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Nota de orelha do livro

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Um rosto <strong>de</strong> garoto, maçãs <strong>do</strong> rosto, boca, olhos, sim, e uma farta cabeleira <strong>de</strong><br />

um tom acobrea<strong>do</strong>. Meu Deus, era eu... aquilo não era uma tela e sim um espelho.<br />

Eu era esse Ama<strong>de</strong>o. Riccar<strong>do</strong> pegou o pincel para refinar a expressão, para dar<br />

profundida<strong>de</strong> aos olhos e criar uma feitiçaria na língua <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a parecer que eu estava<br />

quase falan<strong>do</strong>. Que mágica violenta era essa que fazia um rapaz surgir <strong>do</strong> nada, com a<br />

maior naturalida<strong>de</strong>, num ângulo <strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong>, <strong>de</strong> cenho franzi<strong>do</strong> e melenas revoltas a<br />

cobrir-lhe a <strong>orelha</strong>?<br />

aban<strong>do</strong>nada.<br />

Exclamou:<br />

os <strong>de</strong>senhos.<br />

com prazer.<br />

Parecia ao mesmo tempo linda e irreverente essa figura sensual, fluida e<br />

Riccar<strong>do</strong> ia soletran<strong>do</strong> em grego o que escrevia. Então, largou o pincel.<br />

— Um retrato muito diferente é o que nosso Mestre tem em mente. — Pegou<br />

Eles me levaram pela casa, o palazzo, como diziam, ensinan<strong>do</strong>-me a palavra<br />

A casa inteira era cheia <strong>de</strong>ssas pinturas -nas pare<strong>de</strong>s, nos tetos, em painéis e telas<br />

empilha<strong>do</strong>s-, quadros enormes cheios <strong>de</strong> edificações em ruínas, colunas quebradas,<br />

vegetação exuberante, montanhas distantes e um interminável fluxo <strong>de</strong> gente corada,<br />

os cabelos viçosos e as roupas <strong>de</strong>slumbrantes sempre amassadas e panejan<strong>do</strong> ao vento.<br />

Era como as gran<strong>de</strong>s ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> frutas e carnes que eles traziam e colocavam à minha<br />

frente. Uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m louca, uma fartura pela fartura, um gran<strong>de</strong> banho <strong>de</strong> cores e<br />

formas. Era como o vinho, <strong>do</strong>ce e leve <strong>de</strong>mais. Era como a cida<strong>de</strong> lá embaixo quan<strong>do</strong><br />

eles abriam as janelas, e vi os pequenos barquinhos pretos — gôn<strong>do</strong>las, até naquela hora

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