Entrevista Médico pernambucano Enilton Egito ... - Revista Algomais
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crise econômica da qual o Brasil está- com sucesso- se<br />
A recuperando mais rapidamente do que a média mundial<br />
deixou, com alguma inércia, uma outra, de natureza fiscal, que<br />
ainda está atingindo todos os níveis de governo, especialmente<br />
Estados e Municípios. De fato, a União perdeu arrecadação<br />
de impostos e contribuições por conta da queda no nível da<br />
atividade econômica e em decorrência da renúncia fiscal do IPI.<br />
Essa última foi desenhada para mitigar os efeitos da demanda<br />
cadente e da escassez de crédito sobre o produto e o emprego<br />
da indústria automotiva e de bens duráveis de consumo da<br />
linha branca (fogões, máquinas de lavar, refrigeradores etc.).<br />
Os Estados e Municípios perderam também receita própria por<br />
conta da crise e, adicionalmente, foram adversamente atingidos<br />
pela renúncia fiscal do Governo Federal.<br />
A União, além disso, aumentou os gastos de custeio e de<br />
pessoal, em comportamento típico do estado brasileiro em ano<br />
pré-eleitoral. Queda de arrecadação e aumento dos gastos públicos<br />
tem deteriorado as contas do Governo Federal: o déficit nominal<br />
em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) aumentou de 3,09%<br />
nos doze meses terminados em maio último para 4,29% nos doze<br />
meses findos em setembro passado. Nos mesmos doze meses de<br />
comparação, o dinheiro que o Governo poupa para pagar os juros da<br />
divida - denominado de resultado primário-caiu de 2,29% para 1,17%<br />
do PIB. Por sua vez a trajetória da relação divida interna/PIB elevouse<br />
de 38,8% em 2008, para 45% em outubro de 2009, revertendo<br />
uma tendência de recuperação que começou a partir de 2004.<br />
O incentivo fiscal à indústria automobilística e de bens<br />
duráveis de consumo da linha branca deu-se também à custa<br />
dos Estados e Municípios que tiveram subtraída da base de<br />
recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do<br />
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) a renúncia fiscal<br />
do IPI. Ou seja, o nível de emprego no setor automotivo e no<br />
setor produtor de fogões, refrigeradores etc., foi mantido com a<br />
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56 > > dezembro<br />
Economia<br />
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Crise e Renúncia Fiscal:<br />
impactos regionais<br />
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Jorge Jatobá<br />
jorgejatoba@revistaalgomais.com.br<br />
contribuição compulsória de Estados e Municípios que sofreram<br />
queda ainda maior do FPE e do FPM além daquela decorrente<br />
da própria inibição da atividade econômica. Isto é, por cima da<br />
queda, coice. A União fez generosidade fiscal com imposto que<br />
compartilha com os demais entes federados e não com impostos<br />
e contribuições de sua exclusiva titularidade.<br />
Para compensar essas perdas os municípios demandaram<br />
e conseguiram, em parte, obter recursos, a fundo perdido, do<br />
Governo Federal. Todavia, os Estados não tiveram o mesmo<br />
tratamento. A eles foi concedido linha de crédito do BNDES. Isto<br />
é, tiveram que se endividar para compensar parcialmente a perda<br />
de recursos advindas da crise em si e da política de incentivo<br />
fiscal da União. Esses recursos, todavia, estão carimbados<br />
apenas para investimentos. Os gastos com o custeio e com<br />
pessoal terão que ser cobertos com arrecadação própria que<br />
ainda está sofrendo os efeitos da queda da atividade econômica.<br />
Uma das consequências desse desajuste fiscal foi que os<br />
governos tiveram que endurecer com os seus funcionários no<br />
que diz respeito às demandas por reajustes salariais. Tal restrição<br />
intensificou o atrito entre governos estaduais e sindicatos de<br />
servidores por promessas e compromissos assumidos quando<br />
no horizonte fiscal tudo ainda era bonança. As greves recentes e<br />
em curso tem esta gênese.<br />
O resultado da política fiscal anti-crise foi manter o emprego<br />
nos Estados que hospedam os empreendimentos da indústria<br />
automotiva e da linha branca entre os quais não se situa<br />
Pernambuco. Ou seja, ajudamos a manter o emprego dos<br />
outros e aumentamos a nossa divida em uma iniciativa que-bem<br />
sucedida do ponto de vista do país como um todo-foi perversa<br />
para os Estados menos afluentes. Denomina-se esse fenômeno<br />
de efeitos implícitos e regionalmente adversos da política anticiclica<br />
do Governo Federal sobre os Estados não produtores dos<br />
bens premiados pela renúncia fiscal.