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Anne Rice MERRICK

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pequeno retrato, que reluzia à luz do lampião.<br />

— Essa é Lucy Nancy Marie Mayfair. Era filha de um homem branco,<br />

mas nunca soubemos muito a respeito dele. O tempo todo, seriam homens<br />

brancos. Sempre homens brancos. O que essas mulheres fizeram pelos homens<br />

brancos. Minha mãe foi à América do Sul com um homem branco. En fui junto.<br />

E me lembro da selva. — Será que ela havia hesitado, tendo captado algo dos<br />

meus pensamentos, talvez, ou teria sido apenas minha expressão abobalhada de<br />

adoração?<br />

Eu nunca me esqueceria dos meus próprios anos de juventude em<br />

exploração no Amazonas. Imagino que não quisesse me esquecer deles, embora<br />

nada me conferisse uma consciência mais dolorosa da velhice do que pensar<br />

naquelas aventuras com arma e máquina fotográfica, vividas na metade de baixo<br />

do mundo. Naquela ocasião, não me passou pela cabeça que eu fosse retornar a<br />

selvas inexploradas na companhia dela.<br />

Voltei a fixar o olhar naqueles velhos daguerreótipos de vidro. Nenhum<br />

entre todos esses indivíduos parecia nada menos que rico — cartolas e saias<br />

rodadas de tafetá tendo como pano de fundo no estúdio cortinas e plantas<br />

exuberantes. Via-se aqui uma jovem linda como Merrick era agora, sentada tão<br />

ereta e empertigada numa cadeira gótica de espaldar alto. Como explicar os sinais<br />

extraordinariamente claros de sangue africano em tantos deles? Em alguns<br />

parecia não ser mais que um brilho raro no olhar em contraste com um rosto<br />

caucasiano amorenado. No entanto, estava lá.<br />

— Essa aqui é a mais velha — disse ela. — Angelique Marybelle Mayfair.<br />

— Uma mulher majestosa, com o cabelo escuro repartido no meio, um xale<br />

florido a lhe cobrir os ombros e mangas bufantes. Segurava nos dedos um par de<br />

óculos quase invisíveis e um leque fechado.<br />

— É o retrato mais antigo e melhor que eu tenho. Era uma bruxa secreta,

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