história e introdução à filosofia 2 - Faculdade de Teologia Filadelfia
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HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 2<br />
WWW.fadtefi.com.br
PhD.NILSON CARLOS DA CRUZ<br />
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
Edição 13 / 2013 FADTEFI<br />
FADTEFI<br />
Editora<br />
2
A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SÓ É PERMITIDA MEDIANTE<br />
Copyright c Nilson Carlos da Cruz<br />
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AUTOR.<br />
Critérios:<br />
Capa: Nilson Carlos da Cruz<br />
Revisão Ortográfica:Pelo Autor<br />
Ficha Catalográfica:<br />
_______________________________________________________________<br />
Cruz,Nilson Carlos da.<br />
História e Introdução <strong>à</strong> Filosofia / Nilson Carlos da Cruz-<br />
Itu (SP):Editora Fadtefi,2010.<br />
360 p. ; 21,5 cm.<br />
ISBN 978-85-62620-33-1<br />
1.Filosofia (comentários). I .Título.<br />
_________________________________________________________________<br />
Ficha Catalográfica elaborada pela <strong>Faculda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Teologia</strong> Filadélfia – DCF 0002<br />
Editora Fadtefi LTDA<br />
Rua Alcidia Castanha dos Santos,145-Potiguara-Itu-São Paulo-CEP 13.312-794<br />
Fone:(11) 4022 3947 / www.editorafadtefi.com.br<br />
3
Sumário<br />
1 Conceitos Básicos <strong>de</strong> Filosofia 7<br />
Lição 1 23<br />
2 A Filosofia e História da Religião 29<br />
3 Filosofia Grega e Oriental 36<br />
Lição 2 45<br />
4 A Base <strong>de</strong> Diversas Filosofias 50<br />
5 Pré-Socráticos 62<br />
Lição 3 67<br />
6 Os Socráticos 84<br />
Lição 4 87<br />
Lição 5 108<br />
7 De Cícero <strong>à</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino 121<br />
Lição 6 132<br />
8 De Thomas More a Martin Hei<strong>de</strong>gger 137<br />
Lição 7 155<br />
9 De Garfo <strong>de</strong> Hume a Henri Bergson 162<br />
Lição 8 182<br />
Bibligrafia 187<br />
4
Prefácio<br />
A todos os leitores <strong>de</strong>sta obra, ofereço-a com todo prazer,<strong>de</strong>dicação e respeito,pois é<br />
fruto <strong>de</strong> uma árdua pesquisa,tenho certeza <strong>de</strong> que ao ler este livro,o caro leitor não vai<br />
<strong>de</strong>sperdiçar seu tempo.<br />
Dediquei um tempo da minha vida para trazer ao público brasileiro este trabalho;e<br />
agra<strong>de</strong>ço ao Eterno Deus que me ajudou nessa empreitada.<br />
5
Introdução<br />
Este livro está dividido em 8 partes que subenten<strong>de</strong>-se 8 lições, com um total <strong>de</strong> 50<br />
exercícios cada lição.<br />
E suas respostas estão em negrito e itálico no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> cada lição;e os exercícios<br />
contém duas alternativas; uma certa e uma errada;para quem esta estudando com o Ebook,<br />
po<strong>de</strong>rá observar que suas lições estão disponíveis;é só preencher e enviar.<br />
6
1<br />
Conceitos Básicos <strong>de</strong> Filosofia<br />
LIÇÃO 1<br />
A Filosofia e a Fé Religiosa<br />
A palavra <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> duas palavras gregas, philein, “amar”, e sophia,<br />
“sabedoria”.<br />
Ao que sabemos, o primeiro homem a usar essa palavra foi Pitágoras, em cerca <strong>de</strong> 600<br />
A.C. Ele referiu-se a pessoas chamadas sábias, embora negando que qualquer ser<br />
humano fosse realmente sábio, ao dizer: Nenhum homem é sábio, mas somente Deus.<br />
E as pessoas que têm interesse pelas coisas divinas são buscadoras da sabedoria., isto<br />
é, são os filósofos.<br />
De maneira similar, Platão <strong>de</strong>clarou:“Fedo, o nome sábio me parece <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong>,<br />
a<strong>de</strong>quado somente para a divinda<strong>de</strong>. Mas o amigo da sabedoria (o filósofo), ou outro<br />
parecido, ir-lhes-ia melhor, e não <strong>de</strong>testaria tanto.<br />
Sócrates empregava a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> buscadores da sabedoria (amigos da sabedoria), em<br />
contraposição aqueles que preten<strong>de</strong>m possuir a sabedoria, mas que, na realida<strong>de</strong>, não<br />
são sábios, como os sofistas (segundo a sua estimativa).<br />
Na antiguida<strong>de</strong>, o vocábulo <strong>filosofia</strong> referia-se tanto <strong>à</strong> ativida<strong>de</strong> do filósofo como também<br />
aos sistemas segundo os quais essa ativida<strong>de</strong> tinha lugar.<br />
O apego <strong>à</strong> sabedoria leva o homem a buscá-la, e é, então, que aflora o conhecimento<br />
sobre os princípios fundamentais em qualquer campo do conhecimento humano.<br />
Portanto, há uma <strong>filosofia</strong> específica para cada ramo do conhecimento, embora a <strong>filosofia</strong><br />
tradicional encerre seis sistemas.<br />
A Definição da Filosofia<br />
É <strong>de</strong>cidida <strong>de</strong>ntro da <strong>filosofia</strong> somente através <strong>de</strong> seus conceitos e meios. Ela é, por<br />
assim dizer, o primeiro dos seus próprios problemas. Cada sistema fornece uma <strong>de</strong>finição<br />
tentativa para explicar a <strong>filosofia</strong>, através <strong>de</strong> olhos restritivos e especializados. Assim<br />
surgiram os sistemas da gnosiologia, da ética, da estética, etc., cada qual caiu uma<br />
<strong>de</strong>finição especializada.<br />
A <strong>filosofia</strong> é o saber a respeito das coisas, a direção ou orientação para o mundo e para<br />
a vida e, finalmente, consiste em especulações acerca da forma i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> vida.<br />
Platão concebia a <strong>filosofia</strong> como aquela ativida<strong>de</strong> que leva ao <strong>de</strong>scobrimento da<br />
realida<strong>de</strong>, ou verda<strong>de</strong> absoluta, obtida através da dialética.<br />
Aristóteles acreditava que a <strong>filosofia</strong> começa com um senso <strong>de</strong> admiração e respeito,<br />
diante da vastidão e grandiosida<strong>de</strong> das coisas.<br />
E a ativida<strong>de</strong> filosófica sonda o conhecimento em geral.<br />
Portanto, a totalida<strong>de</strong> do conhecimento humano, bem como os modos <strong>de</strong> se chegar a<br />
esse conhecimento, é que constituem a <strong>filosofia</strong>. Mas isso envolve apenas a <strong>filosofia</strong><br />
geral. Para ele, a <strong>filosofia</strong> fundamental seria a teologia, que aborda os princípios e as<br />
causas últimas, o que inclui a i<strong>de</strong>ia da divinda<strong>de</strong>, que é o principal <strong>de</strong> todos os princípios,<br />
a Causa <strong>de</strong> todas as causas.<br />
7
As <strong>de</strong>finições restritas e clássicas ocorrem em pensadores <strong>de</strong> menor envergadura,<br />
como Heresias, os quais pensam que a <strong>filosofia</strong> é aquela ativida<strong>de</strong> mental que nos ensina<br />
como buscar os prazeres e evitar a dor.<br />
Para o neoplatonismo, a <strong>filosofia</strong>, na realida<strong>de</strong>, seria uma religião, mediante a qual o<br />
indivíduo apren<strong>de</strong> como buscar e obter a união com o divino.<br />
Durante a Ida<strong>de</strong> Média, para a maioria dos filósofos, a <strong>filosofia</strong> seria a gran<strong>de</strong> serva da<br />
teologia, uma disciplina utilizada pela Igreja, mediante a qual os dogmas e as crenças<br />
religiosas são examinados, compreendidos e melhor <strong>de</strong>fendidos. Para outros, porém, a<br />
<strong>filosofia</strong> é uma intrusa, que somente ameaça a fé biblicamente alicerçada.<br />
Para Tomás <strong>de</strong> Aquino, a <strong>filosofia</strong> teria sido uma provisão racional <strong>de</strong> Deus, para que<br />
pudéssemos compreen<strong>de</strong>r melhor as realida<strong>de</strong>s religiosas, capaz <strong>de</strong> abordar todas as<br />
coisas, exceto a explicação dos verda<strong>de</strong>iros e mais profundos mistérios. On<strong>de</strong> o<br />
raciocínio filosófico cessa, a fé completa o curso a ser percorrido. Pensava-se que a<br />
<strong>filosofia</strong> é aquele processo <strong>de</strong> raciocínio que examina o universo e obtém, acerca do<br />
mesmo, uma interpretação abrangente e plena.<br />
Para Descartes, a <strong>filosofia</strong> é a elucidação da verda<strong>de</strong> final, através do método da dúvida<br />
e do conseqüente reexame. Só po<strong>de</strong>riam ser aceitas como verda<strong>de</strong>iras aquelas coisas<br />
sobre as quais não restam mais dúvidas; e, mediante a teoria da coerência da verda<strong>de</strong>,<br />
outras proposições são então estabelecidas.<br />
Saint Simon acreditava que a <strong>filosofia</strong> é aquele meio através do qual po<strong>de</strong>mos pôr em<br />
harmonia, em nossa mentalida<strong>de</strong>, os elementos do mundo, que parecem <strong>de</strong>sligados uns<br />
dos outros.<br />
Hegel pensava que a função da <strong>filosofia</strong> é <strong>de</strong>duzir categorias, isto é, os conceitos básicos<br />
necessários para a interpretação <strong>de</strong> qualquer realida<strong>de</strong> ou ato, ou natureza mesma das<br />
coisas. Todas as coisas, operando individual e coletivamente, expressariam o Espírito<br />
Absoluto, que atua através da tríada da tese, anti-tese e síntese.<br />
Cousin opinava que a <strong>filosofia</strong> é aquela ativida<strong>de</strong> que classifica e interpreta a experiência<br />
humana.<br />
Spencer ensinava que a <strong>filosofia</strong> é uma disciplina sintética, que incorpora muitos campos<br />
<strong>de</strong> inquirição, unificando-os através <strong>de</strong> princípios universais. Ele acreditava que a<br />
evolução é básica, unificando as idéias <strong>de</strong> todos os campos do conhecimento, da<br />
experiência e do ser.<br />
Bergson asseverava que a <strong>filosofia</strong> é, essencialmente, uma função intuitiva, que nos<br />
brinda com a compreensão sobre a realida<strong>de</strong> básica. Segundo ele pensava, a razão<br />
engendra muitas falácias.<br />
Os filósofos lingüísticos, como Schilick, acreditam que a tarefa da <strong>filosofia</strong> consiste em<br />
explorar a lógica da ciência, produzindo a purificação da linguagem filosófica.<br />
C.D. Broad distinguia entre a <strong>filosofia</strong> especulativa e a <strong>filosofia</strong> crítica. É tarefa da <strong>filosofia</strong><br />
elaborar muitas explicações alternativas no tocante a qualquer assunto, e então, mediante<br />
a análise critica, selecionar entre as melhores alternativas.<br />
Hei<strong>de</strong>gger pensava que a ativida<strong>de</strong> dos filósofos tem por intuito re<strong>de</strong>scobrir o significado<br />
do Ser, uma herança antigamente possuída (segundo ele pensava) pela <strong>filosofia</strong> grega.<br />
Bonhoeffer distinguia entre o que ele chamava <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>s da ação (que enfatizam o ser<br />
humano) e <strong>filosofia</strong>s do ser (que enfatizam alguma divinda<strong>de</strong> histórica).<br />
William James <strong>de</strong>screvia a <strong>filosofia</strong> como a tentativa para pensar <strong>de</strong> maneira clara e<br />
metódica acerca <strong>de</strong> certas noções ou conceitos que sempre estão girando em nossos<br />
pensamentos, e que parecem necessários para nosso processo <strong>de</strong> pensamento, mas<br />
sobre os quais as ciências especiais nada nos dizem.<br />
G. T. W. Patrick <strong>de</strong>finia a <strong>filosofia</strong> como a tentativa para combinar as experiências<br />
comuns da vida, por um lado, com os resultados das ciências especiais, por outro lado,<br />
formando uma teoria mundial coerente e harmônica.<br />
8
Os positivistas concebem a <strong>filosofia</strong> como aquela ativida<strong>de</strong> que procura <strong>de</strong>finir um<br />
sentido prático e fornecer uma <strong>de</strong>vida or<strong>de</strong>m ao método científico, e não aquela fútil<br />
tentativa <strong>de</strong> chegar <strong>à</strong> verda<strong>de</strong> final e a um conhecimento certo.<br />
Os pragmatistas pensam na <strong>filosofia</strong> como aquela ativida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>scobre, <strong>de</strong>ntro da<br />
experiência humana, aquilo que é prático, benéfico e útil, e não apenas o que é<br />
teoricamente certo, verda<strong>de</strong>iro e perfeito.<br />
A Filosofia e a História das Idéias<br />
Sistemas tradicionais<br />
Todos os campos <strong>de</strong> pensamento e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s têm suas respectivas <strong>filosofia</strong>s. Há uma<br />
<strong>filosofia</strong> da biologia, da educação, da religião, da sociologia, da medicina, da <strong>história</strong>, da<br />
ciência, etc.; mas os seis Sistemas tradicionais, que entraram na <strong>filosofia</strong> por meio <strong>de</strong><br />
Sócrates, <strong>de</strong> Platão e <strong>de</strong> Aristóteles, são os seguintes:<br />
1-Política.<br />
2-Estética.<br />
3-Lógica.<br />
4-Ética.<br />
5-Metafísica.<br />
6-Gnosiologia (ou Epistemologia).<br />
Política<br />
O vocábulo política vem do grego, polis, “cida<strong>de</strong>”. A política, pois, procura <strong>de</strong>terminar a<br />
conduta i<strong>de</strong>al do Estado, pelo que seria uma ética social. Ela procura <strong>de</strong>finir quais são o<br />
caráter, a natureza e os alvos do governo. Trata-se do estudo do governo i<strong>de</strong>al.<br />
Estética<br />
Esse vocábulo vem do grego aisthesis, “sensível”, a palavra é empregada para <strong>de</strong>signar<br />
a <strong>filosofia</strong> das belas artes: a música, a escultura e a pintura.<br />
Esse sistema procura <strong>de</strong>finir qual seja o propósito ou i<strong>de</strong>al orientador das artes (a<br />
<strong>de</strong>finição da beleza), apresentando <strong>de</strong>scrições da ativida<strong>de</strong> que apontam para certos<br />
alvos.<br />
Alguns dizem que arte consiste, essencialmente, em:<br />
a-adultos brincando com novos brinquedos.<br />
b-transmissão das emoções.<br />
c-discernimentos intuitivos quanto <strong>à</strong> natureza das coisas.<br />
d-uma maneira <strong>de</strong> experimentar o prazer.<br />
Lógica<br />
Esse sistema aborda os princípios do raciocínio, suas capacida<strong>de</strong>s, seus limites, seus<br />
métodos, seus erros e suas maneiras exatas <strong>de</strong> expressão. Trata-se <strong>de</strong> uma ciência<br />
normativa, que investiga os princípios do raciocínio válido e das inferências corretas, ou<br />
partindo do geral para o particular (lógica <strong>de</strong>dutiva), ou partindo do particular para o geral<br />
(lógica indutiva).A lógica formal é a arte do raciocínio <strong>de</strong>dutivo, aquele ramo da lógica que<br />
estuda somente a estrutura formal das proposições, bem como as operações mediante as<br />
quais <strong>de</strong>duzimos conclusões.<br />
A lógica simbólica ou matemática é um <strong>de</strong>senvolvimento da lógica formal, em que a<br />
ambigüida<strong>de</strong> das proposições verbais e das operações que se fazem com base nas<br />
mesmas, chega a ser reduzida a um mínimo mediante o uso rigoroso <strong>de</strong> símbolos, cada<br />
um dos quais tem apenas um ponto <strong>de</strong> referência, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um dado contexto.<br />
9
Comentários e Descrições:<br />
a-A lógica <strong>de</strong>dutiva foi formulada por Aristóteles. Ali empregam-se os silogismos,<br />
conforme o exemplo abaixo:<br />
Todos os homens são mortais;Sócrates é um homem;Logo, Sócrates é mortal.<br />
Acima temos um silogismo legitimo.<br />
Mas também há silogismos que não são legítimos, como este outro:<br />
Todos os gatos são animais;Todos os cães são animais;Logo, todos os gatos são<br />
cães.Há <strong>de</strong>zenove formas legitimas <strong>de</strong> silogismo, além <strong>de</strong> um outro número, ainda maior,<br />
<strong>de</strong> silogismos ilegítimos. Um silogismo contém três proposições.<br />
As duas primeiras proposições (representadas pelas duas primeiras linhas), são as<br />
premissas; e a terceira proposição é a conclusão. A primeira premissa é chamada maior<br />
(todos os homens são mortais a segunda premissa é chamada menor (Sócrates é um<br />
homem). O termo principal, nesse caso, é mortal; o termo menor é Sócrates; e o termo<br />
médio é homens.<br />
A lógica <strong>de</strong>dutiva ensina-nos quais formas e manipulações dos silogismos são válidas, e<br />
quais não o são, <strong>de</strong> acordo com leis específicas.<br />
b-A lógica indutiva parte do particular para o geral.<br />
Emprega partículas <strong>de</strong> raciocínio e, com base nas mesmas, tira uma inferência, que é a<br />
sua conclusão.<br />
Para exemplificar: a bensetacil tem sido submetida a muitos testes; cada teste contribui<br />
com sua informação acerca das circunstâncias, e em que extensão, esse medicamento<br />
po<strong>de</strong> curar certas enfermida<strong>de</strong>s. Seus limites e efeitos colaterais foram <strong>de</strong>terminados;<br />
quanto ao fator tempo, por quanto tempo po<strong>de</strong> ser usado, no caso <strong>de</strong> cada doença.<br />
Com base nesse gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> particularida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>-se formular uma <strong>de</strong>claração<br />
acerca da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura <strong>de</strong>sse medicamento, que é a conclusão da questão.<br />
c-A lógica experimental é o nome aplicado ao sistema filosófico <strong>de</strong> John Dewey .<br />
A verda<strong>de</strong> que há em qualquer dada situação, ou o valor das i<strong>de</strong>ias só po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>terminado através <strong>de</strong> uma contínua experimentação, on<strong>de</strong> cada conclusão torna-se<br />
uma nova premissa, <strong>de</strong> tal modo que a experimentação nunca chega ao fim, e nem são<br />
<strong>de</strong>scobertas verda<strong>de</strong>s absolutas e finais.Cada verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta serve <strong>de</strong> motivo para<br />
novas investigações.<br />
d-A lógica simbólica ou matemática é <strong>de</strong>finida sob o primeiro ponto, Lógica, no começo<br />
<strong>de</strong>ste artigo.<br />
e-A lógica metafísica, como no sistema <strong>de</strong> Hegel, pressupõe que há forças naturais que<br />
atuam através da tría<strong>de</strong> composta por tese, antítese e síntese, que fazem parte da<br />
dialética.<br />
O Espírito Absoluto manifesta-se em todos os seres, circunstâncias e instituições,<br />
mediante esse modo <strong>de</strong> operação ilustração:<br />
1-As religiões orientais salientam a comunida<strong>de</strong>, ou aquilo que é universal.<br />
2-A religião grega enfatizava o indivíduo.<br />
3-O cristianismo resultaria da tensão entre esses dois pontos <strong>de</strong> vista religiosos (que<br />
seriam a tese e a antítese), e torna-se uma síntese do individual com o universal,<br />
enfatizando ambos os elementos como uma unida<strong>de</strong> e uma qualida<strong>de</strong> resultante.<br />
Ética<br />
Essa é a investigação no campo da conduta I<strong>de</strong>al, bem como sobre as regras e teorias<br />
que a governam.<br />
Apesar da própria palavra grega, ethos, referir-se a costumes e disposições, a ética<br />
formal assevera que existem regras pernianentes que são impostas ao homem, supondose<br />
que o homem não é o originador das normas da ética. Por outra parte, existem aqueles<br />
filósofos que insistem em que o sentido básico da palavra indica a natureza essencial<br />
10
<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>, e que as regras éticas são produtos da experiência humana, que opera<br />
através <strong>de</strong> tentativa e erro.<br />
Alguns pensam que o senso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver é o guia da conduta i<strong>de</strong>al, enquanto que outros<br />
opinam que o prazer é esse princípio.A ética religiosa faz Deus ser o alvo <strong>de</strong> toda a<br />
conduta i<strong>de</strong>al.Mas também há aqueles que apontam para a utilida<strong>de</strong> e para os resultados<br />
práticos e benéficos como esse alvo.O vocábulo português “moral” vem do latim, mos,<br />
moris, que significa “costume”, “hábito”, “voluntarieda<strong>de</strong>”, “capricho”. E esse vocábulo, tal<br />
como o termo grego, ethos, aponta para o fator humano como o elemento mais<br />
importante na produção dos costumes éticos. Porém, alguns filósofos pensam que a<br />
nossa moral é divinamente or<strong>de</strong>nada.<br />
A Metafísica<br />
No grego temos as palavras meti, “após”, e phlalca, “física”. Essa palavra teve origem nas<br />
obras <strong>de</strong> Aristóteles, referindo-se simplesmente <strong>à</strong>quela seção <strong>de</strong> seus escritos que<br />
vinham após o seu tratamento sobre a física. Mas, visto que essa seção abordava<br />
assuntos que atualmente <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> metafísica, tal palavra veio a indicar o estudo<br />
das coisas que ultrapassam <strong>à</strong>s entida<strong>de</strong>s físicas. Basicamente, o termo refere-se <strong>à</strong><br />
investigação quanto <strong>à</strong> verda<strong>de</strong>ira natureza <strong>de</strong> qualquer coisa.<br />
Popularmente, refere-se a consi<strong>de</strong>rações e especulações concernentes a entida<strong>de</strong>s,<br />
agências e causas não materiais.A metafísica aborda assuntos como Deus, a alma, as<br />
causas, o propósito, o <strong>de</strong>stino, a liberda<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>terminismo, o livre arbítrio, o monismo, o<br />
dualismo, o materialismo, o i<strong>de</strong>alismo, a antropologia, a ontologia, a cosmologia, a<br />
imortalida<strong>de</strong>, a teleologia, o problema do mal, etc.<br />
A Gnosiologia (Epistemologia)<br />
Essa é a disciplina que estuda o conhecimento em sua natureza, origem, limites,<br />
possibilida<strong>de</strong>s, métodos, objetos e objetivos. A palavra “gnosiologia” vem do grego gnosis,<br />
“conhecimento”, e logia, “estudo”, “consi<strong>de</strong>ração”.<br />
E a palavra “epistemologia” vem do grego episteme, “conhecimento”, e logia, “estudo”. O<br />
uso <strong>de</strong>ssas duas palavras é levemente diferente em inglês e em português.Em inglês, o<br />
termo epistemologia fala sobre a teoria geral da verda<strong>de</strong>, um sentido que, em português,<br />
é dado <strong>à</strong> palavra gnosiologia.Em nosso idioma, a epistemologia refere-se <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong> do<br />
conhecimento científico.<br />
Os Principais Períodos da História da Filosofia<br />
Filosofia Pré-Socrática (séculos VII a V A.C.).<br />
As principais investigações <strong>de</strong>ssa <strong>filosofia</strong> diziam respeito ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> distinguir os<br />
elementos básicos do Universo.Essa investigação po<strong>de</strong>ria ter sido totalmente materialista,<br />
ou po<strong>de</strong>ria ter sido pampsíquica.É provável que, nas mãos <strong>de</strong> outros filósofos, po<strong>de</strong>ria ter<br />
sido uma coisa ou outra, ou ambas.<br />
Quando Tales afirmou que tudo estava cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses, ele po<strong>de</strong> ter querido dizer que<br />
nada existe que não tenha alguma força controladora divina ou psíquica, como elemento<br />
motivador. Ou apenas po<strong>de</strong>ria ter usado um modo poético <strong>de</strong> exprimir po<strong>de</strong>res inerentes,<br />
naturais e materiais que atuam sobre as coisas.<br />
Xenófantes voltou sua atenção para a investigação <strong>de</strong> Deus e da ética social.E, na parte<br />
final <strong>de</strong>sse período, os sofistas abandonaram a metafísica, fazendo da ética o alvo <strong>de</strong><br />
suas investigações.<br />
O Período Clássico, é o período áureo da <strong>filosofia</strong> grega; Sócrates, Platão e Aristóteles<br />
(470 — 322 A.C.).<br />
11
Durante esse período <strong>de</strong>senvolveram-se os seis sistemas tradicionais da <strong>filosofia</strong>, pelo<br />
que a investigação filosófica cobria todas as possibilida<strong>de</strong>s tradicionais <strong>de</strong> investigação.<br />
Sócrates foi, antes <strong>de</strong> tudo, um filósofo ético; Platão também o foi, mas adicionou a<br />
metafísica, a gnosiologia, a política e a estética, e antecipou a lógica em sua dialética e<br />
nos elementos <strong>de</strong> sua gnosiologia. Aristóteles <strong>de</strong>u continuação a essas investigações,<br />
tendo adicionado a lógica formal <strong>de</strong>dutiva.<br />
As Escolas Éticas, o Ceticismo, o Ecleticismo, o Helenismo (<strong>de</strong> 350 A.C. até <strong>à</strong> era<br />
cristã).<br />
Com Aristóteles terminaram os gran<strong>de</strong>s sistemas especulativos da <strong>filosofia</strong> grega<br />
clássica. A vida política e social dos gregos começou a ruir.<br />
Então a <strong>filosofia</strong> voltou-se da busca pelos gran<strong>de</strong>s mistérios para as preocupações<br />
humanitárias, para o homem em sua conduta; i<strong>de</strong>ais e problemas. Alguns voltaram-se<br />
para as religiões orientais, em busca da <strong>de</strong>finição do homem e <strong>de</strong> seu mundo; outros<br />
frisaram os sistemas e inquirições éticas. A <strong>filosofia</strong> salientava a ética acima <strong>de</strong> tudo o<br />
mais, e várias escolas surgiram em cena. Porém, o ceticismo também mostrava-se forte,<br />
tendo havido uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>generação nas <strong>filosofia</strong>s <strong>de</strong> Platão e Aristóteles.<br />
A própria <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma disciplina separada e refugiou-se na religião, no<br />
neoplatonismo, nas religiões orientais e no cristianismo.<br />
Exemplo:<br />
a-Escolas Éticas. Epicureanismo e estoicismo.<br />
b-Ceticismo. Quando as Aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> Platão e Aristóteles <strong>de</strong>generaram, assumiram<br />
uma postura um tanto cética.<br />
c-O Ecleticismo.O ecleticismo é uma <strong>filosofia</strong> do bom senso, on<strong>de</strong> os bons elementos<br />
são escolhidos <strong>de</strong>ntre vários sistemas e combinados para formarem uma síntese. O<br />
pensamento eclético <strong>de</strong>bilitou o dogmatismo e encorajou o intelectualismo e o livre<br />
pensamento. Quando a Macedônia foi militarmente conquistada pelos romanos, a Grécia<br />
foi reduzida a uma província romana. Os romanos eram gran<strong>de</strong>s pensadores ecléticos, e<br />
não pensadores originais.<br />
A Filosofia Refugia-se na religião(<strong>de</strong> 350 A.C. até o começo da era cristã).<br />
Esse período justapõe-se ao período anterior.<br />
Enfatizou-se aqui como, gradualmente, a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma disciplina distinta,<br />
tendo-se tornado serva <strong>de</strong> sistemas religiosos. À medida que foi <strong>de</strong>clinando a cultura<br />
clássica, a <strong>filosofia</strong> foi-se transformando em um misticismo religioso. As especulações<br />
gregas vieram fundir-se <strong>à</strong>s fés egípcia, caldaica, judaica e cristã.O principal sistema<br />
resultante <strong>de</strong>ssa mistura foi o gnosticismo.<br />
No Judaísmo as <strong>filosofia</strong>s <strong>de</strong> Aristóteles e Platão (sobretudo <strong>de</strong>ste último), influenciaram o<br />
judaísmo.Filo (30 A.C. a 50 D.C.) tem sido comparado com Moisés a falar o grego, ou<br />
com Platão a falar o hebraico. Uma <strong>filosofia</strong> judaica grega floresceu em Alexandria.<br />
O Neopitagoreanismo foi a tentativa para criar uma religião mundial com base na doutrina<br />
<strong>de</strong> Pitágoras. Após a sua morte, a sua escola continuou propagando as suas idéias,<br />
embora, finalmente, ela tenha <strong>de</strong>saparecido <strong>de</strong> cena, ou se tenha ligado ao<br />
neoplatonismo. As socieda<strong>de</strong>s secretas <strong>de</strong> Pitágoras, com seus mistérios, foram mantidas<br />
e encorajadas no mundo romano.<br />
Era um sistema que frisava o conhecimento divinamente revelado e a <strong>filosofia</strong> eclética.<br />
O Neoplatonismo teve três representações principais:<br />
1-A Escola <strong>de</strong> Plotino.<br />
2-A Escola Síria.<br />
3-A Escola Ateniense.<br />
12
O neoplatonismo ensinava que Deus é a fonte originária <strong>de</strong> todas as coisas: Deus é<br />
corpo, mente, matéria e forma; a causa sem causa.Ele é o Único, excluindo toda<br />
pluralida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>.Ele contém todas as coisas e está acima do ser, acima <strong>de</strong><br />
qualquer explicação.<br />
Dele emanam-se todas as coisas, em três estágios:<br />
Primeiro lugar, o pensamento, a mente, a inteligência.<br />
Segundo lugar, a alma, inferior <strong>à</strong> mente, uma cópia do pensamento puro. Volve-se para o<br />
pensamento puro, por um lado, mas para a matéria, por outro lado. Essa é a alma do<br />
mundo, da qual as almas humanas individuais são uma parte.<br />
Terceiro lugar, a mais inferior <strong>de</strong> todas as emanações é o corpo físico. Apesar <strong>de</strong> residir<br />
na pluralida<strong>de</strong>, tem o selo do Absoluto.<br />
Confrontação com o Cristianismo<br />
Durante esse período, teve prosseguimento a <strong>filosofia</strong> eclética romana.<br />
Encontramos ali Cícero, o eclético, e também Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio, que<br />
enfatizavam o estoicismo <strong>de</strong> maneira eclética modificada. O neoplatonismo prosseguiu<br />
durante esse período como um gran<strong>de</strong> movimento.Os pais latinos da Igreja, Tertuliano,<br />
Arnóbio, Lactâncio e outros, rejeitavam a <strong>filosofia</strong> como puro produto do paganismo.<br />
Os pais gregos da Igreja, Justino Mártir, Clemente <strong>de</strong> Alexandria, Orígenes, e vários<br />
níveis <strong>de</strong> cristãos neoplatônicos, pensavam que os melhores aspectos da <strong>filosofia</strong> grega<br />
agiam como um mestre escola, conduzindo os gentios a Cristo, tal como a lei mosaica<br />
fizera com os ju<strong>de</strong>us. Esses usavam a <strong>filosofia</strong> grega como uma maneira <strong>de</strong> explicar as<br />
doutrinas cristãs.<br />
Platão parecia-lhes especialmente útil com essa finalida<strong>de</strong>.Qualquer pessoa que estu<strong>de</strong><br />
as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Platão haverá <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o porquê. Ele tem excelentes coisas a dizer,<br />
capazes <strong>de</strong> aclarar a maneira em que concebemos a religião. Alguns dos primeiros pais<br />
da Igreja supunham que o próprio Platão sofrera a influência <strong>de</strong> idéias do Antigo<br />
Testamento.<br />
A Filosofia Pré-Ida<strong>de</strong> Média, Pré-Escolástica (350 — 900 D.C.). Agostinho foi a linha<br />
<strong>de</strong> separação entre a especulação patrística e a especulação escolástica. Agostinho foi o<br />
maior <strong>de</strong> todos os pais latinos da Igreja. Não houve igual a Agostinho, como filósofo<br />
teólogo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Paulo até Tomás <strong>de</strong> Aquino. Além <strong>de</strong>le temos Boethius, como um dos<br />
principais filósofos <strong>de</strong>sse período. John Scotus Erigena foi o precursor do escolasticismo.<br />
Suas datas foram 800-877 D.C.<br />
O Escolasticismo<br />
Alguns datam os primórdios <strong>de</strong>sse movimento já no século VII D.C., fazendo-o prolongarse<br />
até o século XV D.C. Seja como for, chegou ao seu ponto culminante nos séculos XII e<br />
XIII.Esse nome alu<strong>de</strong> aos homens <strong>de</strong> escola, os mestres universitários, filhos da Igreja<br />
Católica Romana, que controlavam o sistema educacional da Europa, durante a Ida<strong>de</strong><br />
Média. O sistema estava alicerçado sobre o manuseio filosófico da fé cristã, <strong>de</strong>stacandose<br />
as i<strong>de</strong>ias filosóficas <strong>de</strong> Platão e Aristóteles, mas, especialmente, a lógica e a<br />
metafísica do último <strong>de</strong>les.<br />
O maior filósofo <strong>de</strong>sse período foi Tomás <strong>de</strong> Aquino.<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>le continua sendo uma po<strong>de</strong>rosa força tanto no seio da Igreja Católica<br />
Romana quanto no mundo filosófico.Os principais filósofos teólogos <strong>de</strong>sse período foram:<br />
Anselmo (1033-1109), Roscelino (1050-1122), Guilherme <strong>de</strong> Cjampeaux (1070-1121),<br />
Pedro Abelardo (1079-1142), Pedro Lombardo (cerca <strong>de</strong> 1164), Bernardo <strong>de</strong> Clairvaux<br />
(1091-1153), João <strong>de</strong> Salisbury (1115-1180), Alexandre <strong>de</strong> Hales (falecido em 1245),<br />
Alberto Magno (1193-1280), Tomás <strong>de</strong> Aquino (1225-1274), Boaventura (1121-1274),<br />
Rogério Bacon (1214-1294), João Duns Scotus (1226-1308).<br />
13
Prelúdio para a Filosofia Mo<strong>de</strong>rna (1400-1500).<br />
O trabalho e o espírito das <strong>filosofia</strong>s <strong>de</strong> Rogério Bacon, Duns Scotus e Guilherme <strong>de</strong><br />
Occam possibilitaram o surgimento da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna. Eles afirmavam que a <strong>filosofia</strong><br />
<strong>de</strong>veria ser uma inquirição livre e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e não uma mera serva da teologia.<br />
Finalmente, isso chegou <strong>à</strong> plena fruição quando a <strong>filosofia</strong> foi capaz <strong>de</strong> repelir a<br />
reivindicação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> da Igreja Católica Romana, tornando-se um campo<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> conhecimento e pesquisas.Tanto a <strong>filosofia</strong> quanto a política têm-se<br />
mostrado subservientes <strong>à</strong> teologia e <strong>à</strong> Igreja Católica Romana.<br />
Porém, com o tempo, o papado foi <strong>de</strong>clinando em seu po<strong>de</strong>r, e muitos escritores católicos<br />
romanos começaram a mostrar certa in<strong>de</strong>pendência em seus pensamentos.<br />
A Renascença e a Reforma Protestante lançaram os alicerces para um novo<br />
pensamento e para novas teorias e ativida<strong>de</strong>s políticas.<br />
Nicolau Maquiavel (1469-1527), um diplomata italiano e a principal figura política da<br />
Itália, lutou por uma Itália in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, livre da dominação exercida pela Igreja Católica<br />
Romana nos campos da política, da ciência e da religião.<br />
Começaram a surgir novas teorias políticas.<br />
Assim, Hugo Grotius (1583-1645) promoveu a doutrina do absolutismo dos governantes,<br />
com base no direito divino dos reis, expressando isso mediante uma lei natural.<br />
Rousseau reagiu contra tal noção, algum tempo <strong>de</strong>pois, tendo promovido os i<strong>de</strong>ais da<br />
<strong>de</strong>mocracia.<br />
Jean Bodin (1530-1596) advogava a teoria que diz que o Estado repousa sobre a razão e<br />
a natureza humanas, dando gran<strong>de</strong> importância <strong>à</strong> opinião popular.<br />
O absolutismo persistiu até o século XVIII.<br />
Porém, Althusius (1556-1638) exerceu influência sobre o mundo político ao lançar os<br />
alicerces para as monarquias e <strong>de</strong>mocracias constitucionais.<br />
A Renascença, dos séculos XIV a XVI, foi um período <strong>de</strong> reavivamento das letras e das<br />
artes na Europa, tendo atuado como um período <strong>de</strong> transição entre a Ida<strong>de</strong> Média e a<br />
História Mo<strong>de</strong>rna.<br />
Um novo interesse pelos clássicos foi uma das questões predominantes durante esse<br />
período, e assim foi lançada a base para a ciência mo<strong>de</strong>rna.<br />
A Reforma Protestante (século XVI), foi um ru<strong>de</strong> golpe contra o monopólio da Igreja<br />
Católica Romana. Lutero e Calvino retroce<strong>de</strong>ram <strong>à</strong> teologia e ao misticismo <strong>de</strong> Agostinho;<br />
Zwínglio foi marcantemente influenciado pelo neoplatonismo.<br />
Jacó Boehme (1575-1642) enfatizava o misticismo.<br />
Herberto <strong>de</strong> Cherbury (1583-1648) construiu uma <strong>filosofia</strong> da religião sobre a metafísica<br />
natural, e não sobre a metafísica sobrenatural.<br />
O humanismo ganhou terreno, o ceticismo e o empirismo foram ganhando po<strong>de</strong>r.<br />
As <strong>filosofia</strong>s naturais apareceram pela primeira vez na Itália (o berço da erudição, durante<br />
esse período), com Cadan e Telesio.<br />
A ciência obteve notável progresso diante dos estudos <strong>de</strong> homens como Leonardo da<br />
Vinci (1452-1519), Copérnico (1472- 1543), Galileu (1564-1641), Kepler (1571-1630) e<br />
Newton (1642-1727).<br />
O tomismo tornou-se a posição filosófica oficial da Igreja Católica Romana, por<br />
<strong>de</strong>terminação do papa Leão XIII, em parte a fim <strong>de</strong> fazer oposição ao naturalismo e ao<br />
ceticismo, que se impunham gradativamente.<br />
A Filosofia Mo<strong>de</strong>rna<br />
Giordano Bruno (1548-1600), um monge dominicano que nasceu perto <strong>de</strong> Nápoles, é<br />
consi<strong>de</strong>rado o pai da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna.Ele fundamentou a sua <strong>filosofia</strong> sobre o<br />
neoplatonismo, mas levou em consi<strong>de</strong>ração as novas teorias cientificas <strong>de</strong> Copérnico.<br />
14
Sua principal realização foi separar, finalmente, a <strong>filosofia</strong> da teologia.Visto que ele<br />
advogava uma espécie <strong>de</strong> panteísmo, i<strong>de</strong>ntificando Deus com a natureza, foi acusado <strong>de</strong><br />
heresia e queimado na fogueira, o que suce<strong>de</strong>u em Roma, em 1600, Porém, seu<br />
pensamento influenciou Leibniz e Hegel, refletindo certos aspectos da cosmologia dos<br />
estóicos.<br />
Tomás Campanella(1568-1639) foi um importante filósofo <strong>de</strong>sse período. Passou vinte e<br />
sete anos na prisão, por causa <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias políticas. Ele advogava uma educação<br />
universal compulsória, com base na ciência e na matemática.<br />
Períodos da Filosofia Mo<strong>de</strong>rna<br />
Empirismo inglês primitivo. Francis Bacon(1561-1626). Abandonou as especulações a<br />
priori e promoveu o empirismo e o método científico.Também fez oposição <strong>à</strong>s antigas<br />
autorida<strong>de</strong>s, como Aristóteles e os escolásticos, referindo-se aos ídolos da mente, que<br />
aprisionam homens.<br />
Racionalismo continental. Descartes (1596-1650) tem sido chamado por alguns <strong>de</strong><br />
fundador da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna.Foi um racionalista, um epistemologista e um metafísico<br />
dualista. Desenvolveu o método cartesiano, que consiste em <strong>de</strong>duções matemáticas<br />
generalizadas, com ênfase sobre a auto-observação.<br />
Benedito Spinoza foi um importante filósofo <strong>de</strong>sse período. Ele combinava o<br />
neoplatonismo com os princípios da Renascença e do cartesianismo.<br />
Maiores <strong>de</strong>senvolvimentos, no empirismo inglês, ocorreram em face da obra <strong>de</strong> John<br />
Locke (1632-1704). A sua i<strong>de</strong>ia da tabula rasa (a mente humana é limpa como uma folha<br />
em branco, ao nascer) pôs a sua <strong>filosofia</strong> sobre o alicerce do empirismo e do método<br />
científico. Ele <strong>de</strong>nunciava o conceito das idéias inatas, tendo <strong>de</strong>senvolvido uma complexa<br />
gnosiologia empírica.<br />
George Barkeley, (1685-1753), o i<strong>de</strong>alista, <strong>de</strong>senvolveu novas teorias do conhecimento.<br />
David Hume sacudiu o mundo da <strong>filosofia</strong> com o seu ar<strong>de</strong>nte ceticismo.<br />
O racionalismo alemão. Destaquei para Leibniz. Ele foi matemático, filósofo, historiador<br />
e diplomata.<br />
A <strong>filosofia</strong> do iluminismo.O movimento chamado Iluminação ou iluminismo glorificava o<br />
conhecimento, a ciência, as artes, a civilização, o progresso e o humanismo. Tomás<br />
Paine, Guilherme Godwin, Leibniz, Wolff, Jean Jacques Rousseau, foram importantes<br />
figuras <strong>de</strong>sse movimento, do ponto <strong>de</strong> vista da <strong>filosofia</strong>. Porém, Kant, Her<strong>de</strong>r, Lessing e<br />
Schiiler atacaram o racionalismo do movimento.<br />
Emanuel Kant (1724-1804) exerceu uma imensa influência sobre o mundo da <strong>filosofia</strong>.<br />
Procurando acomodar-se ao ceticismo <strong>de</strong> Hume, ele o ultrapassou e <strong>de</strong>senvolveu o seu<br />
sistema das proposições (do conhecimento) e dos postulados (quanto <strong>à</strong> ética, <strong>à</strong><br />
metafísica e <strong>à</strong> religião). Sua <strong>filosofia</strong> é complexa e muito abrangente em sua aplicação<br />
universal.<br />
Os sucessores <strong>de</strong> Kant foram Fiehte, Schelling, Schleiermacher e Hegel e, neles,<br />
encontramos novos <strong>de</strong>senvolvimentos do i<strong>de</strong>alismo alemão.Schleiermacher foi o maior <strong>de</strong><br />
todos os i<strong>de</strong>alistas religiosos <strong>de</strong> sua época. Hegel, por sua vez, foi o maior expositor do<br />
i<strong>de</strong>alismo absoluto. Por sua vez, Schopenhauer <strong>de</strong>u ao mundo uma forma clássica do<br />
pessimismo, em sua <strong>filosofia</strong> da vonta<strong>de</strong>.<br />
O positivismo foi um resultado natural do empirismo. A metafísica foi completamente<br />
abandonada, e <strong>de</strong>senvolveu-se uma <strong>filosofia</strong> do método cientifico.<br />
Augusto Comte (1798-1857) estava interessado em reformar a socieda<strong>de</strong> e, por essa<br />
razão, trabalhou no tocante a uma ciência social positiva, tendo rejeitado o pensamento<br />
da Ida<strong>de</strong> Média como primitivo. Seu sistema <strong>de</strong> conhecimento estava alicerçado sobre o<br />
conceito <strong>de</strong> que o conhecimento do homem ocorre em estágios, a começar pelo estágio<br />
teológico, ou estágio antropomórfico primitivo (infantil ), passando daí para o estágio<br />
15
metafísico, <strong>de</strong> acordo com o qual os po<strong>de</strong>res ou entida<strong>de</strong>s metafísicas substituem os<br />
seres humanos (tempo da adolescência) e terminando no estágio positivo, que abandona<br />
o caminho da teologia e enfatiza o como da lei da natureza. Dominam então a ciência<br />
natural e o método empírico.<br />
O utilitarismo. De acordo com esse sistema, a verda<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida em termos <strong>de</strong><br />
utilida<strong>de</strong>, e o prazer torna-se o alvo principal da ativida<strong>de</strong> humana, sem importar qual o<br />
tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. O utilitarismo esteve envolvido em muitas e variegadas reformas da<br />
socieda<strong>de</strong>, incluindo alterações fundamentais na lei.<br />
A <strong>filosofia</strong> da evolução foi promovida por Charles Darwin (1809-1882).<br />
Herbert Sencer (1820-1903) trabalhou em quatro áreas das ciencias: a biologia, a<br />
psicologia, a sociologia e a ética, e tem sido chamado <strong>de</strong> evolucionista cósmico. Ele<br />
promovia uma forma <strong>de</strong> agnosticismo que fazia o Absoluto tornar-se incapaz <strong>de</strong> ser<br />
conhecido.<br />
O novo i<strong>de</strong>alismo era o mesmo i<strong>de</strong>alismo alemão transferido e adaptado para outros<br />
países. Na Inglaterra, importantes filósofos <strong>de</strong>ssa escola foram Thomas Hill Green (1836-<br />
1882), Francis Herbert Bradley (1846-1924), Bernard Bosanque (1848-1923).<br />
Nos Estados Unidos da América do Norte, Josiah Royce (1855-1916) e Bordan Parker<br />
Bowne (1847-1910) mostraram-se proeminentes.<br />
Na Itália houve Rosmini-Sebati (1797-1855), Gilberti (1881.1952), Bene<strong>de</strong>ctto Croce<br />
(1866-1952), e Giovanni Gentile(1875-1944).<br />
O novo positivismo foi <strong>de</strong>senvolvido por Ernesto Mach(1838-1916).<br />
Nele encontramos a equação entre a mente e o corpo.O método científico foi ainda mais<br />
<strong>de</strong>senvolvido. Richard Avenarius (1853-1896) seguia as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Mach. Todas as<br />
categorias do intelecto humano eram concebidas como baseadas sobre a<br />
experimentação. O único método para obtenção do conhecimento estaria baseado sobre<br />
<strong>de</strong>scrições por meio <strong>de</strong> proposições exatas, cientificamente <strong>de</strong>terminadas.A metafísica foi<br />
por ele rejeitada,como se não tivesse significado para nós, simplesmente por não<br />
dispormos <strong>de</strong> meios para investigar tais assuntos.<br />
O pragmatismo. De acordo com esse sistema, a verda<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida em termos daquilo<br />
que funciona, que é prático, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos resultados das ações.Qualquer conceito <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong> absoluta, perfeita e imutável é abandonado.<br />
Charles S. Peirce (1839-1914) foi o formulador dos princípios do pragmatismo mo<strong>de</strong>rno.<br />
Uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qualquer conceito resi<strong>de</strong> na totalida<strong>de</strong> das ocorrências experimentais<br />
aplicadas <strong>à</strong> mesma.<br />
Wihiam James opunha-se ao racionalismo clássico e ao empirismo inglês tradicional.<br />
Ele incluía a fé religiosa em seu sistema, embora com base na praticalida<strong>de</strong> e utilida<strong>de</strong><br />
dos seus conceitos. Seria prático e psicologicamente útil acreditar na existência <strong>de</strong> Deus<br />
e da alma.<br />
James foi um psicólogo que veio a crer no dualismo (a mente separada do corpo), em<br />
face <strong>de</strong> suas experimentações.<br />
Nos escritos <strong>de</strong> John Dewey (1859-1952) temos o pragmatismo como um<br />
instrumentalismo. O instrumentalismo é a i<strong>de</strong>ia que diz que a cognição consiste em forjar<br />
os instrumentos i<strong>de</strong>ais, que nos permitem equacionar qualquer situação dada. Não<br />
haveria finalida<strong>de</strong>s, porquanto cada fim torna-se um novo começo, e a experimentação<br />
prossegue.<br />
As i<strong>de</strong>ias seriam armas teleológieas da mente humana.<br />
As i<strong>de</strong>ias são plásticas e <strong>de</strong>vem a sua estabilida<strong>de</strong> <strong>à</strong>s funções vitais a que servem.<br />
Outros filósofos pragmatistas <strong>de</strong> nomeada foram F.C.S. Schiller, A.W. Moore, .LE. Boodin<br />
e Hans Vúhinger.<br />
Reavivamento do realismo. O realismo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o mundo exterior é real,<br />
mesmo que nenhum agente o esteja percebendo. O i<strong>de</strong>alismo supõe ou que o mundo é<br />
16
criação das nossas i<strong>de</strong>ias, ou que aquilo que po<strong>de</strong>mos saber a seu respeito (mesmo que<br />
seja uma entida<strong>de</strong> distinta) vem apenas através das nossas idéias.<br />
O neotomismo é um realismo católico romano.<br />
Na Alemanha, Granz Brentano (1838-1917), Alexius Meinong (1853-1920) e Edmund<br />
Husseri (1859-1938) foram importantes figuras do realismo.<br />
Husseri <strong>de</strong>u ao século XX uma <strong>de</strong> suas mais importantes doutrinas filosóficas, a<br />
fenomenologia.<br />
A fenomenologia é a ciência <strong>de</strong> todos os fenômenos, os reais e os apenas aparentes.<br />
Na Inglaterra, os principais vultos do realismo foram G.E. Moore, Bertrand Russeil, S.<br />
Alexan<strong>de</strong>r e Alfred North Whitehead.<br />
Nos Estados Unidos da América do Norte, também houve muitos neo-realistas como E.B.<br />
Holt, W.T. Marvin, W.P. Montague, R.B. Perry, W.B. Pitkin e E.G. Spauldíng; e também<br />
houve realistas críticos, como D. Rake, A.O. Lovejoy, J.B. Pratte, A.K. Rogers, George<br />
Santayana, R.W. Seilars e C.A. Strong.<br />
A Filosofia e a Fé Religiosa<br />
As religiões, <strong>de</strong> modo geral, estão alicerçadas sobre a experiência mística.<br />
Um profeta recebe uma visão; discípulos reúnem-se em torno <strong>de</strong>le, como uma importante<br />
figura religiosa; seus discípulos registram suas visões e ensinamentos; livros sagrados<br />
<strong>de</strong>senvolvem-se a partir <strong>de</strong>sses registros; forma-se uma organização (Igreja), a fim <strong>de</strong><br />
preservar e promover aqueles ensinos.Tudo começa nas visões e no discernimento ou<br />
intuição do profeta. Por outro lado, a <strong>filosofia</strong> é basicamente uma inquirição racional e<br />
empírica, embora também possa incluir elementos místicos.<br />
Muitas pessoas religiosas opõem-se a <strong>filosofia</strong> e outras chegam mesmo a <strong>de</strong>sprezá-la<br />
abertamente.Tal atitu<strong>de</strong> é difícil <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r.<br />
Deus é o criador do intelecto (razão) e é difícil imaginar que alguém seria um<br />
antiintelectual, ainda que não anele por enfatizar a intelectualida<strong>de</strong> humana. Apesar <strong>de</strong><br />
ser verda<strong>de</strong> que a revelação, uma subcategoria do misticismo é a fonte principal da<br />
verda<strong>de</strong> religiosa, outros modos <strong>de</strong> conhecimento, como a razão, a intuição e o empirismo<br />
são úteis, produzindo algo que <strong>de</strong>veríamos conhecer, mas que a revelação não esclarece.<br />
Antes <strong>de</strong> tudo, temos <strong>de</strong> interpretar a revelação, e isso requer o uso da razão.Nosso<br />
entendimento da revelação <strong>de</strong>ve-se,em parte, <strong>à</strong> nossa intuição e discernimento.O terreno<br />
inteiro da ciência foi <strong>de</strong>senvolvido por meio do empirismo.<br />
Ali encontramos discernimentos quanto a questões <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que precisamos, a fim<br />
<strong>de</strong> chegar a uma gnosiologia a<strong>de</strong>quada. O conhecimento bíblico tem sido muito<br />
fomentado pelo avanço nos estudos da geologia, da arqueologia, da astronomia, da<br />
biologia e <strong>de</strong> outras ciências.<br />
A ignorância não tem qualquer valor, embora, em alguns círculos religiosos, ela tenha<br />
sido valorizada como se fosse uma virtu<strong>de</strong>.O próprio Deus é o Gran<strong>de</strong> Intelecto, sabendo<br />
tudo sobre todos os campos do conhecimento.Todas as ciências estão apenas<br />
<strong>de</strong>scobrindo quais são os pensamentos <strong>de</strong> Deus, e a ciência é uma busca legitima. Nem<br />
todas as pessoas têm uma missão religiosa.Quando um cientista <strong>de</strong>sempenha bem o seu<br />
papel e cumpre a sua missão, está servindo a Deus. A ciência tem aclarado certas idéias<br />
religiosas, forçando os religiosos a modificarem as suas idéias metafísicas. Certas noções<br />
teológicas têm sido abandonadas, por causa do avanço da ciência.<br />
Não mais cremos que a terra seja o centro do universo, e que ela esteja parada no<br />
espaço.Não mais seguimos a antiga cosmogonia dos hebreus, segundo a qual a terra<br />
seria chata, boiando sobre a água, e sobre colunas, com um firmamento (ou taça<br />
invertida) por cima, separando águas <strong>de</strong> águas, interpretações mo<strong>de</strong>rnas têm fixado no<br />
papel essas idias primitivas, mas é simplesmente melhor admitirmos que a ciência nos<br />
17
tem feito avançar além <strong>de</strong> algumas crenças teológicas existentes na antiga cultura dos<br />
hebreus, que transparecem na Bíblia em alguns lugares.<br />
A ciência tem <strong>de</strong>monstrado a gran<strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong> da terra, especialmente através da<br />
astronomia, e não mais falamos sobre um jovem globo terrestre, com não mais <strong>de</strong> seis mil<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Muito pelo contrário, sabemos que o sistema solar tem, pelo menos,<br />
<strong>de</strong>zesseis bilhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>, e que a terra tem entre quatro e cinco bilhões<br />
<strong>de</strong> anos.<br />
A Própria Revelação não é Perfeita<br />
Nenhum método para se conhecer as coisas, que o homem conhece, está <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong><br />
erros.Os homens, através dos seus dogmas, dizem-nos que a revelação é perfeita e<br />
completa. Porém, nem as próprias revelações bíblicas dizem tal coisa a seu respeito.<br />
Os homens têm um profundo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer os assuntos religiosos em termos<br />
absolutos.O que buscam é o conforto mental, valorizando o mesmo mais do que a busca<br />
autêntica pelo conhecimento.<br />
Consi<strong>de</strong>remos o seguinte fator: quanto mais elevada for uma experiência mística, mais<br />
inefável será ela. Se quisermos enten<strong>de</strong>r certas revelações místicas teremos <strong>de</strong> reduzi-la<br />
a uma forma compatível com a mente humana. Isso significa que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, aquilo<br />
que conhecemos <strong>de</strong>ve ser adaptado segundo termos antropomórficos. Somente Deus<br />
realmente conhece a teologia.<br />
A teologia humana é limitada pela nossa pequenez humana, e falar em outro tom é tornarse<br />
ridículo. Isso posto, não <strong>de</strong>vemos exibir em <strong>de</strong>masia a nossa ignorância, afirmando<br />
que a revelação é completa e perfeita. Tudo quanto passa pela mente do homem e é<br />
adaptado <strong>à</strong> fraca intelectualida<strong>de</strong> humana, torna-se necessariamente incompleto e<br />
imperfeito.<br />
Sendo esse ocaso, faríamos bem em <strong>de</strong>ixar a luz brilhar <strong>de</strong> outras maneiras, procurando<br />
<strong>de</strong>stacar o como e o quê dos nossos conhecimentos.A verda<strong>de</strong> é uma inquirição eterna, e<br />
não um acontecimento que nos vem <strong>de</strong> um golpe só. Isso não significa, entretanto, que<br />
não contamos com algumas verda<strong>de</strong>s importantes. De fato, dispomos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s que<br />
formam o alicerce das nossas vidas, verda<strong>de</strong>s pelas quais bem po<strong>de</strong>mos viver e morrer.<br />
Filosofia serva da <strong>Teologia</strong><br />
Apesar <strong>de</strong> ter sido bom que Giordano Bruno tenha dado nascimento <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, e<br />
que, por isso, tornou-se novamente uma disciplina distinta, a <strong>filosofia</strong> continua servindo<br />
para aclarar o pensamento e as crenças religiosas.É óbvio que o teólogo que também é<br />
treinado na <strong>filosofia</strong> é um teólogo melhor do que se não tivesse recebido tal treinamento.<br />
Em primeiro lugar, tal teólogo enten<strong>de</strong> as implicações da teologia bem melhor. De fato,<br />
posso afirmar com segurança que a melhor coisa que um teólogo po<strong>de</strong> fazer, a fim <strong>de</strong><br />
ampliar os seus conhecimentos e a sua maneira <strong>de</strong> pensar, é estudar a <strong>filosofia</strong>. Quase<br />
todas as escolas teológicas reconhecem isso, requerendo alguma base filosófica para<br />
seus alunos <strong>de</strong> teologia.<br />
Além disso, por seus próprios direitos, inteiramente <strong>à</strong> parte <strong>de</strong> ser uma ajuda para a<br />
teologia, a <strong>filosofia</strong> tem-nos provido conhecimentos muito úteis.Consi<strong>de</strong>remos os campos<br />
da ética, da metafísica e da gnosiologia. Quando a teologia não tem o respaldo da<br />
<strong>filosofia</strong>, mostra-se bastante fraca nesses campos. Não foi por mero aci<strong>de</strong>nte que, até o<br />
século XX (quando o empirismo assumiu tanta importância, através do surgimento da<br />
atitu<strong>de</strong> científica), a maioria dos filósofos ou tem sido ministros ou filhos <strong>de</strong> ministros.<br />
É verda<strong>de</strong> que a <strong>filosofia</strong> tem suas corrupções e idéias más; mas outro tanto acontece no<br />
campo da teologia.Nada obtemos com a ignorância.A alma iluminada age melhor quando<br />
sabe quais opções po<strong>de</strong> tomar, e não sofre tanto quando se equivoca na busca do<br />
conhecimento.<br />
18
A Atitu<strong>de</strong> e a Filosofia do Novo Testamento<br />
É verda<strong>de</strong> que Paulo, o rabino ju<strong>de</strong>u, com sua mente repleta <strong>de</strong> visões e <strong>de</strong> elevadas<br />
buscas espirituais, não encontrou muito uso teórico para a <strong>filosofia</strong>, conforme se vê em 1<br />
Cor. 1:18 ss.<br />
Por outro lado, os eruditos reconhecem o quanto ele <strong>de</strong>pendia do estoicismo romano, em<br />
suas i<strong>de</strong>ias éticas. Tarso era um centro <strong>de</strong>ssa escola <strong>de</strong> pensamento e Paulo estava<br />
familiarizado com as suas máximas, muitas das quais ele usou direta ou indiretamente em<br />
suas epístolas.De certa feita, Paulo tentou atuar como filósofo e não obteve muito<br />
sucesso (ver Atos 17). Por outro lado, Justino Mártir conduziu muitos intelectuais a Cristo,<br />
usando uma abordagem filosófica da fé religiosa, pois supunha que a melhor porção da<br />
<strong>filosofia</strong> grega atuava como mestre-escola para conduzir os pagãos a Cristo, tal como a<br />
lei assim fazia no caso dos ju<strong>de</strong>us.<br />
Os pais gregos da Igreja concordavam com essa atitu<strong>de</strong> e sempre encontraram muito uso<br />
para a <strong>filosofia</strong>.O único lugar no Novo Testamento on<strong>de</strong> a palavra <strong>filosofia</strong> é usada é em<br />
Colossenses 2:8, e on<strong>de</strong> Paulo mostra-se Contrário em termos enfáticos. Porém, ali o<br />
apóstolo opunha-se <strong>à</strong>s inúteis especulações do gnosticismo, e não <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong> como um<br />
todo.O apóstolo dos gentios empregava o método filosófico quando procurava <strong>de</strong>scortinar<br />
os princípios amplos e universais, em sua cosmologia, no primeiro capítulo da epístola<br />
aos Efésios, em sua ética no sétimo capítulo <strong>de</strong> Romanos, e em sua <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>,<br />
nos capítulos nono a décimo primeiro <strong>de</strong> Romanos.<br />
Essas passagens certamente vão além daquilo que se po<strong>de</strong>ria esperar da parte <strong>de</strong> um<br />
rabino ju<strong>de</strong>u, <strong>de</strong>monstrando que ele tinha uma ampla educação que, embora não fosse<br />
principalmente filosófica, incluía esse aspecto.<br />
Filosifia Analítica<br />
Sob esse título, vários e diferentes programas filosóficos têm sido <strong>de</strong>signados,<br />
notavelmente os <strong>de</strong> Bertrand Russeil, G.E. Moore, os positivistas lógicos, Ludwig<br />
Wittgenstein e outros.<br />
O que eles têm em comum é que nenhum <strong>de</strong>les procura erigir um sistema metafísico que<br />
(como o <strong>de</strong> Bradley ou o <strong>de</strong> Leibniz) <strong>de</strong>screva o mundo diário apenas como aparências,<br />
localizando a Realida<strong>de</strong> em outro modo <strong>de</strong> ser, totalmente diferente.<br />
Isso não equivale a dizer que nenhum filósofo analítico entra na questão da metafísica.<br />
A análise <strong>de</strong> Russell foi projetada para revelar as estruturas lógicas que a linguagem<br />
normalmente oculta.<br />
GE. Moore usou a palavra para indicar o esclarecimento sistemático <strong>de</strong> qualquer<br />
proposição. Tenho um corpo, o tempo é real, etc., mas não posso dizer como e por quê. A<br />
tarefa da análise consiste em explicar e em evitar tais <strong>de</strong>clarações como o tempo não é<br />
real, o mundo é ilusório.<br />
No positivismo lógico, a análise tornou-se científica.A sua linguagem é empregada em<br />
<strong>de</strong>scrições científicas e empíricas, agressivamente hostis <strong>à</strong> metafísica, intitulando tais<br />
proposições <strong>de</strong> <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> sentido.Wittgenstein, em seus primeiros estágios, usou um<br />
tanto os métodos <strong>de</strong> Russell, promovendo uma análise reducionista, referindo-se <strong>à</strong><br />
linguagem como uma “pinturas <strong>de</strong> fatos”. Posteriormente, ele veio a crer que a linguagem<br />
não tem a única e simples função <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver o mundo dos fatos. Antes, há muitas e<br />
irredutíveis funções da linguagem, servindo a uma multidão <strong>de</strong> diferentes propósitos<br />
humanos.<br />
A tarefa do analista consiste em i<strong>de</strong>ntificar e discriminar essas funções. Muitos problemas<br />
filosóficos surgem do uso <strong>de</strong>scuidado da linguagem, e ao analista cabe <strong>de</strong>monstrar<br />
isso.Uma importante tarefa da <strong>filosofia</strong> analítica é <strong>de</strong>scobrir o sentido <strong>de</strong> alguma<br />
19
pergunta. E então, mediante a análise, tentar provar a resposta, ou respostas.<br />
Determinadas perguntas não têm sentido, e não merecem ser filosoficamente<br />
investigadas.Outra <strong>de</strong> suas tarefas é a iluminação lógica dos pensamentos, a fim <strong>de</strong> evitar<br />
o que é fato e o que é <strong>de</strong>sarrazoado.<br />
Filosofia da Biologia<br />
De acordo com isso, a biologia é concebida segundo termos filosóficos.<br />
A doutrina platônica dos universais tem aplicações <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong> da biologia.<br />
Platão supunha que existem entida<strong>de</strong>s eternas, imutáveis e espirituais que obrigam as<br />
formas biológicas a serem o que são, visto que essas formas seriam cópias das<br />
realida<strong>de</strong>s universais.O conceptualismo supõe que todas as coisas que existem emergem<br />
das idéias divinas.<br />
Filosofia da Ciência<br />
Trata-se do estudo filosófico da ciência,por meio do qual seus métodos,alvos e limitações<br />
são estabelecidos.A pesquisa científica organizada, através do método empírico, tem<br />
<strong>de</strong>senvolvido a maior parte <strong>de</strong> nossos campos do conhecimento; e para algumas<br />
pessoas, essa parece ter sido a única maneira autêntica <strong>de</strong> buscar conhecimentos.<br />
A <strong>filosofia</strong> da ciência, pois, procura mostrar o que há <strong>de</strong> significativo e distintivo nas<br />
asserções feitas pelos cientistas; o que distingue as meras opiniões do conhecimento<br />
sólido; como distinguir a verda<strong>de</strong>ira ciência da pseudociência; quais são os verda<strong>de</strong>iros<br />
métodos científicos; e até que ponto a ciência po<strong>de</strong> reivindicar possuir um conhecimento<br />
genuíno.<br />
Aristóteles tinha uma ingênua <strong>filosofia</strong> da ciência. Ele supunha que um juízo, juntamente<br />
com uma completa <strong>de</strong>scrição, seria o conhecimento. Para exemplificar, suponhamos que<br />
eu fosse um zoólogo.Eis que capturo uma ave na floresta.<br />
Então chamo o pássaro por seu nome correto. Assim fazendo, terei emitido um juízo. Em<br />
seguida, passo a <strong>de</strong>screver a ave <strong>de</strong> todas as maneiras possíveis, incluindo a sua<br />
estrutura atômica, se é que tenho acesso a esse tipo <strong>de</strong> conhecimento (Aristóteles não<br />
tinha tal acesso).Quando minha <strong>de</strong>scrição tornar-se absolutamente completa, segundo<br />
pensava Aristóteles, então terei atingido o pleno conhecimento sobre aquela ave.<br />
Platão, por sua vez, negava que um mero juízo e uma completa <strong>de</strong>scrição possam<br />
produzir o conhecimento.<br />
Ele salientava que esse processo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da percepção dos sentidos, que será algo<br />
sempre parcial. Para ele, o conhecimento sempre <strong>de</strong>veria ser do real, do universal, e não<br />
acerca dos particulares, dos objetos terrenos, meras cópias da realida<strong>de</strong>. Esse tipo <strong>de</strong><br />
realismo, naturalmente, era rejeitado por Aristóteles, que sempre via o universal nos<br />
particulares, e não distinto dos mesmos.Os sofistas, além <strong>de</strong> outros céticos, abandonaram<br />
a busca do conhecimento através da percepção dos sentidos, ou qualquer outro método.<br />
Os primeiros cientistas da era mo<strong>de</strong>rna assumiam a posição aristotélica sobre o<br />
conhecimento, supondo que as suas <strong>de</strong>scobertas logo solucionariam os mistérios do<br />
Universo.Foi então que o conhecimento da complexa natureza do átomo começou a<br />
aflorar e esses muitos e profundos mistérios <strong>de</strong>rrubaram por terra todas as teorias do<br />
conhecimento.Os cientistas, então, retroce<strong>de</strong>ram para o ponto <strong>de</strong> vista do ceticismo e<br />
começaram a asseverar que <strong>de</strong>vemos chamar <strong>de</strong> conhecimento aquilo que funciona, que<br />
é prático, que dá resultados, sem importar quantas teorias não resolvidas restem acerca<br />
da natureza da matéria ou do próprio universo.<br />
Kant afirmava que até mesmo aquilo que dizemos sobre algo já foi <strong>de</strong>terminado pelas<br />
categorias da mente, pelo que po<strong>de</strong>ria ser reflexo ou não da verda<strong>de</strong> objetiva.<br />
O resultado disso foi que o positivismo lógico (que é nossa atual <strong>filosofia</strong> da ciência),<br />
permanece cético acerca <strong>de</strong> um conhecimento completo e perfeito, rejeitando a metafísica<br />
20
como <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> sentido, e consi<strong>de</strong>rando como conhecimento somente aquilo que tem<br />
utilida<strong>de</strong> imediata.<br />
Debilida<strong>de</strong>s da Filosofia da Ciência<br />
1-A ciência mo<strong>de</strong>rna tem sido reduzida ao método empírico, tachando <strong>de</strong> sem sentidos <strong>à</strong>s<br />
conclusões obtidas mediante outros métodos, como o racionalismo, a intuição e o<br />
misticismo.<br />
No entanto, o conhecimento sobre as verda<strong>de</strong>s mais profundas, como aquelas que dizem<br />
respeito <strong>à</strong> alma, <strong>à</strong> ética, <strong>à</strong> cosmologia e a Deus, só po<strong>de</strong> ser obtido com maior proveito<br />
através <strong>de</strong>sses outros métodos, embora não sejam exatos como a matemática. Ao<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r somente do empirismo, a ciência mo<strong>de</strong>rna tornou-se provincialista, parcial.<br />
Quando se lê os escritos dos filósofos científicos, vêem-se óbvios hiatos em seu<br />
conhecimento acerca do que está suce<strong>de</strong>ndo em outros campos.<br />
2-A <strong>filosofia</strong> da ciência não <strong>de</strong>monstra o <strong>de</strong>vido respeito por outros modos <strong>de</strong> se tomar<br />
conhecimento, como a razão (mesmo sem a experimentação), a intuição e o misticismo.<br />
O conhecimento também nos po<strong>de</strong> ser dado através <strong>de</strong>sses métodos, atingindo informes<br />
que estão além da abordagem empírica.<br />
3-Apesar da ciência po<strong>de</strong>r adotar legitimamente uma metodologia atéia, isto é, sem<br />
envolver Deus no quadro, a fim <strong>de</strong> tentar solucionar mistérios que, provavelmente<br />
po<strong>de</strong>rão ser finalmente solucionados do ponto <strong>de</strong> vista natural, por via do empirismo,<br />
<strong>de</strong>ve-se reconhecer a hostilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos cientistas a qualquer abordagem que não seja<br />
empírica, por causa <strong>de</strong> seu pronunciado ateísmo.<br />
Mas, algum dia, os cientistas terão <strong>de</strong> incluir fatores como Deus e a espiritualida<strong>de</strong>, em<br />
seus laboratórios. E assim, quando ultrapassarem o que para eles constitui uma gran<strong>de</strong><br />
barreira, terão obtido um significativo avanço.<br />
4-Os cientistas, seguindo as idéias <strong>de</strong> seus próprios pioneiros, <strong>de</strong>veriam consi<strong>de</strong>rar com<br />
serieda<strong>de</strong> o conceito que a matéria é apenas secundária, <strong>de</strong> tal modo que, mesmo que<br />
seja plenamente <strong>de</strong>scrita, não po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> base da existência. Ê provável que, por<br />
<strong>de</strong>trás da matéria, esteja a mente, e que, por <strong>de</strong>trás da mente, esteja a Mente Absoluta<br />
(Deus). Na verda<strong>de</strong>, conforme dizia Max Planck, o Universo é muito mais como uma idéia<br />
do que como uma gran<strong>de</strong> máquina.<br />
5-As tendências exibidas pelos cientistas por <strong>de</strong>sencorajarem os juízos <strong>de</strong> valor mostram<br />
uma <strong>de</strong>gradação, e não um avanço. A primeira <strong>de</strong> todas as ciências é precisamente a<br />
ética, que eles <strong>de</strong>sprezam em suas investigações científicas.<br />
6-Os positivistas lógicos apressam-se a classificar <strong>de</strong> sem sentido (se verda<strong>de</strong>iro ou se<br />
falso, não sabemos dizer) a tudo aquilo que não é sondado pelos métodos científicos e<br />
empíricos.Isso não passa <strong>de</strong> um esnobismo no campo da gnosiologia; é não estudar as<br />
coisas com rigor filosófico.A maioria dos cientistas mantém-se inteiramente inconsciente<br />
do que está sendo <strong>de</strong>scoberto em outros campos <strong>de</strong> investigação, especialmente nos<br />
campos da parapsicologia e do misticismo.<br />
7-A fim <strong>de</strong> existir, a ciência precisa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da invariabilida<strong>de</strong>, visto que a menos que as<br />
experiências possam ser repetidas, <strong>de</strong> acordo com leis constantes, nada resultaria disso<br />
senão o caos.No entanto, a teleologia é uma importante proposição metafísica, pelo que<br />
<strong>de</strong>veria não ter sentido para os filósofos da ciência.Mas cabe-nos perguntar como é que<br />
existem leis invariáveis na natureza, a menos que alguma Força Mental tenha<br />
estabelecido tais leis. Porventura a teleologia seria resultado do mero acaso? Não são<br />
esses termos opostos, contraditórios? A fim <strong>de</strong> pensar ou especular <strong>de</strong> modo inteligente<br />
acerca da natureza (mesmo que não chegue a questões mais profundas, como a alma ou<br />
como Deus) o indivíduo precisa romper as ca<strong>de</strong>ias do empirismo.<br />
21
Contribuições da Filosofia da Ciência<br />
Se os cientistas não tivessem seguido tão teimosamente o seu empirismo, e sua fanática<br />
aplicação <strong>à</strong> técnicas <strong>de</strong> laboratório, não po<strong>de</strong>riam ter chegado aos fantásticos resultados<br />
que vemos atualmente. Todos os fanáticos ten<strong>de</strong>m por mostrar-se unilaterais naquilo<br />
que pensam e fazem; mas, nessa intensida<strong>de</strong>, com freqüência obtêm melhores<br />
resultados do que outras pessoas.<br />
Muitos mistérios anteriores ce<strong>de</strong>ram diante dos métodos e da metodologia empíricos<br />
(mesmo que não da teoria empírica).O ateísmo, pois, tem servido <strong>de</strong> útil instrumento nas<br />
mãos dos cientistas. Porém, precisamos lembrar que nem toda luz está concentrada nos<br />
feixes <strong>de</strong> raio laser.Uma das maiores realizações da ciência tem sido tornar obsoletas<br />
várias teorias teológicas, o que tem forçado os teólogos a fazerem as adaptações<br />
necessárias.<br />
Esboço da História da Filosofia da Ciência<br />
Os primeiros cientistas da era mo<strong>de</strong>rna tendiam por aceitar um certo ponto <strong>de</strong> vista<br />
aristotélico ingênuo.<br />
Francis Bacon insistia quanto ao método indutivo nas pesquisas científicas.<br />
Equivocadamente, ele chamou Aristóteles <strong>de</strong> racionalista a priori; mas na realida<strong>de</strong>,<br />
ultrapassou a Aristóteles quanto <strong>à</strong> indução radical, que era o seu método preferido.<br />
Descartes e Leibniz expressaram gran<strong>de</strong>s reservas acerca do empirismo, porquanto<br />
sentiam que Wittgenstein e apresentou o seu atomismo lógico. Para ele, o mundo<br />
constituir-se-ia <strong>de</strong> fatos atômicos, que po<strong>de</strong>m ser representados por proposições<br />
elementares.<br />
O positivismo lógico resulta do empirismo extremo.A assertiva básica é que somente<br />
experiências comprovadas em laboratório nos fornecem conhecimentos verda<strong>de</strong>iros, mas<br />
que até mesmo esse tipo <strong>de</strong> conhecimento consiste apenas em taxas <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>,<br />
que se tornam úteis na prática.<br />
Esse sistema é uma espécie <strong>de</strong> ceticismo cientifico.<br />
22
História e Introdução <strong>à</strong> Filosofia<br />
L 1<br />
1- A palavra <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> duas palavras gregas.Quais são?<br />
A-Philein (“mamar”) e Sophia (“sabedoria”)<br />
B-Antropologia<br />
2- Qual foi o primeiro homem a usar a palavra <strong>filosofia</strong>?<br />
A-Pitágoras, em cerca <strong>de</strong> 600 a.C.<br />
B-Sócrates<br />
3- Platão concebia a <strong>filosofia</strong> como aquela ativida<strong>de</strong> que leva ao <strong>de</strong>scobrimento da<br />
realida<strong>de</strong>, ou:<br />
A-Verda<strong>de</strong> absoluta, obtida através da dialética<br />
B-Verda<strong>de</strong> totalista<br />
4- Aristóteles acreditava que a <strong>filosofia</strong> fundamental:<br />
A-Seria a Política<br />
B-Seria a <strong>Teologia</strong><br />
5- O que seria a realida<strong>de</strong> da <strong>filosofia</strong> para o neoplatonismo?<br />
A-Seria o conhecimento<br />
B-Seria uma religião<br />
6- Quem opinava que a <strong>filosofia</strong> é aquela ativida<strong>de</strong> que classifica e interpreta a<br />
experiência humana?<br />
A-Cousin<br />
B-Platão<br />
7- Quem pensava que a ativida<strong>de</strong> dos filósofos tem por intuito re<strong>de</strong>scobrir o significado do<br />
Ser , uma herança antigamente possuída?<br />
A-Canti<br />
B-Hei<strong>de</strong>gger<br />
8- Quem distinguia ente o que ele chamava <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>s da ação(que enfatiza o ser<br />
humano) e <strong>filosofia</strong> do ser(que enfatiza alguma divinda<strong>de</strong> histórica)?<br />
A-Bonhoeffer<br />
B-Pascal<br />
9- Qual é a <strong>de</strong>finição básica da <strong>filosofia</strong>?<br />
A-Filosofia é a <strong>história</strong> das idéias<br />
B-Filosofia é a busca pelo conhecimento<br />
10- Que sistema a lógica aborda?<br />
A-O princípio do saber<br />
B-Os princípios do raciocínio<br />
11- Por quem foi formulada a lógica <strong>de</strong>dutiva?<br />
A-Aristóteles<br />
B-Sócrates<br />
23
12- Qual é o vocábulo que vem do grego aisthes,“Sensível”?<br />
A-A Ética<br />
B-A Estética<br />
13- Qual o nome dado a investigação no campo da conduta I<strong>de</strong>al, bem como sobre as<br />
regras e teorias que a governam?<br />
A-A Ética<br />
B-A Lógica<br />
14- De o significado do vocábulo político que vem do grego:<br />
A-Poli estado<br />
B-Poli cida<strong>de</strong><br />
15- Que disciplina estuda o conhecimento em sua natureza, origem, limites, possibilida<strong>de</strong>,<br />
métodos,objetos e objetivos?<br />
A-A política<br />
B-A gnosiologia<br />
16- A que palavra refere-se a investigação quanto a verda<strong>de</strong>ira natureza <strong>de</strong> qualquer<br />
coisa?<br />
A-Metafísica<br />
B-Lógica<br />
17- Qual o nome dado ao período áureo da <strong>filosofia</strong> grega; Sócrates, Platão e Aristóteles<br />
<strong>de</strong> 470 a 322 a.C?<br />
A-Período Clássico<br />
B-Período <strong>de</strong> Ouro<br />
18- Que nome era dado as escolas Epicureanismo e estoicismo?<br />
A-Escolas Éticas<br />
B-Escolas Políticas<br />
19- Qual o nome dado a <strong>filosofia</strong> do bom senso?<br />
A-Ética<br />
B-Ecleticismo<br />
20- Os romanos eram gran<strong>de</strong>s pensadores ecléticos:<br />
A-E não pensadores lógicos<br />
B-E não pensadores originais<br />
21- Os pais da igreja latina, Terlutino, Arnobio,Lactancio; e outros, rejeitavam a <strong>filosofia</strong><br />
como:<br />
A-Puro produto do paganismo<br />
B-Por ser heresia<br />
22- Os pais gregos da igreja, Tertuliano, Justino Mártir,Clemente <strong>de</strong> Alexandria, Orígenes<br />
e vários níveis <strong>de</strong> cristãos neoplatonicos, pensavam que os melhores aspectos da <strong>filosofia</strong><br />
grega:<br />
A-Agiam como um mestre escola<br />
B-Agiam como pedagogo<br />
24
23- Quem foi a linha <strong>de</strong> separação entre a especulação patrística e a especulação<br />
escolástica?<br />
A-Tomas <strong>de</strong> Aquino<br />
B-Agostinho<br />
24- Quem lançou alicerces para um novo pensamento e para novas teorias e ativida<strong>de</strong>s<br />
políticas?<br />
A-O Iluminismo<br />
B-A Renascença e a Reforma Protestante<br />
25- Qual foi a pessoa que lutou por um Itália in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, livre da dominação exercida<br />
pela Igreja?<br />
A-Nicolau Maquiavel<br />
B-Canti<br />
26- Quem construiu uma <strong>filosofia</strong> da religião sobre a metafísica natural, e não sobre a<br />
metafísica sobrenatural?<br />
A-Pedro Abelardo<br />
B-Herberto <strong>de</strong> Cherbury, 1583 <strong>à</strong> 1648<br />
27- Quem tem sido chamados por alguns <strong>de</strong> fundador da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna?<br />
A-Descartes, 1596 <strong>à</strong> 1650<br />
B-Plotino<br />
28- Qual o filósofo que combinava o neoplatonismo com os princípios da Renascença e<br />
do cartesianismo?<br />
A-Benedito Espinosa<br />
B-Darwin<br />
29- Qual foi o resultado natural do empirismo?<br />
A-O Positivismo<br />
B-O Iluminismo<br />
30- A <strong>filosofia</strong> da evolução foi promovida por:<br />
A-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
B-Darwin, 1809 <strong>à</strong> 1882<br />
31- O novo positivismo foi <strong>de</strong>senvolvido por:<br />
A-Ernesto Mach, 1838 <strong>à</strong> 1916<br />
B-João Damasceno<br />
32- Em qual sistema, a verda<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida em termos daquilo que funciona, que é prático<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos resultados das ações?<br />
A-O socialismo<br />
B-O pragmatismo<br />
25
33- A fenomenologia é a ciência <strong>de</strong> todos os fenômenos:<br />
A-Os reais e os apenas aparentes<br />
B-Os apenas aparentes<br />
34- O conhecimento bíblico tem sido muito fomentado pelo avanço nos estudos da:<br />
A-Física, Química, Matemática, Astrologia e outras ciências<br />
B-Geologia, Arqueologia, Astronomia, Biologia e outras ciências<br />
35- Certas noções teológicas tem sido abandonadas,<br />
A-Por causa do avanço da ciência<br />
B-Por causa do avanço da <strong>de</strong>scrença<br />
36- De fato, posso afirmar com segurança que a melhor coisa que um teólogo po<strong>de</strong> fazer,<br />
a fim <strong>de</strong> ampliar os seus conhecimentos e a sua maneira <strong>de</strong> pensar,<br />
A-Estudar <strong>filosofia</strong><br />
B-Estudar antropologia<br />
37- A alma iluminada age melhor quando sabe quais opções po<strong>de</strong> tomar,<br />
A-E não sofre tanto quando se equivoca na busca da religião<br />
B-E não sofre tanto quando se equivoca na busca do conhecimento<br />
38- Qual o único lugar do Novo Testamento on<strong>de</strong> a palavra <strong>filosofia</strong> é usada?<br />
A-Lucas, 2:9<br />
B-Colossenses, 2:8<br />
39- A análise <strong>de</strong> Russell foi projetada para revelar as estruturas lógicas que a:<br />
A-Linguagem normalmente oculta<br />
B-Linguagem normalmente explícita<br />
40- A tarefa da análise consiste em explicar e em evitar <strong>de</strong>clarações como:<br />
A-O tempo não é real, o mundo é ilusório<br />
B-O temo é real<br />
41- Muitos problemas filosóficos surgem do uso <strong>de</strong>scuidado da linguagem,<br />
A-E ao analista cabe <strong>de</strong>monstrar isso<br />
B-E ao analista cabe a <strong>de</strong>scrença<br />
42- A doutrina platônica dos universais tem aplicações a:<br />
A-Filosofia da Biologia<br />
B-Filosofia da Política<br />
43- A <strong>filosofia</strong> da ciência, pois, procura mostrar o que há <strong>de</strong> significativo e distintivos nas:<br />
A-Asserções feitas pelos teólogos<br />
B-Asserções feitas pelos cientistas<br />
44- Kant afirmava que até mesmo aquilo que dizemos sobre algo:<br />
A-Já foi <strong>de</strong>terminado pelas categorias da mente<br />
B-Já foi <strong>de</strong>terminado pelo entendimento<br />
26
45- Quando se lê os escritos dos filósofos científicos,vemos óbvios hiatos em seu<br />
conhecimento acerca do que esta:<br />
A-Suce<strong>de</strong>ndo em otros campos<br />
B-Acontecendo atualmente<br />
46- Quem disse que o Universo é muito mais como uma idéia do que como uma gran<strong>de</strong><br />
máquina?<br />
A-Carl Marx<br />
B-Max Planck<br />
47- O que é uma importante proposição metafísica?<br />
A-A <strong>Teologia</strong><br />
B-A Mecânica<br />
48- Qual é a tendência <strong>de</strong> todos os fanáticos?<br />
A-Crença absurda<br />
B-Mostrar-se unilaterais naquilo que pensam e fazem<br />
49- Quem insistia quanto ao método indutivo nas pesquisas cientificas?<br />
A-Francis Bacon<br />
B-Locke<br />
50- O que resulta do empirismo externo?<br />
A-O positivismo lógico<br />
B-O positivismo<br />
27
LIÇÃO 2<br />
O operacionalismo tomou por empréstimo elementos tanto do pragmatismo quanto do<br />
positivismo lógico. P.W. Bridgeman interpretava os significados ou as <strong>de</strong>finições em<br />
termos <strong>de</strong> operações.<br />
Karl Popper invocava a verificação como um modo eficaz <strong>de</strong> fazer investigações<br />
científicas. Ele enfatizava ainda mais o elemento da falsibilida<strong>de</strong><br />
As mo<strong>de</strong>rnas <strong>filosofia</strong>s da ciência incorporam as idéias da indução, do ceticismo, do<br />
positivismo lógico, do pragmatismo, do operacionalismo e da falsibilida<strong>de</strong>. Mário Bunge<br />
advertiu-nos contra o mito da simplicida<strong>de</strong>.<br />
Ainda há muita coisa a ser dita acerca <strong>de</strong> todas as <strong>filosofia</strong>s e <strong>de</strong> toda a ciência. Paul K.<br />
Feyerabend tem argumentado em favor da ênfase e da novida<strong>de</strong>, na produção <strong>de</strong> teorias<br />
e tem feito avisos contrários <strong>à</strong> uniformida<strong>de</strong>.<br />
Todos os campos <strong>de</strong> conhecimento conduzem-nos a coisas novas, e jamais as portas<br />
<strong>de</strong>veriam ser fechadas para novos <strong>de</strong>senvolvimentos.<br />
28
2<br />
A Filosofia e História da Religião<br />
Filosofia da História<br />
Essa expressão não <strong>de</strong>ve ser confundida com História da Filosofia.<br />
A Filosofia da História é o exame filosófico da <strong>história</strong>, na tentativa <strong>de</strong> verificar se é<br />
possível chegar-se a uma <strong>de</strong>scrição filosófica da própria <strong>história</strong>. Por outra parte, a<br />
História da Filosofia acompanha as i<strong>de</strong>ias filosóficas <strong>de</strong> maneira cronológica através da<br />
<strong>história</strong>.<br />
As <strong>de</strong>finições filosóficas da <strong>história</strong> não apresentam, necessariamente, qualquer teoria<br />
sistemática quanto ao que está envolvido no processo histórico, pelo que aquele assunto<br />
<strong>de</strong>ve ser distinguido do que apresentamos aqui.<br />
Há uma boa diferença entre a <strong>história</strong> e a <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>.<br />
A primeira estuda a <strong>história</strong>, sem tentar <strong>de</strong>scobrir ali quaisquer padrões repetitivos ou<br />
qualquer <strong>de</strong>sígnio ou lei normativa <strong>de</strong> qualquer espécie.<br />
Mas, sempre que alguém encontra alguma força orientadora, ou coisas que têm<br />
significado e se repetem, formando ciclos, então já estaremos tratando com a <strong>filosofia</strong> da<br />
<strong>história</strong>. Ou então, talvez a <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> <strong>de</strong> alguém é que não existe tal coisa como<br />
esses padrões, mas a <strong>história</strong> seria <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnio por ser caótica.<br />
E, visto que aquele que assim faz já estará filosofando sobre a <strong>história</strong>, fazendo a respeito<br />
<strong>de</strong>la alguma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração filosófica, então estará, ao mesmo tempo, criando uma<br />
<strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>.<br />
A cultura judaica tinha uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> bem <strong>de</strong>finida.<br />
Eles acreditavam que a <strong>história</strong> começou por um ato divino, tendo sido dirigida,<br />
teologicamente, pelo próprio Deus.<br />
Contudo, a concepção da <strong>história</strong> <strong>de</strong>les era linear,tivera um começo bem <strong>de</strong>finido, uma<br />
força orientadora que se movia para um alvo específico, um alvo final predito por homens<br />
santos.<br />
Quanto a isso, Israel haveria <strong>de</strong> ser guia e mestra das nações, até atingir, finalmente, a<br />
sua futura era áurea, guiada segundo mol<strong>de</strong>s teístas, quando surgir em cena o Messias,<br />
na glória <strong>de</strong> sua segunda vinda. Naturalmente, a teocracia <strong>de</strong> Israel misturava a Igreja<br />
com o Estado, em uma unida<strong>de</strong> indivisível.<br />
As religiões orientais e os estóicos promoviam uma teoria da <strong>história</strong> diferente, a saber,<br />
uma idéia circular.<br />
Os estóicos acreditavam que o Logos manifestara-se através <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ciclos <strong>de</strong><br />
tempo.<br />
Então uma gran<strong>de</strong> conflagração teria assinalado o recolhimento do Logos ao seu estado<br />
original, <strong>de</strong>pois que o Logos se cansara <strong>de</strong> suas emanações. Após certo tempo,<br />
in<strong>de</strong>terminado, o Logos haveria <strong>de</strong> emanar-se novamente, e isso iniciaria um novo ciclo.<br />
Entretanto, esses ciclos significariam que todas as coisas que estão acontecendo, já<br />
aconteceram e haverão <strong>de</strong> acontecer novamente.<br />
Isso posto, uma interminável repetição seria a gran<strong>de</strong> característica da <strong>história</strong>.<br />
Uma versão religiosa do ponto <strong>de</strong> vista cíclico da <strong>história</strong> é aquela que afirma que o<br />
universo nasceu <strong>de</strong> Deus e está <strong>de</strong>stinado <strong>à</strong> reabsorção final, a partir do que haverá a<br />
repetição do mesmo processo. A i<strong>de</strong>ia platônica dos universais, que se manifestariam por<br />
29
meio dos particulares, que, por sua vez, são reabsorvidos pelos universais, após muitos<br />
milhares <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> reencarnações (no caso do homem) é uma variante <strong>de</strong>ssa noção.<br />
Heráclito concebia a <strong>história</strong> do homem como se passasse por ciclos <strong>de</strong> progresso e<br />
<strong>de</strong>clínio.<br />
Nos tempos mo<strong>de</strong>rnos, Nietzsche propôs um ponto <strong>de</strong> vista cíclico da <strong>história</strong>, em sua<br />
doutrina da recorrência eterna. Sua i<strong>de</strong>ia, portanto, é bastante parecida com o conceito<br />
dos estóicos, que falavam sobre a reabsorção <strong>de</strong> todas as coisas pela fonte emanadora<br />
original.<br />
O cristianismo tornou a expressar a idéia que os hebreus faziam da <strong>história</strong>, excetuando<br />
que fazia tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r, para sua realização, do Messias, em seu primeiro evento, sem<br />
seu segundo evento, no milênio e no estado eterno, condições essas na direção das<br />
quais todas as coisas se estão movendo. A espiritualida<strong>de</strong> é injetada nessa <strong>filosofia</strong> da<br />
<strong>história</strong>, estando envolvida uma evolução espiritual.<br />
O homem físico, mortal, haverá <strong>de</strong> ser revestido da imortalida<strong>de</strong>. Sua alma irá sendo<br />
gradualmente espiritualizada (ver II Cor. 3:18), <strong>de</strong> tal maneira que, finalmente, haverá <strong>de</strong><br />
participar da própria natureza do Filho (ver Rom. 8:29) e, em conseqüência, da natureza<br />
divina (ver Col, 2:10 e II Ped. 1:4).<br />
Essa <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> é linear, mas segue uma direção que leva a um tipo <strong>de</strong> vida<br />
inteiramente diferente, na eternida<strong>de</strong> futura, com objetivos ainda bastante in<strong>de</strong>finidos, por<br />
enquanto, mas que se concretizarão quando os processos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção e <strong>de</strong> restauração<br />
se tiverem completado.<br />
A humanida<strong>de</strong> inteira é concebida como a dirigir-se a uma gran<strong>de</strong> restauração, que<br />
haverá <strong>de</strong> reverter completamente os efeitos da queda no pecado, o que constitui o<br />
mistério da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus (Efé. 1:9,10). A i<strong>de</strong>ia é similar <strong>à</strong> dos estóicos e <strong>de</strong> Platão,<br />
embora sem os gran<strong>de</strong>s ciclos repetidos. Não obstante, o trecho <strong>de</strong> Efésios 1:9 mostranos<br />
que há ciclos envolvidos, embora cada um, uma unida<strong>de</strong> em si mesma, seja uma<br />
força que contribui para produzir a restauração final.<br />
A <strong>história</strong> inteira seria teisticamente guiada e <strong>de</strong>terminada por esse alvo final. Nada<br />
estaria fora do plano ou da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />
Agostinho é reconhecido como um importantíssimo filósofo da <strong>história</strong>.<br />
Ele retinha os aspectos essenciais da visão do cristianismo; mas em seu livro, A Cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Deus, ele fez da Igreja a força impulsionadora da <strong>história</strong> presente, em suas tentativas<br />
por converter o mundo pagão, o Estado. Visto tratar-se <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r espiritual, a Igreja<br />
seria maior do que o Estado, e <strong>de</strong>veria dominá-lo.<br />
Isso posto, não haveria separação entre a Igreja e o Estado, e este último <strong>de</strong>veria ser<br />
dirigido pela primeira. Essa i<strong>de</strong>ia, posto que não combine com a exposição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias da<br />
Bíblia Sagrada, exerceu tremenda influência durante a Ida<strong>de</strong> Média, quando a Igreja e o<br />
Estado estiveram em constante conflito.<br />
Os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> Agostinho eram freqüentemente reiterados, e a Igreja procurava impor-se<br />
aos governos civis, até mesmo quando, na Europa fragmentada, houve a tentativa <strong>de</strong><br />
reunificação naquilo que se chamou <strong>de</strong> Santo Império Romano.<br />
Uma parte das realizações da reforma consistiu em produzir condições <strong>de</strong> modo a<br />
separar a Igreja do Estado, apesar <strong>de</strong> João Calvino, na prática real, ter dado continuação<br />
ao sonho <strong>de</strong> Agostinho, em sua experiência teocrática em Genebra.<br />
Os pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Agostinho não anteciparam a restauração referida em Efésios<br />
1:9,10 e assim a Igreja Oci<strong>de</strong>ntal, como um todo, não promoveu esse aspecto da teologia.<br />
A sua visão beatifica, como o alvo da <strong>história</strong> do povo remido, preservava e explicava o<br />
i<strong>de</strong>al cristão da transformação do homem <strong>à</strong> imagem <strong>de</strong> Cristo, e a participação <strong>de</strong>sse<br />
homem na natureza divina, que é o alvo da <strong>história</strong> no caso dos salvos.<br />
O chamado Santo Império Romano, foi fundado com base nos princípios da obra <strong>de</strong><br />
Agostinho, A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, tendo dominado a cena política da Europa pelo espaço <strong>de</strong><br />
30
mil anos. Visto que Agostinho escreveu com cuidado e boa exposição, sobre o assunto,<br />
com freqüência, ele é chamado <strong>de</strong> pai ou fundador da <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>.<br />
Os filósofos franceses criaram um i<strong>de</strong>al elaborado <strong>de</strong> utopia, na direção do qual,<br />
presumivelmente, a humanida<strong>de</strong> estaria marchando. O processo histórico teria começado<br />
na animalida<strong>de</strong> e, a partir dali, mediante estágios graduais, estaria avançando na direção<br />
do estado i<strong>de</strong>al, utópico.<br />
Condorcet pensava em <strong>de</strong>z estágios através dos quais a <strong>história</strong> estaria passando; e a<br />
nossa era presente seria a final!<br />
Vico propôs uma espécie <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> em dois andares, on<strong>de</strong> as socieda<strong>de</strong>s<br />
humanas passam por três estágios: o dos <strong>de</strong>uses, o dos heróis e o dos homens. Por<br />
<strong>de</strong>trás dos bastidores, um outro drama se vai <strong>de</strong>senrolando, on<strong>de</strong> a providência divina<br />
cuida para promover um i<strong>de</strong>al da <strong>história</strong>.<br />
Augusto Comte supunha que três estágios <strong>de</strong> pensamento têm governado as i<strong>de</strong>ias e os<br />
atos humanos:<br />
1-O pensamento teológico, no estado primitivo da humanida<strong>de</strong>.<br />
2-O pensamento metafísico, on<strong>de</strong> forças naturais dirigem os homens.<br />
3-O pensamento científico, dominado pelo positivismo lógico e pelo método científico,<br />
libertando o homem <strong>de</strong> suas anteriores superstições.<br />
Hegel via na <strong>história</strong> a força <strong>de</strong> uma tría<strong>de</strong> em operação, que controlaria todas as coisas,<br />
todos os movimentos da <strong>história</strong>, todos os campos <strong>de</strong> empreendimento, absolutamente<br />
tudo. Em primeiro lugar haveria a tese, então a antítese (a força contrária) e, então,<br />
haveria a síntese, um misto das duas condições anteriores. O Espírito Absoluto seria a<br />
força que existe por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> tudo. Esse Espírito teria o costume <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong>ssa<br />
maneira tríplice, fazendo todas as coisas acompanharem a sua maneira <strong>de</strong> pensar.<br />
Marx e Engels secularizaram a tría<strong>de</strong> hegeliana e fizeram <strong>de</strong>la o po<strong>de</strong>r que estaria por<br />
<strong>de</strong>trás da força mais po<strong>de</strong>rosa neste mundo, a economia. Eles reduziram o espírito <strong>de</strong><br />
Hegel ao dinheiro. Tal <strong>de</strong>senvolvimento tem o nome <strong>de</strong> materialismo dialético.<br />
O i<strong>de</strong>al concebido ali operaria sobretudo no campo da luta <strong>de</strong> classes.<br />
O i<strong>de</strong>al a ser atingido é uma socieda<strong>de</strong> sem classes, e esse alvo seria absolutamente<br />
inevitável (<strong>de</strong>terminismo).<br />
Os homens não po<strong>de</strong>riam fazer cessar o processo, mas apenas ajudá-lo ou tentar impedílo,<br />
em sua inexorável marcha. Por outra parte, a tradição profética revela-nos que o<br />
comunismo internacional encaminha-se para o fim, tendo, no máximo, cerca <strong>de</strong> cinqüenta<br />
anos <strong>de</strong> vida restantes. Forças superiores haverão <strong>de</strong> reduzi-lo a nada e, então, ver-se-á<br />
que o Espírito, na verda<strong>de</strong>, governa a matéria.<br />
Spengler negava que se possa construir uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> global.<br />
Cada socieda<strong>de</strong> teria <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada segundo as suas próprias condições.Isso<br />
significaria que há pequenas <strong>filosofia</strong>s da <strong>história</strong> em operação, aplicável somente a cada<br />
caso em particular.Todavia, haveria certos pontos <strong>de</strong> semelhança. Assim, cada socieda<strong>de</strong><br />
passaria por um processo <strong>de</strong> nascimento, crescimento, maturida<strong>de</strong>, velhice e, finalmente,<br />
morte.<br />
Toynbee seguia, em linhas gerais, a análise <strong>de</strong> Spengler, embora tenha modificado a sua<br />
teoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio inevitável. Dentro das operações da <strong>história</strong>, ele <strong>de</strong>scobriu vários<br />
elementos atuantes, como <strong>de</strong>safio e resposta, retirada e retorno, e uma minoria criativa<br />
que atuaria tendo em vista o bem da totalida<strong>de</strong> da humanida<strong>de</strong>.<br />
O dispensacionalismo é uma <strong>filosofia</strong> cristã da <strong>história</strong>.<br />
Deus é visto como Alguém que atua através <strong>de</strong> sete distintas dispensações, em cada uma<br />
das quais experimenta uma nova i<strong>de</strong>ia. Cada dispensação terminaria em fracasso, com<br />
exceção da última. Uma vez que a missão <strong>de</strong> Cristo terá então atingido os seus plenos<br />
propósitos, o resultado final será a salvação da alma humana. Esse estágio final seria<br />
eterno.<br />
31
O que terá lugar então <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá dos pontos <strong>de</strong> vista teológicos <strong>de</strong> cada indivíduo.<br />
Filosofia da Religião<br />
A <strong>filosofia</strong>, tal como a religião, como um sistema, começou como uma <strong>de</strong>fesa das crenças<br />
religiosas, através do raciocínio filosófico.<br />
Assim, temos as provas racionais da existência da alma e <strong>de</strong> Deus, como exemplos<br />
<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. Porém, uma verda<strong>de</strong>ira <strong>filosofia</strong> da religião não é especificamente<br />
<strong>de</strong>fensiva, e nem especificamente negativa. Antes, é a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> assuntos<br />
religiosos mediante a crítica analítica e a avaliação feitas pela <strong>filosofia</strong>.<br />
O propósito disso não é, em primeiro lugar, aceitar ou rejeitar as crenças religiosas e, sim,<br />
compreen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>screver as mesmas <strong>de</strong> forma mais exata e abrangente. “A <strong>filosofia</strong> da<br />
religião é o estudo lógico dos conceitos religiosos e dos conceitos, argumentos e<br />
expressões teológicos: o escrutínio <strong>de</strong> várias interpretações da experiência e das<br />
ativida<strong>de</strong>s religiosas.<br />
O filósofo que pratica a mesma não precisa <strong>de</strong>dicar-se <strong>à</strong> religião que estiver estudando. A<br />
<strong>filosofia</strong> da religião <strong>de</strong>ve ser distinguida da apologética. Novamente, não é idêntica <strong>à</strong><br />
teologia natural, visto que o filósofo da religião também po<strong>de</strong> ocupar-se na avaliação <strong>de</strong><br />
alegadas revelações”.<br />
Diversos temas da <strong>filosofia</strong> da religião<br />
A natureza, a função e os valores da religião.<br />
A valida<strong>de</strong> das reivindicações religiosas e dos métodos <strong>de</strong> investigação.<br />
O problema da verificação das crenças religiosas.<br />
A relação entre a ética e a religião.<br />
O problema do mal.<br />
A religião natural versus a religião sobrenatural.<br />
O problema da revelação, os seus modos e a sua valida<strong>de</strong>.<br />
A alma, sua existência, sua sobrevivência diante da morte biológica e o seu <strong>de</strong>stino.<br />
A natureza e a existência <strong>de</strong> Deus.<br />
A liberda<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>terminismo.<br />
O misticismo.<br />
Os valores humanos; o humanismo.<br />
Os credos, as organizações e os ritos religiosos, como também a ativida<strong>de</strong> missionária.<br />
A função religiosa como parte da socieda<strong>de</strong>.<br />
A religião é uma das instituições da socieda<strong>de</strong>.<br />
A tradição profética: suas reivindicações, suas <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s, sua valida<strong>de</strong>, etc.<br />
A natureza e a valida<strong>de</strong> dos livros sagrados.<br />
As funções dos profetas.<br />
A autorida<strong>de</strong> da Igreja, que preserva a mensagem dos profetas.<br />
A natureza da linguagem religiosa, suas fraquezas e sua valida<strong>de</strong>.<br />
Valor Apologético<br />
Apesar da <strong>filosofia</strong> da religião não ser uma apologia, obviamente tem uma certa função<br />
apologética, perfeitamente legítima. Isso empresta razão e po<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s crenças do<br />
indivíduo, mostrando que ser religioso é estar ocupado em uma ativida<strong>de</strong> útil.<br />
A Filosofia da Fé Religiosa<br />
Vários dos pais gregos da igreja, pensavam que <strong>filosofia</strong>s mais nobres, como a <strong>de</strong><br />
Platão, haviam servido como presentes <strong>de</strong> Deus aos povos gentílicos, tal como a lei fora<br />
32
uma dádiva divina aos israelitas, para guiá-los até Cristo. Essa atitu<strong>de</strong> era compartilhada<br />
por muitos dos pais posteriores da igreja, gregos latinos igualmente.<br />
O próprio Paulo tentou a “abordagem filosófica” em Atenas, embora sem sucesso (ver<br />
Atos 17). Justino Mártir e outros obtiveram maior êxito com esse método, entre os<br />
intelectuais.<br />
A maioria dos comentadores concorda em que Paulo não atacava indiscriminadamente<br />
toda e qualquer <strong>filosofia</strong>, mas tão-somente aquela modalida<strong>de</strong> proeminente na Ásia<br />
Menor, que passara a fazer parte do sistema gnóstico. Os cultos misteriosos mesclavam a<br />
<strong>filosofia</strong> com as artes mágicas, chamando-as <strong>de</strong> nutrimentos gêmeos da alma.<br />
A <strong>filosofia</strong>, tal como qualquer outro campo do conhecimento humano, envolve algum<br />
bem, que nos po<strong>de</strong> tornar melhores pessoas e melhores ministros cristãos, contanto que<br />
sejamos criteriosos que aceitar e no que repelir.<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tarso foi um centro do estoicismo romano. E apesar das epístolas apócrifas<br />
<strong>de</strong> Paulo a Seneca, e <strong>de</strong> Seneca a Paulo, não serem autênticas, elas refletem a antiga<br />
observação sobre a similarida<strong>de</strong> dos autores, em seus princípios morais e seus modos<br />
<strong>de</strong> expressão.<br />
Conclusão<br />
A <strong>filosofia</strong>, por <strong>de</strong>finição básica, é a <strong>história</strong> das I<strong>de</strong>ias.<br />
Há seiscentos anos <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> por <strong>de</strong>trás da doutrina do “Logos”, até (João 1:1).<br />
É importante conhecermos a <strong>filosofia</strong>, até mesmo aquela que se opõe ao pensamento<br />
cristão. Pois po<strong>de</strong>mos resistir mais facilmente o inimigo, quando sabemos quais são os<br />
seus ataques e estratagemas.<br />
Referência Bíblica<br />
Filosofia No grego é philosophia, palavra usada exclusivamente em todo o N.T. em (Gal.<br />
2:8). Esse vocábulo significa amor <strong>à</strong> sabedoria. Nos nossos dias, entretanto, é usado<br />
para <strong>de</strong>signar estudos sistemáticos e racionais, como a ética, a estética, metafísica, a<br />
política, a lógica, a epistemologia (gnosiologia) e outros <strong>de</strong> tempos mais mo<strong>de</strong>rnos, como<br />
a <strong>filosofia</strong> da ciência, a religião, a educação, a matemática, etc.<br />
Essa palavra foi usada pela primeira vez por Pitágoras, em 600 A.C., a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar<br />
aqueles que buscam a sabedoria., em vez dos interesses usuais, como os esportes, os<br />
prazeres e as vantagens financeiras. Sócrates se utilizava <strong>de</strong> tal palavra para indicar os<br />
pesquisadores da sabedoria.. Platão afirmava que o termo sábio po<strong>de</strong> ser atribuído<br />
somente a Deus, mas que um homem po<strong>de</strong> ser um .pesquisador da sabedoria, ou um<br />
filósofo, um .amigo da sabedoria., o que é o sentido implícito no vocábulo.<br />
A influência estóica é evi<strong>de</strong>nte nas Escrituras <strong>de</strong> Paulo. Portanto, a <strong>filosofia</strong> tinha uma<br />
parte na sua formação e no seu pensamento. O que é <strong>de</strong> algum valor não jogamos fora<br />
meramente porque existem maiores valores.<br />
Uso e Abuso da Filosofia<br />
O próprio Paulo tomou por empréstimo certo número <strong>de</strong> ilustrações e lições morais<br />
<strong>de</strong>rivadas do estoicismo romano, e em razão disso há paralelos entre seus escritos e<br />
aqueles <strong>de</strong> Sêneca, o famoso filósofo estóico romano, contemporâneo do apóstolo dos<br />
gentios. Com base nessa circunstância é que surgiram as epístolas apócrifas <strong>de</strong> Paulo a<br />
Sêneca, e <strong>de</strong>ste para aquele.<br />
Apesar <strong>de</strong> serem obras apócrifas, sua própria existência implica na similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
expressão (e pensamento moral) entre os dois homens.<br />
33
A <strong>filosofia</strong>, entretanto, não conta com qualquer doutrina <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção que possa ser<br />
substituta da salvação em Jesus Cristo, embora Platão tivesse antecipado certo número<br />
<strong>de</strong> doutrinas <strong>de</strong> elevado cunho espiritual que fazem parte do sistema cristão.<br />
As objeções <strong>de</strong> Paulo <strong>à</strong>s idéias dos filósofos, tão evi<strong>de</strong>ntes no primeiro capítulo <strong>de</strong> I.<br />
Coríntios, estavam alicerçadas sobre o fato <strong>de</strong> que a porção intelectual da igreja <strong>de</strong><br />
Corinto (provavelmente seguidores <strong>de</strong> Apolo) havia virtualmente abandonado a fé cristã<br />
(Com sua mensagem central da cruz), substituindo-a por um mero sistema <strong>de</strong> sabedoria<br />
humana.<br />
O relacionamento que porventura existia entre o cristianismo e a <strong>filosofia</strong>, e aquilo que<br />
os comentários bíblicos <strong>de</strong>claram a respeito, aparecem nos comentários sobre (Col. 2:8)<br />
.Paulo também queria que compreendêssemos que não po<strong>de</strong> haver substituto para a<br />
mensagem simples da cruz; porquanto é através da mesma que o homem é levado <strong>de</strong><br />
volta a Deus, através da reconciliação que há em Cristo,mui provavelmente ele levantava<br />
objeção contra as especulações filosóficas, que ten<strong>de</strong>m por <strong>de</strong>tratar da importância <strong>de</strong><br />
Cristo, e não meramente contra as ‘apresentações <strong>de</strong> tipo filosófico, da mensagem cristã.<br />
A eloqüência e a erudição humanas com freqüência têm sido usadas com êxito na <strong>de</strong>fesa<br />
dos pontos secundários do cristianismo; mas a simplicida<strong>de</strong> e a verda<strong>de</strong> são as que lhe<br />
têm preservado a cida<strong>de</strong>la.<br />
Visto que o po<strong>de</strong>r proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e não do homem, isso po<strong>de</strong> ser percebido mais<br />
claramente quando o instrumento usado por Deus não é produto polido da sabedoria<br />
humana.<br />
Porém, para que isso realmente se verifique, é mister que se faça presente o po<strong>de</strong>r real<br />
<strong>de</strong> Deus, A mera substituição <strong>de</strong> uma pregação erudita pela prédica inculta e ignorante<br />
não manifesta por si só, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus; mas isso é tão-somente substituir a sabedoria<br />
humana pela ignorância humana.<br />
E tal medida faria das igrejas evangélicas ainda mais enfadonhas, e não mais po<strong>de</strong>rosas.<br />
Por outro lado, quando o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus realmente se faz presente, não há necessida<strong>de</strong><br />
alguma <strong>de</strong> revestir a pregação com a habilida<strong>de</strong> retórica. Mas, quando esse po<strong>de</strong>r se<br />
ausenta, nem o discurso simples e ignorante (o que, para muitos parece ser um ponto <strong>de</strong><br />
orgulho e ufania) e nem o discurso brilhante e retórico po<strong>de</strong> ter gran<strong>de</strong> valia.<br />
Assim sendo, se o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus estiver presente, a maneira erudita <strong>de</strong> apresentar o<br />
evangelho não lhe servirá <strong>de</strong> empecilho; antes, tal como se vê nas próprias epístolas <strong>de</strong><br />
Paulo, on<strong>de</strong> há passagens supremamente eloqüentes, esse brilhantismo po<strong>de</strong> ser usado<br />
para atingir certos níveis <strong>de</strong> pessoas, on<strong>de</strong> uma apresentação ignorante e inculta os<br />
repulsaria. Evi<strong>de</strong>ntemente Apolo aplicava tais habilida<strong>de</strong>s, posto que não era falso para<br />
com a mensagem do Senhor.<br />
Por isso mesmo, Apolo não é atingido aqui pelas criticas do apóstolo dos gentios, embora<br />
alguns daqueles que faziam <strong>de</strong> Apolo o seu mo<strong>de</strong>lo merecessem tais críticas.<br />
Com a passagem geral que encontramos aqui no primeiro capítulo <strong>de</strong> I Cor., po<strong>de</strong>mos<br />
confrontar a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada por Justino Mártir (150 D.C.), um dos primeiros dos<br />
chamados pais da igreja, e que foi o principal apologista cristão <strong>de</strong> sua época.<br />
Ele fora um filósofo neoplatônico, bem como um mestre ambulante <strong>de</strong> algum prestígio.<br />
Justino Mártir afirmava que a <strong>filosofia</strong> o levara aos pés <strong>de</strong> Cristo, como se ele tivesse<br />
sido um aio, mais ou menos como a lei mosaica o fora para alguns ju<strong>de</strong>us. (Ver Gál.<br />
3:24,25). Aqueles que conhecem a <strong>filosofia</strong> platônica sabem que existem pontos <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> entre seus conceitos básicos e as idéias básicas do cristianismo, e<br />
que uma coisa po<strong>de</strong> realmente conduzir <strong>à</strong> outra.<br />
E interessante que Justino Mártir nunca se <strong>de</strong>spiu inteiramente <strong>de</strong> sua capa <strong>de</strong> filósofo,<br />
tendo andado ao redor, procurando convencer as classes intelectuais a virem a Cristo,<br />
utilizando-se <strong>de</strong> seu método filosófico. No entanto, ao mesmo tempo, foi um dos maiores<br />
34
<strong>de</strong>fensores do cristianismo. O valor <strong>de</strong> seu exemplo não <strong>de</strong>veria ser completamente<br />
olvidado por nós.<br />
Essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Justino Mártir foi compartilhada pelos pais alexandrinos da igreja, como<br />
Clemente e Orígenes, os quais pensavam que a <strong>filosofia</strong> grega os tinha preparado para o<br />
evangelho, sobretudo a <strong>filosofia</strong> platônica e estóica, tal como a lei mosaica preparara o<br />
caminho para tantos ju<strong>de</strong>us.<br />
Justino Mártir foi um cristão supremamente <strong>de</strong>dicado a Cristo, que usou as habilida<strong>de</strong>s<br />
inerentes <strong>à</strong> sua personalida<strong>de</strong>, bem como as capacida<strong>de</strong>s que lhe foram conferidas por<br />
obra e graça do Espírito <strong>de</strong> Deus, a fim <strong>de</strong> fomentar a causa do reino <strong>de</strong> Deus.<br />
Não é provável que Paulo tivesse encontrado motivos para con<strong>de</strong>ná-lo por isso.<br />
35
3<br />
Filosofia Grega e Oriental<br />
A <strong>filosofia</strong> oci<strong>de</strong>ntal teve inicio entre os gregos. A <strong>filosofia</strong> grega cabe entre 600 A.C. a<br />
600 D.C., mas sobrevive <strong>de</strong> maneira muito ativa na maioria das culturas mo<strong>de</strong>rnas.<br />
Quando alguém disse que Platão é a <strong>filosofia</strong>, em certo sentido exagerou; mas a<br />
<strong>de</strong>claração encerra uma força que não po<strong>de</strong> ser negada. Durante o período grego da<br />
<strong>filosofia</strong>, quase todas as alternativas filosóficas foram manuseadas, conforme se faz<br />
atualmente, no mundo oci<strong>de</strong>ntal. Além disso, muitas teorias científicas, que obtiveram<br />
larga aceitação em tempos posteriores, foram propostas pela primeira vez pelos gregos.<br />
Entre elas <strong>de</strong>vemos incluir a teoria atômica, a visão heliocêntrica do sistema solar e certa<br />
evolução orgânica.<br />
Talvez possamos dizer que o que os hebreus foram para o pensamento religioso, os<br />
gregos foram para o pensamento filosófico.<br />
Filosofias Milesiana e Jônica (Século VI A.C.).<br />
Nesse ponto os filósofos procuravam enten<strong>de</strong>r a natureza básica da composição do<br />
Universo especificamente da matéria, sugerindo algum dos quatro elementos, como a<br />
água (Tales), o ar (Anaximenes) ou o apeiron, ou elemento in<strong>de</strong>terminado (Anaximandro).<br />
Essa ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter assumido certa forma <strong>de</strong> pampsiquismo e não <strong>de</strong> materialismo,<br />
se é que a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Tales, <strong>de</strong> que tudo está cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses <strong>de</strong>ve ser entendida<br />
literalmente.(referindo-se a alguma força psíquica em todas as coisas)e não<br />
poeticamente, para indicar alguma força natural que permeie a todas as coisas.<br />
Os Pitagoreanos<br />
As datas <strong>de</strong>ssa escala <strong>de</strong> pensamento ficam entre 550 e 430 A.C.<br />
Todavia, as i<strong>de</strong>ias ali ensinadas sobreviveram por vários séculos <strong>de</strong>pois que essa escola<br />
terminou. Tal escola tinha características <strong>de</strong> uma seita religiosa, fazendo certos<br />
elementos das religiões orientais entrarem no sistema. Pitágoras tornou-se conhecido<br />
como uma figura santa e, aparentemente era dotado do Ro<strong>de</strong>; <strong>de</strong> bi-locação, mediante a<br />
projeção da psique. Essa escola tornou-se melhor conhecida por manusear a questão dos<br />
números.<br />
A cada coisa atribuía um número correspon<strong>de</strong>nte, que foi uma espécie <strong>de</strong> antigo<br />
discernimento atômico. A matemática, em certo sentido, tem a chave capaz <strong>de</strong> abrir a<br />
explicação da realida<strong>de</strong>. Platão incorporou essa i<strong>de</strong>ia em seu próprio sistema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />
Pitágoras foi homem dotado do po<strong>de</strong>r da palavra. Os seus discípulos costumavam dizer:<br />
Ele mesmo disse isso, o que bastava para comprovar alguma questão.<br />
Heráclito (fim do século VI a.C.)<br />
Ele acreditava que tudo se acha em estado <strong>de</strong> fluxo, pois toda a existência estaria em<br />
uma espécie <strong>de</strong> processo interminável, sempre se modificando.<br />
Dizia ele: Penta rei, tudo flui.<br />
Muitos dizem que foi ele quem iniciou a doutrina do Logos, aquela sabedoria que controla<br />
o fluxo <strong>de</strong> todas <strong>à</strong>s coisas. Ele pensava que o Jogo era o elemento básico.<br />
Os Filósofos Eleáticos<br />
36
Parmêni<strong>de</strong>s, Zeno <strong>de</strong> Eléia e talvez Xenófanes negavam o fluxo postulado por Heráclito,<br />
vendo apenas unia natureza sem mudanças; on<strong>de</strong> as mudanças são ilusórias. Isso eles<br />
faziam com bases racionais, pensando que a razão ocupa posição suprema, e não a<br />
percepção dos sentidos.<br />
Essa escola floresceu na primeira meta<strong>de</strong> do século V. A.C.<br />
A Discussão Sobre a Mudança e a Constância<br />
Foram feitas tentativas para <strong>de</strong>finir o pluralismo e o atomismo.<br />
Empédocles pensava que a terra, o ar, o fogo e a água eram as raízes elementares que<br />
se combinam em diversas proporções para compor todas as substâncias.<br />
Anaxágoras falava sobre as sementes ou partículas que constituiriam as coisas, e<br />
introduziu o conceito da nous, ou mente, como a força controladora da natureza.<br />
Leucipo e Demócrito introduziram a teoria atômica, afirmando que a natureza compõe-se<br />
<strong>de</strong> átomos e espaços vazios. Os átomos foram por eles <strong>de</strong>finidos como <strong>de</strong> número<br />
infinito, impenetráveis e imutáveis, embora suas combinações pu<strong>de</strong>ssem explicar todas<br />
as modificações.<br />
Os Sofistas<br />
abandonaram as especulações metafísicas e introduziram a gnosiologia e a ética<br />
relativas, fazendo do homem o padrão <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O Período Clássico<br />
Todos os seis sistemas tradicionais da <strong>filosofia</strong> foram formulados pelos esforços<br />
combinados <strong>de</strong> Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates foi, antes <strong>de</strong> tudo, um filósofo<br />
ético, que tinha certas qualida<strong>de</strong>s próprias dos místicos religiosos, mas que não se<br />
interessava pela metafísica. Ele <strong>de</strong>ixou suas marcas imortais sobre a ética.<br />
Platão, embora seu discípulo, ultrapassou ao seu mestre quanto ao escopo <strong>de</strong> interesses<br />
e criou um elaborado sistema <strong>de</strong> gnosiologia, metafísica, estética e política. Era homem<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> pessoal, a ponto <strong>de</strong> ter sido chamado <strong>de</strong> Isaias grego, Em alguns <strong>de</strong><br />
seus estudos antecipou a lógica.<br />
Mas foi Aristóteles, quem adicionou a lógica <strong>de</strong>dutiva.<br />
O período clássico data <strong>de</strong> 450 a 32 A.C. Platão foi o maior cientista da era clássica.<br />
Nos escritos <strong>de</strong> Platão há forte influência <strong>de</strong> Sócrates.<br />
Mas ele também foi o pai da ética, <strong>de</strong> tal modo que várias escolas foram criadas por seus<br />
discípulos, cada um afirmando-se o melhor intérprete do gran<strong>de</strong> mestre. Daí surgiram as<br />
escolas do cinismo, do hedonismo, do epicurismo e do estoicismo. Po<strong>de</strong>-se dizer que<br />
esse período ocupou o tempo <strong>de</strong> 350 A.C. até o começo da era cristã. Todas essas<br />
escolas propunham diferentes alvos para a vida humana, com diferentes tipos <strong>de</strong> conduta<br />
i<strong>de</strong>al.<br />
O período das especulações filosóficas terminou com Aristóteles, e então tornaram-se<br />
proeminentes a ética e o ceticismo. Naturalmente, esse período foi assinalado pela<br />
<strong>de</strong>sintegração, tanto do po<strong>de</strong>r militar grego (após Alexandre, o Gran<strong>de</strong>) como do<br />
pensamento grego original.<br />
As Aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> Platão e Aristóteles<br />
A aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão foi a primeira universida<strong>de</strong> européia.<br />
Continuou existindo até os dias <strong>de</strong> Antíoco, em 67 A.C., embora muito se tenha afastado<br />
da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão, tendo-se tornado, essencialmente, em uma agência <strong>de</strong> expressão<br />
37
do ceticismo . Por outro lado, os pensamentos religiosos <strong>de</strong> Platão encontraram guarida<br />
no neoplatonismo.<br />
A escola <strong>de</strong> Aristóteles, o Liceu, também continuou funcionando até muito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<br />
morte. Continuou operando até os fins do primeiro século A.C., sob a direção <strong>de</strong><br />
Andrônico <strong>de</strong> Ro<strong>de</strong>s.<br />
A principio foi organizada para promover a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles e as ciências. Assumiu<br />
um colorido cético, tal como suce<strong>de</strong>ra <strong>à</strong> aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão, embora tivesse feito muitas<br />
contribuições <strong>à</strong> erudição quanto aos i<strong>de</strong>ais da educação liberal.<br />
O Ceticismo<br />
No campo da <strong>filosofia</strong>, esse sistema foi organizado inicialmente por Pirro , já na segunda<br />
meta<strong>de</strong> do século IV A.C. A influência <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> pensar foi gran<strong>de</strong>, exercendo<br />
efeitos sobre outras escolas. A base da mo<strong>de</strong>rna ciência filosófica é o ceticismo, a noção<br />
<strong>de</strong> que não há tal coisa como um conhecimento perfeito, final e sem erros.<br />
David Hume foi o cético mais proeminente do começo da era mo<strong>de</strong>rna, e a sua <strong>filosofia</strong><br />
teve vasta influência sobre toda a <strong>filosofia</strong> que veio em seguida.<br />
O Ecletismo Helenista e Romano<br />
Após o <strong>de</strong>clínio dos gran<strong>de</strong>s sistemas especulativos do período clássico, ficou faltando<br />
originalida<strong>de</strong> na <strong>filosofia</strong>, na esteira <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>sintegração geral da socieda<strong>de</strong><br />
grega.<br />
A principal tendência era os filósofos selecionarem itens que os agradavam, combinandoos<br />
em sistemas mistos.<br />
Os romanos não criaram qualquer nova <strong>filosofia</strong>.<br />
De fato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Aristóteles até Agostinho, nada <strong>de</strong> original apareceu na <strong>filosofia</strong>. Diferentes<br />
combinações foram efetuadas, produzindo novos sistemas; mas esses sistemas estavam<br />
apenas recombinando e reor<strong>de</strong>nando idéias anteriores. O estudo <strong>de</strong> Agostinho quanto ao<br />
tempo antecipou a teoria da relativida<strong>de</strong>. Porém, já existia em forma germinar nas<br />
discussões <strong>de</strong> Platão sobre o mundo universal, em comparação com o mundo dos<br />
particulares (este mundo físico).Na prática, os interesses dos romanos, em contraste com<br />
a teoria, levou <strong>à</strong> tendência geral ao ecletismo, perceptível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século III A.C. em<br />
diante.<br />
O Noeplatonismo<br />
O Neoplatonismo foi o esforço especulativo final da <strong>filosofia</strong> grega, entre os séculos III e<br />
VI D.C. Embora essas sejam as datas <strong>de</strong> um sistema formalizado, o neoplatonismo já<br />
havia sido antecipado pela aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão, quando Xenócrates, que suce<strong>de</strong>u ao<br />
sobrinho <strong>de</strong> Platão, Speusipo, como o lí<strong>de</strong>r da aca<strong>de</strong>mia, i<strong>de</strong>ntificou Deus com a unida<strong>de</strong><br />
primária.<br />
E, naturalmente, Filo preparou o caminho para o sistema, tendo apresentado, por assim<br />
dizer, uma antiga afirmação do neoplatonismo.<br />
Foi uma tentativa para combinar todas as doutrinas filosóficas e religiosas em um único<br />
sistema, interpretando tudo do ponto <strong>de</strong> vista platônico.<br />
Quem fundou essa escola foi Plotino.<br />
Exerceu tremenda influência sobre vários dos primeiros pais da Igreja, principalmente do<br />
lado grego, e continuou exercendo consi<strong>de</strong>rável po<strong>de</strong>r sobre a Igreja da Ida<strong>de</strong> Média.<br />
Influência do Neoplatonismo Sobre o Cristianismo<br />
O cristianismo, pois, não se originou somente com base no Antigo Testamento.<br />
38
De fato, as doutrinas sobre a alma, sobre o mundo em dois níveis (conforme é enfatizado<br />
em Hebreus 8:5 e 9:23), etc., tiveram sua origem na <strong>filosofia</strong> grega, especialmente <strong>de</strong><br />
Platão. A epístola aos Hebreus foi influenciada por Platão, através <strong>de</strong> Filo.<br />
Todos os estudiosos <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> e religião têm consciência da gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> entre a<br />
ética dos estóicos romanos e os escritos <strong>de</strong> Paulo, quanto a muitos particulares.<br />
Mas também temos o conspícuo exemplo da doutrina do Logos, iniciada por Heráclito que<br />
passou pelo estoicismo e pelo neoplatonismo (mormente nos escritos <strong>de</strong> Filo), e terminou<br />
aparecendo em João 1:1 como um dos nomes do Filho encarnado <strong>de</strong> Deus.<br />
A<strong>de</strong>mais, não há que duvidar que a doutrina <strong>de</strong> ha<strong>de</strong>s, tanto no judaísmo quanto no<br />
cristianismo, <strong>de</strong>veu-se, pelo menos em parte <strong>à</strong> sua formulação pelos gregos.<br />
Os primeiros pais da Igreja, especialmente aqueles do lado grego da Igreja, interpretavam<br />
a sua teologia do ponto <strong>de</strong> vista platônico. Essa ativida<strong>de</strong> prosseguiu pela Ida<strong>de</strong> Média,<br />
quando Aristóteles (o Filósofo) tornou-se a principal força interpretativa da teologia,<br />
especialmente <strong>de</strong>ntro do tomismo.<br />
A Filosofia Grega como um Mestre-Escola<br />
Os pais gregos da Igreja davam muita importância aos estudos dos filósofos gregos,<br />
mormente Platão.<br />
De fato, alguns <strong>de</strong>sses filósofos eram tidos em tão alta conta que vários teólogos<br />
especularam que o ha<strong>de</strong>s não po<strong>de</strong>ria ser o lugar on<strong>de</strong> suas almas residiam.<br />
Mas, supondo que pelo fato <strong>de</strong> não terem sido cristãos também não po<strong>de</strong>riam estar ao<br />
céu, suas especulações teológicas criaram um outro lugar, <strong>de</strong> glória secundária. Essa<br />
seria a glória dos filósofos gregos dotados <strong>de</strong> bons pensamentos, embora não fosse a<br />
glória dos remidos.<br />
É possível que o segundo capítulo da epístola aos Romanos tenha sido usado como base<br />
da i<strong>de</strong>ia.<br />
Certamente que a doutrina da restauração antecipa níveis <strong>de</strong> glória secundária, a serem<br />
distinguidas da glória dos eleitos, que chegarão a participar da própria natureza divina (II<br />
Ped. 1:4). O trecho <strong>de</strong> Efé. 1:9,10, que fala sobre o mistério da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, antecipa<br />
a aplicação da missão <strong>de</strong> Cristo, em um nível secundário, no caso <strong>de</strong> todos os homens.<br />
Seja como for, os primeiros pais gregos da Igreja acreditavam que a melhor porção da<br />
<strong>filosofia</strong> grega atuou como um mestre-escola para conduzir os pagãos aos pés <strong>de</strong> Cristo<br />
(preparando o caminho para a sua mensagem), tal como a lei mosaica tivera essa função<br />
no caso dos ju<strong>de</strong>us.<br />
O Logos implanta as Suas sementes por toda a parte.<br />
A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é po<strong>de</strong>rosa e ele encontra muitos meios para levar a mensagem<br />
espiritual até os homens.<br />
A melhor parte da <strong>filosofia</strong> grega, incluindo os escritos <strong>de</strong> Platão, embora não somente<br />
<strong>de</strong>le, enriquece a teologia. Acompanhar a doutrina <strong>de</strong> Platão sobre a alma, em seus<br />
diálogos, e ver como os argumentos racionais po<strong>de</strong>m afirmar tanto a existência da alma<br />
como a sua sobrevivência ante a morte física, é uma aventura jubilosa.<br />
Não encontramos coisa semelhante nem no Antigo; e, nem no Novo Testamentos, que se<br />
equipara aos escritos <strong>de</strong> Platão, quanto a esse particular.<br />
Filosofia Helenista<br />
Era usada para <strong>de</strong>signar o período durante o qual a cultura greco-macedônia propagou-se<br />
dos Bálcãs para as terras que margeiam a bacia do mar Mediterrâneo, após a morte <strong>de</strong><br />
Alexandre, o Gran<strong>de</strong>, em 323 A.C., e terminando com a ocupação final romana do último<br />
gran<strong>de</strong> reinado grego, em cerca <strong>de</strong> 30 A.C.<br />
39
Entretanto, a <strong>filosofia</strong> helenista prosseguiu por um longo tempo após a sua morte política.<br />
Somente em 529 DC., quando o imperador Justiníano tornou ilegitimas as antigas<br />
religiões e as antigas <strong>filosofia</strong>s. Portanto, esse período perdurou por cerca <strong>de</strong> setecentos<br />
anos, do ponto <strong>de</strong> vista da <strong>filosofia</strong>.<br />
Durante esse período, até cerca <strong>de</strong> 30 A.C., era grega a li<strong>de</strong>rança política, além <strong>de</strong> muitas<br />
instituições na Ásia Menor, na Síria, na Mesopotâmia e no Egito, com bases na civilização<br />
macedônica.<br />
Naturalmente, isso incluía a <strong>filosofia</strong>.<br />
Como fim do período clássico, dominado por Sócrates, Platão e Aristóteles,<br />
<strong>de</strong>senvolveram-se os tradicionais seis ramos da <strong>filosofia</strong>, e assim chegou ao fim a<br />
originalida<strong>de</strong>. Filósofos <strong>de</strong> menor envergadura (embora alguns <strong>de</strong>les importantes),<br />
continuaram salientando i<strong>de</strong>ias que os três gigantes haviam proposto, embora o ecletismo<br />
fosse a tendência principal.<br />
A Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão continuou; mas, sob a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Carnéa<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cirene (cerca <strong>de</strong><br />
214-128 A.C.), tal aca<strong>de</strong>mia tornou-se pronunciadamente cética, o que forçou o apodo<br />
aca<strong>de</strong>mia dos céticos.<br />
Carnéa<strong>de</strong>s, pois, atacou a gnosiologia dos estóicos, asseverando que não há como o<br />
homem conhecer o mundo dos fenômenos, exceto através dos sentidos.<br />
E, visto que os sentidos físicos são imperfeitos, e facilmente po<strong>de</strong>m enganar-se, não<br />
haveria tal coisa como um conhecimento seguro. Até a existência dos fenômenos,<br />
segundo ele, seria admitida somente com base na teoria das probabilida<strong>de</strong>s.<br />
O Liceu <strong>de</strong> Aristóteles <strong>de</strong>votava-se <strong>à</strong>s ciências e ao naturalismo, e seus melhores<br />
representantes finalmente, partiram para o museu <strong>de</strong> Alexandria, no Egito, famoso centro<br />
da erudição antiga.<br />
Zeno <strong>de</strong> Cftium, um os principais filósofos da época.<br />
Epicuro tomou por empréstimo o atomismo dos mais antigos filósofos, a fim <strong>de</strong> prover seu<br />
sistema moral com alguns elementos naturalistas e com uma metafísica anti-<strong>de</strong>terminista.<br />
Ele tomava uma posição <strong>de</strong>ísta, no tocante <strong>à</strong> teologia, porquanto não queria aceitar a<br />
idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses caprichosos e <strong>de</strong>strutivos a influenciarem os homens em sua busca da<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão.<br />
Fazia do prazer mental (hedonismo) o alvo da conduta i<strong>de</strong>al. Entrementes, os estóicos<br />
tinham um sistema inteiramente <strong>de</strong>terminista, com base no controle universal exercido<br />
pelo Logos. Para eles, a liberda<strong>de</strong> consistia em fazer o que o Logos requer, e sentir-se<br />
feliz com isso. Apatia era a sua palavra chave, porquanto a única maneira <strong>de</strong> manusear a<br />
dor seria ignorá-la.<br />
O estoicismo romano modificou isso para a mo<strong>de</strong>ração.<br />
Os estóicos apreciavam a metáfora do palco, on<strong>de</strong> a Nous.(mente, Logos) <strong>de</strong>terminaria a<br />
peça teatral, e on<strong>de</strong> cada indivíduo teria um papel a <strong>de</strong>sempenhar. O homem seria<br />
forçado a aparecer neste mundo na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada pela Nous, e teria a<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar bem o seu papel, e não a <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o resultado do<br />
espetáculo.<br />
Plutarco (433-350 A.C.) foi um importante filósofo <strong>de</strong>sse período, tendo sido o primeiro<br />
lí<strong>de</strong>r da Escola <strong>de</strong> Atenas.<br />
Ele <strong>de</strong>testava o epicurismo e não apreciava o estoicismo.<br />
No entanto, sentia-se atraído pelas idéias <strong>de</strong> Platão, Aristóteles e Pitágoras. A Escola <strong>de</strong><br />
Atenas era a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão que se tornou neoplatônica. Plutarco acreditava<br />
firmemente na liberda<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong> e pensava que a comunhão com Deus po<strong>de</strong> ser<br />
obtida mediante ritos litúrgicos.<br />
Filo Ju<strong>de</strong>u tentou ligar Platão ao judaísmo, tendo sido um dos precursores do sistema<br />
neoplatônico formal, que só surgiu mais tar<strong>de</strong>. Suas i<strong>de</strong>ias exerceram alguma<br />
40
influência sobre o Novo Testamento, sobretudo quanto <strong>à</strong> doutrina do Logos e da visão<br />
mundial da epístola aos Hebreus .<br />
Hermes Trimegisto foi uma importante figura no campo da <strong>filosofia</strong> e da literatura, nos<br />
séculos III e IV D.C. Seu nome significa Hermes Três Vezes Grandioso, como exaltação<br />
ao <strong>de</strong>us Hermes. Seus escritos contêm um conglomerado <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> várias religiões e<br />
<strong>filosofia</strong>s da época, principalmente <strong>de</strong> origem grega, fortemente influenciados por idéias<br />
platônicas.<br />
Plotino (205-270 D.C.) foi um importante filósofo neoplatônico, que representa o período<br />
final da <strong>filosofia</strong> helenista, antes que o triunfo da Igreja cristã tivesse posto fim <strong>à</strong>quele<br />
período.<br />
Ele foi um filósofo egípcio romano, natural <strong>de</strong> Licópolis, no Egito. Em 245 D.C., fundou<br />
sua própria escola <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma.<br />
Em certo sentido, os <strong>de</strong>uses pagãos teriam morrido com a ascensão <strong>de</strong> Constantino ao<br />
trono e sua conversão ao cristianismo.<br />
Mas seus funerais só terminaram na primeira porção do século VI DC.<br />
Portanto, po<strong>de</strong>ríamos datar o fim do período helenista da <strong>filosofia</strong> nesse tempo, ainda<br />
que, politicamente falando, isso tenha acontecido por ocasião do advento do domínio<br />
romano. Alguns têm dito que aquele foi um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência da <strong>filosofia</strong> (300 A.C. a<br />
529 D.C.).<br />
Mas talvez seja melhor falarmos nesse período como período <strong>de</strong> prata, em contraste com<br />
a era áurea da glória filosófica da Grécia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Homero até Aristóteles.<br />
O neoplatonismo e as fés mais antigas tinham-se tornado estéreis e incapazes <strong>de</strong><br />
produzir resultado, pelo que acabaram entrando em estado <strong>de</strong> coma.<br />
Em 527 D.C., Justiniano tornou-se imperador do Império Romano do Oriente e, pouco<br />
<strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>terminou que ser seguidor das fés antigas era uma ofensa criminal.<br />
Em 529 D.C., foram fechadas as chamadas escolas <strong>de</strong> Atenas, por <strong>de</strong>creto imperial.<br />
Os últimos filósofos neoplatônicos, entre os quais Damásio e Simplicio, fugiram para a<br />
Pérsia, em busca <strong>de</strong> segurança. Porém, também não foram bem-acolhidos ali, pelo que<br />
acabaram voltando. Justiniano permitiu-lhes a residir nas terras do império, mas não<br />
permitiu que promovessem suas i<strong>de</strong>ias.<br />
Ao falecerem, a religião e a <strong>filosofia</strong> gregas morreram juntamente com eles.<br />
Coisa alguma era capaz <strong>de</strong> fazer cessar o avanço do cristianismo. O Homem da Galiléia<br />
havia triunfado em todas as frentes.<br />
Filosofia Hindu<br />
Assim como é impossível separar o antigo judaísmo da religião, e ali encontrar um nicho<br />
separado para a <strong>filosofia</strong>, assim também a <strong>filosofia</strong>, tão viva no hinduísmo, estava<br />
intimamente ligada <strong>à</strong> fé religiosa da Índia.<br />
A própria tradição indiana classifica as suas escolas <strong>de</strong> acordo com critérios religiosos, o<br />
que ten<strong>de</strong> por obscurecer seus verda<strong>de</strong>iros elementos filosóficos. Acresça-se a isso que,<br />
excetuando sua expressão mo<strong>de</strong>rna, que é mais científica, a <strong>filosofia</strong> hindu é irmã gêmea<br />
da fé religiosa hindu.<br />
Não obstante, os filósofos, ao tentarem estabelecer uma espécie <strong>de</strong> classificação<br />
filosófica do hinduísmo, distinguem quatro períodos históricos no mesmo:<br />
Período Formativo<br />
A esse período pertencem os antigos hinos religiosos, compostos entre 1000 e 800 A.C.,<br />
sendo mais textos ritualistas, que falam sobre os po<strong>de</strong>res que governam o universo, <strong>de</strong><br />
mistura com uma mágica arcaica. Porém, na noção do Brahman, essas muitas forças<br />
aparecem unidas, como expressões <strong>de</strong> um único princípio.<br />
41
Nos mais antigos Upanisadas, <strong>de</strong> 800 A.C. em diante, encontramos os estudos sobre os<br />
estados da consciência e sobre certas formas <strong>de</strong> misticismo. Encontra-se nesse ponto<br />
uma diferença fundamental entre a matéria e o espírito, além do que é asseverada a<br />
natureza espiritual (atman) eterna, do ser humano. Ali o homem aparece preso <strong>à</strong> matéria,<br />
sujeito a experimentar uma longa série <strong>de</strong> renascimento, na tentativa <strong>de</strong> libertar-se.<br />
Essa série <strong>de</strong> renascimentos recebe o nome <strong>de</strong> sainsara. A liberação (moksa) é buscada<br />
mediante um <strong>de</strong>sprendimento gradual, <strong>de</strong> tal modo que a atman finalmente po<strong>de</strong> fundir-se<br />
com o brahman.<br />
O pensamento budista é a forma mais difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir da <strong>filosofia</strong> hindu.<br />
O próprio Buda era, essencialmente, um filósofo moral, que não especulou nem sobre<br />
Deus e nem sobre a existência da alma. Entretanto, algumas escolas <strong>de</strong>sse sistema<br />
vieram, finalmente, a <strong>de</strong>senvolver uma metafísica genuína, incluindo na mesma a idéia da<br />
divinda<strong>de</strong> e da alma humana.<br />
Filosofia Realista ou da Natureza<br />
Temos ali uma análise filosófica do mundo exterior, que inclui a análise da linguagem e do<br />
pensamento.<br />
No seu estado primitivo, essa <strong>filosofia</strong> é representada nos ensinos <strong>de</strong> Vaisesika, Nyaya e<br />
dos jainos. Data <strong>de</strong> nada menos <strong>de</strong> 1000 A.C., e a sua ativida<strong>de</strong> básica consistia na<br />
tentativa <strong>de</strong> reduzir as multiformes formas da natureza a alguns poucos fatores básicos.<br />
Categorias básicas, como substância e atributos, foram propostas, e também apareceram<br />
teorias atômicas.<br />
Desenvolveu-se uma espécie <strong>de</strong> lógica em Nyaya, como também hermenêutica e<br />
exegese na Mimansa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emergiram visões semicientíficas do mundo. A i<strong>de</strong>ia das<br />
almas humanas como se fossem substâncias foi elaborada e foram propostos átomos<br />
eternos.<br />
Todavia, os budistas originais rejeitavam ambos esses conceitos.<br />
Em vez disso, foi proposto o karma, que seria, a grosso modo, o estado ou reino inteiro da<br />
matéria, das emoções, dos pensamentos, etc., como que residindo em uma pessoa, mas<br />
não como uma entida<strong>de</strong> viva que continue a existir na encarnação seguinte.<br />
Outro sentido disso seria a or<strong>de</strong>m cósmica e divina e seus elementos.<br />
Seja como for, o dharma seria um fator fundamental da existência, pertencente <strong>à</strong>s<br />
categorias das substâncias, dos atributos e das ações, indiscriminadamente, cobrindo<br />
assim a extensão inteira da matéria, das emoções, etc.<br />
Nas mãos <strong>de</strong> alguns filósofos hindus, as explicações sobre a natureza assumiram uma<br />
natureza mecanicista, atéia e materialista; e eles têm usado i<strong>de</strong>ias mecanicistas com<br />
propósitos anti-religiosos. Porém, a tendência do hinduísmo sempre foi buscar alguma<br />
explicação mística e religiosa da natureza.<br />
A lei, ou karma tornou-se, nesse sistema, mais importante que as supostas leis naturais<br />
<strong>de</strong> cunho mecanicista.<br />
Filosofias Monísticas, Místicas e Ilusionísticas<br />
No budismo, alguns filósofos têm-se referido a todos os fenômenos como ilusórios.<br />
A consciência tem sido reputada por eles como algo absoluto, ao passo que o mundo<br />
material seria somente uma projeção ilusória daquela consciência. Em outras palavras,<br />
eles postulam uma espécie <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo absoluto.<br />
Na Vedanta, encontramos a síntese entre a atman e o Brahman, que teria produzido uma<br />
unida<strong>de</strong> ou monismo, como o alvo final <strong>de</strong> toda a existência. Os hindus <strong>de</strong>scobrem textos<br />
<strong>de</strong> prova para tais noções nos hinos Upanisadas. Há uma espécie <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> da<br />
linguagem no conceito que diz que a pluralida<strong>de</strong> das palavras <strong>de</strong>riva-se da única palavra<br />
transcen<strong>de</strong>ntal, Brahman.<br />
42
As idéias estéticas são <strong>de</strong>finidas como experiências com a beleza, relacionadas <strong>à</strong><br />
concretização do Brahman, quando a atman mescla-se com aquela realida<strong>de</strong> superior.<br />
Isso tem paralelo na Visão Beatifica do cristianismo.<br />
Idéias Teísticas<br />
A crença em uma divinda<strong>de</strong> absoluta e pessoal po<strong>de</strong> ser datada já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IV<br />
A.C. E essa crença reaparece no Bhagavad Gita, dos séculos III e II A.C.<br />
O período mais antigo foi caracterizado por <strong>de</strong>clarações um tanto vagas sobre a relação<br />
entre um Ser Supremo, a alma humana e a matéria primeira.<br />
Após o estabelecimento da Vedanta monística, o teísmo hindu reagiu ao formular, sob o<br />
mesmo título, uma outra obra do mesmo título, Vedanta, que foi uma expressão<br />
sistemática e realmente filosófica do pensamento teista.<br />
A primeira pessoa a fazer assim foi Ramanuma, já no século XII D.C.<br />
Essa tendência prosseguiu, paralelamente a outras i<strong>de</strong>ias, mais antigas.<br />
Nos escritos <strong>de</strong> pensadores hindus como Aurobindo (1872-1950) e Vivekananda (1863-<br />
1902), o teísmo foi vigorosamente promovido.<br />
Filosofia Islâmica<br />
No islamismo, a <strong>filosofia</strong> tem merecido a mesma posição e caráter que tem recebido no<br />
seio da Igreja Católica Romana.<br />
Em contraste com a antiga <strong>filosofia</strong> judaica, e com a <strong>filosofia</strong> hindu, tem havido uma<br />
genuína <strong>filosofia</strong> islâmica, ainda que, no caso da Igreja Católica Romana, a <strong>filosofia</strong> sirva,<br />
principalmente, para auxiliar <strong>à</strong> teologia.<br />
Durante muitos séculos, a <strong>filosofia</strong> islâmica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u das i<strong>de</strong>ias e da cultura gregas. É<br />
interessante observar que, com o <strong>de</strong>clínio da Grécia, até o surgimento do escolasticismo ,<br />
os avanços nas ciências, na medicina, na matemática, na literatura e na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>vem<br />
ser creditados ao mundo árabe, embora eles se inspirassem inteiramente na antiga<br />
ativida<strong>de</strong> dos gregos.<br />
Uma Fonte Originária Principal<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria tornou-se o centro da ativida<strong>de</strong> científica e filosófica do mundo<br />
helenista. Ali havia uma biblioteca que, a certa altura, atingiu um milhão <strong>de</strong> volumes,<br />
representando, virtualmente, toda a literatura conhecida do mundo antigo. Traduções<br />
árabes <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> material, tornaram-se a base da ciência e da<br />
<strong>filosofia</strong> islâmicas.<br />
Crescimento<br />
Á medida que cresceu o interesse dos árabes pelas ciências e pela <strong>filosofia</strong>, manuscritos<br />
gregos foram sendo traduzidos para o árabe.<br />
Uma das principais tarefas dos eruditos alexandrinos consistiu em fornecer ao mundo<br />
árabe esses documentos antigos. Foi assim que, conforme alguns têm dito, Platão e<br />
Aristóteles começaram a falar o árabe. Floresceram nos países árabes escolas<br />
platônicas, neoplatônicas e aristotélicas.<br />
Os maiores filósofos islamitas surgiram entre os séculos IX e XII D.C., incluindo-se, entre<br />
eles, figuras como Alkindi, Al-Farabi, Avicena, Avanpace e Averróis. Al-Ghazzali procurou<br />
conservar a ortodoxia islâmica, bem como o misticismo não-filosófico e, assim fazendo,<br />
criticou vigorosamente a ativida<strong>de</strong> filosófica do islamismo.<br />
43
A Europa dos séculos XII e XIII<br />
Muito se beneficiou com as ativida<strong>de</strong>s da <strong>filosofia</strong> islâmica, porquanto muito material<br />
registrado em árabe foi traduzido para o latim, ficando assim <strong>à</strong> disposição <strong>de</strong> filósofos que<br />
não falavam o árabe. Aristóteles tornou-se conhecido <strong>de</strong>ssa maneira, por Alberto Magno e<br />
por Tomás <strong>de</strong> Aquino. E todos sabemos que foi com base nisso que se <strong>de</strong>senvolveu o<br />
escolasticismo.<br />
Os Conflitos<br />
As especulações neoplatônicas criaram gran<strong>de</strong> conflito com as i<strong>de</strong>ias ortodoxas sobre<br />
Allah.<br />
Alguns islamitas rejeitavam a abordagem filosófica, enquanto que outros tentavam<br />
explicar Allah através dos conceitos <strong>de</strong> Platão, da mesma maneira que, no mundo cristão,<br />
os escritos <strong>de</strong> Platão tinham sido úteis para formar a teologia, sobretudo dos pais<br />
alexandrinos da Igreja.<br />
A <strong>introdução</strong> do pensamento grego no islamismo separou os tradicionalistas dos<br />
progressistas, e ambos os lados tiveram <strong>de</strong> apelarpara a dialética grega a fim <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem seus pontos <strong>de</strong> vista. Como sempre, disso resultaram perseguições, e até<br />
mesmo execuções.<br />
A escola <strong>de</strong> Mutazilah, que explicava as doutrinas do islamismo através <strong>de</strong> termos e<br />
idéias gregas, foi capaz <strong>de</strong> permanecer <strong>de</strong>ntro do islamismo, embora tivesse sofrido<br />
períodos <strong>de</strong> perseguição.<br />
Alguns romperam com a organização religiosa, como Al-Razi (falecido em 923 D.C.),<br />
rejeitando as profecias e promovendo as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Platão e o neoplatonismo. Ele foi<br />
anatematizado pela maioria dos islamitas ortodoxos.<br />
M Klndl (falecido após 866 D.C) tentou harmonizar a <strong>filosofia</strong> com a religião, como se<br />
fosse uma espécie <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino muçulmano. Seu sistema era eclético, tendo-se<br />
valido das idéias <strong>de</strong> Platão e <strong>de</strong> Aristóteles.<br />
Al-Farabi foi um verda<strong>de</strong>iro neoplatonista islâmico, tendo i<strong>de</strong>ntificado o Allah do islamismo<br />
com o Um <strong>de</strong> Plotino.<br />
Al-Ahsari foi outra figura similar a Tomás <strong>de</strong> Aquino <strong>de</strong>ntro do islamismo.<br />
Avicena incluiu elementos <strong>de</strong> Platão, <strong>de</strong> Aristóteles e do misticismo, tendo sido atacado<br />
mediante vinte proposições diferentes pelo fundamentalista Al-Ghazzali, que exortou os<br />
fiéis a permanecerem em guarda.<br />
Foi <strong>de</strong>ssa maneira que se <strong>de</strong>nsenvolveu o misticismo islâmico, chamado sufismo.<br />
Os Ishraqi produziram uma escola iluminista, cujo expositor mais bem conhecido foi Al-<br />
Surawardi (1155-1591). Sua mistura <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias era, essencialmente, uma forma <strong>de</strong><br />
neoplatonismo com outros conceitos místicos. Em certo sentido, o sufismo foi uma reação<br />
e um protesto contra o crescente po<strong>de</strong>r do aristotelianismo <strong>de</strong>ntro do islamismo.<br />
Averróis foi o maior dos filósofos aristoteianos do islamismo (1126-1198).<br />
Acusou Al-Ghazzali <strong>de</strong> não compreen<strong>de</strong>r o que a sua escola estava procurando dizer, o<br />
que explicaria as suas inúmeras objeções. Porém, a influência <strong>de</strong> Averróis foi maior fora<br />
do islamismo do que <strong>de</strong>ntro do mesmo, quando quinze <strong>de</strong> seus trinta e oito comentários<br />
sobre os escritos <strong>de</strong> Aristóteles foram traduzidos para o latim, permitindo que as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />
Aristóteles fossem examinadas pelos filósofos cristãos.<br />
A invasão do Egito pelas tropas <strong>de</strong> Napoleão, em 1798, e os i<strong>de</strong>ais da Revolução<br />
Francesa, produziram enormes choques culturais <strong>de</strong>ntro do mundo islâmico e, como<br />
conseqüência, o <strong>de</strong>clínio da ativida<strong>de</strong> filosófica, embora não da ativida<strong>de</strong> religiosa. Os<br />
mo<strong>de</strong>rnos filósofos árabes que têm promovido o positivismo lógico, o existencialismo, etc.,<br />
dificilmente po<strong>de</strong>m ser tidos como bons representantes da <strong>filosofia</strong> islâmica.<br />
44
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L2<br />
1- O operacionalismo tomou por empréstimo elementos tanto do pragmatismo quanto do:<br />
A-Positivismo Lógico<br />
B-Positivismo Inlógico<br />
2- Karl Popper invocava a verificação como um modo eficaz <strong>de</strong> fazer:<br />
A-Investigações Cientícia<br />
B-Investigações Teológicas<br />
3- Filosofia da <strong>história</strong> não <strong>de</strong>ve ser confundida com:<br />
A-História da Filosofia<br />
B-História da Sociologia<br />
4- A cultura judaica tinha uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>:<br />
A-Bem in<strong>de</strong>finida<br />
B-Bem <strong>de</strong>finida<br />
5- No que os estóicos acreditavam?<br />
A-Que o Logos não se manifestará através <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ciclos <strong>de</strong> tempo<br />
B-Que o Logos se manifestará através <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ciclos <strong>de</strong> tempo<br />
6- Como Heráclito concebia a <strong>história</strong> do homem?<br />
A-Como se passasse por ciclos <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio<br />
B-Como se <strong>de</strong>senvolvia no <strong>de</strong>correr da <strong>história</strong><br />
7- Quem foi reconhecido como um importantíssimo filósofo da <strong>história</strong>?<br />
A-Anselmo<br />
B-Agostinho<br />
8- Apesar <strong>de</strong> João Calvino, na prática real, ter dado continuação ao sonho <strong>de</strong> Agostinho,<br />
em sua experiência:<br />
A-Teocracia em Genebra<br />
B-Teocracia na Espanha<br />
9- Que filósofos criaram um i<strong>de</strong>al elaborado <strong>de</strong> utopia, na direção do qual<br />
presumivelmente, a humanida<strong>de</strong> estaria marchando?<br />
A-Os filósofos franceses<br />
B-Os filósofos ingleses<br />
10- Quem propôs uma espécie <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> em dois andares, on<strong>de</strong> as<br />
socieda<strong>de</strong>s humanas passam por três estágios?<br />
A-Freud<br />
B-Vico<br />
11- Qual filósofo via na <strong>história</strong> a força <strong>de</strong> uma tría<strong>de</strong> em operação, que controlaria todas<br />
as coisas?<br />
A-Hegel<br />
B-Marx<br />
45
12- O que é o estudo lógico dos conceitos religiosos e dos conceitos, argumentos e<br />
expressões teológicas?<br />
A-A ciência da religião<br />
B-A <strong>filosofia</strong> da religião<br />
13- A <strong>filosofia</strong> da religião <strong>de</strong>ve ser distinguida da:<br />
A-A Apologética<br />
B-Homilética<br />
14- Apesar da <strong>filosofia</strong> da religião não ser uma apologia,obviamente tem uma certa<br />
função:<br />
A-Homilética perfeitamente legítima<br />
B-Apologética perfeitamente legítima<br />
15- Os cultos misteriosos mesclavam a <strong>filosofia</strong> com as artes mágicas, chamando-as <strong>de</strong>:<br />
A-Nutrimentos do corpo<br />
B-Nutrimentos gêmeos da alma<br />
16- A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tarso foi um centro do:<br />
A-Estoicismo Romano<br />
B-Pregação do cristianos<br />
17- E apesar das epístolas apócrifas <strong>de</strong> Paulo e Sêneca, e <strong>de</strong> Sêneca e Paulo, não serem<br />
autênticas,elas refletem a antiga observação sobre a similarida<strong>de</strong> dos autores,<br />
A-Em seus princípios morais e seus modos <strong>de</strong> expressão<br />
B-Em seus modos <strong>de</strong> expressão<br />
18- Qual é a <strong>de</strong>finição básica da <strong>filosofia</strong>?<br />
A-É a <strong>história</strong> das idéias<br />
B-É a <strong>história</strong> da <strong>Teologia</strong><br />
19- Quantos anos há <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> por <strong>de</strong>trás da doutrina Logos?<br />
A-500 anos<br />
B-600 anos<br />
20- Qual o significado no grego da palavra <strong>filosofia</strong>?<br />
A-Amor a <strong>história</strong><br />
B-Amor a sabedoria<br />
21- A influência estóica é evi<strong>de</strong>nte nas Escrituras <strong>de</strong>:<br />
A-Paulo<br />
B-Pedro<br />
22- Qual o nome <strong>de</strong> um dos pais da Igreja e que era filósofo cerca <strong>de</strong> 150 d.C?<br />
A-Justino Martir<br />
B-Tertuliano<br />
23- Justino Mártir afirmava que a <strong>filosofia</strong> o levara aos:<br />
A-Pés <strong>de</strong> Pedro<br />
B-Pés <strong>de</strong> Cristo<br />
46
24- È interessante que Justino Mártir nunca se <strong>de</strong>spiu inteiramente <strong>de</strong> sua capa <strong>de</strong><br />
filósofo, tendo andado ao redor, procurando convencer as classes intelectuais a:<br />
A-Virem a João<br />
B-Virem a Cristo<br />
25- Essa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Justino Mártir foi compartilhada pelos pais da igreja, como:<br />
A-Clemente e Origenes<br />
B-Irineu e Apolo<br />
26- A <strong>filosofia</strong> grega cabe entre:<br />
A-500 a.C. a 1500 d.C.<br />
B-600 a.C. a 600 d.C.<br />
27- Qual a data da escola Pitagoreana?<br />
A-550 a 430 a.C.<br />
B-500 a 600 a.C.<br />
28- Cite a data que Heráclito viveu:<br />
A-Fim do século VI a.C.<br />
B-Fim do século X a.C.<br />
29- Todos os seus sistemas tradicionais da <strong>filosofia</strong> foram formulados pelos esforços<br />
combinados <strong>de</strong>:<br />
A-Sócrates, Platão e Aristóteles<br />
B-Demétrio, Platão e Aristóteles<br />
30- Sócrates foi, antes <strong>de</strong> tudo, um filósofo ético, que tinha certas qualida<strong>de</strong>s próprias dos<br />
místicos religiosos, mas que não se interessava pela:<br />
A-Lógica<br />
B-Metafísica<br />
31- Que filósofo adicionou a lógica <strong>de</strong>dutiva?<br />
A-Aristóteles<br />
B-Platão<br />
32- Qual foi a primeira universida<strong>de</strong> européia?<br />
A-Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Sócrates<br />
B-Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão<br />
33- Qual era o nome da escola <strong>de</strong> Aristóteles?<br />
A-Liceu<br />
B-Lidomeu<br />
34- Quem organizou o ceticismo no campo da<br />
<strong>filosofia</strong>?<br />
A-Demócrito<br />
B-Pirro<br />
35-) O Neoplatonismo foi o esforço especulativo final da <strong>filosofia</strong> grega, entre os séculos:<br />
A-III e VI d.C.<br />
B-IV e X a.C.<br />
47
36- Todos os estudiosos <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> e religião têm consciência da gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong><br />
entre a:<br />
A-Ética dos estóicos, romanos e os escritos <strong>de</strong> Paulo<br />
B-Ética dos estóicos, romanos e os escritos <strong>de</strong> Pedro<br />
37- Carnéa<strong>de</strong>s, pois, atacou a gnosiologia dos estóicos,asseverando que não há como o<br />
homem conhecer o mundo dos fenômenos:<br />
A-Exceto através da ética<br />
B-Exceto através dos sentidos<br />
38- O Liceu <strong>de</strong> Aristóteles <strong>de</strong>votava-se <strong>à</strong>s:<br />
A-A política<br />
B-Ciência e ao naturalismo<br />
39- Filo Ju<strong>de</strong>u tentou ligar Platão ao judaísmo, tendo sido um dos precursores do sistema:<br />
A-Neoplatônico formal, que só surgiu mais tar<strong>de</strong><br />
B-Neoplatônico informal<br />
40- Qual era o nome do filósofo neoplatônico que representa o período final da <strong>filosofia</strong><br />
helenista, <strong>de</strong> 205 a 270 d.C?<br />
A-Plotino<br />
B-Sócrates<br />
41- Que ano se<strong>de</strong>u o período formativo?<br />
A-1000 e 800 a.C.<br />
B-800 e 900 a.C.<br />
42- Nas mãos <strong>de</strong> alguns filósofos hindus, as explicações sobre a natureza assumiram<br />
uma:<br />
A-Natureza filosófica<br />
B-Natureza mecanista, atéia e materilista<br />
43- A tendência do hinduísmo sempre foi buscar alguma explicação:<br />
A-Filosófica<br />
B-Mística e religiosa da natureza<br />
44- A crença em uma divinda<strong>de</strong> absoluta e pessoal po<strong>de</strong> ser datada já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o:<br />
A-Século IV a.C.<br />
B-Século X a.C.<br />
45- Vedanta, que foi uma expressão sistemática e realmente filosófica do:<br />
A-Pensamento teísta<br />
B-Pensamento ateísta<br />
46- Os maiores filósofos islamitas surgiram entre os:<br />
A-Século X a.C.<br />
B-Século IX e XIII d.C.<br />
47- As especulações neoplatônicas criaram gran<strong>de</strong> conflito com as idéias ortodoxas:<br />
A-Sobre Allah<br />
B-Sobre Judas<br />
48
48- A escola <strong>de</strong> Mutazilah, que explicava as doutrinas do islamismo através <strong>de</strong> termos e<br />
idéias gregas, foi capaz <strong>de</strong> permanecer <strong>de</strong>ntro do islamismo, embora:<br />
A-Não tivesse sofrido períodos <strong>de</strong> perseguição<br />
B-Tivesse sofrido períodos <strong>de</strong> perseguição<br />
49- Foi <strong>de</strong>ssa maneira que se <strong>de</strong>senvolveu o misticismo islâmico:<br />
A-Chamado sofismo<br />
B-Chamados platonismo<br />
50-) Que ano Napoleão invadiu o Egito com suas tropas?<br />
A-1798<br />
B-1738<br />
49
4<br />
A Base <strong>de</strong> Diversas Filosofias<br />
LIÇÃO 3<br />
Filosofia Judaica<br />
Talvez Israel tenha sido a única nação da <strong>história</strong> que tem sido essencialmente religiosa,<br />
acima <strong>de</strong> qualquer outra consi<strong>de</strong>ração, e cuja literatura, legislação e formas <strong>de</strong> governo<br />
têm sido inspiradas por Deus.<br />
Seja como for, sempre foi uma característica dos hebreus preocupar-se com questões<br />
finais. Mesmo que o pensamento dos hebreus tenha começado no monoteísmo (há<br />
muitos <strong>de</strong>uses, mas nós reconhecemos somente um Deus), não <strong>de</strong>morou para que eles<br />
adotassem o monoteísmo.<br />
A doutrina da imortalida<strong>de</strong>, porém, só entrou no judaísmo bem posteriormente.<br />
No Pentateuco não há referências ou ensinos claros sobre a alma. Embora as leis<br />
mosaicas fossem complexas e obrigatórias, não há ali qualquer promessa <strong>de</strong> recompensa<br />
ou <strong>de</strong> punição eternas, circunstância essa que seria quase impossível <strong>de</strong> imaginar se ali<br />
houvesse qualquer doutrina da alma.<br />
A Filosofia da História Judaica<br />
O Antigo Testamento representa uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>.<br />
Des<strong>de</strong> o começo aparece Deus, como o criador <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O homem é criado, e, <strong>de</strong>ntre a humanida<strong>de</strong>, é escolhida uma nação que passa a servir <strong>de</strong><br />
veículo da mensagem espiritual.Toda a sua <strong>história</strong> é teisticamente controlada.Sua<br />
<strong>história</strong> é linear, tendo tido um começo no tempo, e passando <strong>de</strong> um evento para outro,<br />
até chegar a um clímax, na exaltação <strong>de</strong>ssa nação acima <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais, mediante o<br />
cumprimento do reino messiânico prometido nas Escrituras Sagradas.<br />
O ponto final <strong>de</strong>ssa <strong>história</strong> será uma espécie <strong>de</strong> era áurea, on<strong>de</strong> o conhecimento do<br />
Senhor propagar-se-á por todo o orbe, e uma utopia geral é concretizada.<br />
A Filosofia do Livro<br />
Vários povos antigos tinham livros sagrados, pelo que, quanto a esse particular, Israel não<br />
foi um caso isolado. A possessão <strong>de</strong> livros sagrados indica uma atitu<strong>de</strong> filosófica. Isso<br />
significa que ali há fé no teísmo, que há um Deus que revela a si mesmo e <strong>à</strong> sua vonta<strong>de</strong>,<br />
e que ele está perto do profeta que é escolhido para guiar o povo. A própria Bíblia não<br />
apresenta nenhum sistema filosófico, embora contenha certo número <strong>de</strong> conceitos<br />
filosóficos básicos. Conforme acabamos <strong>de</strong> afirmar, temos na Bíblia reflexos claros do<br />
teísmo e <strong>de</strong> uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>.<br />
Além disso, no livro <strong>de</strong> Jó, encontramos um tratamento sobre o problema do mal, além <strong>de</strong><br />
uma sabedoria popular filosófica nos livros <strong>de</strong> Provérbios e Eclesiastes, este último tendo<br />
sofrido alguma influência da cultura grega.<br />
50
O Problema do Mal<br />
O problema do mal, visto que se trata <strong>de</strong> um dos mais espinhosos problemas da Filosofia<br />
e da <strong>Teologia</strong>.<br />
A gran<strong>de</strong> questão é como po<strong>de</strong> haver tanto sofrimento aparentemente sem sentido, em<br />
face do fato <strong>de</strong> que há um Deus todo po<strong>de</strong>roso, todo bondoso e que tudo sabe. O livro <strong>de</strong><br />
Jó aborda diretamente esse problema. Trata-se <strong>de</strong> uma abordagem profunda e altamente<br />
artística, mas muitos teólogos sentem-se perturbados ante algumas <strong>de</strong> suas conclusões.<br />
Nesse caso, o sofrimento ocorreu por causa <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> aposta entre Deus e<br />
Satanás.<br />
Deus queria provar que a perseverança <strong>de</strong> Jó <strong>de</strong>rivava-se <strong>de</strong> seu amor a ele e <strong>de</strong> motivos<br />
apropriados e não somente por causa <strong>de</strong> sua prosperida<strong>de</strong> material.<br />
Os supostos consoladores <strong>de</strong> Jó, que então se apresentaram a ele, na realida<strong>de</strong> eram<br />
seus adversários, e salientaram o problema do pecado como a causa <strong>de</strong> seus<br />
sofrimentos. Jó negou isso peremptoriamente e, mui provavelmente, não erramos quando<br />
dizemos que ele estava correto em sua avaliação, ainda que, no fim do livro, quando<br />
Deus lhe exibiu a sua glória, Jó reconheceu seu próprio estado pecaminoso e miserável<br />
termina arrepen<strong>de</strong>ndo-se disso, embora isso não signifique que os seus consoladores<br />
molestos tivessem vencido na argumentação.<br />
Ele era um miserável pecador, o que se tornou evi<strong>de</strong>nte quando a glória <strong>de</strong> Deus foi<br />
revelada; mas, não fora por causa disso que Jó fora testado tão severamente. Antes, o<br />
teste serviu para que ficasse <strong>de</strong>monstrada a genuinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua espiritualida<strong>de</strong>. Talvez a<br />
<strong>história</strong> da intromissão <strong>de</strong> Satanás, com que o livro começa, tenha servido somente <strong>de</strong><br />
<strong>introdução</strong> literária, não <strong>de</strong>vendo ser levada por <strong>de</strong>mais a sério no tocante ao problema do<br />
mal.<br />
Mas, talvez, também explique muita coisa que, <strong>de</strong> outra maneira não teria explicação.<br />
No fim, ele é gran<strong>de</strong>mente abençoado, tendo recebido muito mais do que havia perdido.<br />
Ora, muitos teólogos sentem-se infelizes justamente com esse final feliz, porquanto isso<br />
dificilmente caracteriza o problema do mal.<br />
Para eles, parece que as tragédias gregas são muito mais realistas quanto a esse<br />
aspecto. Na vida real, um homem é esmagado diversas vezes, é triturado, e, então, é<br />
pulverizado, para nunca mais soerguer-se. O resto da <strong>história</strong> fica por conta do <strong>de</strong>stino da<br />
alma, porquanto é inútil esperar o triunfo <strong>de</strong>ste lado da existência. Geralmente,<br />
precisamos ter uma fé que não espere por reversões neste lado da vida.<br />
No entanto, <strong>à</strong>s vezes é aqui mesmo que Deus nos abençoa. Pelo que agra<strong>de</strong>cemos ao<br />
Senhor por essas bênçãos menores, mas muito apreciadas, que nos reivindicam a retidão<br />
que temos em Cristo.O livro <strong>de</strong> Jó, pois, termina com uma direta intervenção divina, para<br />
mostrar que Deus não esquece da causa <strong>de</strong> seus servos fiéis, termina com uma reversão<br />
após as mais negras condições.<br />
Há um estranho <strong>de</strong>talhe no livro <strong>de</strong> Jó, notado por todos os estudiosos, que é o fato <strong>de</strong><br />
que o mesmo nunca apela para a lei. Seria isso motivado pelo fato <strong>de</strong> que foi escrito<br />
antes da outorga da lei, sendo assim o mais antigo dos livros do Antigo Testamento?<br />
Ou teria sido porque foi escrito já no período helenista, sendo uma espécie <strong>de</strong> estudo<br />
filosófico, embora refletindo uma posição judaica ortodoxa?<br />
Os Tempos Helenistas<br />
As conquistas militares <strong>de</strong> Alexandre, o Gran<strong>de</strong>, levaram a cultura grega a entrar em<br />
contato direto com o judaísmo.<br />
As primeiras referências dos gregos aos ju<strong>de</strong>us julgam-nos uma raça <strong>de</strong> filósofos,<br />
provavelmente, porque preocupavam-se com as questões últimas da vida, tal como o<br />
faziam os gregos. Mas, quando as idéias do helenismo entravam em choque com as<br />
idéias judaicas, isso produzia duas reações opostas.<br />
51
A ortodoxia estreita rejeitava todas as influências pagãs, e muitos chegaram mesmo a<br />
lamentar que a Bíblia hebraica tivesse sido traduzida para o grego, na Septuaginta.<br />
Porém, outros ju<strong>de</strong>us tentavam acomodar-se adaptando a religião hebraica <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong><br />
grega. Havia muitos elementos comuns, <strong>de</strong> tal modo que se podia chegar até a uma<br />
espécie <strong>de</strong> harmonia. O principal filósofo ju<strong>de</strong>u, que procurou obter tal harmonização, foi<br />
Filo, um filósofo neoplatônico voltado para o Antigo Testamento.<br />
Além disso, o livro canônico <strong>de</strong> Eclesiastes e certos livros apócrifos, como Sabedoria <strong>de</strong><br />
Salomão e IV Macabeus <strong>de</strong>monstram interesses filosóficos nítidos.<br />
Começo da Era Cristã<br />
Do século III D.C. em diante, houve centros do pensamento judaico que continuaram<br />
ensinando por vários séculos, nos países do Oriente <strong>de</strong> fala aramaica.<br />
A literatura do período, especialmente o Talmu<strong>de</strong>, apresenta bem pouca <strong>filosofia</strong><br />
sistemática; mas vários aspectos <strong>de</strong> sua teologia eram obviamente influenciados por<br />
idéias gregas e persas.<br />
Com o surgimento do corão islâmico (<strong>filosofia</strong> empregada para justificar as crenças<br />
religiosas), houve o ressurgimento da ativida<strong>de</strong> filosófica. Entre os ju<strong>de</strong>us, os caraftas<br />
revoltaram-se tanto contra a <strong>filosofia</strong> quanto contra as interpretações rabínicas. Eles<br />
datam dos séculos IX a XII DC. e formavam uma espécie <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> retorno <strong>à</strong><br />
Bíblia. Isso não fez cessar nem as interpretações rabínicas e nem as especulações<br />
filosóficas, mas levou os rabinos e os filósofos a buscarem melhores maneiras <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus pontos <strong>de</strong> vista e suas ativida<strong>de</strong>s.<br />
A Cabala<br />
As datas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa tradição judaica são 500 a 1000 D.C.<br />
Isso consistia essencialmente no <strong>de</strong>senvolvimento das tradições místicas judaicas, com<br />
muita dose <strong>de</strong> especulação filosófica, que não fazia parte do judaísmo primitivo.<br />
Importantes cabalistas foram Moses Naimôni<strong>de</strong>s, Um Gabirol e Yehudah Haflevi<br />
Do Século X V em diante<br />
O corão dos islamitas, o neoplatonismo e o aristotelismo exerceram gran<strong>de</strong> influência<br />
sobre os pensadores judaicos da Ida<strong>de</strong> Média.<br />
As reivindicações e metodologias conflitantes da razão e da revelação foram discutidas,<br />
como também as provas da existência <strong>de</strong> Deus e os seus atributos, o <strong>de</strong>terminismo divino<br />
em contraste com a livre-arbítrio humano, e as questões sobre a lei e a ética. O mais<br />
<strong>de</strong>stacado filósofo ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>sse período foi Mosés Maimôni<strong>de</strong>s. A Cabala foi uma ativida<strong>de</strong><br />
paralela a essa, on<strong>de</strong> florescia certa tradição mística.<br />
Hasdai Crescas e Isaac Abarbanel (1437-1508) pensavam que os filósofos ju<strong>de</strong>us tinham<br />
ido longe <strong>de</strong>mais na tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarem Aristóteles com Moisés e expuseram o seu<br />
protesto.<br />
Quase toda essa ativida<strong>de</strong> teve lugar em países islâmicos, ou então na Espanha. Nas<br />
terras cristãs, os ju<strong>de</strong>us eram oprimidos, e não tinham liberda<strong>de</strong> para fazer funcionar suas<br />
escolas <strong>de</strong> investigação. Porém, na Itália da época da Renascença, houve alguma<br />
expressão nesse sentido, quando então surgiu Baruque Spinoza, na Holanda, no século<br />
XVII.<br />
Na Alemanha, o primeiro filósofo ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> nota foi Mosés Men<strong>de</strong>lssohn (1629-1786).<br />
Após a sua época, filósofos ju<strong>de</strong>us continuaram a participar, e mais livremente, da vida<br />
cultural européia.<br />
52
O Iluminismo<br />
O judaísmo ortodoxo lutava para manter sua tradição e, por isso mesmo, com freqüência<br />
opôs-se aos <strong>de</strong>senvolvimentos do Iluminismo, sobretudo a sua tendência para enfatizar<br />
<strong>de</strong>masiadamente a ciência, rejeitando reivindicações religiosas.<br />
Por outra parte, alguns ju<strong>de</strong>us abandonaram totalmente a sua fé, tendo sido arrebatados<br />
pela febre provocada pelo Iluminismo. Entre esses dois extremos, havia aqueles que<br />
faziam tentativas para harmonizar os mesmos, com alguma fragmentação no tocante ao<br />
judaísmo tradicional. Essa gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> impossibilita-nos agora i<strong>de</strong>ntificar certos<br />
aspectos da <strong>filosofia</strong> judaica da época.<br />
Simplesmente houve vários filósofos ju<strong>de</strong>us, que promoviam sistemas diferentes.<br />
O Século XIX<br />
O i<strong>de</strong>alismo alemão, <strong>de</strong>ntro das teorias, <strong>de</strong> Schelling e <strong>de</strong> Hegbel influenciou os<br />
pensadores ju<strong>de</strong>us. Nachman Krochmal (1785.1840), Salomão Formstecher (1808-1889),<br />
Samuel Hirsch (1815-1889) e Mortiz Lazarus (1824-1903) po<strong>de</strong>m ser contados entre os<br />
tais. Krochmal foi pioneiro no estudo critico das fontes históricas, com vistas a <strong>de</strong>finir a<br />
essência do judaísmo. Isso preparou o caminho para a ciência do judaísmo), promovida<br />
por Leopoldo Zuns (1794-1886) e Abraão Geiger (1810-1874).<br />
Como sempre, alguns se opuseram <strong>à</strong> invasão da <strong>filosofia</strong>, conclamando os ju<strong>de</strong>us a<br />
voltarem ao judaísmo, conforme o mesmo aparece na revelação do Antigo Testamento.<br />
S.L. Steinheim e S.D. Luzatto são contados entre esses homens.<br />
O sionismo, uma nova <strong>filosofia</strong> política, surgiu no século XIX. Filósofos ju<strong>de</strong>us ativos<br />
nesse campo foram A.H. Ginsberg (1856-1927), A.D. Gordon (1856.1922).<br />
Por sua vez, A.I. Kook (1865.1935) e Martin Buber (1879.1965) misturaram o misticismo<br />
com essa <strong>filosofia</strong>.<br />
O Século XX<br />
Hermann Cohen (1842-1918) <strong>de</strong>senvolveu um sistema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo e exerceu profunda<br />
influência sobre o pensamento judaico.<br />
Leo Baeck (1873.1956), Buber e Franz Rosenzweig (1886-1929) <strong>de</strong>senvolveram alguns<br />
<strong>de</strong> seus pensamentos e o sionismo continuou sendo uma das principais forças entre os<br />
filósofos ju<strong>de</strong>us.<br />
Buber e Rosenzweig também incorporaram em seu sistema certos elementos do<br />
existencialismo.<br />
O nazismo <strong>de</strong> Hitler <strong>de</strong>struiu gran<strong>de</strong> parte da vida cultural judaica na Europa, assinalando<br />
o fim <strong>de</strong> uma época, incluindo todos os esforços para harmonizar o judaísmo com o<br />
i<strong>de</strong>alismo alemão.<br />
Depois disso, a linguagem filosófica do judaísmo tornou-se predominantemente inglesa, e<br />
os Estados Unidos da América do Norte o lugar mais importante <strong>de</strong> expressão do<br />
judaísmo. Entrementes, os i<strong>de</strong>ais preliminares do sionismo tiveram cumprimento, posto<br />
que parcial, no reavivamento da nação judaica, após a Segunda Guerra Mundial, a partir<br />
<strong>de</strong> 1948.<br />
Um filósofo ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> nomeada foi M.M. Kaplan, que combinou uma forma extremada <strong>de</strong><br />
naturalismo com a manutenção das formas tradicionais da observância religiosa dos<br />
ju<strong>de</strong>us.<br />
O existencialismo, porém, continuou exercendo alguma influência, como nos escritos <strong>de</strong><br />
A.J. Heschel (1907-1972).<br />
53
A Gran<strong>de</strong> Contribuição da Filosofia Judaíca –A ética<br />
Embora o Antigo Testamento não seja um manual <strong>de</strong> princípios éticos, em qualquer<br />
sentido formal, nenhuma outra obra escrita, excetuando talvez o Novo Testamento, tem<br />
exercido tão vasta influência sobre o pensamento ético do mundo.<br />
Essa influência tem envolvido tanto a ética individual quanto a ética social.<br />
O Antigo e o Novo Testamentos, juntamente com os códigos legais romanos, têm sido os<br />
mais <strong>de</strong>cisivos fatores na formação das leis civis dos países da Europa e da América.<br />
A Filosofia Lingüística<br />
Esse é o estudo que assevera que o estudo cuidadoso e como a linguagem é usada,<br />
ensinada e aplicada aos discursos da vida diária po<strong>de</strong> iluminar e mesmo transformar ou<br />
dissolver problemas filosóficos <strong>de</strong> longa data.<br />
A base <strong>de</strong>ssa suposição é que os próprios problemas originaram-se no uso frouxo da<br />
linguagem, mediante o que a ambigüida<strong>de</strong>, e mesmo a falsida<strong>de</strong>, peneiraram,<br />
secretamente, na <strong>filosofia</strong>.<br />
Por esse motivo, pois, alguns filósofos têm dado muita atenção ao uso que fazemos da<br />
linguagem, em sua sintaxe, significado das palavras, ambigüida<strong>de</strong>s, etc.<br />
Pelo seu lado positivo, po<strong>de</strong>mos dizer que visto que a linguagem é e gran<strong>de</strong> veículo da<br />
comunicação e o instrumento do conhecimento científico, por isso mamo tal estudo<br />
produz, naturalmente, os seus frutos. Quanto a seu lado negativo, <strong>de</strong>vemos afirmar que é<br />
uma ingenuida<strong>de</strong> supor que as gran<strong>de</strong>s verda<strong>de</strong>s, que com freqüência transcen<strong>de</strong>m,<br />
parcial ou completamente, a linguagem do homem, possam ser <strong>de</strong>scritas, <strong>de</strong> qualquer<br />
modo mais apto, simplesmente porque são expressas mediante uma linguagem<br />
aprimorada.<br />
O misticismo <strong>de</strong>ixa claro que quanto mais profunda for uma verda<strong>de</strong>, mais inefável ela<br />
se torna. O que perscruta essas verda<strong>de</strong>s é a iluminação espiritual, e não apenas a<br />
análise lingüística.<br />
Os mais importantes expositores da <strong>filosofia</strong> lingüística têm sido Wittgenstein, J.L.<br />
Austin e Ryle.<br />
A Filosofia Perene<br />
A expressão, no latim, é piloshophia perennis, uma expressão cunhada por Steuchen, em<br />
1540, para referir-se <strong>à</strong>s características comuns da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> sua época, a saber, o<br />
escolasticismo medieval.<br />
Tal expressão tem sido usada como sinônimo <strong>de</strong> tomismo.<br />
Ainda há outros usos, a saber:<br />
1-o que é comum na <strong>filosofia</strong> grega.<br />
2-elementos válidos da <strong>história</strong> inteira da <strong>filosofia</strong> (Leibniz), que supunha que a sua<br />
própria <strong>filosofia</strong> seria uma continuação <strong>de</strong>ssa tradição.<br />
3-qualquer <strong>filosofia</strong> dotada <strong>de</strong> base a<strong>de</strong>quada (Urban), referindo-se, especificamente, aos<br />
sistemas <strong>de</strong> Platão, Aristóteles e Tomás <strong>de</strong> Aquino.<br />
A Filosofia Política<br />
A política é um dos seis ramos tradicionais da <strong>filosofia</strong>. Platão po<strong>de</strong> ser caracterizado<br />
como o pai da política, porquanto em sua <strong>filosofia</strong>, sobretudo em seu diálogo intitulado<br />
República, ele <strong>de</strong>senvolveu uma extensa teoria política.<br />
A <strong>filosofia</strong> política ocupa-se com a conduta i<strong>de</strong>al do Estado, como a ética das socieda<strong>de</strong>s<br />
organizadas, Naturalmente, esse aspecto da <strong>filosofia</strong> estuda questões como formas <strong>de</strong><br />
54
governo, seus i<strong>de</strong>ais e alvos, as instituições que envolvem a proprieda<strong>de</strong>, a família, os<br />
sistemas legais, a educação pública, as relações internacionais, a estrutura das classes, a<br />
religião, os direitos individuais e coletivos, os <strong>de</strong>veres individuais e coletivos, etc.<br />
E, quando alguém começa a filosofar sobre problemas assim, já está tratando da <strong>filosofia</strong><br />
da política.<br />
Origem<br />
Dentro do período da <strong>filosofia</strong> clássica, <strong>de</strong> Sócrates, Platão e Aristóteles, encontramos o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento dos tradicionais seis ramos da <strong>filosofia</strong>.<br />
A República, <strong>de</strong> Platão, foi a primeira tentativa, até on<strong>de</strong> somos capazes <strong>de</strong> sondar, a<br />
tratar dos problemas dos i<strong>de</strong>ais e da conduta do Estado.<br />
Quais leis e conceitos <strong>de</strong>veriam governar um estado justo, on<strong>de</strong> cada indivíduo tem uma<br />
tarefa apropriada a cumprir?<br />
Idéias e Sistemas Específicos<br />
Platão. Ele i<strong>de</strong>alizava um Estado em que o sistema educacional haveria <strong>de</strong> ir separando<br />
gradualmente as classes em seus setores apropriados, cada um com a sua própria<br />
função e importância.<br />
Uma socieda<strong>de</strong> justa teria a mesma estrutura <strong>de</strong> uma alma justa.<br />
Os filósofos (encabeçados pelo rei-filósofo) seriam os governantes, correspon<strong>de</strong>ndo <strong>à</strong><br />
razão, no homem. Todas as coisas seriam <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> comum, o que significa que o<br />
Estado i<strong>de</strong>al seria comunista.<br />
Haveria também os guerreiros, a classe dos corajosos (correspon<strong>de</strong>ntes <strong>à</strong> vonta<strong>de</strong>, no<br />
homem), que formariam a segunda classe, oferecendo proteção e boa or<strong>de</strong>m, elementos<br />
necessários da socieda<strong>de</strong>.<br />
Seguir-se-ia a classe dos artesãos, negociantes, agricultores, etc., os produtores da<br />
socieda<strong>de</strong>, correspon<strong>de</strong>ntes aos apetites inferiores, no homem.<br />
Cada indivíduo teria a sua ocupação, que contribuiria para o bem-estar total.<br />
O rei-filósofo seria produzido após um longo tempo <strong>de</strong> treinamento, separado <strong>de</strong> homens<br />
<strong>de</strong> menor envergadura, sendo não somente o mais po<strong>de</strong>roso, mas também o mais<br />
inteligente e justo dos homens.<br />
Suas idéias são encontradas, essencialmente, em seus diálogos, República e Leis. Este<br />
último trabalho modificou algumas idéias, expondo mais um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>mocrático, por meio<br />
da liberda<strong>de</strong>, impelido pela vonta<strong>de</strong> morai.<br />
Aristóteles fazia da família a unida<strong>de</strong> central do Estado, e não o indivíduo (conforme<br />
Platão fizera), e criticou o comunismo <strong>de</strong> Platão como um sistema prejudicial <strong>à</strong> família.<br />
Sua obra, Política, é uma análise <strong>de</strong> várias formas <strong>de</strong> governo.<br />
Ele opinava que nenhuma forma <strong>de</strong> governo é melhor que as <strong>de</strong>mais, e que um governo<br />
misto, com uma constituição apropriada, seria o melhor que os homens são capazes <strong>de</strong><br />
fazer neste mundo.<br />
Ele pensava que a monarquia, a aristocracia e a politéia (uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia),<br />
são as melhores varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> governo. As suas respectivas <strong>de</strong>formações seriam a<br />
tirania, a oligarquia e a <strong>de</strong>mocracia popular.<br />
Ele parecia preferir a politéia como o melhor <strong>de</strong>ntre esses três sistemas.<br />
O Estoicismo. Esse sistema enfatizava a fraternida<strong>de</strong> universal dos homens.<br />
Cada individuo seria membro da cosmópolis, responsável diante da lei da razão,<br />
conforme ditada pelo todo-po<strong>de</strong>roso Logos.<br />
O governo e a lei dos romanos foram influenciados pelo i<strong>de</strong>al estóico do homem como um<br />
cidadão do mundo. Os governos que toleram leis que limitam os estrangeiros são<br />
contrários a esse i<strong>de</strong>al.<br />
55
Agostinho. Para ele, a política envolvia o conflito entre o Estado pagão e a Igreja remida,<br />
o primeiro uma força temporal e falível, a outra uma força transcen<strong>de</strong>ntal e eterna. A<br />
Igreja seria a mestra e a orientadora do Estado.<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Agostinho concebia uma espécie <strong>de</strong> semi-teocracia.<br />
A Ida<strong>de</strong> Média. As idéias <strong>de</strong> Agostinho dominaram as relações entre a Igreja e o Estado<br />
por cerca <strong>de</strong> mil anos. Surgiu a doutrina das duas espadas: uma, a da Igreja, e a outra,<br />
a do Estado. Em outras palavras, haveria duas autorida<strong>de</strong>s, lado a lado, embora a Igreja<br />
dominasse o<br />
Estado. Importante, durante esse período, foi a doutrina do direito divino dos reis. Marsílio<br />
<strong>de</strong> Pádua assinalou um importante ponto na <strong>filosofia</strong> política, asseverando que o Estado é<br />
supremo quanto a questões seculares e que tanto a autorida<strong>de</strong> do Estado quanto a<br />
autorida<strong>de</strong> da Igreja repousam sobre o povo.<br />
Esses conceitos já apontavam na direção da separação entre a Igreja e o Estado e na<br />
direção da <strong>de</strong>mocracia.<br />
Maquiavel proclamou a supremacia do Estado. O po<strong>de</strong>r do Estado precisa ser<br />
preservado, por quaisquer meios necessários para tanto.<br />
Grótio referia-se <strong>à</strong>s leis naturais como a principal força governante no mundo, supondo<br />
que os homens reconhecem intuitivamente essas leis. As leis civis <strong>de</strong>veriam ser o reflexo<br />
das leis naturais. Existem princípios auto-evi<strong>de</strong>ntes que a razão reconhece e aprova.<br />
Hobbes <strong>de</strong>screveu como os governos po<strong>de</strong>m ser estruturados segundo linhas<br />
aristotélicas, expressando a monarquia, a aristocracia ou a <strong>de</strong>mocracia.<br />
Mas, uma vez instituídos, a tendência seria a eliminação dos direitos individuais, <strong>à</strong> medida<br />
que o Estado for-se tornando supremo.<br />
Ele enfatizava a existência e a priorida<strong>de</strong> das leis naturais.<br />
Ele acreditava que a monarquia é a melhor forma <strong>de</strong> governo, enquanto não se corrompe.<br />
Se ela vier a corromper-se, então os homens <strong>de</strong>veriam buscar um novo contrato com as<br />
autorida<strong>de</strong>s.<br />
Locke pensava que qualquer contrato social, resultando em alguma forma <strong>de</strong> governo,<br />
<strong>de</strong>veria promover os direitos individuais, objetando até mesmo <strong>à</strong>s monarquias benévolas,<br />
sempre que os direitos individuais forem limitados ou <strong>de</strong>struídos.<br />
Rousseau misturava Idéias <strong>de</strong> Hobbes e <strong>de</strong> Locke.<br />
Ele enfatizava o governo da vonta<strong>de</strong> geral, que <strong>de</strong>veria or<strong>de</strong>nar a socieda<strong>de</strong>, e assim<br />
encorajava a <strong>de</strong>mocracia como a forma i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> governo.<br />
Kant enfatizava quão <strong>de</strong>sejável é o império da lei universal, isto é, um governo mundial.<br />
Hegel pensava que o Espírito Absoluto cria todos os movimentos e instituições políticas.<br />
A tese seria a família; a antítese seria a socieda<strong>de</strong> civil; e a síntese seria o Estado.<br />
I<strong>de</strong>almente, esse Estado <strong>de</strong>veria ser constitucional, fiel <strong>à</strong>s leis internacionais, que põem<br />
em vigor a marcha i<strong>de</strong>al da <strong>história</strong> do mundo.<br />
Passaríamos da monarquia para as funções executivas e legislativas do governo.<br />
O Estado seria a verda<strong>de</strong>ira finalida<strong>de</strong> do homem social.<br />
Tal tipo <strong>de</strong> governo estribar-se-ia sobre sua submissão aos interesses públicos,<br />
enfatizando os valores nacionais e internacionais e as tradições morais.<br />
A vonta<strong>de</strong> social seria um reflexo da Vonta<strong>de</strong> Universal.<br />
A forma mais elevada <strong>de</strong> governo seria a monarquia constitucional.<br />
Marx construiu a sua teoria política sobre a tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hegel, embora fizesse do dinheiro o<br />
fator prepon<strong>de</strong>rante, em vez do espírito. Mediante uma série <strong>de</strong> choques <strong>de</strong> classes, e <strong>de</strong><br />
tría<strong>de</strong>s secundárias, chegaríamos <strong>à</strong> tría<strong>de</strong> do capitalismo-socialismo-comunismo, on<strong>de</strong><br />
este último emergiria triunfante, afinal <strong>de</strong> contas.<br />
Ele concebia um período <strong>de</strong> controle ditatorial como algo necessário para a produção <strong>de</strong><br />
uma socieda<strong>de</strong> final <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> classes.<br />
56
Maritain argumentava em favor da <strong>de</strong>mocracia como a maneira mais provável <strong>de</strong> produzir<br />
um Estado or<strong>de</strong>iro e feliz. E, paralelamente, enfatizava a visão política da Igreja, dizendo<br />
que o <strong>de</strong>stino real do homem resi<strong>de</strong> no espírito, nos mundos celestiais, e não neste<br />
mundo.<br />
O cristianismo, como sistema, não apresenta qualquer <strong>filosofia</strong> política.<br />
Transfere todo o i<strong>de</strong>alismo, nesse particular, para o futuro governo <strong>de</strong> Cristo, durante o<br />
milênio, embora existam cristãos verda<strong>de</strong>iros que negam a realida<strong>de</strong> do governo milenar<br />
<strong>de</strong> Cristo. O judaísmo tinha a sua teocracia; e a fé cristã retém certos aspectos do<br />
mesmo, embora transferindo o Reino <strong>de</strong> Deus para os mundos celestiais.<br />
De fato, Jesus <strong>de</strong>clarou: “O meu reino não é <strong>de</strong>ste mundo... mas agora o meu reino não é<br />
daqui” (João 18:36). Visto que o cristianismo não tem qualquer reino terreno, segundo a<br />
nossa opinião, <strong>de</strong>ve haver separação entre a Igreja e o Estado.<br />
Não obstante, reconhecemos que a Igreja oferece muitas diretrizes para a ativida<strong>de</strong><br />
política, segundo se vê nos pontos abaixo:<br />
a-Em primeiro lugar, o homem é um ser espiritual, <strong>de</strong>vendo ser tratado como tal.<br />
As teorias que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> lado essa dimensão e perseguem <strong>à</strong> Igreja, fechando suas<br />
escolas e outras instituições, são sistemas malignos, sem importar os pontos positivos<br />
que possam apresentar.<br />
As ativida<strong>de</strong>s espirituais <strong>de</strong>ver-se-ia permitir larga margem <strong>de</strong> ação, sendo encorajadas<br />
pelo Estado, embora não diretamente promovidas pelo Estado.<br />
b-A liberda<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong>veria ser garantida na constituição dos Estados, incluindo a<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> crença, no tocante <strong>à</strong>quilo que alguém pensa ser correto, sem qualquer temor<br />
<strong>de</strong> retaliação, sem falarmos na liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagar a própria fé em particular e<br />
publicamente.<br />
c-Obrar <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, como também aquelas que promovem a segurança e o bem estar<br />
dos cidadãos são principias aprovados pela Bíblia. Tais coisas <strong>de</strong>veriam ser encorajadas<br />
pelo Estado.<br />
d-Escolas religiosas <strong>de</strong> todos os tipos <strong>de</strong>veriam ter permissão para funcionar e propagar<br />
suas idéias. A educação encabeçada pelo Estado não <strong>de</strong>veria ser imposta sobre aqueles<br />
que querem receber uma educação religiosa. Por outro lado, as escolas dirigidas pela<br />
Igreja <strong>de</strong>veriam mostrar-se fiéis aos padrões mínimos <strong>de</strong> educação ditados pelo Estado,<br />
O direito <strong>de</strong> apelo e <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong>veria ser garantido.<br />
A Filosofia Radical<br />
Fichte tornou-se conhecido como um filósofo que raciocinava intensamente, ou seja, com<br />
o propósito <strong>de</strong> impor modificações.<br />
A <strong>filosofia</strong> radical foi um movimento iniciado na década <strong>de</strong> 1970, promovido por um jornal<br />
do mesmo nome.<br />
Esse periódico procurava transmitir a mensagem <strong>de</strong> que a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>veria ser relevante,<br />
e não trivial.<br />
Os filósofos não <strong>de</strong>veriam ser meros intérpretes do mundo.<br />
Antes, <strong>de</strong>veriam ser fatores que impõem mudanças. Idêntica atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser aplicada<br />
<strong>à</strong> teologia. Acima <strong>de</strong> tudo, a prática da lei do amor <strong>de</strong>veria ser a maneira <strong>de</strong> tornarmos<br />
eficaz e operante a nossa teologia. Acrescente-se a isso que <strong>de</strong>veríamos reconhecer que<br />
uma boa teoria (dogma) não é suficiente.<br />
Deve haver experiências místicas que levem os homens a aquecer as mãos nas chamas<br />
da realida<strong>de</strong> última; <strong>de</strong>ve haver a aplicação prática das nossas crenças; <strong>de</strong>ve haver em<br />
nós uma vida transformada.<br />
57
A Filosofia Russa<br />
Nenhuma <strong>filosofia</strong> original tem sido produzida na Rússia.<br />
Portanto, a chamada <strong>filosofia</strong> russa é apenas a <strong>filosofia</strong> européia. tomada por empréstimo<br />
e adaptada. Até mesmo o marxismo, que atuou na União Soviética, não foi uma criação<br />
russa.<br />
Alguns Filósofos Russos Notáveis:<br />
G.S. Skovoroda (1722-1794). Ele é conhecido como o primeiro filósofo russo; sintetizou o<br />
cristianismo, o platonismo, o misticismo e o panteísmo.<br />
A,N. Radischev (1749-1802). Foi o mais importante filósofo russo da iluminação,<br />
influenciado por Voltaire e por Rousseau. Era essencialmente um filósofo político, que<br />
criticava os males sociais da servidão, da censura e da aristocracia.<br />
M. Balcunin. Foi o primeira promotor da <strong>filosofia</strong> hegeliana, mas terminou sendo um<br />
anarquista.<br />
V. Soloviev .Misturava i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Hegel, o pampsiquismo e o panteísmo. Através <strong>de</strong>ssa<br />
síntese, referia-se <strong>à</strong> <strong>história</strong> da humanida<strong>de</strong>, como se a mesma estivesse se movendo na<br />
direção <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> divina.<br />
G.V. Plekhanov. Foi um filósofo marxista, embora explicasse a matéria segundo termos<br />
fenomenológicos. Lenin classificou-o como um i<strong>de</strong>alista, por causa <strong>de</strong>ssa abordagem e,<br />
<strong>de</strong>sse modo, criticou-o severamente.<br />
N. O. Lossky falava sobre liberda<strong>de</strong> e sobre o Deus vivo, tendo <strong>de</strong>senvolvido uma certa<br />
<strong>filosofia</strong> alicerçada sobre esses conceitos.<br />
V.I. Lenin foi um marxista ortodoxo, materialista e ateu; <strong>de</strong>fendia a teoria da cópia exata<br />
da percepção. Engels já havia ensinado que o mundo po<strong>de</strong> ser copiado com exatidão, no<br />
consciente.<br />
O processo dialética era por ele consi<strong>de</strong>rado como absolutamente <strong>de</strong>terminante, pelo que<br />
a economia, e não Deus, é que controlaria este mundo, <strong>de</strong> acordo com a opinião <strong>de</strong><br />
Leniu.<br />
A.A. Bogdanov não aceitava as idéias nem <strong>de</strong> Lenin e nem <strong>de</strong> Plekhanov, referindo-se <strong>à</strong><br />
matéria como uma experiência coletiva, além <strong>de</strong> interpretar a dialética segundo esses<br />
termos.<br />
N. Berdyaev, visto estar no exílio, sentiu-se livre para dizer o que pensava. Ele frisava a<br />
liberda<strong>de</strong> e a criativida<strong>de</strong> e promovia um relacionamento místico com o divino.A corrente<br />
<strong>filosofia</strong> russa é apenas o marxismo, visto que nenhum filósofo seria ali contratado para<br />
ensinar em uma universida<strong>de</strong> soviética, a menos que fosse um marxista. Alguns afirmam<br />
que na Rússia há uma crescente apreciação das alternativas, especialmente no caso<br />
daqueles que têm participado da cultura russa através dos séculos.<br />
Os Filósofos Novos<br />
Era um grupo <strong>de</strong> filósofos sociais franceses, contrários ao estabelecimento, ao marxismo<br />
e <strong>à</strong>s i<strong>de</strong>ologias. Esse movimento veio <strong>à</strong> existência durante a década <strong>de</strong> 1970, como fruto<br />
das rebeldias e protestos <strong>de</strong> estudantes e operários.<br />
Esses filósofos e seus livros foram: André Glucksrnann (Strategy and Revolution in<br />
France); Jean-Mane Benoist (Marx is Dead); Philippe Nemo (lhe Souctural Mas,) e<br />
Bernard-Henry Lévy (Barbarity With a Human Fice).<br />
58
A Lei na Filosofia<br />
A Origem das Leis. As leis humanas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das leis naturais, da lei divina, ou da<br />
evolução na socieda<strong>de</strong> humana (lei experimental)?<br />
Po<strong>de</strong> haver tal coisa como uma verda<strong>de</strong>ira lei, ou todas as leis são apenas<br />
experimentais?<br />
A antiga máxima que diz: Lex injusta noa est lex, uma lei injusta não é lei., pressupõe<br />
que toda lei verda<strong>de</strong>ira será justa. Por outro lado, se aquilo que é justiça não emerge <strong>de</strong><br />
alguma exigência divina ou cósmica e da mera experiência humana, então o conceito da<br />
lei em geral, como também <strong>de</strong> qualquer lei em particular, é um conceito em perene fluxo.<br />
O Po<strong>de</strong>r é o Direito? Se um soberano qualquer baixa uma lei e tem autorida<strong>de</strong> para pôla<br />
em vigor, a sua lei é automaticamente correta?<br />
Alguns pensadores têm achado que aí resi<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong>ira substância da lei.<br />
É conforme disse Mao Tzé Tung, premier chinês do século passada: “O po<strong>de</strong>r sai do cano<br />
<strong>de</strong> um fuzil”.<br />
Senso <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong>. Aqueles que são estudiosos <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> sabem quão difícil<br />
é tentar <strong>de</strong>finir qualquer termo <strong>de</strong> sentido muito amplo.<br />
Como é óbvio, a responsabilida<strong>de</strong> é um conceito vital <strong>à</strong> lei.<br />
Não obstante, encontramos gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>finir esse termo. De acordo com a<br />
doutrina do direito divino dos reis, a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada homem é obe<strong>de</strong>cer sem<br />
questionar, sem importar a evi<strong>de</strong>nte injustiça <strong>de</strong> algumas leis.<br />
Os religiosos supõem que os livros sagrados <strong>de</strong>finem claramente a responsabilida<strong>de</strong>, mas<br />
o problema é que esses livros sagrados nem sempre são interpretados da mesma<br />
maneira, e poucos acreditam que sejamos capazes <strong>de</strong> resolver o problema da<br />
responsabilida<strong>de</strong> meramente apresentando textos <strong>de</strong> prova (juntamente com analogias e<br />
aplicações) extraídos dos Livros Sagrados.<br />
Além disso, <strong>de</strong>vemos pensar nas chamadas circunstâncias atenuantes.<br />
Por exemplo, um homem fez o que era errado, no entanto, ele está insano.<br />
Outro homem cometeu um erro, mas, tê-lo na inocência, Ainda um outro errou, no<br />
entanto, suas intenções eram boas.<br />
Como se po<strong>de</strong>ria pesar as responsabilida<strong>de</strong>s nesses casos?<br />
Aristóteles acreditava que a voluntarieda<strong>de</strong> está por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> toda culpa, louvor e<br />
responsabilida<strong>de</strong>. Se um homem estiver obe<strong>de</strong>cendo or<strong>de</strong>ns que ele não po<strong>de</strong> ignorar,<br />
ou, então, se o fizer sobre uma pressão incomum da parte <strong>de</strong> outras pessoas, não po<strong>de</strong>rá<br />
ser consi<strong>de</strong>rado responsável por algum ato errado, e, mesmo que possa ser consi<strong>de</strong>rado<br />
como tal, sê-lo-á até que ponto?<br />
A vonta<strong>de</strong> do indivíduo, afinal, muito tem a ver com a aquilatação das responsabilida<strong>de</strong>s.<br />
A mesma coisa <strong>de</strong>ve ser dita no tocante a pressões e ameaças externas, por causa tias<br />
quais um indivíduo se vê forçado a agir <strong>de</strong> modo contrário <strong>à</strong> sua vonta<strong>de</strong>. Finalmente,<br />
<strong>de</strong>vemos enfrentar o problema da negligência.<br />
Imaginemos um homem que ultrapasse um semáforo e mate a alguém.<br />
Esse terá feito alguma coisa que não queria fazer; mas, mostrou-se negligente. Talvez<br />
não seja sentenciado <strong>à</strong> prisão por longos anos, mas po<strong>de</strong>rá ser con<strong>de</strong>nado a um ano <strong>de</strong><br />
prisão, ou terá <strong>de</strong> ficar sob custódia, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da severida<strong>de</strong> do juiz.<br />
As Intenções. Alguns pensadores opinam que não existe bonda<strong>de</strong> exceto na vonta<strong>de</strong>.<br />
Aquilo que tencionamos fazer direito, é bom, e aquilo que tencionamos fazer errado, é<br />
verda<strong>de</strong>iramente errado.<br />
Ora, a intenção está intimamente vinculada <strong>à</strong> responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Empecilhos. Todos nós somos, algumas vezes, impedidos <strong>de</strong> fazer o bem que<br />
gostaríamos <strong>de</strong> fazer, ou somos impedidos por <strong>de</strong>feitos morais e mentais, que nos levam<br />
59
a fazer o que é errado, por assim dizer, contra a nossa própria vonta<strong>de</strong>. Paulo referiu-se a<br />
essa questão no sétimo capítulo da epístola aos Romanos.<br />
Os mentalmente insanos são internados em hospitais psiquiátricos, e não em prisões,<br />
quando fazem algo <strong>de</strong> errado.<br />
No entanto, em muitos casos, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrado que os insanos po<strong>de</strong>m fazer coisas<br />
que criam ou mesmo agravam a sua insanida<strong>de</strong>. Por conseguinte, essa condição po<strong>de</strong><br />
ser o primeiro erro <strong>de</strong> um indivíduo, como se dá no caso daqueles que se viciam com o<br />
álcool ou com as drogas e alucinógenos.<br />
Os homens <strong>de</strong>vem ser responsabiliza por aquilo que fizerem <strong>de</strong> si mesmos.<br />
Retribuição. Como <strong>de</strong>vem ser aplicadas as sanções da lei? Quão severas <strong>de</strong>vem ser<br />
essas sanções?<br />
De que tipos elas <strong>de</strong>veriam ser?<br />
Os filósofos continuam <strong>de</strong>batendo sobre essas questões.<br />
A punição capital está certa?<br />
Até que ponto <strong>de</strong>veríamos tentai recuperar aos criminosos empe<strong>de</strong>rnidos que matam, são<br />
aprisionados, mas matam novamente, se forem libertados?<br />
A retribuição <strong>de</strong>veria visar somente a propósitos <strong>de</strong> reabilitação, ou po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve haver<br />
algo como uma justa vingança, inteiramente <strong>à</strong> parte <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reabilitar?<br />
Direitos e Obrigações. A lei garante a todos certos direitos básicos. Mas, quais <strong>de</strong>vem<br />
ser esses direitos? E esses direitos implicam em que obrigações?<br />
Conflitos <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Interesses. O governo não é a Igreja, mas o governo é<br />
influenciado pela igreja.<br />
Até que ponto as leis <strong>de</strong> um país refletem as crenças religiosas e as convicções do seu<br />
povo?<br />
Os lapsos religiosos <strong>de</strong>veriam ser castigados pela lei?<br />
As crenças religiosas <strong>de</strong>veriam ser ensinadas nas escolas públicas, com o apoio das leis<br />
civis?<br />
Po<strong>de</strong>m existir escolas religiosas, se, por acaso, não cumprirem os requisitos educacionais<br />
do Estado?<br />
As uniões trabalhistas po<strong>de</strong>m forçar seus membros a unirem-se <strong>à</strong>s suas respectivas<br />
organizações?<br />
Se os trabalhadores não se unirem a essas uniões e sindicatos, <strong>de</strong>veriam eles participar<br />
dos benefícios obtidos da parte <strong>de</strong>ssas uniões e sindicatos?<br />
Os Sentidos Descritivos<br />
Esse título é usado para falarmos sobre a lei como leis da natureza.<br />
Presumivelmente, os fenômenos que ocorrem na socieda<strong>de</strong> humana, e que po<strong>de</strong>m ser<br />
examinados pelos cientistas sociais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das funções naturais <strong>de</strong> nosso mundo e<br />
<strong>de</strong> nosso universo.<br />
Alguns estudiosos têm ensinado a correspondência entre as leis naturais e a<br />
experiência humana, ou, então, que a experiência humana <strong>de</strong>veria coincidir com as leis<br />
naturais. Nesse caso, as leis <strong>de</strong>veriam ser formuladas <strong>de</strong> acordo com aquilo que a<br />
natureza parece requerer.<br />
E a <strong>filosofia</strong> e a teologia existiriam a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o que significa esse parece.<br />
Peirce, entretanto, não eliminava o elemento do acaso, no tocante a essa questão. Isso<br />
posto, a evolução estaria envolvida nos erros dos homens quanto <strong>à</strong>s leis, da mesma<br />
maneira que a própria natureza po<strong>de</strong> errar.<br />
Augusto Comte referia-se <strong>à</strong> lei da evolução cultural.<br />
Ele aludia a três estágios, nessa evolução, a saber:<br />
a-A evolução teológica: todas as dúvidas seriam solucionadas pelos clérigos, em seus<br />
livros e em suas <strong>de</strong>clarações. Nesse caso, os <strong>de</strong>uses é que resolvem tudo.<br />
60
-A evolução metafísica: ai os homens começam a pensar em termos mais abstratos. A<br />
religião continua sendo um fator importante; mas agora já se <strong>de</strong>ve pensar em forças<br />
cósmicos, e não meramente em <strong>de</strong>uses.A ética contém abstrações e discussões morais<br />
que transcen<strong>de</strong>m <strong>à</strong>quilo que os eclesiásticos afirmam.<br />
c-A evolução científica: nesse ponto, os homens <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> tentar resolver os seus<br />
problemas pelo apelo a salgo existente lá fora, e começam a <strong>de</strong>finir a conduta <strong>de</strong>les em<br />
termos <strong>de</strong> suas próprias experiências, e essas experiências são examinadas e<br />
modificadas cientificamente.<br />
Os Sentidos Prescritivos<br />
As leis do pensamento, conforme são vistas na lógica tradicional, com os seus conceitos<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, contradição e meio-termo excluído, são prescritivas.<br />
A ética teísta conta com uma lei prescritiva. Deus faz as leis. Ele também as prescreve.<br />
Sobre essa base é que concebemos Deus como o gran<strong>de</strong> legislador, como o originador<br />
das leis naturais, visto que Deus é o criador da própria natureza.<br />
Platão, com os seus universais perfeitos e imutáveis, supunha que a ética i<strong>de</strong>al e a lei<br />
seguem esses padrões absolutos, que prescrevem aquilo que <strong>de</strong>vemos e que não<br />
<strong>de</strong>vemos fazer.<br />
Tomás <strong>de</strong> Aquino. Ele falava sobre quatro tipos <strong>de</strong> leis prescritivas, a saber: a. as leis<br />
das nações; b. as leis naturais; c. as leis positivas; d. as leis eternas. Todavia, esses tipos<br />
<strong>de</strong> leis prescritivas não teriam o mesmo peso e autorida<strong>de</strong>.<br />
Se as leis naturais existem e são corretas, então po<strong>de</strong>m ser prescritas para o homem,<br />
para que saiba o que <strong>de</strong>ve fazer e o que não <strong>de</strong>ve fazer.<br />
A Filosofia da Lei<br />
A <strong>filosofia</strong> da lei é uma disciplina mo<strong>de</strong>rna que analisa conceitos prescritivos<br />
relacionados <strong>à</strong> jurisprudência.<br />
O positivismo insiste sobre a experiência humana como o fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> toda lei, e<br />
a experiência humana é uma situação <strong>de</strong> tentativa e erro.<br />
O pragmatismo insiste sobre o princípio que bons resultados <strong>de</strong>vem advir da lei, e não<br />
meramente alguma boa teoria.<br />
Há regras primárias que impõem <strong>de</strong>veres; e há regras secundárias que se preocupam<br />
com o reconhecimento e a aquilatação das regras primárias.<br />
A religião continua exercendo po<strong>de</strong>rosa influência sobre as leis e a legislação <strong>de</strong> muitos<br />
países; e as crenças religiosas, naturalmente, influenciam a <strong>filosofia</strong> da lei.<br />
61
5<br />
Pré-Socráticos<br />
Homero<br />
Todos concordam que a literatura homérica, a Ilíada e a Odisséia, é uma grandiosa<br />
composição literária.<br />
Porém, nem todos concordam que seu autor, Homero, foi uma única pessoa.<br />
Talvez tivesse havido, realmente, um único autor, mas ampliado por algum editor ou<br />
editores. Seja como for, Homero é o nome dado ao autor dos dois gran<strong>de</strong>s poemas<br />
gregos épicos, mencionados, e que abordam, respectivamente a querela entre os gregos<br />
e os troianos, durante a guerra <strong>de</strong> Tróia, e então, <strong>de</strong>pois da guerra <strong>de</strong> Tróia, o retorno <strong>de</strong><br />
Odisseu <strong>à</strong> sua rainha, Penélope, quando ele tornou a ocupar o trono <strong>de</strong> seu reino, na ilha<br />
<strong>de</strong> Ítaca.<br />
Esses poemas épicos são a literatura mais notável da Grécia antiga, servindo <strong>de</strong> uma<br />
espécie <strong>de</strong> Bíblia, para os gregos.<br />
As tradições antigas afirmam que Homero foi autor <strong>de</strong> ambos aqueles poemas.<br />
Segundo elas, ele teria vivido no século IX A.C., na Jônia, que atualmente faz parte das<br />
costas oci<strong>de</strong>ntais da Turquia.<br />
Porém nada <strong>de</strong> <strong>de</strong>finitivo se sabe acerca <strong>de</strong>sse homem e <strong>de</strong> suas datas. A<br />
s antigas Vidas, escritas por vários autores, não nos prestam ajuda alguma quanto a<br />
estas questões, com os seus mitos. A única fonte informativa real é aquela que se <strong>de</strong>riva<br />
dos próprios épicos, os quais, na opinião da maioria dos eruditos, pertencem <strong>à</strong> última<br />
meta<strong>de</strong> do século VIII A.C.<br />
Outras obras também são atribuídas a Homero, que, <strong>de</strong> algum modo, estão ligadas <strong>à</strong><br />
guerra <strong>de</strong> Tróia, como os poemas intitulados Margitas, A Batalha das Rãs e dos<br />
Camundongos e vários hinos homéricos.<br />
Os estudiosos mo<strong>de</strong>rnos rejeitam, entretanto, a autoria homérica <strong>de</strong>ssas obras. E até<br />
mesmo a divisão da Ilíada e da Odisséia, em vinte e quatro livros, seguindo as letras do<br />
alfabeto grego, muito provavelmente, foi obra <strong>de</strong> editores helenistas.<br />
As enciclopédias clássicas abordam os problemas homéricos com abundância <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>talhes.<br />
Nesta enciclopédia, a questão se reveste <strong>de</strong> interesse porque essas obras antigas nos<br />
permitem dar uma boa olhada para a religião grega primitiva. Os poemas em apreço<br />
provêem tinia visão abrangente do panteão dos <strong>de</strong>uses gregos, cujos principais membros<br />
eram Zeus, Apoio, Poseidon, Ares, Hera, A tona, Afrodite, Hélio e Hermes.<br />
Essas divinda<strong>de</strong>s manter-se-iam distantes e indiferentes, em sua majesta<strong>de</strong>, no Olimpo;<br />
usas, ocasionalmente, resolviam <strong>de</strong>scer e intervir nas ativida<strong>de</strong>s humanas.<br />
Eram temidos e amados ao mesmo tempo, e orações e sacrifícios eram feitos a esses<br />
<strong>de</strong>uses, por gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> razões.<br />
O conceito <strong>de</strong> moira ou <strong>de</strong>stino é muito <strong>de</strong>stacado nos escritos <strong>de</strong> Homero, on<strong>de</strong> há uma<br />
versão primitiva do <strong>de</strong>terminismo. Algumas vezes, o <strong>de</strong>stino ou sorte opera segundo a<br />
vonta<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>uses, nos escritos homéricos; fluas, ocasionalmente, seu po<strong>de</strong>r é tão<br />
gran<strong>de</strong> que até os <strong>de</strong>uses estão sujeitos ao mesmo.<br />
62
Em Homero, <strong>de</strong> maneira informal, temos um sistema ético, algumas vezes muito corrupto,<br />
que Heráclito e Xenófanes criticaram acerbamente. Como é óbvio, Homero foi muito<br />
citado por escritores gregos posteriores, incluindo os filósofos.<br />
Suas obras eram uma espécie <strong>de</strong> Bíblia popular dos gregos, embora nem sempre aceitas<br />
como tal pelos intelectuais.<br />
Hesíodo<br />
Poeta grego do século VIII A.C. Nasceu em Ascra, na Boelia, porção leste central da<br />
Grécia, capital da Levadia, on<strong>de</strong> houve uma antiga república.<br />
Aparentemente, ele trabalhou como pastor e sua poesia falava sobre o seu trabalho.<br />
Posteriormente, ele resolveu falar sobre os <strong>de</strong>uses.<br />
Geralmente, pensa-se que ele viveu na geração seguinte <strong>à</strong> <strong>de</strong> Homero.<br />
As obras <strong>de</strong> Homem representavam um ponto culminante na técnica rias composições<br />
orais dos cantores, com uma excelente poesia, acompanhada pela música da harpa.<br />
Hesíodo, porém, já representa uma época em que os cantores estavam sendo<br />
substituídos, pouco a pouco, por meros recitadores. Registros escritos também estavam<br />
tomando o lugar da preservação oral ria recitação. O trabalho <strong>de</strong> Hesíodo era,<br />
artificialmente, inferior ao <strong>de</strong> Homero; mas Hesíodo introduziu novos estilos <strong>de</strong><br />
composição escrita. Suas duas obras principais são a Teogonia (Origem dos Deuses)<br />
Obras e Dias.<br />
Também é bem possível que O catálogo das Heroínas tenha sido <strong>de</strong> sua autoria.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Hesíodo:<br />
Hesíodo fazia o contraste entre a Or<strong>de</strong>m e o Caos, dizendo que a Or<strong>de</strong>m proce<strong>de</strong>ra do<br />
Caos mediante o po<strong>de</strong>r do <strong>de</strong>us Eros. Nisso achamos uma espécie <strong>de</strong> controle teísta<br />
das coisas, com o predomínio do princípio do amor, <strong>de</strong> modo geral, o que resultaria,<br />
afinal, na boa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O passado era glorificado por glorificado, como se tivesse sido a era áurea. Depois disso,<br />
segundo ele pensava, teria havido a <strong>de</strong>terioração da cultura. fazendo a era áurea ce<strong>de</strong>r<br />
lugar <strong>à</strong> era argentina (<strong>de</strong> prata), dai para a era do bronze, e, finalmente, para a era do<br />
ferro. Naturalmente, o presente (que coincidia com os seria próprios dias) seria a pior <strong>de</strong><br />
todas as épocas.<br />
Em sua Teogonia, Hesíodo traçou uma antiga teologia, que incluía inúmeras lendas,<br />
mitos e especulações. Essa obra consta <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> mil linhas em versos <strong>de</strong> estilo<br />
hesâmetro dactílico. Esse poema teria sido dado por inspiração divina (uma visita das<br />
musas teria provido tal inspiração). Essa obra procura sincretizar os muitos cultos e tubos<br />
gregos conflitantes. os muitos elementos que fazem parte das culturas micena, anatôra e<br />
mesopotâmica.<br />
A conclusão do poema celebra o triunfo dos <strong>de</strong>uses do Olimpo, encabeçados por Zeus,<br />
que é ali <strong>de</strong>scrito como o supremo <strong>de</strong>us da justiça. Ele se tornara o <strong>de</strong>us principal ao<br />
triunfar sobre tirano e Cronos, seus injustos antecessores. Ao <strong>de</strong>rrotar as terríveis forças<br />
dos titãs e <strong>de</strong> Títom, que aliteaçavam a or<strong>de</strong>m universal, Zeus tornou-se um governante<br />
supremo universal e justo. Nisso lemos um esforço para purificar a fé religiosa, retirando<br />
<strong>de</strong>la as coisas horríveis que o povo atribuía <strong>à</strong>s divinda<strong>de</strong>s.<br />
A <strong>de</strong>speito disso, coisas horríveis continuaram sendo ditas acerca <strong>de</strong> Zeus, <strong>de</strong> tal maneira<br />
que os leitores das obras clássicas não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scobrir em que sentido ele era superior<br />
aos seus antecessores, exceto, talvez, que teria mais po<strong>de</strong>r do que eles. Portanto, a força<br />
era o direito. Hesíodo, porém, abordou o problema do mal.Isso transparece cm seu mito<br />
Prometeu- Pandora.<br />
63
Muitos teólogos cristãos vêem, no Novo Testamento, uma purificação do conceito <strong>de</strong><br />
Deus em comparação com o Antigo Testamento.<br />
A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal purificação foi uma das forças que atuaram por <strong>de</strong>trás do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da chamada interpretação alegórica.<br />
Tales <strong>de</strong> Mileto<br />
Um dos primeiros filósofos oci<strong>de</strong>ntais foi Tales <strong>de</strong> Mileto, que viveu por volta do ano 640<br />
a.C a 546 a.C.<br />
Foi consi<strong>de</strong>rado até como um dos sete sábios mais célebres da Grécia e pai da <strong>filosofia</strong><br />
oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Em seus estudos científicos, teve a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever o eclipse solar no ano 585 a.C.<br />
Desenvolveu um projeto que <strong>de</strong>sviou as águas <strong>de</strong> um rio, para o benefício do rei Croeso.<br />
Ele promoveu a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas cida<strong>de</strong>s-estado da Grécia.<br />
Elaborou um projeto, o qual conscientizava os gregos <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />
capital.<br />
Cientista teórico como era, lutou para <strong>de</strong>terminar como elemento básico a água na base<br />
em várias razões. Tem sido consi<strong>de</strong>rado por muitos o primeiro filósofo que inquiriu sobre<br />
natureza subjacente <strong>de</strong> todas as coisas. Muitos acreditam que as especulações sobre<br />
água como base <strong>de</strong> todas as coisas foram tomadas como empréstimo em parte dos mitos<br />
cosmológicos do Egito ou da Babilônia.<br />
Muitos seguiram-no quanto a essa ativida<strong>de</strong>, tendo sugerido certos elementos, como, o<br />
fogo, o ar e a terra, e o elemento subjacente não <strong>de</strong>terminado como base <strong>de</strong> tudo.<br />
Quando Tales <strong>de</strong>clarou “Todas as coisas estão repletas <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses” possivelmente ele<br />
expressa que a crença da base real da natureza é psíquica, e não material.<br />
Muitos, no entanto, assumem pontos <strong>de</strong> vistas materialistas da sua teoria, supondo que<br />
ele usava uma linguagem um tanto poética ao mencionar sobre certas divinda<strong>de</strong>s em tudo<br />
presente.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Tales; cinco idéias:<br />
1. Ele é consi<strong>de</strong>rado o autor e criador <strong>de</strong> um conceito que diz: “Conhece-te a ti mesmo”,<br />
muito usado nas idéias filosóficas <strong>de</strong> Sócrates. Neste caso po<strong>de</strong>mos dizer que para que<br />
pratique o bem, o indivíduo <strong>de</strong>ve ter consciência da natureza <strong>de</strong> seu próprio ser, <strong>de</strong> suas<br />
potencialida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino.<br />
2. Ensinou certo princípio: “Nada em excesso”, a famosa mo<strong>de</strong>ração dos gregos<br />
(“Equilíbrio”) que se tornou um marco importante no princípio normativo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte<br />
da ética na Grécia.<br />
3. Tornou-se melhor conhecido por suas especulações a cerca da natureza básica das<br />
coisas. Em sua crença, talvez sobre as influências das cosmogonias babilônicas e<br />
egípcias, a qual dizia que a água é a base <strong>de</strong> todas as coisas. Aristóteles dava um certo<br />
crédito a Tales <strong>de</strong> Mileto, pois ele originou a busca por princípios <strong>de</strong> explicações.<br />
4. A alma humana tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> auto-motivação, sendo ela capaz <strong>de</strong> dar início a<br />
movimentos em outras coisas.<br />
5. Em seu conceito filosófico, a Terra é um disco que flutua em um vasto oceano, como se<br />
ela fosse um pedaço <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira; mas nunca consegui apresentar qualquer informação<br />
sobre o que contêm esse oceano.<br />
64
Anaximandro<br />
Filósofo grego que nasceu em Mileto e viveu <strong>de</strong> 610 a.C a 547 a.C, cuja família era nobre.<br />
Formou uma colônia <strong>de</strong> imigrantes milecianos . Alguns dizem que inventou o<br />
mapeamento geográfico e o relógio solar.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Anaximandro;cinco idéias:<br />
1. Apeíron. Uma substância in<strong>de</strong>finida e ilimitada, a qual proveria explicações para<br />
varieda<strong>de</strong> como para as transformações das coisas. Seria algo eterno. Ele lança base<br />
para o vácuo infinito dos atomistas, a <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> cósmica <strong>de</strong> Xenófanes, Aristóteles e os<br />
estóicos.<br />
2. A <strong>de</strong>sintegração da substância, o retorno <strong>à</strong> Apeíron, que é <strong>de</strong>scrita poeticamente como<br />
uma forma <strong>de</strong> justiça cósmica, portanto, todas as coisas <strong>de</strong> certa maneira são injustas e<br />
merecem ser extintas.<br />
3. O espaço, que em alguns pontos po<strong>de</strong> ser in<strong>de</strong>finido com o ilimitado, esten<strong>de</strong>-se<br />
in<strong>de</strong>finidamente para cima, pelo que haveria possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos mundos.<br />
4. O sol, a lua, e as estrelas vieram a existência mediante a fragmentação <strong>de</strong> uma esfera<br />
em chamas, que a princípio envolvia a Terra. Os eclipses eram por ele explicados<br />
mediante a suposição <strong>de</strong> que vemos os corpos celestes através <strong>de</strong> respirações ou<br />
respiradouros, que algumas vezes são bloqueados. A Terra teria a forma <strong>de</strong> um cilindro,<br />
com comprimento um terço maior que a sua largura. Flutuaria livremente, e ficaria<br />
eqüidistante <strong>de</strong> todas as coisas que existem no sistema cósmicos.<br />
5. Evolução.A vida teria tido origem na umida<strong>de</strong> do oceano, e todos os animais teriam<br />
evoluído <strong>de</strong> outras espécies. Os antepassados do homem seriam peixes. Anaximandro<br />
sentia que os seres humanos sobreviveriam como infantes e que nada po<strong>de</strong>riam fazer por<br />
si mesmos; mas “<strong>de</strong>vem ter nascidos <strong>de</strong> outros seres vivos, visto como os outros animais,<br />
po<strong>de</strong>m procurar rapidamente o seu próprio alimento, mas somente o homem requer<br />
cuidados matérias prolongados”<br />
Anaxímenes <strong>de</strong> Mileto<br />
Nascido na mesma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mileto, sendo um dos discípulos <strong>de</strong> Anaximandro, viveu <strong>de</strong><br />
588 a.C a 524 a.C.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Anaximenes;cinco idéias:<br />
1. A substância básica <strong>de</strong> tudo é o ar. O filósofo a i<strong>de</strong>ntificava como o sopro da vida. Essa<br />
terminologia tem levado alguns filósofos a suposição <strong>de</strong> que a sua idéia era psíquica e<br />
não física. Para Anaxímenes o ar é que manteria todas as coisas em seu lugar, neste<br />
mundo, sendo uma certa espécie <strong>de</strong> princípio divino, origem <strong>de</strong> todas as coisas,<br />
combinação, modificação, e <strong>de</strong>sintegração.<br />
2. Ocorrem modificações através da con<strong>de</strong>nsação e rarefação. Tal processo envolveria as<br />
pedras, a terra, as nuvens, o vento e o fogo, que seriam modificações atenuadas da<br />
mesma substância básica, o ar.<br />
3. A terra, o sol, a lua e as estrelas são substâncias em ignição, repousando sobre o ar.<br />
Os astros estariam girando em torno da Terra. Ele explicava a noite supondo que o Sol se<br />
ocultaria por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> pontos mais elevados da Terra, como se o Sol se movesse ao<br />
redor dos cumes da Terra. O arco-íris seria produzido pelos raios do sol incidindo sobre o<br />
ar con<strong>de</strong>nsado mais espesso. Os terremotos seriam produzidos pela sequidão ou pela<br />
umida<strong>de</strong> da terra, o que criaria condições caóticas.<br />
4. O ar é a origem <strong>de</strong> tudo, animado, inanimado, terreno, os <strong>de</strong>uses e as realida<strong>de</strong>s<br />
divinas. O movimento do ar que é incessante origina a causa e efeito e também todas as<br />
modificações. O ar rarefeito gera o fogo, o ar con<strong>de</strong>nsado produz as nuvens. As nuvens<br />
65
con<strong>de</strong>nsadas produzem a água. A água con<strong>de</strong>nsada produz a terra, que por sua vez,<br />
produz a rocha. O calor e o frio seriam os fatores modificadores utilizados pelo ar.<br />
5. O ar é a causa <strong>de</strong> tudo, o ar divino que envolve a Terra, regula com êxito todas as<br />
coisas.<br />
Observação: Tales, Anaximandro e Anaxímenes formaram a Escola Mileciana da<br />
Filosofia.<br />
Buda<br />
Viveu entre os anos <strong>de</strong> 560 a.C - 477 a.C.<br />
É consi<strong>de</strong>rado o fundador da fé budista. Nasceu no sul do Nepal, na Índia, nas<br />
vertentes da ca<strong>de</strong>ia do Himalaia. Sua gran<strong>de</strong> renúncia <strong>de</strong> todas as coisas materiais,<br />
parece ter sido resolvida após o nascimento <strong>de</strong> seu primeiro filho. A partir <strong>de</strong> então, ele<br />
começou a sua busca pela iluminação, mediante a meditação e certas práticas ascéticas.<br />
Por algum tempo ele viveu como um “mendigo”.<br />
Certa vez ele sentou-se <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma árvore, <strong>de</strong> frente para o oriente, e resolveu não<br />
se movimentar enquanto não recebesse a iluminação buscada. Diz-se que ele ficou<br />
sentado em uma só posição, meditando, durante sete semanas. Veio, afinal, a iluminação<br />
que ele buscava, e ele tornou-se um Buda, isto é, um iluminado.<br />
Segundo fontes, as palavras finais <strong>de</strong> Buda foram: “Agora, irmãos, <strong>de</strong>speço-me <strong>de</strong> vocês.<br />
Todos os componentes do ser são transitórios; operai vossa salvação com diligência”<br />
Confúcio<br />
Confúcio viveu <strong>de</strong> 551 a.C a 479 a.C., foi um filósofo e lí<strong>de</strong>r religioso chinês.<br />
Nasceu no estado <strong>de</strong> Lu na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Tsou, na porção sudoeste da província <strong>de</strong><br />
Xantungue;tornou-se o primeiro mestre profissional da <strong>história</strong> chinesa.<br />
Seus primeiros estudantes, que se tornaram discípulos em seu movimento religioso,<br />
segundo os registros antigos, foram vinte e quatro. Confúcio recebeu educação liberal em<br />
estudos <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>s como poesia e literatura, havendo transmitido essa cultura aos<br />
seus discípulos. Muitos <strong>de</strong>les vieram a ocupar posições importantes no governo e na<br />
socieda<strong>de</strong> chinesas.O próprio Confúcio serviu em postos governamentais, mas ele, acima<br />
<strong>de</strong> tudo, era um mestre.<br />
Embora tenha exercido alguma influência, durante seus dias <strong>de</strong> vida, o triunfo do<br />
confucionismo não ocorreu senão já no século II A.C.<br />
Um dos segredos <strong>de</strong> Confúcio era a ligação entre professor e estudantes, que ele<br />
cultivava, algo que veio a tornar-se um i<strong>de</strong>al chinês, muito imitado por outros. Quando foi<br />
instituído um dia do professor, na China, em nosso século XX, foi escolhida a data<br />
lendária do nascimento <strong>de</strong> Confúcio, 28 <strong>de</strong> setembro.<br />
66
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L3<br />
1- O que representa o Antigo Testamento?<br />
A-Uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong><br />
B-Uma <strong>filosofia</strong> da <strong>Teologia</strong><br />
2- A possessão <strong>de</strong> livros sagrados indica uma:<br />
A-Atitu<strong>de</strong> filosófica<br />
B Atitu<strong>de</strong> científica<br />
3- A própria Bíblia não apresenta:<br />
A-Nenhum sistema filosófico<br />
B- Nenhum sistema científico<br />
4- Conforme acabamos <strong>de</strong> afirmar, temos na Bíblia reflexos claros do teísmo e <strong>de</strong> uma:<br />
A-Filosofia da Educação<br />
B- Filosofia da História<br />
5- Visto que se trata <strong>de</strong> um dos mais espinhosos problemas da:<br />
A-Ciência e da <strong>Teologia</strong><br />
B- Filosofia e da <strong>Teologia</strong><br />
6- As conquistas militares <strong>de</strong> Alexandre, O Gran<strong>de</strong>,levaram a cultura a entrar em contato:<br />
A-Direto com o judaísmo<br />
B- Direto com o romanismo<br />
7- Que tipo <strong>de</strong> leitura apresenta bem pouca <strong>filosofia</strong> sistemática?<br />
A-O Corão<br />
B-O Talmu<strong>de</strong><br />
8- Quem entre os ju<strong>de</strong>us revoltaram-se tanto contra a <strong>filosofia</strong> quanto contra as<br />
interpretações rabínicas?<br />
A-Os caráftas<br />
B-Os esenios<br />
9- Em que data a Cabala se <strong>de</strong>senvolveu?<br />
A-500 a 1000 d.C.<br />
B-400 a 1000 d.C.<br />
10- Por outra parte, alguns ju<strong>de</strong>us abandonaram totalmente a sua fé, tendo sido<br />
arrebatados pela febre:<br />
A-Provocada pelo judaísmo<br />
B-Provacada pelo islamismo<br />
11- Quem que em 1842, <strong>de</strong>senvolveu um sistema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo e exerceu profunda<br />
influência sobre o pensamento judaíco?<br />
A-Hermann Cohen<br />
B-Hermann Brawn<br />
67
12- Buber e Rosenzweig também incorporaram em seu sistema:<br />
A-Certos elementos do Iluminismo<br />
B-Certo elementos do existencialismo<br />
13- Qual é o estudo que assevera o estudo cuidadoso e como a linguagem é usada?<br />
A-Filofosia linguistica<br />
B-Filosofia sociologica<br />
14- O que <strong>de</strong>ixa claro que quanto mais profundo for uma verda<strong>de</strong>, mais inefável ela se<br />
torna?<br />
A-O estudo científico<br />
B-O misticismo<br />
15- Quais foram os mais importantes expositores da <strong>filosofia</strong> lingüística?<br />
A-Canti e Maquiavel<br />
B-Wittgenstein, J.L. Austin e Ryle<br />
16- Platão po<strong>de</strong> ser caracterizado como a pai da:<br />
A-Política<br />
B-Estética<br />
17- Qual foi a primeira tentativa, até on<strong>de</strong> somos capazes <strong>de</strong> sondar, a tratar dos<br />
problemas dos i<strong>de</strong>ais da conduta do Estado?<br />
A-República <strong>de</strong> Platão<br />
B-República <strong>de</strong> Sócrates<br />
18- Quem i<strong>de</strong>alizava um Estado em que o sistema educacional haveria <strong>de</strong> ir separando<br />
gradualmente as classes em seus setores apropriados?<br />
A-Platão<br />
B-Sócrates<br />
19- O que é estoicismo?<br />
A-Esse sistema não enfatiza a fraternida<strong>de</strong> universal dos homens<br />
B-Esse sistema enfatizava a fraternida<strong>de</strong> universal dos homens<br />
20- O que concebia a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Agostinho?<br />
A-Uma espécie <strong>de</strong> teocracia<br />
B-Um espécie <strong>de</strong> semi-teocracia<br />
21- As idéias <strong>de</strong> Agostinho dominavam as reações entre a:<br />
A-A igreja e o estado por cerca <strong>de</strong> 1000 anos<br />
B-A igreja e o estado por cerca <strong>de</strong> 500 anos<br />
22- Quem misturou idéias <strong>de</strong> Hobbes e <strong>de</strong> Locke?<br />
A-Rousseau<br />
B-Marx<br />
23- Quem enfatizava quão <strong>de</strong>sejável é o império da lei universal, isto é, um governo<br />
mundial?<br />
A-Fichte<br />
B-Kant<br />
68
24- Quem pensava que o Espírito Absoluto cria todos os movimentos e instruções<br />
políticas?<br />
A-Marx<br />
B-Hegel<br />
25- Quem construiu a sua teoria política sobre a tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hegel, embora fizesse do<br />
dinheiro o fator prepon<strong>de</strong>rante, em vez do espírito?<br />
A-Marx<br />
B-Kant<br />
26- Quem argumentava em favor da <strong>de</strong>mocracia como a maneira mais provável <strong>de</strong><br />
produzir um Estado or<strong>de</strong>iro e feliz?<br />
A-Hegel<br />
B-Maritain<br />
27- O cristianismo, como sistema, não apresenta qualquer:<br />
A-Fiolosofia política<br />
B-Filosofia da religião<br />
28- Quem tornou-se conhecido com um filósofo que raciocinava intensamente, ou seja,<br />
com o propósito <strong>de</strong> modificações?<br />
A-Fichte<br />
B-Hegel<br />
29- Que década iniciou o movimento da <strong>filosofia</strong> radical?<br />
A-1970<br />
B-1980<br />
30- Nenhuma <strong>filosofia</strong> original tem sido produzida na:<br />
A-Alemanha<br />
B-Rússia<br />
31- O que garante a todos certos direitos básicos?<br />
A-A lei<br />
B-A or<strong>de</strong>m<br />
32- Que título é usado para falarmos sobre a lei como leis da natureza?<br />
A-Sentidos correto<br />
B-Sentidos <strong>de</strong>scritivos<br />
33- Alguns estudiosos têm ensinado a correspondência entre as:<br />
A-Leis naturais e a experiência humana<br />
B-Experiências humanas<br />
34- Quais os três estágios da lei da evolução cultural <strong>de</strong> Augusto Comte?<br />
A-A evolução teológia, a evolução metafísica, a evolução científica e a evolução<br />
histórica<br />
B-A evolução teológia, a evolução metafísica e a evolução científica<br />
69
35- A <strong>filosofia</strong> da lei é uma disciplina mo<strong>de</strong>rna que analisa:<br />
A-Conceitos prescritivos relacionados a jurisprudência<br />
B-A <strong>filosofia</strong> analítica<br />
36- Cite a literatura homérica:<br />
A-A Ilíada e a Odisséia<br />
B-Cabala<br />
37- Que século viveu Hesíodo?<br />
A-Século III a.C.<br />
B-Século VIII a.C.<br />
38- Hesíodo fazia o contraste entre a Or<strong>de</strong>m e o Caos, dizendo que a:<br />
A-Or<strong>de</strong>m proce<strong>de</strong>ra do caos mediante o po<strong>de</strong>r do Deus Apolo<br />
B-Or<strong>de</strong>m proce<strong>de</strong>ra do caos mediante o po<strong>de</strong>r do Deus Eros<br />
39- Em sua Teogonia, Hesíodo traçou uma antiga teologia<br />
A-Que incluia inúmeras lendas, mitos e expeculações<br />
B-Que incluia inúmeras <strong>história</strong>s<br />
40- Que ano viveu Tales <strong>de</strong> Mileto?<br />
A-Por volta do ano 640 a 546 a.C.<br />
B-Por volta do ano 650 a 556 a.C.<br />
41- Que ano Tales <strong>de</strong> Mileto preveu o eclipse Solar?<br />
A-Ano 585 a.C.<br />
B-Ano 500 a.C.<br />
42- Tales <strong>de</strong> Mileto é consi<strong>de</strong>rado o autor e criador <strong>de</strong> um conceito que diz:<br />
A-Conhece-te a ti mesmo<br />
B-Você vencerá com facilida<strong>de</strong><br />
43- Quem ensinou certo princípio: “Nada em excesso”?<br />
A-Platão<br />
B-Tales <strong>de</strong> Mileto<br />
44- Que ano viveu Anaximandro, filósofo grego que nasceu em Mileto?<br />
A-De 610 a 547 a.C.<br />
B-De 609 a 547 a.C.<br />
45- Que filósofo alguns dizem que inventou o mapeamento geográfico e o relógio solar?<br />
A-Anaximandro<br />
B-Apolo<br />
46- Que ano viveu Anaxímen<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Mileto?<br />
A-Viveu <strong>de</strong> 588 a.C a 414 a.C.<br />
B-Viveu <strong>de</strong> 588 a.C a 424 a.C.<br />
47- Que ano viveu Buda?<br />
A-Viveu entre os anos <strong>de</strong> 560 a.C. a 477 a.C.<br />
B-Viveu entre os anos <strong>de</strong> 560 a.C. a 475 a.C.<br />
70
48- On<strong>de</strong> Buda nasceu?<br />
A-Nasceu no sul do Nepal, na Índia, nas vertentes da ca<strong>de</strong>ia do Himalaia<br />
B-Nasceu na China<br />
49- Que ano viveu Confúcio?<br />
A-Viveu <strong>de</strong> 551 a 479 a.C.<br />
B-Viveu <strong>de</strong> 581 a 459 a.C.<br />
50- Que filósofo nasceu do estado <strong>de</strong> Lu na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>Tsou, na porção sudoeste da<br />
província <strong>de</strong> Xantungue?<br />
A-Confúcio<br />
B-Buda<br />
71
LIÇÃO 4<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Confúcio;idéias:<br />
Confúcio não se afirmava pensador original, mas somente transmissor <strong>de</strong> idéias que ele<br />
tomara emprestadas da antiguida<strong>de</strong>. Na realida<strong>de</strong>, porém, ele foi um pensador muito<br />
original.<br />
Alvos. A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Confúcio centraliza-se em torno do homem e seu bem-estar, na<br />
vida presente. Ele queria instituir uma boa socieda<strong>de</strong>, caracterizada por relações sociais<br />
harmônicas.<br />
As relações sociais harmônicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>riam do que Confúcio chamava <strong>de</strong>li, ou seja,<br />
caminho do bom gosto, a conduta <strong>de</strong> um cavalheiro. Se isso envolve a pessoa na<br />
realização <strong>de</strong> ritos apropriados, religiosos e outros, consiste muito mais em cumprir as<br />
próprias funções. Isso <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong>ntro das cinco relações car<strong>de</strong>ais: 1. pai e filho; 2.<br />
irmão mais velho e irmão mais novo; 3. marido e mulher; 4. amigo e amigo; e, 5.<br />
soberano e súdito. A pieda<strong>de</strong> filial é uma das importantes bases do sistema.<br />
O senso <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> é um meio do <strong>de</strong>senvolvimento do caráter. Assim como uma<br />
casa dotada <strong>de</strong> alicerce sólido também precisa ter um aspecto agradável, ou um formato<br />
arquitetônico harmonioso, assim também o homem bom <strong>de</strong>ve caracterizar-se por boas<br />
maneiras, mostrando-se cheio <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração, no trato com o próximo. Isso é fomentado<br />
pelo estudo da música e da poesia. Nisso, Confúcio mesclava a ética com a estética, as<br />
qualida<strong>de</strong>s humanas, segundo ele, seriam estimuladas pelas artes.<br />
A mente é <strong>de</strong>spertada pela poesia para a prática do bem.<br />
Regra Áurea do Confucionismo. O que não quiseres que te seja feito, não o faças a,<br />
outros. E, naturalmente, temos nisso uma aplicação da lei do amor. <strong>de</strong> Confúcio.<br />
Primeiramente o homem <strong>de</strong>ve estabelecer seu próprio bom caráter, e então <strong>de</strong>ve<br />
transmitir os seus princípios a seus semelhantes,<br />
O Princípio do Jen. O .”jen” indica aquilo que é próprio e justo, mas, acima <strong>de</strong> tudo, o<br />
amor. Deste último fluem a retidão, o respeito, a sincerida<strong>de</strong>, a lealda<strong>de</strong>, a liberalida<strong>de</strong>, a<br />
veracida<strong>de</strong>, a diligência, a generosida<strong>de</strong>, que são virtu<strong>de</strong>s car<strong>de</strong>ais. O amor é o solo on<strong>de</strong><br />
são cultivadas todas as <strong>de</strong>mais virtu<strong>de</strong>s cristãs.<br />
O Tao, ou “Caminho”. A correta aplicação dos princípios leva o indivíduo a seguir o Tao,<br />
ou ‘.Caminho’., Isso torna o individuo superior em seu caráter e em suas ações. E<br />
também conduz o seu próprio ser <strong>à</strong> dimensão cósmica.<br />
O T’ien ou “Céu”. Esse termo parece indicar um padrão impessoal <strong>de</strong> justiça, o qual<br />
permite que um homem, mesmo solitário, ou como parte <strong>de</strong> uma minoria, esteja correto<br />
em seus pontos <strong>de</strong> vista e em sua vida diária. O T’ien é uma espécie <strong>de</strong> providência ética,<br />
<strong>à</strong> qual a pessoa po<strong>de</strong> correlacionar a sua vida, e assim triunfar em espírito, mesmo que<br />
não materialmente falando.<br />
Esse T’ien parece ser o equivalente aproximado do Espírito <strong>de</strong> Deus da concepção cristã,<br />
sem quaisquer subcategorias metafísicas.<br />
Política. Não haveria tal coisa como reforma do estado, ou realização <strong>de</strong> um elevado<br />
i<strong>de</strong>al, sem a espiritualização do individuo e da família. Um monarca <strong>de</strong>veria ser<br />
selecionado, por causa <strong>de</strong> seus méritos morais, e não com base no po<strong>de</strong>r pessoal. Esse<br />
conceito é um paralelo do i<strong>de</strong>al platônico do filósofo-rei. Para Confúcio, pois, po<strong>de</strong>r não é<br />
direito. O direito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do caráter moral, e o po<strong>de</strong>r real não se origina no po<strong>de</strong>r militar.<br />
Ou então, dizendo a mesma coisa em termos mais mo<strong>de</strong>rnos: “0 po<strong>de</strong>r não vem do cano<br />
<strong>de</strong> um fuzil”, no dizer <strong>de</strong> uma outra famosa figura chinesa.<br />
Religião. Confúcio não foi fundador <strong>de</strong> uma religião, no sentido usual. Ele acreditava na<br />
força moral universal, tendo usado as expressões “céu” e “vonta<strong>de</strong> do céu” para referir-se<br />
a essa força moral. Tal como Buda, ele foi, essencialmente, um filósofo moral, e não um<br />
filósofo metafísico.<br />
72
Quando um <strong>de</strong> seus alunos indagou <strong>de</strong>le algo sobre a adoração aos espíritos, ele<br />
retrucou: ‘.Ainda não sabemos como servir aos homens; e como po<strong>de</strong>remos saber como<br />
servir aos espíritos?’.<br />
Quando indagado sobre a vida além-túmulo, sua resposta foi: “Ainda não sabemos muito<br />
sobre a vida. Como po<strong>de</strong>mos saber muito sobre a morte?”.<br />
Confúcio jamais se apresentou como profeta <strong>de</strong> Deus; mas <strong>de</strong>dicou-se ao que ele<br />
pensava ser uma missão celestial. Ele não conferenciava sobre Deus, como um ser<br />
<strong>de</strong>scrito mediante proposições teológicas. Mas a <strong>história</strong> mostra-nos que ele foi homem<br />
voltado para as questões espirituais. Em períodos <strong>de</strong> tribulação, <strong>de</strong> tristeza e <strong>de</strong> busca,<br />
ele invocava o céu.<br />
Era dono <strong>de</strong> uma espiritualida<strong>de</strong> particular que não gostava <strong>de</strong> exibir diante dos homens.<br />
Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> homem piedoso, ele esperava po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver essa mesma atitu<strong>de</strong><br />
em outras pessoas.<br />
O Confucionismo<br />
Os ensinamentos <strong>de</strong> Confúcio não se tornaram o i<strong>de</strong>al dominante na China, senão já no<br />
século II A.C. Finalmente, ele passou a ser consi<strong>de</strong>rado o mais importante entre tantas<br />
centenas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s filósofos da era clássica chinesa. Porém, uma vez firmado, o<br />
confucionismo teve uma longa <strong>história</strong>.<br />
Durante dois mil anos tem sido consi<strong>de</strong>rado como o credo ou religião oficial da China.<br />
Como fé religiosa, o confucionismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito como um humanismo i<strong>de</strong>alista.<br />
Apesar <strong>de</strong> que vários aspectos <strong>de</strong> seu sonho <strong>de</strong> paz e harmonia universal nunca<br />
chegaram a concretizar-se, a China tem <strong>de</strong>sfrutado <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável unida<strong>de</strong> cultural e<br />
continuida<strong>de</strong>, até o estabelecimento do comunismo.<br />
Países circunvizinhos, como a Coréia, o Japão, o Vietnã e as ilhas Riu-Quiu também<br />
resolveram adotar Confúcio como seu principal lí<strong>de</strong>r e sábio religioso.<br />
Tradições Preservadas<br />
Um dos aspectos incomuns do confucionismo é que a linhagem <strong>de</strong> sua família po<strong>de</strong> ser<br />
acompanhada por mais <strong>de</strong> dois mil anos, até aos nossos próprios dias. Um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
conhecido <strong>de</strong> Confúcio, da septuagésima sétima geração, estava residindo na ilha <strong>de</strong><br />
Formosa, nos fins da década <strong>de</strong> 1960.<br />
A casa on<strong>de</strong> Confúcio viveu e ensinou continua existindo na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ch’ufu. Durante o<br />
reinado <strong>de</strong> Shih Huang, quando os tetos confucianos estavam sendo <strong>de</strong>struídos (270-221<br />
A.C.), um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Confúcio ocultou seus vários livros <strong>de</strong>ntro das pare<strong>de</strong>s duplas<br />
da casa. Esses livros foram recuperados durante a dinastia oci<strong>de</strong>ntal Han (202 A.C.), e<br />
assim prosseguiu a tradição confuciana.<br />
Essa casa recebeu o nome <strong>de</strong> Lu-pi, que significa “pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lu”. Confúcio foi sepultado<br />
por cem; discípulos no subúrbio nortista <strong>de</strong> Ch’ufu, perto do rio Su. O terreno inteiro do<br />
sepulcro, incluindo o túmulo mesmo <strong>de</strong> Confúcio, tem sido preservado.<br />
Heráclito<br />
Suas datas foram <strong>de</strong> 540 a.C a 475 a.C.<br />
Foi um filósofo grego nascido em Éfeso, pertencente a uma família distinta.<br />
Foi um dos mais brilhantes filósofos pré-socráticos. Recebeu muitas alcunhas, como o<br />
filósofo chorão, o filósofo obscuro, etc.<br />
Opunha-se <strong>à</strong> religião popular <strong>de</strong> seus dias;ridicularizava as pretenções da <strong>de</strong>mocracia e<br />
chegou a criticar a Homero e a Hesíodo que o povo tinha em alta estima. Aquilo que se<br />
73
conhece sobre o seu pensamento chegou até nós sob a forma <strong>de</strong> urna boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fragmentos <strong>de</strong> seus escritos ou <strong>de</strong> citações feitas por outros filósofos.<br />
Suas idéias influenciaram diretamente, mais por aversão, a Sócrates. Platão e Aristóteles.<br />
Os cento e trinta e cinco fragmentos existentes <strong>de</strong> seus escritos mostram-se enigmáticos<br />
e oraculares quanto ao estilo.<br />
Para exemplificar: O <strong>de</strong>us <strong>de</strong> Delfos nem revela e nem oculta, mas <strong>de</strong>ixa entendido. Essa<br />
serve <strong>de</strong> boa observação sobre a natureza <strong>de</strong> nosso conhecimento que nos vem do alto.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Heráclito;idéias:<br />
Panta Rei. Tudo está em estado <strong>de</strong> fluxo. Ninguém pisa no mesmo rio por duas vezes.<br />
Esse conceito tornou-se fundamental para alguns sistemas, ferido provocado muitas<br />
disputas. Platão atribuía esse princípio ao inundo dos particulares (o nosso mundo físico),<br />
como parte <strong>de</strong> sua natureza transitória; mas preservava a imutabilida<strong>de</strong> no mundo das<br />
idéias. Na mente filosófica, o fluxo acabou associado <strong>à</strong> <strong>de</strong>gradação e <strong>à</strong> <strong>de</strong>cadência.<br />
As mudanças ocorrem por causa <strong>de</strong> tensões entre pontos apostos, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><br />
corri a idéia <strong>de</strong> tese, antítese, síntese, <strong>de</strong> Hegel, embora Heráclito não tivesse empregado<br />
essas palavras. Gran<strong>de</strong>s alterações na vida também têm essa natureza, como, por<br />
exemplo, o bem e o mal, o nascimento e a morte, bem como todos os padrões na vida<br />
que envolvem ciclos e modificações. O único princípio imutável é que as coisas estão em<br />
constante fluxo.<br />
Quarto, <strong>à</strong> Reencarnação. Os vivos são os mortos e os mortos são os vivos. E a mesma<br />
coisa em nós que está viva e está morta, que está <strong>de</strong>sperta e que está dormindo, que é<br />
jovem e que é velha. Pois quem é jovens fica velho, e quero é velho torna-se novamente<br />
jovem..<br />
O Logos. Esse é o princípio divino que controlaria o fluxo em fadas as coisas. Haveria<br />
uma sabedoria atuante em todas as coisas, que causa e controla todas as modificações e<br />
tudo guarita essas modificações produzem. A doutrina do Logos, tanto dos estóicos<br />
quanto do Novo Testamento, teve suas origens ali. O Logos garante uma unida<strong>de</strong><br />
subjacente <strong>de</strong> todas as coisas. As diferenças são apenas aparentes e circunstanciais. O<br />
caminho para cima e o caminho para baixo são uma mesma coisa. O Logos é o principio<br />
que permite a conduta <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O fogo é a unida<strong>de</strong> básica ou aquilo <strong>de</strong> que é feito o nosso inundo físico; e, através <strong>de</strong><br />
várias transformações transforma-se cru todas as coisas. Contudo, ao que se presumia, o<br />
fogo seria apenas uma maneira <strong>de</strong> agir do Logos, corno sua manifestação básica neste<br />
mundo físico.<br />
O valor seria gerado por meio do conflito. A terra é a mãe <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
Os Elementos Básicos. A terra se liquefaria, transformando-se no mar; o mar se<br />
transformaria nas nuvens tempestuosas, em vapor e com fogo.<br />
Idéias Astronômicas. O sol seria uma taça, no céu, que dirigiria a sua superfície côncava<br />
na direção da terra.<br />
Os eclipses seriam causados por alguma inclinação <strong>de</strong>ssa taça do sul. Heráclito explicava<br />
da mesma maneira as fases da lua. O mundo, ao mover-se para cima, chegaria ao verão;<br />
ao mover-se para baixo, chegaria ao inverno.<br />
Heráclito atacava a religião popular, sobretudo em seu aspecto idólatra. Orar diante <strong>de</strong><br />
um ídolo, para ele, era como conversar com a casa <strong>de</strong> um homem, estando ele ausente,<br />
Ele pensava que <strong>de</strong>uses que po<strong>de</strong>m morrer e ser lamentados, não são <strong>de</strong>uses coisa<br />
alguma.<br />
Os Gran<strong>de</strong>s Ciclos. As modificações ocorridas na terra fazem parte <strong>de</strong> vastos ciclos, os<br />
quais, em si mesmos, são modificações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m cósmica. Cada ciclo consistiria em<br />
trezentas e sessenta gerações, ao que ele chamava <strong>de</strong> “ano do mundo”. Se calcularmos<br />
cada geração como trinta arras, isto daria <strong>de</strong>z mil e oitocentos ativo. Passado esse<br />
74
período, todas as coisas voltariam ao seu estado original, e então começaria um novo ano<br />
do mundo.<br />
A Razão Universal. Essa razão foi posta <strong>à</strong> disposição do homem, o que lhe confere um<br />
imenso tesouro <strong>de</strong> conhecimentos. Sócrates aceitava esse conceito e buscava respostas<br />
para as questões éticas na Mente Cósmica. Esse é um dos aspectos da doutrina do<br />
Logos.<br />
Os estóicos, os neoplatônicos e a teologia cristã <strong>de</strong>senvolveram ainda mais a doutrina do<br />
Logos.<br />
Parmêne<strong>de</strong>s<br />
Este filósofo viveu por volta do ano 515 a.C a 450 a.C e foi um dos mais importantes présocráticos.<br />
Como nasceu em Eléia sofreu uma certa influência pelos filósofos<br />
pitagorianos. Discordava muito da doutrina ensinada por Heráclito, a qual dizia: “Tudo se<br />
acha em estado <strong>de</strong> fluxo”. Ele <strong>de</strong>fendia o monismo e a imutabilida<strong>de</strong>, por isso é<br />
consi<strong>de</strong>rado o fundador da <strong>filosofia</strong> eleatíca.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Parmene<strong>de</strong>s;idéias:<br />
Racionalismo extremo. Para o filósofo, o ser e o raciocínio do mesmo são idênticos,<br />
sendo assim, a verda<strong>de</strong> sobre o ser po<strong>de</strong> ser conhecida através <strong>de</strong> um raciocínio<br />
disciplinado e não através da percepção dos sentidos.<br />
Certas experiências adquiridas pela percepção dos sentidos são contraditórias. Esta é a<br />
razão pela qual são ilusórias, pois o mundo físico não passa <strong>de</strong> mera aparência.<br />
O raciocínio busca aquilo que <strong>de</strong> uma certa forma seja constante, ou invariável e comum<br />
nas coisas. O ser existe, o não ser não existe; não existe isso <strong>de</strong> tornar-se ou <strong>de</strong> estar<br />
vindo a existência.<br />
Em seu conceito, a criação é impossível, no entanto, nada po<strong>de</strong> ser trazido a existência a<br />
partir do nada. O ser é eterno e imutável. O resto é ilusão.<br />
Mudanças são impossíveis, pois elas significariam que algo veio a existir <strong>de</strong> on<strong>de</strong> antes<br />
nada existia; a não existência não existe e nem qualquer mudança.<br />
Quando qualquer coisa se move, esta coisa ten<strong>de</strong> a ocupar um espaço on<strong>de</strong> antes essa<br />
coisa não estava; e visto que o espaço vazio não existe e nem é ser, o movimento é algo<br />
impossível.<br />
As coisas parecem estar separadas pelo espaço, mas se isso fosse verda<strong>de</strong>, então o<br />
espaço vazio teria <strong>de</strong> ser alguma coisa. Mas, visto que o espaço vazio não existe, então<br />
também não existe tal coisa como separação entre o espaço e essas coisas.<br />
O ser é homogêneo em todas as suas dimensões, como a massa <strong>de</strong> uma esfera, que é<br />
perfeita em todos os seus lados. Todas as coisas estão a igual distância do seu centro<br />
Deve-se observar que as <strong>de</strong>scrições do Ser, por parte <strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s, são idênticas <strong>à</strong>s<br />
<strong>de</strong>scrições cristãs acerca <strong>de</strong> Deus: eterno, imutável, perfeito, etc. Esse é o único Real, e<br />
todas as <strong>de</strong>mais coisas são ilusórias.<br />
Eurito <strong>de</strong> Crótona<br />
Ele foi discípulo <strong>de</strong> Pitágoras, no século VI A.C. Tornou-se conhecida somente por causa<br />
<strong>de</strong> sua prática peculiar <strong>de</strong> dar número <strong>à</strong>s criaturas. Ele usava pedregulhos para esboçar o<br />
formato dos animais e então contava os pedregulhos. Os pitagoreanos supunham que<br />
todas as coisas têm seus números apropriados (uma antiga forma <strong>de</strong> numerologia).<br />
Eurito, pois, usava esse método singelo para tentar <strong>de</strong>terminar esse número.<br />
Pitágoras pensava que, <strong>de</strong> alguma forma, a compreensão da natureza jaz na matemática.<br />
75
Lao Tzu<br />
Ele viveu no século VI AC. Ao que se presume, ele foi o fundador da <strong>filosofia</strong> chinesa do<br />
taoísmo. Ele foi o autor da obra Lao Tzu, também chamada Tao-Te Ching (Clássico do<br />
Caminho e sua Virtu<strong>de</strong>). Essa é uma obra poética que dá substância ao taoísmo.<br />
Praticamente nada se sabe sobre a vida <strong>de</strong> Lao Tzu, mas Su-ma Ch’ien, em seu livro,<br />
Registros do Historiador, apresenta-o como um lí<strong>de</strong>r religioso que se impacientava diante<br />
dos princípios do confucionismo, e buscava alguma verda<strong>de</strong> adicional.<br />
Lao Tzu é por ele apresentado como guardião dos arquivos reais. Pensa-se que Confúcio<br />
o visitou, pedindo-lhe conselhos sobre várias questões. Quando Lao Tzu estava prestes a<br />
aposentar-se, o porteiro dos arquivos reais pediu-lhe para preparar um tratado <strong>de</strong> cinco<br />
mil palavras sobre a sua <strong>filosofia</strong>, e esse documento, uma vez produzido, tornou-se a<br />
famosa obra Tao-Te Ching.<br />
Alguns eruditos aceitam essa tradição como essencialmente autêntica, mas outros não a<br />
aceitam, Alguns situam Lao Tzu nos fins do século III A.C, o que anula data anterior e<br />
suas tradições.<br />
Seja como for, suas idéias levaram ao estabelecimento <strong>de</strong> uma das gran<strong>de</strong>s religiões do<br />
mundo, o taoísmo.<br />
Anaxagoras <strong>de</strong> Clazomenas<br />
Nascido na Jônia em 499 a.C. se tornou famoso como os homens notáveis do círculo <strong>de</strong><br />
Péricles. Através <strong>de</strong> Platão, somos informados que Anaxágoras tinha vários discípulos,<br />
entre eles Arquelau e Eurípe<strong>de</strong>s. Ele <strong>de</strong>fendia a abordagem da verda<strong>de</strong> sobre vários<br />
anglos, pois reconhecia que ela, ensinada nas escolas <strong>de</strong> pensamento, era limitada.<br />
A natureza foi tema <strong>de</strong> seu principal escrito, que ora só existe sobre formas <strong>de</strong> citações<br />
feitas por alguns autores.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Clazomenas;idéias:<br />
Ele afirmava que a lua se compunha <strong>de</strong> terra e rochas, e que o sol era uma massa<br />
incan<strong>de</strong>scente. Mas quase todos os atenienses julgavam que esses astros eram <strong>de</strong>uses,<br />
pelo que a idéia <strong>de</strong> Anaxágoras pareceu altamente herética.<br />
Era ele quem dizia: “Há uma porção <strong>de</strong> tudo em tudo”, com o que propunha que a teoria<br />
<strong>de</strong> um mundo composto <strong>de</strong> “partículas” ou “sementes”, conforme ele as chamava. A<br />
mistura <strong>de</strong>ssas partículas produziria os objetos grosseiros que ferem os nossos sentidos.<br />
Geração e <strong>de</strong>struição, como também alteração, ocorrem através do rearranjo espacial<br />
<strong>de</strong>ssas partículas.<br />
Ele não fez qualquer tentativa <strong>de</strong> explicar a origem das partículas, que a princípio<br />
existiriam apenas em um estado caótico.<br />
Nous: termo grego que significa “mente”, era uma <strong>de</strong> suas doutrinas distintivas. A “mente<br />
também se comporia <strong>de</strong> partículas(as menores e mais puras entre elas). Não haveria<br />
misturas com outras coisas, provendo o impulso inicial <strong>de</strong> movimento para a massa<br />
caótica. Portanto, as partículas mentais ativariam as outras partículas, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se<br />
<strong>de</strong>rivaria o tipo <strong>de</strong> mundo que vemos ao nosso redor. A “mente” estaria presente em tudo.<br />
Ela seria simples, sem mistura, conheceria tudo, governaria tudo, seria infinita e se<br />
autogovernaria.<br />
Todos os mundos evoluem partindo <strong>de</strong> causas naturais, tal como se dá com todas as<br />
formas <strong>de</strong> vida.<br />
Percepção. Percebemos as coisas através do contraste.<br />
Visto que há uma porção <strong>de</strong> tudo em tudo, só po<strong>de</strong>mos ver algo como distinto quando<br />
nossos órgãos dos sentidos <strong>de</strong>tectam qualida<strong>de</strong>s contrastantes.<br />
76
A Terra seria chata; o Sol e Lua seriam corpos naturais, e não divinos; a Lua refletiria a<br />
luz do Sol. Os terremotos, o relâmpago e o trovão teriam causas naturais. Os gregos<br />
inclinavam-se para ver algo divino em todo esses fenômenos. A Terra seria chata e<br />
flutuaria no espaço. Os corpos celestes se incan<strong>de</strong>sceriam <strong>de</strong>vido a um movimento <strong>de</strong><br />
revolução. Anaxágoras tentou <strong>de</strong>terminar as dimensões do Sol, e <strong>de</strong>terminou as fases da<br />
Lua. Procurou explicar a produção da vida e seu <strong>de</strong>senvolvimento em formas <strong>de</strong> muitas<br />
espécies.<br />
A “mente” põe em or<strong>de</strong>m tudo quanto era, é, e será, embora não seja a criadora <strong>de</strong> tudo.<br />
Alguns filósofos falam em prol <strong>de</strong> uma “mente” não-material na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Anaxágoras ,<br />
mas outros concebem ela como matéria, posto que <strong>de</strong> substância mais fina.<br />
Zeno <strong>de</strong> Iléia<br />
Filósofo grego discípulo <strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s, Zeno viveu por volta dos anos 490 a.C a 530<br />
a.C. Proveu uma <strong>de</strong>fesa racional habilidosa das idéias <strong>de</strong> seu mestre , incluindo vários<br />
paradoxos que obtiveram fama entre os filósofos. De modo geral ele <strong>de</strong>fendia o mesmo<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s acerca <strong>de</strong> um ser imutável, bem como acerca da natureza<br />
ilusória do espaço, do tempo, do movimento e das mudanças.<br />
Alguns <strong>de</strong> seus paradoxos são facilmente solucionados com bom senso e raciocínio, mas<br />
outros não ce<strong>de</strong>m facilmente diante <strong>de</strong> nossos esforços.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Zeno;idéias:<br />
O paradoxo do grão <strong>de</strong> painço. Se <strong>de</strong>ixarmos cair um <strong>de</strong>sses grãos no chão, isso não<br />
produzirá ruído. Alguns poucos grãos também não farão ruído algum. Mas, se <strong>de</strong>ixarmos<br />
cair no chão uns <strong>de</strong>z quilos <strong>de</strong>sses grãos, isso produzirá algum ruído. Como é que muitos<br />
grãos que não fazem ruído po<strong>de</strong>m terminar fazendo ruído?<br />
Esse paradoxo ignora os ruídos inaudíveis que um ou algum outros grãos fazem, e que<br />
adicionados aos ruídos inaudíveis <strong>de</strong> muitos outros grãos, quando isolados, po<strong>de</strong>m ser<br />
ouvidos.<br />
O paradoxo do espaço. O espaço não é uma realida<strong>de</strong>. É apenas uma ilusão, conforme<br />
vários paradoxos <strong>de</strong> Zeno tentam provar. O espaço é indivisível, mas através da razão<br />
po<strong>de</strong>mos dividir o espaço em um número infinito <strong>de</strong> pequenos espaços. A matemática<br />
fornece-nos os meios para tanto; e, no entanto, um número infinito <strong>de</strong> espaços é uma<br />
noção contraditória.<br />
Assim sendo, o próprio espaço não passaria <strong>de</strong> uma ilusão. Po<strong>de</strong>ríamos dizer que o<br />
espaço é finito; mas se po<strong>de</strong>mos dividi-lo <strong>de</strong> maneira infinita, então o espaço já não é<br />
finito.<br />
Não sendo nem finito e nem infinito, simplesmente não existe.<br />
E o que Zeno afirmava sobre o espaço, afirmava sobre a realida<strong>de</strong> material em geral.<br />
O paradoxo da linha. Uma linha é um conceito espacial que liga imaginariamente dois<br />
pontos. Porém, essa conexão é ilusória. Uma linha po<strong>de</strong> ser divisível ou indivisível.<br />
Se é divisível, po<strong>de</strong> dividir-se em um número finito ou em um número infinito <strong>de</strong> sublinhas<br />
e espaços. Se uma linha for dividida em um número finito, vai lhe faltar magnitu<strong>de</strong>, o que<br />
significa que não existe. Se for dividida em um número infinito, por meio da matemática,<br />
então será uma entida<strong>de</strong> infinita, o que é claramente impossível.<br />
Linhas infinitas são nada.<br />
O paradoxo do movimento. Se um homem atira uma flecha, ela parece cruzar o espaço<br />
<strong>de</strong> um ponto para outro. Mas isso é claramente ilusório. Po<strong>de</strong>mos dividir o suposto<br />
espaço cruzado em um infinito número <strong>de</strong> espaços, e é evi<strong>de</strong>nte que é impossível uma<br />
flecha atravessar o infinito. Portanto, seu alegado movimento é ilusório. Não po<strong>de</strong> estar<br />
movendo-se no lugar on<strong>de</strong> está, pois, nesse caso, não estaria lá.<br />
Não po<strong>de</strong> estar se movendo no lugar on<strong>de</strong> não está, visto que não está ali.<br />
77
Portanto, tal flecha não po<strong>de</strong> mesmo estar em movimento.<br />
O paradoxo <strong>de</strong> Aquiles e da tartaruga. Po<strong>de</strong>ríamos pensar que o veloz Aquiles era mais<br />
rápido na carreira do que uma tartaruga. Em uma corrida dos dois, Aquiles ganharia. Mas<br />
o fato é que a própria corrida, que envolve as questões <strong>de</strong> espaço e <strong>de</strong> tempo, é uma<br />
ilusão. Imaginemos que, para sermos justos, <strong>de</strong>mos <strong>à</strong> tartaruga uma vantagem. Visto<br />
estarmos arquitetando um paradoxo, po<strong>de</strong>mos, po<strong>de</strong>mos imaginar a situação que<br />
quisermos.<br />
Portanto, suponhamos que <strong>à</strong> tartaruga seja dada uma vantagem <strong>de</strong> vinte metros.<br />
Ora, Aquiles <strong>de</strong>veria ser capaz alcançar a tartaruga com facilida<strong>de</strong> e até passar adiante<br />
<strong>de</strong>la. Porém, para ele po<strong>de</strong>r alcançar a tartaruga, ele <strong>de</strong>veria <strong>de</strong> atravessar um número<br />
infinito <strong>de</strong> espaços, visto termos resolvido aqueles vinte metros em um número infinito <strong>de</strong><br />
espaços.<br />
E é patente que Aquiles não po<strong>de</strong> atravessar um número infinito <strong>de</strong> espaços.<br />
Por essa razão, nunca houve qualquer corrida, e o próprio movimento imaginado é um<br />
absurdo. A<strong>de</strong>mais, mesmo que ele pu<strong>de</strong>sse percorrer aqueles vinte metros, ao chegar no<br />
lugar on<strong>de</strong> a tartaruga estava, <strong>de</strong>scobriria que o quelônio já teria alcançado algum<br />
espaço, o que haveria <strong>de</strong> prosseguir ad infinitum.<br />
Ora, qualquer conceito ad infinitum é um absurdo, pelo que não po<strong>de</strong> haver tal corrida, e<br />
nem qualquer movimento. Isso mostra que o mundo do bom senso está repleta <strong>de</strong><br />
contradições. Portanto, este mundo é ilusório, e somente o Um, que é infinito, imutável e<br />
perfeito, que é real.<br />
O paradoxo dos corpos sólidos em estado <strong>de</strong> repouso ou em movimento. Imaginemos um<br />
corpo sólido em estado <strong>de</strong> repouso, mas posto no meio <strong>de</strong> dois corpos sólidos em<br />
movimento, mas que passem pelo corpo inerte vindo <strong>de</strong> direções diferentes. Esses corpos<br />
em movimento <strong>de</strong>slocam-se na mesma velocida<strong>de</strong>. Presumivelmente, esses corpos<br />
passam pelo corpo em repouso em uma mínima e específica unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo.<br />
Mas os corpos que passam um pelo outro (aqueles no lado oposto ao corpo em repouso)<br />
passam – em menos tempo – do que aquele período mínimo <strong>de</strong> tempo.<br />
Portanto, esse corpos estão a <strong>de</strong>slocar-se em duas velocida<strong>de</strong>s diferentes ao mesmo<br />
tempo, o que é uma impossibilida<strong>de</strong>.<br />
Empédocles<br />
Um filósofo grego que nasceu e viveu em Agrigentum, na ilha da Sicília.<br />
Ele era muito respeitado por outras pessoas, algumas das quais chegaram a honrá-lo<br />
como se ele fosse uma divinda<strong>de</strong>. Há lendas que foram criadas em torno <strong>de</strong> sua pessoa,<br />
dizendo que ele chegou a realizar muitos milagres. Isso significa que <strong>de</strong>vemos estar<br />
tratando com uma pessoa incomum. Além <strong>de</strong> ser um filósofo, ele trabalhava como médico<br />
e imiscuía-se cm assuntos políticos.<br />
Foi essa última questão que o levou <strong>à</strong> sua queda. Ele ajudou a <strong>de</strong>rrubar uma oligarquia e<br />
a estabelecer a <strong>de</strong>mocracia.<br />
Porém, o po<strong>de</strong>r político mudou <strong>de</strong> mãos (como sempre costuma acontecer) e isso o<br />
<strong>de</strong>ixou em uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfavor; novo regime mandou-o para o exílio, on<strong>de</strong> acabou<br />
morrendo.<br />
Viveu entre 490 a.C e 430 a.C.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Empédocles;idéias:<br />
Não existiria tal coisa como vir absolutamente <strong>à</strong> existência ou sair da existência. Começos<br />
e fins são apenas processos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contínuo eterno, o que produz misturas e<br />
separações.<br />
78
Na natureza, o processo da mistura envolve os elementos básicos da terra, do ar, do fogo<br />
e da água e todas as coisas seriam formadas pelas distinções quantitativas, produzidas<br />
por essas misturas. Todavia, não haveria tal coisa que tenha surgido do nada.<br />
Há um princípio cósmico <strong>de</strong> atração e repulsão, que opera nas misturas. Falamos sobre<br />
essas coisas, metaforicamente, como amor e esforço.<br />
Há um processo envolvido:<br />
a-As coisas começam <strong>de</strong>ntro da harmonia do amor.<br />
b-As coisas são separadas quando começam as contendas.<br />
c-As contendas chegam a dominar e isso produz separações absolutas.<br />
d-O amor reaparece e restaura a anterior unida<strong>de</strong> e harmonia.<br />
A vida vem <strong>à</strong> tona no segundo e no terceiro estágios <strong>de</strong>sse processo.<br />
A vida fica resultaria <strong>de</strong> um processo evolutivo. A evolução, por causa da contenda<br />
atuante, produz todas as formas <strong>de</strong> má combinação e <strong>de</strong> aparentes equívocos. Mas as<br />
coisas que são misturadas <strong>de</strong> modo or<strong>de</strong>iro são capazes <strong>de</strong> sobreviver.<br />
Os mitos falam sobre animais estranhos, monstros, centauros, górgonas, tudo o que<br />
consiste em más misturas temporárias, <strong>de</strong>ntro do processo evolutivo, mas que não são<br />
capazes <strong>de</strong> sobreviver.<br />
Quanto ao pensamento metafísico, Empédocles cria na transmigração das almas, na<br />
doutrina da queda da alma e na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua restauração, através da roda do<br />
renascimento, por meio da purificação. As suas crenças religiosas po<strong>de</strong>m ser<br />
explicadas como influenciadas pelas idéias <strong>de</strong> Pitágoras e pelos mistérios <strong>de</strong> Orfeu.<br />
Ele opinava que o homem é um daemon <strong>de</strong>caído (uma divinda<strong>de</strong> secundária), cujas<br />
vagueações por este mundo teriam sido a causa <strong>de</strong> sua queda.<br />
Declarou ele: “Um homem <strong>de</strong>ve vaguear por trinta mil vezes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> on<strong>de</strong> habitam os<br />
bem-aventurados, nascendo no tempo e em todas as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma mortal,<br />
mudando <strong>de</strong> uma vereda cansativa para outra”. Ele <strong>de</strong>screvia a si mesmo como um<br />
<strong>de</strong>sses exilados, um “vagabundo que se afastou dos <strong>de</strong>uses”.<br />
E afirmava que era capaz <strong>de</strong> lembrar sua vereda <strong>de</strong> inúmeras vicissitu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o reino<br />
animal até o estado <strong>de</strong> ser humano; e que, uma vez tendo chegado a ser homem, foi<br />
vários seres humanos.<br />
Descrevia a morte como uma separação entre o elemento fogo e os <strong>de</strong>mais elementos, o<br />
que <strong>de</strong>ixaria fria a mistura.<br />
No frio, todas as coisas morreriam.<br />
Em seguida, os elementos passariam por transformações, até emergirem novamente<br />
como coisas vivas.<br />
Demócrito<br />
Filósofo grego nascido em Ab<strong>de</strong>ra, viveu entre os anos 460 a.C a 370 a.C.Foi discípulo<br />
<strong>de</strong> Leucipo, e preservou a doutrina <strong>de</strong> seu mestre. Em sua época foi tão famoso quanto<br />
Platão ou Aristóteles, e através <strong>de</strong> sua teoria atômica consegui influenciar a muitos.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Demócrito; merecem <strong>de</strong>staque onze <strong>de</strong> suas idéias:<br />
O elemento físico e indivisível , o átomo, é o constituinte final da natureza. Os átomos<br />
seriam sólidos, simples e homogêneos, sem espaços vazios. As divisões po<strong>de</strong>m ocorrem<br />
através <strong>de</strong> espaços existentes na matéria, mas on<strong>de</strong> não houver espaços, não po<strong>de</strong>rá<br />
ouvir divisões. Um átomo, pois, seria infinitamente duro.<br />
Os princípios da natureza seriam três: o átomo, o vazio e o movimento dos átomos,<br />
inerente <strong>à</strong> sua natureza. O vazio consiste em espaço sem átomo, e as coisas que existem<br />
através <strong>de</strong>sses vazios.<br />
79
As diferenças nos átomos incluem dimensões, formato e velocida<strong>de</strong>, e todas as<br />
diferenças qualitativas <strong>de</strong>rivam-se <strong>de</strong>sses três fatores. Quando os átomos se<br />
movimentam, entram em colisão e assumem formatos que encorajam novos elos.<br />
Demócrito chegou a propor a idéia <strong>de</strong> que os átomos têm ganchos e ilhoses que facilitam<br />
as ligações.<br />
Haveria necessida<strong>de</strong> causais que governam os arranjos e as mudanças nos átomos. Por<br />
meio <strong>de</strong> colisões, são criados vórtices que resultam na geração <strong>de</strong> mundos, e essas<br />
colisões explicam também as inevitáveis dissoluções. Portanto, os mundos estão sempre<br />
sendo criados e <strong>de</strong>sintegrados.<br />
Sombras e sinais lunares resultam as sombras lançadas pelos montes e elevações<br />
existentes na Lua.<br />
A vida <strong>de</strong>senvolveu-se da argila primeva, relacionada ao calor e ao fogo. Há átomos do<br />
fogo e da alma, similares em natureza, porém, menores e mais esféricos do que os outros<br />
tipos. Encontramos nisso o começo <strong>de</strong> uma teoria evolutiva, com base da mecânica do<br />
átomo.<br />
O pensamento também é um tipo <strong>de</strong> movimento e criativida<strong>de</strong> na natureza, que causa<br />
movimento em outras coisas.<br />
Consciência é uma função dos átomos da alma, difundidos no corpo todo. Inalamos e<br />
exalamos esses átomos. Uma leve perda <strong>de</strong> seu número provoca o sono. Uma perda<br />
aplicável po<strong>de</strong> provocar a perda da consciência e finalmente a mote física.<br />
A percepção é criada pelo impacto dos átomos sobre nossos aparelhos dos sentidos<br />
físicos. Ao átomos que assim causam impactos aparecem sob a forma <strong>de</strong> eídola, ou<br />
imagens.<br />
No sistema <strong>de</strong> Demócrito não há sobrevivência pessoal e nem imortal.<br />
O hedonismo é a busca pelo prazer, servindo <strong>de</strong> guia para todos os atos e <strong>de</strong>cisões. A<br />
mo<strong>de</strong>ração é algo necessário, afim <strong>de</strong> adquirirmos um equilíbrio apropriado. A tarefa ética<br />
consiste em mo<strong>de</strong>rar os elementos do prazer e da dor. Buscamos um prazer<br />
imperturbado.<br />
Leucipo <strong>de</strong> Mileto<br />
Suas datas foram 450 a.C a 420 a. C. Parece que ele foi o primeiro filósofo grego a<br />
produzir uma cosmologia atomista claramente enunciada. Seu contemporâneo mais<br />
jovem, Demócrito, <strong>de</strong>senvolveu a idéia. E outros, como Epicuro, aceitaram-na por suas<br />
próprias razões especificas. Outro atomista bem conhecido, foi Lucrécio.<br />
Filolau<br />
Um filósofo grego, discípulo <strong>de</strong> Pitágoras, nascido em meados do século V. A.C. Vinte<br />
fragmentos lhe são atribuídos, embora pareçam ser obras forjadas pós-aristotélicas.<br />
Ele sobreviveu ao incêndio provocado na escola pitagoreana em Crótona e levou a<br />
<strong>filosofia</strong> grega ao continente europeu.<br />
Sistematizou a doutrina pitagoreana, julgando que o fogo seria o elemento básico em<br />
todas as coisas.<br />
Ele supunha que a natureza é controlada e harmonizada pela oposição entre os princípios<br />
das coisas limitadas e das coisas ilimitadas.<br />
A alma humana seria uma prisioneira do corpo, uma entida<strong>de</strong> espiritual capturada pelo<br />
pecado, neste mundo material.<br />
Trabalhava manuseando números, como: 1 = ponto; 2 = linha; 3 = superfície; 4 = sólido.<br />
E pensava que os números eram a base <strong>de</strong> todas as coisas, o que representa um passo<br />
na direção da teoria atômica.<br />
80
Aos quatro elementos básicos tradicionais, a terra, o ar, o fogo e a água, ele acrescentava<br />
um quinto elemento, o éter.<br />
Ele pensava que a terra estava em movimento, reconhecia o sistema solar, e opinava que<br />
<strong>de</strong>ntro do mesmo há um fogo central e uma terra secundária. Daquele fogo central teriam<br />
emergido a contraterra, a terra, a lua, o sol, os vários planetas e as estrelas fixas.<br />
Todos esses corpos celestes, incluindo o sol, rebrilhariam mediante luz refletida do fogo<br />
central.<br />
Diógenes <strong>de</strong> Apoloma<br />
Um filósofo grego jônico do século V A. C. Foi discípulo <strong>de</strong> Anaxímenes e Anaxágoras.<br />
Ele pensava que o ar seria o elemento básico que, mediante con<strong>de</strong>nsação e rarefação,<br />
torna-se em tudo o mais. Ele opinava que o ar tem consciência e é capaz <strong>de</strong> uma função<br />
diretiva. Desse modo, ele <strong>de</strong>senvolveu uma teleologia, supondo que todas as coisas<br />
<strong>de</strong>monstram <strong>de</strong>sígnio.<br />
O seu principal livro intitula-se Sobre a Natureza.<br />
Melisso <strong>de</strong> Samos<br />
Ele foi um filósofo grego do século V A.C., natural <strong>de</strong> Samos. Também foi o almirante<br />
grego que comandou a frota grega que combateu a frota ateniense, em cerca <strong>de</strong> 440 A.C.<br />
Plutarco informa-nos que ele se saiu vitorioso na refrega.<br />
Melisso <strong>de</strong> Samos foi um filósofo eleático que criou argumentos como aqueles <strong>de</strong><br />
Parmêni<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> Zeno.<br />
Ele argumentava em favor da infinitu<strong>de</strong> espacial e temporal do mundo, daí <strong>de</strong>duzindo a<br />
imutabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
A mudança nas coisas é ilusória e pertenceria <strong>à</strong>s vicissitu<strong>de</strong>s da percepção dos sentidos.<br />
que nunca nos dão um verda<strong>de</strong>iro conhecimento das coisas, um argumento muito fraco,<br />
que a ninguém convence.<br />
De acordo com esse ensino, o Um <strong>de</strong>ve ser infinito, sem começo, sem fim, sem<br />
mutações, incorpóreo, não constituído <strong>de</strong> partes.<br />
Afirmava ele:“Se houvesse pluralida<strong>de</strong>, cada um dos muitos teria <strong>de</strong> dizer, tal como eu, eu<br />
sou o um que existe. Assim, ele procurava refutar a idéia <strong>de</strong> pluralida<strong>de</strong>, mostrando o<br />
absurdo da idéia”.<br />
Alcmêon <strong>de</strong> Crótona<br />
Filósofo grego que viveu no século V a.C e era um dos discípulos <strong>de</strong> Pitágoras. Enfatizou<br />
a Lei da Harmonia Universal, a qual se aplicava aos mundos natural e social.<br />
Demonstrava certo interesse pela medicina, pois em seu pensamento dizia que a saú<strong>de</strong><br />
requer o equilíbrio <strong>de</strong> fatores opostos no organismo.<br />
Embora julgasse o cérebro essencial em todos os sentidos, acreditava na imortalida<strong>de</strong> da<br />
alma. Com isso, i<strong>de</strong>ntificava a alma com o movimento circular perfeito, sugerindo tal<br />
movimento no homem e nas estrelas.<br />
Pitágoras <strong>de</strong> Samos<br />
Foi um filósofo grego, místico notório em sua época. Fugiu <strong>de</strong> sua ilha nativa, Samos, a<br />
fim <strong>de</strong> escapar da tirania <strong>de</strong> Polícrates. Estabeleceu-se então em Crótona, uma colônia<br />
grega do sul da bota italiana. Quando Platão era jovem, Pitágoras já era uma figura<br />
legendária e misteriosa.<br />
81
Ao que parece, foi o fundador <strong>de</strong> uma seita religiosa.<br />
Assim, po<strong>de</strong>ríamos consi<strong>de</strong>rá-lo um guru, embora também pai da mo<strong>de</strong>rna ciência<br />
natural. Ensinava a doutrina da transmigração das almas, bem como o parentesco <strong>de</strong><br />
todas as coisas entre si. É dito que, <strong>de</strong> certa feita, ele foi visto em duas cida<strong>de</strong>s ao<br />
mesmo tempo, pelo que ele foi um antigo projetor da psique.<br />
A fé religiosa ensinada por Pitágoras incluía iniciação e cerimônias secretas, votos estritos<br />
e gran<strong>de</strong> senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, vegetarianismo (embora fosse proibida a ingestão<br />
<strong>de</strong> feijão!), a subida através <strong>de</strong> vários graus na escala da espiritualida<strong>de</strong> e na prática da<br />
fé, a comunhão <strong>de</strong> bens por toda a comunida<strong>de</strong>.<br />
Essa escola foi <strong>de</strong>struída por indignados cidadãos, quando surgiram os sentimentos<br />
<strong>de</strong>mocráticos, no século V A.C.<br />
Os pitagoreanos, entretanto, espalharam-se por muitos lugares diferentes, fundando<br />
colônias.<br />
A natureza secreta da matemática. Pitágoras percebia valores numéricos em todas as<br />
coisas, a começar pela música aplicada. Talvez ele tenha <strong>de</strong>scoberto o teorema<br />
geométrico que ainda traz o seu nome, bem como seu corolário, a incomensurabilida<strong>de</strong><br />
dos lados e a diagonal do quadrado.<br />
Porém, é menos provável que ele tenha inventado os ensinos da música das esferas.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Pitágoras;idéias:<br />
A alma humana é eterna, insensível ao tempo, auto-existente, imutável, embora sujeita, a<br />
intervalos, a reencarnações. O corpo físico atua como prisão, por algum tempo, quando<br />
então são aprendidas certas lições necessárias. A plena memória das experiências <strong>de</strong><br />
reencarnações passadas é retida pela alma, embora isso não envolva, necessariamente,<br />
a consciência da alma, uma vez novamente aprisionada em um corpo físico, embora tudo<br />
fique registrado em seu inconsciente.<br />
O propósito da vida é obter um relacionamento com o Ser divino. A crença em Deus é<br />
necessária em todos os aspectos da socieda<strong>de</strong> humana, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o político até o ético, e<br />
<strong>de</strong>ve servir <strong>de</strong> base <strong>de</strong> todas as constituições legais e direitos humanos.<br />
Os homens po<strong>de</strong>m ser classificados, em termos gerais, em três tipos: os amantes da<br />
sabedoria; os amantes do sucesso; os amantes dos prazeres. A primeira <strong>de</strong>ssas<br />
categorias é formada por indivíduos superiores, que se encaminham para a salvação da<br />
alma.<br />
A purificação ética <strong>de</strong>veria ser buscada como meio para a alma escapar do ciclo das<br />
reencarnações, a fim <strong>de</strong> que possa vir a unir-se com o Ser divino.<br />
A terra é um globo, localizado no centro do universo.<br />
A gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta científica <strong>de</strong> Pitágoras foi como a matemática relaciona-se com o<br />
mundo físico, e como os números explicam tudo. Ele ilustrava isso com a matemática e<br />
com a música. Ele acreditava que, <strong>de</strong> alguma maneira, a matemática po<strong>de</strong> explicar a<br />
natureza, e ensinava misticamente que os números, <strong>de</strong> alguma forma, são a própria<br />
essência da realida<strong>de</strong>.<br />
Ele alistava muitos pontos opostos, que servem <strong>de</strong> meios para explicarmos as coisas,<br />
como par e ímpar; o um e os muitos; o calor e o frio; o macho e a fêmea; a direita e a<br />
esquerda; o reto e o curvo: a luz e as trevas; o bem e o mal; o quadrado e o oblongo. Ele<br />
pensava que esses opostos po<strong>de</strong>m explicar muitas coisas na natureza, como se isso<br />
fosse uma espécie <strong>de</strong> princípio fundamental que tem aplicação a inúmeras coisas.<br />
Há pontos limitados e não-limitados nos opostos. Assim, o espaço seria ilimitado, mas a<br />
unida<strong>de</strong> seria limitada. O limitado seria um ponto; o um é um ponto; o dois é uma linha; o<br />
três é um plano; o quatro é um sólido. Os números explicariam tudo. A súmula dos<br />
números críticos é o <strong>de</strong>z. Esse, pois, é o número perfeito.<br />
82
O não-limitado, quando limitado no cosmos, é o fogo central, em redor do qual giram<br />
todas as coisas. Haveria <strong>de</strong>z esferas girando no universo, visto que a perfeição celeste<br />
requer o número perfeito, <strong>de</strong>z. Afastando-nos <strong>de</strong>sse fogo central, encontraríamos os<br />
planeta, as estrelas fixas, o nosso sol, etc., e todos esses corpos celestes refletindo a luz<br />
do fogo central. Os intervalos entre os planetas assemelhar-se-iam aos intervalos das<br />
composições musicais. Daí se <strong>de</strong>rivaria a Música das Esferas; mas essa música é por<br />
<strong>de</strong>mais sutil para ser ouvida pelos ouvidos humanos, excetuando em ocasiões especiais e<br />
por pessoas especiais.<br />
Pitágoras aplicava os números até mesmo aos valores éticos. Assim, o número oito<br />
representaria o amor; o sete, a saú<strong>de</strong>. É difícil enten<strong>de</strong>r como ele chegou a vários dos<br />
símbolos <strong>de</strong> seus números. Talvez ele pensasse que a intuição, ou alguma forma <strong>de</strong><br />
iluminação mística, estivesse envolvida.<br />
Essa figura tornou-se objeto <strong>de</strong> contemplação e veneração religiosas, contendo o número<br />
<strong>de</strong>z em um triângulo com cinco pontos em cada lado. Isso fazia parte <strong>de</strong> um juramento<br />
obrigatório dos pitagoreanos:por ele que <strong>de</strong>u <strong>à</strong> nossa geração a tétra<strong>de</strong> que contém a<br />
fonte e a raiz da natureza eterna. Naturalmente, foram coisas assim que inspiraram a<br />
Numerologia, como também outras especulações acerca da importância dos números.<br />
O conceito <strong>de</strong> número <strong>de</strong> Pitágoras muito influenciou a Platão. Como é óbvio, <strong>de</strong>ssa<br />
maneira <strong>de</strong> pensar foi que surgiu a teoria atômica, uma ciência mo<strong>de</strong>rna que tem<br />
comprovado a importância do conceito básico pitagoreano, apesar <strong>de</strong> haver ali erros e<br />
excessos.<br />
Pitagoreanismo<br />
Sua principal característica era a aplicação dos números a todas as coisas,<br />
supremamente ilustrada na astronomia. Porém, o termo também aplica-se <strong>à</strong> escola<br />
filosófica por ele fundada, como escola religiosa e ética, com todo o seu misticismo e seus<br />
rituais. Isso posto, Pitágoras exerceu uma dupla influência: uma influência religiosa e uma<br />
influência científica. Isso po<strong>de</strong> ser percebido no diálogo <strong>de</strong> Platão chamado República.<br />
Teve prosseguimento na numerologia <strong>de</strong> Nostradamus e nos diálogos científicos <strong>de</strong><br />
Galileu.<br />
Este último <strong>de</strong>ixou escrito: “O livro da natureza foi escrito em linguagem matemática”.<br />
A influência exercida por Pitágoras passou para Platão, e dai para o neoplatonismo.<br />
Deus aparece ali como o divino Um. Naturalmente, a astrologia também alicerçou-se<br />
sobre idéias <strong>de</strong> Pitágoras. Nicômaco <strong>de</strong> Gerasa escreveu um tratado sobre os números, o<br />
que foi usado nas escolas durante mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z séculos. Ele ensinava que os números<br />
existem na Mente <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>s<strong>de</strong> toda a eternida<strong>de</strong>. Numênio e Plotino também muito<br />
<strong>de</strong>vem a Pítágoras.<br />
83
6<br />
Os Socráticos<br />
Xenofonte<br />
Suas datas aproximadas foram 430 a.C a 355 a.C. Nasceu em Atenas, e foi um escritor e<br />
moralista grego, muito ativo na vida civil. Foi contemporâneo mais jovem e amigo <strong>de</strong><br />
Sórates, e foi uma das nossas fontes informativas sobre ele em sua obra Memorabilia,<br />
também intitulada Reflexões <strong>de</strong> Sócrates.<br />
Xenofonte não foi filósofo, mas assumiu a tarefa <strong>de</strong> transmitir informações a respeito <strong>de</strong><br />
Sócrates, tendo negado a valida<strong>de</strong> das acusações alinhadas contra ele. Esse material<br />
aparece em seu livro, Memorabilia.<br />
Xenofonte <strong>de</strong>screveu Sócrates como mestre <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s, que exercia uma influência<br />
benéfica sobre todos quantos chegavam a conhecê-lo, mas que <strong>de</strong>spertava inveja <strong>de</strong>vido<br />
<strong>à</strong> sua superiorida<strong>de</strong> e ao seu hábito <strong>de</strong> atacar a falsa sabedoria. Todavia, não foi tão bom<br />
intérprete das idéias <strong>de</strong> Sócrates quanto o foi Platão, porquanto não estava<br />
filosoficamente preparado para a tarefa.<br />
Xenofonte também foi o autor da famosa obra Anábasis, que os estudantes do grego<br />
clássico usualmente são forçados a ler, uma vez que tenham dominado a gramática <strong>de</strong><br />
maneira funcional.<br />
O grego em que esse antigo livro foi escrito é um grego ático relativamente simples.<br />
A gran<strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> Xenofonte <strong>de</strong>u-se no terreno da <strong>história</strong>, e não do da <strong>filosofia</strong>.<br />
Escritos: Anábasis; Apologia; Memorabilia (Reflexões) <strong>de</strong> Sócrates; Administração<br />
Doméstica; Simpósio; A Educação <strong>de</strong> Ciro; Helênica.<br />
Diógenes <strong>de</strong> Sinope<br />
Suas datas aproximadas foram 412 a.C a 323 a C.<br />
Foi um filósofo grego, o mais famoso e colorido dos cínicos. Nasceu em Sinoe, na Ásia<br />
Menor, que atualmente faz parte da Turquia. Diógenes tornou-se precursor do estoicismo.<br />
Para os estóicos ele o paradigma da virtu<strong>de</strong>, incorporando as idéias estóicas da virtu<strong>de</strong><br />
(in<strong>de</strong>pendência), da autoconfiança da indiferença diante <strong>de</strong> todas as coisas materiais.<br />
Ele começou sua carreira como discípulo do cínico Antístenes, que ensinava que somente<br />
a virtu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> trazer-nos a felicida<strong>de</strong>, e que essa virtu<strong>de</strong> consiste, principalmente, na<br />
atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> indiferença para com os valores <strong>de</strong>ste mundo, <strong>de</strong> combinação com<br />
autoconfiança e a in<strong>de</strong>pendência.<br />
Ele supunha que a verda<strong>de</strong>ira moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve incorporar o retorno <strong>à</strong> simplicida<strong>de</strong><br />
natural, visto que a socieda<strong>de</strong> tornou-se artificial e luxuosa. Outrossim, a virtu<strong>de</strong> requer<br />
que o homem evite os prazeres físicos, que formam um dos valores pervertidos da<br />
socieda<strong>de</strong>. Tanto a dor quanto a fome, por outra parte, são ajudas positivas para que a<br />
pessoa atinja a virtu<strong>de</strong>, visto que são o exato oposto que as pessoas crassas procuram.<br />
Com base em várias lendas e estórias, (incluindo as Vidas e Filósofos Eminentes, <strong>de</strong><br />
Diógenes Laércio), apren<strong>de</strong>mos algumas coisas interessantes, embora não saibamos<br />
dizer quantas são verda<strong>de</strong>iras. Alguns dizem que ele viveu em uma banheira, no templo<br />
<strong>de</strong> Cibele.<br />
84
Ele reduziu sua vida <strong>à</strong> mais total simplicida<strong>de</strong>, única coisa que ele possuía era um copo,<br />
no qual bebia.<br />
Um dia, viu um escravo beber água nas mãos <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> concha.<br />
Ao ver isso, Diógenes quebrou o copo, porquanto percebeu que podia viver sem o<br />
mesmo.<br />
Um outro episódio sobre ele nos quer fazer crer que Alexandre o Gran<strong>de</strong> o visitou,<br />
oferecendo-se para fazer por ele o que mais lhe agradasse. Diógenes disse-lhe que a<br />
única coisa que queria era que Alexandre se afastasse para um lado, porquanto estava<br />
fazendo sombra sobre ele, e ele queria apanhar sol.<br />
A tradição também diz que Alexandre proclamou um dia: Se eu não fosse Alexandre,<br />
gostaria <strong>de</strong> ser Diógenes.<br />
Diógenes foi quem saiu com uma can<strong>de</strong>ia acesa, em pleno meio-dia, procurando por um<br />
homem verda<strong>de</strong>iramente bom.<br />
Sua maneira <strong>de</strong> falar era sarcástica, e suas maneiras animalescas e simples ganharam<br />
para ele o seu apelido, “o Cão”.<br />
Herácli<strong>de</strong>s do Ponto<br />
Suas datas aproximadas foram 388 a.C a 315 a.C. Foi um filósofo e astrônomo grego.<br />
Nasceu em Heracléia, no Ponto, atualmente Eregli, na Turquia.<br />
Estudou em Atenas, com Platão e com Eseusipo. Ele <strong>de</strong>clarou sua crença <strong>de</strong> que a terra<br />
gira diariamente sobre seu eixo, o que explica o aparecimento e <strong>de</strong>saparecimento do sol,<br />
no horizonte, o que também suce<strong>de</strong> <strong>à</strong> lua e <strong>à</strong>s estrelas. Também ensinou que os planetas<br />
Mercúrio e Vênus giram em torno do sol.<br />
Copérnico, exprimiu a sua divida para com Herácli<strong>de</strong>s, em várias questões que envolvem<br />
idéias astronômicas.<br />
No campo da <strong>filosofia</strong>, ele <strong>de</strong>fendia a doutrina do atomismo, e também promoveu certas<br />
idéias <strong>de</strong> Pitágoras.<br />
Sua ontologia girava em torno dos conceitos <strong>de</strong> átomos em movimento, no espaço vazio.<br />
Para ele, os átomos diferiam tanto qualitativa quanto quantitativamente. Pensava que a<br />
terra ficava no centro do Universo, parada no espaço, embora ele não soubesse dizer <strong>de</strong><br />
que maneira.<br />
Sócrates<br />
Foi um filósofo grego. Foi mestre <strong>de</strong> Platão; e este, por sua vez, foi mestre <strong>de</strong> Aristóteles.<br />
Juntos, esses três representam aquilo que os historiadores da <strong>filosofia</strong> chamam <strong>de</strong><br />
“<strong>filosofia</strong> grega clássica”.<br />
Antes <strong>de</strong>les, a <strong>filosofia</strong> grega é classificada como pré-socrática.<br />
Com Aristóteles, chegaram ao fim os gran<strong>de</strong>s sistemas especulativos da <strong>filosofia</strong> clássica.<br />
E, a partir <strong>de</strong>les, encontramos as várias escolas e filósofos que trabalharam sobre as<br />
idéias daqueles três, criando sistemas ecléticos, embora não sendo pensadores originais.<br />
Sócrates nasceu em Atenas. Suas datas aproximadas foram: 469 - 399 A.C. Seu pai era<br />
escultor, e sua mãe, parteira. Essa última circunstância <strong>de</strong>u-lhe a metáfora <strong>de</strong> ser ele um<br />
parteiro que dava <strong>à</strong> luz novas idéias. Ao dar início <strong>à</strong>s suas ativida<strong>de</strong>s filosóficas, parece<br />
que começou aliado dos sofistas, para <strong>de</strong>pois fazer-lhes oposição.<br />
Um importante fator em tudo isso foi a mensagem que ele teria recebido do oráculo <strong>de</strong><br />
Delfos, que lhe dissera para “compor música”, o que ele interpretou metaforicamente<br />
como “ser filósofo”, visto que, para ele, a <strong>filosofia</strong> era a “mais bela música <strong>de</strong> todas”.<br />
Uma outra característica incomum <strong>de</strong> sua carreira era o <strong>de</strong>us daemon, o que, no grego<br />
clássico, significava um espírito ou divinda<strong>de</strong> secundária,ou talvez, em nosso vocabulário,<br />
85
um anjo guardião. Essa influência, segundo ele mesmo esclareceu, nunca lhe dava<br />
conselhos positivos, mas sempre o advertia a não fazer certas coisas.<br />
É um exagero dizer-se que ele foi um médium espírita, embora pu<strong>de</strong>sse entrar em estado<br />
<strong>de</strong> transe por longos períodos, quando buscava solução para algum problema ético. Seria<br />
melhor tachá-lo <strong>de</strong> filósofo-místico, visto que essas duas palavras <strong>de</strong>screvem as<br />
principais características <strong>de</strong> Sócrates.<br />
Somos informados que, fisicamente, Sócrates era um homem bastante feio, com feições<br />
leoninas e nariz muito curto. Vestia-se <strong>de</strong>smazeladamente e era muito frugal em seus<br />
costumes. Mas, como todos sabem, tinha uma mente inquiridora, gostava <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater, no<br />
que se mostrava um especialista.<br />
Se cultivava um ceticismo suave quanto <strong>à</strong>s realida<strong>de</strong>s metafísicas, tinha fé nas gran<strong>de</strong>s<br />
realida<strong>de</strong>s espirituais, embora não as afirmasse <strong>de</strong> maneira dogmática.<br />
Era homem tolerante, indulgente, genial, muito espirituoso e <strong>de</strong> bom humor constante.<br />
Sabia dominar-se, e vivia conforme ensinava os outros. Conforme disse Platão a respeito<br />
<strong>de</strong>le: “..o melhor <strong>de</strong>ntre os que até então conhecêramos, e, mais ainda, o mais sábio e o<br />
mais justo”.<br />
É com as palavras assim citadas que termina o diálogo Fédon.<br />
86
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L4<br />
1- Quem não se afirmava pensador original, mas somente transmissor <strong>de</strong> idéias que ele<br />
tomara emprestado da antiguida<strong>de</strong>?<br />
A-Confúcio<br />
B-Orígenes<br />
2- A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Confúcio centraliza-se em torno do:<br />
A-Homem e seu bem estar<br />
B-Homem<br />
3- Cite as cinco relações car<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> Confúcio.<br />
A-1) Pai e filho, 2) Irmão mais velho e irmão mais novo,3) Marido e mulher, 4) Amigo<br />
e amiga, 5) Soberano esúdito<br />
B-1) Terra, 2) Fogo, 3) Ar, 4) Água, 5) Raio<br />
4- Quem tinha como regra áurea: “O que não quiseres que te seja feito, não o faça aos<br />
outros”?<br />
A-Platonismo<br />
B-Confucionismo<br />
5- Em que século os ensinamentos <strong>de</strong> Confúcio não se tornaram o i<strong>de</strong>al dominante na<br />
China?<br />
A-Século I a.C.<br />
B-Século II a.C.<br />
6- Que ano Heráclito viveu?<br />
A-540 a 475 a.C.<br />
B-541 a 500 a.C.<br />
7- Que cida<strong>de</strong> nasceu Heráclito?<br />
A-Atenas<br />
B-Éfeso<br />
8- Quem dizia que os vivos são os mortos e os mortos são os vivos?<br />
A-Heráclito<br />
B-Platão<br />
9- Logos é o princípio que permite a:<br />
A-Conduta <strong>de</strong> todas as coisas<br />
B-Conduta do pensamento<br />
10- Quem pensava que <strong>de</strong>uses po<strong>de</strong>m morrer e serem lamentados, não são <strong>de</strong>uses coisa<br />
alguma?<br />
A-Sócrates<br />
B-Heráclito<br />
87
11- Que razão foi posta <strong>à</strong> disposição do homem, o que lhe confere um imenso tesouro <strong>de</strong><br />
conhecimentos?<br />
A-A razão universal<br />
B-A razão empírica<br />
12- Que filósofo viveu por volta do ano <strong>de</strong> 515 a.C a 450 a.C e foi um dos mais<br />
importantes pré-socráticos?<br />
A-Xenofante<br />
B-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
13- Quem foi discípulo <strong>de</strong> Pitágoras e viveu no século VI a.C?<br />
A-Eurito <strong>de</strong> Crótona<br />
B-Tales <strong>de</strong> Mileto<br />
14- Lao Tzu viveu em que século?<br />
A-Século V a.C.<br />
B-Século VI a.C.<br />
15- Ao que se presume, quem foi o fundador da <strong>filosofia</strong> chinesa do taoísmo?<br />
A-Buda<br />
B-Lao Tzu<br />
16- Quem nasceu na Jônia em 499 a.C e se tornou famoso como homem notável do<br />
círculo <strong>de</strong> Péricles?<br />
A-Anaxágoras <strong>de</strong> Clazomenas<br />
B-Lau Tzu<br />
17- Quem dizia que todos os mundos evoluem partindo <strong>de</strong> causas naturais, tal como se<br />
dá como todas as formas <strong>de</strong> vida?<br />
A-Anaxágoras <strong>de</strong> Clazomenas<br />
B-Lao Tzu<br />
18- Zeno <strong>de</strong> Iléia, filósofo grego discípulo <strong>de</strong>:<br />
A-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
B-Sócrates<br />
19- Que ano viveu Zeno?<br />
A-480 a 430 a.C.<br />
B-490 a 430 a.C.<br />
20- Que época Empédocles viveu?<br />
A-478 a 431 a.C.<br />
B-490 a 430 a.C.<br />
21- Qual foi o filósofo grego que nasceu em Agrigontum,na ilha da Sicília?<br />
A-Empédocles<br />
B-Platão<br />
88
22- Que filósofo disse que começos e fins são apenas processos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contínuo<br />
eterno, o que produz misturas e separações?<br />
A-Empédocles<br />
B-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
23- Quanto ao pensamento metafísico, Empédocles cria na transmigração das almas, na<br />
doutrina daquela da alma e na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua restauração, através da roda do:<br />
A-Nascimento, por meio da transfiguração<br />
B-Renascimento, por meio da purificação<br />
24- Demócrito nasceu em que cida<strong>de</strong>?<br />
A-Em Atenas<br />
B-Em Ab<strong>de</strong>ra<br />
25- Que ano Demócrito viveu?<br />
A-460 a 370 a.C.<br />
B-461 a 371 a.C.<br />
26- Qual o número <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> Demócrito que merecem <strong>de</strong>staque?<br />
A-15<br />
B-11<br />
27- Que ano viveu Leucipo <strong>de</strong> Mileto?<br />
A-450 a 420 a.C.<br />
B-451 a 419 a.C.<br />
28- Quem foi o primeiro filósofo grego a produzir uma cosmologia atomista e claramente<br />
conhecida?<br />
A-Leucipo <strong>de</strong> Mileto<br />
B-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
29- Qual filósofo grego, discípulo <strong>de</strong> Pitágoras, nascido em meados do século V a.C?<br />
A-Filolau<br />
B-Pitágoras <strong>de</strong> Samos<br />
30- Quem pensava que os números eram a base <strong>de</strong> todas as coisas, o que representa um<br />
passo na direção da teoria atômica:<br />
A-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
B-Filolau<br />
31- Qual foi o filósofo grego jônico do século V a.C que foi discípulo <strong>de</strong> Anaxímenes e<br />
Anaxágoras?<br />
A-Diógenes <strong>de</strong> Apoloma<br />
B-Pitágoras <strong>de</strong> Samos<br />
32- Quem pensava que o ar seria o elemento básico que, mediante a con<strong>de</strong>nsações e<br />
rarefação, torna-se em tudo o mais?<br />
A-Platão<br />
B-Diógenes <strong>de</strong> Apoloma<br />
89
33- Quem foi filósofo e almirante grego que comandou a frota grega que combateu a frota<br />
ateniense, em cerca <strong>de</strong> 440 a.C?<br />
A-Melisso <strong>de</strong> Samos<br />
B-Aristóteles<br />
34- Que século viveu o filósofo Alcmêon <strong>de</strong> Crótona?<br />
A-Século IV a.C.<br />
B-Século V a.C.<br />
35- Que filósofo enfatizou a lei da harmonia universal,a qual se aplicava aos mundos<br />
natural e social?<br />
A-Akmêon <strong>de</strong> Crótona<br />
B-Aristóteles<br />
36- Qual o nome do filósofo grego, o místico notório em sua época, que fugiu <strong>de</strong> sua ilha<br />
nativa, Samos, a fim <strong>de</strong> escapar da tirania <strong>de</strong> Polícrates?<br />
A-Pitágoras <strong>de</strong> Samos<br />
B-Sócrates<br />
37- Quando Platão era jovem, Pitágoras já era uma figura:<br />
A-Ousada e carismática<br />
B-Legendária e misteriosa<br />
38- De quem é a idéia <strong>de</strong> que a Terra é um globo,localizado no centro do universo?<br />
A-Platão<br />
B-Pitágoras <strong>de</strong> Samos<br />
39- Pitágoras aplicava os números até mesmo aos:<br />
A-Valores éticos<br />
B-Métodos <strong>de</strong> construção<br />
40- O conceito <strong>de</strong> número <strong>de</strong> Pitágoras:<br />
A-Muito influenciou a Platão<br />
B-Muito influenciou a Sócrates<br />
41- Qual era a principal característica do Pitagoreanismo?<br />
A-Aplicação <strong>de</strong> números a todas as coisas<br />
B-Aplicação do Teorema <strong>de</strong> Pitágoras em todas as coisas<br />
42- A influência exercida por Pitágoras passou para Platão:<br />
A-E dai para o Neoplatonismo<br />
B-E dai para o Platonismo<br />
43- Nicômaco <strong>de</strong> Gerasa escreveu um tratado sobre os números, o que foi usado nas<br />
escolas durante mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z séculos.<br />
A-Ele ensinava que os números eram a essência das coisas<br />
B-Ele ensinava que os números existem na mente <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>s<strong>de</strong> toda eternida<strong>de</strong><br />
44- Que época Xenofante viveu?<br />
A-430 a 355 a.C.<br />
B-431 a 355 a.C.<br />
90
45- On<strong>de</strong> Xenofante nasceu?<br />
A-Em Atenas<br />
B-Em Roma<br />
46- Que época Diógenes <strong>de</strong> Sinope viveu?<br />
A-411 a 325 a.C.<br />
B-412 a 323 a.C.<br />
47- Que época Herácli<strong>de</strong> do Ponto viveu?<br />
A-388 a 315 a.C.<br />
B-389 a 314 a.C.<br />
48- On<strong>de</strong> nasceu Herácli<strong>de</strong>?<br />
A-Nasceu em Atenas<br />
B-Nasceu em Heracleia, no Porto, atualmente Eregli, na Turquia<br />
49- On<strong>de</strong> Sócrates nasceu?<br />
A-Em Atenas<br />
B-Em Alexandria<br />
50- Em que época Sócrates viveu?<br />
A-469 a 399 a.C.<br />
B-469 a 398 a.C.<br />
91
LIÇÃO 5<br />
Sócrates viveu durante o período <strong>de</strong> Péricles e da guerra do Peloponeso. Esse evento<br />
<strong>de</strong>u-lhe um senso <strong>de</strong> missão, acerca da salvação <strong>de</strong> Atenas.<br />
Sócrates era dotado <strong>de</strong> po<strong>de</strong>roso senso <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação ao que fazia, e era incansável em<br />
sua “pregação” filosófica. Não po<strong>de</strong>mos olvidar que a melhor parte da <strong>filosofia</strong> grega era,<br />
<strong>de</strong> fato, ao mesmo tempo, a melhor expressão religiosa do período clássico da Grécia, e<br />
que os filósofos antigos promoviam suas idéias mais ou menos como hoje fazem os<br />
evangelistas quanto <strong>à</strong> sua fé religiosa.<br />
Sócrates foi um filósofo sério, intensamente interessado na solução <strong>de</strong> problemas éticos,<br />
em contraste com os sofistas, que eram totalmente pragmáticos.<br />
Para dizer a verda<strong>de</strong>, ele fez <strong>de</strong> si mesmo um indivíduo inconveniente, indo <strong>de</strong> pessoa cm<br />
pessoa com suas incansáveis perguntas e exames, para ver se haveria alguma pessoa<br />
sábia em Atenas. Porém, nunca foi culpado das acusações <strong>de</strong> que o acusaram, como <strong>de</strong><br />
ateu e corrompedor da juventu<strong>de</strong>.<br />
Não obstante, foi con<strong>de</strong>nado pela assembléia ateniense, e fizeram-no beber cicuta.<br />
Isso posto, Sócrates tornou- se um dos maiores e mais inesquecíveis mártires da <strong>história</strong>.<br />
Na ocasião, Sócrates já tinha mais <strong>de</strong> setenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,e sua missão estava<br />
terminada, pelo que o <strong>de</strong>stino tomou conta <strong>de</strong>le, Fédon, um dos diálogos <strong>de</strong> Platão, é<br />
uma das mais dramáticas peças da literatura mundial a ver com a Grécia, registrando as<br />
últimas horas do gran<strong>de</strong> filósofo, e como ele enfrentou corajosamente a morte, sondando<br />
o que a sorte teria em reserva para ele e para todos os homens, com suas penetrantes<br />
perguntas.<br />
Separando Sócrates <strong>de</strong> Platão<br />
Sócrates nada escreveu mas os seus biógrafos, Platão e Xenofonte sem dúvida,<br />
forneceram-nos os fatos essenciais.<br />
É provável que os primeiros diálogos platônicos tenham apresentado razoavelmente bem<br />
as idéias <strong>de</strong> Sócrates, enquanto que os diálogos posteriores <strong>de</strong> Platão, por terem<br />
explorado a pesada metafísica <strong>de</strong> Sócrates (como a doutrina das Formas ou Idéias), sem<br />
dúvida representam o pensamento mais amadurecido <strong>de</strong> Platão.<br />
Os diálogos que se pensa representarem o melhor pensamento socrático são Apologia,<br />
Crito e Fédon; mas, no campo da ética, não há razão para duvidarmos <strong>de</strong> que aquilo em<br />
que Sócrates acreditava foi bem exposto (com adornos) em outras obras platônicas.<br />
Essencialmente, Sócrates foi um filósofo moral, que não nutria um interesse maior pela<br />
metafísica. Suas idéias éticas, com diferentes aplicações, exerceram gran<strong>de</strong> influência<br />
sobre Platão, sobre os filósofos cínicos, estóicos, cirenaicos e epicureus. E<br />
moralistas renascentistas, como Erasmo <strong>de</strong> Roterdã, valeram-se <strong>de</strong> subsídios fornecidos<br />
por quanto a algumas <strong>de</strong> suas idéias<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Sócrates;idéias:<br />
A Apologia <strong>de</strong> Platão informa-nos que o oráculo <strong>de</strong> Delfos asseverara que Sócrates era<br />
o homem mais sábio da Grécia.<br />
Mas Sócrates não acreditou nisso e lançou-se <strong>à</strong> investigação.<br />
Suas inquirições intermináveis examinaram pessoas <strong>de</strong> várias classes, e ele teve gran<strong>de</strong><br />
dificulda<strong>de</strong> para encontrar muita sabedoria entre os homens. E Sócrates foi forçado a<br />
admitir, no fim, que verda<strong>de</strong>iramente, ele era o homem mais sábio da Grécia. Ele não<br />
podia afirmar qualquer coisa <strong>de</strong> fora daquele país, visto que suas investigações não<br />
tinham extrapolado para além <strong>de</strong> suas fronteiras.<br />
No entanto, Sócrates reconhecia que nada sabia; porém, ele tinha um talento especial <strong>de</strong><br />
procurar a verda<strong>de</strong>, mediante os seus profundos diálogos. Seu lema tornou-se: “Conhecete<br />
a ti mesmo”.<br />
92
Ele acreditava que ser sábio é ser virtuoso.<br />
Segundo ele, se alguém soubesse realmente alguma coisa, agiria em harmonia com tal<br />
conhecimento. Além disso, para ele o ser humano é dotado <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável capacida<strong>de</strong>,<br />
e, presumivelmente, dotado <strong>de</strong> natureza metafísica. E assim, se chegasse a conhecer-se<br />
a si mesmo, naturalmente tornar-se-ia mais justo, visto que reagiria diante <strong>de</strong> sua própria<br />
gran<strong>de</strong>za.<br />
As respostas jazem em nosso interior, e a inquirição e os estados místicos po<strong>de</strong>m fazêlas<br />
vir a tona.<br />
Um outro importante conceito que ele <strong>de</strong>fendia foi expresso através do lema: “A vida nãoexaminada<br />
não é digna <strong>de</strong> ser vivida.” E foi assim que Sócrates lançou-se ao fanático<br />
exame <strong>de</strong> qualquer indivíduo que se atravessasse em seu caminho. As sessões formais<br />
<strong>de</strong> exame <strong>de</strong>ram origem aos diálogos <strong>de</strong> Platão. Talvez Platão não fosse um simples<br />
transmissor daquilo que ouvia, visto ser provável que ele conseguia injetar seus próprios<br />
pensamentos nas idéias emitidas por Sócrates. Mas também, conforme dissemos acima,<br />
a essência dos primeiros diálogos platônicos consistia nos conceitos socráticos.<br />
O Moscardo. Esse inseto é uma espécie <strong>de</strong> mosca que gosta <strong>de</strong> ferrar cavalos e outros<br />
animais. Quando Terroa a um homem, a dor é intensa. É uma mosca gran<strong>de</strong> da família<br />
Tabanidae, e gosta <strong>de</strong> atormentar cavalos e vacas. Ora, Sócrates era como um moscardo<br />
entre os homens, e suas ferroadas tornaram-se famosas por toda a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenas.<br />
Os homens <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong> queixavam-se, e até gritavam algumas vezes em altos brados,<br />
enquanto os jovens sentiam-se <strong>de</strong>liciados.<br />
Mas, além <strong>de</strong> ser um moscardo, ele era um parteiro espiritual e intelectual da maiêutica.<br />
O Método Socrático. Temos aí o método dialético <strong>de</strong> exame e ensino, gloriosamente<br />
ilustrado nos diálogos platônicos. Aquele que nunca os leu, quando o faz pela primeira<br />
vez, recebe a agradável surpresa <strong>de</strong> ver o quão habilidosamente esse método faz aflorar<br />
<strong>à</strong> superfície importantes idéias. Esses diálogos São prenhes <strong>de</strong> sagacida<strong>de</strong>, contendo<br />
excelentes inquirições filosóficas.<br />
Naturalmente, os lógicos profissionais têm sido capazes <strong>de</strong> perceber falácia nos mesmos,<br />
mas isso não macula sua beleza e graça em geral.<br />
Elementos do Método Socrático.l. O mestre <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar gran<strong>de</strong> paciência com<br />
seus estudantes, quando os questiona, procurando alguma conclusão <strong>de</strong>cente para os<br />
problemas que virem <strong>à</strong> tona. Sócrates evitava dizer aos alunos o que ele pensava sobre<br />
essa conclusão.<br />
1-Em alguns poucos diálogos platônicos, não se chega a qualquer conclusão, pelo que<br />
po<strong>de</strong>mos supor que Sócrates (ou Platão, conforme o caso) ainda não tinha qualquer<br />
conclusão fixas sobre a matéria em discussão.<br />
2-O aluno era gradualmente levado a enten<strong>de</strong>r qual era a resposta, e era o próprio aluno<br />
quem, finalmente, a proferia.<br />
3-Po<strong>de</strong>mos supor que a doutrina da reminiscência era uma idéia socrática, e não<br />
meramente uma idéia platônica.<br />
Isso significa que a alma já sabe quais são as respostas; elas estão armazenadas no<br />
próprio homem. Segundo os termos platônicos, esse conhecimento mana do fato <strong>de</strong> que<br />
a alma já esteve no mundo das Idéias ou Formas, sendo dotada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ou mesmo<br />
ilimitado conhecimento, que po<strong>de</strong> ser extraído por meio dos diálogos.<br />
Naturalmente, Platão acrescentou a intuição e as experiências místicas como<br />
instrumentos úteis para extração <strong>de</strong>sse conhecimento. Não sabemos se Sócrates também<br />
acreditava nesses outros meios, embora, em seu próprio caso, o fator místico participasse<br />
<strong>de</strong>ssa busca por respostas para os problemas morais. Seja como for, sem importar o<br />
método <strong>de</strong> extração o que se sabe acaba aflorando na mente consciente.<br />
4-A ironia <strong>de</strong> Sócrates. O mestre fingia ignorância, ao conduzir seus alunos para que<br />
dissessem aquilo que ele queria ouvir.<br />
93
5-O senso <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> missão. Sócrates dizia-se cônscio da orientação divina,<br />
pelo que suas indagações não eram superficiais.<br />
O Problema Socrático. Esse é o nome dado <strong>à</strong> inquirição sobre quanto das idéias <strong>de</strong><br />
Sócrates está embutido nos diálogos platônicos, e quanto pertence ao próprio Platão.<br />
Aristóteles reconheceu que Sócrates contribuíra para a <strong>filosofia</strong> quanto a duas coisas<br />
importantes: os argumentos indutivos e as <strong>de</strong>finições universais.<br />
O método dos diálogos é indutivo, e nesses diálogos Sócrates buscava prover <strong>de</strong>finições<br />
universais quanto a importantes questões éticas, como:<br />
a-no que consiste a pieda<strong>de</strong>? (que se vê no diálogo Eutifro).<br />
b-no que consiste o controle próprio? (que se-vê no diálogo Carmi<strong>de</strong>s).<br />
c-no que consiste a amiza<strong>de</strong>? (o que se vê no diálogo Lásis).<br />
A Ética. Esse era o enfoque principal das investigações <strong>de</strong> Sócrates, conforme Aristóteles<br />
afirmou.<br />
Um importante aspecto era a sua doutrina <strong>de</strong> que conhecimento é virtu<strong>de</strong>, o que significa<br />
que se um homem verda<strong>de</strong>iramente chegar a conhecer a verda<strong>de</strong>, ele a seguirá, pois,<br />
alegadamente, ninguém faria alguma coisa que sabia ser prejudicial a si mesmo. Mas,<br />
apesar <strong>de</strong>ssa regra ter um valor óbvio, muitas pessoas, em sua perversida<strong>de</strong>, mesmo<br />
quando sabem o que é certo, mostram-se auto<strong>de</strong>strutivas.<br />
Portanto, essa crença <strong>de</strong> Sócrates era ingênua.<br />
O bem sobre o qual Sócrates falava é aquilo que conduz um individuo <strong>à</strong> verda<strong>de</strong>ira<br />
felicida<strong>de</strong>, e, sem a bonda<strong>de</strong> e a justiça não há tal coisa como a felicida<strong>de</strong>. Há um prazer<br />
na prática do bem, mas a justiça é mais importante que o prazer.<br />
Nos diálogos Crito e Fédon é nos ensinado o importante princípio que sempre é melhor<br />
sofrer do que praticar o mal. Essa doutrina distingue claramente Sócrates dos filósofos<br />
sofistas, que eram pragmáticos. Naturalmente, Sócrates acreditava que, no outro lado da<br />
existência, prevalece a justiça, e que recompensas ou castigos apropriados garantem a<br />
vitória final do bem sobre o mal.<br />
No entanto, ele mostrou-se dogmático: mesmo que não exista um outro lado da<br />
existência, e mesmo que nesse outro lado da existência as injustiças não sejam<br />
corrigidas, ainda assim é melhor praticar o bem do que o mal, embora isso faça o<br />
individuo pa<strong>de</strong>cer.<br />
Aquele que age <strong>de</strong> acordo com essa regra, fortalece-se espiritualmente e torna-se um<br />
homem melhor. Mas aquele que se acovarda e pratica o mal, a fim <strong>de</strong> evitar a dor,<br />
<strong>de</strong>bilita-se espiritualmente e mostra-se prejudicial para si mesmo, em última análise.<br />
Sócrates argumentava contra o suicídio, e não há que duvidar que sua linha <strong>de</strong> raciocínio<br />
<strong>de</strong> que é melhor sofrer do que praticar o mal, era uma consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse<br />
argumento.<br />
A Alma Imortal. Homero concebia a alma como uma espécie <strong>de</strong> fantasma que a<strong>de</strong>ja por<br />
sobre o indivíduo, mas não dotada <strong>de</strong> raciocínio, pelo que não possuiria vida real,<br />
conforme po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>finir o termo vida.<br />
Porém, Platão, Xenofonte e Isócrates expuseram sólidas doutrinas da alma, sendo<br />
razoável pensarmos que Sócrates também assim pensava. Naturalmente, é verda<strong>de</strong> que<br />
ele mantinha um ceticismo brando acerca das realida<strong>de</strong>s metafísicas. No entanto, ele<br />
afirmava a existência da alma <strong>de</strong> forma cautelosa, não-dogmática.<br />
O diálogo Fédon apresenta excelentes argumentos racionais em favor da existência da<br />
alma, que nunca serão ultrapassados, embora a <strong>filosofia</strong> posterior tenha acrescentado<br />
muitos subsídios. Mas, não sabemos quanto <strong>de</strong>sse diálogo pertence a Sócrates e quanto<br />
pertence a Platão. Seja como for, porém, po<strong>de</strong>mos supor que certa essência do mesmo<br />
pertencia a Sócrates, embora talvez não os raciocínios fantasiosos, que já pertenceriam a<br />
Platão. Mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, essa doutrina está <strong>de</strong>finidamente ligada aos motivos<br />
pelos quais o homem <strong>de</strong>ve praticar o bem.<br />
94
A vida presente não é a única consi<strong>de</strong>ração na ética.<br />
Outrossim, o fortalecimento da alma <strong>de</strong>ve ser nossa principal preocupação, e a prática do<br />
bem promove esse fortalecimento, ao passo que a prática do mal é a gran<strong>de</strong> inimiga <strong>de</strong><br />
todo homem, tanto agora quanto no outro lado da existência. Um dos resultados <strong>de</strong>ssa<br />
maneira <strong>de</strong> pensar é que assim damos valor ao sofrimento, uma idéia que os filósofos<br />
sofistas repudiavam.<br />
A idéia da imortalida<strong>de</strong> da alma como a noção das Idéias ou Formas aparecem ambas no<br />
diálogo Fédon. Mas a maioria dos filósofos duvida que a segunda <strong>de</strong>ssas doutrinas<br />
pertencesse, realmente, a Sócrates. Quanto <strong>à</strong> questão dos Universais , Sócrates parece<br />
ter <strong>de</strong>fendido o conceito conceptualista, ao passo que Paulo <strong>de</strong>senvolveu isso até chegar<br />
ao realismo.<br />
O Homem Como Objeto da Ciência. Sócrates promoveu uma forma <strong>de</strong> humanismo,<br />
entendido em bom sentido. Os sistemas éticos variam <strong>de</strong> indivíduo para individuo, porém,<br />
em um nível subjacente há o homem imutável, que é forçado a conhecer-se a si mesmo,<br />
daí tirando proveito.<br />
A Alma Boa. A alma, uma vez expurgada <strong>de</strong> excesso, — <strong>de</strong> tal modo a po<strong>de</strong>r agir<br />
apropriado e virtuosamente, era o gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Sócrates. A mente humana,<br />
<strong>de</strong>vidamente educada, buscaria a virtu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a crença <strong>de</strong> Sócrates. A<br />
sabedoria é o gran<strong>de</strong> alvo <strong>de</strong>sses i<strong>de</strong>ais.<br />
Os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>vem dominar os atos; e esses i<strong>de</strong>ais atuam mediante a atração, e não pela<br />
força. As idéias existem fora do tempo, no mundo dos conceitos, bem como na Mente<br />
Universal.<br />
Influência <strong>de</strong> Sócrates. Platão, Aristóteles e as diversas escolas socráticas sentiram<br />
fortemente a influência <strong>de</strong> Sócrates. Aristóteles pensava em Sócrates como o fundador da<br />
ciência da ética.<br />
Sócrates pavimentou o caminho para certos conceitos fundamentais do estoicismo, e o<br />
cristianismo veio a proclamar os princípios da universalida<strong>de</strong>, da provi<strong>de</strong>ncia divina e da<br />
fraternida<strong>de</strong> dos homens.<br />
Platão<br />
No grego, Platão parece estar relacionado a pistas, “largo”. Não se sabe por qual motivo<br />
ele era assim chamado, embora muitos opinem que isso se <strong>de</strong>via a alguma característica<br />
física <strong>de</strong>le, talvez um rosto largo, um nariz achatado, ou coisa parecida. Suas datas<br />
aproximadas são 428 a.C-347 a.C. Platão nasceu em Atenas.<br />
Platão foi um dos mais brilhantes filósofos e autores <strong>de</strong> todos os tempos, cuja influência<br />
tem sido enorme, na <strong>filosofia</strong> e na teologia. Era filho <strong>de</strong> Áriston e Perictione, e ambos<br />
pertenciam a famílias atenienses tradicionais. Platão <strong>de</strong>scendia <strong>de</strong> Sólon. Seu pai faleceu<br />
quando ele ainda era jovem, e seu padrasto, Pirilampo, era elemento ativo na política e na<br />
vida social <strong>de</strong> Atenas. Ele recebeu uma boa e completa educação. Foi contemporâneo <strong>de</strong><br />
Górgias e <strong>de</strong> Protágoras (ao qual ouviu conferenciando).<br />
Seu primeiro mestre foi Crátilo. Platão foi o maior estudante <strong>de</strong> Sócrates e, por sua vez,<br />
foi o mestre <strong>de</strong> Aristóteles. Isócrates e Xenócrates também foram contemporâneos seus.<br />
Com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinte anos, Platão tomou-se um ardoroso discípulo <strong>de</strong> Sócrates. Este<br />
último, porém, foi executado em 399 A.C.<br />
Platão iniciou a sua própria aca<strong>de</strong>mia quando atingiu os quarenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Aristóteles estava com trinta e sete anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quando Platão morreu, tendo<br />
pertencido <strong>à</strong> aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>ste pelo espaço <strong>de</strong> vinte anos. Naqueles dias, as universida<strong>de</strong>s<br />
não tinham cursos rápidos, como hoje em dia têm, e um estudante geralmente era<br />
também um discípulo, pelo que a relação mestre-aluno prolongava-se por muitos e muitos<br />
anos, na maioria dos casos. Não havia formatura formal, e a erudição era uma ocupação<br />
95
pessoal, e não apenas algo que alguém seguia a fim <strong>de</strong> tomar-se um profissional para<br />
po<strong>de</strong>r ganhar a vida, segundo se verifica em nossos próprios dias.<br />
O interesse primário <strong>de</strong> Platão era a política. Após a morte <strong>de</strong> Sócrates (o que <strong>de</strong>siludiu<br />
para sempre a fé <strong>de</strong> Platão na <strong>de</strong>mocracia ateniense), Platão <strong>de</strong>ixou Atenas, passou<br />
algum tempo viajando e, ao que parece, tencionava usar Siracusa como uma espécie <strong>de</strong><br />
centro <strong>de</strong> uma experiência na qual ele buscaria fundar um sistema político em um estado<br />
perfeito.<br />
Há uma <strong>história</strong> (que po<strong>de</strong> ser apenas lendária) <strong>de</strong> que a sua visita a Siracusa terminou<br />
sendo ele aprisionado, vendido <strong>à</strong> escravidão, até que, finalmente, foi libertado por um<br />
amigo.<br />
Seja como for, ele retornou a Atenas em 388 A.C., e foi então que ele fundou a sua<br />
famosa aca<strong>de</strong>mia (que teve longa duração).<br />
De Volta a Siracusa. A primeira visita <strong>de</strong> Platão a Siracusa fora em visita a Dion, o<br />
cunhado do tirano Dionísio. Quando este último morreu, Platão foi convidado a voltar, a<br />
fim <strong>de</strong> supervisionar a educação <strong>de</strong> Dionísio II. Isso Platão fez, mas não permaneceu por<br />
longo tempo. Voltou a Siracusa, porém, pela terceira vez (em 361 AC.), aparentemente na<br />
esperança <strong>de</strong> obter aprovação para a formação <strong>de</strong> uma fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s-estado<br />
gregas para opor-se a Cartago, mas não obteve bom êxito na tentativa.<br />
Platão ficou <strong>de</strong>sapontado em suas aventuras no campo da política e em seu<br />
relacionamento com os políticos. Ele continuou a filosofar sobre esse campo, mas sua<br />
aca<strong>de</strong>mia ocupou-se em uma larga varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e interesses.<br />
Influência <strong>de</strong> Platão. Alguém já disse: “Platão é <strong>filosofia</strong>”, e isso não é um exagero muito<br />
gran<strong>de</strong>. Até certo ponto, ele <strong>de</strong>senvolveu as seis disciplinas fundamentais da <strong>filosofia</strong>, a<br />
saber: a gnosiologia, a metafísica, a política, a lógica, a estética e a ética. Naturalmente, a<br />
<strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna é estudada em suas três divisões principais: a lógica, a ética e a<br />
metafísica. Mas também <strong>de</strong>vemos pensar sobre a influência <strong>de</strong> Platão sobre a religião em<br />
geral, no neoplatonismo e na Igreja Cristã, por meio <strong>de</strong> vários dos mais antigos dos pais<br />
da Igreja, como Justino Mártir, Irineu, Clemente <strong>de</strong> Alexandria, Orígenes e Agostinho. Não<br />
é exagero referirmo-nos a Sócrates, Platão e Aristóteles como os Três Gran<strong>de</strong>s da<br />
<strong>filosofia</strong> antiga.<br />
A Fé <strong>de</strong> Platão. Disse ele: “Que <strong>de</strong>veríamos ser melhores e mais corajosos e menos<br />
incapazes, se pensarmos que <strong>de</strong>vemos inquirir algo, em vez <strong>de</strong> nos darmos licença <strong>de</strong><br />
fantasiar que não há como saber das coisas e nem utilida<strong>de</strong> em procurar saber aquilo que<br />
não sabemos; esse é um tema acerca do qual estou preparado a lutar, em palavra e em<br />
ações, até on<strong>de</strong> vão as minhas forças”.<br />
A Morte <strong>de</strong> Platão. Platão viveu uma vida longa. Somos informados <strong>de</strong> que ele estava<br />
em companhia <strong>de</strong> seus amigos, a fim <strong>de</strong> discutir e <strong>de</strong>senvolver um outro diálogo.<br />
Subitamente ele se foi, aparentemente sem qualquer sofrimento. Platão faleceu com a<br />
ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oitenta anos. E seu sobrinho, Espeusipo (um biólogo), tomou-se o<br />
proprietário e o diretor da aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão. Mas essa aca<strong>de</strong>mia prosseguiu<br />
funcionando até 529 D.C.<br />
A Aventura <strong>de</strong> Platão. Platão não encetou gran<strong>de</strong>s viagens, e nem houve muitos<br />
acontecimentos chocantes em sua vida. Porém, a mente <strong>de</strong> bem poucos homens tem<br />
feito viagens mentais e espirituais como a mente <strong>de</strong>le. Além <strong>de</strong> sua intelectualida<strong>de</strong>,<br />
po<strong>de</strong>mos reconhecer sua profunda pieda<strong>de</strong>. A riqueza <strong>de</strong> seus ensinos e <strong>de</strong> suas<br />
expressões só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente apreciada por aqueles que <strong>de</strong>dicam tempo <strong>à</strong> leitura<br />
dos seus diálogos. Nenhuma <strong>de</strong>scrição, como aquela que damos abaixo, po<strong>de</strong> substituir a<br />
leitura dos diálogos <strong>de</strong> Platão.<br />
Em certo sentido, Platão foi o Moisés da antiga cultura grega.<br />
96
Teoria do Conhecimento<br />
A Ênfase <strong>de</strong> Platão. Ele estava convencido <strong>de</strong> que a percepção dos sentidos afasta-nos<br />
do verda<strong>de</strong>iro conhecimento, longe <strong>de</strong> levar-nos ao mesmo. Ele cria que a percepção<br />
física é apenas a percepção <strong>de</strong> um mundo <strong>de</strong> imitações (o mundo dos particulares, que<br />
correspon<strong>de</strong> ao nosso mundo físico).<br />
A verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong> consiste no mundo das Idéias ou Formas (o que <strong>de</strong>screvo sob a<br />
terceira seção, abaixo). Subindo pela escadaria epistemológica, Platão chegava em<br />
seguida <strong>à</strong> razão, a qual, segundo ele pensava, é capaz <strong>de</strong> dar-nos algum conhecimento<br />
válido, como no campo da ética.<br />
Porém, acima da razão encontramos a intuição, capaz <strong>de</strong> captar algum conhecimento que<br />
nem a percepção dos sentidos e nem a razão são capazes <strong>de</strong> fazê-lo. Porém, o modo<br />
mais elevado <strong>de</strong> conhecimento é o misticismo , segundo o qual po<strong>de</strong>ríamos contemplar<br />
diretamente as Idéias.<br />
Naturalmente, segundo Platão, somente a morte po<strong>de</strong> livrar a alma <strong>de</strong> sua prisão, o<br />
corpo material, permitindo que a mente venha a tomar conhecimento das verda<strong>de</strong>s<br />
realmente profundas.<br />
A mente, sendo similar e <strong>de</strong>rivada das Idéias (ou Universais), é a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong> e<br />
a fonte real do conhecimento, e não os cinco sentidos físicos, que apenas distorcem a<br />
realida<strong>de</strong>. A alma humana faz parte da razão pura, a Nous.<br />
O conhecimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma inquirição muita ampla, mas tudo está envolvido na<br />
inquirição espiritual do homem e na ética. A coisa mais elevada a ser buscada é a<br />
bonda<strong>de</strong>, o Universal que a tudo governa. O mundo verda<strong>de</strong>iro é imutável, conforme<br />
Parmêni<strong>de</strong>s ensinava. Esse mundo verda<strong>de</strong>iro (dos Universais) não está sujeito aos<br />
sentidos físicos, <strong>de</strong>vendo ser buscado por meio da razão, da intuição e das experiências<br />
místicas.<br />
A percepção dos sentidos é o meio da imaginação, a qual é a forma mais básica e<br />
menos digna <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> conhecimento. A imaginação sofisticada chega a tornar-se<br />
opinião; mas mesmo nesse nível, são obtidas apenas imitações das idéias. A percepção<br />
dos sentidos continua a ser o manancial <strong>de</strong>ssa área do conhecimento.<br />
A razão e a sua manipulação participam do conhecimento no outro lado da principal linha<br />
divisória (linha dupla). Esse é o terceiro passo ascen<strong>de</strong>nte. Encontramos aí o<br />
conhecimento matemático, lógico e cientifico. O método dialético é empregado como<br />
auxiliar, nessa inquirição.<br />
O Quarto Passo Ascen<strong>de</strong>nte. Acima da razão e da intuição acham-se as experiências<br />
místicas, incluindo a própria contemplação das Idéias (Universais). Nesse ponto, cessam<br />
as imitações e a alma passa a conhecer diretamente as Idéias.<br />
A alma, eterna e <strong>de</strong>rivada dos Universais, tem esse conhecimento embutido em si<br />
mesma; mas, mediante exercícios, a dialética e a contemplação, ela po<strong>de</strong> “relembrar”<br />
aquilo <strong>de</strong> que já tem conhecimento subconsciente.<br />
A reminiscência, pois, é uma importante doutrina platônica no tocante <strong>à</strong> teoria do<br />
conhecimento. O conhecimento completo só po<strong>de</strong> chegar até <strong>à</strong> alma quando esta <strong>de</strong>ixa o<br />
nosso mundo dos particulares (o mundo físico), porquanto aqui as percepções físicas<br />
servem <strong>de</strong> obstáculo ao conhecimento.<br />
A<strong>de</strong>mais, o tipo <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> em que aqui vivemos é uma realida<strong>de</strong> secundária, que<br />
apenas imita a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong>.<br />
Somente o espírito puro po<strong>de</strong> conhecer o espírito puro.<br />
Observação sobre o Terceiro Passo. Esse terceiro passo, que provavelmente é on<strong>de</strong> se<br />
registram os processos matemáticos, Platão tomou por empréstimo dos ensinos <strong>de</strong><br />
Pitágoras. Ali a realida<strong>de</strong> seria dotada das proprieda<strong>de</strong>s próprias dos números.<br />
A ciência tem <strong>de</strong>monstrado a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse conceito, embora sem o envolvimento na<br />
metafísica. Os números concebidos por Platão não eram meros átomos.<br />
97
Antes, envolviam realida<strong>de</strong>s metafísicas <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os particulares obtêm seus números<br />
mediante a imitação.<br />
Platão fazia do estudo da matemática um importante empreendimento em sua aca<strong>de</strong>mia,<br />
e não apenas por amor <strong>à</strong> própria matemática, e, sim, porque esse estudo disciplina a<br />
mente, em face <strong>de</strong> suas implicações metafísicas. É nesse passo que também <strong>de</strong>vemos<br />
situar a lógica. Novamente, a lógica não <strong>de</strong>ve ser estudada somente por causa <strong>de</strong> seus<br />
próprios méritos, mas por ser uma gran<strong>de</strong> ajuda na obtenção do conhecimento, conforme<br />
se vê no processo dialético empregado por Sócrates em seus diálogos, um estilo que<br />
também foi adotado por Platão.<br />
Em sua estética (como em seu diálogo Simpósio), Platão postulou que o processo<br />
ascen<strong>de</strong>nte do conhecimento é energizado por eros (amor), mediante o qual passamos<br />
<strong>de</strong> um grau <strong>de</strong> beleza para o próximo e, finalmente, encontramos Deus, a Idéia do Belo,<br />
on<strong>de</strong> estão contidas todas as idéias <strong>de</strong> beleza.<br />
Em sua ética (como na maioria <strong>de</strong> seus diálogos), a Bonda<strong>de</strong> é o principal universal, pelo<br />
que toda busca pelo conhecimento <strong>de</strong> algum modo está envolvido em princípios éticos.<br />
Não sabemos das coisas meramente pelo prazer <strong>de</strong> sabê-las. Sabemos das coisas a<br />
fim <strong>de</strong> nos aprimorarmos: sabemos a fim <strong>de</strong> conhecer o Bem. Os diálogos <strong>de</strong> Platão,<br />
República e Filebo, dão-nos um quadro sobre a ascensão do conhecimento, mediante o<br />
impulso emprestado pelo Bem.<br />
A verda<strong>de</strong> absoluta, em Platão, talvez <strong>de</strong>va ser vista como a interpenetração do Um, da<br />
Beleza e da Bonda<strong>de</strong>, que seriam aspectos do Absoluto e que são tratados em diferentes<br />
diálogos platônicos. Seja como for, em seu diálogo intitulado Leis, a palavra grega theós,<br />
“Deus”, substitui as Idéias, e Deus torna-se ali o universal todo abrangente. Temos ali<br />
uma espécie <strong>de</strong> monoteísmo, embora, provavelmente, Platão não estivesse pensando em<br />
termos <strong>de</strong> um Deus pessoal, segundo se vê na tradição hebreu-cristã.<br />
Deus, por conseguinte, é o alvo <strong>de</strong> todo o conhecimento, bem como o <strong>de</strong>pósito absoluto<br />
do conhecimento. Todo conhecimento resume-se na busca por Deus. Presumivelmente,<br />
a obtenção do conhecimento é uma realização espiritual, visto envolver questões básicas<br />
como o Um, a Bonda<strong>de</strong> e a Beleza. As experiências perto da morte concordam em fazerse<br />
do Amor e do Conhecimento as gran<strong>de</strong>s pedras fundamentais da existência humana,<br />
como as principais coisas que <strong>de</strong>veríamos cultivar. Não está em foco o conhecimento<br />
simplesmente para conhecermos as coisas, mas <strong>de</strong>vemos procurar saber a fim <strong>de</strong> nos<br />
tornarmos melhores. O Um <strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s é o Absoluto <strong>de</strong> Platão. E esse Absoluto<br />
incorpora todos os universais, especialmente aqueles três maiores: a Bonda<strong>de</strong>, a Verda<strong>de</strong><br />
e a Beleza.<br />
As idéias são inatas, porquanto a alma já tinha conhecimento das Idéias e havia<br />
contemplado as mesmas, tendo todo o conhecimento armazenado na mente. Todo<br />
conhecimento, portanto, seria uma reminiscência.<br />
O choque do nascimento apaga o conhecimento inato possuído pelos homens. Um<br />
homem reencarna- se “como se” estivesse nascendo pela primeira vez. Nenhum ser<br />
humano po<strong>de</strong> levar sobre seus ombros, para a eternida<strong>de</strong>, todo o conhecimento; e assim,<br />
por um ato <strong>de</strong> misericórdia, o nascimento envolve o olvido daquilo que a alma apren<strong>de</strong>u<br />
em suas viagens celestiais e em suas muitas reencarnações.<br />
As almas que renascem neste mundo têm que atravessar as correntezas do<br />
esquecimento.<br />
Portanto, elas voltam “como se” aquele fosse o seu primeiro nascimento.<br />
No entanto, usando expressões <strong>de</strong> Jung, todo esse conhecimento permanece na mente<br />
inconsciente, po<strong>de</strong>ndo ser parcialmente recuperado através da dialética (raciocínio), da<br />
intuição e das experiências místicas.<br />
Platão con<strong>de</strong>nava os sofistas, em face do fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pendiam da percepção dos<br />
sentidos, com seu resultante ceticismo . Platão tinha a certeza <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos saber das<br />
98
coisas, e que o esforço nesse sentido po<strong>de</strong> produzir os efeitos <strong>de</strong>sejados. O mundo<br />
percebido pelos sentidos encontra-se em um fluxo segundo as idéias <strong>de</strong> Heráclíto.<br />
Todavia, este mundo físico não é o mundo verda<strong>de</strong>iro. O mundo verda<strong>de</strong>iro imutável,<br />
absoluto, perfeito e eterno.<br />
Metafísica<br />
a-Platão concordava com os sofistas <strong>de</strong> que o conhecimento da natureza verda<strong>de</strong>ira das<br />
coisas é impossível através dos sentidos físicos.<br />
b-Contra os sofistas, a <strong>de</strong>speito disso, o conhecimento metafísico é possível por meio da<br />
razão, da intuição e do misticismo.<br />
c-Há uma afinida<strong>de</strong> da mente humana com a natureza espiritual do universo (conforme<br />
Sócrates havia dito).<br />
d-O real é imutável e eterno (segundo Parmêni<strong>de</strong>s <strong>de</strong>clarou),<br />
e-A verda<strong>de</strong>ira natureza é pluralista (conforme os atomistas insistiram).<br />
f-O dualismo: existem tanto a mente quanto a matéria (conforme Anaxágoras ensinava).<br />
g-Os Universais (ou Idéias) formam uma hierarquia <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s e valores. São perfeitos<br />
e absolutos, mas irradiam-se da Bonda<strong>de</strong>, o Universal supremo.<br />
h-Entre o mundo das Idéias e o mundo dos particulares (o nosso mundo físico) há uma<br />
barreira <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>. O mundo dos particulares é apenas uma imitação do mundo das<br />
I<strong>de</strong>ias.<br />
Os particulares são cópias da realida<strong>de</strong> e possuem uma realida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira, posto que<br />
inferior. Defen<strong>de</strong>ndo esse ponto <strong>de</strong> vista, pois, Platão era um dualista, e não um i<strong>de</strong>alista<br />
absoluto.<br />
Características das Idéias (ou Universais). As Idéias são divinas, absolutas, perfeitas,<br />
infensas <strong>à</strong> passagem do tempo, infensas ao espaço, imutáveis, eternas, racionais,<br />
imateriais.<br />
Po<strong>de</strong>m ser conhecidas através da razão, da intuição e das experiências místicas, como<br />
na contemplação.<br />
Esses seriam os arquétipos que foram usados pelo Demiurgo, quando este criou o mundo<br />
dos particulares. As próprias idéias seriam as Noúmena, coisas relacionadas <strong>à</strong> Nous, “a<br />
mente”. As idéias são imateriais.<br />
Características dos Particulares. Estes são limitados, imperfeitos, temporais, espaciais,<br />
materiais e mutáveis. Po<strong>de</strong>m ser conhecidos através da percepção dos sentidos.<br />
São reais, embora em menor grau que as Formas (Idéias ou Universais).<br />
São constituídos <strong>de</strong> acordo com o padrão provido pelas I<strong>de</strong>ias.<br />
O mundo dos particulares é o nosso mundo físico, um lugar <strong>de</strong> ilusão e imitação, e não o<br />
mundo da realida<strong>de</strong> e da verda<strong>de</strong> que procuramos. Os particulares estão vinculados aos<br />
fenômenos, coisas relacionadas <strong>à</strong> percepção dos sentidos, ou seja, coisas materiais.<br />
O Dualismo. Visto que Platão não ensinava que somente a mente é real, segue-se que<br />
ele era um dualista, apesar do fato <strong>de</strong> que ele atribuía ao mundo físico uma realida<strong>de</strong><br />
secundária.<br />
O Um do Hilozoísmo e <strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser equiparado <strong>à</strong> Bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Platão (a<br />
Forma mais elevada) ou <strong>à</strong> Beleza (a forma superior no seu diálogo Simpósio).<br />
O Deus Único. No diálogo platônico, Leis, o termo grego theós (Deus) substitui o<br />
vocábulo Idéias. Encontramos aí certa forma <strong>de</strong> monoteísmo. As Idéias, em face disso,<br />
tornam-se atributos <strong>de</strong> Deus, em vez <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s distintas, embora ainda não <strong>de</strong>vamos<br />
pensar em termos <strong>de</strong> um Deus pessoal, <strong>de</strong>ntro do contexto dos escritos <strong>de</strong> Platão.<br />
O Homem Como um Ser Bidimensional, isto é, participante do mundo das Idéias e do<br />
mundo dos particulares. A alma do homem é imaterial, embora o seu corpo seja<br />
material. O corpo físico seria o sepulcro ou prisão da alma.<br />
99
O conhecimento e o amor libertam o indivíduo do mundo dos particulares, fazendo-o<br />
começar a retornar aos mundos eternos.<br />
Porém, seriam necessárias muitas reencarnações para que o indivíduo aprenda as lições<br />
necessárias e obtenha o progresso moral e espiritual necessário a fim <strong>de</strong> recuperar os<br />
mundos eternos. Contudo, o homem que tiver posto seriamente o seu pé na vereda<br />
espiritual, não haverá <strong>de</strong> falhar, finalmente.<br />
A Alma do Homem origina-se no mundo das Idéias, pelo que ela é uma fagulha <strong>de</strong><br />
Deus. A alma é eterna, embora a individualização tenha tomado lugar <strong>de</strong>ntro do tempo.<br />
A alma, tal como as formas, é auto-existente, ou seja, é dotada <strong>de</strong> uma vida necessária e<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
O mundo universal é a pátria da alma, sendo também o mundo na direção do qual a alma<br />
esforça-se por avançar.<br />
A alma caiu em <strong>de</strong>gradação, aparentemente porque alguma corrupção interna<br />
<strong>de</strong>senvolveu-se, e também por ter tido curiosida<strong>de</strong> acerca <strong>de</strong>ste mundo <strong>de</strong> materialida<strong>de</strong>,<br />
resolvida a experimentá-lo.<br />
E a experiência foi <strong>de</strong>sastrosa.<br />
A alma ficou cativa neste mundo, e somente através da purificação e do progresso<br />
espiritual e moral ela é capaz <strong>de</strong> livrar-se <strong>de</strong>ste mundo material.<br />
A unida<strong>de</strong> com Deus é o alvo buscado pelo homem.<br />
O Demiurgo. De acordo com a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão, esse foi o po<strong>de</strong>r que criou o mundo<br />
dos particulares, em consonância com o mo<strong>de</strong>lo do mundo das I<strong>de</strong>ias. O Demiurgo<br />
ocupa, a grosso modo, a posição do Logos, no cristianismo.<br />
A Mente. Essa seria a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong>, e tudo <strong>de</strong>ve sua forma e essência a esse<br />
princípio permanente das coisas. A alma humana faz parte da razão pura (Nous). Em<br />
parte seria espiritual, em suas porções mais nobres, mas seria parcialmente material,<br />
<strong>de</strong>vido aos seus apetites e paixões inferiores, <strong>de</strong>rivados do corpo físico.<br />
A alma racional veio residir no corpo físico. Nas reencarnações, a alma vai e volta, que<br />
atinge libertação, por meio do <strong>de</strong>senvolvimento espiritual e moral.<br />
O Mundo em fluxo <strong>de</strong> Heráclito, no mundo dos particulares. Parmêni<strong>de</strong>s, em sua i<strong>de</strong>ia<br />
do Um, combinava po<strong>de</strong>res e entida<strong>de</strong>s do mundo das I<strong>de</strong>ias.<br />
A Essência das Coisas consistiria em suas formas necessárias (as categorias <strong>de</strong><br />
Aristóteles), a forma geral por meio da qual concebemos as coisas.<br />
A Realida<strong>de</strong> como Idéia. As I<strong>de</strong>ias, ou arquétipos, são inumeráveis e constituem o<br />
cosmos racional, o mundo bem organizado e eterno. O universo é um sistema lógico <strong>de</strong><br />
idéias, uma unida<strong>de</strong> orgânica e espiritual, governada por propósitos i<strong>de</strong>ais, tudo <strong>de</strong>rivado<br />
da Idéia do Bem. Portanto, o universo é um todo racional e moral, uma unida<strong>de</strong> que<br />
combina inúmeros elementos.<br />
A percepção dos sentidos não consegue apreen<strong>de</strong>r esse mundo; mas essa apreensão<br />
vem pela razão, pela intuição e pelas experiências místicas, conforme se verifica na<br />
contemplação, ainda que isso se faça <strong>de</strong> maneira apenas parcial, por enquanto.<br />
E somente quando a alma vê-se liberta do corpo físico é que a grandiosida<strong>de</strong> do mundo<br />
superior po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente apreciada.<br />
Realismo Radical. Visto que Platão vinculava a realida<strong>de</strong> ao seu mundo das Idéias, o<br />
seu conceito é chamado realismo radical. Os universais realmente existiriam como<br />
entida<strong>de</strong>s espirituais.<br />
Política<br />
Platão iniciou a sua carreira filosófica intensamente interessado pela política. Passou por<br />
várias experiências adversas, que o <strong>de</strong>siludiram; mas ele conservou pelo menos um<br />
interesse acadêmico sobre a questão, até o fim da vida.<br />
100
As noções políticas <strong>de</strong> Platão são permeadas por um elevado senso moral. A política,<br />
para ele, é a conduta i<strong>de</strong>al do Estado, tal como a ética é a conduta i<strong>de</strong>al do individuo.<br />
Muitas das idéias políticas <strong>de</strong> Platão <strong>de</strong>rivavam-se <strong>de</strong> suas idéias sobre a ética.<br />
A política busca o bem maior da socieda<strong>de</strong> humana. As virtu<strong>de</strong>s obrigatórias em qualquer<br />
bom Estado são: a virtu<strong>de</strong>, a coragem, o autocontrole e a justiça.<br />
A vida social existe a fim <strong>de</strong> aperfeiçoar os indivíduos.<br />
As leis são necessárias, porquanto os homens não são racionais e nem virtuosos. As leis<br />
<strong>de</strong>vem ter em vista o verda<strong>de</strong>iro bem do ser humano, e não a satisfação <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>sejos<br />
<strong>de</strong>senfreados.<br />
Classes da Socieda<strong>de</strong><br />
Os filósofos <strong>de</strong>veriam ser a classe governante, e <strong>de</strong>veriam receber treinamento político<br />
durante um longo período <strong>de</strong> tempo. Dessa classe emergiria o homem mais sábio e mais<br />
justo <strong>de</strong> todos, o Rei-Filósofo. Ele seria o homem mais justo e direito, e não meramente o<br />
mais po<strong>de</strong>roso. Destacar-se-ia <strong>de</strong>ntre a massa, após certo período <strong>de</strong> tempo, mediante<br />
vários testes que o distinguiriam dos <strong>de</strong>mais homens. Os filósofos <strong>de</strong>veriam ser a classe<br />
racional, e <strong>de</strong>veriam ser aptos governantes, que tivessem por alvo verda<strong>de</strong>ira justiça.<br />
Dentro <strong>de</strong>ssa porção mais elevada da socieda<strong>de</strong>, imperaria uma forma pura <strong>de</strong><br />
comunismo. Platão concebia um comunismo elitista que abarcasse um pequeno e seleto<br />
grupo <strong>de</strong> pessoas. Ele não pensava que esse princípio pu<strong>de</strong>sse ser aplicado <strong>à</strong>s massas,<br />
que são irracionais, e continuam cativas das vicissitu<strong>de</strong>s dos sentidos e das paixões vis.<br />
A<strong>de</strong>mais, ele não pensava que o princípio <strong>de</strong>mocrático pu<strong>de</strong>sse jamais ser atingido em<br />
um estado i<strong>de</strong>al. Ele chamava a <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong> “caos feliz, durante algum tempo”. No<br />
homem individua, essa classe correspon<strong>de</strong> <strong>à</strong> razão humana. O princípio racional é que<br />
<strong>de</strong>ve governar ao indivíduo e <strong>à</strong> socieda<strong>de</strong>.<br />
A sabedoria seria a principal virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa classe.<br />
Os guerreiros. Uma coletivida<strong>de</strong> precisa contar com soldados e policiais, para sua<br />
proteção, por mais in<strong>de</strong>sejável que seja essa questão. Essa segunda classe<br />
correspon<strong>de</strong>ria ao “elemento espiritual” do indivíduo.<br />
Essa parte espiritualizada ‘correspon<strong>de</strong> <strong>à</strong> vonta<strong>de</strong>, nos indivíduos.<br />
A vonta<strong>de</strong> sairia em <strong>de</strong>fesa da boa or<strong>de</strong>m, e a manteria. Essa parte espiritualizada seria<br />
aliada da razão, tal como suce<strong>de</strong> no caso do indivíduo, on<strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> auxilia a razão em<br />
seus empreendimentos.<br />
O comportamento corajoso seria a principal virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa segunda classe.<br />
Os trabalhadores (cidadãos comuns). Entre esses po<strong>de</strong>ríamos alistar os agricultores, os<br />
artesãos, os comerciantes e os produtores <strong>de</strong> toda varieda<strong>de</strong>. Cada indivíduo teria uma<br />
tarefa que contribuiria para o bem da totalida<strong>de</strong>. Essa terceira classe representaria os<br />
apetites inferiores do indivíduo. A principal virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa classe <strong>de</strong>veria ser a obediência,<br />
porquanto tais homens raramente são sábios e racionais. E também não se mostram<br />
muito corajosos em relação <strong>à</strong> honestida<strong>de</strong> e <strong>à</strong> ‘justiça. A obediência precisa manifestar-se<br />
sob a forma <strong>de</strong> autocontrole e temperança.<br />
Quando cada classe estivesse preenchendo as suas funções, e exibindo suas principais<br />
virtu<strong>de</strong>s necessárias, então a coletivida<strong>de</strong> operaria suavemente, como uma unida<strong>de</strong>. Nela<br />
haveria equilíbrio. Da mesma maneira que cada indivíduo precisa possuir as virtu<strong>de</strong>s<br />
acima mencionadas, assim também a socieda<strong>de</strong>, como um todo, <strong>de</strong>ve possuí-las. Assim<br />
sendo, a ética estaria <strong>à</strong> base da política. Quando assim não suce<strong>de</strong>, instala-se o caos,<br />
pois tal socieda<strong>de</strong> estará enferma.Platão, em seu diálogo República, apresenta esse<br />
ponto <strong>de</strong> vista do Estado e <strong>de</strong> sua conduta i<strong>de</strong>al.O diálogo Leis, escrito mais tar<strong>de</strong>,<br />
modificou algumas <strong>de</strong>ssas idéias, enfatizando mais o principio da liberda<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong>,<br />
ou seja, a noção da liberda<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>, impulsionada pela vonta<strong>de</strong> moral.<br />
101
A legislação, pois, apresentaria uma segunda melhor alternativa, e não o Estado i<strong>de</strong>al. A<br />
lei <strong>de</strong>ve governar suprema, e a obediência <strong>de</strong>ve ser prestada por todos. Aqueles que<br />
governam <strong>de</strong>vem ter subido aos postos <strong>de</strong> mando mediante uma série <strong>de</strong> testes e<br />
distinções, e não totalmente por algum movimento das massas ou através do astucioso<br />
jogo político.<br />
As leis importantes (conforme aquelas <strong>de</strong>scritas no diálogo Leis), <strong>de</strong>veriam ser tidas<br />
como supremas, e a obediência precisaria ser imposta. Todas as leis <strong>de</strong>vem visar ao bem<br />
dos cidadãos. Os governantes <strong>de</strong>vem ser homens treinados, justos e sábios.<br />
A riqueza material <strong>de</strong>ve ser mo<strong>de</strong>rada; a proprieda<strong>de</strong> privada precisa ser respeitada;<br />
<strong>de</strong>veria haver ministros da justiça, da legislação e da educação.<br />
A educação reveste-se, para Platão, <strong>de</strong> notável importância, e <strong>à</strong>s mulheres <strong>de</strong>veriam ser<br />
dados direitos e oportunida<strong>de</strong>s iguais, sendo elas educadas da mesma maneira que os<br />
homens. (Esse conceito era revolucionário, nos dias <strong>de</strong> Platão).<br />
As principais disciplinas da educação <strong>de</strong>veriam ser: a música, a ginástica, a matemática e<br />
a <strong>filosofia</strong>.<br />
A política, como uma ciência, <strong>de</strong>veria ser salientada.<br />
A censura tornar-se-ia necessária, e o ateísmo <strong>de</strong>veria ser punido como um crime.<br />
A escravidão seria aceitável; o nacionalismo <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>sencorajado; as viagens para<br />
fora do Estado <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>veriam ser restringidas.<br />
Alguns intérpretes têm comentado sobre a natureza inconveniente <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>ssas<br />
idéias <strong>de</strong> Platão.<br />
É possível que, com a passagem dos anos, Platão tenha sofrido da rigi<strong>de</strong>z comum ao<br />
envelhecimento do cérebro.<br />
Seja como for, algumas <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias são excelentes, mas outras não se ajustam bem <strong>à</strong><br />
gran<strong>de</strong>za da mente <strong>de</strong>le.<br />
Naturalmente, todos os homens, pelo menos em parte, são produtos <strong>de</strong> sua própria<br />
época, embora também possam transcendê-la.<br />
Estética<br />
As Idéias. Entre as noções <strong>de</strong> Platão a respeito da estética, estão aquelas que abordam<br />
as questões das belas-artes. A estética <strong>de</strong> Platão tem por base essa teoria. Todos os<br />
particulares apenas imitam os universais. Isso posto, qualquer obra <strong>de</strong> arte imita um ou<br />
mais universais.<br />
O universal que permeio a estética é a beleza. No seu diálogo, Simpósio, Platão dá<br />
posição suprema a esse universal, pelo que Deus seria a Beleza Suprema, e toda obra <strong>de</strong><br />
arte, em algum sentido, <strong>de</strong>ve esforçar-se por atingir esse i<strong>de</strong>al.<br />
A arte não consegue, porém, chegar muito perto da Beleza, porquanto, na realida<strong>de</strong>, é<br />
apenas uma imitação <strong>de</strong> uma imitação, Um homem pinta o retrato <strong>de</strong> uma linda mulher;<br />
mas, como é óbvio, seu trabalho <strong>de</strong> arte, sem importar quão artístico, não será tão belo<br />
quanto o mo<strong>de</strong>lo vivo. Todavia, a beleza da mulher é apenas um minúsculo reflexo da<br />
beleza da Idéia Suprema do belo.<br />
Assim sendo, uma obra <strong>de</strong> arte fica bastante distante do I<strong>de</strong>al.<br />
Po<strong>de</strong>mos conhecer o sentido <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> arte mais através do intelecto, da intuição<br />
ou da contemplação, do que através da produção real da mesma. Sócrates queixava-se<br />
<strong>de</strong> que quase qualquer pessoa po<strong>de</strong> apresentar uma melhor interpretação da poesia do<br />
que os próprios poetas, visto que as pessoas falam intuitivamente. O Rei-Filósofo<br />
concebido por Platão, dotado <strong>de</strong> toda a sua sabedoria, seria supremo intérprete das<br />
artes, porquanto ele estaria mais próximo da Realida<strong>de</strong>. Assim sendo, ele po<strong>de</strong>ria<br />
promover uma censura que livrasse as pessoas <strong>de</strong> uma arte má.<br />
Um poeta, ao escrever sobre a imortalida<strong>de</strong>, estaria produzindo uma espécie <strong>de</strong> imitação<br />
que unia idéia sua, que ele possuiria através da razão, da intuição ou da contemplação;<br />
102
mas seu poema po<strong>de</strong>ria somente dar indícios da grandiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse assunto. Não<br />
obstante, não estaria ausente o discernimento do poeta, porquanto existe uma Realida<strong>de</strong><br />
que o poeta é capaz <strong>de</strong> sentir.<br />
As artes imitam, essencialmente, a natureza, a qual está sujeita <strong>à</strong> nossa percepção; mas<br />
a própria natureza é apenas uma imitação da Supernatureza, o mundo das Idéias.<br />
As artes estimulam o intelecto e a intuição humanos, levando os homens a receber<br />
vislumbres da Realida<strong>de</strong> superior. A música, a dança, a <strong>de</strong>clamação, a poesia, a<br />
escultura, a pintura, etc., expressam a apreciação natural do homem pela harmonia, pelo<br />
ritmo e pela beleza; mas essas coisas são apenas imitações da beleza, da harmonia <strong>de</strong><br />
proporções e do ritmo das Esferas Celestes.<br />
A arte uma espécie <strong>de</strong> adivinhação daquilo que o mundo universal e eterno, refletido<br />
em nosso mundo dos particulares, embora não possa, realmente, incorporá-lo. A arte é<br />
uma espécie <strong>de</strong> eco da eternida<strong>de</strong>.<br />
A arte po<strong>de</strong> ensinar lições espirituais e morais em sua obra imitativa. Mas coube a<br />
Aristóteles fazer a arte <strong>de</strong>scer novamente <strong>à</strong> terra, ao ensinar que a arte consiste,<br />
essencialmente, em prazer, embora essa <strong>de</strong>finição não fosse aceitável para Platão.<br />
Ciência Natural<br />
Embora a aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão estivesse pesadamente envolvida nas ciências naturais<br />
(seu sobrinho, Espeusipo, vi<strong>de</strong>, que era biólogo, tomou o lugar do tio, por ocasião do<br />
falecimento <strong>de</strong>ste), o próprio Platão não se interessava muito pela ciência, por si mesma.<br />
Ele chamava suas idéias sobre a questão <strong>de</strong> “opiniões prováveis”.<br />
A ciência <strong>de</strong> Platão estava entremeada com noções metafísicas.<br />
Quase tudo quanto ele tinha a dizer sobre o assunto está encerrado em seu diálogo<br />
Timeu, A categoria do Ser é representado pelo Deus eterno, que está em comunhão com<br />
as formas universais. Po<strong>de</strong>mos pressupor, com base nisso, que ele não estava falando<br />
em termos <strong>de</strong> um Deus pessoal. A categoria do Tornar-se é representada pela Alma do<br />
Mundo, um iniciador automovido <strong>de</strong> todas as transformações.<br />
Ele chamava isso <strong>de</strong> “imagem impulsionadora da eternida<strong>de</strong>”, uma bela <strong>de</strong>finição que<br />
aparece no escrito Timeu. Com o tempo, todas as coisas exibem sua contraparte na<br />
eternida<strong>de</strong>, recebendo vida por meio <strong>de</strong>ssas contrapartes.<br />
A Alma do Mundo, por si só, não transpõe o gran<strong>de</strong> abismo entre os particulares e os<br />
universais.<br />
Para tanto, Platão sentiu necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> postular o Demiurgo, uma espécie <strong>de</strong> conceito<br />
do Logos, que aparece no Novo Testamento.<br />
Os Números. Platão entendia a realida<strong>de</strong> dos números em todas as coisas, o que tem<br />
sido amplamente ilustrado pela teoria atômica. Esse conceito ele tomou por empréstimo<br />
dos pitagoreanos, para então dar-lhe sua própria torção. As Idéias estariam envolvidas<br />
em números, e os próprios números refletiriam os Números celestes.<br />
O Receptáculo. O mundo material seria uma espécie <strong>de</strong> receptáculo das funções e da<br />
realida<strong>de</strong> das Idéias, uma matriz <strong>de</strong>ntro do espaço-tempo, que as recebe e é moldada por<br />
elas.<br />
Os Processos na Natureza. Deus teria criado o mundo material a partir <strong>de</strong> elementos já<br />
existentes no mundo das Idéias, ou seja, <strong>de</strong> elementos preexistentes, utilizando as Idéias<br />
como base <strong>de</strong> operação, ou como mo<strong>de</strong>los. O espaço, pois, foi <strong>de</strong>finido por Platão como<br />
“o receptáculo comum do tornar-se”, o lugar on<strong>de</strong> as coisas estão sujeitas a alteração e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, o que se localiza, como é óbvio, no mundo dos particulares.<br />
A ciência <strong>de</strong> Platão fala em três níveis <strong>de</strong> estudos:<br />
a-A astronomia, que é a ciência que explica o plano cósmico total. Nossa ignorância,<br />
quanto a isso, é profunda, e falamos somente em termos <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s.<br />
103
-A física, a biologia, etc., estudam os objetos físicos individuais.<br />
c-A medicina e a psicologia estudam os organismos vivos, especialmente o organismo<br />
humano.<br />
O Problema do Mal. Naturalmente, esse assunto faz parte da ética. Mas, visto que a<br />
própria criação está tão <strong>de</strong>nsamente envolvida nisso, é legitima aqui uma palavra a<br />
respeito. O Deus concebido por Platão não era onipotente, ou, pelo menos, não impunha<br />
a sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo absoluto.<br />
O mal é uma realida<strong>de</strong> presente. Partículas elementares comportam-se mecanicamente,<br />
e as coisas po<strong>de</strong>m sair erradas. A vonta<strong>de</strong> humana po<strong>de</strong> perverter-se, e, com freqüência,<br />
perverte-se.<br />
Os elementos do mundo dos particulares conduzem-se <strong>de</strong> forma egoísta, sem consi<strong>de</strong>rar<br />
os propósitos mais amplos e mais nobres das Idéias éticas.<br />
A liberda<strong>de</strong> é uma realida<strong>de</strong>, e isso com freqüência contribui para as pessoas <strong>de</strong>sviarem-<br />
se da linha reta.<br />
Aristóteles. Ele foi um dos maiores cientistas <strong>de</strong> todos os tempos. Durante vinte anos, foi<br />
estudante <strong>de</strong> Platão. Isso <strong>de</strong>monstra que a aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão dava gran<strong>de</strong> valor <strong>à</strong>s<br />
ciências naturais. Mas os próprios escritos <strong>de</strong> Platão <strong>de</strong>monstram que, pessoalmente, ele<br />
não se interessava muito por assuntos científicos.<br />
Platonismo<br />
Platonismo é o nome que se dá <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong> geral <strong>de</strong> Platão, especialmente em sua doutrina<br />
das Idéias, como o mais distintivo elemento <strong>de</strong>ssa <strong>filosofia</strong>, embora também inclua<br />
qualquer elemento específico <strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong>, ou sua <strong>filosofia</strong> emprestada a outrem,<br />
utilizada e incorporada nos escritos <strong>de</strong> filósofos e teólogos posteriores.<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão e os sistemas posteriores, influenciados por ele.<br />
O platonismo alicerça-se sobre a dialética <strong>de</strong> Sócrates, como método <strong>de</strong> inquirição; sua<br />
principal característica é que os objetos do pensamento (idéias, formas, noumena) são<br />
eternamente reais, em oposição aos objetos transitórios e relativamente irreais da<br />
percepção dos sentidos (phenómena).<br />
O homem po<strong>de</strong> obter conhecimento (epistemê) das Idéias, mas só po<strong>de</strong> atingir opiniões<br />
(doxa) acerca dos fenômenos... O alvo da vida é o conhecimento da verda<strong>de</strong> e o controle<br />
dos indivíduos e da socieda<strong>de</strong> pela razão, embora Platão também manifestasse pendores<br />
místicos. O platonismo tem exercido gran<strong>de</strong> influência sobre o pensamento cristão.<br />
Estágios da Filosofia <strong>de</strong> Platão<br />
Período Socrático. Platão foi po<strong>de</strong>rosamente influenciado por seu mestre, Sócrates, pelo<br />
que abordava principalmente questões éticas. Cabem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse período vários<br />
diálogos: Apologia; Hipias Menor; Carmi<strong>de</strong>s; Laques; Lisis; Eutifro; Crito e Protágoras.<br />
Durante esse período, além das questões éticas, Platão produziu severas críticas contra<br />
as idéias e os métodos dos sofistas; também <strong>de</strong>senvolveu a dialética, ou o uso do<br />
diálogo; e foi emergindo a sua crença nos Universais.<br />
A posição <strong>de</strong> Sócrates parece ter sido o conceitualismo, ao passo que a opinião final <strong>de</strong><br />
Platão veio a ser o realismo radical.<br />
Antes disso, achamos em Platão a ênfase religiosa. Platão sofria a influência do orfismo,<br />
para não dizer que Sócrates era homem <strong>de</strong> oração, que acreditava na orientação divina e<br />
algumas vezes entrava em transe, buscando soluções para os seus problemas éticos.<br />
E também somos informados <strong>de</strong> que Platão era pessoa <strong>de</strong>vota.<br />
A In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Platão. Sócrates havia feito algumas afirmações sobre questões<br />
metafísicas, embora não fosse, ele mesmo, um metafísico. Mas Platão tornou-se um<br />
porta-voz importantíssimo <strong>de</strong> certas crenças metafísicas.<br />
104
Contudo, coube a seu estudante, Aristóteles, <strong>de</strong>senvolver a lógica <strong>de</strong>dutiva <strong>de</strong> maneira<br />
formal.<br />
A esse período expansivo pertencem os seguintes diálogos:<br />
Fedro; Górgias: Meno; Enti<strong>de</strong>mo; Teocteto; Sofista; Político; Parmêni<strong>de</strong>s; Crátilo.<br />
Conclusão finais da vida <strong>de</strong> Platão foram <strong>de</strong>dicados <strong>à</strong> preparação dos diálogos<br />
seguintes: Simpósio; Fedo; Filebo; Repu’blica; Timeu; Críticas e Leis. Certas idéias<br />
avançadas <strong>de</strong>le diziam respeito <strong>à</strong> natureza da beleza; provas da existência da alma e sua<br />
sobrevivência diante da morte; teorias políticas.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Platão;idéias:<br />
Ante um pensador universal como foi Platão, é difícil distinguir-se algumas poucas idéias<br />
e então dizer: Isto exprime Platão. Platão usou <strong>de</strong> vários mitos a fim <strong>de</strong> ilustrar o seu<br />
pensamento. A Metáfora da Caverna <strong>de</strong> Platão, po<strong>de</strong>-se comparar esse método <strong>de</strong><br />
ensino com as parábolas <strong>de</strong> Jesus.<br />
No campo da psicologia, Platão <strong>de</strong>senvolveu um significativo pronunciamento racional em<br />
favor da imortalida<strong>de</strong> da alma (no diálogo Fedo), que nunca foi ultrapassado. Em Fedo, a<br />
alma humana aparece com duas porções distintas: a razão e os apetites, o que explica a<br />
sua luta moral, vacilando entre o bem e o mal.<br />
No terreno da política, Platão <strong>de</strong>senvolveu o importante conceito <strong>de</strong> que a pieda<strong>de</strong> faz<br />
parte da justiça, e que o principal governante <strong>de</strong> qualquer lugar também <strong>de</strong>ve ser o mais<br />
justo, e não apenas o mais po<strong>de</strong>roso. Somente um indivíduo realmente espiritual po<strong>de</strong> ser<br />
um bom governante. Após o Rei-Filósofo, aparecem os nobres, os quais <strong>de</strong>vem ser<br />
espiritualmente nobres, e não apenas dotados da falsa nobreza das riquezas materiais.<br />
Platão promovia certa forma <strong>de</strong> aristocracia, o governo dos melhores. Mas isso ele <strong>de</strong>finia<br />
em termos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira nobreza e sabedoria, e não em termos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, através do<br />
dinheiro ou da força militar, o que usualmente caracteriza a aristocracia das nações. Ele<br />
fornece-nos <strong>de</strong>talhes em seus diálogos República e Leis. Para a elite governante, Platão<br />
concebia um comunismo puro, em que seus membros compartilhassem <strong>de</strong> todas as<br />
coisas entre si, em amor e harmonia. Mas ele não pensava que as massas populares,<br />
com seus apetites <strong>de</strong>senfreados e sua irracionalida<strong>de</strong>, pu<strong>de</strong>ssem ser capazes <strong>de</strong>ssa<br />
forma <strong>de</strong> governo.<br />
No âmbito da gnosiologia, Platão <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava a percepção dos sentidos. Por outra<br />
parte, falava em termos favoráveis sobre a razão, melhor ainda sobre a intuição, e<br />
exaltava supremamente a contemplação, nas experiências místicas, como a melhor<br />
maneira <strong>de</strong> obtermos conhecimento das coisas.<br />
As Idéias (Formas, Universais). A mais distintiva doutrina platônica era a das Idéias, as<br />
entida<strong>de</strong>s eternas e espirituais do Mundo celeste, <strong>de</strong> acordo com as quais o mundo dos<br />
particulares (o nosso mundo físico) foi moldado. Essas Idéias estão organizadas segundo<br />
certa hierarquia, <strong>de</strong>ntro da qual o Bem é o elemento superior, que controla a todos os<br />
<strong>de</strong>mais. As coisas físicas, por sua vez, são meras imitações <strong>de</strong>sses arquétipos.<br />
A Filosofia da Religião. Platão sofreu a influência do Orfismo; ele era homem <strong>de</strong>voto.<br />
Criticava as divinda<strong>de</strong>s imorais do politeísmo grego, e nem ao menos poupou aos escritos<br />
<strong>de</strong> Homero, que os gregos tinham como a sua Bíblia, o seu Livro Sagrado. Seu diálogo,<br />
Eutifro, foi o primeiro livro a ser composto a apresentar, especificamente, uma <strong>filosofia</strong> da<br />
religião. A alma ocupava posição central na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão, e ele reconhecia a<br />
necessida<strong>de</strong> que a alma tem <strong>de</strong> purificação e salvação. O Bem platônico era o Deus <strong>de</strong><br />
Platão, ainda que no seu diálogo, Simpósio, a Beleza seja o principal universal. No<br />
diálogo Leis, Platão chegou bem perto do monoteísmo, tendo chamado genericamente<br />
as Idéias <strong>de</strong> Deus (no grego, theós). Porém, não po<strong>de</strong>mos ter certeza <strong>de</strong> que ele falava<br />
em termos <strong>de</strong> um Deus pessoal, <strong>à</strong> maneira judaico-cristã. Platão chegou ao conceito <strong>de</strong><br />
um Deus pessoal, nesse caso, as Idéias já aparecem em certos artigos como atributos <strong>de</strong><br />
105
Deus. Deus é referido como Pai, Construtor, Criador, Planejador e Arquiteto, embora não<br />
tivesse criado as coisas do nada, conforme se tornou comum pensar na tradição cristã.<br />
Antes, Deus teria organizado tudo a partir do caos. O mundo físico teria sido feito pelo<br />
Demiurgo, equivalente platônico do Logos da antiga <strong>filosofia</strong> grega, e então do<br />
cristianismo (ver João 1:1-14).<br />
O marcante dualismo <strong>de</strong> Platão parece fazer <strong>de</strong> Deus um Ser finito. O tipo <strong>de</strong> dualismo<br />
platônico exerceu um profundo efeito sobre o pensamento cristão. A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão<br />
proveu um modo <strong>de</strong> expressão da teologia cristã que foi muito utilizado pelos primeiros<br />
pais da Igreja. Hegel observou que a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão ensinou-nos quão próxima <strong>de</strong><br />
Deus está a razão humana, e quão verda<strong>de</strong>iramente está unida <strong>à</strong> Razão divina. Isso<br />
provê um ponto <strong>de</strong> vista filosófico acerca <strong>de</strong> como o homem po<strong>de</strong> ter comunhão com<br />
Deus e com a realida<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>ntal. A <strong>de</strong>scrição platônica do drama sagrado da alma<br />
tem inspirado a muitas mentes, antigas e mo<strong>de</strong>rnas.<br />
A Reunião com o Ser Divino. Na imortalida<strong>de</strong> platônica há mais do que uma<br />
interminável repetição <strong>de</strong> mortes e renascimentos. Para Platão, o correto <strong>de</strong>stino<br />
consiste em recuperar seu direito <strong>de</strong> primogenitura <strong>de</strong> reunião com o eterno do qual é<br />
parente, e do qual, <strong>de</strong> alguma maneira, ela se separara. Esse <strong>de</strong>stino ela po<strong>de</strong>rá cumprir<br />
renunciando repetidamente ao mundo dos sentidos e refugiando-se no inteligível e<br />
perene, até que, finalmente, se tenha purificado suficientemente da escória <strong>de</strong>sta terra. E<br />
então, chegado o momento <strong>de</strong> sua liberação, a alma escapa a roda da reencarnação,<br />
saindo inteiramente do círculo do tempo, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser duradoura e unindo-se ao<br />
eterno.<br />
Em sua discussão sobre o amor no Simpósio, ele nos fez familiarizar com essa<br />
imortalida<strong>de</strong> mística, incessante, separada do tempo, sobrepessoal.<br />
Estágios do Desenvolvimento Histórico do Platonismo<br />
1-A época do próprio Platão (até 347 A.C.).<br />
2-A Antiga Aca<strong>de</strong>mia (347-247 A.C.). Espeusipo substituiu a Platão e enfatizou os<br />
elementos pitagoreanos e éticos do platonismo. Apesar <strong>de</strong> Aristóteles ter sido o maior dos<br />
estudantes <strong>de</strong> Platão, suas idéias eram por <strong>de</strong>mais diferentes das <strong>de</strong> Platão para ele ser<br />
consi<strong>de</strong>rado um platônico.<br />
3-A Aca<strong>de</strong>mia Média (247-129 A.C.) inacreditável, mas a aca<strong>de</strong>mia fundada por Platão<br />
caiu no ceticismo. Arcesilau (315-241 A.C.) recomendava a suspensão <strong>de</strong> todo<br />
julgamento; e Carnéa<strong>de</strong>s (213-129 A.C.) fazia das probabilida<strong>de</strong>s seu guia na vida. Esses<br />
lí<strong>de</strong>res não produziram qualquer literatura conhecida.<br />
4. A Terceira e a Quarta Aca<strong>de</strong>mias, até 529 D.C.<br />
5. O Neoplatonismo. Po<strong>de</strong>-se dizer que o tempo da predominância do platonismo foi<br />
entre 250 e 529 D.C., embora nem por isso tais idéias tenham <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> exercer<br />
po<strong>de</strong>rosa influência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. Amônio Saccas (175-242 D.C.) é consi<strong>de</strong>rado o<br />
fundador <strong>de</strong>sse sistema. Plotino foi um significativo aplicador do platonismo. Suas datas<br />
foram 203-279 D.C. O neoplatonismo era uma espécie <strong>de</strong> adaptação religiosa <strong>de</strong> idéias<br />
platônicas, enfatizando o misticismo, o dualismo, as emanações, o drama sagrado da<br />
alma, a purificação, o retorno da alma <strong>à</strong> união com Deus.<br />
O pecado original, em termos gerais, consiste na união da alma com a materialida<strong>de</strong>; e a<br />
re<strong>de</strong>nção da alma consiste em sua separação final da matéria.<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que Orígenes incorporou em sua teologia elementos do neoplatonismo; e<br />
Agostinho fez outro tanto, mesmo porque, durante algum tempo, foi um filósofo<br />
neoplatônico.<br />
Os pais gregos da Igreja foram muito influenciados pelas idéias platônicas, tendo usado a<br />
<strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platão como veículo <strong>de</strong> expressão da teologia cristã. Para eles, a alma obtém<br />
106
sua re<strong>de</strong>nção ao encontrar união com Deus, e não meramente quando abandona este<br />
mundo físico e fixa residência nas dimensões celestiais.<br />
6. O Platonismo Alexandrino. Filo <strong>de</strong> Alexandria foi um <strong>de</strong>stacado filósofo-teólogo ju<strong>de</strong>u<br />
neoplatônico. Ele explicava Moisés através dos olhos <strong>de</strong> Platão. Os pais gregos <strong>de</strong><br />
Alexandria, isto é, Clemente (falecido em 220 D.C.) e Orígenes (cerca <strong>de</strong> 185-253 D.C.),<br />
estiveram muito envolvidos no pensamento platônico, tornando-o um veículo <strong>de</strong><br />
expressão <strong>de</strong> sua teologia. Outro tanto se <strong>de</strong>u com Boethius, <strong>de</strong> Roma (470-525 D.C.).<br />
7. O Platonismo Durante a Ida<strong>de</strong> Média. A influência <strong>de</strong> Platão continuou crescendo,<br />
até cerca <strong>de</strong> 1200 D.C., quando, através <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino, começou a influência <strong>de</strong><br />
Aristóteles sobre a teologia cristã, <strong>de</strong> maneira marcante.<br />
João Scotus foi uma importante personagem quanto a esse <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Também po<strong>de</strong>mos mencionar Erigena, que viveu aproximadamente <strong>de</strong> 800 a 877 e<br />
Anselmo, que viveu entre 1033 e 1109 D.C.<br />
A Escola <strong>de</strong> Chartres era <strong>de</strong> orientação platônica. Os intelectuais da Ida<strong>de</strong> Média<br />
andaram muito ocupados na discussão sobre os Universais, e o realismo radical <strong>de</strong><br />
Platão, como é apenas natural, ocupou um papel proeminente nessa discussão. Os<br />
fra<strong>de</strong>s franciscanos perpetuaram as idéias <strong>de</strong> Platão e <strong>de</strong> Agostinho.<br />
8-A <strong>filosofia</strong> islâmica foi significativamente influenciada tanto por Platão quanto por<br />
Aristóteles, on<strong>de</strong> o neoplatonismo <strong>de</strong>sempenha uso importantíssimo papel.<br />
9-Durante a Renascença, — Nicolau <strong>de</strong> Cusa e Petrarca, como também a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong><br />
Florença procuraram transferir a aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão para a Itália. Esse reavivamento foi<br />
ajudado pelas <strong>filosofia</strong>s <strong>de</strong> Pleto, Ficino e Pico Della Mirandola.<br />
107
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L 5<br />
1- Quais foram os biógrafos <strong>de</strong> Sócrates?<br />
A-Platão e Xenofonte<br />
B-Aristóteles<br />
2- As idéias éticas <strong>de</strong> Sócrates exerceram gran<strong>de</strong> influência sobre quem?<br />
A-Platão, sobre os filósofos cínicos, estóicos, cirenaicos e epicureus<br />
B-Aristóteles e Xenofonte<br />
3- A Apologia <strong>de</strong> Platão informa-nos que o oráculo <strong>de</strong> Delfos asseverara que:<br />
A-Sócrates era o homem mais sábio da Grécia<br />
B-Sócrates era o homem mais culto da Grécia<br />
4- Esses diálogos são exemplos <strong>de</strong> sagacida<strong>de</strong>,contendo:<br />
A-Excelentes inquisições teológicas<br />
B-Excelentes inquisições filosóficas<br />
5- O aluno era gradualmente levado a enten<strong>de</strong>r qual era a resposta,<br />
A-Mesmo enten<strong>de</strong>ndo pouco <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong><br />
B-E era o próprio aluno quem finalmente a proferia<br />
6- Qual era o enfoque principal das investigações <strong>de</strong> Sócrates conforme Aristóteles<br />
afirmou?<br />
A-A Ética<br />
B-A Estética<br />
7- Nos diálogos Crito e Fédon é nos ensinado o importante princípio que sempre é<br />
melhor:<br />
A-Sofrer do que praticar o bem<br />
B-Sofrer do que praticar o mal<br />
8- Naturalmente, Sócrates acreditava que, no outro lado da existência, prevalece a justiça,<br />
e que recompensas ou castigos apropriados garantem a vitória:<br />
A-Final do bem sobre o mal<br />
B-Final do mal sobre o bem<br />
9- Quem concebia a alma como uma espécie <strong>de</strong> fantasma que a<strong>de</strong>ja por sobre o<br />
indivíduo?<br />
A-Homero<br />
B-Isócrates<br />
10- Quais os três filósofos que expuseram sólidas doutrinas da alma?<br />
A-Sócrates e Homero<br />
B-Platão, Xenofonte e Isócrates<br />
11- Quem ensinava que a alma, uma vez expurada <strong>de</strong> excesso, <strong>de</strong> tal modo a po<strong>de</strong>r agir<br />
apropriado e virtualmente?<br />
A-Sócrates<br />
B-Aristóteles<br />
108
12- Os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>vem dominar os atos; e esses i<strong>de</strong>ais atuam mediante a atração,<br />
A-E não pela lógica<br />
B-E não pela força<br />
13- Quem pavimentou o caminho para certos conceitos fundamentais do estoicismo?<br />
A-Sócrates<br />
B-Homero<br />
14- Que época Platão viveu?<br />
A-429 a 345 a.C.<br />
B-428 a 347 a.C.<br />
15- Que cida<strong>de</strong> Platão nasceu?<br />
A-Roma<br />
B-Atenas<br />
16- Com quantos anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Platão iniciou a sua própria aca<strong>de</strong>mia?<br />
A-Quando atingiu os 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
B-Quando atingiu os 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
17- Quem era o mais brilhante estudante <strong>de</strong> Platão,que entrou em sua aca<strong>de</strong>mia em 367<br />
a.C?<br />
A-Aristóteles<br />
B-Sócrates<br />
18- Com que ida<strong>de</strong> Platão morreu?<br />
A-Com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80 anos<br />
B-Com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 70 anos<br />
19- Após a morte <strong>de</strong> Platão quem tornou-se o proprietário e o diretor da aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong><br />
Platão?<br />
A-Xenofonte<br />
B-Seu sobrinho Espeusipo<br />
20- Em certo sentido, Platão foi o Moisés da:<br />
A-Antiga religião grega<br />
B-Antiga cultura grega<br />
21- Quem estava convencido <strong>de</strong> que a percepção dos sentidos afasta-nos do verda<strong>de</strong>iro<br />
conhecimento?<br />
A-Platão<br />
B-Sócrates<br />
22- Quem ensinava que o mundo verda<strong>de</strong>iro é imutável?<br />
A-Parmêni<strong>de</strong>s<br />
B-Xenofonte<br />
23- Acima da razão e da intuição, acham-se as:<br />
A-Experiências ocultas<br />
B-Experiências místicas<br />
109
24- Não sabemos das coisas meramente pelo prazer <strong>de</strong> sabê-las:<br />
A-Sabemos das coisas a fim <strong>de</strong> nos aprimorarmos:sabemos a fim <strong>de</strong> conhecer a<br />
essência <strong>de</strong> todas as coisas<br />
B-Sabemos das coisas a fim <strong>de</strong> nos aprimorarmos:sabemos a fim <strong>de</strong> conhecer o<br />
bem<br />
25- Deus, por conseguinte, é o alvo <strong>de</strong> todo o conhecimento, bem como o <strong>de</strong>pósito:<br />
A-Absoluto conhecimento<br />
B-Conhecimento pleno<br />
26- O choque do nascimento apaga o conhecimento inato:<br />
A-Possuído pelos <strong>de</strong>uses<br />
B-Possuído pelos homens<br />
27- Quem con<strong>de</strong>nava os sofistas, em face do fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pendiam da percepção dos<br />
sentidos, com seu resultante ceticismo?<br />
A-Platão<br />
B-Sócrates<br />
28- No diálogo platônico, Leis, O termo grego theós(Deus)<br />
A-Substitui o vocábulo Idéias<br />
B-Substitui o vocábulo Pai<br />
29- O homem como um Ser Bidimensional, isto é,participante do mundo das idéias e:<br />
A-E do mundo e os particulares<br />
B-E do mundo que o cerca<br />
30- A alma do homem origina-se no mundo das idéias,pelo que ela é uma:<br />
A-Labareda <strong>de</strong> Deus<br />
B-Fagulha <strong>de</strong> Deus<br />
31- A alma é eterna, embora a individualização tenha tomado:<br />
A-Lugar <strong>de</strong>ntro do templo<br />
B-Lugar fora do templo<br />
32- A unida<strong>de</strong> com Deus é o alvo:<br />
A-Buscado pelas socieda<strong>de</strong>s<br />
B-Buscado pelo homem<br />
33- Quem vinculava a realida<strong>de</strong> ao seu mundo das idéias, e o seu conhecimento é<br />
chamado <strong>de</strong> realismo radical?<br />
A-Platão<br />
B-Aristóteles<br />
34- Quem iniciou a sua carreira filosófica intensamente interessado pela política?<br />
A-Sócrates<br />
B-Platão<br />
110
35- Quem <strong>de</strong>veriam ser a classe governante, e <strong>de</strong>veriam receber treinamento político<br />
durante um longo período <strong>de</strong> tempo?<br />
A-Os filósofos<br />
B-Os plebeus<br />
36- Qual a pessoa concebida por Platão, dotado <strong>de</strong> toda a sua sabedoria, serio supremo<br />
intérprete das artes,porquanto ele estaria mais próximo da realida<strong>de</strong>?<br />
A-O Rei-Filósofo<br />
B-O Filósofo-Rei<br />
37- As artes imitam, essencialmente, a natureza, a qual está sujeita <strong>à</strong> nossa percepção;<br />
mas a própria natureza é apenas uma imitação da Supernatureza,<br />
A-O mundo das emoções<br />
B-O mundo das idéias<br />
38- O que po<strong>de</strong> ensinar lições espirituais e morais em sua obra imitativa?<br />
A-A Lógica<br />
B-A Arte<br />
39- A ciência <strong>de</strong> Platão estava entremeada com noções:<br />
A-Metafísicas<br />
B-Lógicas<br />
40- O Deus concebido por Platão não era onipotente,ou, pelo menos,<br />
A-Não impunha a sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo absoluto<br />
B-Não impunha sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo notável<br />
41- Quais foram os diálogos <strong>de</strong> Platão?<br />
A-Fedo, Filebo, República, Timeu, Críticas e Leis<br />
B-Fedo, Filebo, República, Timeu<br />
42- Cite um dos vários mitos que Platão usou para ilustrar o seu pensamento.<br />
A-A metáfora da Caverna <strong>de</strong> Platão<br />
B-A metáfora da Gruta <strong>de</strong> Platão<br />
43- No âmbito da gnosiologia, Platão <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava a:<br />
A-Percepção das emoções<br />
B-Percepção dos sentidos<br />
44- No diálogo Leis, Platão chegou bem perto do:<br />
A-Monoteísmo<br />
B-Politeísmo<br />
45- O mercante dualismo <strong>de</strong> Platão parece fazer <strong>de</strong>:<br />
A-Deus um ser infinito<br />
B-Deus é um ser glorioso<br />
46- A <strong>de</strong>scrição platônica do drama sagrado da alma tem:<br />
A-Inspirado pessoas <strong>de</strong> todo mundo<br />
B-Inspirado a muitas mentes, antigas e mo<strong>de</strong>rnas<br />
111
47- Na imortalida<strong>de</strong> platônica há mais do que uma interminável<br />
A-Repetição <strong>de</strong> mortes e renascimentos<br />
B-Busca pela sabedoria<br />
48- Qual a data que o platonismo predominou?<br />
A-240 a 260 d.C.<br />
B-250 a 259 d.C.<br />
49- Até quando a influência <strong>de</strong> Platão continuou crescendo?<br />
A-Até cerca <strong>de</strong> 1200 d.C.<br />
B-Até cerca <strong>de</strong> 1100 d.C.<br />
50- Quais as idéias que os fra<strong>de</strong>s franciscanos perpetuaram?<br />
A-Platão e Agostinho<br />
B-Sócrates<br />
112
LIÇÃO 6<br />
10. O platonismo <strong>de</strong> Cambridge foi uma importante versão britânica <strong>de</strong>ssa <strong>filosofia</strong>.<br />
Nomes associados <strong>à</strong> mesma são Ralph Cuclworth (1617-1688), Henry More (1614-1687)<br />
e Benjamim Whichcote (1609-1683).<br />
11. A <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna continua sentindo a influência <strong>de</strong> Platão. Apesar do Tomismo<br />
estar filosoficamente baseado principalmente em Aristóteles, ainda assim há forte e óbvia<br />
influência platônica sobre os ensinos <strong>de</strong>ssa escola. A<strong>de</strong>mais, po<strong>de</strong>mos citar R.B. Perry,<br />
O. Santayana e Whitehead, que adotaram várias idéias platônicas. W.R. Inge foi um dos<br />
principais lí<strong>de</strong>res mo<strong>de</strong>rnos neoplatônicos.<br />
Whitehead achava que a influência <strong>de</strong> Platão é tão gran<strong>de</strong> que chegou a dizer, em<br />
essência: “A <strong>filosofia</strong> oci<strong>de</strong>ntal é uma série <strong>de</strong> notas-<strong>de</strong>-rodapé aposta a Platão”.<br />
Sua doutrina dos “objetos eternos”, era uma variante das Idéias <strong>de</strong> Platão.<br />
Ferrier, porém, exagerou, ao dizer que “...toda verda<strong>de</strong> filosófica é Platão corretamente<br />
interpretado; e todo erro filosófico é Platão mal avaliações, <strong>de</strong>vemos observar que certas<br />
teorias científicas, que reconhecem a dualida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong>, são bastante platônicas em<br />
sua perspectiva.<br />
Um conspicuo exemplo disso é aquele que emerge da chamada fotografia Kirliana, com<br />
seu estudo da aurea humana e dos campos <strong>de</strong> energia que circundam o corpo humano e<br />
todos os objetos vivos da natureza.<br />
Esses campos <strong>de</strong> vida aparentemente controlam o código genético e fazem os<br />
organismos físicos serem o que são. Temos aí uma adaptação do conceito platônico das<br />
Idéias, e <strong>de</strong> como elas são duplicadas no nosso mundo físico.<br />
O conceito das religiões orientais, que dizem que o homem é um complexo <strong>de</strong> energias<br />
vitais, corpo físico, vitalida<strong>de</strong>, alma e superego—é similar <strong>à</strong> noção platônica do<br />
complexo humano. O superego aparece ali como uma espécie <strong>de</strong> Idéia platônica.<br />
Os tradicionais atributos <strong>de</strong> Deus, segundo o cristianismo, são virtualmente idênticos<br />
<strong>à</strong>s Idéias superiores, <strong>de</strong>ntro do sistema platônico das Formas. Apesar <strong>de</strong> ser um exagero<br />
dizer, conforme disse Cícero: “Eu prefiro estar errado, ao lado <strong>de</strong> Platão, do que certo”,<br />
<strong>de</strong>ve-se admitir que a influência <strong>de</strong> Platão tem sido muito profunda, e que <strong>de</strong>verá<br />
continuar a sê-lo ainda por muito tempo.<br />
Por certo, ele tinha mais a dizer sobre a alma do que o antigo judaísmo.<br />
Assim sendo, quanto a essa importante questão, ele nos forneceu maior verda<strong>de</strong> do que<br />
o Antigo Testamento com relação alma.<br />
A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Platão acerca da teoria do conhecimento, on<strong>de</strong> ele nos fornece a hierarquia<br />
formada pela percepção dos sentidos, razão, intuição e experiências místicas, é<br />
crescentemente válida, pelo que o cristianismo e as religiões em geral apegam-se a essa<br />
idéia. Platão apresentou um ponto <strong>de</strong> vista sobre conhecimento que, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> sua<br />
habilida<strong>de</strong> e <strong>à</strong> <strong>de</strong>fesa que ele ali faz do conhecimento, tem sido útil para os filósofos e<br />
os teólogos através dos séculos.<br />
No campo da ética, a insistência <strong>de</strong> Platão <strong>de</strong> que o prazer não é o alvo da vida mas que<br />
as gran<strong>de</strong>s virtu<strong>de</strong>s que refletem a justiça, a bonda<strong>de</strong> e a verda<strong>de</strong> são as coisas que<br />
<strong>de</strong>veriam governar a nossa inquirição espiritual; tem sido uma constante da fé religiosa.<br />
O fato <strong>de</strong> que ele fazia da inquirição filosófica uma busca pelo Eterno mui naturalmente<br />
tem inspirado as mentes religiosas.<br />
Sua doutrina da reunião da alma humana com o Ser divino, como ó alvo da existência<br />
humana, é o gran<strong>de</strong> tema do misticismo, tanto oriental quanto oci<strong>de</strong>ntal, aparecendo até<br />
mesmo em importantes passagens neotestamentérias que ensinam que haveremos <strong>de</strong><br />
compartilha da natureza e da imagem <strong>de</strong> Cristo ( Rom. 8:29:11 Cor. 3:18 e Côl. 2:10), e,<br />
por conseguinte, da própria natureza divina ( II Ped. 1:4). A metafísica que transparece na<br />
epístola aos Hebreus é <strong>de</strong>finidamente platônica.<br />
113
Aristóteles<br />
Filósofo grego (384 a.C-322 a.C). Nasceu em Estagira, Macedônia, filho <strong>de</strong> Nicmaco,<br />
médico do rei. Com <strong>de</strong>zoito anos ingressou na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão e estudou durante<br />
cerca <strong>de</strong> vinte anos.<br />
Foi o mais brilhante aluno <strong>de</strong> Platão, tendo sido por ele apelidado <strong>de</strong> “o intelecto”. Por<br />
ocasião da morte <strong>de</strong> Platão, um parente <strong>de</strong>ste, e rival <strong>de</strong> Aristóteles, foi nomeado para<br />
chefiar a Aca<strong>de</strong>mia e Aristóteles abandonou Atenas.<br />
Tornou-se então tutor <strong>de</strong> Alexandre o Gran<strong>de</strong>, filho do rei da Macedônia. Alexandre tinha<br />
treze anos na ocasião.<br />
Em cerca <strong>de</strong> 335 A.C., Aristóteles regressou a Atenas e fundou o seu Liceu, a Escola<br />
Peripatética. Quando Alexandre tornou-se rei, Aristóteles recebeu apoio financeiro e<br />
moral. Porém, quando Alexandre morreu, em 323 A.C., houve uma onda <strong>de</strong><br />
antimacedonismo, e Aristóteles exilou-se voluntariamente, para que um outro mártir, como<br />
Sócrates, não viesse a pesar sobre a consciência dos atenienses.<br />
Morreu pouco <strong>de</strong>pois disso, em 32 A.C.<br />
Escritos. No campo da lógica, o Organon e as Categorias; Sobre Refutações Sofistas;<br />
Física; Sobre os Céus; Geração e Corrupção; História dos Animais; Sobre as Partes dos<br />
Animais; Sobre o Movimento dos Animais; Sobre a Progressão dos Animais; Sobre a<br />
Alma; Parra Naturalia; Metafísica; Ética Nicomaqueana; Magna Moralis; Constituição <strong>de</strong><br />
Atenas; Retórica e Poética.<br />
A <strong>filosofia</strong> e as ciências. Ele aceitava os principias teleológicos e i<strong>de</strong>alistas <strong>de</strong> Platão. O<br />
Universo é um mundo i<strong>de</strong>al, um todo orgânico inter-relacionado, um sistema <strong>de</strong> idéias<br />
(formas) eternas e imutáveis. As i<strong>de</strong>ias (formas) dão ao mundo dos sentidos (o mundo<br />
físico) sua forma e sua vida.<br />
O conhecimento genuíno inclui o conhecimento das bases dos fatos: a <strong>filosofia</strong> inclui todo<br />
o conhecimento raciocinado, e as diferentes ciências interessam-se por porções ou fases<br />
do ser.<br />
Tipos <strong>de</strong> ciência.<br />
a-Teóricas: Matemática, física e metafísica.<br />
b-Práticas: Ética e política.<br />
c-Criativas: Mecânica e produção artística. As duas principais divisões da <strong>filosofia</strong> seriam:<br />
Metafísica, ou primeira <strong>filosofia</strong>, que se interessa pelo ser e estuda a causa primária ou<br />
causa última das coisas;e a segunda <strong>filosofia</strong>, que englobaria as ciências parciais, que<br />
abrangem porções ou fases do ser.<br />
Conhecimento, epistemologia. Aristóteles percebia o escopo do conhecimento, mais do<br />
que outros antes <strong>de</strong>le, sendo capaz <strong>de</strong> discernir o papel da <strong>de</strong>finição da indução e da<br />
<strong>de</strong>dução, no <strong>de</strong>senvolvimento das ciências. Sua classificação das diversas ciências<br />
(práticas e teóricas) foi útil para a <strong>filosofia</strong>. Ele advogava o que atualmente é chamado <strong>de</strong><br />
teoria correspon<strong>de</strong>nte da verda<strong>de</strong>.<br />
Não antecipou a teoria atômica, segundo a qual a matéria permanece essencialmente<br />
misteriosa, a <strong>de</strong>speito da crescente ciência das partículas atômicas, mesmo em sua<br />
época.<br />
Ele consi<strong>de</strong>rava que o conhecimento é possível, contrastando nisso com o ceticismo.<br />
O processo.<br />
a-O conhecimento é possível.<br />
b-O homem tem capacida<strong>de</strong>s intuitivas, po<strong>de</strong>ndo receber lampejos <strong>de</strong> compreensão.<br />
c-Mas o conhecimento consiste, essencialmente, em juízo com uma <strong>de</strong>scrição, se essa<br />
<strong>de</strong>scrição for completa, teremos chegado <strong>à</strong> verda<strong>de</strong>.<br />
d-Como cientista que era, em contraste com Platão, ele ressaltava essencialmente o<br />
conhecimento cientifico, o qual examina os objetos do mundo físico.<br />
114
e-As faculda<strong>de</strong>s dos sentidos são nossos instrumentos para chegarmos ao conhecimento,<br />
embora não exclusivamente, pois também atuam a razão e a intuição.<br />
f-Por meio <strong>de</strong> nossas <strong>de</strong>scrições, atingimos o universal. Ele <strong>de</strong>fendia o que agora se<br />
conhece por realismo mo<strong>de</strong>rado: o universal é real, mas só po<strong>de</strong> ser encontrado no<br />
particular (algum objeto físico).<br />
g-A <strong>de</strong>scrição do universal é o propósito mesmo do conhecimento.<br />
Lógica. Aristóteles foi o fundador da lógica científica. Sua função foi <strong>de</strong>screver o método<br />
pelo qual se obtém o conhecimento.<br />
Sua lógica centraliza-se em torno <strong>de</strong> dois fatores essenciais:<br />
a-Definição.<br />
b-Silogismo, os processos da prova.<br />
Silogismo:<br />
A ciência é um autêntico conhecimento, um pensar correto.<br />
a-Passa do particular para o universal,mediante o raciocínio <strong>de</strong>dutivo. O universal resi<strong>de</strong><br />
no particular.<br />
b-0 alvo do conhecimento é a <strong>de</strong>monstração completa, através <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />
silogismos, on<strong>de</strong> as conclusões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das premissas.Esse processo continua até<br />
que se atinja um princípio que não possa ser provado pela indução, por ser inerente <strong>à</strong><br />
razão, e por precisar ser averiguada mediante a <strong>de</strong>dução.<br />
O conhecimento começa pela percepção dos sentidos, que prossegue em suas<br />
<strong>de</strong>scrições do particular para o universal. O conhecimento esforça-se por enten<strong>de</strong>r o<br />
universal.<br />
As <strong>de</strong>z categorias ou proprieda<strong>de</strong>s universais das coisas. Essas são as formas dos<br />
predicados com que costumamos <strong>de</strong>screver as coisas.<br />
a-O que é (ilustração: um homem; trata-se da substancia a ser consi<strong>de</strong>rada).<br />
b-Como ela se constitui (branco; uma qualida<strong>de</strong>)<br />
c-Quão gran<strong>de</strong> é (dois metros: quantida<strong>de</strong>)<br />
d-Como está relacionada (maior, dobro: retação)<br />
e-On<strong>de</strong> está (lugar: espaço)<br />
f-Quando é (ontem: tempo)<br />
g-Postura assumida: (sentado: posição,)<br />
h-Seu estado (vestido: provisão)<br />
i-O que faz (queima: ativida<strong>de</strong>)<br />
j-O que sofre (é queimado: passivida<strong>de</strong>)<br />
Processo <strong>de</strong> raciocínio, a. Passa do universal para o particular. b. Forma juízos. c. Com<br />
base nos juízos, tira inferências. Essas inferências ‘são chamadas proposições. d.- Os<br />
juízos compõem-se <strong>de</strong> conceitos expressos por meio <strong>de</strong> termos.<br />
Metafísica<br />
Para Platão, a realida<strong>de</strong> é espiritual (as idéias, formas, universais), ao passo que os<br />
objetos terrenos particulares) são apenas cópias inferiores do que é “reais”. A forma é a<br />
substância real <strong>de</strong> alguma coisa. Idéia e forma são termos intercambiáveis. Essa<br />
realida<strong>de</strong> é mais real que a realida<strong>de</strong> física. Na <strong>filosofia</strong>, esse conceito chama-se realismo<br />
radical.<br />
Para Aristóteles, as coisas particulares (objetos terrenos) são substâncias reais. A forma<br />
ou o universal sempre se encontra no particular. A forma é real, mas não in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />
particular. Na <strong>filosofia</strong>, essa posição chama-se realismo mo<strong>de</strong>rado.<br />
A matéria assume diferentes formas, mas persiste a idéia ou forma. A matéria é o<br />
principio da probabilida<strong>de</strong>. A forma é o principio da realida<strong>de</strong> (atualida<strong>de</strong>).<br />
115
A substância <strong>de</strong> uma coisa é a sua totalida<strong>de</strong>. Essa, a primeira categoria aristotélica.<br />
Sócrates é um homem; mas ele é mais do que seu corpo material, Ele também inclui um,<br />
principio não-material, juntamente com muitas alterações em série, que se dirigem a<br />
algum alvo. Cresceu e foi educado em Atenas, e terminou sendo um gran<strong>de</strong> filósofo. Tudo<br />
isso tem a ver com a sua substância. A substância <strong>de</strong> qualquer coisa inclui sua forma e<br />
sua matéria.<br />
A matéria une-se <strong>à</strong> forma. Para que ela se torne no que <strong>de</strong>ve, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com um<br />
<strong>de</strong>sígnio (o princípio da teleologia), <strong>de</strong>ve haver várias causas.<br />
As quatro causas:<br />
1-Causa-material. Matéria mais potencialida<strong>de</strong>, tendo em mira o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
conforme foi explicado acima.<br />
2-Causa formal. Para que algo venha a ser como <strong>de</strong>ve, <strong>de</strong>ve haver um padrão, <strong>de</strong>sígnio<br />
ou plano.<br />
3-Causa eficiente. Para que o <strong>de</strong>sígnio se concretize, <strong>de</strong>ve haver um agente, uma força<br />
que efetiva o propósito.<br />
4-Causa final. É o alvo na direção do que algo se move; o <strong>de</strong>sígnio em seu cumprimento.<br />
Ilustração: Construção <strong>de</strong> muro. Para que se construa um muro, <strong>de</strong>ve haver a matéria e<br />
sua potencialida<strong>de</strong> (a argila-que será cozida: a causa material). Em seguida, <strong>de</strong>ve haver<br />
um plano para a edificação do muro. Isso <strong>de</strong>terminará quem fará a obra e como esta<br />
<strong>de</strong>verá ser feita (causa formal). Então, <strong>de</strong>ve haver um agente, o pedreiro que construirá o<br />
muro (causa eficiente). Quando o muro tiver sido construído, seu <strong>de</strong>sígnio estará<br />
cumprido (causa final).<br />
Para que qualquer coisa suceda, ou seja levada a bom termo, <strong>de</strong>ve haver movimento.<br />
Se existe o movimento, <strong>de</strong>ve haver um Movedor Primário (a Causa Primária do<br />
movimento). Essa entida<strong>de</strong> chama-se Movedor Primário ou Movedor inabalável. Trata-se<br />
<strong>de</strong> uma torça cosmológica, na realida<strong>de</strong>, Deus da concepção aristotélica, que seria uma<br />
força impessoal, e não uma pessoa. Esse Movedor Primário movimenta todas as outras<br />
coisas «sendo amado., o que é um evi<strong>de</strong>nte termo poético para indicar uma força <strong>de</strong><br />
atração. Esse Movedor não tem consciência das outras coisas, por ser puro pensamento,<br />
capaz <strong>de</strong> pensar por si mesmo. Deus é a forma pura, a idéia da realida<strong>de</strong> Deus (o<br />
Movedor Inabalável), como forma pura, existe in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da matéria, havendo<br />
outras formas celestiais que não são materiais. Em todos os <strong>de</strong>mais casos, forma e<br />
matéria compõem as substâncias individuais, e são os aci<strong>de</strong>ntes da matéria que<br />
constituem um objeto particular, como uma ca<strong>de</strong>ira. Por exemplo, a cor é um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
alguma coisa, mas não, necessariamente, o seu ser.<br />
Os quatro movimentos (excluído o Movedor Inabalável)<br />
a-Movimento substancial (origem e <strong>de</strong>cadência).<br />
b-Movimento quantitativo (alterações no volume <strong>de</strong> um corpo). c. Movimento qualitativo<br />
(transformação <strong>de</strong> uma coisa em outra).<br />
d-Movimento local (mudança <strong>de</strong> posição no espaço, ou mudança <strong>de</strong> lugar). Devido aos<br />
fatores <strong>de</strong> causa, <strong>de</strong>sígnio e movimento, a natureza não é apenas mecânica. Antes, é<br />
dinâmica, teleológica, ativa e eivada <strong>de</strong> propósito.<br />
A <strong>filosofia</strong> medieval, árabe ou cristã, utilizava-se <strong>de</strong> muitos dos conceitos <strong>de</strong> Aristóteles<br />
em suas expressões teológicas e científicas.<br />
Biologia. Aristóteles é o fundador da zoologia sistemática e comparada. Ele se opunha<br />
aos conceitos puramente quantitativos-mecanicos-casuais. Em todos os animais, a alma é<br />
a forma do corpo. O corpo é apenas um instrumento, mas a alma é o princípio normativo.<br />
On<strong>de</strong> houver vida, haverá alma, o po<strong>de</strong>r por <strong>de</strong>trás do <strong>de</strong>sígnio, o princípio teleológico.<br />
A alma humana é a enteléquia do corpo.<br />
116
Não obstante, Aristóteles aparentemente não cria (ou, pelo menos, mostrava-se agnóstico<br />
a esse respeito) na sobrevivência da alma. Todavia, o ponto é disputado.<br />
Psicologia.<br />
1-O homem é o alvo final da natureza, diferindo ele dos animais inferiores <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocinar.<br />
2-Os órgãos dos sentidos informam a alma sobre as qualida<strong>de</strong>s das coisas.<br />
3-A. alma humana é capaz <strong>de</strong> raciocínio conceitualizante, isto é, <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
discernir o que é universal, assim <strong>de</strong>scobrindo a essência necessária das coisas.<br />
4-A razão passiva é a matéria a partir da qual atua a razão criativa e ativa. Está vinculada<br />
ao corpo, e juntamente com este, perece, tal como suce<strong>de</strong>m <strong>à</strong> imaginação e <strong>à</strong> memória.<br />
5-A razão ativa ou criativa é pura realida<strong>de</strong>, mediante a qual chegamos aos conceitos.<br />
Existe antes mesmo do corpo. Essa alma é imaterial, imperecível e imortal. Contudo, não<br />
é: claro se Aristóteles aplicava esses atributos, <strong>à</strong>s almas individuais, ou somente ao<br />
princípio da alma, ou alma do mundo. Averróis interpretava Aristóteles como se ele<br />
tivesse querido dizer que somente uma forma pura, ou alma, existe para a humanida<strong>de</strong><br />
inteira, e que tal pensamento não do apoio <strong>à</strong> idéia da sobrevivência da alma.<br />
Três tipos <strong>de</strong> alma.<br />
1-Nutritiva-vegetativa: tem as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assimilação e reprodução.<br />
2-Sensível: como nos animais, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos.<br />
3-Humana: além das capacida<strong>de</strong>s acima, tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocinar, <strong>de</strong> rebuscar<br />
pela verda<strong>de</strong>.<br />
Ética.<br />
1-O principal bem é a felicida<strong>de</strong> eu<strong>de</strong>monia).<br />
2-A felicida<strong>de</strong> vem através da auto-realização.<br />
3-A virtu<strong>de</strong> é o cumprimento da auto-realização da melhor maneira possível. Ê a função<br />
cheia <strong>de</strong> propósito <strong>de</strong> alguma coisa especifica.<br />
Visto que o homem tem uma razão —que busca a verda<strong>de</strong> é <strong>de</strong>sejável que ele use essa<br />
capacida<strong>de</strong> como sua principal virtu<strong>de</strong>.<br />
4-A. <strong>de</strong>scoberta da verda<strong>de</strong> é a mais alta felicida<strong>de</strong> do homem.<br />
5-O alvo da vida humana não é o prazer, mas virtu<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ve tornar-se um hábito.<br />
6-A virtu<strong>de</strong> habitual vem através do disciplinamento da razão, a faculda<strong>de</strong> especial do<br />
homem. Uma alma virtuosa é uma razão or<strong>de</strong>ira e disciplinada, que evita extremismos.<br />
Observa o meio-termo áureo (a mo<strong>de</strong>ração).<br />
Exemplo: A coragem é o meio-termo entre a impetuosida<strong>de</strong> e a covardia. A temperança<br />
ou controle próprio é o meio-termo entre a inapetência:e a glutonaria. A justiça á o meiotermo<br />
áureo entre <strong>de</strong>ixar-se abusar por outros e o ato <strong>de</strong> espezinhar os direitos alheios.<br />
7-As virtu<strong>de</strong>s intelectuais buscam a verda<strong>de</strong> e os meios usados para isso são as artes, as<br />
ciências, a prudência, a sabedoria, a iniciativa e a razão. A sabedoria consiste na razão<br />
que aborda o que é Invariável. A razão ao agir em relação ao que é variável, constitui a<br />
prudência.<br />
8.A vida contemplativa é a mais elevada e feliz. Somos mais parecidos com Deus quando<br />
nos pomos a contemplar.<br />
Política.<br />
1-O estado existe visando ao bem do homem.<br />
2-A vida social é o alvo da existência humana.<br />
3-O estado <strong>de</strong>ve produzir e nutrir bons cidadãos.<br />
4-A constituição do estado <strong>de</strong>ve ser adaptada ao caráter e aos requisitos do povo, pelo<br />
que po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> um lugar para outro, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturas rígidas.<br />
117
5-Visto que os indivíduos diferem em suas habilida<strong>de</strong>s, a justiça requer que sejam<br />
tratados <strong>de</strong> acordo com essas diferenças.<br />
6-Cada cidadão <strong>de</strong>ve exercer a sua virtu<strong>de</strong>, ou função especifica em favor da<br />
comunida<strong>de</strong>, ou estado.<br />
7-A família é a unida<strong>de</strong> básica do estado. O homem, se isolar-se, não será autosuficiente.<br />
8-Há três formas aceitáveis <strong>de</strong> governo:<br />
a-monarquia.<br />
b-aristocracia.<br />
c-política;algo aparentado com a <strong>de</strong>mocracia constitucional.<br />
Ele preferia essa terceira opção.<br />
9-Há três formas inaceitáveis <strong>de</strong> governo:<br />
a-tirania.<br />
b-oligarquia.<br />
c-<strong>de</strong>mocracia popular.<br />
Essas são <strong>de</strong>formações das formas aceitáveis.<br />
Estética.<br />
Essa é <strong>de</strong>senvolvida na obra <strong>de</strong> Aristóteles, Poética.<br />
1-A arte é a imitação do possível do provável na natureza, e não somente do que é real.<br />
2-A poesia trata do universal.<br />
3-A beleza é a unida<strong>de</strong> na verda<strong>de</strong>, sem quaisquer características não-essenciais.<br />
4-A tragédia provê a catarse das emoções do terror e da compaixão.<br />
5-A participação nas artes enobrece e enriquece o homem.<br />
Aristóteles foi um dos maiores filósofos do mundo, o qual exerceu duradoura influência<br />
sobre a teologia e sobre as ciências. A Igreja oci<strong>de</strong>ntal, por meio <strong>de</strong> filósofos como Tomás<br />
<strong>de</strong> Aquino, incorporou a <strong>filosofia</strong> aristotélica como uma característica permanente, bem<br />
como meio <strong>de</strong> expressar certo número <strong>de</strong> conceitos cristãos.<br />
Uma das fontes fundamentais do escolasticismo foi a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles.<br />
Realizações. Platão chamou Aristóteles <strong>de</strong> o intelecto, sendo ele o mais brilhante <strong>de</strong><br />
seus alunos;e suas realizações justificaram o título.<br />
Ele foi o maior cientista <strong>de</strong> seu tempo, cuja influência, neste campo, perdurou muitos<br />
séculos.Foi pai da biologia, embora seu método, por falta <strong>de</strong> instrumentos, tenha sido<br />
essencialmente <strong>de</strong>scritivo.<br />
Também foi o fundador da lógica cientifica, e com esta realização, tornou-se o primeiro<br />
filósofo a incorporar todos os seis ramos tradicionais da <strong>filosofia</strong> em seu sistema. Sua<br />
importância se manifesta no ditado que <strong>de</strong>clara:<br />
Todos os homens são platônicos ou aristotélicos nas suas, aproximações com relação ao<br />
problema do conhecimento: a aproximação empírica-científica = Aristóteles; a<br />
aproximação racional-intuitiva-mística<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Aristóteles<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles é importante para a teologia e para a fé cristã <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong><br />
que Tomás <strong>de</strong> Aquino (e os filósofos tomistas) a têm usado como meio <strong>de</strong> expressar sua<br />
fé, e vastas multidões <strong>de</strong> cristãos têm sido influenciadas por essa ativida<strong>de</strong>.<br />
Um dos mais importantes e extraordinários <strong>de</strong>senvolvimentos na <strong>história</strong> das idéias<br />
européias foi a adaptação da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles para consumo cristão. Tomás <strong>de</strong><br />
Aquino encontrou em suas i<strong>de</strong>ias um meio apropriado para exprimir sua teologia.<br />
Os filósofos árabes foram os primeiros a usar suas obras, embora interpretando<br />
materialisticamente o seu pensamento.<br />
118
O pensamento judaico medieval, em Maimôni<strong>de</strong>s também foi influenciado pelo filósofo<br />
Aristóteles. Após séculos <strong>de</strong> dominação platônica entre os filósofos cristãos (por exemplo,<br />
os pais alexandrinos e a escola <strong>de</strong> Agostinho), a nova lógica aristotélica) tomou conta das<br />
universida<strong>de</strong>s da cristanda<strong>de</strong>, notavelmente Paris e Oxford.<br />
Tomás <strong>de</strong> Aquino mostrou que a razão humana, conforme Aristóteles sugerira, não é<br />
adversária da fé cristã; antes, po<strong>de</strong> ser usada para compor uma teologia natural capaz <strong>de</strong><br />
ajudar a fé. As verda<strong>de</strong>s da revelação recebem assim um alicerce racional.<br />
Afinal <strong>de</strong> contas, tudo isso faz parte do nosso conhecimento <strong>de</strong> Deus e das realida<strong>de</strong>s<br />
espirituais, pois Ele é o supremo Intelecto, do qual fomos <strong>de</strong>rivados, como intelectos.<br />
Po<strong>de</strong>-se supor a existência <strong>de</strong> uma afinida<strong>de</strong> entre os intelectos e o Intelecto, e que a<br />
razão humana po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong>, disciplinando sua busca.<br />
Aspectos históricos. Platão e Aristóteles, embora fossem mestre e aluno, <strong>de</strong>fendiam<br />
idéias bem diversas.<br />
Platão era o racionalista místico influenciado pelas religiões orientais,e Aristóteles era o<br />
cientista, que enfatizava o método empírico.<br />
Suas i<strong>de</strong>ias filosóficas também se chocaram após a morte <strong>de</strong> ambos mas, nos círculos<br />
religiosos, os homens usavam as idéias <strong>de</strong> Platão com mais facilida<strong>de</strong>. Assim, o<br />
neoplatonismo era uma expressão religiosa <strong>de</strong> Platão, que exerceu vasta influência no<br />
mundo religioso por muitos séculos, incluindo a Igreja cristã, através dos pais<br />
alexandrinos.<br />
Plotino (204-270 D.C.), o neoplatonista, encontrou alguns subsidios em Aristóteles, como<br />
a teoria do Intelecto separado e o contraste entre a matéria e a forma; mas, em tudo o<br />
mais, conflitava com ele.<br />
Porfírio <strong>de</strong> Tiro (234-cerca <strong>de</strong> 305 D,C.), discípulo <strong>de</strong> Plotino, escreveu uma <strong>introdução</strong><br />
(Isagoge) a cinco conceitos: espécie, gênero, diferenças, proprieda<strong>de</strong> e aci<strong>de</strong>nte,<br />
<strong>de</strong>monstrando nela gran<strong>de</strong> influência aristotélica.<br />
Essa obra foi incorporada em seu Organon. tendo sido canonizada para as gerações<br />
futuras como obra <strong>de</strong> inspiração aristotélica. Foi usada por Boethius, cuja intenção era<br />
reconciliar o neoplatonismo e o aristotelianismo.<br />
Ele produziu um comentário sobre a Isagoge, que originou a gran<strong>de</strong> controvérsia sobre os<br />
universais e que teve muita importância para o pensamento teológico da Ida<strong>de</strong> Média e<br />
<strong>de</strong>pois.<br />
As obras <strong>de</strong> Aristóteles sobre a lógica atraíram mais atenção na Ida<strong>de</strong> Média, e os<br />
teólogos cristãos começaram a <strong>de</strong>senvolver contrastes aristotélicos como substância e<br />
aci<strong>de</strong>nte.<br />
Porém, no século XIII, aumentou imensamente o interesse por Aristóteles —<br />
sobretudo através <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino, embora não com exclusivida<strong>de</strong>. Comentários<br />
árabes sobre suas obras proviram a força que espalhou as idéias <strong>de</strong> Aristóteles por toda a<br />
parte. Eles abordavam materialisticamente as idéias <strong>de</strong>le, embora <strong>de</strong> modo atrativo para a<br />
mente religiosa.<br />
Averróis (1126-1198) era mais respeitado no oci<strong>de</strong>nte latino do que em sua pátria, tendo<br />
atraido a atenção <strong>de</strong> Alberto Magno (cerca <strong>de</strong> 1200-1280), mestre <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino.<br />
Foi na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris que Alberto Magno tomou conhecimento dos escritos <strong>de</strong><br />
Averróis.<br />
Tomás <strong>de</strong> Aquino (1225-1274) entrou em contato com esse material quando estudava em<br />
Nápoles. Averróis emprestou um mau nome ao aristotelianismo; mas não <strong>de</strong>morou que<br />
uma nova maneira <strong>de</strong> encará-lo e manuseá-lo, em favor da fé religiosa, se tivesse<br />
<strong>de</strong>senvolvido, por meio <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino. Muitos teólogos sentiam-se inquietos ante<br />
os acontecimentos. Tal fato resultou na proscrição do aristotelíanisnio, por diversas vezes<br />
durante o século XIII, a começar pelo ano <strong>de</strong> 1210. Esse <strong>de</strong>senvolvimento culminou na<br />
con<strong>de</strong>nação do bispo <strong>de</strong> Paris.<br />
119
Estêvão Tempier, a 7 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1277.<br />
O gran<strong>de</strong> teólogo Duns Scoto (cerca <strong>de</strong> 1266-1308), como também William <strong>de</strong> Ockham<br />
(cerca <strong>de</strong> 1285-1347), foram influenciados por essa forma <strong>de</strong> teologia-<strong>filosofia</strong>.<br />
Os séculos XVI-XVIII testemunharam uma outra reação, parcialmente porque Copérnico<br />
(1473-1543) mostrou que algumas das idéias científicas básicas <strong>de</strong> Aristóteles estavam<br />
equivocadas.<br />
O papa Leão XIII (1880) <strong>de</strong>cretou que essa <strong>filosofia</strong> era a posição oficial da Igreja <strong>de</strong><br />
Roma, como meio filosófico <strong>de</strong> contemplar a religião.<br />
Apesar <strong>de</strong> que alguns evangélicos abordam sua fé filosoficamente, nenhuma das<br />
<strong>de</strong>nominações protestantes ou evangélicas têm <strong>de</strong>senvolvido um estudo sistemático e<br />
filosófico da religião.<br />
Os protestantes, sob a influência <strong>de</strong> Kant, que situava a fé e seus sujeitos <strong>de</strong>ntro do<br />
mundo oci<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da intuição e do misticismo, têm subestimado a abordagem<br />
racional-filosófica da fé.<br />
Alguns <strong>de</strong>les chegam francamente a ser hostis, julgando que a <strong>filosofia</strong> é contrária <strong>à</strong><br />
revelação e <strong>à</strong> fé.<br />
Conheço pessoalmente o caso <strong>de</strong> um pregador-filósofo, um ministro do evangelho, mas<br />
estudioso da <strong>filosofia</strong>, que foi severamente criticado por ter apresentado as provas<br />
tradicionais e racionais da existência <strong>de</strong> Deus.<br />
120
7<br />
De Cícero <strong>à</strong> Tomas <strong>de</strong> Aquino<br />
Marcus Tullius Cícero<br />
Suas datas foram 106 a.C - 43 a.C.<br />
Foi um filósofo eclético e estadista romano.<br />
Mediante as traduções que fez e suas exposições da <strong>filosofia</strong> grega, ele nos conce<strong>de</strong>u<br />
muitos discernimentos quanto a Platão, Aristóteles e as principais escolas filosóficas,<br />
como a dos céticos, a dos estóicos e a dos epicúreos. Seu gracioso estilo literário<br />
empresta um certo encanto aos seus comentários. Além <strong>de</strong> suas realizações no campo<br />
da <strong>filosofia</strong>, Cícero tornou-se conhecido como orador eloqüente e estadista po<strong>de</strong>roso. Ele<br />
pertencia <strong>à</strong> classe eqüestre, um nível abaixo da classe senatorial.<br />
Era estudioso ávido e incansável, tendo-se tornado um erudito em muitos ramos do saber.<br />
Seus talentos na oratória conferiram-lhe rápida ascensão na política romana. Suas muitas<br />
vicissitu<strong>de</strong>s políticas, com momentos <strong>de</strong> vitória e <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota, levaram-no até os tempos da<br />
guerra civil romana, quando César e Pompeu tomaram lados opostos.<br />
Isso levou Cícero a um dilema.<br />
Ele não simpatizava com a causa <strong>de</strong> César, embora contasse com amigos íntimos que<br />
apoiavam a César. Turbulências políticas, e a perda <strong>de</strong> uma filha, que sempre lhe fora<br />
querida, fizeram-no passar tempos difíceis, durante a ditadura <strong>de</strong> César. Cícero não teve<br />
qualquer participação no assassinato <strong>de</strong> César; mas regozijou-se com a morte do ditador.<br />
Posteriormente, Cícero colaborou com os assassinos <strong>de</strong> César, Bruto e Cássio, a fim <strong>de</strong><br />
restaurar a república romana.<br />
Isso fê-lo entrar em choque com Marco Antônio, contra quem fez catorze escaldantes<br />
discursos, chamados <strong>de</strong> as Filípicas, e por causa dos quais obteve gran<strong>de</strong> apoio da parte<br />
do senado.<br />
Porém, as inevitáveis mudanças <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r terminaram entregando a Antônio as ré<strong>de</strong>as do<br />
po<strong>de</strong>r e o nome <strong>de</strong> Cícero apareceu na lista daqueles que precisavam ser mortos.<br />
Os homens <strong>de</strong> Antonio puseram-se a caçá-lo, e a 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 43 A.C., tiraram-lhe a<br />
vida. Sua cabeça e suas mãos foram <strong>de</strong>cepadas e expostas na entrada do Fórum <strong>de</strong><br />
Roma.<br />
A Filosofia <strong>de</strong> Cícero;idéias:<br />
O princípio ético e tipicamente estóico da mo<strong>de</strong>ração é importante na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong><br />
Cícero.<br />
Essa i<strong>de</strong>ia ele aplicou tanto em sua ética quanto em sua epistemologia (gnosiologia). Ele<br />
advogava o ceticismo mo<strong>de</strong>rado, rejeitando tanto o dogmatismo quanto o ceticismo<br />
extremo. No campo da ética ele opunha-se ao ascetismo e ao hedonismo. Ele <strong>de</strong>fendia as<br />
tradições, mas também promovia as mudanças.<br />
No terreno da política, pelo menos teoricamente, ele promovia a modificação pacífica,<br />
sem violências.<br />
O princípio estóico da mo<strong>de</strong>ração veio a tornar-se um dos gran<strong>de</strong>s princípios cristãos, por<br />
meio <strong>de</strong> Paulo, cujos escritos éticos <strong>de</strong>monstram que ele conhecia e aprovava várias<br />
idéias daquela escola filosófica.<br />
121
A palavra grega aqui traduzida por mo<strong>de</strong>ração, sophrosúne, tornou-se um lema<br />
importante na Igreja Oriental.<br />
No campo da metafísica, Cícero concebia uma divinda<strong>de</strong> racional, cujos princípios foram<br />
incorporados no universo, sob a forma <strong>de</strong> leis naturais. Essas leis transcen<strong>de</strong>m <strong>à</strong>s leis e<br />
tradições dos homens, e os homens são consi<strong>de</strong>rados responsáveis diante <strong>de</strong>las.<br />
Essas leis naturais são, igualmente, os padrões segundos quais os homens <strong>de</strong>vem<br />
estabelecer as suas leis.<br />
Cícero ensinava que a retórica tanto é a arte <strong>de</strong> falar bem quanto é a arte <strong>de</strong> expor os<br />
pensamentos <strong>de</strong> uma forma organizada e eficaz, estando necessariamente relacionada a<br />
todas as ciências, e, sobretudo, <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong>, on<strong>de</strong> seu emprego é tão importante.<br />
Todavia, ele também ensinava que um bom orador também <strong>de</strong>ve ser um homem bom,<br />
pois, do contrário, a sua habilida<strong>de</strong> será aplicada <strong>de</strong> maneira errada.<br />
Agostinho<br />
Era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cartagineses. Sua vida e carreira coincidiram com a <strong>de</strong>sintegração do<br />
Império Romano do Oci<strong>de</strong>nte .Aurélio Agostinho nasceu a 13 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 354 D.C,<br />
em Tagaste, Norte da África, atualmente Souk-Ahras, na Argélia. Era filho <strong>de</strong> Patrício,<br />
oficial romano, que continuou pagão até pouco antes <strong>de</strong> sua morte, e <strong>de</strong> Mônica, uma<br />
cristã <strong>de</strong>vota. Tinha um irmão chamado Navígio, e uma irmã, Perpétua, que se tornou<br />
freira. Sua educação inicial envolveu gramática e aritmética.<br />
Odiava o idioma grego, e nunca adquiriu qualquer conhecimento completo do mesmo,<br />
Porém, conhecia profundamente a, literatura latina.<br />
Sua formação e meio ambiente pagãos influenciaram adversamente a sua formação. Em<br />
cerca <strong>de</strong> 370, a leitura da obra <strong>de</strong> Cícero, Hortensius, causou-lhe profunda impressão e a<br />
partir <strong>de</strong> então voltou-se para a <strong>filosofia</strong>, Continuou seus estudos em Cartago, on<strong>de</strong> vivia<br />
com uma amante, que lhe <strong>de</strong>u um filho, A<strong>de</strong>odato, em 371. Tornou-se maniqueu, e foi<br />
muito ativo como membro da seita.<br />
Em 373-374, ensinou gramática em Tagaste; e então, durante nove anos, dirigiu uma<br />
escola <strong>de</strong> retórica, em Cartago.Mudou-se para Roma, on<strong>de</strong> estabeleceu uma escola<br />
similar. Então abandonou o maniqueismo e tornou-se um cético.<br />
Um ano mais tar<strong>de</strong>, fundou uma escola em Milão.<br />
Conversão ao cristianismo<br />
A <strong>filosofia</strong>, platônica libertou sua mente do paganismo crasso, dando-lhe razão para ter,<br />
esperanças em Deus e na alma.<br />
Um amigo, Simpliciano, e a sua própria mãe, influenciaram-no profundamente no tocante<br />
<strong>à</strong> fé cristão Finalmente, recebeu uma experiência mística, na qual lhe foi dito: “Toile, lega”.<br />
(Toma, lê), quando ele estava diante <strong>de</strong> um manuscrito do Novo Testamento, em Rom.<br />
13:13,14.<br />
Isso lhe conferiu convicção moral, e a sua conversão foi completa.<br />
Retornando a Tagaste, ele ven<strong>de</strong>u seu patrimônio e distribuiu o dinheiro entre os pobres,<br />
conservando consigo apenas uma casa, que, transformou em uma comunida<strong>de</strong><br />
monástica. Ele e seus amigos viviam como monges.Entre os primeiros membros do grupo<br />
estava, A<strong>de</strong>odato, seu filho, jovem <strong>de</strong> brilhante intelecto.<br />
Mas o jovem logo faleceu, com <strong>de</strong>zenove anos.<br />
Agostinho não tencionava tornar-se padre, mas, as circunstâncias e a sua própria<br />
Convicção levaram-no exatamente nessa direção.<br />
Assim, em 391, foi or<strong>de</strong>nado na cida<strong>de</strong> próxima,<strong>de</strong> Hipona (mo<strong>de</strong>rna Anaba, na Argélia).<br />
Em 395-396 foi or<strong>de</strong>nado bispo auxiliar <strong>de</strong> Hipona, e, pouco <strong>de</strong>pois, já era o bispo da<br />
diocese. Mostrou ser um hábil administrador, pregador, polemista, correspon<strong>de</strong>nte, e<br />
122
acima <strong>de</strong> tudo, autor, cujos escritos exerceram vasta influência em sua época, como até<br />
hoje o fazem.<br />
Os últimos anos <strong>de</strong> sua vida foram assinalados por <strong>de</strong>sastres e guerras, quando se<br />
esboroou o império romano.<br />
Em agosto <strong>de</strong> 420 (serviu como bispo pelo espaço <strong>de</strong> quarenta anos), os vnda1os, que<br />
marchavam para o oeste, após terem-se apossado <strong>de</strong> Cartago, lançaram cerco a Hipona.<br />
Em meio ao assalto, a 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 430, morreu Agostinho, na santida<strong>de</strong> e na pobreza<br />
em que vivera por tantos anos. Os vândalos <strong>de</strong>struíram quase toda a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hipona,<br />
excetuando a catedral e a biblioteca <strong>de</strong> Agostinho, que foram <strong>de</strong>ixadas intactas. De<br />
acordo com uma tradição, seu corpo repousa em Pávia, na Itália.<br />
Agostianismo<br />
Nome dado aos ensinos gerais filosófico-religiosos <strong>de</strong> Agostinho.<br />
Os escritos on<strong>de</strong> se acham essas doutrinas são os seguintes: Sobre o Livre-Arbítrio;<br />
Concernente ao Mestre; Confissões; Sobre a Doutrina Cristã; Inquirições da Fé, da<br />
Esperança e do Amor; Sobre a Trinda<strong>de</strong>; e A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />
Em seus escritos e ensinos, Agostinho é o elo <strong>de</strong> ligação entre o pensamento grego e as<br />
especulações dos escolásticos.<br />
Foi o maior dos pais latinos da Igreja, não tendo rivais na Igreja Cristã, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Apóstolo<br />
Paulo, na opinião <strong>de</strong> alguns,<strong>de</strong>u <strong>à</strong> Igreja oriental suas <strong>de</strong>finições cristológicas, e <strong>à</strong> Igreja<br />
oci<strong>de</strong>ntal a sua vida.<br />
Nele convergem os i<strong>de</strong>ais católicos e as convicções protestantes posteriores.<br />
O Santo Império Romano foi fundado sobre os seus conceitos, contidos na obra A Cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Deus, que por mil anos dominou os <strong>de</strong>senvolvimentos políticos da Ida<strong>de</strong> Média.<br />
As combinações <strong>de</strong> Agostinho. Talvez seja por <strong>de</strong>mais simplista asseverar que Agostinho<br />
era um teólogo e filósofo cristão-platônico. Não há que duvidar que estava pesadamente<br />
endividado a Platão, e boa parte <strong>de</strong> sua teologia cristã foi expressa através das idéias e<br />
das terminologias platônicas. Naturalmente, ele estava fortemente escudado na Bíblia,<br />
mas Platão, corretamente manuseado, não é anti-bíblico.<br />
Seu pensamento era controlado por dois pólos: Deus e a alma. Escreveu ele: Desejo<br />
conhecer Deus e a alma. Nada mais?<br />
Nada mais. E também: Ô Deus, Tu és sempre o mesmo. Oxalá eu conhecesse a mim<br />
mesmo e conhecesse a Ti.. (Confissões)<br />
Elementos do agostianismo:<br />
A vereda da felicida<strong>de</strong> e da salvação. É a senda do autoconhecimento, em que o<br />
indivíduo vem a conhecer a alma e suas exigências, divinamente outorgadas, mediante a<br />
razão e as Escrituras. Essa vereda caracteriza-se pela formosura, pela verda<strong>de</strong> e pela<br />
bonda<strong>de</strong>. Quando conhecemos a nós mesmos, chegamos a conhecer o criador do nosso<br />
“eu” — Deus.<br />
Nossos corações não têm <strong>de</strong>scanso enquanto não encontram <strong>de</strong>scanso nele.<br />
Teísmo. A única posição intelectualmente válida para o cristão é o teísmo.Usando idéias<br />
platônicas, Agostinho, <strong>de</strong>finiu como obtemos esse conhecimento. Há uma base racional e<br />
filosófica para crermos na existência <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s imateriais, as idéias eternas ou rationes<br />
aeternas.<br />
Essas existem na mente <strong>de</strong> Deus. Naturalmente, para tanto, Agostinho também<br />
empregava conceitos bíblicos.<br />
Importância da <strong>de</strong>fensibilida<strong>de</strong> filosófica. Ele tinha fé, crendo na revelação. — Mas<br />
buscava intensa e incansavelmente uma base racional para a fé, tendo-a encontrado em<br />
Platão, em contraste com os céticos.<br />
123
Refutação do ceticismo. A verda<strong>de</strong> só floresce on<strong>de</strong> se acha a fé, e o ceticismo é<br />
trevas. O ceticismo é contrário ao autoconhecimento, uma das gran<strong>de</strong>s colunas-mestras<br />
<strong>de</strong> Agostinho. Ele não podia evitar a idéia da verda<strong>de</strong>. “Se duvido, estou certo da<br />
verda<strong>de</strong> que duvido. Se estou equivocado, então ao menos <strong>de</strong>vo existir, para que possa<br />
ter-me equivocado”. (Si falior, sum).<br />
Isso, naturalmente, antecipou a famosa <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Descartes: “Penso. Portanto,<br />
existo”. Po<strong>de</strong> ter sido a inspiração da mesma.<br />
Formosura e bonda<strong>de</strong>. Essas idéias também são inatas ao homem, não po<strong>de</strong>ndo ser<br />
evitadas, tal como se dá com a verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo geral. A consciência da verda<strong>de</strong>, da<br />
beleza e da bonda<strong>de</strong> são juízos do homem interior, da alma. Temos consciência natural<br />
<strong>de</strong>ssas coisas.<br />
Nos juízos que formamos, estão implícitas certas normas.<br />
A tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong>ssas normas nos faz tomar consciência <strong>de</strong> Deus, pois Deus é<br />
o verda<strong>de</strong>iro Bem, a verda<strong>de</strong>ira Beleza, a própria Verda<strong>de</strong>.<br />
Temos aí as idéias platônicas cristianizadas.<br />
A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Deus. Há uma vereda interior que conduz a Deus, e os elementos <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong>, beleza e bonda<strong>de</strong> são nossos gran<strong>de</strong>s guias. O décimo capítulo das<br />
Confissões <strong>de</strong> Agostinho traça essa vereda, partindo <strong>de</strong> visões e ruídos, <strong>de</strong> impressões e<br />
percepções, partindo dai para i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> imagem.<br />
Estão envolvidas a razão e a intuição, mas o Ser que buscamos é “luz inextinguível” e “luz<br />
inteligente”. Toda outra luz, toda outra inteligência <strong>de</strong>rivam-se dEle. E somente através<br />
das experiências místicas, relativas a agora, e absolutas no mundo futuro da luz,<br />
realmente chegaremos a conhecer a Deus.<br />
A luz do intelecto do individuo encontra-se <strong>de</strong>ntro da Luz, não da própria, mas daquela<br />
que tem afinida<strong>de</strong> com a <strong>de</strong>le.<br />
Essa é a vereda que conduz a Deus.<br />
Naturalmente, Agostinho também se alicerçava sobre conceitos bíblicos, e essa vereda<br />
passa pela missão <strong>de</strong> Cristo.<br />
Evidências <strong>de</strong> Deus. Há “vestígios” <strong>de</strong> Deus na natureza Agostinho usava o argumento<br />
teleológico sobre a existência <strong>de</strong> Deus. A existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnio requer a existência <strong>de</strong><br />
um Planejador<br />
O mal. O mal é a privação do bem, e não uma entida<strong>de</strong> em si mesma, já que não é<br />
positivo. Assim, a cegueira é a privação <strong>de</strong> luz O mal também se assemelha <strong>à</strong>s sombras<br />
escuras <strong>de</strong> uma pintura, que não são atrativas, mas que, consi<strong>de</strong>radas como um todo,<br />
contribuem para a beleza.<br />
Portanto, o mal consiste em:<br />
1-privação.<br />
2-falta <strong>de</strong> percepção.<br />
Essa atitu<strong>de</strong> para com o mal, sem dúvida <strong>de</strong>ficiente, surgiu na tentativa <strong>de</strong> explicar como<br />
o mal po<strong>de</strong> existir em um mundo governado por um Deus todo bom e todo-po<strong>de</strong>roso.<br />
Fé no cristianismo. Agostinho reconhecia as doutrinas cristãs, aceitando a autorida<strong>de</strong> do<br />
Novo Testamento. On<strong>de</strong> não se podia explicar ou <strong>de</strong>screver a razão, assim ele se<br />
contentava com a simples fé no dogma.<br />
A natureza <strong>de</strong> Deus. Agostinho <strong>de</strong>clarava sua crença nos atributos tradicionais <strong>de</strong> Deus<br />
como a perfeição, a eternida<strong>de</strong>, a infinitu<strong>de</strong>, a simplicida<strong>de</strong>, a unida<strong>de</strong>. Deus, em Sua<br />
essência, <strong>de</strong>sconhece aci<strong>de</strong>ntes, tendo criado o mundo do nada, conhecendo tudo,<br />
passado e futuro. Com Sua presciência, Deus vê que o homem agirá livremente, sendo<br />
isso uma garantia da liberda<strong>de</strong> humana, longe <strong>de</strong> ser um fator pre<strong>de</strong>stinador. Deus é a<br />
causa inabalável <strong>de</strong> tudo, o sustentador <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O conceito agostiniano <strong>de</strong> Deus como um ser infinito foi o padrão durante mais <strong>de</strong> mil<br />
anos, após os seus dias.<br />
124
Sobre as obras <strong>de</strong> Deus. Agostinho repelia a posição <strong>de</strong> Plotino, <strong>de</strong> que o Universo é<br />
uma emanação <strong>de</strong> Deus. Embora Deus houvesse planejado sua criação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
eternida<strong>de</strong> (um conceito <strong>de</strong> Sua mente), Ele o criou <strong>de</strong>ntro do tempo, do nada. As coisas<br />
materiais pertenceriam ao nível mais baixo da criação. Dentro <strong>de</strong>las, porém, Deus plantou<br />
as Suas rationes seminales, ou sementes da razão.<br />
Por causa <strong>de</strong>ssa implantação, novas formas <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m continuar a surgir, uma<br />
espécie <strong>de</strong> conceito <strong>de</strong> lei natural, que governaria a esfera inferior, sem a intervenção<br />
direta da parte <strong>de</strong> Deus.<br />
Sobre o tempo. Há uma esfera <strong>de</strong>stituída do fator tempo. A esfera eterna pertence a uma<br />
outra qualida<strong>de</strong>. A abordagem agostiniana do tempo antecipou a teoria da relativida<strong>de</strong>,<br />
embora a idéia já estivesse contida nos particulares <strong>de</strong> Platão (objetos <strong>de</strong>ste mundo) e<br />
nas formas (realida<strong>de</strong>s espirituais que dão origem aos particulares. Seu estudo sobre o<br />
tempo é consi<strong>de</strong>rado a única <strong>filosofia</strong> original vazada em língua latina, embora os gregos<br />
já tivessem dito coisas semelhantes.<br />
Ele confessava a sua ignorância sobre a natureza real do tempo, embora frisasse seus<br />
aspectos psicológicos, consi<strong>de</strong>rando o tempo como uma distensão da alma.<br />
Sobre o conhecimento. “Credo ut inteiligam” (creio, a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r). Não há<br />
conhecimento sem fé. O ceticismo nos faz mergulhar nas trevas.<br />
Há percepção, mas esta envolve apenas verda<strong>de</strong>s triviais, mundanas. Há a razão, que<br />
ultrapassa aos sentidos; e há a intuição, inerente ao homem, a qual po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir muitas<br />
verda<strong>de</strong>s.<br />
Além disso, são contato direto com a Inteligência, Deus, por meio das experiências<br />
místicas, culminando na visão beatifica, que é o ponto culminante do conhecimento.<br />
O conhecimento não consiste em mero entendimento teórico sobre algum assunto.<br />
Mas é, o que suce<strong>de</strong> <strong>à</strong> alma em sua busca pelo conhecimento <strong>de</strong> Deus.<br />
Agostinho usava a Bíblia para <strong>de</strong>finir artigos <strong>de</strong> fé; mas não hesitava em alegorizar<br />
trechos, quando pensava que isso era necessária para a obtenção da verda<strong>de</strong> que<br />
ultrapassava a mera letra ina<strong>de</strong>quada.<br />
Deus e a alma são os verda<strong>de</strong>iros alvos do conhecimento, mas todo conhecimento reflete<br />
a mente <strong>de</strong> Deus, pelo que faz parte da teologia. A ciência conduz a Deus quando<br />
corretamente manuseada.<br />
Temos nisso a doutrina da unida<strong>de</strong> da verda<strong>de</strong>, um útil conceito.<br />
Sobre o homem. O mal moral <strong>de</strong>ve-se ao livre-arbítrio humano.<br />
O homem po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sejar ser feliz, seguindo a vereda necessária para tanto<br />
(eu<strong>de</strong>monismo).<br />
Mas falta ao homem a visão do mundo eterno, e cada pecado é a rejeição <strong>de</strong>sse mundo.<br />
Os problemas morais específicos ventilados por Agostinho foram: veracida<strong>de</strong>,<br />
autopreservação; castida<strong>de</strong>, paz e guerra.<br />
Para que haja uma guerra justa, <strong>de</strong>ve haver:<br />
a-uma autorida<strong>de</strong> legitima.<br />
b-uma causa justa.<br />
c-uma correta intenção.<br />
d-todos os outros meios <strong>de</strong>vem ter sido exauridos.<br />
A vonta<strong>de</strong> divina, por si mesma, não é oposta <strong>à</strong> guerra, se essas condições forem<br />
satisfeitas.<br />
Contudo, a guerra só po<strong>de</strong> ser justificada. após terem falhado todas as tentativas para<br />
conservar a paz. Se os bons soldados merecem ser elogiados, muito mais o merecem<br />
aqueles que procuram eliminar a guerra.<br />
O homem está tão profundamente inoculado pelo pecado original, transmitido <strong>de</strong> geração<br />
em geração, que não merece ser salvo. Em Sua graça, Deus pre<strong>de</strong>stina alguns para a<br />
salvação, mas-<strong>de</strong>ixa outros receberem o que merecem.<br />
125
A temporalida<strong>de</strong> humana contrasta com a eternida<strong>de</strong> divina, e o próprio tempo é<br />
aquilatado pela alma do homem; mas Deus está acima do tempo.<br />
O homem, união <strong>de</strong> uma alma eterna com um corpo físico temporal, não tem sentido<br />
apenas na esfera terrena, mesmo que a preexistência não lhe possa ser postulada.<br />
A dupla atração. A encruzilhada <strong>de</strong> todas as questões morais é o amor. O homem tem<br />
dois amores: o amor a Deus e o amor ao próprio “eu”.<br />
Todos os problemas morais têm começo no amor-próprio.<br />
Mediante o amor a Deus poda ser atingida a felicida<strong>de</strong>, porquanto nisso o homem<br />
avizinha-se do Deus eterno e chega a participar <strong>de</strong> Sua natureza, mediante a visão<br />
beatífica.<br />
Política. Em sua obra, A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, Agostinho produziu a primeira e maior <strong>filosofia</strong><br />
da <strong>história</strong>.<br />
A motivação foi a captura e o saque da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma pelos, bárbaros, em 410 D.C.<br />
Visto que isso po<strong>de</strong>ria provocar acusações contra os cristãos (alguns disseram que o<br />
‘surgimento do cristianismo correspon<strong>de</strong>u <strong>à</strong> queda <strong>de</strong> Roma), a primeira preocupação <strong>de</strong><br />
Agostinho foi apologética; mas, <strong>à</strong> medida que escrevia, ampliava seu tema,<br />
transformando-a em uma <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong>. Ali ele concebe duas cida<strong>de</strong>s: Jerusalém, a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, que é a Igreja Católica, e Babilônia, a cida<strong>de</strong> terrena, o estado, aliás, o<br />
estado pagão.<br />
Tal como no homem há dois amores em choque, assim também se dá na socieda<strong>de</strong> dos<br />
homens.<br />
As socieda<strong>de</strong>s humanas aproximam-se mais do amor a este mundo, ou do amor a Deus,<br />
segundo a vonta<strong>de</strong> das massas.<br />
A cida<strong>de</strong> do homem está sempre sujeita <strong>à</strong> ruína, estando ali presentes todos os riscos da<br />
contingência. Mas a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus está acima <strong>de</strong> tudo, e po<strong>de</strong> influenciar e aprimorara<br />
cida<strong>de</strong> do homem.<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é superior <strong>à</strong> cida<strong>de</strong> do homem, e <strong>de</strong>veria exercer autorida<strong>de</strong> sobre ela.<br />
Daí a mescla <strong>de</strong> Igreja e estado, criando a base filosófica para muitos séculos <strong>de</strong> conflito.<br />
O estado moldado pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é <strong>de</strong>nominado Roma, e isso apresenta uma<br />
terceira alternativa. Visto que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus em seus i<strong>de</strong>ais, é superior <strong>à</strong> cida<strong>de</strong> do<br />
homem.<br />
Conseqüentemente, a voz da Igreja sempre <strong>de</strong>veria ser ouvida pelas autorida<strong>de</strong>s civis.<br />
Os quatro períodos da <strong>história</strong>.<br />
1-Paraíso, antes da queda.<br />
2-O mundo após a queda.<br />
3-O período da lei.<br />
4-O período da graça, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vinda <strong>de</strong> Cristo, <strong>à</strong> época em que vivemos.<br />
Algumas vezes, Agostinho preferia uma divisão em sete períodos, para correspon<strong>de</strong>r aos<br />
sete dias da semana.<br />
Um filho da Igreja. O conhecimento e o uso da Bíblia por parte <strong>de</strong> Agostinho foi<br />
crescendo após sua conversão, e ele fez significativas contribuições para a teologia. Foi<br />
chamado <strong>de</strong> ao doutor da graça.<br />
Opôs-se <strong>à</strong> heresia <strong>de</strong> Pelágio. A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e somente por meio<br />
da graça divina o homem pô<strong>de</strong> chegar <strong>à</strong> salvação e <strong>à</strong> perfeição. Devido ao livre-arbítrio, o<br />
homem é responsável por seus atos. Deus oferece Sua raça eficaz, mas o homem po<strong>de</strong><br />
rejeitá-la. Deus prevê que o homem agira livremente, pelo que a previsão divina não po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminar as escolhas humanas.<br />
Entre outros assuntos, Agostinho abordou o da encarnação, o da re<strong>de</strong>nção, e o da Igreja<br />
como corpo místico <strong>de</strong> Cristo, fazendo-o com profun<strong>de</strong>za.<br />
Escreveu sobre os sacramentos e <strong>de</strong>morou-se especialmente sobre a doutrina do amor.<br />
Muito fez para mostrar a relação entre a fé e a razão, embora. sempre salientando, o<br />
126
lugar primacial da fé. Sua influência. Agostinho tem sido chamado <strong>de</strong> ao maior doutor da<br />
Igreja.. Ele influenciou, em termos <strong>de</strong>cisivos, a fé e a teologia da Igreja oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Através da Ida<strong>de</strong> Média mestres representativos apelavam para a sua autorida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>se<br />
ver sua influência nasobras <strong>de</strong> Anselmo, Tomás <strong>de</strong> Aquino, Alberto Magno, Pedro.<br />
Lombardo, os membros das escolas franciscana e vitorina, e outros.<br />
Agostinho é estimado como um dos gran<strong>de</strong>s pensadores da humanida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>ntro ou fora<br />
da Igreja.<br />
Tomás <strong>de</strong> Aquino(Tomismo)<br />
Viveu entre 1225 e 1274. Teólogo, filósofo e monge dominicano.<br />
Nasceu na Itália, filho do con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aquino(dai o seu nome) e da con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Teatre.<br />
Em criança, foi educado pelos beneditinos , no monte Cassino, em Nápoles.Aos vinte<br />
anos, uniu-se <strong>à</strong> or<strong>de</strong>m dominicana , e por muitos anos estudou em Paris e em Colônia,<br />
sob Alberto o Gran<strong>de</strong>.<br />
Aos trinta e dois anos, obteve permissão para ensinar cru Paris e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então foi<br />
professor ali e na Cúria Papal em Roma e em Nápoles.<br />
Suas obras escritas são volumosas, embora as principais sejam estas:<br />
1-Um comentário sobre as Sentenças <strong>de</strong> Pedro Lombardo.<br />
2-Summa contra Gentiles, um ataque contra os erros dos incrédulos, principalmente<br />
islamitas, mas que contém muitos elementos filosóficos e teológicos, <strong>à</strong> parte da<br />
controvérsia.<br />
3-Suma Theologiae, sua obra-prima, sendo um compêndio <strong>de</strong> exposições breves,<br />
sistemáticas, abrangentes e bem pensadas das principais verda<strong>de</strong>s da fé cristã.<br />
Desenvolveu-se a partir dos livros <strong>de</strong> sentenças do último período patristico e do começo<br />
do período medieval, que a princípio eram coletâneas impessoais dos escritos dos pais da<br />
Igreja.<br />
As Sententiae <strong>de</strong> Pedro Lombardo, sobre as quais Aquino comentou, era um <strong>de</strong>sses<br />
esforços.<br />
A Suma Teológica foi escrita entre 1267 e 1273, estando dividida em três partes.<br />
A primeira parte trata <strong>de</strong> Deus, a segunda do homem e suas relações com Deus, e a<br />
terceira trata <strong>de</strong> Cristo, Sua encarnação e Sua continuação por meio da Igreja e seus<br />
sacramentos.<br />
4. Questiones Dispuratae, discussões sobre temas como verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus, o mal,<br />
etc.<br />
Influências sofridas por Aquino, e sua influência sobre outros.<br />
A princípio ele foi influenciado principalmente por Agostinho, e até certo ponto, sua<br />
<strong>filosofia</strong>-teologia sempre permaneceu atrelada <strong>à</strong> daquele. Platão sempre havia dominado<br />
a cena teológica, pelo menos até on<strong>de</strong> os teólogos usavam a <strong>filosofia</strong> para exprimir os<br />
seus dogmas. Porém, Tomás <strong>de</strong> Aquino introduziu Aristóteles como filósofo cujas obras<br />
podiam ser usadas para emprestar apoio racional <strong>à</strong> teologia.<br />
Em Aquino, Aristóteles é chamado <strong>de</strong> o filósofo. Até a época <strong>de</strong> Aquino, a maioria dos<br />
teólogos ou ignoravam ou se opunham a Aristóteles, e os islamitas usavam-no para expor<br />
um ponto <strong>de</strong> vista do mundo <strong>de</strong> sabor materialista. Aquino, ao usar as idéias <strong>de</strong><br />
Aristóteles, levou seus discípulos, outros mestres e as universida<strong>de</strong>s, a se familiarizarem<br />
com essas idéias.<br />
E elas vieram a tornar-se um permanente veículo para exprimir idéias cristãs.<br />
Com adaptações, Aristóteles torna-se um teólogo cristão. Tomás <strong>de</strong> Aquino usava,<br />
adaptava e modificava as idéias <strong>de</strong> Aristóteles, e assim tornou-se muito endividado para<br />
com o filósofo.<br />
127
Em sua abordagem ética geral, na Suma Teológica, ele aborda a felicida<strong>de</strong>, a virtu<strong>de</strong>, as<br />
ações e emoções humanas fortíssima a influência aristoteliana.<br />
Na metafísica, Aquino aplicava a distinção aristoteliana entre a realida<strong>de</strong> e a<br />
potencialida<strong>de</strong> a uma larga gama <strong>de</strong> tópicos e problemas.<br />
A ma<strong>de</strong>ira, como uma substância, é o que ela é (em sua realida<strong>de</strong>), mas po<strong>de</strong> sofrer<br />
modificações como quando se aquece e se queima. Essas modificações são chamadas<br />
potencialida<strong>de</strong>.<br />
As realida<strong>de</strong>s envolvidas nas alterações chamam-se formas.<br />
Há dois tipos:<br />
1-Formas aci<strong>de</strong>ntais, que envolvem mudanças aci<strong>de</strong>ntais.<br />
2-Formas substanciais, que envolvem alterações na própria substância.<br />
A palavra matéria foi usada para <strong>de</strong>signar aquilo que tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sofre<br />
modificações substanciais.<br />
Todos os objetos terrestres constituem em matéria e forma.<br />
Mas, além das entida<strong>de</strong>s compostas, também há formas puras, como se dá com os anjos,<br />
que não têm vinculo com a matéria, e que, por isso mesmo, são todos membros <strong>de</strong> uma<br />
mesma espécie.<br />
As coisas e os seres terrestres, por possuírem matéria, po<strong>de</strong>m, e <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong><br />
diferentes tipos.<br />
Para que haja diferenças entre os anjos, é necessário que pertençam a mais <strong>de</strong> uma<br />
espécie, cada qual com sua forma individual.<br />
A existência <strong>de</strong> todas as coisas, com a única exceção <strong>de</strong> Deus, é uma questão <strong>de</strong><br />
atualização <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>, Todas as criaturas são essências em potencial.Mas Deus<br />
combina essência e existência em Um só, pois a Sua existência é necessária em sentido<br />
ímpar, pelo que Ele é distinto <strong>de</strong> todas as criaturas, não tendo resultado <strong>de</strong> qualquer<br />
processo, conforme se dá com elas.<br />
Provas da existência <strong>de</strong> Deus. Neste ponto, Tomás <strong>de</strong> Aquino também <strong>de</strong>ve muito a<br />
Aristóteles. Assim, em sua maneira <strong>de</strong> pensar sobre Deus, através <strong>de</strong> “cinco vias” vemos<br />
que ele usou idéias filosóficas aristotélicas:<br />
a-Precisamos postular Deus, a fim <strong>de</strong> explicar os movimentos no mundo.<br />
Tais movimentos não consistem apenas na mudança <strong>de</strong> lugar dos objetos, mas também<br />
em todos os <strong>de</strong>senvolvimentos, como se dá com as criaturas vivas, ao que chamamos <strong>de</strong><br />
crescimento.<br />
Se Tomás <strong>de</strong> Aquino tivesse tido conhecimento dos movimentos dos átomos, sem dúvida<br />
teria incluído a idéia.<br />
Para explicar os movimentos, temos a idéia aristoteliana <strong>de</strong> Movedor Inamovível, aquela<br />
força cósmica que todas as coisas se movimentarem, por serem amadas. E esse<br />
Movedor primário é Deus.<br />
b-Argumento etiológica. Esse é necessário para postularmos uma causa. Existem causas<br />
intermediárias, mas finalmente precisamos admitir uma causa primária, como também o<br />
princípio <strong>de</strong> causa, que faz todas as coisas continuarem ocorrendo.<br />
O coração pulsa, mas <strong>de</strong>ve haver muitos fatores contribuintes, incluindo o <strong>de</strong> natureza<br />
cósmica (as condições favoráveis da Terra, <strong>de</strong>ntro do sistema solar), para que essas<br />
pulsações continuem. Deus também é esse tipo <strong>de</strong> causa (sustentadora), e não apenas a<br />
Causa primária.<br />
Sem a causa não po<strong>de</strong>ria haver o efeito, e portanto, nem a vida e nem a existência <strong>de</strong><br />
qualquer tipo.<br />
c-Argumento baseado na contingência e na necessida<strong>de</strong>.<br />
Sem um Ser necessário, outros seres, por serem contingentes, necessariamente<br />
<strong>de</strong>sapareceriam da existência. O conceito do ser, por si mesmo, conduz-nos ao seu<br />
corolário, o conceito do Ser Necessário. Esse ser é Deus. Esse argumento po<strong>de</strong> haver<br />
128
sido sugerido pela abordagem aristoteliana da realida<strong>de</strong> e da substância eterna, o<br />
Movedor Inamovível.<br />
d-Argumento axiológico. Há graus <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong>, verda<strong>de</strong>, nobreza e valores morais. Para<br />
que nossos juízos sobre essas coisas façam sentido, precisamos postular a Bonda<strong>de</strong><br />
Absoluta, a Verda<strong>de</strong> Absoluta ou um Ser Supremo em quem estão incorporados todos os<br />
valores, o qual é, ao mesmo tempo, o alvo <strong>de</strong> toda a verda<strong>de</strong> e ação morais, bem como o<br />
inspirador das mesmas.<br />
e-Argumento teleológico. Todas as coisas têm um alvo, bem como um propósito<br />
<strong>de</strong>monstrável. O estudo das ciências, um importante sentido, é o estudo do <strong>de</strong>sígnio que<br />
há na natureza, completo com suas invariabilida<strong>de</strong>s. Sem esse fator, não po<strong>de</strong>ria haver<br />
ciência.<br />
Se há <strong>de</strong>sígnio, então <strong>de</strong>ve haver um supremo Planejador, cuja inteligência garante a<br />
teleologia (no grego telos, “fim”, “finalida<strong>de</strong>”).<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles repisa o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnio, e Tomás <strong>de</strong> Aquino inspirava-se<br />
no filosófico ao formular esse conceito, embora não tivesse sido o primeiro a utilizar-se<br />
<strong>de</strong>sses argumentos racionais.<br />
Abordagem Geral. Nos parágrafos acima vimos como Aquino aplicava as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />
Aristóteles. Isso <strong>de</strong>monstra em parte a sua abordagem, que visava incluir a <strong>filosofia</strong><br />
aristoteliana <strong>de</strong>ntro do arcabouço da fé cristã.<br />
Aquino dizia que a <strong>filosofia</strong> e a religião se complementam uma <strong>à</strong> outra.<br />
A <strong>filosofia</strong> enfatiza o exercício da razão, que é saudável <strong>à</strong> fé, pois Deus, afinal, é o<br />
Intelecto Supremo, e as almas humanas são intelectuais, tendo afinida<strong>de</strong> com Deus (ídéia<br />
aristotélicas em essência).<br />
A fé po<strong>de</strong> aceitar muitas das doutrinas aceitas pela razão, mas também po<strong>de</strong> ultrapassar<br />
a razão, porquanto a fé religiosa também obtém informações por meio da intuição e das<br />
experiências místicas (por meio da revelação e <strong>de</strong> outras formas). Assim, a fé vai além da<br />
razão, embora não a contradiga.<br />
Algumas doutrinas repousam sobre a fé e a razão; e outras sobre a fé somente, por meio<br />
da revelação cristã, segundo se dá com a doutrina da trinda<strong>de</strong> e da encarnação, com<br />
seus mistérios e implicações.<br />
Essas doutrinas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da sabedoria <strong>de</strong> Deus, po<strong>de</strong>ndo ser conhecidas apenas<br />
imperfeitamente por meio da razão humana.<br />
Teoria Moral. Tomás <strong>de</strong> Aquino <strong>de</strong>u ao catolicismo romano sua teoria,ética básica, po<strong>de</strong><br />
ele também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u em muito <strong>de</strong> Aristóteles. Aquino mostrou sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
razão e analogia, dando <strong>à</strong> sua ética uma maciça estrutura, gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias,<br />
análises completas, e rica interpretação, filosófica e teologicamente falando.<br />
Esses <strong>de</strong>senvolvimentos po<strong>de</strong>m ser encontrados em sua Suma Teológica.<br />
Sumário:<br />
O homem foi criado como ser moralmente responsável, uma criatura racional cuja própria<br />
racionalida<strong>de</strong> é uma afinida<strong>de</strong> com o divino, outorgada por Deus. O homem está a meio<br />
caminho entre os animais e os anjos, <strong>de</strong>ntro da escala do ser. À semelhança dos anjos,<br />
ele possui alma racional; <strong>à</strong> semelhança dos animais, tem um corpo físico.<br />
Seus impulsos e <strong>de</strong>sejos físicos são <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> suas faculda<strong>de</strong>s apetitivas, sendo<br />
essencialmente animais em sua natureza. Mas sua racionalida<strong>de</strong> lhe fornece os meios<br />
para combater as prisões e <strong>de</strong>senvolver as virtu<strong>de</strong>s.<br />
O homem busca o bem segundo sua razão preceitua. Sua razão <strong>de</strong>veria ser gran<strong>de</strong> e<br />
boa, por ter sido criada e inspirada por Deus. Alvos retos são selecionados por Deus, e o<br />
homem, se seu aspecto racional for <strong>de</strong>senvolvido, naturalmente seguirá esses alvos.<br />
A queda no pecado não diminuiu essa qualida<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> escala, embora tenha<br />
<strong>de</strong>bilitado moralmente o homem. Não obstante, retém uma digna maneira <strong>de</strong> pensar.<br />
129
Com base em Aristóteles, Aquino acrescenta aqui o fator teleológico. Há finalida<strong>de</strong>s<br />
apropriadas a serem obtidas na ética, e o homem foi programado para isso.<br />
O homem possui livre-arbítrio, po<strong>de</strong>ndo fazer escolhas genuínas, pelas quais também<br />
torna-se responsável. A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é ativa quanto ao homem, e ajuda-o a fazer as<br />
escolhas certas. Sem isso, o homem nada po<strong>de</strong>ria fazer.<br />
Contudo, há um esforço cooperativo envolvido em toda a ética. O homem não é um<br />
autômato.<br />
Os alvos po<strong>de</strong>m ser alcançados. As quatro virtu<strong>de</strong>s car<strong>de</strong>ais são a prudência, a retidão, o<br />
controle-próprio e a força <strong>de</strong> caráter (influências aristotélicas). Todos os homens, como<br />
seres racionais que são, compreen<strong>de</strong>m essas virtu<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>m buscá-las mediante o ato<br />
do livre-arbítrio.<br />
A razão <strong>de</strong>ve governar essas escolhas.<br />
A prudência, que é a virtu<strong>de</strong> intelectual, mostra-se proeminente como força diretriz em<br />
toda a ação moral. Bons hábitos morais resultam da prática diária, <strong>de</strong> continuas boas<br />
escolhas. Seu alvo é a felicida<strong>de</strong> (<strong>filosofia</strong> eu<strong>de</strong>monísfica, como em Aristóteles). Porém,<br />
esse bem-estar não equivale ao prazer (<strong>filosofia</strong> hedonista), embora tenha seus<br />
aprazimentos.<br />
Ás quatro virtu<strong>de</strong>s aristotélicas, Aquino adicionava as virtu<strong>de</strong>s cristãs básicas: a fé, a<br />
esperança e o amor. A origem <strong>de</strong>stas seria a revelação divina.<br />
Há necessida<strong>de</strong> da graça sobrenatural para que essas virtu<strong>de</strong>s sejam constantes no<br />
indivíduo. Mas a fé opera em união com a razão, e a razão fortalece a fé.<br />
A esperança é criada pela vonta<strong>de</strong>, que assinala o alvo como algo exeqüível.<br />
A fé, ajudada pelo intelecto, apossa-se dos princípios transcen<strong>de</strong>ntais que precisam ser<br />
cridos. O amor fala sobre a união espiritual mediante a qual a vonta<strong>de</strong> é transformada em<br />
um esforço sobrenatural.<br />
O amor é a mais excelente das virtu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>rivado do amor <strong>de</strong> Deus.<br />
Ajuda divina. O homem não po<strong>de</strong> atingir a busca moral e sua mais alta realização sem a<br />
ajuda <strong>de</strong> Deus.<br />
Há diversas ajudas:<br />
1-A lei eterna, na mente <strong>de</strong> Deus, transmitida <strong>à</strong> mente humana.<br />
2-a lei natural que prevalece no mundo, e que aponta para os mesmos alvos.<br />
3-leis humanas e <strong>de</strong>cretadas, baixadas pelos governos humanos, que precisam ser<br />
obe<strong>de</strong>cidas.<br />
4-a lei divina, conforme é encontrada na Bíblia. Esta última concorda com a lei natural,<br />
embora vá além da mesma.<br />
O Espírito Santo grava essa lei no coração humano, conferindo ao homem as corretas<br />
disposições internas.<br />
Influência <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino. Sua influência foi gran<strong>de</strong>, em sua época. Ele fez com<br />
que as universida<strong>de</strong>s européias estudassem e aplicassem a <strong>filosofia</strong> aristotélica. Proveu<br />
uma síntese <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> e fé, na verda<strong>de</strong>, uma síntese <strong>de</strong> tudo quanto se conhecia na<br />
época.<br />
Destarte, ele figura como um dos gran<strong>de</strong>s pensadores universais, um dos principais<br />
teólogos e filósofos, havendo poucos que se rivalizassem a ele. Sua influência continuou<br />
po<strong>de</strong>rosa, mesmo após a sua morte.<br />
Foi <strong>de</strong>clarado santo pelo papa João XXII, a 18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1323, e doutor da Igreja<br />
universal pelo papa Pio V, em 1567; e patrono <strong>de</strong> todas as escolas católicas pelo papa<br />
Leão XIII, em 1880, fazendo com que a sua <strong>filosofia</strong> se tornasse a <strong>filosofia</strong> universal <strong>de</strong><br />
Igreja <strong>de</strong> Roma.<br />
Em 1918, o Có<strong>de</strong>x Juris Canonici (Código da Lei Canônica) <strong>de</strong>terminou que essa <strong>filosofia</strong><br />
fosse ensinada nos seminários eclesiásticos.<br />
130
Controvérsias e para além das controvérsias. Vários teólogos, principalmente<br />
protestantes, têm objetado <strong>à</strong> idéia da inteira abordagem filosófica da fé religiosa. Muitas<br />
doutrinas tipicamente tomistas têm sido atacadas, mormente aquilo que parece ser uma<br />
mui débil ênfase sobre a fé evangélica, a graça e a conversão sobrenatural, e ênfase<br />
<strong>de</strong>masiada sobre a razão e suas realizações.<br />
Porém, no caso <strong>de</strong> um homem como Tomás <strong>de</strong> Aquino, temos <strong>de</strong> ir além das<br />
controvérsias.<br />
Em primeiro lugar, porque ele foi homem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> pessoal, o que a <strong>história</strong><br />
inteira confirma.<br />
Em segundo lugar, porque ele foi homem <strong>de</strong> raciocínio profundo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
análise; e suas maciças obras contêm tanto bem que se duvida que possam ser<br />
rejeitadas sem gran<strong>de</strong> perda.<br />
Diz-se que poucos meses antes <strong>de</strong> sua morte, ao entrar na capela, recebeu po<strong>de</strong>rosa<br />
iluminação em uma visão extática.<br />
Dali por diante nada mais escreveu, afirmando que seus escritos eram apenas pausa, tão<br />
gran<strong>de</strong> foi a iluminação que ele recebeu naquela experiência. Assim, a palha <strong>de</strong> Tomás<br />
<strong>de</strong> Aquino foi maior que o ouro <strong>de</strong> muitos homens, e sua iluminação foi tão divina que os<br />
outros homens só podiam esperar que a graça divina lhes proviesse igual iluminação,<br />
quando estivessem preparados para isso, por meio do <strong>de</strong>senvolvimento da alma.<br />
131
HISTÓRIA E INTRODUÇÃOÀ FILOSOFIA<br />
L6<br />
1- O que foi uma importante versão britânica da <strong>filosofia</strong>?<br />
A-O Platonismo <strong>de</strong> Cambridge<br />
B-O Platonismo Grego<br />
2- A <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna continua sentindo a influência <strong>de</strong>:<br />
A-Platão<br />
B-Sócrates<br />
3- O conceito das religiões orientais, que dizem que o homem é um complexo <strong>de</strong> energias<br />
vitais, corpo físico,vitalida<strong>de</strong>, alma e superego, é similar <strong>à</strong> noção:<br />
A-Platônica do completo humano<br />
B-Agostiniana do completo humano<br />
4- Platão apresentou um ponto <strong>de</strong> vista sobre conhecimento que, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> sua habilida<strong>de</strong><br />
e <strong>à</strong> <strong>de</strong>fesa que ali faz do conhecimento,<br />
A-Tem sido inútil para todos os filósofos<br />
B-Tem sido útil para os filósofos e teólogos através dos séculos<br />
5- On<strong>de</strong> Aristóteles nasceu?<br />
A-Em Atenas, na Grécia<br />
B-Em Estagira, Macedônia<br />
6- Que época Aristóteles viveu?<br />
A-385 a 310 a.C<br />
B-384 a 322 a.C.<br />
7- Aristóteles percebia o escopo do conhecimento, mais do que os outros antes <strong>de</strong>le,<br />
sendo capaz <strong>de</strong> discernir o papel da <strong>de</strong>finição da:<br />
A-Indução para <strong>de</strong>senvolver<br />
B-Indução e <strong>de</strong>dução, no <strong>de</strong>senvolvimento das ciências<br />
8- Ele consi<strong>de</strong>rava que o conhecimento é possível,<br />
A-Contrastando nisso com o ceticismo<br />
B-Contrastando o ceticismo<br />
9- Quem foi o fundador da lógica científica?<br />
A-Aristóteles<br />
B-Sócrates<br />
10- Para quem as coisas particulares(objetos terrenos) são substancias reais?<br />
A-Para Xenofonte<br />
B-Para Aristóteles<br />
11- A forma é real, mas não in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do particular,na <strong>filosofia</strong>,<br />
A-Essa posição chama-se realismo mo<strong>de</strong>rado<br />
B-Essa posição chama-se realismo radical<br />
132
12- Cite as quatro causas da matéria apresentada por Aristóteles?<br />
A-1) Causa informal, 2) Causa material, 3) Causa explícita,4) Causa inicial<br />
B-1)Causa material, 2) Causa formal, 3) Causa eficiente,4) Causa final<br />
13- A cor é um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alguma coisa, mas não,necessariamente,<br />
A-O seu ser<br />
B-A própria coisa<br />
14- Quem é o fundador da zoologia sistemática e comparada?<br />
A-Sócrates<br />
B-Aristóteles<br />
15- Cite três tipos <strong>de</strong> alma.<br />
A-1) Boa, 2) Má, 3) Neutra<br />
B-1) Nutritiva-vegetativa, 2) Sensível, 3) Humana<br />
16- A <strong>de</strong>scoberta da verda<strong>de</strong> é a mais alta:<br />
A-Felicida<strong>de</strong> do Homem<br />
B-Tristeza do homem<br />
17- A virtu<strong>de</strong> habitual vem através do disciplinamento da razão<br />
A-A faculda<strong>de</strong> especial do homem<br />
B-A faculda<strong>de</strong> dos filósofos<br />
18- Quem chamou Aristóteles <strong>de</strong> o intelecto por ele ser o mais brilhante <strong>de</strong> seus alunos?<br />
A-Platão<br />
B-Sócrates<br />
19- Um dos mais importantes e extraordinários <strong>de</strong>senvolvimentos na <strong>história</strong> das idéias<br />
européias foi a adaptação da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles:<br />
A-Para consumo muçulmano<br />
B-Para consumo cristão<br />
20- Platão e Aristóteles, embora fossem mestre e aluno,<br />
A-Defendiam idéias próximas<br />
B-Defendiam idéias bem diversas<br />
21- Platão era o racionalista místico influenciado pelas religiões orientais, e Aristóteles era<br />
o cientista,<br />
A-Que enfatizava o método empírico<br />
B-Que enfatizava o método filosófico<br />
22- O que era uma expressão religiosa <strong>de</strong> Platão, que exerceu vasta influência no mundo<br />
religioso por muitos séculos, incluindo a Igreja critã?<br />
A-O neoplatonismo<br />
B-O platonismo<br />
23- Que época Cícero viveu?<br />
A-105 a 40 a.C.<br />
B-104 a 43 a.C.<br />
133
24- Quem não teve qualquer participação no assassinato <strong>de</strong> César; mas regozijou-se com<br />
a morte do ditador?<br />
A-Orígenes<br />
B-Cícero<br />
25- O que era importante na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Cícero?<br />
A-O princípio ético e principalmente estóico da mo<strong>de</strong>ração<br />
B-O princípio filosófico das idéias<br />
26- Quem ensinava que a retórica tanto é a arte <strong>de</strong> falar bem quanto é a arte <strong>de</strong> expor os<br />
pensamentos <strong>de</strong> uma forma organizada e eficaz?<br />
A-Orígenes<br />
B-Cícero<br />
27- Cite a data <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> Aurélio Agostinho.<br />
A-13 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 354 d.C.<br />
B-15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 400 d.C.<br />
28- Que época Agostinho foi or<strong>de</strong>nado bispo auxiliar <strong>de</strong> Hipona?<br />
A-395-396<br />
B-390-397<br />
29- Que nomes se dá ao ensino geral filosófico-religioso <strong>de</strong> Agostinho?<br />
A-Agostianismo<br />
B-Platonismo<br />
30- A inspiração e o pensamento <strong>de</strong> Agostinho era controlado por dois pólos. Quais?<br />
A-Fé e razão<br />
B-Deus e a alma<br />
31- A única posição intelectualmente válida para o cristão é o:<br />
A-Teísmo<br />
B-Politeísmo<br />
32- Quem disse: “Se duvido, estou certo da verda<strong>de</strong> que duvido”?<br />
A-Sócrates<br />
B-Agostinho<br />
33- Há uma vereda interior que conduz a Deus, e os elementos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />
A-Beleza e bonda<strong>de</strong> são nossos gran<strong>de</strong>s guias<br />
B-Beleza e bonda<strong>de</strong> são duas qualida<strong>de</strong>s distintas<br />
34- O que antecipou a teoria da relativida<strong>de</strong>, embora a idéia já estivesse contida nos<br />
particulares <strong>de</strong> Platão?<br />
A-A abordagem platoniana do tempo<br />
B-A abordagem agostiniana do tempo<br />
35- A encruzilhada <strong>de</strong> todos as questões morais é o:<br />
A-Amor<br />
B-Governo político<br />
134
36- Em sua obra, A Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, Agostinho produziu a primeira e maior:<br />
A-Filosofia da <strong>história</strong><br />
B-Filosofia da <strong>Teologia</strong><br />
37- Que época Tomás <strong>de</strong> Aquino viveu?<br />
A-1220-1275<br />
B-1225-1274<br />
38- On<strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino nasceu?<br />
A-França<br />
B-Itália<br />
39- A princípio, Tomás <strong>de</strong> Aquino foi influenciado principalmente por quem?<br />
A-Agostinho<br />
B-Irineu<br />
40- Tomás <strong>de</strong> Aquino usava, adaptava e modificava as idéias <strong>de</strong> Aristóteles e assim<br />
tornou-se<br />
A-Muito endividado para com o filósofo<br />
B-Muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>de</strong> do filósofo<br />
41- Provas <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> Deus. Neste ponto, Tomás <strong>de</strong> Aquino também:<br />
A-Deve muito a Aristóteles<br />
B-Deve muito a Platão<br />
42- Sem um ser necessário, outros seres, por serem contingentes,<br />
A-Necessariamente <strong>de</strong>sapareceriam da existência<br />
B-Viveriam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
43- Assim, a fé vai além da razão,<br />
A-E a apóia<br />
B-Embora não a contradiga<br />
44- Tomás <strong>de</strong> Aquino <strong>de</strong>u ao catolicismo romano sua teoria, ética básica, porém ele<br />
também:<br />
A-Depen<strong>de</strong>u muito <strong>de</strong> Aristóteles<br />
B-Depen<strong>de</strong>u muito <strong>de</strong> Sócrates<br />
45- O homem foi criado como ser moralmente responsável, uma criatura racional cuja<br />
própria racionalida<strong>de</strong> é uma afinida<strong>de</strong> com o divino<br />
A-Outorgada por Deus<br />
B-Outorgada pelos homens<br />
46- O homem está a meio caminho entre os animais e os anjos,<br />
A-Dentro da escolha <strong>de</strong> cada indivíduo<br />
B-Dentro da escolha do ser<br />
47- A queda no pecado não diminui essa qualida<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> escala,<br />
A-Embora tenha <strong>de</strong>bilitado totalmente o homem<br />
B-Embora tenha arruinado a vida do homem<br />
135
48- O homem possuí livre-arbítrio, po<strong>de</strong>ndo fazer escolhas genuínas:<br />
A-Pelo resto <strong>de</strong> sua vida<br />
B-Pelas quais também se tornará responsável<br />
49- O homem não po<strong>de</strong> atingir a busca moral e sua mais alta realização:<br />
A-Sem a ajuda <strong>de</strong> Deus<br />
B-Com a ajuda <strong>de</strong> Deus<br />
50- Quem fez com que as universida<strong>de</strong>s européias estudassem e aplicassem a <strong>filosofia</strong><br />
aristotélica?<br />
A-Tomás <strong>de</strong> Aquino<br />
B-Origenes<br />
136
8<br />
De Thomas More a Martin Hei<strong>de</strong>gger<br />
LIÇÃO 7<br />
Thomas More<br />
Suas datas foram 1478-1535. Ele foi um estadista e ensaísta inglês. Nasceu em Londres<br />
e chegou a tornar-se membro do parlamento britânico. Foi Lord Chancellor da Inglaterra.<br />
Morreu martirizado, por ter-se recusado a reconhecer a Henrique VIII como cabeça da<br />
Igreja da Inglaterra.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Thomas More:<br />
Sua mais famosa obra, Utopia, foi moldada superficialmente segundo a obra <strong>de</strong> Platão,<br />
República, embora seguindo uma <strong>filosofia</strong> bastante diferente.<br />
Nesse livro, o prazer aparece como um apanágio humano, que <strong>de</strong>ve concretizar-se <strong>de</strong>ntro<br />
do contexto <strong>de</strong> um comunismo platônico, embora com a preservação da família. Homens<br />
e mulheres são absolutamente iguais.<br />
Ele criticava amargamente a perfídia da diplomacia, a moralida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s<br />
tradicionais, uma socieda<strong>de</strong> interesseira e inquisitiva e o ávido mundo dos negócios.<br />
Ele tomava por empréstimo idéias do epicurismo cristão, <strong>de</strong> Erasmo <strong>de</strong> Roterdã e certos<br />
elementos <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> Platão, como República e Leis; e <strong>de</strong>ssa mistura toda, ele formava<br />
o que chamava <strong>de</strong> um novo humanismo.<br />
No campo da ética, o summum bonum(supremo bem) seria o prazer, individualmente<br />
orientado, embora compartilhado por toda a comunida<strong>de</strong> dos homens. Cada pessoa<br />
<strong>de</strong>veria buscar os prazeres naturais, em uma vida caracterizada pela simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>,<br />
ficando rejeitados os falsos valores, cujo gran<strong>de</strong> alvo são as riquezas materiais, o po<strong>de</strong>r e<br />
as extravagâncias.<br />
Além disso, <strong>de</strong>veríamos pensar nos prazeres eternos, resi<strong>de</strong>ntes na providência divina, e<br />
na prometida vida vindoura, após a morte biológica.<br />
More tentava <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a racionalida<strong>de</strong> e a franqueza <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira forma <strong>de</strong><br />
humanismo, não-distorcida, que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado a dimensão eterna.<br />
Michel <strong>de</strong> Montaigne<br />
Suas datas foram 1533-1592. Ele foi um filósofo e ensaísta francês. Nasceu na Périgord.<br />
O latim foi a sua primeira língua. Seu tutor falava com ele e lhe ensinava exclusivamente<br />
o latim. Estudou em Bor<strong>de</strong>aux e em Toilouse. Serviu como membro do parlamento.<br />
Tornou-se prefeito <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux. Mostrou-se ativo na tentativa <strong>de</strong> encontrar solução para<br />
as divergências entre os católicos romanos e protestantes. Desenvolveu uma <strong>filosofia</strong><br />
cética; criticou acerbamente a Igreja Católica Romana(embora, noutras oportunida<strong>de</strong>s, a<br />
tenha elogiado). Mas, embora tivesse criticado tanto o catolicismo romano, nunca<br />
abandonou essa igreja, e faleceu quando a missa estava sendo celebrada em seu quarto<br />
<strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>. Seus escritos foram criticados pelos eclesiásticos católicos romanos<br />
<strong>de</strong>vido ao seu ceticismo, e, ocasionalmente, por sua lascívia. No entanto, seus escritos<br />
são consi<strong>de</strong>rados atualmente como clássicos <strong>de</strong> uma graça encantadora, <strong>de</strong> uma<br />
vitalida<strong>de</strong> inebriante, <strong>de</strong> um brilho fascinante. Esses escritos influenciaram Pascal,<br />
Descartes, Malebranche, William Shakespeare e Francis Bacon.<br />
137
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Montaigne:<br />
A muito louvada racionalida<strong>de</strong> do homem e não passa <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> comportamento<br />
animal.<br />
Embora exalte a si mesmo, com freqüência o homem é moralmente inferior aos animais, e<br />
não vive tão feliz quanto o reino animal.<br />
O homem, em todas as eras, tem falhado em entrar em harmonia com a verda<strong>de</strong> e o<br />
conhecimento, e até mesmo com as ciências. Isso posto, a revelação divina é a única<br />
fonte segura <strong>de</strong> conhecimento.<br />
O homem, em seu presente estado <strong>de</strong> humilhação, nem dá <strong>à</strong> verda<strong>de</strong>ira bonda<strong>de</strong>, e nem<br />
ao verda<strong>de</strong>iro conhecimento.<br />
Ceticismo. Ele aceitava o ceticismo radical <strong>de</strong> Pirro, contra a expressão mo<strong>de</strong>rada das<br />
Aca<strong>de</strong>mias Segunda e Terceira <strong>de</strong> Platão. Aquelas aca<strong>de</strong>mias ensinavam que apesar <strong>de</strong><br />
não po<strong>de</strong>rmos ter certeza quanto ao conhecimento, pelo menos po<strong>de</strong>mos ter uma<br />
probabilida<strong>de</strong>. Porém, a visão <strong>de</strong> Pirro é que nem mesmo isso é possível. Por isso<br />
mesmo, suspendiam o juízo quanto a todas as questões.<br />
Visto que o homem encontra-se nessa <strong>de</strong>plorável situação, o que ele <strong>de</strong>veria fazer era<br />
retornar <strong>à</strong> natureza, reduzir sua vida <strong>à</strong>s formas mais simples, controlar a sua arrogância e<br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fingir que é tão gran<strong>de</strong> e sabe tanta coisa.<br />
O Pirronismo Leva ao Cristianismo. Estando reduzido a praticamente nada, através da<br />
abordagem cética e da humilhação que isso lhe provê, o homem está pronto a aceitar a<br />
graça divina e a revelação como fonte <strong>de</strong> conhecimento. O ceticismo leva <strong>à</strong> fé, ou <strong>à</strong>quilo<br />
que os filósofos chamam <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>ísmo, isto é, aquela fé que prece<strong>de</strong> <strong>à</strong> razão e não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da mesma.<br />
Galileu Galilei<br />
Um astrônomo e filósofo natural nascido em Pisa,Itália (suas datas foram 1564 — 1642).<br />
Educou-se quase inteiramente no mosteiro <strong>de</strong> Valombrosa, em Florença. Entre 1581 e<br />
1585 estudou na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florença e então ensinou em certa aca<strong>de</strong>mia florentina,<br />
fazendo preleções sobre a matemática.<br />
Ele a<strong>de</strong>riu <strong>à</strong> nova astronomia, que tinha por base várias teorias <strong>de</strong> Copérnico.<br />
Foi censurado pelos teólogos do Santo Ofício, em 1616, tendo sido proibido <strong>de</strong> ensinar as<br />
novas i<strong>de</strong>ias. Galileu concordou, mas então publicou um diálogo, confrontando as antigas<br />
e as novas i<strong>de</strong>ias. Porém, era fácil verificar <strong>de</strong> que lado ficavam suas simpatias; e Galileu<br />
entrou novamente em dificulda<strong>de</strong>s. Seus críticos sabiam que Aristóteles não po<strong>de</strong>ria terse<br />
enganado, que a terra tinha <strong>de</strong> ser o centro do Universo e que não po<strong>de</strong>ria estar em<br />
movimento.<br />
Galileu foi convocado para ir a Roma, pelas autorida<strong>de</strong>s da Inquisição.<br />
A 21 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1634 foi acusado <strong>de</strong> haver rompido o acordo <strong>de</strong> não ensinar as novas<br />
doutrinas astronômicas, por ter publicado aquela farsa <strong>de</strong> um diálogo on<strong>de</strong> acabava<br />
ensinando, novamente, aquilo <strong>de</strong> que fora proibido. Temendo per<strong>de</strong>r a vida, Galileu leu<br />
sua retratação no dia seguinte.<br />
O que estava em jogo, em toda a questão, era a noção aristotélica <strong>de</strong> que todo<br />
movimento implica em imperfeição, e todos sabiam que a criação <strong>de</strong> Deus não podia ser<br />
imperfeita. Se isso fosse verda<strong>de</strong>, então só a terra seria perfeita, e todo o Universo,<br />
girando ao redor da terra fixa, seria imperfeito!<br />
No entanto, a teologia havia adotado Aristóteles como guia <strong>de</strong> seu pensamento científico,<br />
embora a Bíblia jamais o tivesse elegido para a posição. Galileu teve permissão <strong>de</strong> voltar<br />
para sua vila, em Florença, mas sob prisão doméstica.<br />
138
Passou os oito anos restantes <strong>de</strong> sua vida fazendo pesquisas e estudos científicos; mas a<br />
sua voz fora silenciada.<br />
Questões Envolvidas. As melhorias <strong>de</strong> Galileu quanto ao telescópio permitiam-lhe ver a<br />
natureza refletida da lua, das luas do planeta Júpiter, das fases <strong>de</strong> Vênus, dos anéis <strong>de</strong><br />
Saturno, da ocorrência das manchas solares e da rotação do sol sobre seu próprio eixo,<br />
além <strong>de</strong> evidências das órbitas dos planetas, em redor do sol.<br />
A heresia <strong>de</strong> que ele foi acusado era a sua crença <strong>de</strong> que a terra órbita em redor do sol, o<br />
que fazia com que a terra não fosse mais o centro do Universo. Ambas as idéias eram<br />
consi<strong>de</strong>radas, pelas autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas, como contrárias <strong>à</strong> suposta or<strong>de</strong>m divina<br />
das coisas.<br />
Os teólogos recusavam-se, terminantemente, a olhar os corpos celestes pelo seu<br />
telescópio.<br />
E Galileu precisou retratar-se <strong>de</strong> joelhos.<br />
Reconheceu o seu “erro”, para satisfação <strong>de</strong> seus perseguidores.<br />
No entanto, diz-se que, quando se levantou, após ter feito sua solene retratação, Galileu<br />
foi ouvido a murmurar: E pur si muove, “No entanto, ela (a terra) se movimentas”.<br />
Algumas <strong>de</strong> suas Descobertas Científicas<br />
Além daquelas mencionadas no penúltimo parágrafo, acima, ele <strong>de</strong>scobriu isocronismo do<br />
pêndulo e seu uso em relógios; os princípios básicos da dinâmica; o compasso<br />
proporcional e o termômetro; fez muitas melhorias no telescópio; <strong>de</strong>scobriu que a Via<br />
Láctea é uma constelação <strong>de</strong> estrelas; <strong>de</strong>scobriu a inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> movimentos e<br />
forças, ou seja, a invariabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> causa e efeito, dando isso origem a uma<br />
nova maneira <strong>de</strong> pensar sobre o Universo e suas forças; que todas as entida<strong>de</strong>s têm<br />
peso, e que o peso consiste em uma continua força <strong>de</strong> atração sobre os objetos, para o<br />
centro da terra; e que, no vácuo, todos os corpos caem com igual velocida<strong>de</strong>.<br />
Este último ponto foi testado pelos astronautas norte-americanos na lua, e foi confirmado.<br />
Uma pena <strong>de</strong> ave cai sobre o solo com a mesma velocida<strong>de</strong> que um bloco <strong>de</strong> chumbo, no<br />
vácuo, visto que, ali, não há resistência do ar <strong>à</strong> passagem <strong>de</strong> objetos; as estrelas e os<br />
planetas não são menos capazes <strong>de</strong> corrupção do que a terra.<br />
No campo da <strong>filosofia</strong>, Galileu aceitava o atomismo, em consonância com a teoria<br />
lógica. Ele fazia a distinção entre, as qualida<strong>de</strong>s primárias e secundárias das coisas, uma<br />
distinção, usualmente, associada ao nome <strong>de</strong> Locke.<br />
A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que aquilo que é mensurável é uma questão objetiva, ao passo que as coisas<br />
não mensuráveis ficam no campo da subjetivida<strong>de</strong>, são princípios que têm guiado as<br />
pesquisas científicas durante séculos.<br />
Escritos: O Analisador: Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas Mundiais; Diálogos<br />
Concernentes a Duas Novas Ciências.<br />
Contribuições<br />
As contribuições científicas e filosóficas <strong>de</strong> Galileu são por <strong>de</strong>mais óbvias para termos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>screvê-las.<br />
Além <strong>de</strong>ssas contribuições, <strong>de</strong>vemo-nos lembrar que ele também nos proveu um exemplo<br />
<strong>de</strong> trabalho pioneiro, <strong>de</strong> alguém que teve a coragem para propor e investigar novas i<strong>de</strong>ias.<br />
Nesse exame, certas idéias mostram-se falsas, mas outras mostram-se corretas, afinal.<br />
Em ambos os casos, <strong>de</strong>veria haver tolerância suficiente, a fim <strong>de</strong> que as idéias possam<br />
ser submetidas a teste por parte <strong>de</strong> pessoas competentes, que se disponham a olhar<br />
através do telescópio, e não que se recusem terminantemente a averiguar as provas <strong>de</strong><br />
que suas teorias estão equivocadas.<br />
139
Uma curiosa nota histórica acerca <strong>de</strong> Galileu, em nossos próprios dias, é que o papa João<br />
Paulo II pronunciou-se em favor do “perdão” a Galileu, removendo, assim, o estigma que<br />
se pren<strong>de</strong>ra ao seu nome, por haver sido julgado pelos inquisidores e ter sido forçado a<br />
retratar-se, embora estivesse, o tempo todo, com a razão.<br />
“Não <strong>de</strong>vemos ter medo <strong>de</strong> estar dizendo asneiras. As gerações futuras provavelmente<br />
ficarão perplexas, não porque nossas ousadas teorias sejam bizarras, mas por serem<br />
conservadoras e terem uma natureza tímida”.<br />
Renê Descartes<br />
Suas datas foram 1596-1650. Foi um filósofo francês. Nasceu em La Haye, na Rouraine,<br />
<strong>de</strong> família nobre. Foi educado na Escola <strong>de</strong> La Fleche, dos jesuítas,mas rebelou-se contra<br />
a educação tradicional. Viajou largamente a fim <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r no livro do mundo, Seguiu a<br />
carreira militar por alguns anos. Retornou <strong>à</strong> escolarida<strong>de</strong>, primeiramente em Paris e então<br />
na Holanda, on<strong>de</strong> preparou a maioria <strong>de</strong> seus escritos Inventou a geometria analítica.<br />
Alguns o têm chamado <strong>de</strong> fundador da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna. Abordava o conhecimento pela<br />
via racionalista, e não pela via empírica. Foi convidado pela rainha Cristiana da Suécia<br />
para viver em Estocolmo e tornou-se o mestre <strong>de</strong>ssa rainha quanto <strong>à</strong> <strong>filosofia</strong>. Porém, o<br />
clima da Suécia era frio <strong>de</strong>mais para ele. Assim, Descartes contraiu uma enfermida<strong>de</strong> dos<br />
pulmões, do que faleceu.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Renê Descartes:<br />
Ele acreditava que se po<strong>de</strong> obter certa dose <strong>de</strong> conhecimentos, mas sentia que, para<br />
tanto, é mister o estudioso ultrapassar os limites do ceticismo. Seu alvo era <strong>de</strong>senvolver<br />
uma <strong>filosofia</strong> que conferisse um perfeito conhecimento e uma conduta i<strong>de</strong>al, servindo <strong>de</strong><br />
meio para ajudar no progresso das ciências.<br />
Ele procurava criar um sistema que possuísse a certeza da matemática, e não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse dos sistemas escolástico e dogmático.<br />
Desconfiava do método empírico <strong>de</strong> obter conhecimentos, no que dizia respeito <strong>à</strong><br />
obtenção da certeza no conhecimento, e preferia aplicar o racionalismo.<br />
Alicerçado sobre o modo matemático <strong>de</strong> resolver problemas, Descartes supunha que<br />
podia <strong>de</strong>senvolver um conjunto <strong>de</strong> máximas que agiriam como guias válidos para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do seu sistema. Isso lhe permitiu estabelecer os seguintes princípios<br />
gerais:<br />
a-Ele nada aceitaria como verda<strong>de</strong>iro que não fosse claro e certo.<br />
b-Ele analisaria um problema, dividindo-o em partes, então discutiria a questão parte por<br />
parte, em uma espécie <strong>de</strong> atomismo epistemológico.<br />
c-Ele prosseguiria do simples para o complexo, e suas enumerações seriam as mais<br />
completas possíveis.<br />
d-Ele duvidaria <strong>de</strong> tudo quando admitisse dúvidas, levando o ceticismo ao seu limite<br />
extremo. Somente as proposições que se mantivessem <strong>de</strong> pé diante <strong>de</strong>sse exame crítico<br />
e cético seriam retidas como fundamentais, <strong>de</strong>ntro do seu sistema. Por meio da<br />
coerência, ele arquitetaria outras proposições, com base naquelas proposições básicas,<br />
mas que também não admitissem dúvidas.<br />
Estabelecimento dos Princípios Básicos. Se há um processo <strong>de</strong> dúvida, <strong>de</strong>ve haver<br />
alguém que duvida. Com base nessa premissa fundamental ele chegou <strong>à</strong> sua famosa<br />
máxima: Cogito ergo sum. “Penso, portanto existo”.<br />
Se há um processo <strong>de</strong> raciocínio, <strong>de</strong>ve haver uma pessoa que pensa. Isso po<strong>de</strong> parecer<br />
uma tolice para aqueles que não têm treinamento filosófico; porém, <strong>de</strong>vemos nos lembrar<br />
que os céticos duvidavam da própria existência do ser, supondo que a única coisa que<br />
po<strong>de</strong> ser afirmada é que há uma série <strong>de</strong> fenômenos.<br />
140
Mediante a fé animal, supomos que uma pessoa <strong>de</strong>ve ser i<strong>de</strong>ntificada com aquela série<br />
das percepções dos sentidos. Além disso, a <strong>filosofia</strong> analítica ensina-nos que não se po<strong>de</strong><br />
predicar a existência.<br />
Em outras palavras, se alguém arma uma sentença e diz: “Isto existe” (no predicado, isso<br />
afirma algo sobre um sujeito), tendo afirmado isso, terá apenas construído uma sentença<br />
que afirma a existência, mas nem por isso se fez qualquer coisa vir <strong>à</strong> existência. Portanto,<br />
filósofos posteriores criticaram Descartes por ser culpado <strong>de</strong> predicar a existência quando<br />
dizia “Cogito ergo sum”.<br />
No entanto, sem importar o que os lógicos possam fazer por meio <strong>de</strong> suas análises, a<br />
suposição <strong>de</strong> que para haver o processo <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong>ve haver um pensador,<br />
reveste-se <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável força como <strong>de</strong>claração; e, sem importar se predica existência<br />
ou não, essa afirmativa diz uma verda<strong>de</strong>.<br />
Seja como for, Descartes pensava que sua posição era inatacável, que podia resistir a<br />
todos os assédios do ceticismo. Em conseqüência, ele havia estabelecido uma<br />
proposição que não podia ser posta em dúvida.<br />
A Descoberta <strong>de</strong> Deus. Tendo estabelecido uma proposição inatacável, Descartes<br />
passou a buscar outras proposições. Ele raciocinou que não podia encontrar explicação<br />
para as suas próprias idéias.<br />
A inteligência reveste-se <strong>de</strong> um certo mistério.<br />
Ela inspira-nos o respeito. Parece ultrapassar a si mesma.<br />
Uma pessoa tem idéias inatas que surgem <strong>de</strong> seu interior, idéias com as quais ela já<br />
nasce, que não precisa <strong>de</strong>senvolver. Uma <strong>de</strong>ssas idéias é a idéia divina, isto é, Deus, o<br />
qual é a fonte última das idéias, e com a qual a mente humana encontra uma afinida<strong>de</strong><br />
natural. Há em nós a idéia inata <strong>de</strong> um Ser Perfeito.<br />
O próprio conceito <strong>de</strong> Deus requer que ele seja perfeito; e a sua perfeição, por sua vez,<br />
requer que ele verda<strong>de</strong>iramente exista, porquanto se um ser existisse somente como um<br />
conceito, e não como uma realida<strong>de</strong>, então não po<strong>de</strong>ria ser um ente perfeito. Quanto a<br />
esse ponto, Descartes não se mostrava original. Estava tomando por empréstimo o<br />
argumento ontológico <strong>de</strong> Anselmo. Mediante outras idéias inatas, pois, po<strong>de</strong>mos<br />
<strong>de</strong>screver Deus como um Ser infinito, eterno, imutável, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, todo po<strong>de</strong>roso,<br />
onisciente, criador <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
Em outras palavras, Descartes propôs o Deus do cristianismo ortodoxo, partindo do<br />
pressuposto que a mente divina usufruí certas i<strong>de</strong>ias na mente humana mediante as<br />
quais, sem a ajuda <strong>de</strong> qualquer investigação empírica, o indivíduo po<strong>de</strong> saber que Deus<br />
existe, e como ele <strong>de</strong>ve ser, Descartes também aplicava o Argumento Cosmológico, para<br />
dar respaldo <strong>à</strong> sua idéia divina.<br />
A Descoberta do Mundo Exterior. Agora, Descartes já possuía duas proposições<br />
inatacáveis: Deus e o próprio eu. Dessas duas po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir uma terceira, a saber, a<br />
do mundo material, exterior. Temos a Idéia <strong>de</strong> que o mundo não é nossa imaginação ou<br />
sonho. Cremos que Deus não nos <strong>de</strong>ixaria ficar enganados quanto a essa questão, pelo<br />
que o mundo externo realmente existe.<br />
O Dualismo. A nossa razão segreda-nos que Deus é uma substância infinita e mental. A<br />
alma do homem <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong>ssa substância, sendo ela uma substância que pensa. Ela é<br />
imaterial, ou res cogitans, uma “entida<strong>de</strong> pensante”, O mundo material, em contraste, é<br />
res extensa, a matéria que se amplia pelo espaço e é governada pelo tempo.<br />
A matéria é uma extensão no espaço, sendo corpuscular em sua natureza (atomismo).<br />
A matéria é inteiramente distinta da mente, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>finida sem se fazer qualquer<br />
alusão <strong>à</strong> mente (negação do i<strong>de</strong>alismo).<br />
A mente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida com alusão <strong>à</strong> matéria, pois é absolutamente imaterial (i<strong>de</strong>ia).<br />
Isso significa que temos um dualismo , que constitui a realida<strong>de</strong>. Isso posto, Descartes<br />
negava tanto o materialismo simplesmente quanto o i<strong>de</strong>alismo como teorias absolutas,<br />
141
mutuamente exclusivas, mas aceitava ambas como verda<strong>de</strong>iras, se fossem consi<strong>de</strong>radas<br />
como <strong>de</strong>scrições parciais da realida<strong>de</strong>.<br />
O Problema Corpo-Mente. Descartes havia criado um dualismo radical. Tão radical, <strong>de</strong><br />
fato, que afirmou que a mente não po<strong>de</strong> exercer efeitos sobre a matéria, e nem a matéria<br />
po<strong>de</strong> exercer efeitos sobre a mente. Como, então, uma po<strong>de</strong>ria interagir com a outra?<br />
Descartes ensinava certa forma <strong>de</strong> interacionismo entre a mente e o corpo, através da<br />
glândula pineal; mas as suas explicações mostram-se vagas; e ele criou com isso mais<br />
problemas do que os resolveu.<br />
A maioria dos seus seguidores, entretanto, tornou-se ocasionalistas.<br />
A doutrina do ocasionalismo surgiu, fazendo <strong>de</strong> Deus um intermediário.<br />
Haveria uma espécie <strong>de</strong> sistema telefônico celeste, mediante o qual o corpo enviaria<br />
mensagens a Deus, e Ele as reenviaria <strong>à</strong> mente; e a mente enviaria mensagens a Deus,<br />
que as reenviaria ao corpo físico.<br />
O problema do corpo-mente é uma das principais dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pela <strong>filosofia</strong>.<br />
Como se Comete um Erro no Campo da Gnosiologia. Se todos contam com idéias<br />
inatas que se originam em Deus, como um homem po<strong>de</strong> errar naquilo que pensa?<br />
Descartes <strong>de</strong>scobriu a resposta para essa pergunta em seu estudo sobre a vonta<strong>de</strong>.<br />
A vonta<strong>de</strong> do homem é livre, e, em seu entusiasmo, po<strong>de</strong> correr mais do que a razão.<br />
As Paixões da Alma. De conformida<strong>de</strong> com Descartes, as paixões são modos <strong>de</strong><br />
expressão da substância pensante.<br />
Haveria seis paixões básicas que constituiriam a porção emotiva do homem:<br />
1-admiração.<br />
2-amor.<br />
3-ódio.<br />
4-<strong>de</strong>sejo ou apetite.<br />
5-felicida<strong>de</strong>.<br />
6-tristeza.<br />
Essas paixões dão seu colorido ao processo racional.<br />
O Problema do Mal. Se existe um Deus todo-po<strong>de</strong>roso, perfeito em seu conhecimento,<br />
ilimitado em seu po<strong>de</strong>r, como o mal conseguiu penetrar no mundo?<br />
As respostas dadas por Descartes são bastante convencionais, o mal teria entrado no<br />
mundo através da vonta<strong>de</strong> pervertida do homem.<br />
Faz parte da natureza das coisas finitas errarem, e errar implica em sofrimento.<br />
Essa explicação po<strong>de</strong>ria justificar o mal moral, os sofrimentos que os homens atraem<br />
contra si mesmos com seus atos maus. Sobre o mal natural (<strong>de</strong>sastres, doenças, morte,<br />
etc.)<br />
John Locke<br />
Suas datas foram 1632-1704.<br />
Ele nasceu em Wrington, em Somersetshfre, na Grã-Bretanha.<br />
Estudou em Christ Church, Oxford, tendo-se formado como bacharel e mestre.<br />
Tornou-se professor particular em Oxford, ensinando grego, retórica e <strong>filosofia</strong> Era<br />
praticante <strong>de</strong> medicina, embora não tivesse terminado seu curso <strong>de</strong> medicina.<br />
Foi secretário do con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Shaftesbury.<br />
Mudou-se, então, para Londres, on<strong>de</strong> se tomou membro da Real Socieda<strong>de</strong> e serviu em<br />
seu conselho.<br />
Escreveu durante vinte anos sobre o entendimento humano, e o augusto resultado <strong>de</strong>sses<br />
esforços foi sua publicação Essay Concerning Human Un<strong>de</strong>rstanding, publicado pela<br />
primeira vez em 1690.<br />
142
Locke se meteu em dificulda<strong>de</strong>s políticas e mudou-se para um lugar perto <strong>de</strong> Paris, na<br />
França, a fim <strong>de</strong> se proteger <strong>de</strong> inimigos. Em Paris, ele entrou em contato com muitas<br />
personagens bem conhecidas dos campos da ciência e da <strong>filosofia</strong>. Seu protetor, o con<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Shaftesbury, esteve em gran<strong>de</strong> perigo <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>vido a questões políticas, Em vista<br />
disso, Locke mudou-se para a Holanda, on<strong>de</strong> se ocultou sob o nome falso <strong>de</strong> Van <strong>de</strong>r<br />
Lin<strong>de</strong>n.<br />
Visto que per<strong>de</strong>u sua posição <strong>de</strong> professor em Oxford, passou a escrever e a ensinar na<br />
Holanda. Tinha, na época, cinqüenta e quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Mas, quando James II, rei da Inglaterra, foi <strong>de</strong>posto, Locke pô<strong>de</strong> retornar <strong>à</strong> Inglaterra, em<br />
1688. Tornou a brilhar na política e foi-lhe oferecida a posição <strong>de</strong> embaixador, em<br />
Bran<strong>de</strong>nburgo, mas ele não aceitou o oferecimento. Então, foi nomeado comissário <strong>de</strong><br />
apelos. Foi por essa época que ele publicou certo número <strong>de</strong> livros. Locke estabeleceu<br />
residência permanente com um seu amigo, <strong>de</strong> nome Masham, que vivia em Oates, em<br />
Essex, na Inglaterra.<br />
A sra. Masham era filha <strong>de</strong> Cudworth, que era um dos platonistas <strong>de</strong> Cambridge.<br />
Locke foi ainda nomeado comissário do Comércio e da Agricultura, tendo mantido o cargo<br />
por quatro anos.<br />
Mas sua saú<strong>de</strong>, que sempre fora periclitante, acabou piorando <strong>de</strong> vez, e ele faleceu em<br />
Oates, em 1704, com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> setenta e dois anos.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> John Locke:<br />
Ataque Contra as Idéias Inatas. A mais bem conhecida obra <strong>de</strong> Locke, intitulada em<br />
inglês Essay on Human Un<strong>de</strong>rstanding, a princípio foi severamente criticada em Oxford.<br />
Mas tornou-o famoso no continente europeu. Essa obra tornou-se um clássico no campo<br />
da teoria do conhecimento, abordando a questão por um ângulo rigorosamente empírico.<br />
Ali ele atacou todas as noções sobre idéias inatas, ou seja, a noção <strong>de</strong> que o homem<br />
po<strong>de</strong> ter conhecimentos que transcen<strong>de</strong>m aos cinco sentidos, com base na intuição inata<br />
ou na razão. Ele levou o seu empirismo a um ponto tão extremado que, virtualmente,<br />
negou o próprio conhecimento, terminando em uma posição <strong>de</strong> quase ceticismo.<br />
Naturalmente, o positivismo lógico tomou essa posição filosófica, baseando a ciência<br />
humana sobre a mesma.<br />
Tabula Rasa. No latim, ardósia limpa. O homem, <strong>de</strong> acordo com Locke, começa a viver<br />
neste mundo com a mente completamente vazia, Ela não traz nenhuma marca e nem<br />
impressão escrita sobre a mesma. Por meio da experiência é que o homem começaria a<br />
escrever sobre essa ardósia. Todas as i<strong>de</strong>ias teriam fundamento nas experiências. Com<br />
base nas experiências, pois, os homens formulariam idiomas. Com base nos idiomas, os<br />
homens formulariam i<strong>de</strong>ias.<br />
Com base nas i<strong>de</strong>ias é que os homens construiriam o seu conhecimento.<br />
Mas tudo po<strong>de</strong> retroce<strong>de</strong>r até <strong>à</strong> percepção dos sentidos.<br />
Discernimento e Distinção. O homem combinaria idéias, produzindo idéias complexas, a<br />
partir <strong>de</strong> idéias mais simples. As idéias simples originam-se na percepção dos sentidos.<br />
Os homens <strong>de</strong>scobrem relações entre idéias simples mediante analogias, através da<br />
razão. A própria razão, porém, é algo aprendido, e não uma qualida<strong>de</strong> Inata ao homem.<br />
O homem ocupa-se em abstrações, e assim é capaz <strong>de</strong> perceber o que é comum a várias<br />
situações e realida<strong>de</strong>s.<br />
Dessa maneira é que o homem chega <strong>à</strong>s idéias gerais, chamadas universais.<br />
Os Universais. Para Locke os homens apenas revestem suas idéias com termos <strong>de</strong><br />
significado geral. Na <strong>filosofia</strong>, isso se chama nominalismo. As essências reais das<br />
substâncias permanecem misteriosas, entretanto. Essas essências são <strong>de</strong>sconhecidas<br />
para nós. No entanto, <strong>de</strong> uma maneira prática, um conhecimento real po<strong>de</strong> ser possuído<br />
pelos homens, no tocante <strong>à</strong>s leis morais e <strong>à</strong> ciência, da mesma maneira que eles são<br />
143
donos <strong>de</strong> um conhecimento real matemático.Proposições frutíferas, são aquelas <strong>à</strong>s quais<br />
nos apegamos como expressões da verda<strong>de</strong>.<br />
Tipos <strong>de</strong> Idéias Complexas. Po<strong>de</strong>mos pensar em três tipos:<br />
a-Modos. Essas são idéias cujos objetos não po<strong>de</strong>m existir por si mesmos, mas que<br />
<strong>de</strong>vem fazer parte <strong>de</strong> alguma outra coisa.<br />
Assim, a beleza é um modo misto. Pois pertence a muitas coisas diferentes.<br />
A beleza é mista porque chegamos a compreen<strong>de</strong>r o significado <strong>de</strong>sse vocábulo mediante<br />
associações e adições. Porém, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> dois, por exemplo, é simples. Sabemos do que<br />
se trata, sem ter necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer qualquer associação.<br />
b-Substâncias. Essas são as idéias <strong>de</strong> coisas que existem por si mesmas.<br />
Uma substância é algo acima <strong>de</strong> suas meras qualida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong> ter qualida<strong>de</strong>s primárias e<br />
secundárias, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, mas envolve mais do que isso. No entanto, quando<br />
falamos a respeito <strong>de</strong> uma substância, pensamos na combinação do que essa substância<br />
é, juntamente com as suas qualida<strong>de</strong>s.<br />
c-Relações. Essas são as idéias que resultam <strong>de</strong> comparações. As idéias simples são<br />
comparadas entre si, por meio <strong>de</strong> analogias. Conceitos como Deus, infinitu<strong>de</strong>, tempo,<br />
duração, substância—todos resultariam <strong>de</strong> nossas comparações. Nosso mundo<br />
conceptual é resultado <strong>de</strong> inferências e construções.<br />
Substância. Quando nos pomos a examinar algum objeto a que chamamos <strong>de</strong><br />
substância, tomamos consciência <strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s primárias e secundárias, e também<br />
<strong>de</strong> seus po<strong>de</strong>res. Porém, além disso, supomos que <strong>de</strong>ve haver algo, e dizemos: “Não sei<br />
o que <strong>de</strong>ve haver além e por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssa coisa”. “A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> substância como algo além<br />
<strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s, tal como a idéia <strong>de</strong> infinitu<strong>de</strong>, é algo negativo, e não positivo”. Por<br />
meio <strong>de</strong> inferências, chegamos a supor a existência <strong>de</strong> substâncias, mas o que sabemos<br />
a respeito <strong>de</strong>ssas substâncias são apenas suas qualida<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>res.<br />
A i<strong>de</strong>ia da essência <strong>de</strong> alguma substância parece existir sem a percepção <strong>de</strong> nossos<br />
sentidos. É uma espécie <strong>de</strong> inferência indagadora, criada pela nossa experiência com as<br />
qualida<strong>de</strong>s e os po<strong>de</strong>res das coisas. Po<strong>de</strong>mos supor que as qualida<strong>de</strong>s são inerentes <strong>à</strong>s<br />
substâncias.<br />
Assim, a substância é a realida<strong>de</strong> por <strong>de</strong>trás das aparências, aquela realida<strong>de</strong> que<br />
sentimos que existe, mas que o nosso conhecimento não consegue apreen<strong>de</strong>r e nem<br />
<strong>de</strong>screver.<br />
Os objetos são substâncias, mas suas essências nos são <strong>de</strong>sconhecidas, e essas<br />
essências é que são as verda<strong>de</strong>iras substâncias.<br />
As qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas substâncias são por nós conhecidas através da percepção dos<br />
sentidos.<br />
Qualida<strong>de</strong>s e Po<strong>de</strong>res. Antes <strong>de</strong> tudo, existem qualida<strong>de</strong>s primárias.<br />
Essas são questões como soli<strong>de</strong>z, extensão, número, formato, inércia <strong>de</strong> repouso, inércia<br />
<strong>de</strong> movimento qualida<strong>de</strong>s essas inseparáveis dos objetos, imprescindíveis para a<br />
existência <strong>de</strong>les.<br />
As qualida<strong>de</strong>s secundárias consistem nas várias maneiras como um objeto afeta nossa<br />
sensibilida<strong>de</strong>.<br />
As qualida<strong>de</strong>s secundárias, pois, são as nossas avaliações mentais sobre alguma coisa, e<br />
não as qualida<strong>de</strong>s que pertencem, necessariamente, <strong>à</strong>s coisas. Coisas como cor, som,<br />
paladar, olfato, qualida<strong>de</strong>s tácteis são todas qualida<strong>de</strong>s secundárias. Apesar <strong>de</strong> serem<br />
avaliações mentais, não são somente isso.<br />
Derivam-se <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s primárias, e são percebidas como po<strong>de</strong>res.<br />
Ouro não é a mesma coisa que amarelo; não obstante, a cor amarela é associada ao ouro<br />
como uma qualida<strong>de</strong> secundária.<br />
No ouro existe algo <strong>de</strong> primário que nos faz vê-lo como amarelo.<br />
144
O ouro tem um po<strong>de</strong>r que nos leva a perceber sua cor amarela, ou qualquer outra<br />
qualida<strong>de</strong> secundária possuída por esse metal. Locke <strong>de</strong>ixou entendido que se nossos<br />
sentidos físicos fossem ultramicroscópicos em sua agu<strong>de</strong>za, <strong>de</strong>sapareceriam qualida<strong>de</strong>s<br />
secundárias, e, em vez <strong>de</strong>las, percebe. riamos a admirável textura <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> um certo<br />
tamanho e figura.<br />
E, com base nessa circunstância, então, compreen<strong>de</strong>ríamos por que as qualida<strong>de</strong>s<br />
primárias irradiam as qualida<strong>de</strong>s secundárias.<br />
As qualida<strong>de</strong>s terciárias. Na <strong>filosofia</strong> posterior, surgiu outro <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>ssa questão<br />
das qualida<strong>de</strong>s das substâncias. As qualida<strong>de</strong>s terciárias seriam os valores que<br />
atribuímos <strong>à</strong>s coisas.<br />
Uma antiga fotografia tem a essência do que ela é (qualida<strong>de</strong>s primárias); tem também<br />
textura e cor (qualida<strong>de</strong>s secundárias); mas também tem valor, <strong>de</strong> modo que uma pessoa<br />
guardará aquela fotografia em seu álbum <strong>de</strong> fotografias prezadas, e não alguma outra.<br />
Essa é uma qualida<strong>de</strong> terciária.<br />
O valor que os homens dão ao ouro é, essencialmente, uma qualida<strong>de</strong> terciária, visto que<br />
muitos outros metais são muito mais úteis, quanto ao seu emprego; mas são menos<br />
valiosos quanto <strong>à</strong> avaliação mental dos homens.<br />
O Conhecimento Intuitivo. Embora Locke rejeitasse as chamadas i<strong>de</strong>ias inatas (que,<br />
usualmente, são importantes no campo da intuição), ele referiu-se a certo tipo <strong>de</strong><br />
intuição. Porém, ele compreendia isso <strong>de</strong> maneira toda pessoal. Para ele, esse tipo <strong>de</strong><br />
conhecimento é a base <strong>de</strong> todo conhecimento, embora funcione por meio <strong>de</strong> uma espécie<br />
<strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> idéias, on<strong>de</strong> seus pontos <strong>de</strong> semelhança, <strong>de</strong> diferença e <strong>de</strong> relações<br />
são percebidos.<br />
Essa percepção nos chega <strong>de</strong> imediato, através <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> raciocínio<br />
arguto, possuída por todos os homens, e que não per<strong>de</strong>m tempo em arranjar as idéias<br />
mais simples para dali extrair idéias mais complexas, e nem as idéias mais complexas<br />
para dai extrair o conhecimento.<br />
Conhecimento Demonstrativo. Esse conhecimento repousa sobre a varieda<strong>de</strong> intuitiva.<br />
Nesse caso, a concordância ou não <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias emerge quando passamos <strong>de</strong> um <strong>de</strong>grau<br />
para outro em nossas investigações, como se dá <strong>de</strong>ntro do método científico, nada<br />
havendo <strong>de</strong> imediato nesse processo.<br />
Conhecimento Sensível. Esse conhecimento aponta para a tentativa <strong>de</strong> se obter a<br />
conexão entre as nossas idéias e o mundo exterior, para averiguarmos até que ponto as<br />
nossas idéias refletem os objetos e as realida<strong>de</strong>s externas.<br />
Ilustrações <strong>de</strong> Tipos <strong>de</strong> Conhecimentos:<br />
a-Temos um conhecimento intuitivo <strong>de</strong> Deus. Não precisamos esforçar-nos a fim <strong>de</strong> obter<br />
esse tipo <strong>de</strong> conhecimento. Esse conhecimento é imediato, embora a Idéia divina não<br />
seja uma idéia inata ao homem.<br />
b-Possuímos um conhecimento <strong>de</strong>monstrativo da existência <strong>de</strong> Deus, mediante nossos<br />
processos <strong>de</strong> raciocínio.<br />
c-Temos um conhecimento sensível da existência <strong>de</strong> tudo o mais que cai <strong>de</strong>ntro do<br />
alcance da percepção ‘<strong>de</strong> nossos sentidos.<br />
A Idéia Divina. Essa é a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que Deus existe. Po<strong>de</strong>mos saber com certeza<br />
que Deus existe. O argumento <strong>de</strong> Locke, quanto a isso, partia do homem para Deus.<br />
Sabemos que existimos. É óbvio que não po<strong>de</strong>mos ter vindo do nada. A razão mostra-nos<br />
que viemos <strong>de</strong> um ser eterno. Meus po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>rivam-se <strong>de</strong>sse eterno po<strong>de</strong>r.<br />
É repugnante a suposição <strong>de</strong> que o meu ser, o meu pensamento e o meu po<strong>de</strong>r vieram<br />
da matéria morta e insensível. Obtemos ao menos algumas idéias porque elas são<br />
causadas por coisas externas a nós mesmos.<br />
Uma <strong>de</strong>ssas i<strong>de</strong>ias é a I<strong>de</strong>ia Divina.<br />
145
Causalida<strong>de</strong> e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Locke não negava as causas das coisas, conforme fazia<br />
David Hume. Ele acreditava que a origem <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> nossas idéias resi<strong>de</strong> no po<strong>de</strong>r<br />
que os objetos exteriores exercem sobre nós. Quanto <strong>à</strong> causa original, não po<strong>de</strong>mos ter<br />
certeza se a criação veio <strong>à</strong> existência como algo inteiramente inédito, ou se através da<br />
feitura <strong>de</strong> algo, mediante uma causa externa, segundo se dá no caso das manufaturas, ou<br />
se foi através da modificação <strong>de</strong> algo que já existia.<br />
Para chegarmos <strong>à</strong> causa final, teremos <strong>de</strong> abordar o que é negativo.<br />
Nossas observações só po<strong>de</strong>m nos levar até esse ponto.<br />
A partir dai, temos <strong>de</strong> postular alguma outra coisa; e não sabemos como isso po<strong>de</strong>ria<br />
solucionar aquilo que para nós, agora é um mistério. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> causa envolve-nos no<br />
conceito <strong>de</strong> substâncias e seus modos, conforme já foi <strong>de</strong>scrito anteriormente então,<br />
passamos para o campo das relações. Dentro <strong>de</strong>sse contexto acha-se a i<strong>de</strong>ia da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
Cada objeto é uma auto-i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; havendo certo inter-relacionamento entre esses<br />
objetos, que opera através <strong>de</strong> causa e efeito.<br />
Locke disse que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal repousa sobre a consciência individual <strong>de</strong> cada<br />
pessoa, e a consciência requer a existência da memória. Assim, se a reencarnação for<br />
uma realida<strong>de</strong>, então uma pessoa não é a mesma pessoa, visto que ela se reencarnaria,<br />
mas não se lembra <strong>de</strong> sua vida anterior. Para mim, entretanto, esse argumento <strong>de</strong> Locke<br />
é <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> sentido. Pois não nos lembramos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nossa vida,<br />
sobretudo <strong>de</strong> nossos primeiros anos <strong>de</strong> vida, e, comparativamente falando, lembramo-nos<br />
muito pouco do que nos suce<strong>de</strong>u no passado.<br />
Mas isso não significa que fomos diversas pessoa ao longo do trajeto da vida, cada qual<br />
com sua própria memória sobre um período específico <strong>de</strong> tempo.<br />
Foi quanto a esse particular que Locke nos brindou com uma noção bem genuína.<br />
O individuo que não po<strong>de</strong> lembrar seu passado é o mesmo individuo, embora não a<br />
mesma pessoa. Isso posto, Locke estabelecia distinção entre a essência <strong>de</strong> algo, e como<br />
esse algo é experimentado por nós. Diferentes experiências produziriam diferentes<br />
pessoas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma substância.<br />
Ele acreditava que a consciência pessoal é anexada a uma substância imaterial individual<br />
e pessoal (a alma), embora não acreditasse que possamos saber isso com certeza<br />
absoluta.<br />
Algumas I<strong>de</strong>ias Religiosas <strong>de</strong> Locke:<br />
a-Po<strong>de</strong>-se saber que Deus existe como a gran<strong>de</strong> causa original.<br />
b-O homem é a alma imaterial, embora não possamos saber com certeza <strong>de</strong> que maneira<br />
isso se relaciona <strong>à</strong> pessoa. Somente po<strong>de</strong>mos saber sobre nós mesmos e sobre Deus<br />
sem qualquer disputa. Ambas essas i<strong>de</strong>ias são tão óbvias que não requerem qualquer<br />
prova. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar a Idéia Divina, uma ativida<strong>de</strong> que ultrapassa a simples<br />
tomada <strong>de</strong> conhecimento, conforme temos <strong>de</strong>scrito sob o décimo primeiro ponto.<br />
c-O verda<strong>de</strong>iro homem é tão imaterial quanto Deus o é. Isso vai além <strong>de</strong> nosso po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
compreensão e <strong>de</strong>scrição, a <strong>de</strong>speito do que é uma realida<strong>de</strong>. Como é óbvio, o empirismo<br />
puro <strong>de</strong> Locke, nesse ponto cedia diante da fé, da intuição e da razão.<br />
Ele aceitava a realida<strong>de</strong> da imortalida<strong>de</strong> da alma com base em um ato <strong>de</strong> fé, e não <strong>à</strong> base<br />
<strong>de</strong> seus vários tipos e métodos <strong>de</strong> conhecimento.<br />
d-Em seu livro, Reasonableness of Christianity, ele asseverou que não po<strong>de</strong>mos inferir a<br />
imortalida<strong>de</strong> das idéias <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, como também não po<strong>de</strong>mos<br />
tirar essa inferência empiricamente. Ele também acreditava que tanto o fato <strong>de</strong> nossa<br />
imortalida<strong>de</strong> quanto a consciência que temos <strong>de</strong>la eram dons <strong>de</strong> Deus.<br />
Atualmente, entretanto, dispomos <strong>de</strong> vários modos <strong>de</strong> subenten<strong>de</strong>r (se não mesmo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>monstrar) cientificamente a imortalida<strong>de</strong>.<br />
146
e-Revelação. Locke acreditava que existe tal coisa como a verda<strong>de</strong> revelada, embora<br />
também cresse que a mesma está sempre sujeita <strong>à</strong> razão humana; e também que essa<br />
verda<strong>de</strong> revelada po<strong>de</strong> ser dúbia, visto não estar ligada <strong>à</strong> experiência direta, por meio da<br />
qual obtemos nossas verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstráveis. Isso posto, as reivindicações do<br />
misticismo (incluindo a revelação) precisariam ser levadas a sério.<br />
Porém, esse método <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> conhecimento estaria longe <strong>de</strong> ser perfeito, ao<br />
contrário do que muitas pessoas religiosas acreditam.<br />
A revelação po<strong>de</strong> militar contra as probabilida<strong>de</strong>s; contudo, po<strong>de</strong>ríamos testar essa<br />
improbabilida<strong>de</strong> por meio da razão e da experiência. Simplesmente <strong>de</strong>veríamos aceitar,<br />
pela fé pura, aquilo que não po<strong>de</strong> ser conhecido por outros meios que repousam sobre a<br />
experiência. As coisas que aceitamos pela fé, segundo Locke, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>riam das taxas <strong>de</strong><br />
probabilida<strong>de</strong>, e não da absoluta certeza, excetuando dai apenas os conceitos básicos<br />
sobre Deus e a alma. Todavia, mesmo no tocante a Deus e a alma não temos muitas<br />
<strong>de</strong>scrições satisfatórias.<br />
Fé Naquilo que se Aceita como Verda<strong>de</strong>.<br />
Até os próprios profetas podiam dar-se ao luxo <strong>de</strong> crer naquilo que eles aceitavam como<br />
verda<strong>de</strong>. De fato, muitas pessoas anelam por crer a qualquer custo, como uma medida <strong>de</strong><br />
consolo mental. Essas pessoas estão seguras <strong>de</strong> que elas têm a certeza e, no entanto, a<br />
verda<strong>de</strong> é bem outra do que elas acreditam.<br />
Há muitas revelações que não passam <strong>de</strong> fé naquilo que os homens acreditam. Também<br />
po<strong>de</strong> ocorrer que uma fé seja parcialmente <strong>de</strong>ssa natureza, e parcialmente seja crença na<br />
verda<strong>de</strong>.<br />
Os sistemas que afirmam possuir mais do que essa dose <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m ser apenas<br />
exercidos <strong>de</strong> fé naquilo que as pessoas aceitam como verda<strong>de</strong>. Locke aceitava que Deus<br />
é a gran<strong>de</strong> Razão por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> tudo, e que qualquer verda<strong>de</strong> que nos seja dada por<br />
Deus, ele a torna razoável. Nesse caso, a razão seria o gran<strong>de</strong> juiz e o guia final em todos<br />
os conceitos, inclusive no tocante <strong>à</strong>s noções religiosas.<br />
f-O Livre-Arbítrio. Locke estabelecia uma <strong>de</strong>licada distinção quanto a essa<br />
particularida<strong>de</strong>, que não é fácil <strong>de</strong> ser seguida. Ele afirmava que os homens são livres,<br />
mas não a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les.<br />
Os homens teriam liberda<strong>de</strong> para agir em conformida<strong>de</strong> com suas respectivas escolhas.<br />
Um homem po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer isto ou aquilo—e nisso consistiria toda a liberda<strong>de</strong> que<br />
ele tem.<br />
As escolhas seriam feitas após exame, juízo e raciocínio; e, nesse processo, a pessoa<br />
verificaria que resultado bom, ou mau adviria daí. Contudo, a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong> seria<br />
quando um homem é compelido por suas escolhas a seguir o bem superior. Deus não<br />
po<strong>de</strong> escolher o que não é bom, e o homem acaba apren<strong>de</strong>ndo a escolher conforme<br />
Deus escolhe.<br />
A vonta<strong>de</strong> humana é auto-<strong>de</strong>terminada, tal como a vonta<strong>de</strong> divina.<br />
g-Ética. A liberda<strong>de</strong> humana importa em sua responsabilida<strong>de</strong> moral.<br />
A vonta<strong>de</strong> humana seguiria o bem, pois no bem está a felicida<strong>de</strong>. Deus tem a imperiosa<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir-se feliz, visto que a bonda<strong>de</strong> leva <strong>à</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />
Quanto mais feliz for um indivíduo, tanto mais próximo estaria ele da infinita perfeição e<br />
da razão <strong>de</strong> sua própria existência.<br />
Locke, pois, <strong>de</strong>monstrava gran<strong>de</strong> confiança na boa tendência natural da vonta<strong>de</strong> humana,<br />
crendo que o cultivo da vonta<strong>de</strong>, no ambiente da liberda<strong>de</strong>, assegura a bonda<strong>de</strong> e a<br />
felicida<strong>de</strong>, em última análise.<br />
Francis Hutcheson<br />
Suas datas foram 1694—1746.<br />
147
Ele foi um filósofo irlandês escocês. Nasceu em Ulster.<br />
Estudou em Glasgow.<br />
Tornou-se chefe da Aca<strong>de</strong>mia Presbiteriana <strong>de</strong> Dublin. Sistematizou, mais do que<br />
quaisquer outros antes <strong>de</strong>le, a teoria do senso moral, na ética, postando-se a meio<br />
caminho entre as idéias <strong>de</strong> Locke e a <strong>filosofia</strong> escocesa do bom senso.<br />
Foi um filósofo moral e estético, da tradição empírica.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Francis Hutcheson:<br />
A base da teoria moral <strong>de</strong>veria ser empírica, mas repousa sobre uma percepção natural<br />
interior sobre o que é bom e belo. Essa virtu<strong>de</strong> é prazeirosa por si mesma.<br />
Tanto os valores éticos quanto os valores estáticos são percebidos <strong>de</strong>ssa maneira.<br />
Apesar <strong>de</strong> que os costumes, a educação, etc., po<strong>de</strong>m refinar os sentidos naturais<br />
interiores, <strong>de</strong>verá haver um po<strong>de</strong>r natural e básico para que, subseqüente- mente, haja<br />
um refinamento <strong>de</strong>sses sentidos naturais. A beleza é conservada nas coisas, nas idéias,<br />
nos princípios morais, nos atos morais, etc.<br />
A natureza humana dispõe <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cinco sentidos físicos. Ela também dispõe do<br />
senso moral. Há um senso moral e também um senso público. Ficamos satisfeitos diante<br />
da felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras pessoas, mesmo quando isso não nos beneficia, e sentimo-nos<br />
infelizes diante da miséria alheia, mesmo quando essa não nos afeta. Em outras palavras,<br />
o homem, por sua natureza, é possuidor <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s altruístas. Não é um ser<br />
meramente egocêntrico.<br />
A percepção moral é mais forte do que a razão. O verda<strong>de</strong>iro prazer <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
benevolência, e não do egoísmo. Atos verda<strong>de</strong>iramente virtuosos são aqueles que se<br />
originam na benevolência. Os atos virtuosos baseados sobre o amor-próprio são<br />
moralmente indiferentes, não merecendo nem elogio e nem censura. O prazer é<br />
importante, como prova da bonda<strong>de</strong> e da virtu<strong>de</strong>, mas não é a única prova. A prova <strong>de</strong> um<br />
ato correto é a felicida<strong>de</strong> que infun<strong>de</strong> sobre outras pessoas.<br />
A principal obra <strong>de</strong> Hutcheson foi uma inquirição que ele intitulou <strong>de</strong>, Origem <strong>de</strong> Nossas<br />
Idéias da Beleza e da Virtu<strong>de</strong>.<br />
Karl Marx (Marxismo)<br />
Suas datas foram 1818 - 1883. Nasceu em Trier, na Prússia. Sua família era judaica.<br />
Seu pai era advogado.<br />
Todos os membros da família foram batizados na Igreja Luterana.<br />
Karl Marx estudou <strong>história</strong>, <strong>filosofia</strong> e advocacia nas Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bona e Berlim,<br />
tendo obtido o grau <strong>de</strong> doutor pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lena. Em Berlim, ele se <strong>de</strong>ixou<br />
absorver pelos estudos dos problemas sociais e políticos, e ficou sob a influência da ala<br />
esquerdista do movimento Jovem liegeliano.<br />
A dialética <strong>de</strong> Hegel (com suas tría<strong>de</strong>s) foi modificada por Marx a fim <strong>de</strong> obter dali uma<br />
<strong>filosofia</strong> para suas teorias políticas.<br />
O corpo doutrinário originalmente proposto por Marx e Engels <strong>de</strong>pendia pesadamente da<br />
<strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Hegel, mas, se Hegel aludia a um princípio espiritual através do qual o Espírito<br />
Absoluto opera, Marx e Engels modificaram isso para uma teoria materialista, on<strong>de</strong> as<br />
lutas <strong>de</strong> classes e os fatores econômicos <strong>de</strong>terminariam o alegado curso da <strong>história</strong>.<br />
Hegel dizia que o Espírito Absoluto, por necessida<strong>de</strong> e essência <strong>de</strong> sua natureza,<br />
manifesta-se através <strong>de</strong> suas tría<strong>de</strong>s.<br />
Mas Marx preferia pensar que este mundo é guiado por fatores econômicos. Assim, as<br />
forças espirituais foram substituídas por um materialismo mecânico. E essa mecânica<br />
envolveria uma tría<strong>de</strong>.<br />
148
Temos ilustrado a questão, <strong>de</strong> modo completo. Assim como Marx reduziu um princípio<br />
espiritual a tría<strong>de</strong>s materialistas, assim também a chamada <strong>Teologia</strong> da Libertação reduz<br />
a teologia cristã a uma sociologia materialista, tipo marxista.<br />
Marx alicerçou-se sobre Hegel, embora nunca tivesse aceitado, realmente, a metafísica<br />
<strong>de</strong>ste, e assim foi transformando gradualmente as suas idéias, até serem o oposto do que<br />
eram. Marx acreditava ser ele o mensageiro <strong>de</strong> um novo evangelho social, para cuja<br />
propagação ele escreveu todos os seus livros e panfletos.<br />
Portanto, ele não foi tanto um filósofo quanto foi um reformador político. Esse fato fica<br />
velado por sua teoria peculiar, <strong>de</strong>rivada da <strong>filosofia</strong> da <strong>história</strong> <strong>de</strong> Hegel, acerca da<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento histórico.<br />
À semelhança <strong>de</strong> Hegel, Marx afirmava que esse <strong>de</strong>senvolvimento é governado por um<br />
princípio que po<strong>de</strong> ser conhecido. Mas, enquanto, na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Hegel, o princípio é<br />
espiritual, Marx opinava que esse princípio é material: as condições econômicas<br />
regulamentariam e <strong>de</strong>terminariam o curso da <strong>história</strong>. Essa é a oposição do chamado<br />
“materialismo histórico”. É óbvia a influência <strong>de</strong> Marx e do marxismo, nos séculos XIX e<br />
XX, embora tenha diminuído em muito a crença na exatidão <strong>de</strong>ssa teoria e suas<br />
predições.<br />
Os filósofos suspeitam <strong>de</strong> todos aqueles casos em que as coisas são explicadas com<br />
gran<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, como as inevitáveis e inexoráveis tría<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Hegel.<br />
Quando alguém diz que Deus opera um-dois-três, e então, novamente, um-dois-três<br />
(mediante tese, antítese e síntese), e quando presume dizer exatamente como e sobre o<br />
que essas tría<strong>de</strong>s atuam, está presumindo <strong>de</strong>mais, está inventando uma mitologia que<br />
força a <strong>história</strong>, sem importar se a <strong>história</strong> tem operado e continua operando <strong>de</strong>ssa<br />
maneira.<br />
E, então, quando esse alguém atribui o mesmo tipo <strong>de</strong> ação inevitável sobre a matéria<br />
morta e sobre os variáveis do sistema econômico, este apenas criando outra mitologia.<br />
Ainda recentemente, os li<strong>de</strong>res chineses afirmavam ao mundo que as teorias <strong>de</strong> Marx<br />
não solucionaram os problemas da China, e agora estão procurando lançar mão da<br />
tecnologia oci<strong>de</strong>ntal, a fim <strong>de</strong> recuperarem o tempo perdido.<br />
Assim, quando alguém passa dali a aplicar toda aquela teoria do princípio do<br />
<strong>de</strong>terminismo, dizendo que as coisas <strong>de</strong>vem operar daquela maneira, o que esse alguém<br />
está fazendo é apenas revelar o que <strong>de</strong>terminou, em sua própria mente, o que <strong>de</strong>ve<br />
acontecer, e não aquilo que, realmente, acontece.<br />
Quando fazemos o <strong>de</strong>ve equivaler ao é, isso já envolve uma falácia lógica.<br />
Bem diante das sombrias predições <strong>de</strong> Marx sobre a morte do capitalismo, que, segundo<br />
ele supunha, morreria <strong>de</strong>vido ao seu próprio peso, encontramos o soerguimento <strong>de</strong><br />
milagres econômicos como o do Japão capitalista, embora o Japão seja constituído <strong>de</strong><br />
algumas pequenas ilhas, praticamente <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> recursos naturais, o que não tem<br />
impedido que esse pais oriental se tornasse um dos principais po<strong>de</strong>res econômicos do<br />
mundo.<br />
Entrementes, países socialistas muito maiores e mais populosos, vão ficando para trás,<br />
tanto em tecnologia quanto em <strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />
A<strong>de</strong>mais, são os países capitalistas que gozam <strong>de</strong> maior escalada <strong>de</strong> salários e <strong>de</strong><br />
melhoria <strong>de</strong> vida. Aqueles que viajam <strong>à</strong> Alemanha dividida, e comparam a Alemanha<br />
Oci<strong>de</strong>ntal com a Alemanha Oriental, recebem uma profunda lição objetiva sobre a<br />
superiorida<strong>de</strong> do sistema capitalista, diante do sistema comunista.<br />
Além disso, até mesmo povos oprimidos, que têm sofrido os abusos do capitalismo,<br />
mostram-se intensamente interessados pelas realida<strong>de</strong>s espirituais, porque, na verda<strong>de</strong>,<br />
o homem não po<strong>de</strong> viver somente <strong>de</strong> pão, nem mesmo do abundante pão da propaganda<br />
comunista.<br />
149
O Manifesto Comunista conclamava os trabalhadores do mundo inteiro a unirem-se. Esse<br />
documento contém a <strong>filosofia</strong> central <strong>de</strong> Marx, a <strong>de</strong> que as mudanças sociais são<br />
controladas pela luta <strong>de</strong> classes.<br />
Outrossim, ele argumentava que as idéias filosóficas, religiosas e éticas são reflexos <strong>de</strong><br />
condições materiais.<br />
Porém, a redução da <strong>filosofia</strong>, da religião e da ética a fatores econômicos é um erro tão<br />
crasso que chega a ser inacreditável. Isso mostra que Marx não compreen<strong>de</strong>u as lições<br />
da <strong>história</strong>, apesar <strong>de</strong> ter-se arvorado em seu intérprete.<br />
O livro, Das Kapital, prestou o serviço <strong>de</strong> apontar como e até que ponto os ricos<br />
enriquecem explorando o proletariado.<br />
Quanto a isso, Marx prestou um esclarecimento.<br />
O comunismo não tem obtido seus avanços em face <strong>de</strong> sua superiorida<strong>de</strong> inerente, e,<br />
sim, por causa dos abusos do capitalismo.<br />
O capitalismo bem regulado continua a produzir ricos, mas também tem produzido<br />
países, como os Estados Unidos da América do Norte, on<strong>de</strong> há uma classe média<br />
numerosa e afluente.<br />
Mas o comunismo tem produzido uma classe média uniformemente empobrecida, on<strong>de</strong><br />
os salários são baixos, e um professor universitário ganha pouco mais do que o zelador<br />
que trabalha no prédio, isto na época da Alemanha Oriental.<br />
A Questão da Liberda<strong>de</strong>. Todos os governos totalitários abafam as liberda<strong>de</strong>s pessoais<br />
e limitam os direitos do individuo. Todos os governos totalitários, <strong>de</strong> esquerda ou <strong>de</strong><br />
direita, são prejudiciais, mesmo quando parecem benévolos. mais importante o individuo<br />
ser livre, po<strong>de</strong>ndo exercer seus direitos e suas liberda<strong>de</strong>s básicas, do que ter um pouco<br />
mais <strong>de</strong> dinheiro.<br />
A liberda<strong>de</strong> religiosa não <strong>de</strong>veria ser sacrificada diante <strong>de</strong> qualquer ismo.<br />
A alma humana é mais importante do que a economia <strong>de</strong> qualquer dia da semana.<br />
Qualquer sistema que se manifeste aberta e ativamente contra a crença em Deus e na<br />
alma, com a correspon<strong>de</strong>nte redução do homem ao nível meramente animal, em meio <strong>à</strong>s<br />
suas lutas <strong>de</strong> classe, dificilmente é um sistema que mereça a nossa <strong>de</strong>voção.<br />
Estabelecendo Distinções.<br />
Apesar <strong>de</strong> Marx ter <strong>de</strong>senvolvido um sistema elaborado, o marxismo posterior absorveu<br />
elementos que não faziam parte originária <strong>de</strong> suas idéias, embora ele tenha recebido<br />
crédito como seu originador.<br />
Assim, para exemplificar, Marx jamais usou a expressão materialismo dialético, embora<br />
tivesse expressado idéias que envolvem essa expressão.<br />
Quem introduziu essa expressão foi Engels.<br />
Marx não se <strong>de</strong>sviou <strong>de</strong> sua rota a fim <strong>de</strong> exprimir o materialismo que se apegava <strong>à</strong>s suas<br />
teorias políticas; mas outros, como Engels, ansiavam por garantir que aquela <strong>filosofia</strong><br />
fosse inteiramente dominada por essa noção. Mata mencionou a diminuição gradual da<br />
importância do Estado <strong>à</strong> medida que as coisas, presumivelmente, fossem melhorando,<br />
tornando <strong>de</strong>snecessária a existência <strong>de</strong> uma força totalitária que forçasse as coisas.<br />
Não foi ele, porém, quem <strong>de</strong>senvolveu esse conceito, que, na prática, tem mostrado não<br />
passar <strong>de</strong> outro dos mitos do comunismo, on<strong>de</strong> o governo vai-se tornando cada vez mais<br />
forte e totalitário.<br />
Antes, Marx afirmou que a maneira correta <strong>de</strong> alguém abordar a <strong>filosofia</strong> comunista era a<br />
<strong>de</strong> guiar-se pelos conceitos <strong>de</strong> Hegel.<br />
Thomas Henry Huxley<br />
Suas datas foram 1825—1895, Foi um biólogo e filósofo inglês. Nasceu em Ealing. Era<br />
autodidata.<br />
150
Tornou-se conhecido, principalmente, em face <strong>de</strong> sua hábil <strong>de</strong>fesa e aplicação da<br />
evolução aos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Darwin.<br />
Ele promovia o sistema mecânico aplicado <strong>à</strong> vida, <strong>de</strong> mistura com o epífenomenalismo.<br />
Ele acreditava que nosso conhecimento é limitado <strong>à</strong>s nossas experiências físicas, e que a<br />
verda<strong>de</strong>ira natureza do Universo está acima <strong>de</strong> nossa maneira <strong>de</strong> tomar conhecimento<br />
das coisas Foi ele quem cunhou o termo agnóstico a fim <strong>de</strong> aludir <strong>à</strong> crença suspensa, em<br />
face da falta <strong>de</strong> evidência.<br />
O agnosticismo era a sua posição teológica.<br />
Friedrich Nietzsche<br />
Nietzche era o filósofo que mais enfatizou a vonta<strong>de</strong> para exercer po<strong>de</strong>r. Embora criado<br />
como um luterano tradicional, ele foi longe <strong>de</strong> suas bases e perpetuou um sistema sem<br />
valores metafísicos.<br />
Ele inventou o super-homem, o ponto mais alto se seu sistema ateísta. A força <strong>de</strong>ve<br />
triunfar sobre toda a fraqueza, humilda<strong>de</strong> e misericórdia. A ética para ele era<br />
simplesmente um estudo como o super-homem po<strong>de</strong>r melhor exercer seus po<strong>de</strong>res<br />
loucos.<br />
Auto-afirmação toma o lugar <strong>de</strong> amor pelos outros.<br />
O cristianismo, estupidamente, glorifica as qualida<strong>de</strong>s dos fracos, como humilda<strong>de</strong>,<br />
sacrifício pelos outros, e pobreza, literal e metafórica.<br />
O homem i<strong>de</strong>al é aquele que domina os outros, é arrogante e orgulhoso e que procura<br />
com todas as suas forças a dominância.<br />
Todos os sistemas políticos, como socialismo, comunismo e <strong>de</strong>mocracia, que enfatizam<br />
os direitos e bem-estar das massas, são inúteis. O principio da igualda<strong>de</strong> é a maior<br />
mentira <strong>de</strong> todas.<br />
Suas datas foram 1844-1900. Nasceu em Rocken, na Prússia.<br />
Foi estudante brilhante em Leipzig. Tornou-se professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Basíléia, na<br />
Suíça. Porém, sua saú<strong>de</strong> periclitante forçou-o a abandonar o ensino. Vagava entre a Itália<br />
e a Suíça. vivendo solitário. Per<strong>de</strong>u os sentidos em uma das ruas <strong>de</strong> Turim; e faleceu em<br />
1900, após onze anos <strong>de</strong> insanida<strong>de</strong>.<br />
Mui curiosamente, foi apelidado <strong>de</strong> Profeta <strong>de</strong> uma religião não-religiosa e <strong>de</strong> uma<br />
<strong>filosofia</strong> não-filosófica.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Francis Hutcheson:<br />
Ele rebelava-se contra todas as pretensões filosóficas e teológicas <strong>de</strong> se chegar <strong>à</strong><br />
verda<strong>de</strong>. Por esse motivo, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seus escritos veio a ser uma série <strong>de</strong> ataques<br />
e negações <strong>de</strong> idéias, em vez <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> chegar <strong>à</strong> verda<strong>de</strong>.<br />
Ele afirmava que o indivíduo não <strong>de</strong>ve aceitar passivamente idéias e situações que vêm<br />
ao seu encontro; antes, <strong>de</strong>ve forçar sua vonta<strong>de</strong> contra elas, <strong>de</strong> modo a conseguir<br />
modificações em consonância com os seus <strong>de</strong>sejos.<br />
Revoltava-se contra o cristianismo por causa da ênfase <strong>de</strong>ste sobre virtu<strong>de</strong>s suaves como<br />
a misericórdia, o amor, etc. No entanto, ele também era revoltado contra o nacionalismo,<br />
o comercialismo, a <strong>de</strong>mocracia, o espírito científico e os i<strong>de</strong>ais do século XIX em geral.<br />
Influenciada por Schopenhauer, ele <strong>de</strong>senvolveu a doutrina do po<strong>de</strong>r da vonta<strong>de</strong>,<br />
mediante o qual o indivíduo nutre uma revolta apropriada e consegue impor as mudanças<br />
necessárias.<br />
Ele argumentava em favor do imoralismo, que levaria o homem a endurecer seu ânimo, a<br />
viver perigosamente, a tentar o impossível, a adotar uma moralida<strong>de</strong>-dominante, a do<br />
super-homem que faz o que quer, impondo sua vonta<strong>de</strong> aos seus semelhantes. O homem<br />
haverá <strong>de</strong> ser ultrapassado pelo super- homem.<br />
151
Ele opunha-se <strong>à</strong> metafísica, embora tenha promovido traços da mesma em sua doutrina<br />
<strong>de</strong> recorrência eterna, que teria até mesmo ciclos intermináveis <strong>de</strong> reencarnação.<br />
Schopenhauer dissera algo similar, fazendo a existência inteira parecer pessimista, sem<br />
qualquer propósito bom ou razoável. Nietzsche admitiu sua própria incoerência ao adotar<br />
essas idéias metafísicas, ao mesmo tempo em que dizia que elas <strong>de</strong>monstram que,<br />
verda<strong>de</strong>iramente, há um conflito em todas as coisas, incluindo em seu próprio sistema<br />
filosófico. Os mestres estóicos haviam falado sobre gran<strong>de</strong>s ciclos que, inevitavelmente,<br />
trazem <strong>de</strong> volta tudo quanto já existiu.<br />
Seu livro, Beyond Good and Evil,<strong>de</strong>clara as suas idéias essenciais sobre questões<br />
éticas. Ele reduziu os sistemas morais a dois tipos: aquele que produz uma moralida<strong>de</strong> e<br />
uma mentalida<strong>de</strong> próprias <strong>de</strong> escravo; e aquele que produz uma atitu<strong>de</strong> e uma<br />
moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> senhor. O senhor é aquele que se impõe e faz os outros aceitarem a sua<br />
vonta<strong>de</strong>. Os escravos são os que se submetem aos padrões <strong>de</strong> todas as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
sistemas, e não se impõem. As regras <strong>de</strong>sses sistemas alicerçam-se sobre o<br />
ressentimento, o <strong>de</strong>sejo pelas recompensas, o temor e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vingança. No entanto,<br />
ambos os sistemas são parciais, requerendo a existência um do outro.<br />
O impulso fundamental do homem é o po<strong>de</strong>r da vonta<strong>de</strong>. Isso é bom, porque faz o<br />
potencial humano chegar <strong>à</strong> plena fruição. Os escravos nunca chegam a lugar nenhum. A<br />
moralida<strong>de</strong> própria <strong>de</strong> escravo transforma fraquezas em virtu<strong>de</strong>s. Desse modo é morta a<br />
inquirição pela excelência, e o homem permanece em sua mediocrida<strong>de</strong>.<br />
A moralida<strong>de</strong> própria <strong>de</strong> escravo enfernou a Europa, como enferma a qualquer indivíduo.<br />
A moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rebanho agrada <strong>à</strong>s massas, mas nenhuma gran<strong>de</strong>za emerge dai. A<br />
excelência per<strong>de</strong>-se com a <strong>de</strong>mocratização. A <strong>de</strong>mocracia é um sistema doente; o<br />
cristianismo também é um sistema doente, pois ambos promovem uma moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
rebanho e o po<strong>de</strong>r dos fracos.<br />
Outrossim, o cristianismo faz o sexo tornar-se sujo, e assim <strong>de</strong>precia erroneamente os<br />
valores do corpo e do único prazer <strong>de</strong>cente do ser humano.<br />
Os valores <strong>de</strong> um mundo fictício são exaltados, ao passo que os valores reais <strong>de</strong>ste<br />
mundo são anulados pelo cristianismo.<br />
Deus está morto. Os homens inventaram um <strong>de</strong>us ridículo e fictício. Mas, <strong>à</strong> medida que<br />
aumenta o conhecimento do homem, mais ele nota que esse <strong>de</strong>us não passa <strong>de</strong> uma<br />
invenção. Os homens investem em seus <strong>de</strong>uses (ou seu Deus) as suas próprias<br />
qualida<strong>de</strong>s humanas.<br />
O homem tem uma consciência má, e isso leva-o a querer ser punido.<br />
O homem chega mesmo a querer ser torturado. E assim, o homem concebe um Deus que<br />
anda por torturar aos pecadores.<br />
Visto que Deus não existe, e que nosso conceito <strong>de</strong> Deus está morto, precisamos voltar<br />
nos para outras preocupações, para outras alternativas filosóficas.<br />
A maça filosófica. Nietzsche sentia que fazia bem em usar a sua maça para <strong>de</strong>spedaçar<br />
antigos sistemas, para <strong>de</strong>struir antigas idéias ultrapassadas. Achamo-nos em um estado<br />
<strong>de</strong> transição do mau para melhor maçã ajuda-nos a libertar-nos do que é ruim.<br />
O super-homem. Substituímos Deus por um super-homem. O super-homem é aquele que,<br />
mediante seu po<strong>de</strong>r da vonta<strong>de</strong>, atinge a excelência e abandona a estupi<strong>de</strong>z do seu<br />
passado.<br />
O super- homem é o único homem autêntico.<br />
Ele é o homem dotado <strong>de</strong> elevada integrida<strong>de</strong>, sem preconceitos, sem orgulho, espiritual,<br />
dotado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alma, que tem consi<strong>de</strong>ração por seus inferiores, mas que se impacienta<br />
quando vê fraquezas transmutadas em virtu<strong>de</strong>s.<br />
Apesar <strong>de</strong> Nietzsche não ter inventado um sistema ou i<strong>de</strong>al utópico, ele usou o conceito<br />
<strong>de</strong> super-homem como o i<strong>de</strong>al na direção do qual <strong>de</strong>vemos esforçar-nos.<br />
152
Os historiadores têm observado o evi<strong>de</strong>nte fato <strong>de</strong> que Hitler pareceu incorporar, em<br />
alguns pontos essenciais, o i<strong>de</strong>al do super-homem <strong>de</strong> Nietzsche. Mas esse superhomem<br />
mostrou ser apenas um monstro.<br />
Martin Hei<strong>de</strong>gger<br />
Suas datas foram 1889—1976.<br />
Ele foi um filósofo alemão, um dos principais expoentes do existencialismo, embora não<br />
se consi<strong>de</strong>rasse um existencialista. Nasceu em Messkirch, Ba<strong>de</strong>n; estudou com Husserl<br />
e tornou-se reitor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Freiburgo em 1933. Sua obra principal O Ser<br />
filósofo e o Tempo.<br />
Sua exposição sobre a condição como um meio <strong>de</strong> revelação da relação entre o homem e<br />
o Ser, atraiu para ele muitos seguidores pelo mundo inteiro. Quando o nazismo dominou a<br />
Alemanha, ele rompeu o seu relacionamento com Husseri, que era ju<strong>de</strong>u. Em Freiburgo,<br />
ele fez um discurso que vinculava intimamente a vida acadêmica ao movimento nazista.<br />
Entretanto, posteriormente ficou <strong>de</strong>siludido com o nazismo, e resignou <strong>de</strong> seu posto <strong>de</strong><br />
reitor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Freiburgo, em 1934.<br />
Não obstante, ele continuou escrevendo, e também ensinava ocasionalmente, até que se<br />
retirou <strong>de</strong>finitivamente da vida ativa, em 1957. Quando ainda cooperava com Husserl, era<br />
consi<strong>de</strong>rado um fenomenologista .Seus últimos anos <strong>de</strong> vida ele os passou em quase<br />
total solidão.<br />
Vivia nas colinas perto <strong>de</strong> reiburgo, e somente em raras ocasiões <strong>de</strong>scia para lecionar em<br />
alguma universida<strong>de</strong>.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Martin Hei<strong>de</strong>gger:<br />
O ser humano e o seu lugar <strong>de</strong>ntro do tempo.<br />
Em seu livro, O Ser e o Tempo, Hei<strong>de</strong>gger exorta os homens a refletirem sobre o seu<br />
próprio ser. Ele acreditava que o homem é aquele ser que é capaz <strong>de</strong> fazer indagações<br />
sobre o sentido da sua própria existência, em contraste com os animais irracionais. O<br />
homem <strong>de</strong>seja saber por que razão está ali (dai o termo que ele usava, Daseill, “estar<br />
ali”)- Essa palavra indica, ao mesmo tempo, o on<strong>de</strong> e o é da condição humana,<br />
levantando perguntas acerca do mistério e aparente arbitrarieda<strong>de</strong> da existência humana.<br />
Seu método <strong>de</strong> inquirição. Como po<strong>de</strong> alguém elevar-se acima da superficialida<strong>de</strong> da<br />
existência diária e apren<strong>de</strong>r algo <strong>de</strong> significativo sobre os mistérios da vida? Hei<strong>de</strong>gger<br />
empregava três artifícios nessa busca:<br />
a-O homem não <strong>de</strong>ve continuar aplicando a atitu<strong>de</strong> não-crítica, mediante a qual ele supõe<br />
que a natureza e a socieda<strong>de</strong> são apenas instrumentos <strong>de</strong> sua existência. Mas <strong>de</strong>ve<br />
chegar a enten<strong>de</strong>r que há uma inter<strong>de</strong>pendência em toda a vida e natureza. Quando<br />
ocorre um <strong>de</strong>sastre natural, por exemplo, o homem percebe que não controla a sua sorte.<br />
b-O emprego das artes po<strong>de</strong> ser uma ajuda na compreensão da situação universal do<br />
homem, o que o afasta <strong>de</strong> sua existência egocêntrica, <strong>de</strong>ntro da qual supõe que as outras<br />
coisas são meros instrumentos do seu bem-estar.<br />
c-Ele cria que a capacida<strong>de</strong> analítica do homem, quando <strong>de</strong>vidamente utilizada, po<strong>de</strong><br />
livrá-lo do que “alguém diz”, para que possa pensar com in<strong>de</strong>pendência, o que po<strong>de</strong> leválo<br />
para além das tradições e permitir-lhe atingir a verda<strong>de</strong>. Nesse ponto, ele modificou a<br />
<strong>filosofia</strong> pessimista <strong>de</strong> Kierkegaard sobre como o homem enfrenta a morte, em todo o seu<br />
<strong>de</strong>sespero e temor, a fim <strong>de</strong> verificar qual o valor <strong>de</strong> tais avaliações.<br />
Heí<strong>de</strong>gger chegou <strong>à</strong> conclusão <strong>de</strong> que o homem só po<strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r o sentido do Ser<br />
através <strong>de</strong> seu medo constante e da morte iminente.<br />
153
Na direção <strong>de</strong> um conceito do ser. Hei<strong>de</strong>gger atirou-se <strong>à</strong> tarefa <strong>de</strong> reexaminar a<br />
metafísica. Para tanto, ele apelou para a <strong>filosofia</strong> grega, analisando o que Sócrates queria<br />
dizer com termos como natureza, sorte, logos e arte.<br />
Foi então que ele escreveu o livro A Doutrina Platônica da Verda<strong>de</strong>.<br />
Além <strong>de</strong> examinar os escritos clássicos, ele <strong>de</strong>scobriu que influências como os poemas<br />
Hol<strong>de</strong>rlin, as idéias <strong>de</strong> Kant sobre coisa e juízo, o conceito hegeliano da experiência e<br />
aspectos da doutrina <strong>de</strong> Nietzche <strong>de</strong> que Deus está morto, lhe eram úteis. Em seus<br />
estudos, ele tratou o homem como guardião e intérprete do Ser, e <strong>de</strong>finiu a função do<br />
pensamento como um “<strong>de</strong>ixar o Ser , para que nos diga o que tem a dizer”.<br />
Ele exaltava a linguagem como se fosse um tesouro on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos encontrar os<br />
segredos do ser. Quanto a isso, parece que ele reverteu sua anterior convicção <strong>de</strong> que o<br />
tempo escon<strong>de</strong> o ser. Não obstante, a sua <strong>filosofia</strong>, quanto a esse particular, é um tanto<br />
vaga, não po<strong>de</strong>ndo ser usada com precisão para que <strong>de</strong>terminemos os valores humanos.<br />
154
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L7<br />
1- Que época viveu Tomas More?<br />
A-1478-1535<br />
B-1478-1533<br />
2- Tomas More nasceu em que cida<strong>de</strong>?<br />
A-Londres<br />
B-Paris<br />
3- Qual o motivo da morte martirizada?<br />
A-Ter se recusado a reconhecer a Henrique VIII como cabeça da igreja da Inglaterra<br />
B-Ter se recusado a reconhecer a Henrique VIII como pricipal governante da<br />
Inglaterra<br />
4- Qual foi a obra mais famosa <strong>de</strong> Tomas More?<br />
A-Conhecimento através dos tempos<br />
B-Utopia<br />
5- Que época viveu Michel <strong>de</strong> Montaigne?<br />
A-1533-1598<br />
B-1533-1592<br />
6- Michel <strong>de</strong> Montaigne nasceu em que cida<strong>de</strong>?<br />
A-Périgard<br />
B-Paris<br />
7- O homem, em todas as eras, tem falhado em entrar em harmonia com a verda<strong>de</strong> e o<br />
conhecimento:<br />
A-E até mesmo com<br />
B-E até mesmo com as ciências<br />
8- Que época viveu Galileu Galilei?<br />
A-1564-1642<br />
B-1566-1641<br />
9- Galileu Galilei nasceu em que cida<strong>de</strong>?<br />
A-Em Pisa, Itália<br />
B-Em Padova, Itália<br />
10- Quem foi censurado pelos teólogos do Santo Ofício, em 1616, tendo sido proibido <strong>de</strong><br />
ensinar as novas idéias?<br />
A-Nicolau Copérnico<br />
B-Galileu Galilei<br />
11- A heresia <strong>de</strong> que ele foi acusado era a sua crença <strong>de</strong> que a Terra órbita em redor do<br />
sol, o que fazia com que a terra:<br />
A-Não fosse mais o centro do universo<br />
B-Fosse o único planeta do universo<br />
155
12- Quem foi ouvido a murmurar: “E pur si moure, mo entanto ela(Terra) se movimentas”?<br />
A-Isaac Newton<br />
B-Galileu<br />
13- Que época viveu René Descartes?<br />
A-1596-1650<br />
B-1569-1612<br />
14- Em que cida<strong>de</strong> René Descartes nasceu?<br />
A-Pisa<br />
B-La Haye<br />
15- A que pessoa alguns o têm chamado <strong>de</strong> fundador da <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna?<br />
A-Galileu Galilei<br />
B-René Descartes<br />
16- Ele nada aceitaria como verda<strong>de</strong>iro:<br />
A-Que não fosse claro e certo<br />
B-Que não fosse estranho e incerto<br />
17- Uma pessoa tem idéias inatas que surgem <strong>de</strong> seu interior, idéias com as quais ela já<br />
nasce,<br />
A-Que não precisa <strong>de</strong>senvolver<br />
B-E precisa <strong>de</strong>senvolver com o passar dos anos<br />
18- Há em nós a idéia inata <strong>de</strong> um:<br />
A-Ser perfeito<br />
B-Ser harmônico<br />
19- Que época viveu John Locke?<br />
A-1631-1705<br />
B-1632-1704<br />
20- Em que cida<strong>de</strong> John Locke nasceu?<br />
A-Em Londres, na Inglaterra<br />
B-Em Wrigton, em Somersetshfre, na Grã Bretanha<br />
21- Ele levou o seu empirismo a um ponto tão extremo que, virtualmente, negou o próprio<br />
conhecimento,terminando em uma:<br />
A-Posição <strong>de</strong> quase ceticismo<br />
B-Posição <strong>de</strong> total ceticismo<br />
22- Quem disse que o homem começa a viver neste mundo com a mente completamente<br />
vazia, ela não traz nenhuma marca e nem impressão escrita sobre a mesma. Por meio da<br />
experiência é que o homem começaria a escrever sobre essa ardósia?<br />
A-Locke<br />
B-Marx<br />
156
23- Nosso mundo conceptual é resultado <strong>de</strong>:<br />
A-Construções e <strong>de</strong>molições<br />
B-Inferência e construções<br />
24- A idéia <strong>de</strong> substância como algo além <strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s, tal como idéia <strong>de</strong> infinitu<strong>de</strong>,<br />
A-É algo positivo, e não negativo<br />
B-É algo negativo, e não positivo<br />
25- Embora Locke rejeitasse as chamadas idéias inatas(que usualmente são importantes<br />
no campo da intuição),<br />
A-Ele referiu-se a certo tipo <strong>de</strong> intuição<br />
B-Ele <strong>de</strong>dicou todo seu estudo a essas idéias<br />
26- Que tipo <strong>de</strong> conhecimento repousa sobre a unida<strong>de</strong> intuitiva?<br />
A-Conhecimento absoluto<br />
B-Conhecimento <strong>de</strong>monstrativo<br />
27- Que tipo <strong>de</strong> conhecimento aponta para a tentativa <strong>de</strong> se obter a conexão entre as<br />
nossas idéias e o mundo exterior?<br />
A-Conhecimento sensível<br />
B-Conhecimento <strong>de</strong>monstrativo<br />
28- Que tipo <strong>de</strong> idéia é a <strong>de</strong>monstração que Deus existe?<br />
A-A Idéia Divina<br />
B-A Idéia Sobrenatural<br />
29- Quem disse que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal repousa sobre a consciência individual <strong>de</strong> cada<br />
pessoa, e a consciência requer a existência da memória?<br />
A-Locke<br />
B-Karl Marx<br />
30- Quem disse que os homens livres, mas não a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les?<br />
A-Karl Marx<br />
B-Locke<br />
31- Que época Francis Hutcheson viveu?<br />
A-1694-1746<br />
B-1695-1745<br />
32- Que cida<strong>de</strong> Francis Hutcheson nasceu?<br />
A-Berlin<br />
B-Ulster<br />
33- Que época Karl Marx viveu?<br />
A-1818-1883<br />
B-1800-1871<br />
34- Que cida<strong>de</strong> Karl Marx nasceu?<br />
A-Nasceu em Rocken, na Prússia<br />
B-Nasceu em Trier, na Prússia<br />
157
35- Cite duas universida<strong>de</strong>s que Karl Marx estudou?<br />
A-Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bone e Berlin<br />
B-Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Harvard e Oxford<br />
36- Quem ainda recentemente afirmavam ao mundo que as teorias <strong>de</strong> Marx não<br />
solucionariam os problemas da China?<br />
A-Os li<strong>de</strong>res chineses<br />
B-Os trabalhadores chineses<br />
37- O capitalismo bem regulado:<br />
A-Está 100% garantido<br />
B-Continua a produzir riscos<br />
38- Mas o comumismo tem produzido uma classe:<br />
A-Média alta, isenta <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> miséria<br />
B-Média uniformemente empobrecida<br />
39- Que época Thomas Henry Huxley viveu?<br />
A-1825-1895<br />
B-1800-1890<br />
40- Que cida<strong>de</strong> Thomas Henry Huxley nasceu?<br />
A-Nasceu em Ealing<br />
B-Nasceu em Stuttgart<br />
41- Quem tornou-se conhecido, principalmente, em face <strong>de</strong> sua hábil <strong>de</strong>fesa e aplicação<br />
da evolução aos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Darwin?<br />
A-Thomas Henry Huxley<br />
B-Tomas Hobbes<br />
42- Que época Friedrich Nitzsche viveu?<br />
A-1844-1900<br />
B-1840-1901<br />
43- Que cida<strong>de</strong> Friedrich Nitzsche nasceu?<br />
A-Nasceu em Berlin, na Alemanha<br />
B-Nasceu em Rocken, na Prússia<br />
44- Quem afirmava que o indivíduo não <strong>de</strong>ve aceitar passivamente idéias e situações que<br />
vêm ao seu encontro, antes, <strong>de</strong>ve forçar sua vonta<strong>de</strong> contra elas, <strong>de</strong> modo a conseguir<br />
modificações em consonância com os seus <strong>de</strong>sejos?<br />
A-Nietzsche<br />
B-Martin Hei<strong>de</strong>gger<br />
45- O senhor é aquele que se impõe e faz:<br />
A-Os outros aceitarem a sua vonta<strong>de</strong><br />
B-Os outros a serem completamente submisss<br />
46- Os escravos são os que submetem aos padrões <strong>de</strong> todas as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sistema,<br />
A-E se impõem<br />
B-E não se impõem<br />
158
47- Os historiadores têm observado o evi<strong>de</strong>nte fato <strong>de</strong> que Hitler pareceu incorporar, em<br />
alguns pontos essenciais,<br />
A-O i<strong>de</strong>al do super-homem <strong>de</strong> Nietzsche<br />
B-O i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nietzsche<br />
48- Que época Martin Hei<strong>de</strong>gger viveu?<br />
A-1880-1976<br />
B-1889-1976<br />
49- Que cida<strong>de</strong> Martin Hei<strong>de</strong>gger nasceu?<br />
A-Nasceu em Messkirch, Ba<strong>de</strong>n<br />
B-Nasceu em Londres, Inglaterra<br />
50- Quem disse: que o ser humano e o seu lugar <strong>de</strong>ntro do tempo?<br />
A-Martin Hei<strong>de</strong>gger<br />
B-Nietzsche<br />
159
LIÇÃO 8<br />
Uma vi<strong>de</strong> diária autêntico. Viver com autenticida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>scobrir como o próprio ser se<br />
relaciona <strong>à</strong>s coisas que existem. Isso requer uma compreensão genuína e um<br />
pensamento original, com a rejeição das pressões das tradições humanas falsas, parciais<br />
e enganadoras.<br />
Parte <strong>de</strong>ssa vida diária autêntica consiste em perceber que a primeira responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um homem é consigo mesmo, e não diante das pressões <strong>de</strong> outras pessoas sobre ele,<br />
como indivíduos ou como instituições.<br />
Uma outra parte consistiria naquilo que ele chamava <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> “interesse”.<br />
Uma pessoa apren<strong>de</strong>, realmente, a interessar-se, quando lança o seu ser no abismo da<br />
angústia.<br />
E na angústia que o homem <strong>de</strong>scobre sua precária situação na existência, bem como sua<br />
nulida<strong>de</strong> essencial.<br />
Então é que apren<strong>de</strong> que é um ser que se encaminha para a morte.<br />
Assim, o homem apren<strong>de</strong> a interessar-se, <strong>de</strong>senvolvendo uma autêntica consciência,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> influências superficiais. Um outro elemento seria o que ele chamava <strong>de</strong><br />
ek-sistenz, isto é, apren<strong>de</strong>r e refletir a natureza da própria finitu<strong>de</strong> essencial. Para que o<br />
homem viva <strong>de</strong> modo autêntico, é mister que apreenda o sentido do tempo e <strong>de</strong> todas as<br />
precarieda<strong>de</strong>s da existência.<br />
O indivíduo apren<strong>de</strong> a arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver sido lançado em um mundo caracterizado<br />
pela culpa, pela vergonha, pela incerteza e por obrigações <strong>de</strong> toda a espécie.<br />
O indivíduo torna-se cônscio <strong>de</strong> soa nulida<strong>de</strong>, inicialmente, por seu temor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
existir (o não-ser). Ao nada é emprestada uma espécie <strong>de</strong> posição ontológica.<br />
Por que existe alguma coisa, em vez do nada?<br />
Essa é uma das principais questões indagadas pela <strong>filosofia</strong>, O homem projeta-se no<br />
nada, e ali <strong>de</strong>scobre o Ser.<br />
A constante necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer escolhas, e o exercício disso, faz parte do viver diário<br />
autêntico.<br />
A tarefa da ontologia. Essa tarefa consiste em <strong>de</strong>scobrir a natureza real da existência,<br />
ou seja, sua finitu<strong>de</strong> e sua <strong>de</strong>pendência do Ser, o qual também está envolvido no abraço<br />
do nada.<br />
A palavra (logos) opera através do uso disciplinar da linguagem, por parte do homem.<br />
Apalavra, pois, é reveladora.<br />
A linguagem é poética, e não calculadora.<br />
O pensador manifesta-se sobre o ser; o. poeta fala sobre o que é santo.<br />
As duas ações estão vinculadas uma <strong>à</strong> outra e são inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
O existencialismo frisa o que é negativo, pessimista, a absoluta liberda<strong>de</strong> humana, que<br />
faz o indivíduo ser o que é, a ansieda<strong>de</strong> humana sobre o não-ser. O pensamento teísta<br />
aponta para a <strong>de</strong>pravação humana, bem como para a sua <strong>de</strong>pendência, mas oferece uma<br />
salvação final, por parte <strong>de</strong> uma Força Superior.<br />
Algumas formas <strong>de</strong> existencialismo <strong>de</strong>ixam o homem em meio <strong>à</strong> tempesta<strong>de</strong>.<br />
Sabemos, com base em estudos psicológicos, que o homem conta com esses motivos<br />
básicos incrustados em sua própria alma, razão pela qual os filósofos são capazes <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scobri-los, e até mesmo <strong>de</strong>screvê-los, mesmo que parcialmente. O homem tem, como<br />
parte <strong>de</strong> sua estrutura básica, as noções do não-ser e do temor.<br />
Porém, para além da tempesta<strong>de</strong>, resplan<strong>de</strong>ce um Novo Dia, quando o homem haverá <strong>de</strong><br />
emergir do não-ser para uma nova vida. As experiências perto da morte algumas vezes<br />
fazem um homem passar pelo temor do não-ser, mas também levam-no até perto da vida<br />
do novo dia futuro.<br />
160
Alguns existencialistas não têm podido ver que parte dos arquétipos da psique humana<br />
básica inclui essas questões, preferindo <strong>de</strong>morar-se interminavelmente nos aspectos<br />
negativos do ser humano.<br />
Um <strong>de</strong>sses existencialistas pessimistas foi Sartre Desafortunadamente, alguns sistemas<br />
teológicos também preferem salientar os arquétipos negativos da psique humana.<br />
Com base nisso, têm criado uma doutrina do julgamento que não acena com a mínima<br />
esperança, o que é a mais profunda causa <strong>de</strong> medo que os homens têm podido inventar.<br />
Há versículos no Novo Testamento que infun<strong>de</strong>m o medo nos homens, por falar em terror<br />
e em nulida<strong>de</strong>, isto é, na total <strong>de</strong>struição. No entanto, outras porções do mesmo Novo<br />
Testamento ultrapassam essa idéia, mostrando-nos que a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, finalmente,<br />
fará todos os seres humanos livrarem-se disso.<br />
161
9<br />
De Garfo <strong>de</strong> Hume a Henri Bergson<br />
Garfo <strong>de</strong> Hume<br />
Em sua obra, Inquiry Concerning Human Un<strong>de</strong>rstanding. Hume <strong>de</strong>ixou clara a<br />
distinção entre as <strong>de</strong>clarações analíticas, a priori, conforme se vê na matemática e na<br />
lógica, e as <strong>de</strong>clarações sintéticas, baseadas sobre fatos que surgem <strong>de</strong> nosso contato<br />
com as coisas.<br />
As primeiras dizem respeito “<strong>à</strong> relação entre as idéias.; e as segundas referem-se <strong>à</strong>s<br />
questões <strong>de</strong> fato e da existência real”. Leibniz falou mais ou menos da mesma maneira,<br />
tendo-se referido <strong>à</strong>s verda<strong>de</strong>s da razão pura e <strong>à</strong>s verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fato, que se originam em<br />
nossa percepção. Contra Hume, Kant propôs proposições a priori, embora sintéticas, que<br />
a nossa mente operaria em categorias e forças, <strong>de</strong> tal modo que, na realida<strong>de</strong>, essas<br />
proposições seriam lógicas e a priori.<br />
Contudo, po<strong>de</strong>ríamos investigar essas coisas por meio da experiência, pelo que elas<br />
tornar-se-iam sintéticas. O emprego feito por Hume, quanto a essa distinção, po<strong>de</strong> ser<br />
visto claramente na seguinte citação:Quando percorremos as bibliotecas, persuadidos<br />
quanto a esses princípios, que confusão <strong>de</strong>vemos lançar? Se tomarmos nas mãos<br />
qualquer volume <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> metafísica escolar, por exemplo, perguntemos: Este<br />
volume contém qualquer raciocínio abstrato acerca <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> ou número? Não.<br />
Contém qualquer raciocínio experimental acerca <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> fato e da existência?<br />
Não. Então joguemo-lo no fogo, pois nada mais contém senão sofismas e ilusões.<br />
É aí que encontramos o garfo em operação; seus <strong>de</strong>ntes separam claramente os campos<br />
do conhecimento real do suposto conhecimento.<br />
O garfo <strong>de</strong> Hume precisa ser criticado, entretanto, com base no fato óbvio <strong>de</strong> que o<br />
conhecimento po<strong>de</strong> ser adquirido genuinamente através da razão, da intuição e do<br />
misticismo (que inclui a revelação). Portanto, o conhecimento po<strong>de</strong> existir sem qualquer<br />
experimento científico ou pessoal, sem nenhuma base na percepção dos sentidos.<br />
Alguns sociólogos, entretanto, preferem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r pesadamente <strong>de</strong>ssa falácia <strong>de</strong> Hume.<br />
Lei <strong>de</strong> Hume<br />
Hume <strong>de</strong>clarou que a falada naturalista não passa, realmente, <strong>de</strong> uma falácia.<br />
Não po<strong>de</strong>ríamos equiparar o que foi, o que é, o que será ou o que <strong>de</strong>veria ser.<br />
E aquilo que <strong>de</strong>veria ser nem sempre existe, necessariamente.<br />
Alguns sociólogos e antropólogos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m muito <strong>de</strong>ssa falácia.<br />
Esses ten<strong>de</strong>m por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, como boas ou aceitáveis, condições que existiam ou<br />
continuam existindo nas culturas, meramente porque elas, <strong>de</strong> fato, existem ou existiram.<br />
Se uma cultura abandona os seus idosos e mata os elementos mais débeis, porque tais<br />
pessoas são cargas para a socieda<strong>de</strong>, isso não significa que tais atos sejam morais, ou<br />
que sejam tão bons como seus opostos, entre outras socieda<strong>de</strong>s.<br />
Simplesmente porque sempre houve guerras, e que, periodicamente, um país envia<br />
homens armados contra outros, com o propósito específico <strong>de</strong> matar, não significa que<br />
isso seja bom, ou que seja algo tão bom quanto viver em paz, com a promoção <strong>de</strong> causas<br />
humanitárias.<br />
162
O que nem sempre po<strong>de</strong> ser equiparado ao que <strong>de</strong>veria ser.<br />
Mikauil Bakunin<br />
Filósofo russo que nasceu em 1814 e faleceu em 1876. Estudou na Alemanha e<br />
envolveu-se no levante <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n, em 1849, tendo sido aprisionado por oito anos na<br />
Rússia e exilado para a Sibéria. Escapou para a Europa e estabeleceu residência na<br />
Suíça<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Mikauil Bakunin:<br />
Qualquer pessoa privilegiada é <strong>de</strong>pravada em seu intelecto e em seu coração. Portanto,<br />
<strong>de</strong>ve ser aniquilado qualquer privilégio, político ou econômico, cultivando esse<br />
aniquilamento como uma arte. Os revolucionários não <strong>de</strong>veriam <strong>de</strong>ixar-se mo<strong>de</strong>rar pela<br />
religião, pelo patriotismo ou por qualquer outra espécie <strong>de</strong> restrição.<br />
Um homem teria necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer somente <strong>à</strong>s leis da natureza, que ele encontra<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo. Isso importa em total subjetivismo, sem qualquer restrição por parte<br />
da socieda<strong>de</strong>. Se os homens obe<strong>de</strong>cessem <strong>à</strong> sua própria natureza, <strong>de</strong>sapareceria a<br />
necessida<strong>de</strong> das organizações políticas, o que não passa <strong>de</strong> uma utopia e ilusão.<br />
Francis Bacon<br />
Nasceu em 1561 e faleceu em 1626, em Londres.<br />
Foi o precursor do empirismo britânico, <strong>de</strong>scendia <strong>de</strong> uma família que já havia prestado<br />
relevantes serviços. Tendo entrado na carreira política e na advocacia, foi feito lor<strong>de</strong> por<br />
Tiago 1, e posteriormente recebeu o título <strong>de</strong> viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Albano. Mas, em 1621, ele<br />
foi acusado <strong>de</strong> corrupção, foi multado e banido da corte.<br />
Alexandre Pope tinha Bacon na mente quando escreveu:“...mais brilhante, o mais sábio e<br />
o pior elemento da humanida<strong>de</strong>”.<br />
Como filósofo, Bacon exerceu imensa influência, tendo iniciado e influenciado a linha <strong>de</strong><br />
pensadores que inclui Locke, Hume, Mill e Bertrand Russeli. Seu ponto <strong>de</strong> vista era<br />
concreto, prático e utilitarista. Dizia-se <strong>de</strong>fensor da fé cristã; mas <strong>à</strong>s vezes expressava-se<br />
com tal ironia que <strong>de</strong>ixava dúvidas quanto <strong>à</strong> sua real posição. Manifestou-se contra o<br />
escolasticismo, distinguindo claramente entre a razão e a revelação.<br />
Seu alvo era facilitar as investigações da ciência, por meio do método matemático, sem<br />
misturar a religião na questão.<br />
Ele equiparava o conhecimento ao po<strong>de</strong>r, e antecipava um domínio tecnológico em<br />
gran<strong>de</strong> escala, que resultaria em uma utopia econômica e social.<br />
Empirismo.Bacon rejeitava a simples indução com seus valores numéricos. Antes,<br />
salientava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> averiguar as generalizações, bem como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pesquisar instâncias negativas que contradiziam as conclusões. Talvez a sua maior<br />
<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> consistisse no fato <strong>de</strong> que ele não entendia que um cientista, vez por outra,<br />
precisa por <strong>de</strong> lado o empirismo rígido, confiando na sua intuição acerca da verda<strong>de</strong> ou<br />
quanto a <strong>de</strong>scobertas que somente mais tar<strong>de</strong> seriam comprovadas experimentalmente.<br />
Algumas vezes, um cientista tem <strong>de</strong> expor alguma hipótese bem imaginada.<br />
Quanto a essa fraqueza, Bacon foi criticado por Kant.<br />
Em seu livro, Novum Organum, Bacon expôs os interesses e os motivos humanos que<br />
jazem por <strong>de</strong>trás da atitu<strong>de</strong> filosófica e das conclusões <strong>de</strong> um homem. Ele chamava<br />
esses preconceitos <strong>de</strong> ídolos mentais.<br />
Esses preconceitos são os seguintes:<br />
163
1-Os ídolos da tribo, que são os erros humanos que existem porque pertencemos <strong>à</strong> raça<br />
humana, e imaginamos que essa espécie po<strong>de</strong> ser a medida <strong>de</strong> todas as coisas. De fato,<br />
há muitas idéias falsas <strong>à</strong> solta.<br />
2-Os ídolos da caverna são os erros que surgem <strong>de</strong>vido aos preconceitos individuais.<br />
Esses erros são tão numerosos quanto as idéias que circulam nas mentes das pessoas.<br />
3-Os ídolos do mercado, que são os erros que se originam da influência das palavras na<br />
mente, com base na idéia que a existência <strong>de</strong> uma palavra indica que <strong>de</strong>ve haver uma<br />
realida<strong>de</strong> que corresponda <strong>à</strong>quela palavra. Mas a verda<strong>de</strong> é que as palavras são<br />
ambíguas e confusas, e disso resulta que a verda<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> transpor o obstáculo formado<br />
pelos próprios idiomas.<br />
4-Os ídolos do teatro, que são erros gerados pela influência da <strong>filosofia</strong> tradicional, <strong>de</strong>vido<br />
ao exagero; do respeito a heróis filósofos como Aristóteles, cuja ciência, embora boa para<br />
sua época, tornou-se obsoleta há muito tempo, embora muitos tenham <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong><br />
perceber isso por inúmeras gerações.<br />
Hume e outros pensadores <strong>de</strong>ram continuida<strong>de</strong> <strong>à</strong> campanha <strong>de</strong> Bacon contra tais ídolos.<br />
O gran<strong>de</strong> alvo <strong>de</strong> Bacon era a Gran<strong>de</strong> Restauração, que <strong>de</strong>volveria ao homem o domínio<br />
sobre o mundo natural. Em seu livro, The New Atlantis, ele falou sobre a socieda<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al,<br />
governada por princípios científicos. Essa socieda<strong>de</strong> teria um colégio intitulado Casa <strong>de</strong><br />
Salomão, dirigido por um grupo <strong>de</strong> sábios, científica e experimentalmente orientados e<br />
motivados.<br />
Alguns supõem que essa foi a idéia que gerou a Real Socieda<strong>de</strong> Inglesa.<br />
Roger Bacon<br />
Nasceu em 1214 e faleceu em 1294. Foi filósofo inglês e monge franciscano.<br />
Estudou em Oxford e na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris.<br />
Mais tar<strong>de</strong> fez conferências em ambas essas universida<strong>de</strong>s, concentrando a atenção<br />
sobre a ciência transmitida pelos escritores árabes. Foi suspeito <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> ortodoxia,<br />
pelo que Boaventura, em 1257, proibiu suas conferencias em Oxford, fazendo-o cessar as<br />
suas publicações.<br />
O papa Clemente IV liberou-o da proibição, e ele pediu para escrever um tratado sobre as<br />
ciências. Disso resultaram os seus livros Opus Majus, Opus Minus e Opus Tertium.<br />
Retornou a Oxford em 1268.<br />
Mas o infortúnio, motivado pelas perseguições religiosas, prevaleceu novamente. Suas<br />
obras foram con<strong>de</strong>nadas pelo superior dos franciscanos, e Bacon foi aprisionado por<br />
catorze longos anos.<br />
Princípios básicos<br />
Para Bacon havia quatro gran<strong>de</strong>s fontes do erro:<br />
Em primeiro lugar as autorida<strong>de</strong>s, os costumes, a opinião da maioria <strong>de</strong>streinada e o<br />
ocultamento da ignorância sob a máscara <strong>de</strong> sabedoria.<br />
Em segundo lugar, ele pensava que as ciências fundamentam-se na matemática, dizendo<br />
que o empirismo e a especulação Jamais são suficientes para estabelecer a verda<strong>de</strong>. A<br />
ciência, portanto, precisa perscrutar tudo, jamais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos dogmas.<br />
Em terceiro lugar, as experiências <strong>de</strong>vem repousar sobre a percepção dos sentidos<br />
externos. Todavia, também há a percepção interna, quando a iluminação divina faz incidir<br />
sua luz sobre algo; mas então <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> lado o campo das ciências e nos envolvemos<br />
na teologia.<br />
Em quando lugar isso suce<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixamos para trás o conhecimento imperfeito e passamos<br />
a buscar ao Criador. Bacon combinava a <strong>filosofia</strong> platônico agostiniana com as<br />
especulações árabes e a ciência empírica.<br />
164
Blaise Pascal<br />
Suas datas foram 1623 a 1662. Matemático e cientista natural, nascido na França em<br />
Clermont-Ferrand.Mudou-se com a família para Paris. Mostrou ser um gênio matemático.<br />
Reconstituiu as provas da Geometrhi euclidiana até <strong>à</strong> Proposição 32. Isso ele fez com a<br />
ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> onze anos, sem nunca ter sido antes Eucli<strong>de</strong>s!<br />
Quando ainda adolescente, escreveu obras originais sobre matemática, tendo feito<br />
contribuições originais <strong>à</strong> mesma.<br />
Também escreveu sobre a física;porém, as i<strong>de</strong>ias religiosas atraíam-no po<strong>de</strong>rosamente.<br />
Foi influenciado pelas idéias do estoicismo e do jansenismo. Sua mente lutava com<br />
contradições e problemas <strong>de</strong> toda sorte, envolvendo questões espirituais.<br />
Em 1654, ele passou por uma profunda experiência mística, das 22:30 <strong>de</strong> certa noite,<br />
durante duas horas. Experimentou o fogo espiritual, alegria, paz e o senso <strong>de</strong> união com<br />
Cristo. Com base nessa experiência, veio a perceber o transcen<strong>de</strong>ntal valor do<br />
cristianismo, e que essa é a principal avenida para quem quer aproximar-se da verda<strong>de</strong>.<br />
Um ponto curioso é que a essência <strong>de</strong>ssa compreensão foi reduzida <strong>à</strong> forma escrita por<br />
ele, tornando-se então uma espécie <strong>de</strong> amuleto que ele costurou ao seu paletó, e que<br />
permaneceu com ele pelo resto <strong>de</strong> sua vida.<br />
A irmã <strong>de</strong>le, Jacqueline, entrou no convento da abadia <strong>de</strong> Port Royal, que era um dos<br />
centros do jansenismo.<br />
O próprio Pascal uniu-se ao grupo, como leigo.<br />
Mas, finalmente, o jansenismo acabou sendo con<strong>de</strong>nado como uma heresia. (Era<br />
simplesmente o calvinismo <strong>de</strong>ntro do catolicismo romano).<br />
Pascal <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o jansenismo em uma série <strong>de</strong> ensaios e cartas que são chamados<br />
Cartas Provinciais. Ele continuou a escrever sobre assuntos científicos, mas também<br />
preparava material que servia <strong>de</strong> apologias da fé cristã. Sua tendência geral consistia em<br />
rejeitar o racionalismo como o meio <strong>de</strong> encontrar Deus, e que ele substituia pela vereda<br />
mística, on<strong>de</strong> o coração e a vonta<strong>de</strong> humanos são agências importantes.<br />
Seus escritos são reconhecidos em face <strong>de</strong> sua elevada qualida<strong>de</strong> literária.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Blaise Pascal:<br />
O dilema humano. O homem sofre neste mundo. Ele não po<strong>de</strong> vindicar verda<strong>de</strong>iramente<br />
suas crenças e aspirações religiosas, e nem po<strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r diante do inútil ceticismo. Tem<br />
certeza apenas da incerteza, O homem é apenas uma cana esmagada.<br />
Um ser humano é um anjo e uma fera, misturados em um só ser. É capaz <strong>de</strong> atos <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>za e <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>sgraças. O homem é um paradoxo para si mesmo.<br />
A <strong>filosofia</strong> oferece racionalismo e dogma, mas também ceticismo. Nenhuma <strong>de</strong>ssas<br />
coisas ajuda o homem a encontrar solução para os seus paradoxos. A razão é limitada e<br />
o ceticismo é inútil, servindo somente para nos levar ao <strong>de</strong>sespero.<br />
Pascal via sentido nos princípios calvinistas (jansenistas), que <strong>de</strong>ixam tudo aos cuidados<br />
<strong>de</strong> Deus, encontrando resposta para tudo na graça divina. Porém, essa posição <strong>de</strong>ixa<br />
sem solução a gran<strong>de</strong> agonia do sofrimento humano. A vonta<strong>de</strong> divina (<strong>de</strong> acordo com o<br />
calvinismo) <strong>de</strong>ixa a gran<strong>de</strong> maioria dos homens em um eterno terror.<br />
Essa idéia dificilmente oferece solução para qualquer problema humano.<br />
Os métodos humanos consistem, essencialmente, naquilo que ele chamou <strong>de</strong> espírito<br />
da geometria, ou seja, um procedimento sistemático para resolver problemas (o método<br />
científico), ou então, espírito <strong>de</strong> sutileza, Temos ali, essencialmente, a Intuição, que<br />
obtém conhecimentos imediatos. Além disso, esse conhecimento po<strong>de</strong> ser muito mais<br />
completo do que o entendimento obtido através do método racional.<br />
O coração tem razões próprias que ultrapassam ao processo do raciocínio. Deus é muito<br />
mais sentido pelo coração do que conhecido através da razão.<br />
165
Porém, essa intuição não é completa e nem totalmente suficiente.<br />
Provas da Existência <strong>de</strong> Deus. Apesar das provas racionais terem algum valor, parecem<br />
convencer somente por alguns momentos, e então per<strong>de</strong>m a força. A razão fracassa por<br />
tratar-se <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r finito que procura <strong>de</strong>screver uma Entida<strong>de</strong> infinita. Contudo, as<br />
provas racionais da existência <strong>de</strong> Deus não <strong>de</strong>vem ser abandonadas. Elas são <strong>de</strong> alguma<br />
ajuda para algumas pessoas. Dessa atitu<strong>de</strong> foi que emergiu a famosa Aposta <strong>de</strong> Pascal.<br />
A Aposta <strong>de</strong> Pascal. Os amigos <strong>de</strong> Pascal eram livres pensadores, e muitos <strong>de</strong>les<br />
apreciavam o jogo. Foi <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto que Pascal inventou uma prova da<br />
existência <strong>de</strong> Deus, ou talvez seja melhor dizer, um método <strong>de</strong> abordar o problema, e não<br />
tanto uma prova séria.<br />
Ele já havia assumido a posição que afirma que as provas racionais da existência <strong>de</strong><br />
Deus têm algum valor, embora não gran<strong>de</strong>.<br />
E Pascal pensou que seria útil se seus amigos jogassem acerca da idéia divina, visto que<br />
estavam interessados pela matemática e pela taxa <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s. Crer ou não na<br />
existência <strong>de</strong> Deus po<strong>de</strong> ser uma espécie <strong>de</strong> jogo. E assim, apostemos que ele, <strong>de</strong> fato,<br />
existe. Se vier a ser provado, finalmente (na nossa experiência futura), que ele realmente<br />
existe, então teremos obtido a felicida<strong>de</strong> eterna.<br />
E, se Deus, afinal, não existe, então nada teremos perdido. Por outro lado, se ignorarmos<br />
a Deus e <strong>à</strong> sua existência, no que nos diz respeito, então terminaremos na con<strong>de</strong>nação<br />
eterna. Os jogadores e os matemáticos precisam reconhecer que isso envolve um jogo<br />
razoável. Quem se arriscar po<strong>de</strong> ganhar muito, sem ter nada a per<strong>de</strong>r. Isso posto, que<br />
todos apostemos. Um aspecto da aposta <strong>de</strong> Pascal é que aquele que fizer a aposta terá<br />
<strong>de</strong> ser sério no jogo.<br />
Não po<strong>de</strong>rá simplesmente crer que Deus existe, como uma proposição intelectual. Antes,<br />
terá <strong>de</strong> moldar sua vida a essa crença.<br />
Terá <strong>de</strong> conformar sua vida aos princípios da graça divina. O Deus da graça é o Deus <strong>de</strong><br />
Abraão, Isaque e Jacó, e não o Deus dos filósofos. É <strong>de</strong> presumir que, se fizermos essa<br />
aposta, levando nossas vidas a conformarem-se ao principio divino, então o Deus da<br />
graça haverá <strong>de</strong> abençoar-nos, justificando-nos em nossa fé e aposta.<br />
Filósofos e teólogos têm criticado severamente a essa aposta <strong>de</strong> Pascal.<br />
Eles frisam que se Deus existe e é dotado dos po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> razão que lhe atribuímos,<br />
então não se <strong>de</strong>ixará impressionar em nada com os homens que meramente apostam em<br />
sua existência. Isso posto, Deus não se sentirá forçado a abençoar aos indivíduos que<br />
fizerem tal aposta.<br />
Não há que duvidar que o próprio Pascal não ficou muito impressionado com o seu<br />
esquema. Ele <strong>de</strong>pendia <strong>de</strong> experiências místicas para encontrar-se com Deus, e não <strong>de</strong><br />
meras apostas. Por outra parte, a sua insistência que tal aposta <strong>de</strong>ve incluir a outorga <strong>de</strong><br />
nossa vida aos cuidados <strong>de</strong> Deus, serve <strong>de</strong> fator favorável <strong>à</strong>s experiências místicas. Para<br />
certas pessoas, a Aposta <strong>de</strong> Pascal po<strong>de</strong> ser um elemento valioso.<br />
Certamente Deus leva em conta a fraqueza humana, e bem po<strong>de</strong> abençoar ao indivíduo<br />
que tenha apostado a sério em sua existência. Afinal, a aposta <strong>de</strong> Pascal inclui a outorga<br />
da vida a Deus, e não um mero assentimento mental quanto <strong>à</strong> sua existência. Esse é o<br />
aspecto que levaria muitas pessoas a pensar duas vezes, antes <strong>de</strong> apostar <strong>de</strong> maneira<br />
superficial.<br />
Isaac Newton<br />
Suas datas foram 1642 a 1727. Newton foi um físico e filósofo natural inglês.<br />
Ele combinava com a sua ciência e <strong>filosofia</strong> importantes idéias teológicas. Nasceu em<br />
Woolsthorpe. Estudou e ensinou em Cambridge.Foi membro da Real Socieda<strong>de</strong> Britânica.<br />
166
Serviu como parlamentar. Recebeu muitas honrarias em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu trabalho e <strong>de</strong> suas<br />
idéias.<br />
Assim, foi admitido <strong>à</strong> Aca<strong>de</strong>mia Francesa <strong>de</strong> Ciências, como membro; foi presi<strong>de</strong>nte da<br />
Real Socieda<strong>de</strong> Britânica;e foi nomeado cavaleiro em 1705.<br />
Era amigo chegado <strong>de</strong> John Locke; mas rivalizava com Leibnitz. Newton e Leibnitz<br />
inventaram o cálculo diferencial in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente. Voltaire <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u e popularizou a<br />
obra <strong>de</strong> Newton.<br />
Foi Voltaire quem contou, pela primeira vez, a <strong>história</strong> da maçã calda, o que sugeriu a<br />
Newton a idéia da lei universal da gravida<strong>de</strong>.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Isaac Newton:<br />
Em sua obra, Principia, ele estudou a mecânica do movimento, tanto celeste quanto<br />
terrestre, e também elaborou sobre a lei da gravida<strong>de</strong>. Essas idéias vieram a tornar-se a<br />
base da física clássica. A nova astronomia também surgiu em resultado <strong>de</strong>sses esforços.<br />
Ele postulou as três leis do movimento, as quais têm sido consi<strong>de</strong>ravelmente revisadas<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, mas que, em sua época, eram noções avançadas, que também se tornaram<br />
parte integrante da física clássica.<br />
Ele ensinava a doutrina do espaço e do tempo absolutos, como o arcabouço do<br />
movimento dos corpos.<br />
Quanto a seu método, ele foi essencialmente um positivista. Suas quatro regras eram as<br />
seguintes:<br />
a-Não admitir mais causas, para as coisas naturais, do que aquelas que são verda<strong>de</strong>iras<br />
e suficientes para explicar seu aparecimento e seus fenômenos.<br />
b-Para os mesmos efeitos atribuir as mesmas causas, tanto quanto possível.<br />
c-As qualida<strong>de</strong>s dos corpos ao alcance <strong>de</strong> nossa experiência <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas as<br />
qualida<strong>de</strong>s universais <strong>de</strong> todos os corpos.<br />
d-As proposições estabelecidas por meio da indução geral <strong>de</strong>vem ser tidas como<br />
verda<strong>de</strong>iras, ou aproximadamente verda<strong>de</strong>iras, até que essas proposições sejam<br />
corrigidas por evidências indutivas adicionais.<br />
Ele não provia explicação para causas, quando não havia evidências em favor das<br />
mesmas. E respondia <strong>à</strong>s críticas acerca <strong>de</strong>sse particular:<br />
Hypotheses non fingo., que significa Não invento hipóteses.. Em outras palavras, Newton<br />
não ia alem das evidências possíveis, e não entrava em especulações.<br />
Ele dava <strong>à</strong> sua mecânica um caráter teísta. Atribuía a Deus três funções na natureza:<br />
a-A i<strong>de</strong>ia divina é necessária para explicar a criação, em seu começo e em sua<br />
manutenção.<br />
b-A manutenção apropriada da natureza, conforme se vê no caso da posição relativa<br />
mantida pelas estrelas (elas não se juntam, formando uma única massa), requer a i<strong>de</strong>ia<br />
divina.<br />
c-O sistema solar é perturbado, mas a boa or<strong>de</strong>m sempre prevalece; e precisamos<br />
postular Deus para explicar como essa or<strong>de</strong>m é preservada. Newton também escreveu<br />
tratados teológicos, e não meramente científicos.<br />
Entretanto, suas obras teológicas são maculadas por um pronunciado caráter ariano.<br />
G.E. Moore<br />
Suas datas foram 1873 a 1958. Nasceu em Londres e educou-se em Cambridge, on<strong>de</strong><br />
também ensinou.<br />
Foi eleito para ser membro da Aca<strong>de</strong>mia Britânica e nomeado a receber a Or<strong>de</strong>m do<br />
Mérito.<br />
167
Progrediu através <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> posições filosóficas; e, finalmente, <strong>de</strong>ixou sua<br />
contribuição distintiva como porta-voz do chamado Realismo do Bom Senso, que diz que<br />
o mundo é como parece ser, e que nossos sentidos são suficientes e a<strong>de</strong>quados para<br />
conhecê-lo. Mas nunca se sentia satisfeito com a maneira como abordava os problemas<br />
filosóficos, e sempre voltava a atacá-los.<br />
Tornou-se conhecido por sua honestida<strong>de</strong> e labor incansável.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> G.E. Moore:<br />
Quanto <strong>à</strong> Epistemologia. Moore negava os esforços dos céticos que tanto rebaixam o<br />
po<strong>de</strong>r dos sentidos, em sua <strong>filosofia</strong>, que chegam a anular o conhecimento.<br />
Também atacava todos os i<strong>de</strong>alistas, que pensam que todas as realida<strong>de</strong>s são mentais.<br />
Ele <strong>de</strong>fendia o realismo. As coisas que vemos são coisas reais, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong><br />
nossas mentes, que <strong>de</strong>las tomam conhecimento. Nesse realismo, Moore era simples e<br />
ingênuo. Os objetos que vemos são exatamente aquilo que parecem ser e a percepção<br />
<strong>de</strong> nossos sentidos é a<strong>de</strong>quada para tomarmos conhecimento <strong>de</strong>les.<br />
Ele ilustrava sua posição simples levantando uma das mãos e dizendo: Aqui está uma<br />
mão. E então, levantando a outra, dizia: “Aqui está outra mão”. Para ele, coisas assim não<br />
precisam <strong>de</strong> muita análise. Mas se falarmos com um físico teórico, veremos se sua<br />
abordagem ao conhecimento é a<strong>de</strong>quada, para nada dizermos sobre os místicos.<br />
Quanto <strong>à</strong> distinção entre esse e principio, ou seja, entre “ser” e “percepção”. Um<br />
i<strong>de</strong>alista dirá: o ser está na percepção mental. Moore respondia que ser e ser percebido<br />
são coisas distintas, e que a percepção, sem importar se a mesma ocorre ou não, nada<br />
tem a ver com a realida<strong>de</strong> do ser. Além disso, o ato <strong>de</strong> perceber é po<strong>de</strong>roso o bastante<br />
para fornecer-nos uma boa <strong>de</strong>scrição daquilo que “existe”.<br />
Realismo Representativo. Se separarmos o ser da percepção, então po<strong>de</strong>remos cair no<br />
ardil <strong>de</strong> dizer que percepção é representação, e não a apresentação do conhecimento<br />
sobre alguma coisa.<br />
Porém, parece que o próprio Moore caiu nessa armadilha, em alguns <strong>de</strong> seus escritos.<br />
Porém, uma vez que se fala em representação, já se terá <strong>de</strong>bilitado o po<strong>de</strong>r da percepção<br />
dos sentidos.<br />
Pois o que é uma representação senão uma avaliação mental?<br />
Outrossim, nossa ciência ensina-nos que nossos sentidos realmente não nos apresentam<br />
conhecimento.<br />
Para ilustrar o ponto: nem o mais po<strong>de</strong>roso dos microscópios conseguiu ainda apresentarnos<br />
com o que se parece o átomo.<br />
Verda<strong>de</strong>s que estão Acima <strong>de</strong> Análise. Moore afirmava conhecer muitas verda<strong>de</strong>s para<br />
as quais ainda não achara uma análise. E nem pretendia <strong>de</strong>finir no que consiste a análise<br />
correta, e como ela <strong>de</strong>ve ser efetuada.<br />
Os Universais. Moore acreditava nos universais , compreen<strong>de</strong>ndo-os como ou relações<br />
(proprieda<strong>de</strong>s relacionais) ou proprieda<strong>de</strong>s não-naturais, como números e cores.<br />
Ele <strong>de</strong>fendia a teoria da correspondência da verda<strong>de</strong>.<br />
No campo da ética, ele dava prosseguimento <strong>à</strong> sua abordagem simplista, e terminou<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo uma forma <strong>de</strong> intuicionismo ético. Ele cria que o homem é capaz <strong>de</strong> saber o<br />
que é certo e o que é errado, mediante seus po<strong>de</strong>res intuitivos. Mas não acreditava que o<br />
que é bom possa ser crassamente i<strong>de</strong>ntificado com qualquer qualida<strong>de</strong> natural, como o<br />
prazer, por exemplo.<br />
Sua obra, Principia Ethica, expressava crença na qualida<strong>de</strong> não-natural da bonda<strong>de</strong>.<br />
A bonda<strong>de</strong> seria um conceito ético fundamental, que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido ou analisado.<br />
Coisas como conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver, <strong>de</strong> correto, etc., po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas em termos <strong>de</strong><br />
produzirem e preservarem, até on<strong>de</strong> possível, a qualida<strong>de</strong> da bonda<strong>de</strong>.<br />
168
Isso po<strong>de</strong>ria ser melhor exemplificado por meio <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> (amor) ou por meio<br />
do aprazimento estético: Qualquer tentativa para <strong>de</strong>finir a ética, <strong>de</strong> forma naturalista, levanos<br />
a cair na falácia naturalista.<br />
Por outro lado, ele não alicerçava suas idéias éticas em Deus ou em causas naturais.<br />
Preferia ficar com uma espécie <strong>de</strong> fonte não-natural, nebulosa, para o conhecimento da<br />
bonda<strong>de</strong>, sem chegar nunca a tentar analisar ou <strong>de</strong>finir essa fonte. De fato, ele pensava<br />
que tal <strong>de</strong>finição é impossível, e assim abandonou sua forte abordagem empírica, que<br />
usava quanto a outras questões.<br />
O bem não po<strong>de</strong>ria ser analisado, embora cheguemos a intuir no que o mesmo consiste,<br />
sendo impelidos por uma orientação interior, quando queremos fazer o bem.<br />
Não obstante, o homem seria capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar vários bens, embora não o princípio<br />
mesmo do bem, conforme já foi dito.<br />
Georg Wilhelm Friedrich Hegel<br />
Georg Wilhelin Friedrich Hegel nasceu em Stuttgart, na Alemanha, em 1770, e faleceu<br />
em 1831, vítima da cólera.<br />
Antes <strong>de</strong> se tornar filósofo, interessou-se profundamente pela fé cristã, e estudou<br />
formalmente a teologia, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tubingen, em companhia <strong>de</strong> outros vultos<br />
que se tornariam ilustres, como Schelling e Flol<strong>de</strong>rlin.<br />
Também esteve associado a Schelling na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jena, on<strong>de</strong>, juntos, publicaram<br />
um jornal filosófico.<br />
Foi reitor do ginásio <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>lberg e então da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Berlim.<br />
As principais influências filosóficas que moldaram o seu pensamento foram o racionalismo<br />
<strong>de</strong> Spinoza e <strong>de</strong> Emanuel Kant, bem como o i<strong>de</strong>alismo <strong>de</strong> Fichte e <strong>de</strong> Schelling. Não<br />
<strong>de</strong>vemos nos olvidar <strong>de</strong> que seu apaixonado interesse pela fé cristã foi um dos fatores<br />
mais fundamentais em suas formulações. Contudo, ele sentia que a teologia cristã <strong>de</strong> sua<br />
época (uma espécie <strong>de</strong> escolasticismo protestante) era árida, e, por isso, procurava uma<br />
experiência espiritual mais profunda.<br />
Alguns intérpretes acreditam que a vida e a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Hegel <strong>de</strong>monstram que o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong> estava firmemente alicerçado sobre suas próprias<br />
experiências religiosas, e não meramente sobre noções que ele apren<strong>de</strong>ra na escola.<br />
Essa teoria também afiança que ele passou por uma po<strong>de</strong>rosa experiência mística acerca<br />
da realida<strong>de</strong> das coisas.<br />
Em vez <strong>de</strong> procurar expressar isso em termos teológicos, conforme faz a maioria dos<br />
místicos, ele procurou exprimir a sua experiência em termos filosóficos, mediante suas<br />
<strong>de</strong>scrições sobre o Espírito Absoluto. Como é óbvio, isso só po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro em<br />
parte; porquanto não é difícil <strong>de</strong>linear suas idéias básicas, <strong>de</strong> acordo com as influências<br />
filosóficas que ele sofreu, conforme dissemos acima. Seja como for, os eruditos têm<br />
salientado, com toda a razão, a natureza mística <strong>de</strong> seu pensamento básico, on<strong>de</strong> a<br />
diversida<strong>de</strong> é, finalmente, reduzida <strong>à</strong> unida<strong>de</strong> no Espírito Absoluto.<br />
Na verda<strong>de</strong>, os místicos falam nesses termos.<br />
Hegel recebeu seu doutorado em teologia em Tubingen, em 1791; e, em 1801, ele aliouse<br />
a Scheling na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jena, on<strong>de</strong> começou a lecionar sobre <strong>filosofia</strong>. Sua<br />
posição filosófica, a principio, era uma espécie <strong>de</strong> refutação a certos aspectos das idéias<br />
<strong>de</strong> Kant.<br />
Se o seu método dialético po<strong>de</strong> ser traçado <strong>de</strong> volta <strong>à</strong> dialética transcen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> Kant<br />
(em sua obra Crítica da Razão Pura), contudo, sua <strong>filosofia</strong> final opunha-se a todos os<br />
aspectos importantes do pensamento kantiano.<br />
Hegel negava completamente a limitação da razão conforme fazia Kant, e pensava que a<br />
razão é a base das operações do Absoluto, em todas as coisas. Ele não <strong>de</strong>ixava margem<br />
169
para mistérios insondáveis, em algum mundo mental, que só pu<strong>de</strong>sse ser perscrutado por<br />
postulados racionais intuitivos, conforme Kant fazia. Para ele, a Razão permeia a tudo e<br />
<strong>de</strong>lineia todas as coisas, em todos os lugares, o que é um exagero, segundo os gostos da<br />
maioria dos filósofos.<br />
Enquanto residiu em Hei<strong>de</strong>lberg, Hegel publicou a sua Enciclopédia das Ciências<br />
Filosóficas (1817), um esboço sistematizado <strong>de</strong> seus conceitos. Posteriormente, ensinou<br />
em Berlim, com gran<strong>de</strong> sucesso e popularida<strong>de</strong>, embora impressionasse mais do que<br />
cativasse. A última obra por ele publicada foi sua Filosofia do Direito e da Lei (1820).<br />
Faleceu em Berlim, a 14 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1831, <strong>de</strong> uma praga <strong>de</strong> cólera, tendo sofrido<br />
apenas por um dia.<br />
Tal como os filósofos realmente gran<strong>de</strong>s, ele tinha interesses bem amplos, no campo da<br />
<strong>filosofia</strong> e fora <strong>de</strong>le. E seu sistema procurava tratar <strong>de</strong> forma geral e harmônica todo o<br />
conhecimento e toda a realização humanos e sua influência foi enorme.<br />
Após sua morte, suas obras e preleções foram publicadas por um grupo <strong>de</strong> alunos seus,<br />
que alguns têm chamado <strong>de</strong> “amigos do imortalizado”. Assim, algumas <strong>de</strong> suas obras<br />
mais influentes foram publicadas postumamente, com base nas anotações feitas por<br />
alunos seus, em sala <strong>de</strong> aula.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Georg Wilhelm Friedrich Hegel:<br />
O Propósito da Filosofia. A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>veria procurar conhecer a natureza, o real, o<br />
mundo inteiro da experiência e do ser. Deveria tentar compreen<strong>de</strong>r a essência eterna,<br />
a harmonia e as leis do conhecimento e da realida<strong>de</strong>.<br />
A Fé Básica. A existência, para ele, é uma or<strong>de</strong>m racional, imbuída com significado. Essa<br />
racionalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser reconhecida através do pensamento, a função racional inerente ao<br />
homem. A função da <strong>filosofia</strong> consiste em enten<strong>de</strong>r as leis mediante as quais a razão<br />
opera. A tría<strong>de</strong> dialética básica <strong>de</strong> tese, antítese e Síntese seria a maneira do Espírito<br />
Absoluto operar; a compreensão <strong>de</strong> tal fato, pois, é a chave para a investigação em que a<br />
<strong>filosofia</strong> nos encaminha, fazendo-nos sondar a natureza <strong>de</strong> todas as coisas.<br />
O Espírito Absoluto. O espírito era visto por Hegel como uma força real e concreta. Essa<br />
força personificada em certo número <strong>de</strong> suas manifestações, como o espírito do mundo.<br />
Opera mediante o espírito coletivo, nas nações, embora também opere nos indivíduos.<br />
Hegel criou uma anedota que ilustra esse ponto.<br />
Ele falava como se tivesse visto Napoleão (talvez o tenha visto, realmente), em seu<br />
cavalo branco, após a batalha <strong>de</strong> Jena (1806). Então ele <strong>de</strong>clarava: “Vi o Weltgeist sobre<br />
um cavalo branco”.<br />
Ele também se referia a certas figuras mundiais como a alma do mundo. Seja como for,<br />
temos aí o conceito <strong>de</strong> uma alma do mundo manifestar-se em espíritos individuais,<br />
operando para cumprir os mesmos <strong>de</strong>sígnios, em consonância com os ditames da Mente<br />
Absoluta. Tudo seria mente ou idéia.<br />
A I<strong>de</strong>ia Absoluta (Espírito) seria a consciência toda inclusiva, completamente coerente e<br />
eterna, <strong>de</strong> cada estágio da dialética. A I<strong>de</strong>ia Absoluta é o Universal final e todo inclusivo<br />
que garante a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as coisas, e on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m todas as coisas.<br />
Também é divino, o que significa que temos aí uma espécie <strong>de</strong> panteísmo.<br />
A Espiritualida<strong>de</strong> da Existência. A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Hegel nega, <strong>de</strong> forma absoluta, que a<br />
matéria seja o componente básico do ser. Antes, a própria experiência seria aquele<br />
aspecto na vida do espírito mediante o qual o espírito torna.se cônscio <strong>de</strong> si mesmo. A<br />
essência <strong>de</strong> todo ser é Deus, o Espírito Absoluto, e a revelação <strong>de</strong> Deus é a or<strong>de</strong>m<br />
mundial. Deus é o alvo <strong>de</strong> todo o conhecimento.<br />
E Deus revela-se a si mesmo em três estágios: razão, espírito e religião.<br />
O Deus <strong>de</strong> Hegel é panteísta; e, aos olhos da doutrina cristã, isso é uma forma <strong>de</strong><br />
heresia. Porém, dizermos só isso seria nos mostrar superficiais. Em muitas passagens, o<br />
170
Antigo Testamento reflete um crasso antropomorfismo; e sabemos que o antropomorfismo<br />
representa mui imperfeitamente a espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Não dispomos mesmo <strong>de</strong><br />
meios bons para <strong>de</strong>screver a pessoa <strong>de</strong> Deus, embora saibamos <strong>de</strong>screver melhor as<br />
suas obras. Assim sendo, quando estamos abordando o caso <strong>de</strong> um filósofo como Hegel,<br />
fazemos bem em notar quais são os discernimentos <strong>de</strong>le, não rejeitando a sua <strong>filosofia</strong><br />
com títulos negativos.<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Hegel é um i<strong>de</strong>alismo absoluto.<br />
A i<strong>de</strong>ia, para ele, é a base <strong>de</strong> toda a realida<strong>de</strong>, isto é, uma realida<strong>de</strong> não-material.<br />
E a matéria é um epifenômeno do espírito.<br />
O Princípio da Unida<strong>de</strong>. A unida<strong>de</strong>, naturalmente, é uma das categorias místicas<br />
fundamentais. Os místicos do Oci<strong>de</strong>nte e do Oriente testificam a esse respeito. Esse<br />
também é um conceito básico do mistério da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, Todas as coisas,<br />
finalmente, terão <strong>de</strong> encontrar o seu centro no Logos. Todas as coisas proce<strong>de</strong>m Dele, e<br />
todas as coisas terão <strong>de</strong> voltar a ele.<br />
Escreveu Hegel: O nexo interior <strong>de</strong> todas as diferentes configurações do espírito: <strong>de</strong>ve-se<br />
afirmar que somente um espírito, um princípio expressa-se no estado político, tanto<br />
quanto na religião, na arte, na ética, nas maneiras, no comércio e na indústria.<br />
Essas coisas são meros ramos <strong>de</strong> um tronco principal.., o espírito que é um só.<br />
O Processo Dialético. O conceito básico por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>sse processo é: ser, não-ser,<br />
tornar-se. Aquilo que existe opõe-se <strong>à</strong>quilo que ainda não existe, embora esteja em<br />
processo <strong>de</strong> vir <strong>à</strong> existência. A tensão entre as duas coisas produz o seu oposto. Então a<br />
tensão entre os dois opostos, finalmente, produz tinia síntese.<br />
Dai resulta o processo dialético <strong>de</strong> Hegel, que consistia em TESE, ANTÍTESE e<br />
SÍNTESE. Cada síntese, por sua vez, torna-se uma nova tese. Sem importar quão<br />
perfeita ou po<strong>de</strong>rosa seja uma tese, é impossível evitar que ela se torne uma negação <strong>de</strong><br />
si mesma (chamada não-ser).<br />
Esse é um constante po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negação, que existe em todas as entida<strong>de</strong>s, instituições e<br />
conceitos.<br />
Esse princípio é o gerador <strong>de</strong> novos pensamentos e <strong>de</strong> novas entida<strong>de</strong>s, operando<br />
interminavelmente. Nenhuma síntese po<strong>de</strong> manter a si mesma meramente como uma<br />
nova tese. O não-ser e o po<strong>de</strong>r da negação, não <strong>de</strong>mora a criar uma nova antítese.<br />
Emerge daí uma nova síntese, em um processo que prossegue in<strong>de</strong>finidamente.<br />
Uma síntese é ímpar somente por algum tempo. Pois é engolida no Contínuo processo <strong>de</strong><br />
mutações, o fluxo <strong>de</strong> Heráclito, um princípio básico do próprio ser.<br />
A dialética <strong>de</strong> Hegel surgiu, pelo menos em parte, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> influência <strong>de</strong> Kant. A sua<br />
tendência era classificar as coisas em tría<strong>de</strong>s. Suas categorias servem <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração<br />
disso. Fichte também tinha trabalhado sobre esse princípio (influenciado por Kant),<br />
quando se referiu a como o ego postula o mundo (oposto do ego).<br />
Antes <strong>de</strong>sse postulado, temos o Ego Absoluto, a fonte <strong>de</strong> todo ser.<br />
Portanto, foi Fichte, e não Hegel, quem primeiro apresentou o processo dialético,<br />
consistente em tese, antítese e síntese.<br />
A ativida<strong>de</strong> da razão humana requer a postulação, a contra-postulação e a síntese.<br />
Arthuh Schopenhauer<br />
Suas datas foram 1788 a 1860. Ele foi um filósofo alemão cujo nome tornou-se um<br />
sinônimo virtual <strong>de</strong> pessimismo. Ele nasceu em Danzig.<br />
Estudou nas Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Gottíngen e Berlim. Teve mestres famosos, como Wolff,<br />
Fichte e Schleiermacher. Foi influenciado pelas idéias <strong>de</strong> Goethe. Ensinou na<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Berlim.<br />
171
Schopenhauer era homem <strong>de</strong> estranha personalida<strong>de</strong>. A fim <strong>de</strong> exibir sua animosida<strong>de</strong><br />
contra Hegel (a quem ele chamava <strong>de</strong> fanfarrão da <strong>filosofia</strong>), marcou suas aulas para o<br />
mesmo horário que as <strong>de</strong>le; mas com isso ele apenas prejudicou a si mesmo. Foi<br />
<strong>de</strong>spedido <strong>de</strong> seu posto; mas uma herança, <strong>de</strong>ixada por seu pai, tornou-se seu sustento<br />
a<strong>de</strong>quado.<br />
E tirou proveito <strong>de</strong> seu lazer para viajar, tendo vivido em vários lugares da Europa. O pai<br />
<strong>de</strong> Schopenhauer era um rico negociante que amava muito <strong>à</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />
Quando sua cida<strong>de</strong> nativa, Danzig, per<strong>de</strong>u a in<strong>de</strong>pendência, tornando-se parte do império<br />
da Prússia, ele mudou-se para Hamburgo. Sua mãe foi uma novelista popular <strong>de</strong> alguma<br />
notabilida<strong>de</strong>. Seu pai tentou forçá-lo a abraçar o mundo dos negócios, mas isso só<br />
funcionou durante breve período.<br />
Sua inspiração era a <strong>filosofia</strong> e o estudo.<br />
E obteve o grau <strong>de</strong> doutor em <strong>filosofia</strong>, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jena.<br />
Após muitas mudanças e percalços, ele voltou a Berlim; mas a cida<strong>de</strong> foi atingida por uma<br />
epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> cólera. Hegel morreu <strong>de</strong> cólera, e Schopenhauer mudou-se para Frankfurt.<br />
Ali obteve sucesso e popularida<strong>de</strong>, tendo permanecido naquela cida<strong>de</strong> até que a morte o<br />
colheu. Assim, sua ida<strong>de</strong> avançada foi o período mais satisfatório <strong>de</strong> sua vida, embora ele<br />
nunca tivesse ficado satisfeito com as suas realizações.<br />
Para ele, Platão e Emanuel Kant foram os maiores filósofos. Também <strong>de</strong>ixou-se<br />
influenciar pelo budismo, tendo sido o primeiro filósofo oci<strong>de</strong>ntal a dar suficiente atenção<br />
<strong>à</strong>quela <strong>filosofia</strong> oriental.<br />
Sua personalida<strong>de</strong> era marcada por estranhos subterfúgios, alimentando o profundo<br />
pessimismo que o caracterizava em sua visão da vida. Ao que parece, sua mãe foi<br />
envolvida em costumes sexuais duvidosos, encorajada pelo círculo literário em que ela se<br />
movimentava. Schopenhauer nunca conseguiu manter relacionamento duradouro com<br />
qualquer mulher, e sua obra, Ensaio sobre as Mulheres, reflete a sua inimiza<strong>de</strong> por todo o<br />
sexo feminino. Ele rompeu relações com sua mãe, e não teve contato algum com ela,<br />
durante quarenta e seis anos. Mostrava-se extremamente sensível diante <strong>de</strong> todas as<br />
formas <strong>de</strong> sofrimento, incluindo o dos animais, que o <strong>de</strong>ixava revoltado. Ele chegou a<br />
acreditar que a própria existência é um mal (essa é a <strong>de</strong>finição primária do pessimísmo),<br />
não po<strong>de</strong>ndo aceitar qualquer teoria que afirmasse a existência <strong>de</strong> um Deus justo e<br />
benévolo.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Arthuh Schopenhauer:<br />
A <strong>filosofia</strong> não é uma ciência, mas alicerça-te sobre processos lógicos.<br />
Mas as culminâncias da <strong>filosofia</strong> formam uma arte, uma revelação que opera mediante o<br />
discernimento intuitivo. Através da razão obtém-se apenas uma <strong>filosofia</strong> elementar. Em<br />
seu livro, The Fourfold Root of the Principie of Sufficient Reason, ele lançou dúvidas<br />
sobre a eficácia da razão. A experiência imediata, não-racionalizada, que envolve a<br />
vonta<strong>de</strong>, tornou-se a sua principal maneira <strong>de</strong> tomar conhecimento das coisas.<br />
A introspecção (discernimento intuitivo) ensina- nos que a vonta<strong>de</strong> é primária, sendo a<br />
base real <strong>de</strong> todas as coisas, O próprio corpo do individuo é a concretização da vonta<strong>de</strong>.<br />
Há uma Vonta<strong>de</strong> Absoluta, <strong>à</strong> qual <strong>de</strong>nominamos Deus. Todas as <strong>de</strong>mais vonta<strong>de</strong>s são<br />
<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r. Todas as <strong>de</strong>mais coisas são concretizações da Vonta<strong>de</strong> suprema.<br />
As vonta<strong>de</strong>s, pois, são microcosmos da Vonta<strong>de</strong> macro-cósmica.<br />
O mundo é uma idéia ou representação da Vonta<strong>de</strong> cósmica. As ações humanas, por<br />
um lado, são i<strong>de</strong>acionais e fenomenais; mas, por outro lado, são volicionais e reais. Daí<br />
segue-se que a vonta<strong>de</strong> do homem é cega, quando consi<strong>de</strong>rada isoladamente. A vonta<strong>de</strong><br />
expressa na natureza também é cega, um esforço inconsciente.<br />
Esse esforço é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver, mas, na realida<strong>de</strong>, é <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> propósito.<br />
172
O mundo é a representação <strong>de</strong> coisas individuais, que são feitas como elas são pela<br />
Vonta<strong>de</strong> irracional. As gran<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>ssa Vonta<strong>de</strong> e das coisas que ela impõe<br />
em sua extensão, que é o mundo, são a dor e o sofrimento. Não há nenhum <strong>de</strong>sígnio que<br />
se esforce em prol do bem; há somente uma precipitação enlouquecida para continuar a<br />
existir a qualquer custo e sob qualquer condição.<br />
O espaço e o tempo são individualizações da Vonta<strong>de</strong> cósmica. Assim sendo, nos<br />
escritos <strong>de</strong> Schopenhauer topamos com um total i<strong>de</strong>alismo. Porém, para ele, a razão não<br />
é a essência da Idéia divina. Essa essência é uma Vonta<strong>de</strong> insana. Deus seria insano, se<br />
quiséssemos chamar a Vonta<strong>de</strong> cósmica ou Vonta<strong>de</strong> Absoluta <strong>de</strong> Deus,<br />
A vonta<strong>de</strong> é a ativida<strong>de</strong> primária, fora do tempo, fora do espaço, sem causa, que se<br />
exprime no homem como impulso, instinto, esforço, anelo, <strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong>sapontamento e<br />
tragédia. A vonta<strong>de</strong> é o verda<strong>de</strong>iro eu do homem; o seu corpo é apenas uma autorepresentação.<br />
O mundo consiste em vonta<strong>de</strong> e idéia. A vonta<strong>de</strong> expressa-se por toda parte. Guia a tudo,<br />
arruína tudo, azeda tudo.<br />
A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir, <strong>de</strong> viver, <strong>de</strong> lutar, <strong>de</strong> prosseguir, somente produz a tristeza e fomenta<br />
todos os males que vemos no mundo, com seus imensos e insensatos sofrimentos.<br />
Ávida é má por ser egoísta e vil. A vonta<strong>de</strong> torna os homens cobiçosos, intrigantes e<br />
ruins, e, no entanto essa vonta<strong>de</strong> é que é a essência <strong>de</strong> todas as coisas. Portanto, a<br />
própria existência é um mal.<br />
Livramento. Po<strong>de</strong>mos obter um livramento parcial da loucura que caracteriza a nossa vida<br />
em uma <strong>de</strong>sprendida contemplação das Idéias, concebidas em termos platônicos. Além<br />
disso, na estética po<strong>de</strong>mos obter certa espécie <strong>de</strong> resignação budista ou passivida<strong>de</strong>, que<br />
ten<strong>de</strong> por amortecer as nossas tristezas. Assim como uma pessoa contempla uma obra<br />
<strong>de</strong> arte, assim também ela po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sligar-se <strong>de</strong> sua individualida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a Vonta<strong>de</strong><br />
operou sua obra nefanda. E assim po<strong>de</strong>mos tornar-nos um puro sujeito cognoscente. Há<br />
uma hierarquia <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> arte. Em seu ponto mais baixo, a arte toma a forma <strong>de</strong><br />
arquitetura, subindo dai para a escultura, para a pintura, para a poesia lírica e trágica, e<br />
atingindo o seu ponto mais alto na música. Esse passo final é o supra-sumo da arte,<br />
aquele passo no qual a Vonta<strong>de</strong> expressa-se <strong>de</strong> modo mais belo. A dor e a alegria são<br />
representadas nas artes em uma forma abstrata. Mas, embora obtenhamos assim um<br />
livramento temporário, vemo-nos envolvidos na estética, pelo que essa vitória é<br />
temporária. Não <strong>de</strong>mora muito a Vonta<strong>de</strong> apossar-se novamente <strong>de</strong> nós, fazendo-nos<br />
sentir uns miseráveis.<br />
A Ética da Compaixão Essa é a única coisa valiosa <strong>à</strong> face da terra. Uma nova tentativa.<br />
Em nossa busca pela liberação, obtemos outra vitória parcial ao aceitarmos a ética do<br />
pessimismo. Temos <strong>de</strong> reconhecer que todas as coisas são inúteis, com exceção <strong>de</strong> uma<br />
coisa: a simpatia, ou seja, a compaixão. Ter compaixão pelo próximo po<strong>de</strong> quebrar as<br />
ca<strong>de</strong>ias do ego. Po<strong>de</strong>mos ter compaixão (isto é, amor) pelo próximo quando<br />
compreen<strong>de</strong>mos a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as coisas. Todos os seres vivem na mesma miséria<br />
que nós. Somos um. Quando alguém sente a dor <strong>de</strong> outrem, com a mesma intensida<strong>de</strong><br />
com que sente a sua própria dor, então tal pessoa conquistou a dor, mediante a própria<br />
dor; mas temos ai uma dor altruísta, pelo que isso é algo <strong>de</strong> valor.<br />
As maneiras certas <strong>de</strong> agir são a renúncia (esperar pouco da vida e negar seus valores);<br />
a resignação (aceitar os truques sujos da Vonta<strong>de</strong> suprema); e ascetismo (reduzir os<br />
próprios <strong>de</strong>sejos, e juntamente com os mesmos, os <strong>de</strong>sapontamentos).<br />
Neste vasto mundo não há atos bondosos senão aqueles inspirados pela simpatia.<br />
Somente ao exercer a compaixão é que um homem se vê livre <strong>de</strong> seu ego insano.<br />
Salvação. Apesar das religiões falarem sobre a vida eterna, o que <strong>de</strong>veríamos <strong>de</strong>sejar é a<br />
morte eterna. Aí encontraremos o sossego. Já vimos como a Vonta<strong>de</strong> cósmica (o <strong>de</strong>us <strong>de</strong><br />
Schopenhauer) é insana; portanto, <strong>de</strong>ssa Vonta<strong>de</strong> só po<strong>de</strong>mos esperar mais loucura<br />
173
ainda. Porém, algum dia, talvez Deus resolva cessar em sua louca luta pela vida,<br />
preferindo a morte. E então todas as coisas <strong>de</strong>ixariam subitamente <strong>de</strong> existir, visto que<br />
tudo é apenas a projeção da vonta<strong>de</strong> divina. E, nesse caso, finalmente obteríamos a paz<br />
que tanto almejamos.<br />
Reencarnação e Futilida<strong>de</strong>. Se as coisas fossem, <strong>de</strong> fato, tão ruins como Schopenhauer<br />
dizia, então a solução final não seria cometermos suicídio? Ele, porém, respondia com um<br />
enfático não! O suicídio é inútil, visto que a alma realmente existe e prossegue em seu<br />
insano <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver. Não somente isso, mas a alma sempre volta, em outra<br />
reencarnação. Assim, a vida nada resolve; e a morte também nada resolve; e a<br />
reencarnação somente aumenta a insanida<strong>de</strong>. Isso posto, resta-nos esperar pela <strong>de</strong>cisão<br />
da Vonta<strong>de</strong> cósmica para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> querer viver. Nisso consistiria a salvação. Todavia,<br />
não há sinais <strong>de</strong> que Deus chegue, algum dia, a tomar tão bela <strong>de</strong>cisão!<br />
Alberto Schweitzer<br />
Suas datas foram 1875 a 1965. Ele foi um filósofo, teólogo, médico, missionário e<br />
humanitarista alemão. Educou-se em Strasbourg.<br />
Foi missionário-médico <strong>de</strong> fama internacional. Construiu e trabalhou em um hospital, em<br />
Lambarene, África Equatorial Francesa. Os historiadores consi<strong>de</strong>ram-no um renascentista<br />
que obteve gran<strong>de</strong>za espiritual.<br />
Áreas <strong>de</strong> Influência e Ativida<strong>de</strong>s. Schweitzer foi uma figura universal, que brilhou em<br />
várias áreas.<br />
1-Como crítico <strong>de</strong> música e autor sobre o padrão <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Bach, como editor das obras<br />
<strong>de</strong> Bach para órgão (o que ele fez em parceria com C.M. Widor), e como organista<br />
concertista, cujas interpretações <strong>de</strong> Bach foram gravadas, ele exerceu influência sobre a<br />
música sacra.<br />
2-Ele foi um teólogo e erudito neotestamentário <strong>de</strong> nota, cujas interpretações sobre Jesus<br />
tiveram alguma influência sobre os círculos teológicos.<br />
3-Como filósofo, ele salientou a reverência <strong>à</strong> vida e <strong>à</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, em lugar do po<strong>de</strong>r<br />
da vonta<strong>de</strong>, que é labor <strong>de</strong> almas espiritualmente pobres.<br />
4-Como missionário - médico, ele punha em prática a sua <strong>filosofia</strong> e teologia, <strong>de</strong> uma<br />
maneira evi<strong>de</strong>nte.<br />
Seus esforços nesse campo têm levado os historiadores a classificá-lo como um dos mais<br />
notáveis humanitários da primeira meta<strong>de</strong> do século XX.<br />
Idéias Filosóficas:<br />
a-A cultura é uma entida<strong>de</strong> frágil, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong> dos homens. O homem é<br />
moralmente obrigado a levar avante essa entida<strong>de</strong>, tendo em vista seu melhor<br />
<strong>de</strong>senvolvimento.<br />
b-O homem po<strong>de</strong> ter experiências com Deus através da vonta<strong>de</strong> ética que opera nele.<br />
Isso po<strong>de</strong> transformá-lo para melhor, tornando-o um instrumento benfazejo ao próximo, se<br />
ele cultivar essas coisas, em vez <strong>de</strong> alvos e ambições egoístas. A vonta<strong>de</strong> ética é uma<br />
força na natureza inteira, e também resi<strong>de</strong> no homem. Essa vonta<strong>de</strong> é a gran<strong>de</strong><br />
característica que <strong>de</strong>fine Deus.<br />
c-Jesus foi o maior revelador da vonta<strong>de</strong> ética entre os homens, apesar do fato <strong>de</strong> que, na<br />
opinião <strong>de</strong> Schweitzer, Jesus tenha sido um sonhador apocalíptico que tentou gran<strong>de</strong>s<br />
reformas, mas que estava equivocado em sua fé na iminência do reino <strong>de</strong> Deus.<br />
d-A base <strong>de</strong> toda ética, como também o fator mais importante, é a reverência <strong>à</strong> vida. Esse<br />
principio, que já havia governado a sua vida, subiu-lhe <strong>à</strong> mente, <strong>de</strong> maneira verbal,<br />
quando viajava pela África e observava as muitas maravilhas da natureza, tão plena <strong>de</strong><br />
vida e movimento. Para ele, a reverência <strong>à</strong> vida tornou-se uma espécie <strong>de</strong> padrão<br />
174
<strong>de</strong>finitivo da bonda<strong>de</strong>. Ao que parece, ele formava uma visão panteísta da natureza, o<br />
que o inspirou em seu modo <strong>de</strong> pensar.<br />
Algumas Idéias Teológicas:<br />
a-O que foi dito acima tem aplicações <strong>à</strong> teologia <strong>de</strong> Schweitzer. Restam alguns pontos a<br />
serem <strong>de</strong>stacados, segundo se vê abaixo.<br />
b-Em sua obra, Quest of the Historical Jesus, ele tomou a posição <strong>de</strong> que os autores do<br />
Novo Testamento não nos <strong>de</strong>ram um guia seguro para compreen<strong>de</strong>rmos a Jesus. Antes,<br />
eles criaram uma espécie <strong>de</strong> Jesus teológico, que obscureceu sua historicida<strong>de</strong>. Ele via<br />
em Jesus um reformador e ativista que acabou <strong>de</strong>siludido em suas tentativas para<br />
estabelecer na terra o reino messiânico <strong>de</strong> Deus. Ele concedia a Jesus uma visão muito<br />
estreita, em suas tentativas para fazer todas as coisas ajustarem-se <strong>à</strong>s suas<br />
interpretações apocalípticas.<br />
c-O amor é inspirado pela reverência que o individuo tem pela vida. Encontramos aí uma<br />
autêntica espiritualida<strong>de</strong>, que anula o insano <strong>de</strong>sejo dos homens pelo po<strong>de</strong>r.<br />
d-A ênfase sobre o misticismo. Schweitzer escreveu um livro cujo título é The Mysticism of<br />
Paul the Apostle, e que <strong>de</strong>monstrou certo discernimento quanto ao fato <strong>de</strong> que a<br />
verda<strong>de</strong>ira base da inspiração e do pensamento religiosos são as experiências místicas.<br />
Um outro livro seu que exerceu gran<strong>de</strong> influência foi Paul and His Interpreters.<br />
Thomas Hobbes<br />
Suas datas foram 1588 a 1679. Foi um filósofo inglês. Nasceu em Westport, filho <strong>de</strong> um<br />
clérigo.<br />
Educou-se em Oxford;serviu como tutor na família Cavendish, uma posição que ocupou<br />
durante toda a sua vida adulta, Ben Johnson, Francisco Bacon e Herbert <strong>de</strong> Cherbury<br />
eram seus amigos pessoais.<br />
Conheceu Galileu em Florença, na Itália, e entrou em contato com muitos outros<br />
cientistas e filósofos, que estavam interessados na promoção do método científico.<br />
Mantinha idéias políticas contrárias <strong>à</strong>s da coroa da Inglaterra, pelo que passou onze anos<br />
exilado espontaneamente em Paris, como medida <strong>de</strong> segurança.<br />
Nesse tempo, escreveu objeções <strong>à</strong>s Meditações, <strong>de</strong> Descartes, ao mesmo tempo em que<br />
ia aperfeiçoando sua <strong>filosofia</strong> materialista.<br />
Tornou-se o tutor do exilado príncipe Charles <strong>de</strong> Gales (1646 a 1648).<br />
Foi então que escreveu a obra Leviatã. Esse livro caracteriza-se por um secularismo bem<br />
pronunciado que o <strong>de</strong>ixou em posição <strong>de</strong>sfavorável diante da realeza francesa e inglesa.<br />
Retornou <strong>à</strong> Inglaterra e foi aceito como cidadão, pelo governo revolucionário que ali<br />
obtivera o controle. Consolidou sua amiza<strong>de</strong> com o rei Charles; <strong>de</strong> quem fora tutor em<br />
Paris, quando esse monarca ainda era príncipe, e <strong>de</strong>le recebeu uma pensão vitalícia.<br />
Após o gran<strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong> Londres, <strong>de</strong> 1666, a Casa dos Comuns passou uma lei contra<br />
o ateísmo, mencionando Hobbes por nome.<br />
Des<strong>de</strong> então, seus escritos não mais foram publicados na Inglaterra. Em seus últimos<br />
anos <strong>de</strong> vida, ele se mostrou menos ten<strong>de</strong>nte <strong>à</strong>s controvérsias. Escreveu uma<br />
autobiografia em latim e traduziu a luada e a Odisséia em versos rimados, em inglês.<br />
Deixou Londres e passou o resto <strong>de</strong> sua vida em Chatsworth e em Hardwick.<br />
Faleceu em Hardwick, a 4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1679, com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> noventa e um anos e foi<br />
sepultado em uma igreja paroquial daquela cida<strong>de</strong>.<br />
Hobbes era homem polêmico, promovendo idéias que outros sentiam ser <strong>de</strong>testáveis. Ele<br />
geralmente exagerava as questões que <strong>de</strong>fendia, mas fez boas contribuições para a<br />
<strong>filosofia</strong> da ciência.<br />
Ele tem a duvidosa distinção <strong>de</strong> ser o pai do mo<strong>de</strong>rno materialismo metafísico.<br />
175
Seus amigos <strong>de</strong>ixaram-nos notícias <strong>de</strong> que era um homem vigoroso, alto e simpático,<br />
geralmente bem equilibrado, embora se <strong>de</strong>ixasse alcoolizar uma vez por ano. Nunca se<br />
casou, mas <strong>de</strong>ixou provisões materiais suficientes para uma filha natural que tivera.<br />
Era homem enérgico, espirituoso, honesto, um bom amigo, absolutamente <strong>de</strong>dicado <strong>à</strong><br />
causa da evolução da ciência, além <strong>de</strong> mostrar-se muito metódico em seu trabalho.<br />
Atribuía a sua boa saú<strong>de</strong> e a sua longa vida ao fato <strong>de</strong> que era um esportista, bem como<br />
ao seu costume <strong>de</strong> cantar na cama.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Thomas Hobbes:<br />
Ele <strong>de</strong>fendia um estrito materialismo, afirmando que todos os corpos são corpóreos e<br />
controlados por leis rígidas. A causalida<strong>de</strong> seria a transmissão <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> um corpo<br />
para outro, O mais tênue <strong>de</strong> todos os corpos seria o éter. Ele acreditava que qualquer<br />
idéia <strong>de</strong> espírito é absurda. Se nos limitarmos a esse conceito, então isso seria uma<br />
<strong>de</strong>claração lógica, porquanto falar em espírito nos leva a falar em matéria imaterial.<br />
Quanto ao método científico, ele pensava que <strong>de</strong>vemos reduzir qualquer todo <strong>à</strong>s suas<br />
partes componentes; e, através do exame <strong>de</strong>ssas partes, chegamos a enten<strong>de</strong>r o todo.<br />
Ele dava um relógio como ilustração.<br />
Ninguém po<strong>de</strong> saber muito acerca <strong>de</strong> um relógio, se somente ficar olhando para o produto<br />
terminado.<br />
É mister <strong>de</strong>smantelar um relógio, para ser compreendida cada parte e sua função.<br />
Somente então po<strong>de</strong>ríamos falar, <strong>de</strong> modo inteligente, sobre um relógio.<br />
O <strong>de</strong>terminismo. Ele tinha gran<strong>de</strong> fé nas causas e seus efeitos, e pensava que todas as<br />
coisas estão envolvidas nisso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais minúscula partícula, até o próprio homem.<br />
As pessoas <strong>de</strong>ixar-se-iam governar por seus apetites, paixões, imaginações e emoções,<br />
havendo causas físicas para todas essas coisas, mesmo quando elas são pouco<br />
entendidas.<br />
O homem tem uma liberda<strong>de</strong> aparente. Para ilustrar isso, ele usava a circunstância <strong>de</strong><br />
como toda a água, <strong>de</strong> muitas maneiras, flui até os oceanos.<br />
A água corre livremente (segundo as aparências), mas o seu <strong>de</strong>stino é seguro e<br />
previamente <strong>de</strong>terminado.<br />
O homem aparentemente vive em liberda<strong>de</strong>, mas suas ações são previamente<br />
<strong>de</strong>terminadas.<br />
Declarações como essa, que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> lado a possibilida<strong>de</strong> da criativida<strong>de</strong> humana,<br />
esquecem-se <strong>de</strong> que, através da mesma, as coisas po<strong>de</strong>m ser modificadas.<br />
A percepção. Essa seria a base <strong>de</strong> todo o conhecimento que temos. A percepção nos é<br />
dada através da observação dos movimentos, A matéria em movimento torna-se visível<br />
para o homem. Esse movimento torna-se luz, figura, cor, som, odor, sabor, calor, frio,<br />
dureza, suavida<strong>de</strong> enfim, todas as coisas que conhecemos e <strong>de</strong>screvemos.<br />
Depois que um objeto observado o removido, o cérebro retém imagens sobre o mesmo.<br />
A memória e a imaginação trazem <strong>de</strong> volta o objeto que nos foi posto <strong>de</strong>ntro do alcance<br />
<strong>de</strong> nossa percepção; mas essas coisas tornam-se apenas sensações <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes,<br />
fantasmas que dançam em torno do cérebro e, gradualmente, vão <strong>de</strong>saparecendo.<br />
Nossos pensamentos são formados por estofo <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m.<br />
A linguagem nos provê a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associar e organizar as nossas percepções,<br />
para que se tornem em conhecimento. A qualida<strong>de</strong> disso varia, pois, algumas vezes, os<br />
fantasmas são controlados e, outras vezes, não.<br />
O ser no presente. O passado é apenas um fantasma contido na memória, e o futuro<br />
ainda nem existe.<br />
O nominalismo. A verda<strong>de</strong> consiste na correta or<strong>de</strong>nação das palavras ou dos nomes<br />
que usamos para fazer afirmações sobre os objetos físicos. Os pensamentos só po<strong>de</strong>m<br />
surgir dos objetos que são percebidos. Não há universais além das nossas palavras, que<br />
176
existem por si mesmas, em algum tipo <strong>de</strong> nebuloso mundo imaterial (conforme Platão<br />
imaginava).<br />
Quando os pensamentos estão arraigados na ciência, então os chamamos <strong>de</strong> sapientia.<br />
Quando eles estão arraigados somente na experiência, sem a disciplina emprestada pela<br />
ciência, então nós os chamamos <strong>de</strong> pru<strong>de</strong>ntia. Daí é que se originam os atos individuais.<br />
A Ética. Nada mais importa, para os homens, do que o auto-interesse. Do fato, a vida é<br />
uma espécie <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong> cada homem contra cada homem. Há somente uma lei<br />
universal: o auto-interesse. A vida humana é apenas uma longa e <strong>de</strong>morada exibição <strong>de</strong><br />
auto-amor. Quase todos os homens me<strong>de</strong>m o seu sucesso mediante o auto-interesse que<br />
estão conseguindo, através da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prazer que estão obtendo no processo, ao<br />
mesmo tempo em que evitam a dor. A real motivação dos homens é o <strong>de</strong>sejo, e esse é<br />
sempre egocêntrico. Todos os atos aparentemente altruístas po<strong>de</strong>m ser explicados<br />
como uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> egoísmo, após a <strong>de</strong>vida investigação. As principais<br />
características dos homens são o orgulho, a avareza, a ambição e o temor da morte.<br />
Portanto, os homens levam vidas solitárias, pobres, maldosas, brutais e breves. Essas<br />
<strong>de</strong>scrições são transferidas para as ativida<strong>de</strong>s políticas.<br />
A Religião. Não existe a alma, mas talvez haja a ressurreição.<br />
O soberano <strong>de</strong> um Estado tem o direito <strong>de</strong> estabelecer e pôr em vigor uma religião oficial.<br />
O impulso religioso é baseado no temor humano pelo <strong>de</strong>sconhecido. Hobbes concordava,<br />
com Epicuro e Lucrécio, <strong>de</strong> que o homem <strong>de</strong>riva as suas religiões do terror e da<br />
superstição. Ele se opunha vigorosamente <strong>à</strong>s pretensões das autorida<strong>de</strong>s religiosas,<br />
como as do papado, quando pensava que uma fé cega e <strong>de</strong>sarrazoada lançara raízes.<br />
Ele atacava as crenças religiosas, não com base se as Escrituras contêm ou não essas<br />
crenças (como é costumeiro dizerem as pessoas religiosas), mas mediante o exame<br />
direto <strong>de</strong> alguma idéia, para ver se a mesma continha ou não alguma verda<strong>de</strong>. Para ele, a<br />
religião não era nem a teologia e nem a <strong>filosofia</strong>, mas antes, a lei. Se um soberano chegar<br />
a pôr uma religião em vigor, então essa <strong>de</strong>ve ser obe<strong>de</strong>cida, como no caso <strong>de</strong> qualquer<br />
outra lei. Embora fosse um materialista, Hobbes tinha uma espécie <strong>de</strong> conceito <strong>de</strong> Deus<br />
em que ele era visto como uma força cósmica que controla o Universo, como fonte <strong>de</strong><br />
todos os movimentos existentes na matéria.<br />
A Política. Hobbes viveu no tempo dos conflitos entre os Tudors e os Stuarts, na<br />
Inglaterra, o que acabou provocando uma guerra Civil. Ele tinha um ponto <strong>de</strong> vista<br />
pessimista sobre a socieda<strong>de</strong>, transferindo para ela tudo <strong>de</strong> mal que ela costumava dizer<br />
sobre o homem individual, o mo<strong>de</strong>lo do egoísmo.<br />
Ele argumentava que somente um Estado forte, como uma monarquia, po<strong>de</strong> controlar<br />
uma criatura maligna como o homem. Também argumentava que o Estado existe para<br />
benefício do homem, e que, tal como a natureza, faz aquilo que é direito, provendo uma<br />
base natural para a monarquia absoluta. A vonta<strong>de</strong> do Estado seria suprema: po<strong>de</strong>r é<br />
direito. O que o Estado or<strong>de</strong>na, precisa ser obe<strong>de</strong>cido. Um Estado tem o direito <strong>de</strong> fazer<br />
guerra, a fim <strong>de</strong> preservar os seus interesses.<br />
O homem acha intolerável a falta <strong>de</strong> lei, por essa razão entra em acordos dos quais<br />
resultam os governos. Isso elimina a falta <strong>de</strong> lei. Um Estado forte é necessário para<br />
impedir a perturbada heterogeneida<strong>de</strong> que há na socieda<strong>de</strong>, que é a fonte do<br />
<strong>de</strong>sregramento e dos conflitos. Por essa razão, a monarquia é a forma preferível <strong>de</strong><br />
governo.<br />
O monarca baixa as leis e os seus súditos obe<strong>de</strong>cem, e isso institui certa medida <strong>de</strong> paz,<br />
Todas as virtu<strong>de</strong>s morais <strong>de</strong>rivam-se do <strong>de</strong>sejo humano pela paz. Há uma lei natural que<br />
é absorvida nos contratos sociais dos governos. Esses contratos requerem a<br />
subordinação dos direitos individuais aos direitos comunitários. E <strong>de</strong>sejável estabelecer<br />
um contrato com um monarca absoluto. As leis <strong>de</strong>vem ser reputadas supremas, e não<br />
Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sconhecidas.<br />
177
O único direito natural do homem é o direito <strong>de</strong> viver. Portanto, o homem tem o direito <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r sua própria vida, mesmo que para isso tenha <strong>de</strong> recorrer <strong>à</strong> força.<br />
O bem, na política, é <strong>de</strong>terminado por aquilo que o Estado requer. Isso é um voluntarismo<br />
político.<br />
Escritos. Suas principais obras foram: Elemento philosophica <strong>de</strong> cive; De corpore; De<br />
homine; Leviathan (discussão sobre a matéria, a forma, o po<strong>de</strong>r da comunida<strong>de</strong>), que é<br />
consi<strong>de</strong>rada a sua obra- prima. Essa obra contém suas principais idéias religiosas, morais<br />
e políticas. Os capítulos finais <strong>de</strong>ssa obra são fortemente anti-católicos. Ele ataca ali<br />
certas doutrinas, não como sem fundamento bíblico, mas procurou mostrar que o pecado<br />
implica tanto em conhecimento como um intuito <strong>de</strong> fazer o mal, pelo que resi<strong>de</strong> na<br />
vonta<strong>de</strong>. Sua abordagem forçou ajustes na doutrina do pecado original.<br />
Friedrich Von Schlegel<br />
Suas datas foram 1772 a 1829. Ele foi autor e filósofo alemão. Foi um dos lí<strong>de</strong>res do<br />
movimento romântico na Alemanha. Nasceu em Hanover.<br />
Estudou em Gottingen e Leipzig. Ensinou em Jena.<br />
Foi influenciado pelas idéias <strong>de</strong> Schleiermacher, Spinoza, Leibnitz e Friedrich Schiler.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Friedrich Von Schlegel:<br />
Schlegel falou sobre o espírito <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> segundo o qual a personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
indivíduo é dominado pelo que é material; e também sobre o espírito subjetivo que é a<br />
principal característica da livre expressão da personalida<strong>de</strong>. O primeiro espírito ele<br />
i<strong>de</strong>ntificava com o Iluminismo, pois esse seria a sua essência básica; e o segundo espírito<br />
ele vinculava ao romantismo no romantismo que rebrilha o gênio humano.<br />
Ele adotou o conceito da dialética <strong>de</strong> Friedrich Schiller, que envolve o finito e o infinito,<br />
e que leva <strong>à</strong> síntese das duas coisas.A ciência, como uma disciplina abstrata, produz a<br />
<strong>de</strong>cadência. mister pô-la a operar em conjunção com a vida diária. A cultura só<br />
permanece vital quando a vida e a ciência são soldadas uma <strong>à</strong> outra.<br />
A transfiguração espiritual é o alvo das belas-artes. A arte também representa idéias e<br />
isso é uma função importante da mesma. Até na tragédia, mais vexatório dos problemas<br />
humanos, po<strong>de</strong>-se ver o eterno surgir <strong>de</strong>ntre a catástrofe temporal, quando o herói é<br />
transfigurado por seus sofrimentos.<br />
Sobre a Tragédia. Haveria três tipos <strong>de</strong> tragédia: a. representação, que é mera<br />
<strong>de</strong>scrição; b. caracterização do quadro total; e c. transfiguração espiritual. O terceiro tipo é<br />
a tragédia mais profunda, o objetivo mesmo da adversida<strong>de</strong>.<br />
Friedrich Schleiermacher<br />
Nascido em 1768 e falecido em 1834, ele foi um filósofo e teólogo alemão que exerceu<br />
gran<strong>de</strong> influência. Nasceu em Breslau.<br />
Educou-se em Haile;foi pregador em Berlim, foi professor <strong>de</strong> teologia e <strong>filosofia</strong> em Halie.<br />
Foi ministro da Igreja da Trinda<strong>de</strong>, em Berlim.Traduziu as obras <strong>de</strong> Platão para o alemão.<br />
Foi autor <strong>de</strong> muitos livros, além <strong>de</strong> ter sido renomado conferencista. Fez progredir a teoria<br />
do conhecimento, o raciocínio teológico, a erudição platônica e a teologia sistemática.<br />
Sofreu a influência <strong>de</strong> Kant e Fichte, mas sem tornar-se um i<strong>de</strong>alista subjetivo, infinito.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Friedrich Schleiermacher:<br />
Ele evitava <strong>de</strong>finir a religião em termos <strong>de</strong> razão e <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong>, e preferia apresentar<br />
suas idéias sobre os sentimentos.<br />
178
O finito faz parte do infinito e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do mesmo <strong>de</strong> modo absoluto, O Infinito é a<br />
totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as coisas, aos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Spinoza. Schleiermacher i<strong>de</strong>ntificava Deus<br />
com o mundo, consi<strong>de</strong>rado como um todo. Apesar <strong>de</strong>sse panteísmo, em seus escritos<br />
teológicos posteriores, ele se i<strong>de</strong>ntificou com Agostinho e com Calvino.<br />
Proprium. Cada indivíduo <strong>de</strong>ve encontrar e <strong>de</strong>senvolver sua diferenciação interior, seu<br />
lugar particular na natureza e na <strong>história</strong>, ou seja, a sua finitu<strong>de</strong> especial <strong>de</strong>ntro do infinito.<br />
A isso ele chamava <strong>de</strong> proprium, algo similar <strong>à</strong> função, nos escritos <strong>de</strong> Aristóteles, ou<br />
seja, o i<strong>de</strong>al que cada indivíduo, mediante a educação e a evolução, torne-se uma pessoa<br />
sem igual, com uma função ímpar, para bem da coletivida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
proprium provê ao individuo a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a sua unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Os indivíduos<br />
assim evoluídos e cultivados seriam aqueles que <strong>de</strong>senvolvem a ética, a socieda<strong>de</strong> e a<br />
religião.<br />
Sobre os milagres, ele asseverava que todas as causas são naturais, mas que Deus<br />
po<strong>de</strong> trazer <strong>à</strong> tona conjuntos incomuns <strong>de</strong> causas, produzindo os eventos extraordinários<br />
que chamamos <strong>de</strong> milagres.<br />
A religião seria uma espécie <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> natural do homem, o qual, por meio da intuição,<br />
apreen<strong>de</strong> algo da essência da existência. O lado prático da religião incluiria uma<br />
reação emocional (dos sentimentos) a seus discernimentos. Ele dava gran<strong>de</strong> valor a essa<br />
reação emocional. Seus sentimentos incluíam o princípio do amor. Nos sentimentos<br />
tomamos conhecimento da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus; nos sentimentos simpatizamos com<br />
nossos semelhantes.<br />
As doutrinas sempre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da experiência religiosa, e nunca a experiência da<br />
crença. Isso posto, a teologia torna-se, em um importante sentido, uma aventura empírica<br />
e uma ciência especialíssima. Apesar das <strong>de</strong>clarações bíblicas e filosóficas terem o seu<br />
<strong>de</strong>vido lugar a religião, como uma ciência experimental, dispõe <strong>de</strong> seus próprios informes<br />
para efeito <strong>de</strong> elaboração, não po<strong>de</strong>ndo assim ser restringida aos raciocínios filosóficos, e<br />
nem ao emprego <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> prova extraídos das Escrituras como ponto <strong>de</strong> partida, mas<br />
tão-somente como confirmação e orientação. Dessa maneira, não precisamos limitar-nos<br />
a rígidas ortodoxias, com suas formulações exatas e suas limitações, que só servem para<br />
aprisionar os homens.<br />
A experiência religiosa é uma ativida<strong>de</strong> mental impar e autônoma, que mana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
fundo <strong>de</strong> nosso ser.<br />
Sobre a Autorida<strong>de</strong>. A autorida<strong>de</strong> final, na religião, não são as Escrituras (conforme diz o<br />
protestantismo ortodoxo); também não é a razão natural (segundo preceituam algumas<br />
<strong>filosofia</strong>s); e nem é alguma combinação das duas coisas paralelamente <strong>à</strong>s tradições<br />
(conforme diz o catolicismo romano). Antes, é o sentimento religioso intuitivo, combinado<br />
com a experiência religiosa dali <strong>de</strong>rivada. As doutrinas cristãs são exposições dos afetos<br />
religiosos cristãos, transmitidas em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarações. Naturalmente, os estudiosos<br />
liberais protestantes tiraram proveito <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> pensamento. Por essa razão,<br />
Schleiermacher veio a ser conhecido como “pai da teologia mo<strong>de</strong>rna”.<br />
Henri Bergson<br />
Suas datas são 1859 a 1941.<br />
Foi ju<strong>de</strong>u francês;um dos mais notáveis, brilhantes e influentes filósofos <strong>de</strong> nossa época.<br />
Ele não percebia ou não expressava as implicações religiosas <strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong>, senão<br />
quando da publicação <strong>de</strong> sua última obra.<br />
Bergson chegara a uma posição que se po<strong>de</strong>ria classificar <strong>de</strong> posição teísta, não<br />
escolástica, modificada, tendo abandonado a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um Deus estático, <strong>de</strong> acordo com a<br />
perfeição concebida pela.teologia escolástica, para um Deus que se manifesta através <strong>de</strong><br />
eventos concretos e na <strong>história</strong> <strong>de</strong> indivíduos e organismos vivos.<br />
179
Rejeitava a <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> Aristóteles, preferindo um Deus pessoal e dinâmico, que<br />
atua pelo amor.<br />
As I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Henri Bergson:<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>ve formar-se <strong>de</strong> acordo com a experiência pessoal. Somos possuidores <strong>de</strong><br />
razão e <strong>de</strong> intuição, e po<strong>de</strong>mos julgar as nossas experiências. A razão ten<strong>de</strong> a fornecernos<br />
uma visão estática das coisas; mas a intuição ten<strong>de</strong> <strong>à</strong> flexibilida<strong>de</strong> e <strong>à</strong> mudança, o<br />
que é mais harmônico com a realida<strong>de</strong>.<br />
A razão falsifica as experiências, conforme vemos nos paradoxos <strong>de</strong> Zeno, on<strong>de</strong><br />
encontramos as categorias da razão a interpretar a flui<strong>de</strong>z do tempo.<br />
Apren<strong>de</strong>mos a enten<strong>de</strong>r o significado <strong>de</strong> um objeto mediante a consciência intuitiva, por<br />
meio da qual <strong>de</strong> algum modo i<strong>de</strong>ntificamos o próprio objeto. A razão produz um conceito.<br />
Mas a intuição produz uma metáfora, que se aproxima mais da verda<strong>de</strong> das coisas.<br />
A realida<strong>de</strong> encontra-se em estado <strong>de</strong> fluxo, ou seja, está evoluindo. Deus opera nesse<br />
processo, e é a força por <strong>de</strong>trás do mesmo. Ele é o elo vital, que faz o processo ser o que<br />
é. Esse elo vital é o impulso primário que atua no mundo, como po<strong>de</strong>r evolucionário ativo<br />
que opera e guia toda a existência.<br />
A evolução é dotada <strong>de</strong> propósito, e é aventurosa. A verda<strong>de</strong>, portanto, não fica<br />
estagnada em forma <strong>de</strong> conceitos. Os conceitos geralmente obscurecem e distorcem a<br />
verda<strong>de</strong>. Antes, nosso conhecimento da verda<strong>de</strong> está sempre em estado <strong>de</strong> fluxo,<br />
expressando-se por meio <strong>de</strong> parábolas.<br />
A liberda<strong>de</strong> é uma das principais características da verda<strong>de</strong>, sendo, igualmente, a<br />
essência do ser. O homem e Deus criam as alternativas que possibilitam o futuro, e isso<br />
assegura a expressão da liberda<strong>de</strong>.<br />
Matéria e espírito. O espírito mantém-se em estado <strong>de</strong> fluxo. A matéria, ao contrário, é<br />
estagnação. As duas coisas po<strong>de</strong>m ser comparadas a uma fonte <strong>de</strong> água. A água mana<br />
(espírito); mas então entra em repouso (matéria). Isso também assemelha-se <strong>à</strong> razão<br />
(força estagnadora) e <strong>à</strong> intuição(o surgimento <strong>de</strong> uma idéia).<br />
Falamos em termos similares a respeito do tempo. O passado continua a existir, fazendo<br />
parte do presente, e sendo aquilo que chamamos <strong>de</strong> memória.<br />
A questão toda parece-se com uma bola-<strong>de</strong>-neve que contém em si mesma o que ela era<br />
no começo, ao mesmo tempo em que vai adquirindo novas camadas.<br />
As mesmas espécies <strong>de</strong> metáforas aplicam-se <strong>à</strong>s varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> religião. A religião<br />
institucionalizada é estagnada em seus conceitos. A religião mística (extática) sempre se<br />
renova, como um manancial que nunca cessa, mas antes, evolui, muda sempre e<br />
transmite vida a tudo quanto por ele é banhado. A religião mística po<strong>de</strong> ser ameaçada<br />
pela letra, a qual mata quando as pessoas insistem em obter conceitos credais, que<br />
limitam e estagnam a vida e o pensamento. As i<strong>de</strong>ias religiosas são melhor expressas sob<br />
a forma <strong>de</strong> parábolas, o que lhes conce<strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z.<br />
Sobre conceitos áticos. Há duas fontes originadoras da ética e da religião. Uma <strong>de</strong>ssas<br />
fontes é fechada, consistindo em instintos sociais limitados por leis. Nesse caso, a<br />
verda<strong>de</strong>ira moralida<strong>de</strong> é impossível, porquanto falta-lhe a liberda<strong>de</strong>, estando estagnada<br />
como conceitos racionais. Baseia-se no auto-interesse (ou egoísmo), adquirindo<br />
importância <strong>de</strong>vido aos interesses grupais ou ao egoísmo coletivo. A moralida<strong>de</strong> aberta,<br />
em contraste, alicerça-se sobre a compreensão intuitiva do próprio “eu”, com base nos<br />
afetos, e não na fria razão. A moralida<strong>de</strong> aberta está arraigada no “eu” supra-racional. Ali<br />
é possível o altruísmo genuíno, a verda<strong>de</strong>ira moralida<strong>de</strong>. Bergson concebia os<br />
evangelhos e o cristianismo como alicerçados sobre conceitos <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> aberta, em<br />
contraste com o pano <strong>de</strong> fundo veterotestamentário, fechado, legalista.<br />
180
Quero que o caro leitor se conscientize que procurei ser o mais imparcial, nas opiniões<br />
dos filósofos apresentados. Me portei como um narrador imparcial procurando expor na<br />
íntegra suas opiniões.<br />
Mas com isto não quer dizer que concordo com a maioria <strong>de</strong> suas opiniões.<br />
181
HISTÓRIA E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA<br />
L8<br />
1- Que tarefa consiste em <strong>de</strong>scobrir a natureza real da existência?<br />
A-A tarefa da ontologia<br />
B-A tarefa do criacionismo<br />
2- Quem <strong>de</strong>ixou clara a distinção entre as <strong>de</strong>clarações analíticas,aprior,conforme se vê na<br />
matemática e na lógica?<br />
A-Hume<br />
B-Hegel<br />
3- Que época Mikavil Bakuni viveu?<br />
A-1814 - 1876<br />
B-1815-1875<br />
4- Que época Francis Bacon viveu?<br />
A-1560-1625<br />
B-1561 - 1626<br />
5- Bacon rejeitava a simples indução com<br />
A-Seus valores éticos<br />
B-Seus valores numéricos<br />
6- Que época Roger Becon viveu?<br />
A-1814-1876<br />
B-1815-1876<br />
7- Que época Blaise Pascal viveu?<br />
A-1632-1662<br />
B-1623-1662<br />
8- Que épocaA Isaac Newton viveu?<br />
A-1642-1727<br />
B-1641-1727<br />
9- Quem combinava com a sua ciência e <strong>filosofia</strong> importantes idéias teológicas?<br />
A-Isaac Newton<br />
B-Copérnivo<br />
10- Que época G.E Moore viveu?<br />
A-1877-1950<br />
B-1873-1958<br />
11- Que cida<strong>de</strong> G.E Moore nasceu?<br />
A-Londres<br />
B-Paris<br />
182
12- Quem negava os esforços dos céticos que tanto rebaixam o po<strong>de</strong>r dos sentidos,em<br />
sua <strong>filosofia</strong>,que chegam a anular o conhecimento?<br />
A-Isaac Newton<br />
B-Moore<br />
13- Quem afirmava conhecer muitas verda<strong>de</strong>s para as quais ainda não achava uma<br />
análise?<br />
A-Moore<br />
B-Hegel<br />
14- Que cida<strong>de</strong> Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu?<br />
A-Berlin, na Alemanha<br />
B-Stuttgart, na Alemanha<br />
15- Que época Georg Wilhelm Friedrich Hegel viveu?<br />
A-1789-1832<br />
B-1770-1831<br />
16- As principais influência filosóficas que moldaram o seu pensamento foram o<br />
racionalismo <strong>de</strong> Spinoza e <strong>de</strong> Emanuel Kant, bem como o i<strong>de</strong>alismo <strong>de</strong><br />
A-Fichte e <strong>de</strong> Schelling<br />
B-Isaac Newton e Kant<br />
17- Tal como os filósofos realmente gran<strong>de</strong>s,ele tinha interesses bem amplos,<br />
A-No campo da <strong>filosofia</strong> e fora <strong>de</strong>le<br />
B-No campo da teologia e fora <strong>de</strong>le<br />
18- A <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>veria procurar conhecer a natureza,o real<br />
A-O mundo inteiro da experência do ser<br />
B-O mundo inteiro da vivência do ser<br />
19- A função da <strong>filosofia</strong> consiste em enten<strong>de</strong>r as leis mediantes as<br />
A-Transformações da socieda<strong>de</strong><br />
B-Quais razão opera<br />
20- Que <strong>filosofia</strong> nega,<strong>de</strong> forma absoluta,que a matéria seja o componente básico do ser?<br />
A-Filosofia <strong>de</strong> Hobbes<br />
B-Filosofia <strong>de</strong> Hegel<br />
21- E Deus revela-se a si mesmo em três estágios?<br />
A-Razão, Espírito e Religião<br />
B-Lógica, Metafísica e Razão<br />
22- Qual era o Deus <strong>de</strong> Hegel?<br />
A-Panteísta<br />
B-Iaweh<br />
23- A dialética <strong>de</strong> Hegel surgiu,pelo menos em parte,<br />
A-Devido a influência <strong>de</strong> Maquiavel<br />
B-Devido a influência <strong>de</strong> Kant<br />
183
24- Que época Arthur Scuopeniiaver viveu?<br />
A-1780-1850<br />
B-1788-1860<br />
25- Que cida<strong>de</strong> Arthur Scuopeniiaver nasceu?<br />
A-Berlin<br />
B-Danzig<br />
26- As vonta<strong>de</strong>s pois, são microcosmo da<br />
A-Vonta<strong>de</strong> cósmica<br />
B-Vonta<strong>de</strong> macrocósmica<br />
27- O mundo é uma idéia ou representação da<br />
A-Vonta<strong>de</strong> cósmica<br />
B-Vonta<strong>de</strong> macrocósmica<br />
28- O espaço e o tempo são individualizações da<br />
A-Vonta<strong>de</strong> cósmica<br />
B-Vonta<strong>de</strong> microcósmica<br />
29- Que época Alberto Schweitzer viveu?<br />
A-1875-1965<br />
B-1870-1965<br />
30- Cite três título universitários <strong>de</strong> Alberto Schweitzer?<br />
A-Teólogo,<br />
B-Filósofo, teólogo e médico<br />
31- Quem construiu e trabalhou em um hospital,emlambarene ,África Equatorial<br />
Francesa?<br />
A-Alberto Schweitzer<br />
B-Albert<br />
32- A cultura é uma entida<strong>de</strong> frágil,que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
A-Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus<br />
B-Vonta<strong>de</strong> dos homens<br />
33- Que época Thomas Hobbes viveu?<br />
A-1588-1679<br />
B-1580-1679<br />
34- Que cida<strong>de</strong> Thomas Hobbes nasceu?<br />
A-Manchester<br />
B-Westport<br />
35- Quem era homem polêmico,promovendo idéias que outras sentiam ser <strong>de</strong>testáveis?<br />
A-Hobbes<br />
B-Newton<br />
184
36- Ele acreditava que qualquer idéia <strong>de</strong> espírito é<br />
A-Absurda<br />
B-Inacreditável<br />
37- Ele tinha fé nas causas e seus efeitos,e pensava que todas as coisas estão<br />
envolvidas nisso,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mas minúscula partícula, até<br />
A-A própria fé<br />
B-O próprio homem<br />
38- O que é o base <strong>de</strong> todo o conhecimento que temos?<br />
A-A razão<br />
B-A percepção<br />
39- O que nos provê a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associar e organizar as nossas percepções,para<br />
que nos tornem em conhecimento?<br />
A-A linguagem<br />
B-A sabedoria<br />
40- A real motivação dos homens é o <strong>de</strong>sejo,e esse é<br />
A-Sempre egocêntrico<br />
B-Sempre teocêntrico<br />
41- Que época Friedrich Von Schlegel viveu?<br />
A-1772-1829<br />
B-1770-1820<br />
42- Que cida<strong>de</strong> Friedrich Von Schlegel nasceu?<br />
A-Hanover<br />
B-Londres<br />
43- Quem foi influenciado pelas idéias <strong>de</strong> Schleier macher,Spinoza,Leibnitz e Friedrich<br />
Schiler?<br />
A-Henri Bergson<br />
B-Friedrich Von Schlegel<br />
44- Que época Friedrich Schleier macher viveu?<br />
A-1788-1834<br />
B-1789-1835<br />
45- Que cida<strong>de</strong> Friedrich Schleier macher nasceu?<br />
A-Breslau<br />
B-Stuttgart<br />
46- A religião seria uma espécie <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> natural do homem,o qual por meio da<br />
intuição,<br />
A-Apren<strong>de</strong> algo para preenchimento da alma<br />
B-Apren<strong>de</strong> algo da essência da existência<br />
185
47- A experiência religiosa é uma ativida<strong>de</strong> mental impar e autônoma<br />
A-Que mana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fundo <strong>de</strong> nosso ser<br />
B-Que mana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fundo da alma<br />
48- Que época Henri Bérgson viveu?<br />
A-1800-1880<br />
B-1859-1941<br />
49- Quem não percebia ou não expressava as aplicações religiosas <strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong>, se<br />
não quando na publicação <strong>de</strong> sua última hora?<br />
A-Henri Bergson<br />
B-Tomas Hobbes<br />
50- Quem disse que o homem e Deus criam as alternativas que possibilitam o futuro e<br />
isso assegura a expressão da liberda<strong>de</strong>?<br />
A-Henri Bergson<br />
B-Tomas Hobbes<br />
186
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Edição 12<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Os Seis Períodos e os Seis Conceitos da Filosofia , Itu /<br />
SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Geografia do Velho Testamento, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 11<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Geografia do Novo Testamento, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 11<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Guia <strong>de</strong> Estudos FADTEFI, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Gestão Educacional, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Guerra Espiritual, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />
2<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História da Filosofia e da Religião, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História da Igreja,História do Judaísmo, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 11<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História do Judaísmo, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 11<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História do Judaísmo e os Impérios, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História da Igreja e os Impérios , Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História da <strong>Teologia</strong> Cristã, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Hermenêutica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Homilética, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />
Cruz, Nilson Carlos da, História do Real Cristianismo Em 4 Séculos 3 V, , Itu /<br />
SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 2<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Os Impérios, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Apócrifa do Novo Testamento , Itu / SP-<br />
Editora Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />
188
Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Apócrifa do Velho Testamento, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Literatura Judaica- Cristã , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Metodologia do Trabalho Científico, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Manual <strong>de</strong> Trabalho da FADTEFI, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Manual <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Graduação FADTEFI, Itu / SP-<br />
Editora Fadtefi- 2013 – Edição 10<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia Geral, Psicologia da Educação , Itu / SP-<br />
Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Psicologia Geral e da Educação, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Pedagogia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Os Livros Proféticos da Bíblia, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 9<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco e os Profetas , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Política da Religião , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Política dos Concílios da Igreja, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco e os Evangelhos, Itu / SP- Editora Fadtefi-<br />
2013 – Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Pentateuco, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Os Profetas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Retórica e Hermenêutica Bíblica, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Religião Seitas e Heresias, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Reis e Profetas, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />
4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Síntese dos Livros do Velho e Novo Testamento, Itu /<br />
SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição 13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia Geral , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />
13<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Filosofia da Ciência, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Religião, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 2<br />
Cruz, Nilson Carlos da, Sociologia e Antropologia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 2<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Geral, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />
13<br />
189
Cruz, Nilson Carlos da, Os Gran<strong>de</strong>s Teólogos do Cristianismo, Itu / SP- Editora<br />
Fadtefi- 2013 – Edição 5<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática I, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 11<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática II, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 9<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Sistemática III, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 8<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> e Filosofia, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 7<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> e Ética Pastoral, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013<br />
– Edição 9<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Bíblica, Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 – Edição<br />
4<br />
Cruz, Nilson Carlos da, <strong>Teologia</strong> Filosófica , Itu / SP- Editora Fadtefi- 2013 –<br />
Edição 7<br />
190
A fonte usada no miolo é Arial, corpo 12 / 15<br />
O papel do miolo é offset 75g/m<br />
E o da capa é cartão 250g/m<br />
191