BIBLIOLOGIA 1 - Faculdade de Teologia Filadelfia

A tradução pesadamente hebraicizada do livro de Eclesiastes era quase inútil para
quem soubesse falar somente o grego. O livro de Ezequiel deixa muito a desejar,
enquanto que a tradução do livro de Jeremias entra em choque, por muitas vezes,
com o texto tradicional, o que também pode ser dito acerca do livro de Isaías,
embora em menor grau.
Em suma, a LXX, além de manifestar faltas graves como descuido e ignorância, falhas
essas bastante comuns entre os tradutores das Escrituras, em todas as línguas,
também exibe a tendência de tentar corrigir um texto equivocadamente considerado
errôneo, ou de distorcer propositalmente o relato sagrado, sem falarmos nas muitas
interpolações, improvisações e modificações. Embora tão irregular essa tradução é um
monumento literário e histórico uma contribuição social, e no apenas religiosa, à
história da humanidade.
O Grego da Septuaginta
Também não nos devemos esquecer aqui de comentar sobre o grego da LXX.
Naturalmente, nessa versão não há aquele fenômeno de unidade de estilo e de
linguagem que se vê, por exemplo, nas traduções mais recentes da Bíblia para
idiomas vernáculos, como nas traduções inglesas ou portuguesas.
Na LXX, transparecem variegados graus de erudição quanto ao hebraico, e quanto à
sensibilidade ao estilo. Isso pode ser comparado com o que sucedeu ao grego do
Novo Testamento. Este também foi escrito por vários autores, alguns deles judeus
palestinos (Mateus. Marcos, João, Pedro, Tiago e Judas); por um dos mais bemeducados
homens de sua época, um judeu helenista da dispersão na Ásia, Paulo; por
um ilustre gentio de Antioquia ou Filipos, Lucas; e por alguém que, mui provavelmente,
era um judeu alexandrino (o escritor da epístola aos Hebreus, de identidade
desconhecida).
A linguagem deles vai desde o simples grego coloquial, afetado pelo hebraico ou pelo
aramaico, até o melhor grego do século 1 D.C. (Lucas e Paulo; o primeiro ainda
melhor que o segundo). Essas observações sobre o grego do Novo Testamento são
feitas aqui porque a LXX manifesta características similares.
Um sumário sobre esse confronto poderia ser: a linguagem da LXX assemelha-se
muito à do Novo Testamento, embora não sirva de bom exemplo do dialeto grego
comum da época. Além disso, é mais intensamente afetada por hebraísmos do que
qualquer porção do Novo Testamento. Por isso, tanto Josefo como Filo, ao citarem a
LXX, o que fizeram com bastante freqüência, sentiram-se na obrigação de suavizar e
adaptar sua linguagem.
O Novo Testamento, pois, ganha muito em qualidade, em relação à LXX. Talvez
porque o Novo Testamento não é uma tradução, mas uma obra originalmente escrita
em grego. E, contrariamente, à opinião popular, os discípulos de Jesus não eram uns
ignorantes. Indivíduos ignorantes e de pouca capacidade intelectual jamais teriam
expressado as idéias que exprimiram.
A Septuaginta no Noto Testamento
Com base na avaliação acima, e com base na comparação com o Novo Testamento,
pode-se dizer que a LXX pode ser caracterizada como um fracasso. Ela não penetrou
no mundo literário gentílico. No entanto, como marco histórico, a LXX não pode ser
subestimada.Ela serve de elemento indispensável na preservação da continuidade da
adoração das sinagogas judaicas. Visto que ela era a Bíblia dos judeus dispersos,
tornou-se o Antigo Testamento. Isso se evidencia quando examinamos as abundantes
citações do Antigo Testamento, feitas no Novo Testamento.
O Novo Testamento Grego de Westcott e Hort oferece-nos uma Lista exaustiva
dessas citações: Mateus, 122 citações; Marcos, 71 citações; Lucas, 110 citações;
João, 27 citações; Atos, 128 citações; Tiago, 26 citações; 1 Pedro, 35 citações; lI
Pedro, 5 citações; Judas. 6 citações; Romanos, 87 citações; 1 Coríntios, 31 Citações;
II Coríntios, 29 citações; Gálatas, 19 citações; Efésios, 27 citações; Filipenses, 7
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