12.04.2013 Views

Nota de orelha do livro

Nota de orelha do livro

Nota de orelha do livro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

com uma felicida<strong>de</strong> tão perfeita. Que fábula foi isso!<br />

Ele subiu para ficar perto <strong>de</strong> mim, mas manteve uma distância educada.<br />

Sempre fora um cavalheiro, mesmo antes que essa palavra existisse. Na Roma antiga,<br />

<strong>de</strong>veria haver um termo para <strong>de</strong>signar uma pessoa daquelas, sempre bem educada, e<br />

fazen<strong>do</strong> questão <strong>de</strong> ser atenciosa, e inteiramente bem-sucedida no exercício da cortesia<br />

para com o pobre e com o rico igualmente. Este era Marius, e sempre foi Marius, até<br />

on<strong>de</strong> eu podia saber.<br />

Ele <strong>de</strong>ixou a mão branca como a neve pousar no corrimão macio e sem lustro.<br />

Vestia uma capa comprida <strong>de</strong> velu<strong>do</strong> cinza sem forma que já fora perfeitamente<br />

extravagante, hoje surrada pelo uso e pela chuva, e seus cabelos amarelos eram<br />

compri<strong>do</strong>s como os <strong>de</strong> Lestat, refulgin<strong>do</strong> revoltos naquela umida<strong>de</strong>, chegan<strong>do</strong> a estar<br />

salpica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gotas <strong>de</strong> orvalho <strong>do</strong> jardim, o mesmo orvalho que ficara em suas<br />

sobrancelhas <strong>do</strong>uradas, sombrean<strong>do</strong> as longas pestanas reviradas em volta <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />

olhos azul-cobalto.<br />

Tinha um jeito muito mais nórdico e glacial <strong>do</strong> que Lestat, cujos cabelos<br />

puxavam mais para o <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, com todas aquelas mechas luminosas, e cujos olhos eram<br />

sempre prismáticos, absorven<strong>do</strong> as cores à sua volta, chegan<strong>do</strong> até a adquirir um tom<br />

glorioso <strong>de</strong> violeta à menor provocação <strong>do</strong> reverente mun<strong>do</strong> externo.<br />

Em Marius, eu via os céus ensolara<strong>do</strong>s da natureza setentrional, olhos <strong>de</strong> um<br />

fulgor constante que rejeitavam qualquer cor externa, portais perfeitos <strong>de</strong> sua própria<br />

alma constantíssima.<br />

— Armand — disse ele. — Quero que venha comigo.<br />

— Aon<strong>de</strong>, Mestre, ir aon<strong>de</strong>? — perguntei. Eu também <strong>de</strong>sejava ser cortês.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!