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Nota de orelha do livro

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Abaixou-se perto <strong>de</strong> mim. Falava uma língua <strong>de</strong> uma maciez e uma <strong>do</strong>çura incomuns,<br />

mas eu não conseguia entendê-lo. Uma voz lhe disse em grego que eu era mu<strong>do</strong>,<br />

não tinha inteligência e rosnava como um animal.<br />

Hora <strong>de</strong> rir <strong>de</strong> novo, mas eu estava enjoa<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

O mesmo grego disse ao velho que eu não havia si<strong>do</strong> quebra<strong>do</strong> nem feri<strong>do</strong>.<br />

Fui marca<strong>do</strong> com um preço alto.<br />

O velho fez uns gestos <strong>de</strong> recusa ao abanar a cabeça negativamente e dizer umas<br />

frases cantadas na nova língua. Segurou-me e, <strong>de</strong>licadamente, me fez ficar em pé.<br />

Levou-me para uma pequena cabine, toda forrada <strong>de</strong> seda vermelha. Passei a viagem<br />

toda nesta cabine, com exceção <strong>de</strong> uma noite.<br />

Nesta noite — e não consigo situá-la em termos da viagem — acor<strong>de</strong>i, e,<br />

encontran<strong>do</strong> <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> a meu la<strong>do</strong> esse velho que nunca me tocava senão para afagar- me<br />

e consolar-me, subi a escada e saí para o convés, fican<strong>do</strong> um bom tempo a contemplar<br />

as estrelas.<br />

Estávamos ancora<strong>do</strong>s num porto, e uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prédios escuros azula<strong>do</strong>s,<br />

tetos abobada<strong>do</strong>s e torres <strong>de</strong> sino <strong>de</strong>spenhava pelas falésias até o porto on<strong>de</strong> os archotes<br />

viravam embaixo <strong>do</strong>s arcos ornamenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma arcada.<br />

Tu<strong>do</strong> isso, o litoral civiliza<strong>do</strong>, parecia-me provável, atraente, mas não me<br />

ocorreu que eu pu<strong>de</strong>sse pular <strong>do</strong> navio e me libertar. Homens perambulavam embaixo<br />

<strong>do</strong>s arcos. Embaixo <strong>do</strong> mais próximo <strong>de</strong> mim, um homem com um traje estranho e um<br />

capacete reluzente, uma gran<strong>de</strong> espada larga pendurada na cinta, montava guarda<br />

encosta<strong>do</strong> na ornamentada coluna bifurcada, maravilhosamente esculpida para parecer<br />

uma árvore a sustentar o claustro, como o vestígio <strong>de</strong> um palácio para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> qual

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