Prefeito restaura censura em Salvador - Revista Metrópole

máR i o Ke R t é s z
Mudança para o mesmo lugar
Nós todos acreditávamos que o PT seria
o instrumento importante no processo de
mudança no País. Quando era oposição, o
partido demonstrava isso. Mas o PT que
chegou ao poder não está nem um pouco
interessado em mudanças. É um partido que
se aburguesou, aceitou as regras do jogo.
Faz as alianças que considera indispensáveis
para governar e continuar mandando,
ficando, desta forma, impedido de avançar
num processo de mudanças reais.
Nacionalmente e até aqui na Bahia, a
grande aliança petista é com o PMDB,
que é um partido conservador e sem
qualquer interesse em avançar. Para o
PMDB estão indo quase todos os prefeitos
e políticos da base carlista derrotados
nas últimas eleições. Qual desses realmente
está empenhado em um processo
de melhoria nas estruturas econômicas
e soaciais? Nenhum. Mesmo o ministro
Geddel Vieira Lima não está.
O PT que chegou ao poder é um partido
de centro, voltado apenas para um
único objetivo: permanecer no poder e PT
saudações. Qual é o projeto de mudança
petista? Nenhum. O projeto do PT no governo
é, de um lado segurar a miséria com
o bolsa família,bom em um primeiro momento
mas criando um péssimo hábito das
pessoas viverem exclusivamente disso.
A classe média está cada vez mais imprensada
pela perda de poder aquisitivo
e, portanto, menor e com menos poder
político e de expressão. E, o segundo lado
do projeto petista de governo é dar a alta
burguesia condições excepcionais de aumentar
os seus rendimentos financeiros.
Ninguém lembra mais de antigas bandeiras
do PT, como acabar com a especulação
financeira e fazer investimentos produtivos
que gerassem emprego. Tudo isso é
conversa do passado.
No Brasil de hoje, temos no topo da
pirâmide uma alta burguesia na maior felicidade
com o governo do presidente Lula.
Na base da pirâmide, também temos os
pobres miseráveis na maior felicidade com
o presidente Lula, fazendo com que ele já
pense em 2014. Quem está no meio dessa
pirâmide que se lasque. Significa que, em
curto prazo, nós não teremos nenhuma
mudança estrutural no País para que o domínio
deste grupo político liderado pelo
PT perdure por muito tempo.
O presidente Lula pode até pensar em
acabar com o projeto de reeleição. É capaz
até de estimular a vitória do PSDB na próxima
eleição - provavelmente Aécio Neves,
de quem ele é mais próximo -, para poder
voltar em seguida.
Na Bahia é a mesma coisa, o PT não
está fazendo qualquer mudança estrutural.
A única coisa que PT baiano está fazendo
diferente é o trabalho mais intenso de aparelhamento
dos órgãos do Estado. A Secretaria
de Saúde, por exemplo, é totalmente
aparelhada pelo PT, PCdoB e sindicalismo.
E acontece também em outras secretarias,
que estão sendo aparelhadas pelo PCdoB,
PSB, PMDB e outros.
O PT na Bahia até então não tinha
tido chance de ser governo. Agora que
está no poder, aproveita para montar seus
quadros, como tinha e tem até hoje nas
estruturas sindicais, onde não há alter-
nância de lideranças e o continuísmo
impera, a exemplo do sindicato dos rodoviários,
que há 18 anos está sobre o
controle do deputado J. Carlos.
Nos sindicatos esse trabalho serviu e
serve para eleger deputado, para comprar
espaço nas rádios e nas televisões.
Na prefeitura de Salvador, o PT, como
não quer ter ou não quer arriscar ter um
candidato, vai acabar, provavelmente,
indicando um vice na chapa de João
Henrique e, junto com o PMDB, talvez
até ajude a reeleger o pior prefeito que
Salvador já teve nos últimos tempos. É
a tal história: explode-se Salvador, mas
mantêm-se o poder.
Aliás, a prefeitura hoje é o aparelho da
família Carneiro. Tem algumas divisões,
é certo - o PCdoB tem uma ponga, o PSB
tem outra, o PT discute se fica ou sai, e
o PMDB está começando a ter um pongão,
que, pelo apetite, vai resultar numa
ponta maior ainda. Mas a prefeitura é
mesmo o grande patrimônio da família
Carneiro. Elege senador, deputada estadual,
federal, tudo.
O que eu lamento é que, nessa hora, o
tal do espírito público vai para o espaço.
O espírito é da defesa do poder, da defesa
do partido, da defesa da boquinha. E as
perspectivas de mudança e de transformação
desaparecem, ficando para nós apenas
a sensação de que as mudanças, se vierem,
serão para o mesmo lugar.
E, pior de tudo, em relação a Lula, é
que me lembro de Getúlio Vargas, que
passou para a história como pai dos pobres
e mãe dos ricos. •
Pan
Para quem deseja sediar uma copa
do mundo e uma olimpíada, o
Brasil deu um passo atrás com
os Jogos Panamericanos Rio
2007. Um atraso de meia hora
na abertura de um evento desse
porte traria enormes prejuízos
às emissoras de TV de todo o
planeta, caso isso ocorresse em
uma copa ou jogos olímpicos.
Isso para não falar do atraso na
programação das competições,
como foi o caso do baseball.
Ouro de tolos
A disputa entre Lula e Bush no
campeonato de vaias políticas
do Pan segue acirrada. Lula foi
estridentemente vaiado por 6
vezes, ficando desconcertado
ao ponto de quebrar o
protocolo e transferir a função
de decretar a abertura oficial
do torneio para presidente
do COB, Carlos Arthur
Nuzman. Enquanto isso, Bush
é vaiado cada vez que os atletas
americanos sobem ao pódio.
48 Revista Metrópole - julho de 2007 49
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