigos documentos, na Universida<strong>de</strong> Hebraica, em<br />

Jerusalém, em um edifício especialmente erigido com esse propósito, chamado<br />

“Santuário do Livro”.<br />

Embustes literários são comuns, e datas fantásticas são reivindicadas para materiais<br />

forjados.Portanto, no começo, muitos eruditos mostraram-se abertamente te<br />

incrédulos acerca das datas calculadas para esse material.<br />

Porém, com o prosseguimento das pesquisas, o mundo gradualmente chegou a<br />

perceber que fora feita uma <strong>de</strong>scoberta realmente notável.Até então, os manuscritos<br />

em hebraico do A.T., em contraste com os manuscritos gregos do Novo Testamento,<br />

eram todos manuscritos <strong>de</strong> séculos pertencentes à Ida<strong>de</strong> Média, ou seja, muitos<br />

séculos distantes dos originais. Por ser fato conhecido que os escribas ju<strong>de</strong>us eram<br />

muito cuidadosos na cópia dos manuscritos, <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> respeito que tinham<br />

pelo Antigo Testamento, tem-se pensado que os manuscritos em existência, embora<br />

recentes, seriam cópias fiéis do original.<br />

Subitamente, porém, manuscritos <strong>de</strong> antes da era <strong>de</strong> Cristo caíram nas mãos dos<br />

eruditos, e agora a teoria po<strong>de</strong>ria ser submetida a teste.De modo geral, tem sido<br />

<strong>de</strong>monstrado que o texto hebraico massorético padronizado é um texto bom, embora<br />

não perfeito, e que, algumas vezes, as versões, particularmente a Septuaginta,<br />

preservam o original que, em outros lugares o texto massorético per<strong>de</strong>u.<br />

Conseqüentemente, a avaliação das versões subiu <strong>de</strong> conceito, enquanto que o texto<br />

hebraico padronizado foi rebaixado, apesar <strong>de</strong> que as mudanças envolvidas sejam<br />

relativamente pequenas.<br />

Critérios para Fixação <strong>de</strong> Datas<br />

São quatro:<br />

1-paleografia.<br />

2-fixação <strong>de</strong> datas com o auxílio do carbono 14.<br />

3-i<strong>de</strong>ntificação dos caracteres mencionados no comentário sobre o livro <strong>de</strong><br />

Habacuque.<br />

4-fixação <strong>de</strong> datas por meio <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> cerâmica.<br />

Esses quatro critérios têm fornecido várias datas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 150 A.C. até 40 D.C.<br />

Os testes por meio do carbono 14, <strong>de</strong>signados para <strong>de</strong>terminar a antiguida<strong>de</strong> da<br />

matéria orgânica, indicaram que as capas <strong>de</strong> linho foram manufaturadas em cerca <strong>de</strong><br />

33 A.C., embora com uma margem <strong>de</strong> duzentos anos para trás ou para diante. A<br />

fixação <strong>de</strong> datas mediante a menção <strong>de</strong> nomes próprios, mencionados no comentário<br />

sobre Habacuque, mostrou ser menos exata, por causa da ambigüida<strong>de</strong> do uso dos<br />

nomes, dificultando fixar qualquer lugar histórico.<br />

Presumivelmente, o Mestre da Justiça foi o pai fundador da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran,<br />

por sua vez associada aos essênios.Alguns eruditos têm envidado esforços para dar a<br />

impressão <strong>de</strong> que a base <strong>de</strong>ssas referências acha-se na história <strong>de</strong> Jesus, o Messias,<br />

dando a enten<strong>de</strong>r que gran<strong>de</strong> parte da história <strong>de</strong> Jesus foi criada a partir <strong>de</strong>sses<br />

informes fictícios. Portanto, tais esforços fracassam, sobre bases literárias e históricas.<br />

O método <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> datas por cacos <strong>de</strong> cerâmica mostrou que esses pedaços<br />

pertenciam ao período helenista do século 1 A.C., ou então ao período romano, a<br />

começar em cerca do século III D.C.<br />

Além dos quatro métodos acima explicados, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar as circunstâncias<br />

históricas. Se os manuscritos foram escondidos na caverna, tendo em vista a sua<br />

preservação, para a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran, para protegê-los dos exércitos romanos<br />

que avançavam, em cerca <strong>de</strong> 68 D,C., então <strong>de</strong>vem ter sido escritos um pouco antes<br />

disso.<br />

As evidências <strong>de</strong>monstram que as cavernas continuaram sendo usadas como<br />

<strong>de</strong>pósitos muito tempo <strong>de</strong>pois, ou seja, ate o século VIII D.C., embora isso não tenha<br />

qualquer ligação com o volume maior dos manuscritos bíblicos ali achados.<br />

193


Lista dos Manuscritos<br />

Duas cópias incompletas do livro <strong>de</strong> Isaias, bem parecidas com o texto massorético,<br />

embora com algumas significativas variantes, algumas das quais concordam com as<br />

versões, particularmente a Septuaginta.O Manual <strong>de</strong> Disciplina, um tipo <strong>de</strong> guia para a<br />

comunida<strong>de</strong> ascética que residia em Qumran.Eles se intitulavam <strong>de</strong> remanescente fiel,<br />

pelo que formavam uma espécie <strong>de</strong> movimento separatista, distinto da corrente<br />

principal do judaísmo. Presumivelmente estavam se preparando, no <strong>de</strong>serto, para a<br />

chegada do reino <strong>de</strong> Deus, ajudando Deus em sua batalha contra Belial e suas forças.<br />

Esse manual fornece regras para a admissão e conduta dos membros da comunida<strong>de</strong>.<br />

Havia regras para a comunida<strong>de</strong>, penas para os infratores, que iam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a perda <strong>de</strong><br />

refeições até à expulsão; havia sermões sobre os bons e os maus instintos humanos;<br />

havia instruções sobre o serviço Graças.<br />

Os temas incluídos nos mesmos são a iluminação espiritual dos eleitos, <strong>de</strong>voções,<br />

comunhão incluindo aquela com os anjos, o conflito contra o mal, e o triunfo final <strong>de</strong><br />

Deus.<br />

O manual militar, preparado especialmente para dar orientações próprias para o<br />

Armagedom, quando as forças <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> Beijai se enfrentarão no choque final. Os<br />

manuais militares dos romanos, como é claro, proviam a base das idéias ali contidas.<br />

Um comentário sobre os primeiros dois capítulos do livro <strong>de</strong> Habacuque. Ali<br />

encontramos o material sobre o Mestre da Justiça e seus inimigos, incluindo o Homem<br />

da mentira, uma espécie <strong>de</strong> anticristo.<br />

Uma paráfrase do livro <strong>de</strong> Gênesis, incluindo material lendário elaborado.Três<br />

fragmentos do livro <strong>de</strong> Daniel, <strong>de</strong> diferentes rolos, mas seguindo, essencialmente, o<br />

texto massorético.<br />

Duzentos fragmentos (caverna dois) <strong>de</strong> porções da Torá, dos Salmos, <strong>de</strong> Jeremias, <strong>de</strong><br />

Rute e <strong>de</strong> textos apocalípticos. É nesse ponto que entram também os manuscritos <strong>de</strong><br />

cobre, mencionados antes, e que não pertenciam à comunida<strong>de</strong> original <strong>de</strong> Qumran,<br />

porquanto <strong>de</strong>vem ter pertencido a um grupo <strong>de</strong> zelotes, que ali permaneceu durante a<br />

guerra <strong>de</strong> 66-73 D.C.<br />

Esses manuscritos parecem conter um inventário, em código, dos tesouros do templo,<br />

divididos em sessenta e uma parcelas em Jerusalém, bem como nos distritos a leste e<br />

ao sul da capital. A valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse material tem sido posta em dúvida.<br />

Trezentos fragmentos <strong>de</strong> manuscritos encontrados na caverna quatro, contendo cerca<br />

<strong>de</strong> uma terça parte dos livros canônicos do Antigo Testamento. Interessante é<br />

observar que, no cômputo total <strong>de</strong>sses manuscritos, encontrados nas várias cavernas<br />

<strong>de</strong> Qumran, estão representados todos os nossos livros do Antigo Testamento,<br />

excetuando o livro <strong>de</strong> Ester. Também foram <strong>de</strong>scobertos ali o livro <strong>de</strong> Enoque, o<br />

documento <strong>de</strong> Damasco, o Testamento <strong>de</strong> Levi, e outras obras similares.<br />

Um trecho do livro <strong>de</strong> Número contém um texto não-massorético com afinida<strong>de</strong> com<br />

as versões samaritana e da Septuaginta.<br />

Uma porção dos livros <strong>de</strong> Samuel exibe um tiro <strong>de</strong> texto como o da Septuaginta; mas<br />

uma outra porção <strong>de</strong>sses mesmos livros parece conter um texto superior tanto à<br />

Septuaginta quanto ao texto massorético.Muitos fragmentos <strong>de</strong> manuscritos, em más<br />

condições, foram encontrados na caverna número cinco, com trechos dos livros <strong>de</strong><br />

Reis, lamentações, Deuteronômio e uma obra apocalíptica em aramaico, intitulada<br />

“Descrição da Nova Jerusalém”.<br />

Várias centenas <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> papiro e <strong>de</strong> couro, contendo livros como Gênesis,<br />

Levítico, Reis, Daniel e obras apocalípticas extrabíblicas.Manuscritos regularmente<br />

bem conservados <strong>de</strong> Daniel e dos Salmos, encontrados na caverna onze. Ali também<br />

foi encontrado um targum em aramaico, do livro <strong>de</strong> Já, do século 1 A.C.<br />

A Khirbet Mird, que fora um mosteiro cristão, cerca <strong>de</strong> treze quilômetros a nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong><br />

Belém, continha manuscritos dos séculos. V a IX D.C., além <strong>de</strong> manuscritos<br />

bíblicos, <strong>de</strong> origem cristã, em grego e siríaco palestino.<br />

194


Esse material não tem ligação alguma com a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran e com os<br />

manuscritos do mar Morto. Mas, visto que foi elicontrado na mesma área geral, é<br />

mencionado como uma importante <strong>de</strong>scoberta arqueológica. Esse material inclui<br />

cartas particulares em árabe, dos séculos VII e VIII D.C., uma carta escrita em siriaco,<br />

por um monge cristão, e um fragmento do Andrômaco <strong>de</strong> Eurípe<strong>de</strong>s.<br />

Os textos bíblicos contêm pequenos trechos do Novo Testamento, <strong>de</strong> Marcos, <strong>de</strong><br />

João, <strong>de</strong> Atos e da epístola paulina aos Colossenses, dos séculos V a VIII D.C.<br />

O wadi Murabba ‘at, cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito quilômetros ao sul <strong>de</strong> Qumran, produziu certa<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> manuscritos, pertencentes principalmente ao tempo<br />

quando as cavernas daquela área foram ocupadas pelas forças <strong>de</strong> Kidhba, lí<strong>de</strong>r das<br />

forças judaicas em revolta contra Roma, em cerca <strong>de</strong> 132 D.C.<br />

Também foram encontrados fragmentos do Pentateuco e <strong>de</strong> Isaías, pertencentes ao<br />

século II D.C.<br />

A porção do livro <strong>de</strong> Isaías exibe um texto similar ao do texto massorético. Alguns<br />

poucos papiros escritos em hebraico por Simão Ben-Koshba, o li<strong>de</strong>r ju<strong>de</strong>u da segunda<br />

revolta judaica (132-135 D.C.), foram encontrados.<br />

Consistiam em comunicações com suas forças armadas da região.<br />

O fato <strong>de</strong> que foram escritos em hebraico <strong>de</strong>monstra que esse idioma continuava<br />

sendo uma língua viva, pelo menos ate o século II D.C. O material ali achado também<br />

inclui cartas particulares, escritas em árabe, pertencentes aos séculos VII e VIII D.C.,<br />

uma carta escrita em siríaco por um monge cristão, um fragmento da obra Andrômaco,<br />

<strong>de</strong> Eurípe<strong>de</strong>s, e alguns fragmentos neotestamentários <strong>de</strong> Marcos, <strong>de</strong> João, <strong>de</strong> Atos e<br />

<strong>de</strong> Colossenses, pertencentes aos séculos V a VIII D.C.<br />

Avaliações<br />

No que concerne ao texto do Antigo Testamento, especialmente quanto à exatidão do<br />

texto massorético padronizado, que é a base da atual Bíblia hebraica, po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar o seguinte:<br />

a-esse texto, embora confiável <strong>de</strong> modo geral, não representa uma única tradição.<br />

Antes, é a padronização <strong>de</strong> outras tradições textuais, mais ou menos como o Textus<br />

Receptus o é para o Novo Testamento.<br />

b-No século II D.C. havia pelo menos três recensões textuais, que eram: primeira, o<br />

texto protomassorético; segunda, o texto tipo Septuagínta; terceira, uma outra<br />

recensão que diferia das duas primeiras.<br />

O livro <strong>de</strong> Samuel circulou, nos tempos antigos, sob uma versão mais longa do que a<br />

do texto massorético ou a da Septuagínta, com diferenças significativas.Apesar <strong>de</strong> se<br />

saber atualmente que o texto massorético não era o único, mas apenas o texto mais<br />

vigoroso, que se tornou a Bíblia hebraica padronizada, as evidências gerais confirmam<br />

que se po<strong>de</strong> confiar nesse texto, <strong>de</strong> maneira geral.A confiança que os eruditos têm<br />

<strong>de</strong>positado nos cuidados dos escribas do Antigo Testamento é plenamente justificada,<br />

embora não daquela forma gloriosa que alguns esperavam.<br />

Paralelaniente, a Septuaginta e o Pentateuco Samaritano contam com alguns trechos<br />

autênticos, bem <strong>de</strong>finidos, que o texto massorético per<strong>de</strong>u.<br />

Um subproduto <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>scobertas é que nenhum livro do Antigo Testamento,<br />

incluindo o livro <strong>de</strong> Daniel, po<strong>de</strong> ser atribuído ao período dos Macabeus, visto que<br />

todos os livros achados em Qumran, inclujndo o <strong>de</strong> Daniel, eram cópias, o que<br />

significa que os originais tinham <strong>de</strong> ser ainda anteriores a essas cópias. No entanto,<br />

quão anteriores, continua sendo questão que po<strong>de</strong> ser legitimamente levantada no<br />

caso do livro <strong>de</strong> Daniel, Luz Histórica. Essênios? Cristianismo?<br />

Essas <strong>de</strong>scobertas nos têm fornecido muitas informações; sobre um segmento do<br />

judaísmo pré-cristão, que po<strong>de</strong>ria envolver os essênios.Talvez a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Qumran <strong>de</strong>va ser i<strong>de</strong>ntificada com uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> essênios, mencionada por<br />

Plinio, o Velho, que tinha se<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> En-Gedi.É difícil avaliarmos a questão, visto<br />

que a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran exibe algumas diferenças significativas quando a<br />

comparamos com os essênios.<br />

195


Em contraste com os essênios, essa comunida<strong>de</strong> praticava o matrimônio, contava com<br />

holocaustos <strong>de</strong> animais, não eram pacifistas e evitavam todo o contacto com o mundo<br />

exterior. Porém, contra isso po<strong>de</strong>-se argumentar que o próprio termo essênios era<br />

uma <strong>de</strong>signação elástica, que po<strong>de</strong>ria ter incluído comunida<strong>de</strong>s como aquela <strong>de</strong><br />

Qumran.<br />

A questão continua sendo <strong>de</strong>batida, e com resultados incertos.<br />

A Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran e o Cristianismo<br />

O Mestre <strong>de</strong> Justiça dificilmente po<strong>de</strong> ter servido <strong>de</strong> inspiração para criar Jesus, o<br />

Messias, embora aquele mestre exibisse algumas qualida<strong>de</strong>s messiânicas.<br />

O Novo Testamento tem sua própria história confirmatória que em muito ultrapassa<br />

teorias <strong>de</strong> invenção e <strong>de</strong> lenda, criadas por alguns eruditos liberais: As sugestões que<br />

dizem que João Batista e Jesus tiveram contactos com a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran e<br />

foram influenciados pela mesma, não passam <strong>de</strong> hipóteses.<br />

As diferenças doutrinárias negam a hipótese.<br />

Expressões comuns que são usadas, que também fazem parte do Novo Testamento<br />

como “filhos da luz e filhos das trevas”, o mestre Justo e o homem da mentira (o Cristo<br />

e o anticristo), a vida eterna, a luz da vida, etc, também eram comuns ao judaismo da<br />

época, e po<strong>de</strong>m ter sido tomadas por empréstimo do judaísmo em geral.Os<br />

manuscritos achados contam vários apocalipses judaicos, não restando dúvidas <strong>de</strong><br />

que a escatologia do Novo Testamento reflete esse material. Havia uma crescente<br />

tradição profética, começando pelas profecias veterotestamentárias, alicerçadas<br />

principalmente no livro <strong>de</strong> Daniel.<br />

A comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumram estava envolvida nessa tradição, como também o<br />

estiveram os autores do Novo Testamento. Idéias atinentes à angelologia e à<br />

<strong>de</strong>monologia não foram inventadas pela comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran.Eles também<br />

estiveram envolvidos no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa tradição, da mesma forma que o<br />

estiveram o judaísmo helenista e o cristianismo.Os membros daquela comunida<strong>de</strong><br />

falavam nos ‘últimos dias, no lago do fogo, no árduo trabalho do Messias, etc., i<strong>de</strong>ias<br />

essas que emergiram, naturalmente, da tradição profética.O cristianismo também<br />

pediu empréstimos <strong>de</strong>sse fundo.<br />

Para acompanharmos como os eruditos po<strong>de</strong>m cair em exageros, consi<strong>de</strong>remos a<br />

suposta ressurreição do Mestre da Justiça. Supõe-se que ele foi martirizado, mas,<br />

subitamente, reapareceu sob forma gloriosa e ressurrecta.Porém, tudo quanto está<br />

realmente envolvido é que ele foi ru<strong>de</strong>mente interrompido no cumprimento <strong>de</strong> seu<br />

oficio, no dia da expiação, e, pouco <strong>de</strong>pois, conseguiu reaparecer em seu costumeiro<br />

resplendor sacerdotal.<br />

O alegado banquete messiânico (que alguns têm dito ser paralelo à última Ceia), não<br />

passou <strong>de</strong> uma refeição ordinária, da qual participaram o rei e o sumo sacerdote.<br />

Portanto, um estudo mais sóbrio não vincula a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qurnran ao<br />

cristianismo, exceto no sentido <strong>de</strong> que ambos os grupos compartilhavam <strong>de</strong> vários<br />

particular e com o judaísmo em geral, mormente com o judaísmo helenista.<br />

6. Uso dos Livros Apócrifos e Pseu<strong>de</strong>pigrafos.<br />

A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> muitas obras <strong>de</strong>sse tipo, entre os manuscritos do mar Morto,<br />

<strong>de</strong>monstrou que, bem às portas <strong>de</strong> Jerusalém, tais obras eram usadas como livros<br />

sagrados.<br />

Portanto, não era apenas nos lugares afastados da Palestina que esses livros eram<br />

respeitados e usados. Sabemos que vários escritores do Novo Testamento os<br />

empregaram, com base em citações que fizeram dos mesmos, no Novo Testamento.<br />

Concernente a Crítica Bíblica tenho a concluir e a dizer que Deus que é o próprio<br />

Autor original da Bíblia, jamais permitiria que algum texto que viesse a ser bem<br />

conhecido po<strong>de</strong>ria ser tão distorcido a ponto do homem per<strong>de</strong>r sua salvação.<br />

196


<strong>BIBLIOLOGIA</strong><br />

L 8<br />

1- O fato que nenhum manuscrito grego e nenhuma versão contém o texto bizantino<br />

senão a partir do:<br />

A-Século V<br />

B-Século X<br />

2- O texto Bizantino, isoladamente, está:<br />

A-Sempre certo<br />

B-Sempre errado<br />

3- O texto oci<strong>de</strong>ntal, isoladamente, raramente:<br />

A-Representa uma cópia<br />

B-Representa o original<br />

4- O texto Alexandrino, embora isolado, com freqüência retém a:<br />

A-Forma original<br />

B-Cópia original<br />

5- O texto Alexandrino, quando concorda com o oci<strong>de</strong>ntal, quase sempre<br />

A-Representa o original. As exceções são raríssimas<br />

B-Se assemelha a uma cópia<br />

6- O texto Cesareano, isoladamente, raramente ou nunca:<br />

A-Representa uma cópia<br />

B-Representa o original<br />

7- Os unciais dos primeiros seis séculos são que:<br />

A-Mais frequentemente se assemelham a um texto bíblico<br />

B-Mais frequentemente nos fornecerá a forma original<br />

8- A data do texto <strong>de</strong> um manuscrito é mais importante:<br />

A-Que todo o contexto<br />

B-Que a mera data <strong>de</strong> seu produção<br />

9- Deve-se notar qual das variantes sob consi<strong>de</strong>raçãomais provavelmente foi a:<br />

A-Causa <strong>de</strong> mudança do texto<br />

B-Causa <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> enredo<br />

10- Quais são as três formas do versículo <strong>de</strong> Heb. 10:34?<br />

A-1) Tivesse compaixão <strong>de</strong> mim em minhas ca<strong>de</strong>ias / 2) Tivesse compaixão <strong>de</strong><br />

minhas ca<strong>de</strong>ias / 3) Tivesse compaixao dos prisioneiros<br />

B-1) Tivesse compaixão <strong>de</strong> minhas ca<strong>de</strong>ias / 2) Tivesse compaixão <strong>de</strong> mim em<br />

minhas ca<strong>de</strong>ias<br />

11- Um escriba podia introduzir em um manuscrito muitas:<br />

A-Variantes <strong>de</strong>sse tipo<br />

B-Opniões próprias<br />

12- O número <strong>de</strong> manuscritos unciais, após o século V, pertence ao:<br />

A-Tipo <strong>de</strong> texto cesareano<br />

B-Tipo <strong>de</strong> texto bizantino<br />

197


13- O có<strong>de</strong>x A tem forma antiqüíssima do texto bizantino nos evangelhos, e:<br />

A-Talvez representa a visão <strong>de</strong> Luciano<br />

B-Talvez representa a visão <strong>de</strong> Paulo<br />

14- Mesmo <strong>de</strong>pois da invenção da imprensa, o Novo Testamento grego já surgiu:<br />

A-Prematuramente na ceno dos textos impressos<br />

B-Tardiamente na cena dos textos impressos<br />

15- O po<strong>de</strong>r que o Textus Receptus obteve se <strong>de</strong>veu ao fato <strong>de</strong> que não teve<br />

competidores na forma <strong>de</strong> textos:<br />

A-Impressos por pouco tempo<br />

B-Impressos por longo tempo<br />

16- Ms 1, datado do século X d.C. Esse manuscrito pertence ao tipo <strong>de</strong>:<br />

A-Texto cesaeano<br />

B-Texto bizantino<br />

17- Ms 2, datado do século XII, o principal manuscrito usado por Erasmo, representa<br />

o estágio mais corrompido do tipo <strong>de</strong> texto:<br />

A-Cesareano<br />

B-Bizantino (nos evangelho)<br />

18- Até mesmo os estudiosos mais liberais têm <strong>de</strong> admitir que o Novo Testamento<br />

ensinava a:<br />

A-Divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo<br />

B-Glória <strong>de</strong> Pedro<br />

19- Que época o Textus Receptus reinou sozinho?<br />

A-De 1511 a 1874<br />

B-De 1516 a 1750<br />

20- Quando John Mill preparou um aparato crítico?<br />

A-Em 1818<br />

B-Em 1707<br />

21- Mill compilou variantes entre:<br />

A-3040 dos quase 8000 versículos do NT<br />

B-1024 dos quase 7000 versículos do NT<br />

22- Jacó Wettstein, 1693-1754, nativo <strong>de</strong> Basle, melhorou o texto e foi o primeiro que<br />

usou letras maiúsculas para os:<br />

A-Manuscritos gregos unciais<br />

B-Manuscritos romanos<br />

23- Johan SalomoSemier melhorou o conhecimento das:<br />

A-Classificações dos manuscristos do NT<br />

B-Classificações dos manuscristos do VT<br />

24- Quem marcou o início da mo<strong>de</strong>rna crítica textual?<br />

A-Kant<br />

B-Johan Jakob Griesbach<br />

198


25- Karl Lachrnann, 1793-1851, preferindo os manuscritos A, B, C e partes dos<br />

manuscritos H e fez:<br />

A-Voltar o texto ao século VI<br />

B-Voltar o texto ao século IV<br />

26- A quem <strong>de</strong>vemos maior agra<strong>de</strong>cimento? Essa pessoa escreveu mais <strong>de</strong> 150<br />

livros e artigos, a maior parte dos quais diretamente ligados à crítica bíblica.<br />

A-Lobegott Friedich<br />

B-Maquiavel<br />

27- Henry Alford, 1810-1871, é melhor lembrado <strong>de</strong>vido a seu:<br />

A-Comentário sobre o Velho Testamento grego<br />

B-Comentário sobre o Novo Testamento grego<br />

28- Embora operando sobre princípios diferentes, na escolha das variantes, o texto <strong>de</strong><br />

Weiss se mostrou notavelmente similar ao <strong>de</strong>:<br />

A-Lobegott Friedich<br />

B-Westcott e Hot<br />

29- Quem preparou uma edição do Novo Testamento Grego para Wurtembergische<br />

Bibelanstalt, em 1898?<br />

A-Eberhard Nestie<br />

B-Lobegott Friedich<br />

30- Vários eruditos mo<strong>de</strong>rnos têm preparado estudos que melhoram nosso<br />

conhcimento nas diversas áreas da crítica do:<br />

A-Velho Testamento<br />

B-Novo Testamento<br />

31- O que aplica-se a uma coleção <strong>de</strong> manuscritos antigos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável<br />

importância para o estudo da Bíblia, especialmente quanto ao Antigo Testamento<br />

original?<br />

A-Manuscrito do Mar Morto<br />

B-Manuscrito do Mar Vermelho<br />

32- Quais são os idiomas envolvidos nos manuscritos do Mar Morto?<br />

A-O grego e o latin<br />

B-O hebraico, aramaico e grego<br />

33- Além do valor histórico e religioso <strong>de</strong>sses manuscritos, veio à tona muita<br />

evidência a respeito da:<br />

A-Crítica textual do Antigo Testamento<br />

B-Crítica no Novo Testamento<br />

34- Essa hipótese é fortalecida pelo fato <strong>de</strong> que as jarras, testada <strong>de</strong> acordo com a<br />

localização, apontam para um tempo entre:<br />

A-160 a.C a 68 d.C.<br />

B-170 a 250 d.C.<br />

35- Caverna quatro(412), fica a oeste <strong>de</strong> Khirbet Qumran:<br />

A-Foi <strong>de</strong>scoberta em 1952<br />

B-Foi <strong>de</strong>scoberta em 1987<br />

199


36- O rolo <strong>de</strong> Samuel é bastante parecido com o da versão da:<br />

A-Septuaginta<br />

B-Bíblia<br />

37- De modo geral, tem sido <strong>de</strong>monstrado que o texto hebraico massorético<br />

padronizado é um texto bom:<br />

A-Embora não perfeito<br />

B-Embora clássico<br />

38- Os testes por meio do carbono-14, <strong>de</strong>signados para <strong>de</strong>terminar a antiguida<strong>de</strong> da<br />

matéria orgânica, indicaram que as capas <strong>de</strong> linho foram manufaturados em:<br />

A-Cerca <strong>de</strong> 33 a.C.<br />

B-Cerca <strong>de</strong> 200 a.C.<br />

39- Resumivelmente, o mestre da Justiça foi o pai fundador da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<br />

A-Qumran<br />

B-Gandi<br />

40- Duas cópias imcompletas do:<br />

A-Livro <strong>de</strong> Pedro<br />

B-Livro <strong>de</strong> Isaias<br />

41- Muitos fragmentos <strong>de</strong> manuscritos, em más condições, foram encontrados na<br />

caverna número 5, com trechos dos livros <strong>de</strong> Reis, lamentações, Deuteronômio e uma<br />

obra:<br />

A-Apocaliptica em grego, intitulada “Descrição da Velha Jerusalém”<br />

B-Apocaliptica em aramaico, intitulada “Descrição da Nova Jerusalém”<br />

42- Ali também foi encontrado um targum em aramaico, do:<br />

A-Livro <strong>de</strong> Jó, do século I a.C.<br />

B-Livro <strong>de</strong> Estér, do século II a.C.<br />

43- Um mosteiro cristão, cerca <strong>de</strong> treze quilômetros a nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Belém:<br />

A-Continha textos do Velho Testamento<br />

B-Continha manuscritos dos séculos V a IX d.C.<br />

44- Esse material não tem ligação alguma com a:<br />

A-Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran e com os manuscritos do Mar Morto<br />

B-Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran e com os manuscritos do Mar Vermelho<br />

45- Paralelamente, a Septuaginta e o Pentateuco Samaritano contam com alguns<br />

trechos autênticos, bem <strong>de</strong>finidos:<br />

A-Que o texto massorético per<strong>de</strong>u<br />

B-Que o texto massorético ganhou<br />

46- Talvez a comunida<strong>de</strong> Qumran <strong>de</strong>va ser i<strong>de</strong>ntificada como uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

essênios:<br />

A-Mencionada por Plínio, o Velho<br />

B-Mencionada por Qumran<br />

47- O Mestre da Justiça dificilmente po<strong>de</strong> ser servido <strong>de</strong> inspiração para criar:<br />

A-Jesus, o Messias<br />

B-Deus<br />

200


48- As sugestões que dizem que João Batista e Jesus tiveram contratos com a<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumram e foram influenciados pela mesma:<br />

A-Não passam <strong>de</strong> uma tese<br />

B-Não passam <strong>de</strong> hipótese<br />

49- Idéias atinentes à angelologia e à <strong>de</strong>monologia não foram inventadas pela:<br />

A-Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kant<br />

B-A Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qumran<br />

50- Consernente a Crítica Bíblica tenho a concluir e a dizer que Deus que é o próprio<br />

Autor original da Bíblia, jamais permitiria que algum texto que viesse a ser bem<br />

conhecido:<br />

A-Po<strong>de</strong>ria ser tão distorcido a ponto <strong>de</strong> o homem per<strong>de</strong>r sua salvação<br />

B-Po<strong>de</strong>ria salvar o homem<br />

201


Bibliografia<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Arqueologia Bíblica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Antropologia Cultural, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Antropologia e o Conceito Religioso, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 1<br />

Cruz, Nilson Carlos da, As Epístolas Apócrifas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />

– Edição 3<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Apócrifos Proibido, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 3<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Atos e Apocalipse Apócrifos , Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Livros Apócrifos, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Bibliologia Aplica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 6<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Ciência Antiga e Ciência Mo<strong>de</strong>rna, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 6<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Ciência e <strong>Teologia</strong>, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 3<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Comunicação e Expressão, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Cristianismo não é Judaísmo!, , Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, O Direito Civil e a Cidadania, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Didática, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Doutrina da Salvação, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 12<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Exorcismo Libertação e Cura, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Evangelhos e as Epístolas Apócrifos, Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 3<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Evangelho Epístola Atos e Apocalipse Apócrifos 2 V.,<br />

Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Evangelhos Apócrifos, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 3<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Evangelhos Unificado, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Evangelhos e as Epístolas, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, As Epístolas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />

10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, As Epístolas II, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Evangelhos Atos e Apocalipse, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />

202


Cruz, Nilson Carlos da,Escatologia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />

10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Filosofia da Ciência , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Filosofia da Religião, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, A Filosofia da <strong>Teologia</strong> Cristã 3 V., Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 1<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Filosofia Geral, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Filosofia da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />

– Edição 12<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Seis Períodos e os Seis Conceitos da Filosofia , Itu<br />

/ SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Geografia do Velho Testamento, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Geografia do Novo Testamento, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Guia <strong>de</strong> Estudos FADTEFI, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Gestão Educacional, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Guerra Espiritual, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 2<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História da Filosofia e da Religião, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História da Igreja,História do Judaísmo, Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História do Judaísmo, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História e Introdução à Filosofia, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História do Judaísmo e os Impérios, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História da Igreja e os Impérios , Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História da <strong>Teologia</strong> Cristã, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Hermenêutica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />

10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Homilética, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, História do Real Cristianismo Em 4 Séculos 3 V, , Itu /<br />

SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 2<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Impérios, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />

13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Apócrifa do Novo Testamento , Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />

203


Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Apócrifa do Velho Testamento, Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Judaica- Cristã , Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Metodologia do Trabalho Científico, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Manual <strong>de</strong> Trabalho da FADTEFI, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Manual <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Graduação FADTEFI, Itu /<br />

SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia Geral, Psicologia da Educação , Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia Geral e da Educação, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Pedagogia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Livros Proféticos da Bíblia, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 9<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco e os Profetas , Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Política da Religião , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Política dos Concílios da Igreja, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco e os Evangelhos, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />

13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Profetas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Retórica e Hermenêutica Bíblica, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Religião Seitas e Heresias, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Reis e Profetas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Síntese dos Livros do Velho e Novo Testamento, Itu /<br />

SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia Geral , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Filosofia da Ciência, Itu / SP- Editora<br />

Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Religião, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 2<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Antropologia, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 2<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Geral, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 13<br />

Cruz, Nilson Carlos da, Os Gran<strong>de</strong>s Teólogos do Cristianismo, Itu / SP-<br />

Editora Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />

204


Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática I, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />

– Edição 11<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática II, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />

– Edição 9<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática III, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />

– Edição 8<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> e Filosofia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 7<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> e Ética Pastoral, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />

2013 – Edição 9<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Bíblica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 4<br />

Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Filosófica , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />

Edição 7<br />

205


A fonte usada no miolo é Arial, corpo 12 / 15<br />

O papel do miolo é offset 75g/m<br />

E o da capa é cartão 250g/m<br />

206

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