Entrevista Médico pernambucano Enilton Egito ... - Revista Algomais
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n Reprodução do Guerreiro Mascarado do Cavalo Verde, de 1972<br />
individuais, um marco na vida brasileira.<br />
Farrista convicto, muitas<br />
vezes saía da boêmia para<br />
o trabalho. Uma vez, porém,<br />
para comoção do Brasil, saiu<br />
para a última morada.<br />
Terminara uma triunfante entrevista na<br />
TV Universitária e fora comemorar o sucesso.<br />
Estava eufórico. De madrugada, já em casa,<br />
sentindo-se mal foi levado ao hospital, onde<br />
protagonizou uma cruenta batalha pela vida.<br />
Lamentavelmente, no entanto, no dia 23 de setembro<br />
(mês 9), Virgolino se foi. As palavras do<br />
seu irmão, o artista plástico e escritor Wilton de<br />
Souza, autor do livro Virgolino – O Cangaceiro<br />
das Flores bem retratam a dor: “Durante<br />
sua vida, Wellington criou seu próprio jardim,<br />
um mundo novo com flores feitas à mão por ele<br />
mesmo, onde cada pétala tem a cor de sua preferência<br />
e cavalga em borboletas multicoloridas,<br />
reinventando ilusões. Reinventou inventos de<br />
sua infância, negando sua maneira de ser adulto.<br />
Reinventou objetos e brinquedos que ninguém<br />
tinha igual. Contava estórias em suas telas. Reinventou,<br />
também, em sua pintura a guerra com<br />
espadas de madeira que não feriam, não destruíam,<br />
não matavam... O circo e suas próprias<br />
invenções. A espada que traspassou a sua vida<br />
e o matou feriu o meu coração, cheio de dor e<br />
emoções. Wellington só não conseguiu reinventar<br />
sua própria morte, levando consigo aquelas<br />
mesmas flores e um sorriso indecifrável da vida.<br />
Éramos irmãos. Na infância da vida e nas artes,<br />
pintores e amigos. Tive o privilégio de ter sido<br />
seu irmão, amigo e companheiro ao longo da<br />
vida, testemunhando o carinho como realizava o<br />
* Marcelo Alcoforado é publicitário e jornalista<br />
marceloalcoforado@surfix.com.br<br />
encontro com suas criações. Sempre reconheci<br />
o grande mestre que tinha tão próximo e que,<br />
nessa convivência, acompanhei até o momento<br />
que deixou esta vida de reinvenções. Nas horas<br />
difíceis, sempre estávamos juntos, contando<br />
com uma palavra, uma brincadeira, sobretudo,<br />
ao grande valor e alto conceito que ele me tinha.<br />
Wellington fragilmente ausentou-se nas asas de<br />
uma de suas múltiplas borboletas, tão ricamente<br />
coloridas. Saudades de você, querido Letinho.”<br />
Dois cangaceiros, duas épocas, duas vidas<br />
diferentes. Virgolino Ferreira da Silva, o temido<br />
Lampião, foi o cangaceiro que deixou um rastro<br />
de mortes por onde passou. Outro Virgolino, o<br />
Wellington, semeou vida com a beleza das flores,<br />
das borboletas e de meninos meio alegres meio<br />
enigmáticos que povoam suas telas e imprimem<br />
uma página indelével na memória dos<br />
<strong>pernambucano</strong>s.<br />
dezembro ><br />
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