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Entrevista Médico pernambucano Enilton Egito ... - Revista Algomais

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O s<br />

66 > > dezembro<br />

Última página<br />

A Ferida de Guararapes<br />

Montes Guararapes estão inscritos<br />

na história do país como<br />

berço da nacionalidade e local onde<br />

nasceu o Exército Brasileiro. Foi lá<br />

que, por duas vezes consecutivas<br />

(em 1648 e em 1649) um aglomerado<br />

de brancos, negros e índios, toscamente<br />

armados de paus, pedras e<br />

poucas armas de fogo, comandados<br />

por brasileiros com escassa experiência<br />

militar e um marechal de campo<br />

português, derrotaram um bem<br />

armado exército holandês que, na<br />

primeira batalha, contava com mais de 5.000 soldados profissionais<br />

(contra pouco mais de 2.000 nacionais) e, na segunda, com<br />

3.500 contra 2.600. As duas vitórias heróicas foram decisivas<br />

para a derrota e expulsão dos invasores, cinco anos depois.<br />

Sobre a importância das batalhas para a nação brasileira, disse<br />

Gilberto Freyre em discurso na Câmara dos Deputados no ano de<br />

1948: “Nas duas batalhas dos Guararapes escreveu-se a sangue o<br />

endereço do Brasil: o de ser um Brasil só e não dois ou três.”<br />

Hoje, o sítio (de 363 hectares) está tombado e constitui o Parque<br />

Histórico Nacional do Guararapes, no município de Jaboatão,<br />

protegido pelo Exército. São três os montes: o primeiro, de quem<br />

vai do Recife para Jaboatão, do Telégrafo, o segundo do Oitizeiro<br />

e o terceiro da Ferradura (onde encontra-se a belíssima Igreja de<br />

Nossa Senhora dos Prazeres, monumento nacional da arquitetura<br />

religiosa barroca, cuja primitiva capela foi mandada construir pelo<br />

então capitão-mor de Pernambuco, Francisco Barreto de Menezes,<br />

em ação de graças pelas duas vitórias alcançadas, e onde estão os<br />

restos mortais de João Fernandes Vieira e André Vital de Negreiros,<br />

dois dos comandantes da Guerra da Restauração).<br />

Pois bem, embora o perímetro esteja cercado e o parque<br />

relativamente preservado, o primeiro dos três morros, o do Telégrafo,<br />

está sendo submetido a um intenso processo de erosão da<br />

sua face norte. Tão intenso e extenso que pode ser visto de pra-<br />

Francisco Cunha<br />

franciscocunha@revistaalgomais.com.br<br />

ticamente toda a planície do Recife,<br />

a partir de determinada altura, se a<br />

vista estiver desimpedida na direção<br />

sul. É essa erosão que eu chamo de<br />

“ferida” pela péssima impressão que<br />

causa ao observador, inclusive àqueles<br />

que chegam e partem pelo Aeroporto<br />

Internacional do Guararapes<br />

que fica de frente para o morro erodido.<br />

Pode ser facilmente reconhecida<br />

pela cor de barro avermelhado que<br />

apresenta em contraste com a cor<br />

predominantemente esverdeada da<br />

continuação da elevação na direção oeste e, de um modo geral,<br />

de todo o cinturão de morros que contorna, em forma de anfiteatro,<br />

a planície do Recife.<br />

Esse “anfiteatro”, uma marca natural indelével da paisagem<br />

recifense, começa ao norte na colina histórica de Olinda, segue<br />

na direção oeste, passando por Casa Amarela, fazendo a “curva”<br />

em Dois Irmãos, Camaragibe, Curado e retomando a direção do<br />

mar pelo Jordão até os Montes Guararapes.<br />

Estancar este processo, preservando o morro histórico do<br />

desmonte e a paisagem recifense da visão mutiladora, é urgente,<br />

sobretudo porque a situação piora à medida que o tempo passa.<br />

Apesar da magnitude da obra de engenharia necessária (contenção<br />

de uma escarpa de mais de 60 metros de altura e de cerca<br />

de 1.000 metros de perímetro não é, com certeza, uma tarefa<br />

simples), já existe um precedente bem sucedido (ainda que carente<br />

de manutenção) a poucos metros e área semelhante: uma<br />

contenção em degraus com vegetação apropriada, junto ao aeroporto,<br />

feita, certamente, pelo Infraero e/ou pela Aeronáutica.<br />

No caso do Morro do Telégrafo, dada a dimensão da obra, o<br />

esforço terá que ser conjunto. Exército, Aeronáutica, Prefeitura<br />

do Recife, Prefeitura do Jaboatão, Iphan, Infraero, Governo do Estado,<br />

Governo Federal. Todos em prol da preservação. A História<br />

do Brasil e a Geografia do Recife agradecem.

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